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Histórias de Vida

O que eu eu apren
di com
as perdas e os lut
os

Turma 4

Organização
SUMÁRIO

Apresentação .................................................................................. 3

Grandes descobertas ..................................................................... 4

O morrer pode ser o viver ............................................................. 7

Quando fica a saudade ................................................................. 9

Vida e Morte: luto como vínculo ................................................ 12

Meu luto, minhas cicatrizes ........................................................ 16

E agora? Estou de luto ................................................................ 20

"Falar de morte é falar de vida" ................................................ 24

Da nutrição à psicologia do luto ................................................ 27

Para sempre em minhas lembranças ........................................ 30

Podemos viver com mais leveza ............................................... 34

Nem deu tempo e já veio outro.................................................. 37

Grata pelo que vivi ....................................................................... 42

Precisamos falar sobre morte .................................................... 45

Quem é Lêda Milazzo .................................................................. 48


Apresentação
Confesso que não foi nada fácil organizar esse e-book. A dificuldade não
tem a ver com diagramação, com desenhos, com design. A dificuldade tem a
ver com a emoção, com os sentimentos.
A cada texto que lia tinha que parar. Parar para enxugar as lágrimas.
Parar para refletir o quanto o meu trabalho é importante. Parar para que “a
ficha caísse” e eu percebesse como o curso Perdas e Luto: entender para
melhor atender impacta vidas.
Eu não tinha a dimensão da transformação. Eu sabia sim, que
transformava vidas, que transformava o olhar sobre a morte, sobre as
perdas... mas, assim, com tamanha proporção, eu realmente não sabia.
Esse e-book foi mais do que um presente que a Turma 4 me deu. Ele é a
validação do meu sonho, da minha missão. E minha missão não é das mais
fáceis: transformar o olhar dos psicólogos sobre a morte para que possam
transformar vida (e morte) dos seus pacientes, bem como as suas, sabendo
que a vida é finita e que pode ser vivida com mais qualidade.
A ideia desse e-book surgiu no finalzinho da Oficina Criar e Conduzir
Grupos Terapêuticos de Enlutados, que foi um dos bônus do curso.
Discutíamos algumas propostas de trabalho para grupos terapêuticos.
Comentei que faria algo que fosse a “cara da turma 4”. Uma das alunas, a
Raquel Baptista, levantou a bandeira: “Vamos fazer um e-book em que cada
um relate sua história de perdas e luto e como o curso contribuiu para a
elaboração”.
Foi unânime a decisão de aceitar a proposta!! Agora era colocar a mão na
massa, ou melhor, no computador, pegar um lencinho e escrever. Sei que não
foi fácil revisitar as perdas, lembrar das pessoas amadas que não estão mais
por aqui. Mas, sei também que foi um exercício terapêutico, poder lembrar
dos bons momentos vividos com essas pessoas. Poder olhar para suas
histórias e ver que a dor não está mais ali. Ela se foi e deu lugar ao amor.
Deu lugar à vida!
Gratidão a todas vocês que aceitaram esse desafio e que partilharam suas
experiências de dor e amor comigo, com a Turma 4 e com as pessoas que vão
ler e se beneficiar dessa riqueza imensurável! Meu muito obrigado, meu
respeito e admiração por vocês!!
Bjuss e abraçuss cheios de vida a cada autora e a cada leitor(a).

Lêda Milazzo
Grandes descobertas

Iniciei a graduação de Psicologia em 1999. Logo no início do curso, tive a


oportunidade de ler o livro “A Roda da Vida” da Elisabeth Kubler Ross, o qual
despertou o meu interesse para estudar sobre a ideia de morte com pacientes em
estado terminal e seus familiares. Mas, infelizmente, deixei o meu desejo de lado
e acabei me adaptando à demanda do mercado de trabalho. No quarto ano da
faculdade, ingressei na área de Recursos Humanos, o que na época, me pareceu a
melhor escolha a fazer, pois consegui ingressar em empresas grandes e
multinacionais. Porém, mantive os atendimentos psicológicos como voluntária, a
crianças em tratamento de câncer, que vinham de outras cidades e estados, para
tratamento na cidade de São Paulo e permaneciam, durante o tratamento, em
uma casa de apoio.

Em 2005, a minha vida mudou, contraí uma infecção óssea que destruiu duas
vértebras da minha coluna, o que poderia ter gerado uma infecção generalizada, o
que felizmente, não aconteceu. Mas, tive que ser submetida a uma reconstrução
da coluna. Situação essa, que me afastou do mercado de trabalho. Os anos se
passaram, entre tratamento e uma nova adaptação de vida, com novos desafios e
limitações.

Então, chegamos no ano de 2020. Logo no início do ano começamos a ouvir falar
sobre um vírus, que estava infectando e matando muitas pessoas na China. E logo
depois do carnaval, a imprensa começou a divulgar os casos de infectados e
mortes aqui no Brasil. E em março, do mesmo ano, fomos orientados
a fazer isolamento social, suspender as atividades fora de casa e a
usar máscaras, caso fosse extremamente necessário sair de casa.
Cerca de 45 dias depois do isolamento, fui convidada para
participar, como voluntária, de um projeto de atendimento
psicológico para brasileiros residentes em qualquer lugar
do mundo. O objetivo do projeto era dar apoio psicológico
a todos, incluindo as pessoas que moravam em
outros países, pois em sua maioria, estavam sozinhos
num país onde eram estrangeiros.

Foi assim, que voltei a atuar como psicóloga clínica.


O ano passou, e tivemos muitas mortes no mundo inteiro, parecia enredo de filme
de ficção científica. Pois, nunca imaginamos viver em tempos tão difíceis. No
início de 2021, uma amiga, também psicóloga, me pediu para atender a sua
prima, que estava em luto pela morte da filha de 18 anos. Então, iniciei o
atendimento a essa mãe. Confesso, que não sabia, se estava acolhendo aquela
mãe da maneira mais adequada. E, aproximadamente, 2 meses depois recebi em
um grupo, a divulgação de uma aula gratuita sobre Perdas e Luto, com a
professora Lêda Milazzo.

Imediatamente, me inscrevi para assistir a aula. E amei tudo o que ouvi. E,


imediatamente, fiz a inscrição para o curso. Pois, ansiava em aprender sobre o
tema e em como atender de maneira adequada aquela mãe. Bom, foi o que
pensei que aconteceria durante o curso. Mas, estava enganada ao pensar que, de
imediato, ajudaria outra pessoa. O que aconteceu foi que, me conectei com o meu
próprio luto. Luto esse, que tinha certeza que já estava resolvido, apesar de chorar
todas às vezes que me referia a ele. Esse luto é pela perda do meu tio Emílio, a
quem eu amava como a um pai. Ele era aquele tio, que me levava ao parque, que
antes de ir jogar futebol, com os amigos, no sábado à tarde me deixava primeiro
no catecismo. Quanto fui me tornando adolescente, foi o meu tio Emílio, que
começou a reparar nas mudanças do meu corpo e começou a me orientar sobre
qual o tipo de roupa que deveria usar. Claro, considerando o cuidado e ciúmes que
tinha de mim! Cuidado esse que eu amava sentir! Amava também quando as
pessoas perguntavam se éramos pai e filha!

Infelizmente, meu tio Emílio faleceu um dia antes do meu aniversário de 13 anos.
Deixando 2 filhas, uma de 4 e outra de 2 anos. As quais, infelizmente, não
tiveram a chance de conhecer e sentir o amor que aquele homem trazia consigo.
Hoje eu mantenho o túmulo do meu tio e,
sempre que possível, viajo até a cidade onde
está enterrado, para lhe prestar
homenagem e cuidar da manutenção do seu
túmulo. Sempre achei que o sofrimento e
tristeza por sua morte, iria me acompanhar
pelo resto da minha vida, até que o curso
me fez entender que a vida é finita! Que
posso sim, sentir saudades.
Mas que a dor precisa ser amenizada e dar espaço à saudade! Foi a professora Lêda,
que me ensinou que o meu tio sempre irá existir dentro do meu coração, porque o
amor nunca morre! Não posso deixar de ressaltar, a importância das trocas que
aconteceram, durante as aulas ao vivo, onde a maioria dos alunos tiveram a
oportunidade de falar sobre o seu próprio luto e em como o curso e a escuta ajudou
cada um no seu processo pessoal. Aprendi que, ao invés de sofrer, em datas como
o Natal, eu posso homenagear a memória do meu tio. É possível, lembrar dos
momentos bonitos, que compartilhamos.

