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PREFÁCIO
Anos sentindo-se deslocado, tentando se encaixar em uma sociedade que nem sempre parece lhe entender,
sem saber exatamente o motivo desse sentimento.
Muitos adultos autistas, guiados por critérios diagnósticos antigos, passaram grande parte de sua vida sem
uma confirmação que traria clareza às suas vivências.
Felizmente, com os avanços na definição e no reconhecimento do autismo, tem-se visto uma crescente
abertura para uma compreensão mais profunda e também empática.
É nesse cenário que este livro se apresenta: com objetivo de esclarecer e destacar a importância da aceitação
e compreensão do autismo descoberto na fase adulta.
Seja você uma pessoa no espectro autista, familiar, amigo ou alguém em busca de entendimento,
convidamos você à jornada de descoberta e, sobretudo, de aceitação.

Atenciosamente,
Lucas Fortaleza de Aquino Ferreira
Médico Psiquiatra | @autistasadultos
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SUMÁRIO

1. Introdução
2. Luto
3. Autocompaixão
4. Psicologia positiva
5. Aceitação e compromisso
6. Conclusão
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INTRODUÇÃO
Muitos autistas adultos relatam que, antes de receberem o diagnóstico, desenvolviam estratégias próprias
para se adaptar a uma sociedade que, frequentemente, não compreende suas particularidades. Passar anos sentindo-
se "à margem" tornou o diagnóstico, mesmo tardio, uma fonte de validação e alívio para vários.
No entanto, reconhecer-se como autista é o apenas o primeiro passo em uma importante jornada de
autoconhecimento e aceitação, com foco na singularidade e integridade. Assim, mais do que uma simples
identificação, é viver com autenticidade. Ao abraçar a identidade autista, enfrentando os desafios e combatendo
preconceitos, tem-se a chance de renovar a visão sobre si mesmo e o mundo ao redor.
Receber um diagnóstico de autismo como adulto(a) é, indiscutivelmente, um divisor de águas. Por isso, é
fundamental buscar informações e recursos pertinentes.
O suporte de amigos, de familiares e da comunidade é essencial. Além disso, conectar-se com outros que
vivenciam desafios parecidos é fortalecedor nesse caminho de autodescoberta. A neurodiversidade vê as variações
neurais como parte natural da experiência humana. Apreciar essa perspectiva é reconhecer a riqueza e a contribuição
que o autismo traz à sociedade.
Participar de grupos de apoio e comunidades online pode oferecer trocas valiosas e promover a empatia. É
crucial procurar por literatura, documentários e cursos sobre o tema. Terapias especializadas servem como
ferramentas potentes para o crescimento pessoal, o gerenciamento emocional e a autoaceitação.
Nos próximos capítulos, vamos trazer histórias ilustrativas e orientações para adultos diagnosticados com
autismo, inspiradas em algumas vertentes da psicologia, incluindo o luto, a autocompaixão, a psicologia positiva e a
terapia de aceitação e compromisso.
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LUTO
Muitos adultos, após receberem diagnóstico de autismo, podem sentir como se estivessem em luto. Tal
sentimento pode surgir ao refletirem sobre um passado que acreditam não ter sido totalmente entendido, sobre metas
que não se concretizaram conforme esperado ou sobre a identidade que construíram ao longo da vida.
O modelo das cinco fases do luto (negação, raiva, negociação, depressão, aceitação) proporciona insights
sobre as reações emocionais das pessoas diante de perdas. Ao se tratar do diagnóstico de autismo em adultos, essas
fases podem se manifestar de formas únicas. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas.
Negação

No início, aceitar o diagnóstico pode ser desafiador. Pensamentos como "Isso não pode estar acontecendo
comigo" ou "Houve algum erro" são comuns. Se o indivíduo permanece nesse estágio por muito tempo, pode adiar a
busca por suporte e, assim, compreensão sobre o diagnóstico.

"Se você acaba de receber o seu diagnóstico, compreendo que o primeiro momento pode ser
assustador. Inicialmente, foi um choque. Após o diagnóstico, o susto inicial é inevitável."
(Renata, 52 anos)

"Minha vida foi acontecendo de forma a esconder e minimizar os aspectos autistas do meu
comportamento, bem como eu ter definido para mim mesma que meus problemas eram de ordem
emocional e psicológica nunca deu espaço para que qualquer outra possibilidade pudesse surgir.
Num primeiro momento neguei, mas a pulguinha ficou atras da orelha. Até então nunca havia
passado pela minha cabeça que eu poderia ser autista. Por um tempo, fiquei pensando se de
alguma forma eu não poderia ter induzido o diagnóstico." (Liliane, 49 anos)

"Pensei mil coisas ao mesmo tempo e uma delas foi talvez o profissional estivesse se
equivocado." (Ilma, 42 anos)

"Imaginei que teria evitado muito transtorno por tentar ser igual a outras pessoas, mas busquei
ajuda assim que apareceu a dúvida." (Fagner, 40 anos)

"Eu duvidei inicialmente. Depois acreditei e fui aceitando." (Caroline, 40 anos)

"Primeira coisa é que não importa o quanto você já desconfiava de algo ou até mesmo tinha a
desconfiança específica sobre TEA a informação não será processada de imediato após
confirmação do diagnóstico." (Priscila, 37 anos)

