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FISIOTERAPIA
DIVINÓPOLIS – MG
2021
Todos sabemos que um dia estaremos diante da morte, de que é a nossa “única
certeza” como costumamos dizer, mas mesmo com essa certeza diante de nós,
sempre tentamos fugir dela e de até conversarmos sobre tal. Tanto que fazemos
de tudo para mantermos jovens – sinônimo de vida longa.
Um hospice não é um local específico, mas sim uma palavra que traz o conceito
e a filosofia dos cuidados paliativos.
O documentário mostra pelo Zen Hospice que o cuidado paliativo não é sobre
curar e sim sobre cuidar. É sobre querer que a pessoa tenha uma melhor
qualidade de vida pelo maior tempo possível mesmo em seus momentos finais
e que ela tenha uma morte digna.
Uma conversa que me chamou muito a atenção foi entre o médico J. B. Miler e
Thekla Hammond, uma paciente que foi “morrer em casa” que é assim: “Ser
amiga da morte pode ser muito difícil. Mas, acho que o que eu quis dizer é pra
você tentar se relacionar com ela, com esse assunto. Não precisa virar amiga
dela, é só pra se tornar um pouco menos assustadora que esse monstro
desconhecido que a gente nunca olha, nunca vê, nunca toca.” “Sabe, eu acho
que a parte assustadora é o desconhecido e a falta de controle” “E o
desconhecido significa: Como é estar morrendo? ou Como vai ser quando eu
estiver morto? Se não dá pra mudar isso talvez possamos nos acostumar um
pouco com a ideia.” E o que eu entendo, é isso que o projeto tenta trazer, o fato
de aceitarmos a morte, de que um dia todos nós iremos de encontro a ela, não
significa que vamos deixar de sofrer, mas que deixaremos de ter medo e de nos
desligarmos da vida.
Dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman não tem o intuito de nos trazer
calmaria e sim de nos fazer refletir sobre a nossa relação com a morte. É sobre
conhecer um lado da humanidade que não podemos tocar até que chegue nossa
hora. É buscar sentido e de certa forma um acalento para que possamos
enfrentar da melhor maneira possível e nos tornar mais conscientes da
existência e da beleza de aproveitarmos o tempo que cada um de nós temos.
É possível notar a diferença entre a despedida de Mitra que estava o tempo todo
no hospital e a dos pacientes do Zen Hospice. Enquanto a despedida dela foi
algo muito focado na dor dos familiares em que, principalmente a mãe apesar de
estar farta de ver a filha definhando na cama de um hospital, não queria aceitar
que ela morresse, além de o filho ter sido deixado de lado nesse momento.
Parece que o ambiente hospitalar deixou tudo isso ainda mais pesado. Já os
pacientes do hospice, apesar de mergulhados na dor e melancolia, era notória
uma tranquilidade e um certo conforto de todos no momento final.
Para mim, foi difícil assistir sem deixar que se misturasse com a minha dor de
perder quem a gente ama. Assistir alguém morrer de uma vez ou aos poucos
não é algo fácil em nenhum lugar do mundo. E nunca será. Por mais, que
dissemos que não queremos que aquela pessoa continue sofrendo também
somos egoístas a ponto de não querer sofrer por não a ter mais entre nós. Mas
é possível tornar esse processo um pouco menos doloroso e pavoroso, pois
todos nós teremos de passar por tal.