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1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
1.1. Objectivos.............................................................................................................................2
1.2. Metodologia..........................................................................................................................2
2. QUADRO CONCEPTUAL.....................................................................................................3
2.1. Conceitos..............................................................................................................................3
2.1.1. Stress.................................................................................................................................3
2.1.2. Traumático........................................................................................................................3
4. CONCLUSÃO........................................................................................................................14
5. Referências Bibliográficas.....................................................................................................15
Outra das questões necessárias para compreender o trauma relaciona-se com as suas
consequências, nomeadamente a nível patogénico. Neste âmbito, encontramos como um dos
efeitos patogénicos mais frequentes, a perturbação de stress pós-traumático.
O presente estudo têm em vista a realização de uma revisão sistemática da literatura sobre o
conceito de stress pós traumática psíquico, por um lado, através de uma perspectiva psiquiátrica
e cognitivo comportamental e, por outro lado, através de uma perspectiva psicanalítica.
1.2. Metodologia
Para Minayo e Sanchez(1993), este método enquadra-se na corrente compreensivista
considerada pilar das abordagens qualitativas. Segundo Hengerbeg citado por Lakatos
(2000;64). Método é o caminho para se chegar a determinados resultados.
Assim a pesquisa recorreu a técnica de revisão bibliográfica que consistiu na consulta de obras,
artigos científicos entre outros.
2.1. Conceitos
2.1.1. Stress
O termo " stress" foi introduzido na área da saúde por Selye, em 1936, para designar a resposta
geral e inespecífica do organismo frente a um estressor ou situação estressante. Posteriormente o
termo passou a ser utilizado tanto para designar esta resposta do organismo como a situação que
o desencadeia (LABRADOR & CRESPO, 1994).
Os factores que levam ao estresse são sempre indesejáveis, incontroláveis, súbitos e, muitas
vezes, imprevisíveis e difíceis de adaptação. Desencadeiam reacções severas, intensas e
negativas, diferentes do comportamento habitual, pois elas são influenciadas pelo eixo
hipotalâmico – hipofisário – adrenal com a liberação de vários harmónios e neurotransmissores
(dopamina, serotonina, acetilcolina, noradrenalina e adrenalina) capazes de activar os
mecanismos de adaptação corporal para a sobrevivência. Portanto, ocorre um desequilíbrio da
homeostase corporal, levando a uma cascata de reacções sistémicas nos órgãos‐alvo frente às
alterações do sistema autonómico periférico (CHROUSOS & GOLD, 1995).
2.1.2. Traumático
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2002), o conceito de trauma pode
ser entendido como “a experiência pessoal directa com um acontecimento que envolva morte,
ameaça de morte ou ferimento grave, ou outra ameaça à integridade física; ou observar um
acontecimento que envolva morte, ferimento grave ou ameaça à integridade de outra pessoa; ou
ter conhecimento de uma morte violenta ou inesperada, ferimento grave ou ameaça de morte ou
ferimento vivido por um familiar ou amigo íntimo” (APA, 2002, p.463).
Deste modo, em primeiro lugar e a nível externo é necessário perceber-se a origem do trauma e,
portanto, explorar o acontecimento traumático. Por acontecimento traumático, como já referido
anteriormente, entende-se qualquer acontecimento que, devido à sua magnitude e
imprevisibilidade, coloque o indivíduo numa posição de impotência tal, que este sente não
possuir as capacidades necessárias para lhe fazer face.
No entanto, apesar de retomar esta noção de ferida no envelope corporal, para a Psicanálise
importa não só a compreensão do acontecimento que despoletou o trauma mas sobretudo a
experiência originada pelo mesmo. Em suma, como refere Sandler (1991), “por norma o
acontecimento encontra-se directamente relacionado com acontecimentos exteriores que não são
controláveis pelo indivíduo e que ao ocorrerem desencadeiam no indivíduo um processo de
relação de objecto que invoca uma determinada significação para o mesmo tornando a
experiência traumática, dizendo-se por isso que toda a experiência traumática é uma experiência
subjectiva e que depende de indivíduo para indivíduo” (Sandler, 1991, p. 137).
O TEPT é definido no DSM-IV como uma resposta sintomática envolvendo revivência (critério
B), esquiva de estímulos associados ao trauma e entorpecimento da responsividade geral (critério
C) e excitabilidade aumentada (critério D) a um evento estressor (critério A). É um transtorno
que acarreta sofrimento clinicamente significativo e/ou prejuízo social ou ocupacional (critério
No cérebro humano, as alterações decorrentes do trauma nada mais são do que uma tentativa de
resposta adaptativa à nova ordem imposta por eventos que desestruturam gerenciadores
cognitivo-comportamentais, ou seja, os esquemas (conjunto de crenças, regras e pressupostos
que regem nosso modo de ver e interpretar a nós mesmos e ao mundo). A repercussão é sentida
não apenas na estrutura neural, mas também em seus efeitos funcionais, nas cognições formadas
a partir do evento traumático, nas impressões afectivas, nos comportamentos e nas reacções
fisiológicas (PERRY & POLLARD, 1999; VAN der KOLK et al., 1987).