"Eu pensei que o diagnóstico estava errado. Quis fazer uma prova real e consultar outros
profissionais para ter certeza." (Suzana, 35 anos)

"Me senti atordoada em negação. No início as muitas novas informações nos deixam um pouco
agitadas e até perturbadas." (Dani B., 35 anos)

"Eu ficava me perguntando: 'E se eu estiver apenas fingindo inconscientemente? Será que
realmente sou autista ou apenas um 'impostor'?" (Lucas, 33 anos)

"Senti que não era 'autista' o suficiente para ser diagnosticada. Me senti uma fraude. Senti que
era errado, deveria ser só depressão mesmo. Mas aí comecei a pesquisar sobre e tudo batia
muito bem." (Vanessa, 32 anos)

"Após receber o diagnóstico, me questionei: 'Sou tão diferente assim? Por que ninguém me
percebeu antes?'. Senti-me deslocada, como se pertencesse e, ao mesmo tempo, não pertencesse a
esta sociedade e humanidade." (Bruna, 30 anos)

"A fase de 'negação' impactou minha busca por avaliação profissional. Foi difícil aceitar, pois eu
não sabia que estar dentro do espectro autista poderia melhorar minha vida. Tinha preconceitos,
assim como minha família, de que um autista é 'incapaz'. Apesar dos desafios, consegui me
destacar em um ramo que gosto, a consultoria financeira. Contudo, por dominar um tema
considerado raro no mercado, a sociedade muitas vezes me vê como alguém sem dificuldades.
Ser consultora é desafiador, e eu não sabia inicialmente que um autista de nível um teria
habilidades especiais. Autojulguei-me e lutei para superar as crenças com as quais fui criada,
aceitando ser autista. A descoberta tardia trouxe prejuízos, justificando muitos dos meus
desafios. Por ser boa em algo raro, pensei não ser autista. A reação da minha família me
preocupava, pois sempre me senti diferente dos meus irmãos e temia ter que explicar e ensinar a
eles sobre meus limites. Não queria ter que me explicar, pois não sou boa nisso. Esse dilema me
causou ansiedade, me deixando muitas vezes de cama. Por um tempo, comprei a ideia de que era
apenas uma pessoa com muitas peculiaridades, mas agora reconheço e aceito minha condição
autista." (Elane, 27 anos)

"Foi muito complicado poder entender que eu estava no espectro. Nas primeiras sessões com o
psiquiatra eu me sentia demasiadamente desconfortável em meu interior, o que por consequência
me fez ficar mais de um mês com a cabeça em mantra eterno dizendo a mim que eu era autista:
'Eu sou autista, eu sou autista, eu sou autista'. Por momentos duvidei da minha especificidade
humana. O quão impactante é saber disso, devido ao choque e os conflitos internos gerados
durante essa jornada. Eu só conseguia ir atrás das informações o máximo que eu podia.
Impactou na minha busca por suporte, visto que eu me negava a utilizar aparelhos e recursos
para aliviar as crises sensoriais. Sentia-me um impostor dentro da própria casca." (Hivton, 26
anos)

"Sim, duvidei. Foi justamente na busca pelo diagnóstico do meu filho que, na época, tinha 4 anos
que o neurologista que o acompanhava me entrevistou e disse: "Mãezinha, você já percebeu que
você tem várias características do seu filho?'. Levei na brincadeira, achei até que ele foi 'grosso'
comigo." (Mércia, 25 anos)

"Logo em seguida veio a sensação de impostora, como se não fosse 'autista o suficiente' e que
estaria me aproveitando de um laudo. Ao mesmo tempo, também não era 'normal o suficiente'."
(C. G., 23 anos)
Raiva

Pode surgir um sentimento de tristeza ao refletir sobre os anos de incompreensão. A raiva pode ser
direcionada a profissionais da saúde, instituições educacionais, à sociedade ou até a si mesmo, com questionamentos
como "Por que isso não foi identificado antes?". Quando não gerenciada, essa raiva pode elevar os níveis de
estresse e afetar relacionamentos e trabalho.

"Quando vejo de hoje a minha infância sem diagnóstico, penso no quanto sofri quando tinha
crises e isso era considerado como se eu fosse uma criança 'pirracenta' ou um 'bicho do mato'
devido à minha intensa introspecção." (Marcelle, 41 anos)

"Senti sim, senti muita raiva, minha infância veio como um tsunami na minha cabeça, senti raiva
do meu pai... Porque sempre tive um certo sentimento de não ser amada o suficiente, de ter
apanhado por coisas tolas, o autismo nasceu comigo, hoje eu entendo." (Joyce, 40 anos)

"A gente se diminui muito porque não tivemos o suporte necessário. Nunca foi culpa nossa!"
(Naya, 35 anos)

"Tive raiva apenas dos meus pais. Eu sempre falei q tinha algo errado e fui tratada como
mentirosa. O potencial que eu perdi me incomodou." (Marcela, 35 anos)

"Quando eu recebi o diagnóstico também fiquei emocionalmente abalada porque vieram várias
lembranças da minha infância e adolescência, várias falas de terceiros e feridas por me sentir
diferente dos demais." (Ge, 34 anos)

"Senti raiva, que acabei direcionando para mim mesma." (Vanessa, 32 anos)

"Às vezes é muito difícil viver nesse mundo que jamais vai ser fácil pra um de nós, e sofrer a falta
de empatia dos outros e tentar enfrentar tudo isso, basicamente sem um apoio. Costumo falar
sobre isso em terapia." (Adriana, 28 anos)

"Já tive raiva também por ter nascido assim, passei por todas as fases do luto." (C. G., 23 anos)
Negociação

O indivíduo pode tentar "negociar" consigo mesmo diante da nova realidade. Pensamentos como "E se eu
tivesse buscado ajuda mais cedo?", "Se eu me dedicar à terapia, talvez melhore" ou "Existiria algum medicamento
milagroso?" podem surgir. Ficar preso a essas suposições pode dificultar a aceitação genuína do diagnóstico e a
busca por estratégias eficazes de enfrentamento.

