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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

CFAPM – CFS11
Instrutor: Adv Gabriel Ferreira de Almeida
ESTATUTO DO IDOSO
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03

O Estatuto do Idoso é um conjunto de leis que tem por


objetivo defender e proteger os cidadãos que já atingiram
uma certa meta de idade.

Em nossa lei brasileira é considerado idoso aquele que tem


igual ou acima de 60 anos. O estatuto existe para que não se
deixe no esquecimento, é uma prova que os idosos tem
direitos que devem ser cumpridos.

a exemplo da saúde diz-se que os idosos devem ter tudo que


necessitam, como um atendimento médico gratuito. O
estatuto do idoso aponta para prioridade e atenção maior
aos idosos.
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03

Nessa perspectiva, é importante que o Policial Militar


conheça minimamente as diretivas de proteção e garantia de
direito da pessoa idosa, que embora sejam óbvias, a Lei nos
trazem tipificações penais que devem ser identificadas pelo
PM e devidamente direcionadas de modo a cessar o dano.
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03
COAÇÃO
Resguarda a liberdade de escolha e o patrimônio do idoso. A conduta é
mais grave que a descrita no artigo 106 pois neste caso a pessoa idosa
será também impedida de se autodeterminar e dispor de forma livre
de seus bens sendo esta coagida a doar, contratar, testar ou outorgar
procuração. A coação independe do idoso ter ou não discernimento. O
tipo penal objetivo consiste em coagir, que significa constranger ou
forçar o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração. Sujeito
ativo pode ser qualquer pessoa, elemento subjetivo é, uma vez mais,
apenas o dolo. Ocorre a consumação com a coação, não há exigência
que a vítima doe, contrate, teste ou outorgue a procuração. Admite
tentativa (ex: foram escrita).
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03

PRÁTICA DE ATO JURÍDICO SEM REPRESENTAÇÃO LEGAL

Tutela a Administração Pública, o tipo penal não exige o prejuízo ao


maior de 60 anos. É crime próprio: apenas o tabelião de notas,
oficial/escrevente/ responsável, que no caso tem equiparação com
funcionário público nos termos do art. 327 do CP, poderão ser sujeitos
ativos do crime. Exige-se o dolo. Consumação ocorre com a efetiva
lavratura do ato notarial, admitindo-se a tentativa.
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03
COMO IDENTIFICAR A AÇÃO DE VIOLÊNCIA AOS IDOSOS

Característica do agressor:

Vive na maioria das vezes, na casa da própria vítima; filhos


dependentes financeiramente; familiar que responde pela
manutenção do idoso sem renda; usuário de álcool e/ou
drogas; alguém que se vinga do idoso com quem mantinha
vínculos afetivos baixos.
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03
GARANTIAS DE DIREITOS DESTINADOS AOS IDOSOS
– Atendimento preferencial, imediato e individual em todos os
prestadores de serviço para população, sejam eles bancos, Correios,
INSS, hospitais, clínicas, etc;

– Meia entrada em atividades esportivas ou culturais, como jogos de


futebol, cinema e teatro;

– Idade elevada como primeiro critério de desempate em concursos


públicos;

– Recebimento de um salário mínimo por mês, para maiores de 65 anos


desde que comprovada a falta de subsistência;
ESTATUTO DO IDOSO
Lei 10.741/03
GARANTIAS DE DIREITOS DESTINADOS AOS IDOSOS
– 5% de vagas específicas em estacionamentos públicos e privados;
– Em viagens de transporte coletivo interestadual, as empresas devem
manter duas vagas reservadas para idosos com renda de até dois
salários mínimos. Sendo que, quando as vagas já estiverem preenchidas,
os idosos devem ter descontos de 50% no valor da passagem;
– O Poder Público deve fornecer, gratuitamente, medicamentos para
idosos, incluindo os de uso contínuo, próteses, órteses e outros
equipamentos necessários para reabilitação;
– Prioridade garantida ao adquirir moradia própria por meio de
programas habitacionais;
– Passagens gratuitas nos transportes públicos, como ônibus, trem e
metrô. Além de 10% dos assentos reservados para esse público.
PEGA O BIZÚ!!!
PALAVRAS-CHAVE:

