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O FIM DA VIDA...

Profa
Patricia Rutsatz
Morte
“... houve um tempo em que nosso poder perante a
morte era muito pequeno, e de fato ela se apresentava
elegantemente. E, por isso, os homens e as mulheres
dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam tornar-se
sábios na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou, a
morte foi definida como a inimiga a ser derrotada,
fomos possuídos pela fantasia onipotente de nos
livrarmos de seu toque.

.. a morte não é algo que nos espera no fim. É companheira


silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos
aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à
sabedoria de viver. Quem não pensa e não reflete sobre a
morte, acaba por esquecer da vida. Morre antes, sem
perceber"

Prefácio: A morte como conselheira. In: Cassorla RMS, coordenador. Da morte: estudos
brasileiros. Campinas: Papirus 1991:11-5.
Morte e Luto
▪ Experiências universais ➔ contexto cultural
▪ Malaia ➔ morte como transição gradual ➔
enterro provisório ➔ deterioração completa ➔
alma abandonou corpo
▪ Grécia antiga ➔ heróis queimados publicamente
▪ Japão ➔ rituais religiosos encorajam contato com
o morto ➔ altar no lar
▪ Egito ➔ mumificação ➔ preservação do corpo
para que alma retorne
Morte e Luto
• Cuidar de alguém moribundo em casa ➔ olhando a
morte todos os dias ➔ adultos e cçs absorvem uma
verdade ➔ morrer faz parte da vida,

confrontar o fim da vida pode dar um


significado mais profundo para a vida como um
todo.
Hoje...
• Violência
• Abuso de drogas
• Pobreza
• AIDS

Tornam difícil negar a realidade da morte!


Tanatologia
▪ Estudo da morte e do morrer
 Significado humano, histórico, antropológico e social da
morte
 Morte e educação
 Morte institucionalizada
 A psicologia do doente terminal
 Desenvolver pesquisas e treinamento profissional em
questões relacionadas a perdas e luto
 Oferecer serviços de prevenção e tratamento a pessoas
enlutadas
Assistência Paliativa
Mesmo na fase terminal de uma doença, a
qualidade de vida dos pacientes pode ser mantida
em níveis satisfatórios, utilizando-se
adequadamente as técnicas da paliação

▪ Alívio da dor e do sofrimento


▪ Controle de sintomas
▪ Manutenção de uma qualidade de vida
satisfatória
▪ Permissão de se morrer com paz e dignidade
Assistência Paliativa
• Tem como foco a pessoa, e não a doença ou órgão
• È indicada para qualquer paciente com doença que
ameaça à vida
• Indicada para o idoso com fragilidade, declínio
funcional e falência orgânica
• Deve ser ampliada além da Oncologia
• Pode ser oferecida em hospitais, asilos e domicílios
Assistência Paliativa
▪ Importante manter sua dignidade, sem intervir
no que é fisiológico
▪ A paliação deve incluir plano de cuidados
individualizado, contemplando objetivos do
paciente e limites impostos pela doença
▪ Sensação de medo é aliviada pela atuação da
equipe de paliação
▪ Medos: de dor, de morrer só, de sufocação, de
perda de controle, de perder a dignidade, de
incomodar familiares
▪ Estimular a resolução de conflitos legais, sociais,
financeiros e familiares
▪ Suporte psicológico
“Etapas” do Morrer
Os pacientes ou seus familiares normalmente passam
pelos mesmos estágios quando recebem uma má notícia.
Estes estágios foram classificados por Kübler-Ross para
pacientes que estavam morrendo.
Os estágios são os seguintes:

Choque inicial Barganha

Negação e isolamento Depressão


Raiva Aceitação
“Etapas” do Morrer
▪ Negação ➔ quando o paciente se recusa a aceitar que tem
uma condição fatal.
▪ Depois se seguem a raiva, a negociação, a depressão e a
aceitação de que a morte é inevitável.
▪ Os períodos não se sucedem de forma ordenada e
excludente, mas podem misturar-se, em particular durante o
da negociação, quando o paciente pensa que caso se
submeta a um determinado tratamento, ou se fizer dieta ou
exercício, talvez possa reverter sua condição.
▪ O reconhecimento de que a negociação não é possível
com a morte, freqüentemente leva à quarta fase, que é a
depressão.
▪ A etapa final é a aceitação, quando a pessoa reconhece sua
mortalidade e a proximidade do fim.
Padrões de Pesar (Luto)
• É uma experiência altamente pessoal
• Choque e descrença ➔ sobreviventes costumam
sentir-se pedidos e confusos. Tristeza, choro. (várias
semanas)
• Preocupação com a memória do falecido ➔
Conciliação c/ morte ➔ não aceitação. (6 meses...)
• Resolução ➔ Renovação de interesses cotidianos ➔
saudade.
Morte e Luto Durante o Ciclo de Vida