"Quando busquei respostas para minhas dúvidas, fui presenteada com um laudo que foi como um
quebra-cabeça. Muitas das questões existenciais que eu tinha estão sendo preenchidas." (Renata,
52 anos)

"O mais difícil foi me abrir a possibilidade de ser autista. A dúvida era, será que é isso e eu
nunca percebi? Em mais ou menos 30 anos de psicoterapia isso nunca apareceu? Ao longo desse
processo fui construindo e aprendendo a usar ferramentas que me permitiram sobreviver."
(Liliane, 49 anos)

"Tudo passa a fazer sentido em nossas vidas, todas as dificuldades pessoais, o sentimento de ser
diferente das outras pessoas, a busca incansável de se explicar ou ser compreendido, de tentar se
enguadrar na sociedade comum. "Antes eu não entendia o motivo de não conseguir fazer parte de
grupos, seja na escola, no trabalho ou familiar." (Carla, 45 anos)

"A angústia é temporária pois agora, com a descoberta, você terá a possibilidade de
compreender seus desafios e, com o devido apoio, tentar superá-los." (Jordana, 41 anos)

"Mesmo antes da confirmação do diagnóstico, senti um alívio em encontrar uma explicação para
meu comportamento e minha sensação de estar sempre tentando esconder um sentimento de
inadequação." (Mileine, 40 anos)

"E agora você pode buscar o que precisa e entender que o mundo não era difícil porque você 'era
ruim', ele só não estava adaptado para você." (Naya, 35 anos)

"Por ver como minha vida já melhorou depois do diagnóstico, acredito que se eu tivesse sido
diagnosticada na infância ou na adolescência muitos momentos ruins e difíceis teriam sido
evitados." (Thami, 34 anos)

"Por que não descobriram quando era criança? Por que não tive tratamento adequado? Minha
vida poderia ter sido diferente?" (Vanessa, 32 anos)

"Por várias vezes, me peguei pensando, até mesmo me questionando. Tentei me culpar por não
buscar ajuda médica antes." (Mércia, 25 anos)

"Logo de começo, muitas coisas que faço e penso foram resolvidas e explicadas, que antes do
diagnóstico eu só me questionava e não entendia o porque eu era desse jeito." (Liris, 24 anos)

"Após o diagnóstico, revisei toda a minha história de vida com um outro olhar." (Tayná, 23 anos)
Depressão

Um sentimento de tristeza acentuada emerge ao ponderar sobre as dificuldades já vividas e os desafios


futuros. Esse estado emocional pode levar o indivíduo a se isolar, perdendo oportunidades de conexão e suporte.

"É natural passar por um período de luto, ficar triste, confusa ou até revoltada sobre isso."
(Mileine, 40 anos)

"Foi muito difícil no começo. O primeiro mês foi terrível depois do diagnóstico, chorei muito, me
senti muito ansiosa, minha cabeça virou um turbilhão." (Joyce, 40 anos)

"Como adulta, foram anos tentando se encontrar e se encaixar e nunca se vendo ou se


reconhecendo de verdade por si mesma, apenas pelos olhos dos outros." (Pricila, 37 anos)

"Fiquei triste por não ter descoberto antes. Eu poderia ter evitado muitas coisas, como o assédio
das pessoas!" (Mônica, 37 anos)

"O diagnóstico me gerou muita ansiedade e foi muito difícil pra mim." (Paula, 35 anos)

"Me senti um 'lixo', como se fosse um peso desnecessário no mundo." (Vanessa, 32 anos)

"Já fiquei muito triste por saber que algumas coisas jamais serão simples como é na vida dos
outros. Não que a vida de ninguém seja perfeita, mas estou muito consciente das minhas
dificuldades e às vezes isso pesa." (Adriana, 28 anos)

"Faltas na faculdade, problemas de gestão de tempo, crises de choro, acordava chorando e


dormia chorando, sentia muita tristeza, muito sono. Demorei pra retomar a vida ao 'normal',
faltei dias na academia, eu desmotivei de tudo, e foquei no trabalho, trabalhei muito, lotei minha
agenda de atendimentos. Acordava e trabalhava, e nos intervalos ou sofria ou dormia, ou ficava
chorando, sem entender o que estava acontecendo, entorpecida com tantas informações novas.
Fiquei bem ansiosa pra ter ajuda e acompanhamento psicológico, porque vi que realmente
sozinha eu não iria conseguir, que sozinha é mais difícil, que sozinha sem ajuda de profissionais
minha vida é com muito mais dor e limitações, que as pessoas que mais me compreendem são
profissionais da TEA, e que eu iria trabalhar para pagar meu tratamento." (Elane, 27 anos)