- 60 anos; 3º SGT BIZÚ


- DISCRIMINAÇÃO;
- ABANDONO
- MAUS TRATOS
- ESTRUTURAL – INSTITUCIONAL - INTERPESSOAL
- FINANCEIRO/MATERIAL – FÍSICA – PSICOLÓGICA
- PRIORIDADE E PREVALÊNCIA
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.1. Torna-se pessoa idosa o cidadão maior de 65 anos de


idade, devendo gozar de todas as garantias, e sendo
assegurado contra os tipos penais dispostas no Estatuto do
Idoso.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.2. Torna-se pessoa idosa o cidadão maior de 60 anos de


idade, devendo gozar de todas as garantias, e sendo
assegurado contra os tipos penais dispostas no Estatuto do
Idoso.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.3. Infelizmente os maus tratos aos idosos são


recorrentes. Quando identificamos o desrespeito à
prioridade na fila de um banco, estamos diante de maus
tratos ESTRUTURAL.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.4. Infelizmente os maus tratos aos idosos são


recorrentes. Quando identificamos o desrespeito à
prioridade na fila de um banco, estamos diante de maus
tratos INSTITUCIONAL.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.5. Os maus tratos classificam-se como ESTRUTURAL –


casa/asilo/falta de acessibilidade; INSTITUCIONAL – falta
dos cuidados necessários aos idosos nas instituições, ex.:
filas; e INTERPESSOAL – nos relacionamentos abusivos das
pessoas com os idosos.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.6. Não cabe abuso psicológico ao idoso, pois este é livre


para qualquer escolha. Assim, caso seja identificado
qualquer tipo penal pelo Policial Militar, e há uma
negativa pelo idoso, não deve o Cmt da Guarnição dar
seguimento à ocorrência, devendo respeitar a vontade do
idoso.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CFAPM – CFS11
Instrutor: Adv Gabriel Ferreira de Almeida
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

Promulgada em 2006, ocorreu após o Brasil ter sido


penalizado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
por omissão e negligência, no caso da Maria da Penha –
constantes agressões e tentativa de homicídio pelo marido.

Após, o Estado Brasileiro se viu obrigado a estabelecer


legislação especial
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

O que mudou? A Lei tornou-se inovadora em muitos


sentidos, trazendo modificações jurídicas de modo a
preservar e estimular os cuidados às mulheres vítimas de
agressão doméstica, que muitas vezes por medo, vergonha e
apontamentos sociais se vê aprisionada nesta realidade.
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

1) Competência para julgar crimes de violência doméstica

Antes: crimes eram julgados por juizados especiais criminais,


conforme a Lei 9.099/95, onde são julgados crimes de menor
potencial ofensivo.

Depois: com a nova lei, essa competência foi deslocada para


os novos juizados
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

2) Detenção do suspeito de agressão

Antes: não havia previsão de decretação de prisão preventiva


ou flagrante do agressor.
Depois: com a alteração do parágrafo 9º do artigo 129 do
Código Penal, passa a existir essa possibilidade, de acordo
com os riscos que a mulher corre.

3) Agravante de pena
Antes: violência doméstica não era agravante de pena.
Depois: o Código Penal passa a prever esse tipo de violência
como agravante.
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

4) Medidas de urgência (protetivas)

Antes: como não havia instrumentos para afastar


imediatamente a vítima do convívio do agressor, muitas
mulheres que denunciavam seus companheiros por
agressões ficavam à mercê de novas ameaças e agressões de
seus maridos, que não raro dissuadiam as vítimas de
continuar o processo.

Depois: o juiz pode obrigar o suspeito de agressão a se


afastar da casa da vítima, além de ser proibido de manter
contato com a vítima e seus familiares, se julgar que isso seja
necessário.
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

5) Medidas de assistência (assistenciais)

Antes: muitas mulheres vítimas de violência doméstica são


dependentes de seus companheiros. Não havia previsão de
assistência de mulheres nessa situação.