• Não existe um modo único de ver a morte em


qualquer idade;
• As atitudes das pessoas perante ela refletem sua
personalidade e sua experiência, assim como o
quanto elas acreditam estarem próximas de morrer.
• Mesmo assim, existem amplas diferenças de
desenvolvimento.
Infância
• Somente entre as idades de 5 e 7 anos a maioria das
crianças entende que a morte é irreversível
• Aproximadamente na mesma idade, as crianças
percebem dois outros importantes conceitos sobre a
morte: primeiro, que ela é universal ; segundo, que
uma pessoa morta é não-funcional (todas as funções
vitais cessam com a morte).
Infância
• Podemos ajudar as crianças a compreender a morte
introduzindo-as ao conceito em idade precoce e
estimulando-as a falar sobre o assunto.
• A morte de um animal de estimação pode oferecer
uma oportunidade natural para isso.
• A forma de demonstrar pesar depende do
desenvolvimento cognitivo e emocional das
crianças.
• As crianças precisam ser tranquilizadas de que
continuarão recebendo cuidado de adultos com
carinho.
Adolescência
• A morte não é algo sobre o qual os adolescentes
normalmente pensam muito, a menos que se
vejam diante dela.
• Muitos adolescentes correm riscos sem pensar.
• Em seu anseio por descobrir e por expressar sua
identidade, podem estar mais preocupados com
como vivem do que com quanto tempo viverão.
• Suicídio/ histórias de doença emocional:
depressão, abuso de drogas ou de álcool,
comportamento anti-social ou agressivo ou
personalidade instável.
Idade Adulta
• Jovens adultos que concluíram sua educação e
envolveram-se na carreira, no casamento ou na
criação de filhos geralmente estão ávidos para viver
a vida para a qual se prepararam.
• Caso repentinamente sejam atingidos por uma
doença ou por um dano potencialmente fatal,
tendem a ficar extremamente frustrados.
• A frustração pode converter-se em raiva, o que
pode torná-los pacientes (hospitalares difíceis.)
Idade Adulta
• Na meia-idade, a maioria das pessoas percebe com
mais clareza do que antes que vão de fato morrer.
• Seus corpos podem sinalizar que já não são jovens,
ágeis e vigorosas quanto antes.
• Muita vezes - especialmente após a morte de
ambos os pais - surge uma nova consciência de ser
a geração mais velha que é a próxima na fila para
morrer
Idade Adulta
• Adultos mais velhos possuem sentimentos mistos
sobre a perspectiva de morrer. Perdas físicas e
outros problemas e perdas da velhice podem
diminuir seu prazer e seu desejo de viver.
• Segundo Erikson, adultos mais velhos que resolvem
a crise final de integridade versus desespero
alcançam a aceitação tanto do que fizeram com suas
vidas como de sua morte iminente. As pessoas que
pensam que sua vida foi significativa e que se
adaptaram a suas perdas podem ser mais capazes de
enfrentar a morte.
Questões Médicas, Legais e
Éticas: O Direito de Morrer

• Morte tranqüila ➔ é aquela em que a dor e


o sofrimento são minimizados por paliação
adequados, na qual os pacientes não são
abandonados ou negligenciados, e na qual
os cuidados com aqueles que não vão
sobreviver são avaliados tão importantes
como aqueles que são dispensados a quem
irá sobreviver.
Questões Médicas, Legais e
Éticas: O Direito de Morrer

▪ Suicídio
▪ Suicídio Assistido
▪ Distanásia ➔ Morte lenta, ansiosa e com
muito sofrimento
▪ Eutanásia ➔ É uma morte serena, sem
sofrimento. Oposto de distanásia. Prática
pela qual se busca abreviar, sem dor ou
sofrimento, a vida de um doente
reconhecidamente incurável.
Questões Médicas, Legais e
Éticas: O Direito de Morrer

• Ortotanásia ➔ tão logo seja definido que o


paciente não é mais salvável, nossos esforços
devem ser dirigidos no sentido de promover
e priorizar o seu conforto, diminuir o seu
sofrimento, e evitar o prolongamento de sua
vida "a qualquer custo".
Dignidade

“Esta vida é uma estranha


hospedaria,
De onde se parte quase sempre às
tontas,
Mário Quintana
Pois nunca as nossas malas estão
prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.”

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