"Senti um enorme vazio, uma eterna angústia massacrante. Incertezas do que será daqui para
frente, como lidar com esse suposto novo eu que sempre foi eu, mas que inconscientemente
negava sua existência. Eu pensei tantas coisas, pensei tanto que eu não fosse mais o mesmo e que
as pessoas não seriam mais as mesmas comigo, mas, vi que não precisava dar satisfações a
todos. Senti-me vulnerável e triste. Triste porque eu sei o quão danoso é acreditar nas pessoas e
depois as mesmas nos ludibriar, abrindo brechas emocionais atreladas ao fato de precisarmos de
autopoliciamento diante de indivíduos mal intencionados, afinal de contas, por entendermos as
coisas na sua literalidade, tendemos a ser vítimas de golpistas, profissionais mal habilitados e
afins." (Hivton, 26 anos)

"No começo, sentia uma angústia, pois eu sabia que sempre tive minhas limitações e ao ser
diagnosticada eu tinha um dever de, a partir daí, cuidar mais de mim. Mas depois, procurei
relatos de autistas adultos e entendi que o meu laudo era uma libertação." (Mércia, 25 anos)
"A aceitação do diagnóstico não é linear, tem dias que eu aceito muito bem, mas tem dias que
são difíceis." (Tayná, 23 anos)

"Tudo que eu queria por um tempo era só dormir. Cheguei ao ponto de pedir a Deus para
morrer." (Melissa, 18 anos)
Aceitação

Neste estágio, o adulto passa a compreender e aceitar o autismo como uma parte integral de sua identidade.
A aceitação não implica que todas as questões estão resolvidas, mas representa uma disposição para aprender,
adaptar-se e avançar. A aceitação facilita a busca por apoio, pelo aprendizado sobre neurodiversidade e pela conexão
com pessoas e recursos benéficos.

"Era como se peças que faltavam finalmente se encaixassem, e ainda continuam se encaixando.
Comentários, julgamentos e cobranças, tanto de mim mesma quanto dos outros, perderam sua
importância. Agora, tenho clareza de quem eu sou e sempre fui, mesmo que antes me sentisse 'a
diferente'. O peso que carregava desapareceu, pois comecei a me compreender melhor. Hoje, me
aceito como sou." (Renata, 52 anos)

"Hoje me vejo como uma mulher 'normal' dentro da diversidade de mulheres que existe, me
assumo como neuro atípica e a cada dia mais consciente dos aspectos autistas intrínseco a mim,
dos quais não tinha a menor ideia, o que me permite ser livre e responsável pelo meu bem-estar.
Para mim receber o diagnóstico de autismo foi chocante e libertador ao mesmo tempo. O
autismo não me define, ele me mostra que certos comportamentos, reações, atitudes,
compreensões, entre outros, se dão porque meu cérebro é atípico." (Liliane, 49 anos)

"Estou muito aliviada por saber quem sou, mesmo nessa fase adulta. Isso muda positivamente
meu olhar, sobre minha vida de antes e do agora. Hoje eu sei quem sou, minha vida passou a
fazer sentido para mim e para as pessoas que convivem comigo. Me encontrei como pessoa. Tudo
isso, hoje, eu compreendo e me sinto livre." (Carla, 45 anos)

"O diagnóstico, após a fase do 'luto', faz com que iniciemos um processo muito profundo de
aceitação. Minha companheira também foi diagnosticada tardiamente, um pouco antes de mim e
nos auxiliamos mutuamente. É como se estivéssemos morrendo e renascendo juntas, nesse
processo de luto de quem passamos a vida tentando ser e nunca fomos e de nos deixarmos ser
quem sempre fomos de fato e não nos permitíamos. Como todo parto, é doloroso, mas surge uma
vida nova, cheia de expectativas e esperança." (Marcelle, 41 anos)

"Aos 40 anos, pela primeira vez, senti que muitas coisas que vivi fizeram sentido. Isso trouxe uma
melhora significativa no meu relacionamento comigo mesma e com a vida. O diagnóstico me
permitiu a começar a caminhar com mais leveza, na medida em que passei a buscar atividades
que me permitem expressar quem sou de verdade." (Mileine, 40 anos)

"O maior impacto é que com o diagnóstico o processo de autoaceitação fica mais leve, a
sensação de culpa diminui, há maior facilidade em colocar suas necessidades em um primeiro
plano, você se sente mais motivada em buscar mais informações que ajudarão no processo de
autoconhecimento facilitando muito na rotina. Estas são apenas algumas características e o que
sei é que não acabam por você ser mais velha, com o simples passar do tempo. Algumas são
necessidades e, hoje pós diagnóstico, considero que tudo bem, não preciso reprimir o tempo todo
só porque são diferentes." (Priscila, 37 anos)

"Meus relacionamentos se tornaram mais saudáveis também porque as pessoas agora entendem
minha forma de demonstrar afeto e dificuldades de socialização. Está sendo um longo processo,
mas estou cada vez mais confiante e me aceitando." (Paula, 35 anos)

"É libertador não mascarar e nem nós culparmos mais pelas rotulações recebidas ao longo da
vida. Precisamos que as pessoas entendam que sim somos diferentes, mas que isso não faz de nós
incapazes. Estou em paz com quem sou e tenho recebido ajuda e apoio do meu marido." (Dani
B., 35 anos)