Depois: o juiz pode determinar a inclusão de mulheres


dependentes de seus agressores em programas de
assistência governamentais, tais como o Bolsa Família, além
de obrigar o agressor à prestação de alimentos da vítima.
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

6) Tipificação Penal / Agravante penal

Antes: não havia tipificação

Depois: há a tipificação

*** NÃO SE CONFUNDE COM FEMINICÍDIO!!!


LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

RESUMO DE PONTOS IMPORTANTES!!!

1. Se aplica à violência doméstica que cause morte, lesão, sofrimento


físico (violência física), sexual (violência sexual), psicológico
(violência psicológica), e dano moral (violência moral) ou
patrimonial (violência patrimonial);

1.1.No âmbito da unidade doméstica, onde haja o convívio de pessoas,


com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

1.2.No âmbito da família, formada por indivíduos que são ou se


consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
por vontade expressa. 1.3.Em qualquer relação íntima de afeto, na qual
o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação;
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

RESUMO DE PONTOS IMPORTANTES!!!


2. Se aplica também às relações homossexuais e aos homens vítimas de
violência doméstica;

3. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao


agressor;

4. Quando a agressão praticada for de pessoa estranha, como por


exemplo vizinho, prestador de serviço ou médico, continuam os velhos
TERMOS CIRCUNSTANCIADOS;

5. Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de


imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

6.Informar à ofendida os direitos a ela conferidos;


LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

RESUMO DE PONTOS IMPORTANTES!!!


7. Feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade, de imediato:
7.1. Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência
e tomar a representação a termo, se apresentada;
7.2. Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato;
7.3. Remeter no prazo de 48 horas expediente apartado ao juiz com o
pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas;

7.4. Expedir guia de exame de corpo de delito e exames periciais;


7.5. Ouvir o agressor e testemunhas;
7.6. Ordenar a identificação do agressor e juntar aos autos sua folha de
antecedentes;
LEI MARIA DA PENHA
Lei 11.340/06

RESUMO DE PONTOS IMPORTANTES!!!

8. O pedido da ofendida deverá conter: qualificação da


ofendida e do agressor, nome e idade dos dependentes,
descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas
pela ofendida, e cópia de todos os documentos disponíveis
em posse da ofendida;
PEGA O BIZÚ!!!
PALAVRAS-CHAVE:

- 2006; 3º SGT BIZÚ


- RESPONSABILIZAÇÃO INTERNACIONAL;
- PROTEÇÃO ESPECIAL;
- MEDIDAS PROTETIVAS E ASSISTENCIAIS;
- HOMENS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA;
- HOMOSSEXUAIS;
- JUIZADOS ESPECIAIS;
- VIOLÊNCIA FÍSICA/SEXUAL/PSICOLÓGICA/MORAL
- NÃO SE CONFUNDE COM FEMINICÍDIO
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.1. A Lei Maria da Penha foi criada em 2006 após esta ter
assassinado o seu marido, vítima de violência doméstica
por injusta agressão.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.2. A Lei Maria da Penha foi criada em 2006 após o Estado


Brasileiro ter sido penalizado internacionalmente em ação
internacional proposta por Maria da penha, vítima de
violência doméstica recorrente por seu marido, que, além
das agressões, tentou assassiná-la deixando-a sem os
movimentos das pernas.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.3. A Lei Maria da Penha foi criada em 2006 após o Estado


Brasileiro ter sido penalizado internacionalmente em ação
internacional proposta por Maria da penha, vítima de
violência doméstica recorrente por seu marido, que, além
das agressões, tentou assassiná-la deixando-a sem os
movimentos das pernas.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.4. A Lei tornou-se inovadora em muitos sentidos,


trazendo modificações jurídicas de modo a preservar e
estimular os cuidados às mulheres vítimas de agressão
doméstica, que muitas vezes por medo, vergonha e
apontamentos sociais se vê aprisionada nesta realidade.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.5. A Lei tornou-se inovadora em muitos sentidos,


trazendo modificações jurídicas de modo a preservar e
estimular os cuidados às mulheres vítimas de agressão
doméstica, que muitas vezes por medo, vergonha e
apontamentos sociais se vê aprisionada nesta realidade.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.6. Não há tipo penal previsto para violência doméstica


contra as mulheres, devendo ser todas tratadas através do
feminicídio.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.7. Antes da Lei não havia previsão de decretação de


prisão preventiva ou flagrante do agressor. Após a sua
promulgação, com a alteração do parágrafo 9º do artigo
129 do Código Penal, passa a existir essa possibilidade, de
acordo com os riscos que a mulher corre.
PARA FIXAR!!!
CERTO OU ERRADO?
AL. CFS BIZURADO

