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METODOLOGIA DO TRABALHO JURÍDICO

FICHAMENTOS - 1º BIMESTRE

PONTEL, Kauã Machado

SILVA , Kamily Lima Da . A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A


MULHER E A VEDAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSTITUTOS
DESPENALIZADORES, 2022.

1. TEMA E OBJETO DA PESQUISA

“A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER E A


VEDAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSTITUTOS DESPENALIZADORES. O
presente artigo visa demonstrar um importante marco para o direito das
mulheres foi a promulgação da Lei 11.340 de 2006, também conhecida
como Lei Maria da Penha, que buscou coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher por questões de gênero, e que encontra respaldo,
principalmente, no artigo 226, § 8º da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Mulheres e na Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”. (SILVA, Kamily
Lima da, 2022, p. 8)

2. PROBLEMA DE PESQUISA

“Todavia, após a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, vedou-se


expressamente a aplicação dos institutos despenalizadores aos processos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, ocasionando grande debate a
respeito do tema, uma vez que parcela da sociedade entendia como inconstitucional
a vedação, enquanto outra como constitucional”. (SILVA, Kamily Lima da, 2022, p.
8).
“Assim conforme a autora descreve como a Lei estabelece expressamente
que a violência doméstica e familiar seja praticada por questões de gênero,
necessário que se dê no âmbito da unidade doméstica, da unidade familiar ou por
qualquer relação íntima de afeto, conforme consta do artigo 5º:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar


contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou
tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação”.
“Estabeleceram-se tais âmbitos, pois é no lar que a figura feminina
apresenta maior vulnerabilidade, visto que possui maior contato com o agressor e se
distancia da vista de terceiros, e também pelo fato do agressor prevalecer de tal
contexto para a manter coagida.” (BIANCHINI, 2018, p. 37.)

3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

“Nessa busca de promover uma justiça mais célere e desburocratizada,


objetivando a promoção da conciliação, do processamento, julgamento e execução
das causas de sua competência, os Juizados Especiais Estaduais regem-se pelos
princípios da oralidade, informalidade, economia processual, simplicidade e
celeridade, buscando a realização da conciliação ou transação dos casos trazidos à
tona ao judiciário’’. (BRASIL, Lei nº 9.099/95)
“Portanto, quanto à unidade doméstica, a lei estabelece a necessidade de
que haja no espaço um convívio contínuo de pessoas, possuindo ou não vínculo
familiar entre elas, e alarga a sua abrangência também àqueles esporadicamente
agregados.”(SILVA, Kamily Lima da, 2022, p. 28)

4. OBJETIVOS DA PESQUISA

“Desde o início das relações entre os seres humanos é possível verificar o


fenômeno da violência, o qual vai evoluindo e se diversificando com o passar do
tempo. De acordo com Moreira, Boris e Venâncio, a violência pode ser
compreendida como:
[...] um produto de relações desiguais, geralmente materializadas contra
nações, segmentos populacionais ou pessoas que se encontram em alguma
desvantagem física, econômica, cultural ou emocional. A violência pode ser
compreendida como fenômeno que perpassa todo o ordenamento social, tanto no
âmbito institucional - político, econômico, cultural, educacional, policial e étnico-racial
- quanto nas relações interpessoais - familiar, doméstica, física, sexual, psicológica,
moral, simbólica, entre outras”.
“Nas palavras de Feix, a violência física é verificada como:
[...] a forma mais socialmente visível e identificável de violência doméstica e
intrafamiliar contra a mulher por gerar consequências e resultados materialmente
comprováveis, como hematomas, arranhões, cortes, fraturas, queimaduras entre
outros tipos de ferimentos. É preciso registrar que marcas deixadas no corpo não
são requisitos para configuração desse tipo de violência, entendida como toda a
forma de utilização da força física que ofenda o corpo ou a saúde da mulher
agredida”
“Portanto, a violência física é aquela que ofende a integridade física e
corporal da mulher, a qual é praticada com o emprego de força, de forma não
acidental, podendo abranger tapas, empurrões, socos, cortes, e dentre outras
inúmeras consequências” (SILVA, Kamily Lima da, 2022, p. 33)

5. BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS
“Segundo a autora, com o advento da Lei, portanto, previu-se
expressamente em seu artigo 41 a vedação da aplicação da Lei 9.099/95 aos crimes
praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher, independentemente
da pena cominada”.
“Portanto, é possível constatar que a Lei Maria da Penha não afronta o
princípio constitucional da igualdade, apenas o consagra com buscas a abrandar os
tratamentos desiguais existentes entre os gêneros nas relações domésticas e
familiares. (SILVA, Kamily Lima da, 2022, p. 49)
“Ademais, importante adendo é o de que a questão já havia sido pacificada
na data de 24 de março de 2011, no julgamento do Habeas Corpus 106.202/MS, no
qual o plenário do STF decidiu pela constitucionalidade do artigo 41 da Lei 11.340/06
e afastou a hipótese da aplicação da suspensão condicional do processo aos casos
de violência doméstica e familiar contra a mulher, visto que grande parcela dos
Tribunais ainda promovia sua aplicação”