Hoje, consigo falar sobre a minha perda sem chorar, sem sentir aquela dor que me
sufocava e apertava o peito. Sinto que estou aprendendo a lidar
com o meu próprio luto, e a ideia de criar um grupo para
trabalhar as perdas e luto com pessoas enlutadas, já não é tão
impossível, como acreditava. O curso me deu o conhecimento
e a segurança que precisava para acolher e ajudar
aquela e outras mães enlutadas.

O meu desejo para o futuro, é obter mais conhecimento


e qualificação sobre o tema Perdas e Luto, para poder
alcançar mais pessoas. E assim, poder realizar aquele desejo,
que deixei lá atrás, depois da leitura do livro “A Roda da Vida”.

Andrea da Silva Souza


CRP 06/79179
Psicóloga clínica com especialização em
Psicopedagoga. Formação em Psicologia
Analítica, Introdução à Psicanálise Winnicottiana
e em Perdas e Luto.

WhatsApp: (11) 99222-6092


E-mail: andrea_ssouza@yahoo.com.br
O morrer pode ser o viver

Considerando que cada pessoa que morre deixa pelo menos 10 enlutados a sua volta,
com a pandemia de Covid-19 o luto tornou assunto recorrente frente ao número de
mortes e urgente com os números estarrecedores de enlutados. Diante desse cenário,
tornou-se necessário buscar mais conhecimento e aprofundamento sobre o tema. Essa
temática sempre foi de interesse na minha trajetória profissional, porém, com
conhecimentos básicos e experiência em atendimentos.

O curso “Perdas e luto: entender para melhor atender” foi um divisor, que elucidou
algumas dúvidas e acrescentou muito para o trabalho com os pacientes que têm
buscado ajuda profissional após perdas de familiares, separações e tantas outras perdas
inerentes a cada indivíduo.

Sempre vi e acreditei que não há como desvencilhar o luto como um processo separado
da vida pois, onde acontece uma perda, seja ela por morte, perda de um emprego,
separação ou rompimento de relacionamento, fica um sujeito que terá que dar
continuidade a vida.

Com a assistência de profissionais que estão seguros e conscientes do seu papel de


terapeuta para esse suporte ao enlutado, a possibilidade de
sucesso no processo com certeza fica mais fácil, pois usará
manejos, técnicas e recursos necessários a assessorar o
paciente.

E, essa segurança e
consciência para atender
pessoas enlutadas é um diferencial
que adquirimos e fortalecemos no decorrer
das aulas e encontros durante curso.
Ficou, ainda mais evidente, o quanto é necessário ampliar a discussão sobre o luto e
suas implicações sobre a atuação clínica, ter clareza sobre as influências sociais que
decorrem das experiências de perda, considerando a realidade social e as experiências
singulares, respeitando e permitindo a vivência da perda sem dizer “é necessário ser
forte”; “é assim mesmo, tem que superar”; “o luto tem prazo, logo vai passar”. Não
fazemos parte do coletivo comum. Precisamos sim ter empatia, definir limites, ser
autênticos, ser tolerantes, interessados.

Resumindo, precisamos “entender para melhor atender”, esse é o verdadeiro caminho.


Se o luto é inerente à vida, posso então citar Jacobucci:
“O luto não é algo que precisa ser superado como se fosse um obstáculo. Luto é
um processo natural que precisa ser vivenciado e integrado a realidade cotidiana.
Como todo processo terão início, no ato da perda, um meio e o seu fim se dará
quando a dor da ausência torna-se memória. ” (JACOBUCCI, 2016)

No curso “Perdas e luto: Entender para melhor atender” pude entender que o luto é
realmente um processo natural e que cada sujeito fará com que seus anseios e medos
possam ser vividos e entendidos dentro do seu contexto familiar e de grupo, assim
como eu fiz.

Anides Maria
CRP 04/15.715

Psicóloga formada pela Newton Paiva e atua há


25 anos com atendimento a adolescentes
adultos e idoso. Trabalhou com os familiares
das vítimas do rompimento da barragem em
Brumadinho - MG, em 2019. Também realiza
palestras voltadas ao universo feminino.

WhatsApp: (31) 98774-7107


E-mail: anidesmaria@yahoo.com.br
Instagram: @anides_psi
Quando fica a saudade

“Vamos todos numa linda passarela


De uma aquarela
Que um dia enfim descolorirá
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)”

(Vinicius de Moraes - Aquarela)


Perdas estão presentes em todas as fases de nossas vidas e de várias maneiras.
Perdemos empregos, oportunidades, crenças, ideais, alguns de nossos papéis como,
por exemplo, o papel profissional, quando aposentamos. Também podemos perder
alguém sem que essa pessoa venha a falecer, como no caso de separação da pessoa
amada. Porém, a perda que nos afeta mais fortemente é a perda pela morte de
pessoas próximas em nossas relações afetivas.
Ao refletir sobre o tema luto, torna-se inevitável revisitar nossa própria história.
Aconteceu há cerca de quinze anos, mas ainda é forte a lembrança que trago dos
dias após a perda de minha mãe. Eu esperava ansiosamente o término de cada dia,
na esperança de acordar mais restabelecida no dia seguinte. Foram momentos de
imensa dor e tristeza, e eu sabia que o melhor a fazer era chorar. E chorei muito.
Em todo o processo de luto, a tristeza está presente com mais ou menos
intensidade. Sabemos que é saudável vivenciarmos esse momento importante e
expressarmos os nossos sentimentos, para que possamos dar um outro significado
a nossa dor.
Sou psicóloga. A psicoterapia é essencial ao exercício profissional do psicólogo e,
nesta época, eu havia encerrado meu processo terapêutico há algum tempo. Ao
perceber que precisava de ajuda, procurei apoio psicológico.
A psicoterapia possibilita emergir os sentimentos contidos, proporcionando
autoconhecimento, o resgate dos vínculos saudáveis e a formação de novos
relacionamentos. Ajuda-nos a descobrir estratégias possíveis de como seguir
adiante, abrindo-se para a chegada de algo novo, que preencherá a sensação de
vazio deixada pela perda da pessoa querida.

Respeitado o meu tempo, fui


substituindo a imensa tristeza pela
saudade, ficando as lembranças dos
bons momentos vividos com ela.
OS LUTOS SÃO APRENDIZADOS PARA A VIDA,

São momentos pontuais de forte


mudança, crescimento e valorização.
Voltei aos estudos, fiz especialização
na área clínica e segui em frente
sentindo-me realizada pessoal e
profissionalmente.
Com a chegada da Pandemia, na terceira turma do curso, percebo-me
aumentou a procura por atendimento a mais fortalecida, consigo trabalhar com
pessoas enlutadas. Senti a necessidade essa temática de maneira leve e ainda
de buscar maior conhecimento e tive a mais realizada, por ajudar as pessoas a
oportunidade de entrar no curso conviverem com a saudade, sem as
“Perdas e Luto; entender para melhor dores e angústias de outrora.
atender” da professora Lêda Milazzo. É de suma importância falarmos sobre
Buscava conhecimento teórico e me a morte. Assim como na música
surpreendi positivamente ao ser tomada Aquarela, que fala do descolorir para
pela mão. Com muita sensibilidade, ela que o nosso foco seja o colorido do
nos mobilizou e foi nos conduzindo a momento presente.
buscar nosso trabalho interno. Hoje, já

Catarina Alves Barbosa


CRP 06/38286-3

Psicóloga com especialização em Psicodrama


pelo Instituto Sedes Sapientiae, com registro na
FEBRAP - Federação Brasileira de Psicodrama.

WhatsApp
(11) 95242-4652
Vida e Morte: luto como vínculo!

Acabei de voltar de um encontro com a família. Estamos juntos depois de 25 anos.


Há muito tempo não sabíamos como ser uma família completa. Em um momento,
me flagrei olhando para a situação... tios, primo, irmã. Todos em estado de pura
entrega de felicidade. Sem medo. Sem angústia. Sem julgamentos. Apenas somos!

Isso me fez refletir sobre quem se foi, aqueles que não estão mais entre nós,
mas que, de alguma forma, continuam como elos. Sim, somos seres de vínculos e a
morte não nos desagregou... Na verdade, a cada vez que me olho mais me
reconheço nos gestos e atuações dos meus antepassados: nos provérbios de minha
avó, no olhar encantado de meu avô, na ansiedade de meu pai, enfim, aquelas
marcas que nós agregamos ao longo do tempo e que nos fazem ser esta família.
Não, a morte não nos separou. Na verdade, penso que a morte me trouxe mais
maturidade: de entender os limites do outro, de pensar que nem sempre os desejos
do outro são caprichos, que cada um tem uma forma de funcionar, e que o amor
vai além disso que conseguimos nomear.