Q.8. A lei Maria da Penha não se aplica aos homens vítimas


de violência doméstica e aos homossexuais.
• Recurso Especial nº 1.977.124 pelo
Superior Tribunal de Justiça, em que o
STJ decidiu pela aplicabilidade da Lei
Maria da Penha (Lei 11.340/2006) às
mulheres transgêneros, a partir do caso
de uma vítima do gênero feminino que
solicitou as medidas protetivas desta Lei
contra a violência cometida pelo seu pai
por não aceitar a sua identidade de
gênero.
A lei 14550/23 entrou em vigor implementando
as seguintes mudanças no texto da Lei Maria da
Penha (Lei 11340/06)

• Acrescentou três parágrafos ao Art. 19 (&& 4º, 5º e


6º), que está situado no capítulo “das medidas
protetivas”
• Acrescentou o art. 40-A, o qual incidirá na
compreensão do conceito de violência doméstica e
familiar contra a mulher apresentado pelo Art. 5º.
• Essa alteração tem um foco certo: garantir a
proteção das mulheres, afastando interpretações
que restrinjam o alcance da Lei Maria da Penha por
parte das autoridades públicas (Delegado, Juiz, etc).
• O objetivo das alterações é trazer maior clareza
sobre alguns pontos que antes eram objeto de
interpretações diversas (verdadeira interpretação
autêntica/legislativa - como ensinam Alice Bianchini
e Thiago Pierobom de Ávila).
• A justificativa do projeto de lei deixa nítida essa
intenção, como no seguinte trecho: "apresenta-se
esta proposta de alteração legislativa com o
objetivo de explicitar o espírito da Lei
Maria da Penha".
• Assim, em linhas gerais as alterações buscam
esclarecer:
• A autonomia das medidas protetivas, não estando
necessariamente vinculadas à existência de
qualquer procedimento prévio (como IP, processo
criminal ou cível);
• Prazo de duração das medidas protetivas;
• Adequada compreensão do conceito de violência
doméstica e familiar contra a mulher, previsto no art.
5° da Lei.
• – ART. 19, §4°
• Art. 19, §4° - As medidas protetivas de urgência serão concedidas em juízo de
cognição sumária a partir do depoimento da ofendida perante a autoridade policial
ou da apresentação de suas alegações escritas e poderão ser indeferidas no caso de
avaliação pela autoridade de inexistência de risco à integridade física, psicológica,
sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.

• Cognição sumária - podem ser concedidas de pronto, por meio de um conhecimento


(cognição) imediato (sumária) dos fatos apresentados pela vítima, não exigindo a
realização de diligências prévias, instauração de IP, etc.

• Depoimento da vítima – é suficiente para embasar a concessão de medidas


protetivas, não exigindo outras ações como complemento (ex: provas testemunhais,
periciais, etc).
• É o que Alice Bianchini e Thiago Pierobom de Ávila denominam de “requisito
probatório suficiente” ou “verossimilhança da palavra da mulher sobre uma situação
de VDFCM”.