5.1 PRINCIPAIS CONCEITOS E/OU MÉTODOS UTILIZADOS


“Na visão da Corte Suprema, ao criar mecanismos específicos para coibir e
prevenir a violência doméstica contra a mulher e estabelecer medidas especiais de
proteção, assistência e punição, tomando como base o gênero da vítima, o
legislador teria utilizado meio adequado e necessário para fomentar o fim traçado
pelo referido preceito constitucional. Não seria desproporcional ou ilegítimo,
portanto, o uso do sexo como critério de diferenciação, visto que a mulher seria
eminentemente vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e
psicológicos sofridos em âmbito privado. Sob o enfoque constitucional, consignou-se
que a norma seria corolário da incidência do princípio da proibição de proteção
insuficiente dos direitos fundamentais, vez que a li em comento representaria
movimento legislativo claro no sentido de assegurar às mulheres agredidas o acesso
efetivo à reparação, à proteção e à justiça. Na verdade, com o objetivo de proteger
direitos fundamentais, à luz do princípio da igualdade, o legislador editara
microssistemas próprios, a fim de conferir tratamento distinto e proteção especial a
outros sujeitos de direito em situação de hipossuficiência, como o Estatuto do Idoso
e o da Criança e do Adolescente – ECA. Kamily Lima da, 2022, p. 50)
5.2 PRINCIPAIS AUTORES/OBRAS MENCIONADAS

BIANCHINI, Alice. Os três contextos da violência de gênero: doméstico,


familiar ou relação íntima de afeto. Jus Brasil. Disponível em:
<https://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/121814348/os-trescontextos-da-viole
ncia-de-genero-domestico-familiar-ou-relacao-intima-de-afeto>. Acesso em: 26 nov.
2021.

ALVES, Fabrício da Mota. Lei Maria da Penha: das discussões à aprovação


de uma proposta concreta de combate à violência doméstica e familiar contra a
mulher. Jus Navigandi. 08 ago. 2006. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/8764>. Acesso em: 26 nov. 2021.

SIMIONI, Fabiane; CRUZ, Rúbia Abs da. Da violência doméstica e familiar –


artigo 5º. In: CAMPOS, Carmen Hein de (org.). Lei Maria da Penha comentada na
perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 189-190.

MOREIRA, Virginia; BORIS, Georges Daniel Janja Bloc; VENÂNCIO, Nadja.


O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com seus parceiros íntimos.
Psicologia e Sociedade. v. 23, n. 2, p. 398-406. Florianópolis, 2011. p. 399.

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir


a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso
em: 03 out. 2021.
FEIX, Virgínia. Das formas de violência contra a mulher – Artigo 7º. In:
CAMPOS, Carmen Hein de (org.). Lei Maria da Penha comentada em uma
perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Lumen Yuris, 2011. p. 204.

SANTOS, Eurico Antônio Gonzalez dos. et. al. Lei Maria da Penha:
Perguntas e Respostas. Brasília: Senado Federal, Procuradoria Especial da Mulher
do Senado, 2015. p. 20

FERREIRA, Sandra Dond. Comentários a Lei Maria da Penha. Monografia


(Pós-graduação em Direito Penal e Direito Processual Penal). 71f. Universidade
Estadual do Ceará em convênio com Escola Superior do Ministério Público. Ceará,
2007. p. 23.

PELLEGRINO, Fabiana. Juizados especiais completam 25 anos; conheça a


história. Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. 04 set. 2020. Disponível em:
<http://www5.tjba.jus.br/portal/juizadosespeciais-completam-25-anos-conheca-a-hist
oria/>. Acesso em: 15 fev. 2022.

BARACHO, Laura. Da transação penal nos juizados especiais criminais.


Monografia (Graduação em Direito). 73f. Universidade Federal do Paraná. Curitiba,
2004. p. 15.

LIMA, 2016, p. 229

6. CONCLUSÕES DA PESQUISA

‘’O objetivo central deste trabalho de conclusão de curso foi o de analisar a


respeito da inaplicabilidade dos institutos despenalizadores aos processos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, por questões de gênero.’(SILVA,
Kamily Lima da, 2022, p. 55).’’
“Antes de analisar a problemática do tema em específico, fez-se necessário
entender todo o contexto histórico do tratamento das mulheres, que em grande parte
da história feminina ocuparam um papel secundário na sociedade, sendo
submetidas a figura masculina, principalmente no interior dos próprios lares. Kamily
Lima da, 2022, p. 55).’’
Verificou-se a importância da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Mulheres e a Convenção Interamericana para
prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, além do artigo 226, § 8º da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, pois serviram de substrato
para a elaboração da Lei 11.340/06, e que também foi objeto de análise no trabalho.
Kamily Lima da, 2022, p. 55)”
“Portanto, em que pese as medidas despenalizadoras apresentem evidente
avanço legislativo, não se pode deixar de lado o aspecto cultural da Lei Maria da
Penha e a evidente afronta aos direitos das mulheres, fazendo-se necessário um
maior controle das decisões emanadas pelos órgãos do judiciário e maior
conscientização a respeito de que a violação dos direitos das mulheres não constitui
crime de menor potencial ofensivo, mas sim violação de direitos humanos. Kamily
Lima da, 2022, p. 56)”

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