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Lei Maria da Penha –

Lei 11.340/06

Versão Condensada
Sumário
Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06������������������������������������������������������������������������������� 3

1. Assistência à mulher – Art. 9º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3

2. Atendimento pela autoridade policial�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4

2.1 Diretrizes no atendimento – Art. 10-a�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

2.2 Providências no atendimento – Art. 11�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

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Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06

1. Assistência à mulher – Art. 9º

Prosseguindo com os estudos do bloco anterior, vimos que os parágrafos 4º, 5º e 6º do art. 9º da Lei 11.340/06, os
quais foram acrescentados no ano de 2019, prevê algumas obrigatoriedades de ressarcimento que devem ser feitas
pelo agressor.

Em primeiro lugar, o §4º aponta que o agressor deverá ressarcir:

ͫ Todos os danos causados por ele, inclusive do SUS;

Em seguida, o §5º determina:

ͫ O ressarcimento dos custos com dispositivos de segurança.

Trata-se dos dispositivos necessários ao monitoramento da vítima de violência doméstica e familiar, amparada por
medida protetiva.

A título de exemplo, a aquisição do chamado “botão do pânico”, um dispositivo que pode ser acionado pela vítima de
violência doméstica, quando verificar que o seu agressor está descumprindo uma medida protetiva. O custo deste
dispositivo deve ser ressarcido pelo agressor.

Importante ressaltar que as previsões de ressarcimento da Lei 11.340/06 não acarretarão:

. em atenuante de pena;

. em substituição da pena aplicada;

. em ônus para a patrimônio da vítima ou seus dependentes.

§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao
patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição
da pena aplicada.

Em outras palavras, significa dizer que não incidirá atenuante de pena, no caso de ressarcimento de danos, como prevê
o Código Penal. Ademais, o ressarcimento, por si só, não deve importar na substituição da pena aplicada ao agressor,
do mesmo modo que ele não deve utilizar recursos da vítima ou dos dependentes dela para arcar com os custos do
ressarcimento.

Em seguida, o §7º do art. 9º aponta que a mulher vítima de violência doméstica e familiar terá prioridade na matrícula
ou transferência dos seus dependentes em instituição básica de ensino mais próxima do seu domicílio.

§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em
instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante
a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência
doméstica e familiar em curso.

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Destaca-se que, por instituição básica de ensino, entende-se: educação infantil (pré-escola), fundamental e ensino
médio. Ainda, a vítima comprovará o direito à essas prioridades com a apresentação da cópia da ocorrência registrada
ou do processo judicial em curso.

Por sua vez, o §8º do art. 9º da Lei 11.340/06 se preocupa em manter o sigilo das informações da vítima e de seus
dependentes.

§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o disposto
no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos compe-
tentes do poder público.

Outrossim, a mesma lei do ano de 2019 que acrescentou os parágrafos do art. 9º da Lei 11.340/06, também trouxe nova
previsão de medida protetiva, a qual se encontra no art. 23, inciso V da mesma lei:

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

(...)

V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu
domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.

2. Atendimento pela autoridade policial

Este ponto é fundamental e de grande possibilidade de incidência em provas, vez que trata de atividades corriqueiras
no dia-a-dia policial. A Lei Maria da Penha detalha o atendimento da vítima de violência doméstica e familiar.

Dessa forma, temos na lei as diretrizes de atendimento (art. 10), providências no atendimento (art. 11) e procedimen-
tos após o registro da ocorrência (art. 12).

Porém, antes de adentrar na análise destes artigos, cabe mencionar uma novidade legislativa que não está na Lei Maria
da Penha, mas poderá incidir aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Trata-se do Formulário Nacional de Avaliação de Risco, o qual foi estabelecido pela 14.149/2021, aplicado às mulheres
vítima de violência doméstica e familiar. Este formulário tem por objetivo identificar os fatores que indicam o risco de a
mulher vir a sofrer qualquer forma de violência no âmbito das relações domésticas (garantido o sigilo das informações).

Art. 2°, § 1º O Formulário Nacional de Avaliação de Risco tem por objetivo identificar os fatores que indicam o risco
de a mulher vir a sofrer qualquer forma de violência no âmbito das relações domésticas, para subsidiar a atuação
dos órgãos de segurança pública, do Ministério Público, do Poder Judiciário e dos órgãos e das entidades da rede de
proteção na gestão do risco identificado, devendo ser preservado, em qualquer hipótese, o sigilo das informações.

Ademais, este documento deverá ser preferencialmente aplicado no momento do registro da ocorrência, junto à Polícia
Civil.

Art. 2°, § 2º O Formulário Nacional de Avaliação de Risco deve ser preferencialmente aplicado pela Polícia Civil no
momento de registro da ocorrência ou, em sua impossibilidade, pelo Ministério Público ou pelo Poder Judiciário, por
ocasião do primeiro atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar.

§ 3º É facultada a utilização do modelo de Formulário Nacional de Avaliação de Risco por outros órgãos e entidades
públicas ou privadas que atuem na área de prevenção e de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra
a mulher.

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Atenção! O formulário é preferencialmente (e não obrigatoriamente) aplicado, junto à Polícia Civil, no momento
do registro da ocorrência. No entanto, em caso de impossibilidade, será aplicado pelo Ministério Público ou pelo
Poder Judiciário, por ocasião do primeiro atendimento à mulher (facultado a sua utilização por outros órgãos).

2.1 Diretrizes no atendimento – Art. 10-a

A mulher vítima de violência doméstica e familiar tem direito a atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto
e prestado preferencialmente por servidores do sexo feminino.

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial espe-
cializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.

Isto significa dizer que, ao adentrar na delegacia de polícia para registrar ocorrência, a mulher preferencialmente (e
não obrigatoriamente) será atendida por uma servidora do sexo feminino.

Em seguida, são as principais diretrizes de atendimento:

ͫ A salvaguarda da integridade física e psíquica da vítima;

ͫ Proibição de contato direto da vítima, das testemunhas ou de seus familiares com o acusado e pessoas a ele
relacionadas;

Por exemplo, deve-se evitar intimar para prestar depoimento agressor e vítima no mesmo dia/horário.

ͫ Não revitimização, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato.

2.2 Providências no atendimento – Art. 11

Neste quesito, serão apresentadas as providências concretas que devem ser tomadas pela autoridade policial logo no
início da ocorrência. Cuida-se de rol exemplificativo (cabe ampliação):

ͫ Comunicação imediata do feito ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, além de informar à ofendida os seus
direitos;

I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência
judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de
anulação de casamento ou de dissolução de união estável.

ͫ Encaminhamento da vítima a hospital, posto de saúde ou IML;

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;

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Nesse inciso, cumpre mencionar que os laudos médicos produzidos no hospital ou posto de saúde podem ser utilizados
como meios de prova, posteriormente.

ͫ Transporte da ofendida e/ou seus dependentes para um local seguro, quando houver risco de vida;

III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;

Na hipótese de a vítima não possuir um local seguro, de confiança para onde ser transferida, em algumas localidades
disponibilizam as Casas Abrigo, instituídas especialmente para as vítimas de violência doméstica e familiar e seus
dependentes. É um local sigiloso, com proteção especial destinado a esses casos de violência doméstica e familiar.

ͫ Retirada de pertences do domicílio ou local da ocorrência.

IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou
do domicílio familiar;

Haverá acompanhamento policial, caso a vítima precise retirar seus pertences de sua residência ou qualquer outro local
em que o agressor também esteja.

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