• Indeferimento – é possível no caso de avaliação pela autoridade de inexistência de


risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de
seus dependentes.
• ART. 19, §5°
• Art. 19, §5° - As medidas protetivas de urgência serão concedidas
independentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação penal
ou cível, da existência de inquérito policial ou do registro de boletim de ocorrência.
• A concessão da medida independe:
• ► Tipificação penal da violência - Como esclarecem Alice Bianchini e Thiago
Pierobom de Ávila: “O art. 7º da LMP, a definir expressamente as modalidades de
violência abrangidas pela lei (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral,
devendo-se observar que a lei usa a expressão “dentre outras”) não criou crimes,
mas exemplificou atos jurídicos ilícitos, sendo possível que algumas das formas de
violência ali indicadas não tenha perfeita correspondência com tipos penais.”
• ► Ajuizamento de ação penal ou cível – entendimento pela autonomia das
medidas protetivas (não são instrumentais ao processo);
• 5
• ► Existência de IP ou registro do B.O. - Assim, na situação de a mulher
comparecer na delegacia de polícia em razão de um crime de ameaça cometido pelo
seu marido e, apresentando vários elementos que comprovem a ocorrência da
violência, requerer medida protetiva, porém, não manifestar o seu interesse no início
da persecução penal (se negando a oferecer a representação necessária ao delito),
deverá ser apreciado o seu pedido quanto às protetivas e, em caso de risco,
concedido o mesmo.
• ART. 19, §6°
• Art. 19, §6° - As medidas protetivas de urgência vigorarão
enquanto persistir risco à integridade física, psicológica,
sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus
dependentes.
• STJ - não será possível a eternização da medida, devendo a
sua duração ser sopesada à luz dos princípios da
proporcionalidade e adequação.
•+
• Art. 19, §6° - deverá persistir enquanto houver risco à
integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral
da ofendida ou de seus dependentes.
• Conclusão – não há a previsão de prazo certo, sendo assim a
duração da medida protetiva estará vinculada à persistência
da situação de risco.
• ART. 40-A
• Art. 40-A - Esta Lei será aplicada a todas as situações previstas no seu art.
5º, independentemente da causa ou da motivação dos atos de violência e da
condição do ofensor ou da ofendida.
• Diante da redação do art. 5° da Lei Maria da Penha, o qual conceitua a
violência doméstica e familiar contra a mulher e, em especial, pela
expressão “a interpretação do que seria violência baseada no gênero. ação
ou omissão baseada no gênero”, havia muita controvérsia a respeito
• Parte da doutrina entendia que para a caracterização da violência doméstica
e familiar contra a mulher bastava o preenchimento das situações elencadas
no art. 5° (violência pratica no âmbito da unidade doméstica, família ou
relação íntima de afeto), sem a necessidade de se verificar a motivação de
gênero.
• Contudo, alguns doutrinadores entendiam que não bastava preencher o
conceito do art. 5° se, no caso concreto, não fosse constatado que a
violência tinha como motivação o gênero feminino (ou seja, o objetivo da
violência foi o de menosprezar a mulher, em razão dela ser mulher).
• Esse entendimento sempre foi problemático. Isso porque essa constatação
no caso concreto é muito difícil de ser realizada, é algo muito subjetivo e
que, por vezes, não tem como ser demonstrado.
• O art. 40-A acaba com tal discussão ao fixar que a Lei
11.340/06 será aplicada a todas as situações previstas no seu art.
5º, independentemente da causa ou da motivação dos atos de
violência e da condição do ofensor ou da ofendida.
• Ou seja, se a violência contra a mulher foi cometida em algum
dos âmbitos listados no art. 5° (unidade doméstica; família;
relação íntima de afeto), estaremos diante de violência
doméstica e familiar contra a mulher apta a atrair a incidência
da Lei Maria da Penha. Não há necessidade de provar a
motivação da violência, a causa e qualquer outro aspecto
relacionado.
• Como bem apontam Rogério Sanches e Valéria Scarance
Fernandes: “Com o advento no artigo 40-A, inserido pela Lei
14.550/23, o que determinará a aplicação da Lei Maria da Penha
é um fator objetivo – contexto afetivo, doméstico e familiar -,
presumindo, nesses ambientes, a violência de gênero