A base dos vários modelos explicativos, que levam em consideração os processos cognitivos
envolvidos na formação do TEPT, sugerem que a capacidade de adaptação do sujeito ao evento
traumático requer e depende do processamento e da integração do ocorrido nos esquemas
cognitivos pré-existentes no repertório do sujeito e o subseqüente desenvolvimento de novos
esquemas, conforme propõe CREAMER et al. (1992) e VAN der KOLK et al. (1987).
Nesse mesmo ano, a Associação Americana de Psiquiatria (APA A. P., American Psychiatric
Association, 1980) reconhece esta perturbação integrando-a nas perturbações de ansiedade. É
“nesta altura que lhe é reconhecida existência como entidade nosológica autónoma e logo
tornada alvo de múltiplas investigações” (Ferros & Ribeiro, 2003, p. 151).
Desde que este conceito foi introduzido no Manual de Estatísticas de Diagnóstico das Doenças
Mentais (DSM IV), tornou-se claro que as síndromas psicológicas dos sobreviventes de abuso
sexual e violência doméstica eram de facto os mesmos encontrados entre os sobreviventes de
guerra: “Mulheres e crianças que foram agredidas e violadas são vítimas de guerra. A Histeria é
uma neurose da guerra entre os sexos” (Herman, 1992).
Deve fazer-se uma distinção entre os eventos que ocorrem uma vez e estão limitados no tempo
(por exemplo, um acidente de carro ou umas cheias) e os eventos que não estão isolados e que
ocorrem numa situação de média ou longa duração (por exemplo, a guerra ou a violência
doméstica). Os traumas de Tipo I são os produzidos de eventos singulares e os traumas de Tipo
II resultam da exposição prolongada a repetidas situação stressantes.
Quando se trata de traumas de Tipo I, a maioria das pessoas pode recuperar-se completamente,
especialmente quando tem o suporte da família ou dos amigos sempre que necessário. Nos casos
em que as reacções se manifestam por mais de três meses, necessita-se de dar atenção especial.
A violência doméstica causa um trauma de Tipo II, o chamado DSPT, e as reacções podem durar
por muito tempo, até anos. Judith Herman refere-se a mudanças complexas de personalidade que
Finalmente, Herman (1992) afirma que a depressão é a constatação mais comum em todos os
estudos clínicos de pessoas cronicamente traumatizadas.
Van der Kolk (2000) menciona que, nas crianças vítimas de abuso sexual e nos casos de violação
das mulheres por parceiros do sexo masculino, é frequente surgirem reacções que se mantêm de
forma duradoura. Uma mulher que é vítima de violência cometida pelo seu marido ou parceiro
íntimo está em alto risco de desenvolver problemas de saúde mental que a afectarão e atingirão
também as suas crianças. Esses eventos perturbarão o seu comportamento, a maneira como ela se
relaciona com os outros, a percepção de si mesma e a sua auto-estima, o seu espírito e o seu ser
existencial.
1
APA, American Psychiatric Association. Posttraumatic stress disorder fact sheet. 2013. Disponível em:
<www.DSM5.org>.
Trabalho de Pesquisa “Estresse Pós-Traumático” ISCTAC-2018 3° ANO Pág 10
quando possível, comece a trabalhar a reconstrução do futuro. A psicoterapia de grupo
também pode ser eficaz na elaboração do trauma, especialmente na fase crónica. A
psicoterapia de família pode oferecer suporte directo aos membros da família e ao
paciente;
Tratamento Farmacológico: os antidepressivos tricíclicos, especialmente a imipramina
e a amitriptilina, têm acção comprovada no tratamento do TEPT. A dosagem é igual à do
tratamento dos transtornos depressivos, e a duração mínima de uma tentativa terapêutica
deve ser de oito semanas. Os pacientes que respondem bem devem manter o curso do
antidepressivo por um período mínimo de um ano antes de se tentar a retirada;
Intervenções Psicossociais: o TEPT relacionado ao trabalho geralmente refere-se a um
evento traumático, como o acidente ocupacional, por isso as intervenções psicossociais
passam pelo reconhecimento da relação do quadro clínico com o trabalho, pelo
acolhimento do sofrimento do trabalhador no local de serviço e pelas orientações e
encaminhamentos adequados à situação. Mesmo que não haja confirmação do
diagnóstico, deve ser dado início ao tratamento de uma pessoa que tenha passado por um
evento potencialmente traumático, a partir da oferta imediata de atendimento psicológico
a fim de que ela possa iniciar o processo de elaboração da experiência (DORIGO &
LIMA, 2007).
Por isso, os funcionários dos serviços de saúde reprodutiva, mais do que os outros nos serviços
de saúde, lidarão com mulheres agredidas e violadas. Este aspecto dá-lhes responsabilidade e
devem ter como tarefa reconhecer os sintomas e sinais nestas mulheres, respondendo às suas
Má nutrição;
VII. KESSLER, R. C. Posttraumatic stress disorder: The burden to the individual and to
the society. Journal of Clinical Psychiatry, v. 61, Supl. 05, p. 4-12, 2000.
VIII. HERMAN, Judith (1992), Trauma and recovery. New York: Basic Books.
IX. VAN DER KOLK, 2000, Post-traumatic stress disorder and the nature of trauma. In:
Dialogues in clinical neuroscience 2(1). pp. 7-22