"Considero muito importante ter recebido o diagnóstico, mesmo tarde, pois consigo não me
cansar tanto e tenho mais liberdade para negar ou consentir de acordo com o que faz bem para
mim. Essa liberdade veio com a minha própria compreensão de como sou e por meio da
compreensão das pessoas com as quais convivo." (Thami, 34 anos)

"Quando descobri o autismo, pela primeira vez tudo fez sentido. Foi muito difícil, me
surpreendeu e assustou, mas explicou tudo que eu não soube descrever a vida inteira. Me senti
com medo, mas também compreendida e acolhida pela primeira vez. Se conhecer é um processo
que leva tempo, mas também nos empodera para lidar melhor com as situações futuras."
(Priscila, 29 anos)

"A convivência com o autismo só melhorou quando soube de fato de sua existência. O
diagnóstico é libertador, ele te libera de uma série de culpas, faz você entender muitos dos seus
processos e seu limites. É uma jornada muito profunda em si, um momento totalmente voltado a
se entender e se colocar no mundo agora de uma maneira consciente de si. O diagnóstico não é o
fim, é o começo da jornada." (Emily, 28 anos)

"Nas terapias, estou me redescobrindo e compreendendo melhor minhas ações e pensamentos. Se


você foi diagnosticada com TEA, saiba que não é o fim. Aprenda a conviver com ele, aceitando-
se e encontrando paz consigo mesma." (Liris, 24 anos)

"Depois do diagnóstico, comecei a me libertar desses rótulos e comportamentos. Aos poucos


tenho aprendido a me expressar melhor e expor quais são as minhas necessidades. Comecei a me
aceitar e entender que não tem nada de anormal em mim, só tenho um processamento cerebral
diferente e não preciso me forçar a ser igual aos outros. Passei a participar de grupos com
pessoas autistas. Pesquisar sobre autismo e sobre neurodivergência no geral é muito importante
para nos entendermos melhor." (Tayná, 23 anos)

"Hoje ainda tenho lá minhas inseguranças, mas ter feito as pazes com o meu passado e entender
que não era uma questão de culpa minha 'inadequação'. Hoje me conheço melhor e tenho firmeza
quanto ao que me fere ou não. Eu diria que o diagnóstico foi minha salvação, apesar das crises,
hoje eu me entendo muito melhor assim como também sei como e quando pedir por ajuda. Foi
um misto de sentimentos, mas finalmente podia nomear com segurança e propriedade aquilo que
sempre esteve lá naquela criança e adolescente que mesmo depois de adulta continuava a nunca
se sentir adulta o suficiente." (C. G., 23 anos)

"Ainda sou confusa quanto à aceitação. Mas quanto mais me trato, vejo muito que sou autista.
Todos os profissionais que faço acompanhamento falam na primeira consulta que sou autista. A
mensagem que eu digo é procure ajuda de especialista em TEA adulto. Faz toda diferença
conhecer bem nosso funcionamento." (Melissa, 18 anos)
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AUTOCOMPAIXÃO

Acolhendo suas emoções com gentileza

Receber o diagnóstico de autismo em sua fase adulta pode trazer um turbilhão de emoções. A
autocompaixão pode guiar na abordagem dos sentimentos com o mesmo carinho e a mesma empatia que seriam
dedicados a um querido amigo. Permita-se viver essas emoções, reconheça-as e ofereça-se consolo e compreensão.

"Sinto menos culpa e mais leveza." (Bárbara, 53 anos)


Nutrindo uma conversa interior afetuosa

É comum a autocrítica. Assim, em momentos de desafios, é crucial refletir sobre o diálogo interno que
temos conosco. A autocompaixão incentiva a adotar uma voz interna amável e encorajadora. Ao encontrar
obstáculos, questione-se: "Como eu confortaria um ente querido nesta mesma situação?".

"Eu sempre fiz o melhor da forma que pude e eu me sai muito bem apesar de tudo!" (Adriana, 28
anos)

"Sei que estou dando o meu melhor." (L., 20 anos)


Conexão e humanidade

Você não está sozinho em sua trajetória. Todos enfrentam desafios e sentimentos de vulnerabilidade, como
parte da experiência humana. Ao entender essa conexão inerente, pode-se sentir um senso de pertencimento,
reduzindo sentimentos de isolamento.

"Saibe que você não está só nessa jornada. Muitas pessoas descobrem que estão no espectro
autista na idade adulta." (Deivith, 30 anos)

"Você vai se entender melhor e achar a melhor forma de lidar com situações que antes causavam
muito sofrimento." (Ana, 33 anos)
Rituais de autocuidado

Priorize-se. Dedique momentos para atividades que nutram sua alma e seu bem-estar, seja através da
meditação, de passeios ao ar livre ou de apreciação musical. Esses momentos não apenas serenam sua mente, mas
reiteram a necessidade de cuidar de si com ternura.

"Todos os dias, reservo um momento só para mim, seja lendo ou assistindo algo em silêncio.
Tomar um banho quente ou dormir também são formas de me recarregar. Quando possível, me
conecto com a natureza." (L. 33 anos)
Desenvolvendo empatia além de si

Enquanto se cultiva a autocompaixão, é igualmente valioso estender essa compaixão para as pessoas
próximas. Isso pode envolver entender as jornadas dos outros, oferecer suporte quando apropriado e, sobretudo,
abraçar a arte do perdão e da gentileza mútua.