(preconceito, menosprezo ou discriminação quanto ao gênero
feminino).”
• Aprofundamento. Com o novel art. 40-A, temos que a vulnerabilidade da mulher frente
ao agressor é totalmente presumida pela lei caso a violência seja cometida nos moldes do
art. 5°.
• Esse já era o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência.
• Contudo, parte da doutrina aprofundava nessa questão e elencava uma situação em
específico: a vulnerabilidade quando o sujeito ativo (agressor) fosse uma mulher. Para
tais doutrinadores, deveríamos diferenciar duas situações de vulnerabilidade, uma
quando o sujeito ativo for um homem e outra na hipótese de ser uma mulher. No caso de
agressor homem, como vimos, não é necessária a demonstração de vulnerabilidade da
vítima e, caso preenchidos os demais requisitos do art. 5°, estaremos diante de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
• Contudo, quando o sujeito ativo é uma mulher, deve-se demonstrar à luz do caso
concreto que o sujeito passivo se encontrava em situação de vulnerabilidade - não temos
aqui uma presunção da mesma. Isso porque quando autor e vítima forem do sexo
feminino, embora seja possível existir situação de vulnerabilidade baseada no gênero
(apta a atrair a Lei 11.340/06), podemos estar também diante de uma forma de violência
entre “iguais” (sem qualquer espécie de superioridade de forças), o que, nesse caso, não
enseja a aplicação dos dispositivos da Lei Maria da Penha.
• Com o novo art. 40-A essa diferenciação realizada por alguns doutrinadores deixa de
existir. Ou seja, independentemente do sexo do sujeito ativo (homem ou mulher), caso
seja praticada uma violência nos moldes do art. 5° da Lei 11.340/06, não há a
necessidade de se constatar a vulnerabilidade da vítima no caso concreto, nem
motivação da violência ou qualquer outro aspecto relacionado a situações de opressão
baseada no gênero. A vulnerabilidade da vítima sempre será presumida pela lei,
independentemente do sexo do agressor.
• Aprofundamento 2. Rogério Sanches e Valéria Scarance Fernandes
entendem que essa presunção de violência baseada no gênero é apenas
relativa (juris tantum) e não absoluta. Para os autores: “Ao reconhecer a
presunção relativa, o legislador estabelece que determinada situação é
considerada verdadeira e só pode ser afastada diante de provas em
contrário. Em outras palavras, trata-se de uma presunção de que a
violência nesses contextos é uma violência de gênero, salvo quando
ocorrer a demonstração inequívoca de que aquele ato não atingiu ou
visou a vítima mulher. O ônus da prova cabe ao agressor (fato
modificativo).
• Para reforçar nossa posição, citamos alguns casos – reais – antes
submetidos a um Juízo Comum e que seriam encaminhados ao Juizado
de Violência Doméstica caso adotado o entendimento da presunção
absoluta: a filha, mediante fraude, simula um sequestro para que seja
pago resgate por seus genitores; traficante guarda drogas em sua
residência e intimida todos os familiares (homens e mulheres) para que
não o denunciem; integrante de organização criminosa especializada em
lavagem de dinheiro usa o nome de empregada doméstica para ocultar
bens sem que ela saiba. Nesses casos, o gênero da genitora, das
familiares mulheres e da funcionária não foram determinantes.”
Textos de referência:

• https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/
2023/04/20/lei-14-550-2023-altera-a-lei-maria-da-
penha-para-garantir-maior-protecao-da-mulher-
vitima-de-violencia-domestica-e-familiar/#_ftn9
• https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/
2023/04/20/lei-n-14-450-2023-uma-intepretacao-a
utentica-quanto-ao-dever-estatal-de-protecao-as-
mulheres/
Área temática: Conhecimentos Jurídicos.
Disciplina: Legislação Especial.
Instrutor: Gabriel Ferreira de Almeida

Conteúdo Programático: Princípios do Direito da Criança e do Adolescente.


Proteção Integral. Direitos Fundamentais. Família Natural e substituta. Política de
Atendimento. Medidas de Proteção. Ato Infracional. Medidas Socioeducativas.
Procedimentos. Crimes e Infrações Administrativas. Direito do Idoso na
Constituição e na Legislação Infraconstitucional. Noções de violência doméstica e
de gênero (Lei Maria da Penha).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CFAPM – CFS11
Instrutor: Adv Gabriel Ferreira de Almeida

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