No curso Perdas e Lutos: entender para melhor atender, com a psicóloga Lêda
Milazzo, o entendimento da posição do luto na vida das pessoas me preparou para
uma abordagem mais assertiva e condizente com a realidade de cada pessoa.
Compreender a história do luto, suas características e significados, além de
aprender que não existe um tipo único de perda, mas para cada perda, um manejo,
uma técnica, um acolhimento, além de estudar os fatores que possam complicar o
processo do luto, como também aqueles que possam ser facilitadores para cada
sujeito no trajeto de sua história.
Estudando luto, algumas coisas, anteriormente só teóricas, passaram a ter valor
de experiência. Muito além apenas daquilo que se lê nos livros. Vida! Vida em sua
mais completa forma. Ao pensar na morte, e nas perdas vivenciadas em vida,
cada vez mais me energizo com as condições de ser vivente.

Isso também me faz pensar muito na condição de meus pacientes, especialmente


aqueles em sua fase de final de vida, em que as relações começam a ter outra
perspectiva, e que a condição do desapego se torna uma necessidade... Uma
paciente que acompanho me faz pensar sobre isso... resistiu muito sobre pensar
sobre sua morte, acreditando que tudo ficaria bem. A doença lhe arrebatou:
quando menos esperava, uma metástase cerebral a fez repensar sobre todo o
contexto de vida. Hoje, exatamente hoje, mais cedo, ela me mandou uma
mensagem:

u s e i q u e s ã o
i n h a c a s a . E
m u n d o n a m ia m s a ir
r a, e s t á t o d o a m q u e n ã o
“Douto e le s d e c id ir ir m ã o s .
i m o s d i a s , e a t ia , m e u s
meus úl t a m ã e , m in h n h o
f il h o s , m in h e , já n ã o t e
. M e u s ia . S a b
daqui.. d o n a n o it e , n o d
. M u i to b o m
se re v e z a n in h a m i s s ã o
Estão e i q u e c u m p r i m
p r e s s a d e i r
e p a r ti r . S e s t á c o m
medo d a q u i . N i n g u é m
q u e r o ir co m
o d o s ju n t o s u v o u .. . e
ver t e m q u e já , j á e
je é o ú lt im o
. Ele s s a b o q u e h o
embora a b e , d o u to r a , a ch
t o u ca n s a d a
e s se a m o r.S c a n sa d a . Es
todo e s to u m u ito h o ra s q u e
e s c re v o . J á o m e ç o . T e m
dia que d e d o e n ç a , d e r e c
o s v ã o f ic a r
v i d a d e d o r, e ci s o i r . T o d
dessa d e ix a r i r . E u p r
r ir e c o n t a r .
p re c i s a le m b r a r e
a gente , m a s ta m b é m v ã o
r a ! O b r i g a d a
V ã o c h o r a r ig a d a , D o u t o
bem! f u i a m a d a . O b r
r t e . ”
q u a n t o h o d e m o
Eu sei do g a te i n o m e u c a m in
v i d a q u e re s
pela
Como pensar duas experiências tão distintas,
ao mesmo tempo tão próximas? Minha família
em reencontro, a família da paciente junta
para uma despedida... Quantas coisas em
comum ao tempo em que as perspectivas são
tão distintas. Sim, ela vai partir. Minha família
vai ficar, por enquanto. Neste momento,
juntas somos famílias afins: contando
histórias, relembrando casos, afagando as
mãos, abraçando os distantes, desejando o
almoço de amanhã, decidindo quem faz o que.
A vida e morte nos dois lados da mesma
situação.

Sou uma profissional mais madura!


Estudando luto, aprendi o lugar da vida.
Aprendendo como lidar com a condição dos
enlutados, manejo melhor as situações do
cotidiano de seres sem perdas importantes no
momento. Não é possível ser mais sensível e
cativo com a existência, a não ser que me
pergunte sobre a finitude.

As pessoas importantes que se foram, me


ajudam a lidar com os pacientes e suas famílias
de hoje, me permitindo compreender que o
mesmo amor que nos abraça em vida, é aquele
que nos mantém conectados na ausência. O
Luto é a vibração desse amor, em sintonia com
aquilo que precisa ser recomposto, reatualizado,
modificado e eternizado.

Estudar sobre o luto, compreender seus


mecanismos, e possibilitar ferramentas mais
significativas para um melhor atendimento, não
fala somente de minha técnica. Me expõe! Me
mostra! Me revela! Me matura! Me acrescenta!
Me faz um humano melhor! Me faz uma
profissional melhor!
Minha paciente vai
morrer. Breve! Muito breve!
Mas conseguiu um
reencontro consigo, com
sua família, com sua história.
Morrerá cheia
de amor! Meu
reencontro familiar
está assim:
cheio de
amor!

CONECTADAS!

Cláudia Alice Oliveira


CRP 03/1648

Graduada em Psicologia pela Universidade


Federal da Bahia. Especialista em Clínica da Dor,
Psicologia Clínica e Psico-Oncologia Trabalha em
Consultório Privado e no Centro Estadual de
Oncologia, na Bahia. Em formação para
Cuidados Paliativos, Perdas e Lutos

Whatsapp: (71)99192-4222
E-mail: claudia.alice@terra.com.br
Instagram: @psicologaclaudialice
Meu luto, minhas cicatrizes

Vivi poucas, mas significativas experiências de luto ao longo da minha vida, uma
em especial de tirar o tapete do chão. Meu pai faleceu aos 63 anos de infarto
fulminante, estava jogando bola com os amigos se sentiu mal e foi para casa.
Neste dia tínhamos chamado minha mãe para jantar para que não ficasse
sozinha em casa. Tudo isso durou 1h e quando ele chegou em casa tomou um
banho e caiu desfalecido, sozinho. Em poucos minutos chegamos do nosso jantar
e já o encontramos sem vida. Meu chão abriu, meu pai era o pilar de todos nós,
estava vivendo uma das melhores fases da vida, amava com toda sua forca os
netos e queria se aposentar para curtir mais eles. Tinha comprado uma casa nova
na praia para que todos nós pudéssemos estar juntos.
Nesta mesma semana meu marido havia sido transferido para outro estado, se
despediram combinando um churrasco no próximo encontro. Fiquei sem meu pai
e com meu marido longe. Neste dia, tudo saiu muito diferente do que
costumávamos fazer, minha mãe que é dona de casa não saia para jantar fora
durante a semana. Meu filho mais velho, na época com 10 anos era o
companheiro inseparável do meu pai no futebol, naquele dia não foi com ele, se
tivesse ido teria visto o vô morrer.
Algum tempo depois entendi que tudo foi preparado para que não estivéssemos
lá. Uma semana antes fizemos uma festa de aniversário em família, toda família
do meu pai se reuniu num evento épico. Minha avó, já com um grau de Alzheimer
estava lúcida coordenando a festa. Algumas semanas depois do falecimento do
meu pai, pedi a meu primo as fotos do evento, ele não quis
enviar, achei estranho, por que não? Falou depois que no lugar
da imagem do meu pai em várias fotos estava uma imagem
turva, ele não aparecia direito. Caí para trás, mais uma vez o
mundo espiritual agindo. Sim eu tenho certeza disso, vivi várias
experiências espirituais com meu pai após a morte dele, mas
isso merece um outro texto.
Meu luto foi intenso e doloroso.
Passei por todas as fases e não
conseguia entender o porquê? Não
conseguia achar justo, logo agora
que ele estava tão feliz com os netos.
Meu marido que estava fora, vinha
todos os finais de semana de
Salvador durante 6 meses, nunca vou
esquecer.

Com o tempo fui voltando a minha


vida, como disse uma paciente com
uma tristeza no olhar. Entendi que o
amor que eu sentia por ele não
morreu e nunca morrerá. Sinto ele
presente em muitos momentos.
Ficamos cuidando da minha mãe,
hoje com 80 anos, uma linda
senhora, cheia de vida e disposição,
uma guerreira. Somos inseparáveis,
eu, ela e minha irmã.
O ano passado perdi minha sogra, uma mulher
forte, determinada e assim como meu pai, a “chefe
da excursão”. Foi diferente, ela estava com Alzheimer há
alguns anos e faleceu de um câncer em 3 meses. Perdemos
ela em vida, devagarinho e no final, ninguém mais
aguentava ver o sofrimento dela. Ela faz muita falta na nossa
família também. Sou muito grata por tê-la tido como sogra.