"Despertou em mim o desejo de apoiar e compreender a trajetória de outros autistas. Estou


engajado em grupos de apoio e tento impactar positivamente a vida das pessoas, dentro das
minhas possibilidades." (L., 33 anos)
A jornada da autocompaixão

Enfrentar um diagnóstico pode ser complexo, mas a autocompaixão serve como uma âncora ao mostrar que
é possível enfrentar tempestades com gentileza e respeito próprio. Ao fazer da compaixão sua aliada, você avança
rumo a uma vida de aceitação profunda e harmonia interna.

"Espero melhoras daqui pra frente." (Carlos, 49 anos)

"Busque sempre compreender você mesmo. E viver de maneira confortável é uma das melhores
escolhas a se tomar." (L., 20 anos)
Descobertas de Rafael
(história ilustrativa)

afael era um engenheiro e tinha sempre sido chamado de "detalhista", "reservado", e até mesmo "estranho".
R Aos 40 anos, recebeu o diagnóstico de autismo, o que gerou uma série de reflexões.
No início, a raiva e a confusão tomaram conta. Em vez de reprimi-las, Rafael passou a escrever em um
diário, como se estivesse conversando com um amigo em sofrimento.
Ele tinha o hábito de repreender-se por "deslizes" sociais. A autocompaixão lhe ensinou a reformular isso:
"Está tudo bem, Rafael. Todos cometemos erros. Aprenda e siga em frente."
Ele passou a dedicar as manhãs de sábado à sua paixão: observação de aves. Esse tempo em meio à natureza
era seu refúgio.
Ao compartilhar seu diagnóstico com amigos próximos, Rafael descobriu que não estava sozinho. Amigos
também dividiram seus próprios desafios, criando um laço mais profundo de compreensão.
Rafael buscou entender mais os colegas de trabalho e amigos, apreciando a jornada e os desafios de cada
um.
Renovação de Beatriz
(história ilustrativa)

eatriz, uma talentosa violinista, sempre teve dificuldade em lidar com as pressões sociais. Por detrás das
B cortinas, enfrentava crises de ansiedade.
Com o diagnóstico de autismo aos 35 anos, em vez de fugir, ela se permitiu chorar, rir e sentir todas as
emoções que vinham à tona, como se estivesse consolando sua versão infantil.
Sempre foi muito autocrítica, especialmente nas apresentações. Todavia, com a autocompaixão, começou a
encorajar-se com pensamentos como "Você está fazendo o melhor que pode, e isso é lindo."
Beatriz juntou-se a um grupo de apoio para adultos autistas, encontrando conforto ao saber que muitos
compartilhavam de experiências semelhantes.
Passou também a separar momentos diários para meditação e ensaios tranquilos, sozinha, sem a pressão de
uma audiência.
Através de sua música, Beatriz começou a compartilhar sua história, inspirando outros a abraçar suas
singularidades e a praticar a autocompaixão.
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PSICOLOGIA POSITIVA

Celebrando as fortalezas únicas

Ao receber o diagnóstico de autismo na vida adulta, é essencial tentar reconhecer que cada indivíduo tem
suas próprias forças e seus talentos. A psicologia positiva encoraja a identificar e abraçar tudo isso que torna a
pessoa única e especial. Pergunte a si mesmo(a): “Quais são as habilidades ou paixões que me distinguem?”.
Celebrar essas características pode proporcionar uma sensação de realização e pertencimento.

"Passei a valorizar ainda mais o que me torna único. Os meus interesses e habilidades são
pontos positivos." (L., 33 anos)
Gratidão e perspectiva

Mesmo diante de desafios, cultivar uma atitude de gratidão pode ser transformador. Ao se concentrar no que
você tem de bom em sua vida, em vez de focar no que lhe falta, é possível pode reorientar sua perspectiva. Manter
um diário de gratidão, anotando pequenas coisas pelas quais você é grato diariamente, pode iluminar os aspectos
positivos e trazer uma visão renovada da vida.

"Com o diagnóstico de TEA é apenas uma parte de quem eu sou e não define completamente
minha identidade." (Deivith, 30 anos)
Relacionamentos positivos

A conexão humana é uma fonte de felicidade e bem-estar. Mesmo que as interações sociais possam ser
desafiadoras para algumas pessoas com autismo, é importante buscar e nutrir relacionamentos significativos. Isto
pode ser através da conexão com grupos de apoio ou de momentos de qualidade com amigos e entes queridos. Essas
interações positivas podem proporcionar tranquilidade, compreensão e alegria.

"Valorizo os momentos com minha família e pessoas que me entendem. Eles são essenciais para
meu bem-estar." (L., 33 anos)
Fomentando o otimismo

Manter uma mentalidade positiva não significa ignorar as dificuldades, mas sim enfrentá-las com esperança
e resiliência. O otimismo pode ser cultivado, e uma forma de fazer isso é visualizar um futuro onde você utiliza suas
forças e paixões para superar obstáculos. Ao se concentrar no que é possível, em vez do que não é, pode-se navegar
pela vida com uma sensação de propósito e direção.

