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WORDEN, J.

William (James William), Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: um


manual para profissionais da saúde mental / J. William Worden ; [tradução Adriana Zilberman,
Leticia Bertuzzi, Susie Smidt]. 4ª ed. São Paulo : Roca, 2013.

O luto nos permite curar, lembrar com amor em vez de dor.


É um processo gradativo.
Uma a uma, você vai soltando as coisas que se foram e lamenta por elas. Uma a uma, você
mantém as coisas que passaram a fazer parte de quem você é e constrói de novo.
Rachael Naomi Remen

O luto complicado é um (DSM-V) diagnóstico não qualifica o pagamento de terceiros por meio
das operadoras de seguro, pela falta de definições exatas do termo.
O luto não autorizado refere-se às perdas na vida relacionai do enlutado, que não são sancionadas
socialmente. Estilos de vida alternativos podem não ser socialmente sancionados, e o amigo ou
amante pode ser banido pela família da pessoa morta.
Os laços continuados é a denominação que se dá aos apegos à pessoa morta, que são mantidos em
vez de serem renunciados. Alguns estudiosos fomentam a ideia de que as pessoas mantêm-se
conectadas com a pessoa morta, em vez de retirarem-se emocionalmente, tal como era concebido
por Freud.
Os laços continuados estão de fato associados com a saudável continuidade de vida?
As indagações centram-se em cinco questões principais:
(1) Quais os tipos de vínculos que são mais úteis na adaptação à perda?

(2) para quem os laços continuados são úteis e para quem eles não são?

(3) em que período os laços continuados são considerados mais adaptativos e quando são menos -
mais perto ou mais longe da perda?

(4) qual é o impacto das diferenças religiosas e culturais na manutenção de vínculos saudáveis?

(5) qual a relação entre manter um laço continuado com a pessoa morta e reloca- lizá-la, que é
uma parte importante da quarta tarefa do luto de Worden?

Reconstrução e construção de significado, conceitos introduzidos e promovidos por Robert


Neimeyer, têm tido ênfase significante no campo nos últimos 10 anos. Ele considera a
reconstrução de significado, o processo central enfrentado pelos enlutados. Essa reconstrução de
significado é conduzida, essencialmente, pelo uso de narrativas ou histórias de vida, visando que o
enlutado tem de aprender a ajustar- -se a um mundo sem a pessoa que morreu.
Os indivíduos enlutados têm sérias dúvidas tais como: “Como minha vida ficará agora?” “O que a
vida da pessoa falecida significa?” “Como posso me sentir seguro em um mundo como este?” e
“Quem sou eu agora que esta morte aconteceu?”
A construção de significado é um processo, não resultado ou conquista.
Conforme alguns estudos, assim como depressão e luto, trauma e luto apresentam muitas
características comportamentais similares. Algumas distinções foram feitas:
1. Trauma sem perda - a pessoa vivência evento traumático que dá origem aos sintomas do
trauma, acarretando diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático ou transtorno de
estresse agudo.

2. Perda sem trauma- a pessoa vivenciou a morte de um ente querido sem apresentar sintomas
traumáticos relacionados com tal evento. Se surgem complicações depois da perda, seria
aplicável uma das categorias do processo de luto complicado.
3. Perda traumática - a pessoa vivência uma morte e existe algo acerca da morte em si
(frequentemente mortes violentas) ou alguma coisa acerca da experiência de morte daquela
pessoa (geralmente associada com apego inseguro ou relacionamento conflituoso com a
pessoa falecida) que desencadeia os sintomas ligados ao trauma.
Duas questões emergem em qualquer discussão sobre perda traumática. Primeiro, o que é mais
importante ao definir perda traumática - as circunstâncias da morte ou as reações do enlutado?
Segundo, no tratamento da perda traumática, quais os sintomas devem ser abordados primeiro - os
sintomas do trauma ou os sintomas do luto? O estresse traumático interfere no luto pela perda; o
luto interfere no domínio do trauma.

É importante orientar a mídia de que as intervenções realizadas nos dias que se seguem a um
tiroteio na escola, não se caracterizam por aconselhamento do luto, mas sim intervenção em crise,
e existem diferenças significativas entre as duas, em termos de objetivos e técnicas.

Concluindo, observa-se determinada fragilidade no reconhecimento da singularidade da


experiência do luto. Apesar das tarefas do luto serem aplicadas a todas as perdas por morte, a
forma como cada pessoa realiza e adapta-se a essas tarefas pode ser muito variável. Um modelo do
tipo “todos cabem no mesmo sapato” para o aconselhamento e terapia do luto é muito restritivo.

“Cada processo de luto de uma pessoa é como todos os


processos de luto; cada processo de luto de uma pessoa é
como alguns processos de luto; e cada processo de luto de
uma pessoa é como nenhum processo de luto”.( Allport ,
2013)

Cada experiência pessoal de luto é única para aquela pessoa e a experiência da pessoa não deveria
ser selada com o termo “luto anormal”. O termo mais adequado, sobremaneira, é “processo de luto
complicado”, o qual denota certa dificuldade no processo de luto, que conduz a pessoa à atenção
de um profissional de saúde mental.

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APEGO, PERDA E EXPERIÊNCIA DE LUTO

TEORIA DO APEGO

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