Decidi fazer o curso sobre luto durante a pandemia: “Perdas e luto:


entender para melhor atender”. Como psicóloga clínica já há
30 anos, estou sempre buscando me atualizar e avaliar quais as
necessidades do momento. Sabíamos como profissionais, o quanto
seria importante estarmos preparados para receber tantas pessoas
enlutadas, e com todas as sequelas do pós-pandemia. Iniciei o curso
com receio de ser algo pesado e difícil de fazer, já que estávamos
todos muito impactados pelos últimos anos de confinamento e preocupações.

Para minha surpresa foi um bálsamo. A Lêda tem um jeito amoroso e delicado de
falar da morte. Aprendi muito, me emocionei muitas vezes e nem em sonho achei
que eu ainda compreenderia tantas coisas que aconteceram comigo e me lavariam
a entender, ainda melhor, os grandes e pequenos lutos da vida.

Neste exato momento escrevendo


aqui minha história, me
surpreendo comigo novamente, a
emoção me transborda ao reviver
tudo isso. Que exercício
maravilhoso esse!!
Alguns dos meus aprendizados com Curso Perdas e Luto:

Somos seres individuais e nossa dor é única, cada um vive à sua maneira;
Estarmos ligados as pessoas que amamos forma uma rede de apoio que
salva vidas;
Falar sobre a morte não potencializa a vontade de morrer, ao contrário,
exorciza nossas dores;
Como profissionais devemos estar munidos de conhecimento, acolhimento e
amor;
O luto está em tudo que perdemos e nos separamos, pequenos e grandes.
Precisamos continuar respirando e ressignificando a vida com as nossas
cicatrizes.
Obrigada Lêda Milazzo, pelo Curso Lutos e Perdas, pelo conhecimento e sabedoria
de falar de algo tão delicado de forma tão honrosa e por fazer eu entender mais
ainda minha própria dor. Gratidão.

Eliana Pereira Mensch


CRP 07/5699

Psicóloga Clínica, graduada na PUC RS,


Especialista em avaliação Psicológica PUC RS,
Certificada em Psicologia Positiva, Psicologia de
Revivência Transpessoal, Perdas e Luto

Instagram @psicologaelianapmensch
Facebook .Psicologa Eliana P.Mensch
E-mail: elianapmensch@gmail.com
E agora? Estou de luto

Me chamo Gizélia Bispo. Tenho um filho, o Gustavo e, um cachorro


chamado Lord.

No início da pandemia, em 2020, conheci o trabalho da Lêda e comecei


a segui-la no Instagram, para aprender sobre luto e, assim, me ajudar
mais com os atendimentos no consultório. Depois de mais ou menos
um ano, senti que era o momento de fazer o curso Perdas e Luto:
entender para melhor atender. Nunca imaginei que seria para minha
vida, para o enfrentamento dos meus lutos, das minhas perdas.

No mês de maio de 2021, antes do início do curso, minha irmã, depois


de ficar 29 dias hospitalizada com diagnóstico de covid19, faleceu.

Minha irmã mais velha.Nos falávamos sempre por vídeo chamada após
a morte dos meus pais. Ela lidava bem com tudo, muito prática, sempre
dando conta de tudo. E, ela me liga, diz que vai para o hospital com
saturação baixa e um “resfriadinho” que não estava melhorando. Nos
falamos até sua internação, que foi quando ela autorizou contar para
nossas outras duas irmãs. Depois de 4 dias foi para UTI e me deixou
recado para buscar suas coisas no hospital.

A partir daí, nunca mais.

As notícias do quadro da minha irmã eram


passadas pelos médicos, que as intercalavam
entre eu e o namorado dela. No final, só
ligavam para mim. A partir das 15:30h,
até o médico ligar, minha vida parava.
Eu ficava sentada no sofá esperando a
ligação. Depois fazia um resumo e
colocava no grupo da família. Eu escutava
que o médico falava, mas, a palavra “gravíssimo”
eu não absorvia.
Acredito que sou até sabidinha... entendia muita coisa, mas, naqueles dias, não
queria aceitar, porque não queria acreditar o que os médicos diziam. Rezei, acendi
velas, fizemos correntes de orações, várias religiões/crenças envolvidas.

Não pensava na morte naquele momento, só na vida. Quando ela saísse do


hospital, onde ficaria para reabilitação. Minha cabeça pensava na recuperação e
não na morte, que estava eminente, na minha cara.

Eu estava vivendo um luto antecipatório só descobri depois que iniciei o curso.


Cada dia uma notícia. Cada dia uma expectativa. E todo dia, a mesma notícia.

Até chegar o inevitável: a morte dela.

O hospital me liga, conta a história de todos os dias e fala da morte. Percebo o tom
de muita dó esperando eu questionar alguma coisa. Só tive forças para perguntar
se ela sofreu. A resposta foi que antes da intubação sim, depois não...e eu já tinha
entendido tudo. Entendo que para eles (equipe de saúde) também não deixa de ser
um fracasso a morte do paciente.

E agora???

Avisar a todos, cuidar do velório.... Meu pai havia feito um plano funerário para as
filhas. Não queria se preocupar quando alguém morresse, era só
ligar e resolviam tudo. Ele fez um para cada família das irmãs
casadas. Ela estava no meu plano. Foi muito tranquilo essa
parte,da de correria desespero, só uma dor horrível. e a
pergunta que não quer calar:

"Como seria daqui pra frente?"


Enterro...velório com as pessoas da família.... Até que foi bonito. Pelo
que conhecia da minha irmã, ela ficou satisfeita, não ia querer que
ficassem olhando para ela muito tempo. Eu, minhas duas irmãs e o
namorado dela, falamos algumas coisas que sentíamos naquele
momento e junto dela foram fotos de momentos felizes e uma meia,
porque ela gostava de ficar quentinha.

Quando fui reconhecer o corpo no hospital, percebi o quanto o


funcionário estava desconfortável com a situação, com medo de se
contaminar. Pedi para colocarem um tercinho que ela levava na
bolsa. Meu pedido foi atendido, colocaram-no em seu peito.

E agora???

Estou de luto.

Veio o curso para me ajudar esclarecer muitas emoções que eu


estava sentindo. Ele apareceu em um momento que mais precisava.
Iniciando com o acolhimento da Lêda, a empatia, a escuta. A
delicadeza de como abordava cada módulo, sempre com cuidado e
respeito.

Fui me encontrando em cada módulo. Minha percepção, mudando em


muitos aspectos. Nas aulas ao vivo, falamos sobre a culpa por não
ter feito mais, não ter dado uma de louca, invadido a UTI... Que
loucura, né?!. Vi que estava negando alguns sentimentos. Isso é
NORMAL...não é falta de amor.

Me senti órfã. Minha irmã mais velha não estava mais aqui e tendo
que lidar com algumas situações que as outras pessoas esperavam
de mim. Como ser a minha profissão de psicóloga me desse o poder
de não sofrer, de não sentir a dor.

Como o curso me ajudou e, me ajuda muito ainda. Eu estou de luto.


Não posso fugir disso. Eu aceito. Não sou fraca. No momento, estou
frágil. Eu, Gizélia Bisp, posso chorar, ficar angustiada, falar quanto
eu quiser sobre minha irmã, sobre o que concordávamos ou não,
sobre a morte e que não sei tudo.
Após o curso, que é incrível, meus atendimentos
ficaram muito melhores, porque meus
pacientes vivenciaram esse momento comigo..
.Claro que sigo o código de ética (não chorei
desesperadamente, tá, Lêda?!). Mas, me emocionei,
me permiti.

Não temos controle das adversidades que a


vida nos oferece, mas temos a certeza que
vai passar. E temos a certeza também, de
que A MORTE FAZ PARTE DA VIDA.

Gizélia Bispo
CRP 06/31234-3

Graduada Psicologia e pós-graduação em


Psicologia Hospitalar. Atuou em clínica satélites
de hemodiálise com pacientes renais crônico em
diálise. Atua como psicóloga clínica com
adolescentes, adultos e idosos.

Instagram: @gizelia_psicologa
E-mail: gizeliabd@yahoo.com.br
WhatsApp: (11)98558-3503
Falar de morte é falar de vida

Foi em uma ensolarada manhã de segunda-feira, embaixo de uma frondosa


árvore que nos despedimos. Foram alguns meses de sofrimento após a descoberta
de um câncer na face. Exames e mais exames se seguiram, consultas e mais
consultas até chegar o momento da decisão pela cirurgia que já sabíamos que não
seria fácil. E realmente não foi. Meu padrinho voltou da cirurgia em coma, vivi os
15 dias mais longos da minha vida. Foi um misto de esperança e de desespero
constante, dias intermináveis e noites traiçoeiras. Eu e meu primo, ficávamos por
horas na beira do leito conversando com ele na esperança que se manifestasse ao
ouvir nossa voz.