"Pude buscar me perdoar mais, buscar informações e rede de apoio com pessoas
neurodivergentes assim como eu." (H., 26 anos)
A jornada de crescimento

O autismo é apenas uma parte de quem você é, e não a totalidade de sua identidade. É fundamental lembrar
que cada experiência, seja ela positiva ou negativa, contribui para nosso crescimento pessoal. Ao abraçar o
diagnóstico e os desafios que ele traz, enquanto simultaneamente se concentra em suas forças e potencial, é possível
avançar na jornada com confiança, otimismo e senso renovado de propósito.

"O autismo é apenas uma parte de quem você é, e não a totalidade de sua identidade." (Deivith,
30 anos)
Florescer de Clara
(história ilustrativa)

lara, uma professora universitária de literatura, sempre foi conhecida por seu fascínio por detalhes e sua
C capacidade de se aprofundar nos textos. Ao receber diagnóstico de autismo aos 45 anos, um novo capítulo
começou em sua vida.
Ela percebeu que sua atenção meticulosa aos detalhes não era uma falha, mas uma força. Começou a
celebrar essa habilidade, notando como a tornava uma educadora única e gerava apreciação pelos alunos.
Todos os dias, antes de dormir, Clara escrevia em seu diário sobre algo pelo qual era grata. O cheiro da
chuva, o sorriso de um estudante, um elogio de um colega. Essa prática a ajudou a focar nas pequenas alegrias da
vida.
Embora inicialmente hesitante, Clara decidiu se juntar a um grupo de apoio para adultos autistas. Lá, ela
encontrou indivíduos que compartilhavam experiências semelhantes e formou conexões profundas.
Mesmo nos dias desafiadores, Clara tentava visualizar um futuro onde ela poderia usar sua paixão pela
literatura para sensibilizar sobre o autismo. Ela sonhava em escrever um livro contando sua jornada, para trazer
esperança e inspiração a outros.
Perspectivas de João
(história ilustrativa)

oão, um dedicado professor de matemática de uma escola pública, sempre foi detalhista. Também prezava pela
J ordem e estrutura em sua sala de aula. Com o diagnóstico de autismo aos 38 anos, passou a compreender sobre
muitas das peculiaridades que tinha desde jovem.
Ele começou a perceber que sua capacidade de se concentrar em padrões complexos e sua atenção a detalhes
eram as razões pelas quais ele conseguia explicar conceitos matemáticos de forma bastante clara para seus alunos.
João começou, antes de cada aula, a parar por um momento, respirar profundamente e refletir sobre uma
coisa pela qual era grato naquele dia. Muitas vezes, era a curiosidade de um aluno ou a beleza da matemática
que estava prestes a ensinar.
Além disso, João iniciou um clube de matemática depois da escola. Ele não compartilhava apenas sua
paixão pela matemática, mas também suas experiências como uma pessoa autista, ajudando os alunos a
compreenderem a importância da aceitação e diversidade.
Quando confrontado com situações difíceis, ele se imaginava criando recursos e ferramentas para ajudar
outros educadores autistas no processo de adaptação ao mundo do ensino.
Por meio de sua jornada com o autismo, João descobriu que sua paixão por ensinar e sua singularidade eram
seus maiores ativos. Ele abraçou cada aspecto de si mesmo, permitindo que sua paixão pela educação moldasse seu
propósito na vida.
◆ ◆ ◆

ACEITAÇÃO E COMPROMISSO

Presença no presente

O autismo diagnosticado na fase adulta fortalece a importância de cultivar a capacidade de permanecer


presente, abraçando as emoções e experiências do momento. Isso permite observar e acolher essas emoções sem
julgamento, deixando-as existir sem resistência.

"Aprender a respeitar nossos momentos de crise e nossas necessidades de solidão, sem nos
culparmos por isso, é para mim um dos melhores presentes que o diagnóstico nos dá." (Marcelle,
41 anos)
Aceitação sem julgamento

Toda emoção, seja ela de alívio ou confusão, é uma manifestação válida do ser humano. Em vez de resistir
ou julgar esses sentimentos, pode-se procurar entender como parte natural da experiência, e não o retrato completo
de sua identidade.

"Para alguns, posso parecer diferente, mas essa é a minha essência." (Renata, 52 anos)

"A partir de agora você também poderá se aceitar mais, respeitar seu jeito, suas vontades e suas
ações. Pude entender que eu não era 'estranha', não era 'errada', só funcionava de forma
diferente, assim como cada pessoa tem sua maneira única de ser. E mereço respeito por isso."
(Jordana, 41 anos)
Navegando pelos valores pessoais

Ancorar-se nos valores intrínsecos pode oferecer estabilidade. Reflita: "O que realmente tem valor para
mim?". Ao clarear esses valores, pode ser estabelecida uma direção firme para futuras ações e decisões.

"Amo a medicina e serei médica. E pelo fato de ser autista não quero que outras pessoas passem
pelo o que eu passei. Levando informações e conhecimentos. Que a condição pode ser funcional.
Me encanta todos os dias estudar e conhecer um pouco mais. Meu alimento diário é o apoio da
minha família." (Ilma, 42 anos)

"Seja paciente, dê um passo de cada vez." (Elissa, 42 anos)

"Eu acredito em Deus, e isso me faz ver propósito em cada situação. Nas felizes e nas
desafiadoras. Entendo que se eu sou assim, tenho um lugar específico para atuar e viver minha
melhor versão." (Suzana, 35 anos)

"Aprendi a respeitar meus limites me cobrar menos e aceitar ser diferente." (Paula, 35 anos)

"Honestidade sobre como me sinto e me comporto. Respeito aos métodos e competências dos
profissionais que me avaliaram. Objetividade, senso de justiça e de realidade." (Sendy, 31 anos)

"Eu não tenho porque ter vergonha de mim, não tenho porque me achar menos e não tenho
nenhum motivo pra aceitar que alguém me maltrate por quem eu sou." (Adriana, 28 anos)

"Os valores de pertencimento, ter orgulho de ser quem eu sou, das lutas travadas contra os
pensamentos de pânico e a certeza de que perpassar a tempestade respaldado pela verdade é
essencial para adentrar na completitude assertiva da aceitação. Pude me perdoar, não mais
duvidar de que em mim fluía sim vida e sentimentos, a ponto de não mais ser espontâneo. Pude
ver as mazelas do capacitismo agora como parte dos indivíduos invisibilizados. Busquei me
informar e ampliar o repertório daqueles com quem convivo." (Hivton, 26 anos)

"Fui criada no cristianismo e minha fé foi essencial na minha aceitação do diagnóstico. Sempre
soube que Deus capacitou os médicos e tinha um propósito." (Mércia, 25 anos)
Agir com propósito

Identificando seus valores, comprometa-se a agir de acordo com eles. Mesmo diante de adversidades, cada
ação em sintonia com o que você valoriza conduz a uma vida mais autêntica e plena.

"O diagnóstico revela não somente suas limitações, mas uma possibilidade de caminhar de
maneira mais consciente pela sua vida. Agora é possível entender suas tendências e como elas
influenciaram sua trajetória até aqui." (Mileine, 40 anos)

"Eu agora procuro agir conforme meus valores e não para agradar alguém." (Caroline, 40 anos)

"Quando analiso decisões ou formas de agir vejo que minhas crenças e valores sempre estão
influenciando nas minhas ações. Por exemplo, expor atitudes e comportamentos negativas a
pessoa diretamentamente interessada afim de ter um relacionamento com mais transparência,
focando em compreensão e entendimento, mesmo correndo o risco de que esta exposição não
resultasse naquilo que eu esperava." (Priscila, 37 anos)

"Sempre fui uma pessoa ajudadora, hoje em dia ajudo pessoas que conheço com TEA, indicando
profissionais para auxiliar, tem uma mãezinha amiga minha que sempre me pede ajuda com a
filhinha dela, e amo ajudar!" (Mônica, 37 anos)

"Eu sou muito rígida comigo mesma e sempre procuro agir em sintonia com meus valores
morais. Por exemplo, se estou contando um fato e não me lembro exatamente dos detalhes,
esforço-me para ser o mais fiel possível ao que aconteceu. Mesmo sendo cautelosa, às vezes me
sinto culpada por não lembrar perfeitamente. Além disso, tenho metas morais, como ser sempre
gentil e respeitosa, mesmo quando estou brava. Fico triste quando percebo que não estou
conseguindo atingir essas metas. Agir de acordo com o que acredito, mesmo quando é difícil,
traz um sentimento de realização. Sou muito exigente comigo mesma, o que pode ser desafiador,
mas me ajuda a permanecer fiel aos meus princípios." (Nayara, 35 anos)

"Já me prejudiquei muito pois eu não aguentei ver injustiça. Já protegi pessoas, incluso em
ambiente de trabalho, que não fizeram o mesmo por mim pois eu não consigo ver algo errado e
não fazer nada. Hoje eu tento controlar decepções lembrando que a pessoa não faria o mesmo
por mim, mas eu não tenho que emitir meu caráter sobre isso. Eu não consigo relevar muitas
coisas que pra maioria é normal. Eu já fui demitida por ver situação injusta e não consegui ficar
inerte." (Marcela, 35 anos)

"Penso sempre se é honesto, se me faz sentir bem e outras variáveis conforme a situação, que
sejam orientadas por justeza. Sim, inclusive quando saí de um concurso para focar no marketing
digital. Percebi que fazia mais diferença como profissional de marketing do que como servidora
pública, tanto pela competência e autonomia, quanto pela minha dificuldade em lidar com
pessoas, mesmo que entenda, em tese, como funcionam suas mentes." (Sendy, 31 anos)

"Meus valores são sempre inegociáveis, eu detesto escutar as opiniões e julgamentos de outras
pessoas porque elas não estão no meu lugar e não sabem dos meus valores, eu procuro seguir o
que eu acredito acima de tudo." (Adriana, 28 anos)

"A busca pelo diagnóstico, por exemplo, foi algo em que não tive apoio, mas acreditei que seria o
correto e o mais honesto para mim e para as pessoas com quem convivo, visando alcançar mais
harmonia. Outro ponto relacionado a propósito e valores é a minha profissão, a qual descobri
sozinha. Busquei ser consultora até que surgiu a oportunidade. Não tive nenhum apoio, mas a
intenção de contribuição social que desejo oferecer representa quem eu sou, é uma extensão de
mim. Ninguém achava certo, ninguém entendia, mas eu vi meu propósito e busquei seguir o que
acredito. Sempre que vou fazer algo, me pergunto se minha intenção é verdadeiramente boa; se
não for, eu não faço. Acredito que nossa intenção é o reflexo do nosso coração. 'