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CENTRO UNIVERSITARIO 7 DE SETEMBRO

CURSO: Psicologia

Aluno: Pedro Gabriel Tavares Martins.

Análise do livro: A morte é um dia que vale a pena viver

13 de outubro de 2023
FORTALEZA/CE
A frase “A única certeza da vida é a morte” é algo que todos nós já escutamos alguma
vez na vida. Quando crescemos e passamos a entender sobre o mundo a nossa volta
reconhecemos o fato de que um dia iremos morrer e que isso faz parte da ordem natural de
toda existência. Entretanto, mesmo sabendo deste fato inegável, nunca estamos preparados
para o momento de nosso fim e, muitas vezes, preferimos esquecer de tal verdade. O livro A
morte é um dia que vale a pena viver, escrito pela médica Ana Claudia Quintana Arantes, tem
como foco principal falar sobre este momento importante da vida que é o seu fim, nos
forçando a enxergar aquilo que muitas vezes preferimos esquecer.
No livro, a autora Ana Claudia nos guia através de inúmeras reflexões acerca da
finitude da vida humana, tentando ao máximo desmitificar o assunto, trazendo à tona que na
verdade as pessoas não deveriam ter medo da morte, mas sim de chegar ao fim da vida sem
ter aproveitado ela da melhor maneira possível, pois é o fato de haver um fim que faz com que
a vida precise ser aproveitada.

“O tempo acaba mais a maioria das pessoas não percebe que, quando olham
o relógio repetidas vezes esperando o fim do dia, na verdade estão torcendo
para que o tempo passe mais rápido e sua morte se aproxime mais depressa.
Mas o tempo passa no tempo dele, indiferente a torcida para apressar ou
retardar sua velocidade... Quando passamos a vida esperando pelo fim do
dia, pelo fim de semana, pelas férias, pelo fim do ano, pela aposentadoria,
estamos torcendo para que o dia de nossa morte se aproxima mais rápido.”
(Arantes, 2019, p. 79-80)
Um ponto importante discutido no livro é sobre o despreparo dos médicos diante de
sua incapacidade em pacientes terminais. A autora crítica em como, para se proteger em um
ambiente onde a perda e a morte o cercam, os médicos muitas vezes preferem não enxergar as
pessoas, mas sim suas doenças, o que os fazem agir de maneira mais automática e fria.
Contudo, ela não os culpa por essa estratégia, pois afirma que durante a faculdade de
medicina, não os são ensinados a como lidar com a mortalidade e nem com pacientes em fase
terminal da doença.

“O médico que foi treinado sob o conceito ilusório de ter poder sobre a
morte esta condenado a se sentir fracassado em vários momentos da carreira.
A infelicidade é uma presença constante na vida do médico que só aprendeu
sobre doenças. Já aquele médico que busca o conhecimento sobre “cuidar”
com o mesmo empenho que leva para o “curar” é um ser humana em
permanente realização” (Arantes, 2019, p. 55)
Durante a leitura do livro, uma das frases que mais me chamou a atenção foi a
seguinte: “Mas o problema mais difícil não é a morte, é esperar por ela”. Esta frase nos
permite refletir sobre a dor e a agonia que a doença terminal pode trazer para alguém e sobre a
importância dos Cuidados Paliativos, que é também um dos temas centrais da obra. Ana
Claudia comenta bastante acerca dos sofrimentos dos pacientes em fase terminal da doença,
em especial sobre a dor da espera pela morte. Com o avanço final da doença e sem que a
medicina possa fazer algo, então só resta ao paciente o aguardo para seus momentos finais.
Para alguns a morte chega em questão de dias, mas para outros, ela pode demorar meses ou
até mesmo anos. Junto de sua espera há também a dor física, a fraqueza e a sensação de seu
corpo funcionando cada vez menos. É nesse momento de espera que os cuidados paliativos
mais se mostram importantes.
Cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e
familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do
sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e
espiritual. Entretanto vele ressaltar que cuidado paliativo não significa simplesmente sedar o
paciente até momento de sua morte, mas sim diminuir sua dor de forma que ele possa
continuar lucido e sem sofrimento. Infelizmente, essa área recebe poucos investimentos no
Brasil, se comparado com alguns países da Europa, por exemplo, e há muitos médicos que
ainda não sabem lidar da maneira correta com uma pessoa que está em um estado de saúde
que ameaça a continuidade da vida.

“Meu papel como médica é tratar o sofrimento físico com todos os recursos
disponíveis. Se a falta de ar passar, se qualquer desconforto físico intenso
passar, haverá tempo e espaço para a vida se manifestar. Muitas vezes, diante
do alívio do sofrimento físico, o que aparece em seguida é a expressão de
outros sofrimentos, como o emocional e espiritual” (Arante, 2019, p. 58)

A terminalidade é a consequência do curso natural da vida, o que ela produz é o


sofrimento, como ela diz, é uma melodia única. Cada um sofre de uma forma. E não faz
diferença se somos pessoas boas ou não: vamos morrer. A única coisa que não temos opção é
a morte. Para todo o resto na vida, há opções: podemos fazer ou não, podemos querer ou não.
Mas morrer ou não, isso não existe.
A autora destaca que muitas vezes as pessoas têm medo de falar a verdade sobre a
gravidade da doença ou do prognóstico, por acreditarem que isso pode piorar o sofrimento do
paciente. No entanto, ela ressalta a importância de uma comunicação aberta e honesta para
garantir que o paciente tenha autonomia sobre seu cuidado e para poder se preparar
emocionalmente para o fim de vida. A autora também fala sobre a importância de respeitar as
crenças e valores do paciente e de fornecer apoio emocional durante todo o processo.
Ao terminar de ler este livro não só adquirimos mais conhecimento sobre a finitude
humana, como também passamos a entender o papel que as pessoas possam ter nos momentos
finais de um ente querido ou paciente. A morte é um processo natural da vida, gostemos disso
ou não, e quando nos deparamos com ela não haverá como evitá-la. Este fato ressalta a
necessidade de um profissional da psicologia nestes últimos momentos de vida, pois, já que a
medicina já não pode fazer mais nada contra a doença, então nos resta ajudar através da
esculta de toda a dor que a pessoa está sentindo e ajudá-la a partir com mais tranquilidade e
dignidade.
Em momentos de dor como a espera da morte, não apenas o paciente sente dor, mas
seus familiares também sentem. Não uma dor física, mas uma emocional e talvez até
espiritual. O psicólogo deve não apenas acolher o paciente, mas também aqueles que estão
sofrendo junto a ele, seus familiares que, às vezes, podem estar em mais negação do que
aquele que está morrendo.
Concluindo, devemos todos aproveitar o presente da melhor maneira possível. O
passado e o futuro não passam de lembranças e esperanças, apenas podemos aproveitar de
verdade aquilo que nos acontece agora. Precisamos aproveitar nossos momentos, para que,
quando vermos o fim da estrada de nossas vidas, possamos aceitar e andar em sua direção
sabendo que aproveitamos ao máximo o tempo que tivemos.

Bibliografia
Arantes, A. C. (2019). A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de Janeiro: Sextante .

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