Mas, não aconteceu.

A partida do meu padrinho me abalou emocionalmente. Ele era uma pessoa muito
presente em minha vida, um segundo pai. Não medi esforços para ajudar naquele
momento difícil, mas quando chegou o fim eu desabei. Eu já havia perdido
pessoas na minha família, mas talvez eu não havia estado tão presente nesse
momento como estive com ele. Talvez eu também tinha
dentro de mim a esperança de que ele viveria pois estava
no melhor hospital, sendo tratado pelos melhores
médicos e recebendo o melhor tratamento. Por um
instante me esqueci que meu padrinho não
era um super-herói, era um ser humano.

Meu período de luto foi muito intenso,


dolorido e desafiador. Em muitos momentos
durante o processo me percebia reflexiva e
calada.

Hoje entendo que esse luto modificou muita coisa em mim.


Eu amadureci minha forma
de ver a vida, comecei a
enxergar meus limites,
modifiquei algumas crenças
e valores que eu carregava
até aquele momento. E foi
durante esse processo de
reencontro comigo mesma
que entendi a importância
dessa temática na vida do
ser humano. Todos nós, sem
nenhuma distinção, vamos
passar por ele um dia.
Então decidi estudar a morte e do luto. Me inscrevi no curso Perdas e Luto:
entender para melhor atender. E como isso está sendo transformador para
mim. Muitos podem dizer que resolvi estudar esse tema para fugir do meu
luto. Mas respondo que não.... A cada temática estudada eu sofri bastante,
chorei e entrei em contato com a dor, mas me fortaleci e passei a entender
que eu, com minha experiência e conhecimento posso auxiliar aquelas
pessoas que podem estar com dificuldades de vivenciar suas dores.

Hoje eu entendo que falar da morte é falar da vida, e quero ensinar isso a
mais e mais pessoas. Quando falamos da morte podemos dar mais valor a
vida, mudar valores e crenças que carregamos acreditando que somos
eternos.

Eu acredito que estudar a morte e o luto me faz mais humana e me


permite entrar em contato com meus mais profundos sentimentos com
sinceridade e compaixão.

Lilian Farias de Freitas


CRP 06/111305

Psicóloga clínica, escritora e docente com


atuação em cursos técnicos na área da Saúde.
Realiza palestras e workshops ligados a saúde
emocional e qualidade de vida. Apaixonada pela
profissão, busca promover a humanização, o
acolhimento, valorização e respeito a
particularidade de cada indivíduo.

Instagram: @lilianfreitaspsico
E-mail: lilianfreitaspsico@gmail.com
Site: psicologalilianfreitas.com.br
Da nutrição à psicologia do luto

Após longos anos trabalhando na área de nutrição resolvi cursar psicologia, uma
paixão!! Meu desejo sempre foi ajudar o outro e demorei muitos anos para
ingressar realmente na ativa.

Trabalhar com pessoas enlutadas apareceu de repente na minha vida, “caiu de


paraquedas” no meu colo.

Logo que retornei a morar em Campinas encontrei com um amigo muito querido
que faz parte da ONG a qual também sou voluntária, “Fraternidade sem
Fronteiras”, e que já com a intenção de me convidar, contou, sobre um projeto
que ele tinha vontade de iniciar: Acolhimento a mães enlutadas. Como não
tínhamos conhecimento, nem prático ou teórico, passamos a nos encontrar para
estudarmos o assunto através de livros e estruturarmos os encontros. Lembrando
que o grupo é de acolhimento e não terapêutico.

Me apaixonei pelo tema e pela possibilidade de auxiliar na ressignificação da dor


não somente das mães para que pudessem seguir em frente com suas vidas da
melhor maneira possível. Como bem sabemos, teoria e prática são bem diferentes
e, eu senti a necessidade de me aprofundar no assunto para poder expandir o
atendimento do grupo de acolhimento ao consultório e, assim, passar a atender
outras pessoas enlutadas em suas demandas e necessidades.

Procurei e fiz alguns cursos sobre perdas e luto e aconselhamento do luto,


iniciei a pós em tanatologia, tudo muito válido, mas
ainda eu não me sentia preparada para atender esta
demanda no consultório pois como eu disse, teoria e
prática são bem diferentes e nestes cursos havia muita
teoria. Não que a teoria não seja muito importante,
é claro que é, mas somente ela, pelo menos para mim,
não me transmite a segurança necessária para iniciar
um processo terapêutico com paciente enlutado algum.
Em uma live, aliás isto a COVID trouxe de
positivo aos nossos dias: muitas lives e
facilidades de cursos dos mais diversos
lugares. Pois então, em uma live, passando
pelo Instagram, assisti a Lêda falando sobre
o luto e sobre o seu curso de perdas e luto.
Tudo que foi “prometido” por ela nesta live
me encheu os olhos e despertou meu
interesse. Me inscrevi e posso dizer sem
sombra de dúvidas que foi a ação mais
acertada que tive neste processo todo.

Claro que a teoria é a mesma que eu


já havia tido a oportunidade de me
aprofundar, mas a Lêda traz os
temas de maneira doce e leve, bem
típico dela. Além de, realmente, nos
apresentar e demonstrar um arsenal
de práticas através de técnicas,
manejos e troca de experiências em
suas aulas, workshops, oficinas e
todas as demais dinâmicas que ela
aprimora e inclui no curso.
O curso me ajudou muito a me sentir
preparada para atender esta demanda, como
diz seu lema há a necessidade de “entender
para melhor atender”.

Com toda a metodologia e conteúdo vasto e


riquíssimo, me sinto apta para agora ampliar
e divulgar que
SOU UMA PSICÓLOGA QUE ATENDE PERDAS E LUTO!!

Mônica Serpentini
CRP
Psicóloga (USF, Itatiba/SP). Especialização em
Psicologia Breve (CEFAS), cursos sobre Perdas e
Luto ( Lêda Milazzo), Curso Perdas e Luto e
Aconselhamento do Luto (RNT), cursando pós
em Tanatologia (RNT), voluntária grupo de
acolhimento a mães enlutadas ( ProSeguir)

Instagram: @monicaserpentini
E-mail: moniserpentini@yahoo.com.br
Para sempre em minhas lembranças

Há alguns meses atrás falar sobre a morte para mim era algo impensado, um
enorme tabu. Significava sofrimento, choro, medo, momentos de muita dor, ao
qual eu não conseguiria falar ou mesmo estudar. Entretanto pude notar que
quanto mais se fala e estuda sobre um determinado tema, menos assustador ele
se apresenta. Abriu-se para mim uma compreensão do assunto, pude perceber a
morte como natural, que as perdas são naturais, e ocorrem em diversas fases de
nossas vidas. Ela está presente no nosso viver, no dia a dia.

Passo então a dar um valor à vida, pois conhecendo a finitude vejo o quanto é
importante viver com mais qualidade o presente.

Em seu curso - Perdas e Luto: entender para melhor atender – Lêda traz que, o
tema do luto causa estranhamento em muitas pessoas, gerando nas mesmas, um
inquietante desconforto. Contudo as questões da morte e do luto precisam ser
proferidas, pois este importante tema também se refere ao viver. Lêda relata
ainda ver a necessidade de ampliar o conhecimento dentro dessa temática afim de
possibilitar um outro olhar diante da morte. A finitude, que em algum momento
da vida, se fará vigente, de modo direto ou indireto, as pessoas estando
preparadas ou não. E tendo assimilado está questão, torna-se viável ser a partir
desse momento, fonte de apoio e auxílio àqueles que estão passando pelo processo
de luto.

Com estudo, diálogos e conversas a respeito do tema,


os medos se vão e fica a curiosidade, a vontade de
A finitude, que
saber mais, conhecer mais, falar sobre as experiências em
algum momen
to da
vividas até este momento. Inicia uma busca na memória vida, se fará vig
ente,
dos diversos momentos em que vivenciei perdas em de modo diret
o ou
minha vida, e que fazem parte do processo de crescer indireto, as pe
ssoas
e evoluir, mas também das perdas significativas que estando prepa
radas
necessitaram de um processo de elaboração, de ou não.
vivenciar o processo do luto, momentos também de
perdas de pessoas importantes em minha vida,
pessoas amadas que partiram dessa vida (minhas
avós em um espaço de dois anos e um
ex namorado que era muito jovem
e muito amado por mim na
época, escrevi até um poema
inspirado no autor Alphonsus
de Guimaraens, foi minha
carta de despedida
naquele momento).
São pessoas que
deixaram sua história
em minha vida e ficarão para
sempre em minhas lembranças
com muito carinho.

Antes de falar, estudar conhecer sobre


perdas e luto havia em mim um grande
estigma não só pelo “medo” do assunto
em si, como também de não saber falar e agir
com as pessoas que tiveram perdas significativas,
ou mesmo que estavam sofrendo com a morte
de alguém muito especial em sua vida. Eu preferia
sempre me afastar, ou dizer frases clichês, por receio
de dizer bobagens, ou por simplesmente não saber o
que dizer. Claro que há muito para ser mudado e há muito mais a aprender, mas já
iniciei um grande processo de compreensão e respeito, para lidar com as situações
de perdas e lutos, mudanças essas que são internas e externas.

Parkes, um dos autores indicados pela Lêda, relata o estigma que sofrem as
pessoas que estão enlutadas, referindo-se à mudança de atitude que ocorre nas
pessoas e na sociedade quando alguém morre. O autor descreve que os enlutados
acabam por descobrir que aqueles que outrora demonstraram ser amigos próximos
sentem-se tensas e sem saber como agir em sua presença. A afetividade e as
promessas de amparo desvelam em atitudes vazias. Percebe-se que apenas pessoas
que já sofreram com a experiência de perda ou aqueles que estão enlutados e
sofrendo a mesma perda, permanecerão por perto. E a isto se dá justamente por
não compreendermos o processo do luto, por tratarmos como algo tão horrível e
distante, que não sabemos o que falar, como nos comportar (o desejo é fugir da
situação), passamos a agir com falta de empatia com alguém que está passando
por um momento tão difícil, mas que será comum a todos nós, mais cedo ou mais
tarde.
O fato de conhecer mais sobre o tema perdas/morte/luto e ter compreendido que
não era o “monstro” que eu tinha em minha cabeça, me fez refletir sobre o
quanto tinha medo do desconhecido e o quanto me afastei do que deduzi que
iria me fazer mal, ao invés de fazer o caminho contrário e procurar entender
melhor, obter informações daquilo que não sabia, e descobrir o quanto estava
dotada de “achismos” e preconceitos errados e limitantes. A partir do
conhecimento adquirido posso fazer um conceito com mais propriedade a
respeito do tema perdas/morte/luto na minha vida e na minha profissão.

Tendo desfeito os conceitos negativos e adquirido conhecimento e compreensão


sobre a morte/perdas/lutos, levo para o meu processo pessoal e profissional
algumas coisas importantes:

Evitar fazer pré-conceitos a algo que eu não tenha conhecimento.

Procurar valorizar a beleza da vida, buscando tirar o peso de coisas banais


e fúteis, ao qual, dei tanto valor, novamente de modo errado e sem clareza dos
fatos, por não compreender o que era real em mim, não dei importância ao que
verdadeiramente necessitava de atenção.

c o m o
i t u d e
a f i n e d e
e n d e r v i d a
m p r e t e d a e j o o
Co z p a r r a v
u e f a o a g o a d a
r a l, q r a i s s v e r c
na t u e p a a z v i d o
s e r , s e f o , s e n
nos s o s á r i o t e n h
n e c e s o q u e
quão o do tem ida. p
g u n d n h a v
se d e m i l i d a r
o r a d o a
aut , a p r e n
t a d a s ,
f i m e n l u
E por s pessoas mento, e
n t e a u m o
o r f r e o s e
m e l h - a s n o r .
t a n d o s u a d
i
respe do-as em
o l h e n
ac
Entender a temática morte/perdas/lutos me deixa mais preparada e com menos
peso para o processo do luto de pessoas que eu venha a trabalhar, ou que estejam
próximas a mim ou mesmo para quando este ocorrer em minha trajetória. Me
remete a apreciar o valor do tempo e da cicatrização das feridas emocionais,
ensinou-me a encarar com mais naturalidade o que de fato é genuíno em todos
nós, mas o que não é inerente a vida, é viver com banalidade, com pré-conceitos
que nos paralisam e nos tornam ignorante, com julgamentos, laçando no outro
coisas que são nossas e que tentamos esconder, sem autoconhecimento, deixando
a cargo do outro as rédeas de nossa vida, terceirizando nossa felicidade e
permitindo ser dependente, ter medo da opinião dos outros, e deixando de lado a
tão sonhada e invejada liberdade.

Monique Dorneles Barros


CRP 09/014499
Psicóloga clínica, atuo com o público
infantojuvenil e adulto. Como psicóloga desejo
transformar vidas, fazer a diferença a todos que
passarem por mim da melhor forma possível,
com compreensão e acolhimento, dando o meu
melhor com ética, sabedoria e ampliando meus
conhecimentos sempre.

WhatsApp: (62) 98579-5383


Instagram @:psi.moniquedorneles
E-mail: psi.monique.dorneles@gmail.com
Podemos viver com mais leveza

A jornada da vida é permeado pelo nascimento, crescimento,

desenvolvimento e morte. Porém, só pensamos no crescer, no

desenvolver, em ter uma profissão, uma família, amigos e

não nos damos conta que um dia iremos realmente fazer a

passagem definitiva, e então fecharemos o ciclo.

Para dizer a verdade, sempre tive receio da morte.

Com o tempo aprendi que esta é uma certeza do ser terreno,

mas podemos viver com mais leveza

mesmo sabendo que um dia iremos

mudar de plano, pois, somos seres

finitos.
No ano de 2020 e 2021 vivemos uma pandemia que resultou em milhões de
vidas perdidas, de perdas de trabalho, de relacionamentos entre outros. E,
tivemos que nos deparar com essa dor, com a angústia, o medo, e outros
sentimentos que vieram à tona e ficamos perdidos frente a tanto sofrimento.
Sonhos, desejos perdidos, e aí o que fazer?

Em 06/2021, me deparei com o curso: Perdas e luto:


entender para melhor atender. Resolvi fazê-lo, apesar de
já ter estudado tanatologia há mais ou menos 20 anos.
Como se diz: conhecimento não ocupa espaço.
Foi coincidência fazer o curso num momento
de tanta dor? Sendo ou não o aprendizado
que obtive com os ensinamentos foi fan-
tástico e me trouxe um viver cada vez mais
prazeroso e autêntico.

A forma leve, clara de como foi conduzido,


me fez apaixonar pelo tema. Só que com o
decorrer das aulas, me deparei com muitas
dores emocionais guardadas devido a perdas e
lutos que não foram vivenciados e trabalhados na
sua totalidade. Foi então que passei a ter um novo
olhar sobre a minha dor, encará-la e entender que
poderia trabalhá-la de uma forma mais leve.

Diante disso, os aprendizados têm me trazido um


conforto, acolhimento no sentido que ao perder um
ente querido, devemos nos permitir a vivenciar a
dor e é isso que eu fiz quando perdi alguns amigos,
além de preparar para a finitude dos próximos e da
minha também. Lembrando que uma das formas é
vivenciar a vida em toda sua plenitude.

Sabendo que a morte é a única certeza do ser


humano e que ela faz parte de nossa existência,
apenas no modo como nos relacionamos com as ideias
de ser ela o nosso derradeiro fim, e é apenas incluindo-
a em nossas reflexões que teremos condições de
encontrar o verdadeiro sentido de nossa existência.
Somos seres de muita luz, abençoados com inúmeras capacidades,
habilidades para lidar com as alegrias, tristezas, dores, enfim com
sentimentos mais profundos. Precisamos aprender a nos olharmos com mais
amor, autenticidade, e validar tudo o que vivemos, aprendemos e sentirmos
dignos da nossa existência.

No tocante à vida profissional, o curso me abriu possibilidades de


intervenções mais assertivas com pessoas enlutadas. Além de recursos para
acolher e manejar o sofrimento dos pacientes, dispostos no Método GRIEF,
desenvolvido para o atendimento de processos de luto.

Raquel Ribeiro
CRP 04/18.762

Psicóloga Clínica formada pela PUC- MG. Atua


com Gestalt Terapia. Cinesióloga. Cursando Pós
Graduação em Neuropsicologia.

Instagram: @raquel_ribeiro_psicologa
Site: raquelbaptistaquel@gmail.com
Nem deu tempo e já veio outro

"Oh morte, onde estás oh morte? Quem és tu oh morte? Qual a tua vitória?"
Ano após ano cresci aprendendo que a morte nunca será vitoriosa, pois Cristo
ressuscitou e ele venceu a morte, por isto este refrão sempre cantei com muito
fervor no tempo Pascal. Sempre tive uma vida muito religiosa e sempre soube
que aqui é apenas uma passagem, que o que eu busco é a vida eterna.

Nunca tive dificuldades em ir em velórios/ enterros, sempre que alguém querido


falecia ou perdia alguém, eu sempre ia prestar as minhas condolências e me
deixar a disposição caso precisasse de algo. Usava sempre a frase padrão, "meus
sentimentos e se precisar de algo, estou por aqui."

Mas, eu ainda não tinha percebido o poder que


existe nesta frase e o quanto as pessoas não
estão preparadas para lidar com a questão da
perda, até começar o curso Perdas e Luto:
entender para melhor atender. Claro que para
chegar até a este curso, acabei passando por alguns
momentos de luto que foram muito marcantes e que me colocaram
nesta trajetória.

Costumo dizer que 2017 a 2020 foram os anos mais terríveis da


minha vida, com o falecimento de pessoas queridas, términos de
relacionamentos, perda da confiança em meu potencial e muitas
outras coisas que me exigiram uma mudança em minha vida. Destaco
alguns destes momentos para ilustrar o quanto é importante e urgente
nos prepararmos para lidarmos com o luto.

No ano de 2018, alguns dias antes da festa de aniversário de dois anos


do meu filho, o meu cunhado foi para o hospital, pois não estava se sentindo
bem. No dia da festa, ele faleceu.

No ano de 2019 no dia da festa de três anos do meu filho, meu avô que estava
acamado há anos, também morreu.
Os dois anos foram bem complicados, pois o dia que
estávamos celebrando a vida de uma das pessoas mais
importante para mim, eu também estava lidando com a
perda de pessoas muito queridas. No primeiro caso eu
recebi a notícia no decorrer da festa. No caso do meu avô,
como ocorreu de manhã deu tempo de cancelar com o
buffet e remarcar para uma outra data. (Agradeço até hoje
a empresa, pois sei que eles não tinham a obrigação de
cancelar a festa com tudo pronto) O fato por si só, já é
difícil passar, agora imagina ouvir comentários do tipo
"espero que no próximo ano você não festeje este
aniversário, pois toda a vez que você organiza uma festa
alguém morre". Frases como está machucam pois sempre
vem de pessoas que você não espera.

Neste mesmo ano comecei a passar por muitas


dificuldades no meu casamento e como dizem, quando
não falamos e colocamos para fora as nossas dificuldades,
o nosso corpo reage. Surgiu uma ferida em minha perna,
que demorou mais de um ano para cicatrizar.

Em função da ferida, dos meses de julho a setembro eu ia


uma vez por semana ao hospital para fazer
acompanhamento e pegar a medicação para tratar em
casa durante a semana. Passei por vários profissionais,
alguns davam a entender que se não melhorasse logo,
talvez teríamos que pensar em medidas mais drásticas,
como a amputação. Outros me tranquilizavam, falando que
era só ter paciência que tudo daria certo no final. Em
setembro fui internada pois estava fazendo uso de
antibióticos por um tempo muito prolongado e como uma
maneira de tentar diminuir o tempo, me internaram para
aumentar a dose e ver como a minha ferida reagia.
Não curou, mas vimos um processo de melhoria e em uma semana pude ir para
casa, desta vez sem os antibióticos. Porém, como o uso de medicamentos
prolongados podem trazer consequências indesejáveis, com excesso de
antibióticos meus dentes ficaram mais sensíveis e tive a perda de alguns deles….
Junto, veio a perda da autoestima...

Em outubro meu pai foi para uma consulta e acabou ficando internado por
questões de saúde que ele já estava tratando. Devido a sua dificuldade que ele
estava de locomoção durante o tempo de internação, revezávamos para
acompanhar ele no hospital. Na última noite que eu passei com ele, percebi que
ele estava bastante incomodado, não tinha posição que ele ficasse confortável,
então foi uma noite bem difícil, pois tinha que esquecer a dor da minha perna,
para ajudar ele a se virar na cama.

Mas nenhuma dor física se comparou a dor que eu senti de manhã. Um pouco
antes da passagem da médica, minha avó chegou para visitar o meu pai.
Quando a médica passou meu pai estava sentado na cama e a minha avó ao
lado dele. Ela pegou o prontuário, leu, olhou para nós e disse "seu caso é grave,
até hoje não vi ninguém no seu estado sair daqui com vida". Ao ver o rosto da
minha avó e do meu pai, ela me chamou para conversar do lado de fora e
explicar a situação.

Naquela tarde meu pai foi transferido para UTI


para fazer diálise, infelizmente ele não aguentou o
processo, foi colocado em coma induzido e três
dias depois (no dia 01/11) faleceu.

Uma semana após o falecimento do meu pai,


estava em um evento da empresa que trabalho.
Estava por obrigação e não porque queria estar
presente… de repente como uma forma de me
"animar" ouço a frase: “Simone, seu pai se foi,
mas a vida continua… Você tem que seguir a sua
vida...”

Quinze dias depois deste evento, minha tia que


estava na fila de transplante de rim ficou muito
mal. Acabou sendo internada e com pouco mais de
uma semana, os médicos já nos disseram que
apenas um milagre para ela voltar. Quando
completou exatamente um mês do
falecimento do meu pai a minha tia fez a
passagem, com 44 anos de idade.

Este foi um momento muito frágil da


minha vida, em que nem deu tempo de
vivenciar um luto e já veio outro.
Novamente ouvi uma frase que marcou
muito. "Simone, já deu, para de matar
seus parentes para pegar atestado!"

Claro que nenhuma dessas frases vieram de superiores, mas sim de colegas que
queriam "ajudar" neste momento de luto.

No dia 20 de dezembro perdi um amigo por infarto e no dia 31 de dezembro um


conhecido por acidente de moto.

Bom ainda bem que 2019 acabou, mas infelizmente em 2020 veio uma
pandemia no qual foi necessário que todos se reinventassem… Vivenciei neste
período o fim do meu casamento e a necessidade de renascer.

Não estava exercendo a função de psicóloga clínica, porém vi a necessidade de


buscar algo novo… Através da terapia, vi a oportunidade de ajudar outras
pessoas que passavam por situações parecidas com a minha. E no processo de
lidar com a pandemia encontrei o curso da Lêda, onde aprendi que falar de
perdas e lutos é principalmente falar de vida. Aprendi a necessidade da
psicoeducação para lidar com um momento tão frágil. Não existe jeito fácil e
nem regras de como será este período e não existe uma cartilha de como cada
pessoa passará por esta fase.
Por isso a necessidade de especializar no assunto, aprendi a trabalhar com
cicatrizes que carregaremos para o restante da vida e hoje escrevo estas
palavras para mostrar, que às vezes tentamos encorajar as pessoas a se
recuperarem mais rápido e tentamos encontrar palavras certas para
impulsionar está melhora.

Mais do que falar é necessário aprender a ouvir, aprender a deixar as pessoas


demonstrarem a sua dor. Nada irá passar, mas aprenderemos a conviver com
os espinhos que algumas dores trazem… renasceremos de novo de algumas
situações, mas tudo acontecerá no momento certo.

Simone Regina dos Santos


CRP 06/157166

Psicóloga. Atuante como psicóloga clínica no


atendimento de adolescentes e adultos na
Abordagem Cognitiva Comportamental nos
nichos ansiedade, depressão, autoestima e
perdas e luto.

Instagram: @simonesantospsi
Facebook Simone Santos Psi
WhatsApp : (11) 95026-8266 / 97528-6830
Grata pelo que vivi

Depois de formada em psicologia, atuei por anos na área de Recursos Humanos


em empresas multinacionais de segmentos diversos.

Foram anos de aprendizado, reconhecimento, desenvolvimento e também a


possibilidade de entender os desafios do mundo corporativo, mesclando
estresse, choro e questionamentos diversos.

Sou profundamente grata pelo que vivi e conquistei neste período da minha
vida, mas algo havia mudado internamente em mim. Simbolicamente, eu gosto
de dizer que não arranco essas páginas (experiência) do livro da minha vida,
pois são justamente estes momentos que validam quem eu sou e ratificam a
minha escolha em fazer a minha transição de carreira para área da Psicologia
Clínica como foco em Terapia do Luto.

Vou te explicar melhor como cheguei até aqui.

Comecei a me questionar sobre o significado de muitas


coisas da vida, após viver algumas situações que envolviam
perdas e luto: o diagnóstico da Doença de Alzheimer da mi-
nha mãe; um assalto que sofri e que foi muito
impactante para mim; a morte de uma amiga-
irmã de mais de 30 anos de convivência e
cumplicidade; a consciência que
profissionalmente exercia uma atividade que já
não fazia mais sentido para mim. E olha que
tudo isso se deu em apenas 3 anos.

As mudanças do mundo externo estavam refletindo no meu


mundo interno. E eu só pensava: preciso mudar, preciso dar
voz, forma e vida a essas sucessões de perdas, preciso
ressignificar essas dores.
A vida literalmente dá uma rasteira na
gente e muitas vezes achei que não
daria conta. Não vou falar que foi fácil
decidir mudar minha vida profissional,
mas passados alguns anos, hoje tenho a
certeza que foi a melhor decisão para
mim.
Foi um mergulho intenso de (re)descobertas, de
reviver minha história, de ter a possibilidade de
vislumbrar um futuro diferente. Essa dinâmica me
conduziu a compreender que atuar com Perdas e Luto
seria a minha forma de ver a VIDA de uma maneira
mais serena, acolhedora e com propósito.

Decisão tomada, me lancei a estudar freneticamente


sobre o tema. Em uma dessas pesquisas conheci a
Lêda Millazzo no YouTube, posteriormente visitei o
seu site, baixei seus e-books disponibilizados e
cheguei ao seu canal do Instagram, onde tive
oportunidade de acompanhá-la um período, até ter a
chance de me matricular na Turma 4 do
Curso Perdas e Luto: entender para
melhor atender”.

Desde as “lives” que antecedem a abertura


das inscrições, a Lêda sempre se mostrou generosa e
acolhedora. E foram essas qualidades que também
encontrei na Turma 4 do curso.

Sempre senti um clima fraterno e respeitoso nas


aulas e os encontros ao vivo eram marcados pela
escuta, cumplicidade e emoção. Muitas vezes levei
dúvidas de casos clínicos e era gratificante ouvir as
contribuições dos colegas ou o resgate de uma
técnica vista durante o curso ou o revisitar de um módulo específico que poderia
auxiliar no entendimento do caso. Era muito bom poder dividir com a turma o
desenvolvimento do paciente após aplicar nas sessões terapêuticas os pontos ou
metodologias discutidas em aula. Era muito bom ver a turma vibrar com as
conquistas dos colegas e também chorarem com as nossas dores, pois o curso
também nos faz entrar em contato com as nossas perdas, com os nossos lutos, com
os nossos medos. Mas era sempre bom saber que eu estava no lugar certo - Curso
Perdas e Luto, com a mentora certa – Lêda Millazzo e com os colegas certos – turma
4.

E o que aprendi disso tudo? Que estou no caminho certo, que meu foco é realmente
atuar com a Terapia do Luto e acima de tudo, aprendi reconhecer que somente
acolhendo as minhas dores e minhas perdas é possível ressignificá-las. Aprendi que
o curso te dá uma bagagem infinita sobre o processo do luto e isso é primordial
para acolher o paciente enlutado da forma correta, utilizando abordagem teórica e
técnicas atualizadas.

Fazer o curso me proporcionou levar para a prática clínica a leveza e o respeito que
o tema merece ser trabalhado. A enxergar o enlutado como protagonista do seu luto
e acima de tudo, me deixou um mantra que levo para a minha vida pessoal e
profissional - Falar de morte é falar de vida!

O curso foi um presente. Um presente que levo para a minha (nova) vida e essa
nova vida me possibilita auxiliar enlutados a descobrirem que é possível viver,
apesar da perda e do luto. Um dia de cada vez!

Simone Siqueira
CRP 06/55254

Psicóloga Clínica Foco em psicoterapia do luto


com orientação psicanalítica. Realiza
atendimento online para adultos.

Instagram: @psi_simonesiqueira ou
E-mail: psi-simonesiqueira@uol.com.br
Precisamos falar sobre a morte

Minha primeira experiência com o luto foi na infância, ainda


não entendia muito bem porque as pessoas evitavam tocar
no assunto, e ainda diziam que se falasse muito sobre esse
tema acabaria “atraindo a morte”, rsrs.

Fui crescendo com essa crença e só depois de adulta aprendi


que sim, nós precisamos falar sobre a morte e aprender a
encará-la com mais maturidade e naturalidade. Afinal, a
morte faz parte da nossa vida, porém o nosso
comportamento em situações de perda revela o quanto ainda
não nos conscientizamos em falar sobre o assunto.

As perdas que acumulamos ao longo da vida, seja ela de uma


separação, uma demissão, a perda da saúde ou até mesmo
de uma pandemia podem tanto potencializar o medo da
morte quanto ensinar a conviver melhor com a finitude da
vida.

Ao longo da minha vida perdi entes queridos, amigos, pets,


empregos e com isso aprendi que o processo de luto é
totalmente individual, mesmo com outras pessoas envolvidas
na mesma dor. Isso porque cada um tem a sua própria
maneira de interpretar esse vazio e a dor desse momento.

Talvez aceitar a finitude, a morte, seja um caminho para


aprender a viver melhor a vida, afinal, “quando alguém
amado morre, ele deixa de viver entre nós para viver em
nós.” (Autor desconhecido)

Vejo o quanto foi importante estudar e aprofundar na


temática de perdas e luto. Interesse que despertei e busquei o
curso em função do aumento de demandas de luto que
surgiram no consultório durante a pandemia. Como na nossa
cultura falar de morte ainda é um tabu, resolvi estudar mais
sobre o assunto.
fi c o ,
n tí
cie nais
e n to o c io ,
e c im c o e m e rd a
h si p
con sos p luto,
o v e u e c u r e
r o m e r s d
o p d e s a çõ e r r e r
u r s ilid a s it u e r c o e
c h a b a p s d
O co , c o m e n t e i n o o
c n i a r e . a c i t é rm a lg
té lid m o rt r o p o s d e s
a r a o e ju d a o m e r d a n a i
p a çã é a r c a p i s s io
p a r d o r lid a o u d p ro f e a
se s a f ia d e id o n to l u t o
e
d e ja u e r u a s d o r d
q u ão o, se nte q , enq e s s o p e s a
d i o c es s m e m o pr o c t e a
r e n p r o e u c o o s re n
Ap esse a d
rd essoa enten uir e . E d er m f
a p e p g a
s , d d a t e s a a s e a ra
e n t o id a i e n o s s p a
am a v p a c d o - n t a i d o
c io n o d s s o s d a n m e a z e n a
re la a t iv n o a j u n d a , f vid
if ic u d a r id a s fu a lh o n h a
sign mos aj suas v . ra m tr a b m i
e u f o e u s n a
pod gnifica contec r e o
urs no m es, ma
i o c t
e s s e a t e d a s i e n
r o qu u ra n
n lu ta
s p a c
tu d o s d s e e u
a d o s o a o s m
n d iz p e s a d
a p r e d e vi d
O s ç ã o ó n a
rv en ã o s
te
in ença n .
e r b é m
d i f l t a m
s s o a
pe

Tatiane
CRP 05/29571

Psicóloga com experiência clinica e social. Pós


graduada em terapia cognitivo comportamental
e terapia de família.

Instagran: @psi.tatiane
WhatsApp: (21) 996817963
"Elaborar uma perda não é o
chavão “aceita que dói
menos”. Elaborar tem a ver
com continuar a viver
apesar da ausência do
outro. Elaborar a perda não
é esquecer a pessoa
perdida. Elaborar tem a ver
com mantê-la viva na
memória e no coração.
Elaborar a perda não é
deixar de amar a pessoa.
Elaborar tem a ver com
amar... Amar onde quer que
a saudade possa alcançar"

Lêda Milazzo
Quem é Lêda Milazzo?
Sou mãe da Bru e do Gui, esposa, irmã do Mário e da Cris e,
filha de pais vivos na minha memória e no meu coração. Minha
missão é transformar o olhar das pessoas sobre a morte e o luto,
para que tenham vida (e morte) plena e o mais saudável possível,
lembrando que a vida é finita. Profissionalmente, sou psicóloga
(CRP 09/10898) clínica, palestrante, escritora e docente em
pós-graduação.
Especialista em Psicoterapia
Analítico-Comportamental.
Especialização em Tanatologia:
sobre a morte e o morrer. e em
Psico-Oncologia. Pós-graduanda
em Psicologia Hospitalar. Membro
fundadora da Associação
Multidisciplinar sobre o Luto
(ABMLuto). Idealizadora do
curso Perdas e Luto: entender
para melhor atender. Atuação com
ênfase na morte e no morrer, luto
e perdas. E claro, na VIDA!!

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Série: Entender para melhor atender


Volume 1 – Luto
Volume 2 – Morte
Volume 3 – Perdas

Os Lutos de Cada Dia

A Vida do Início ao Fim:


entender e praticar

Vivências Para um Luto


que Fortalece

Mitos e Verdades sobre perdas e luto

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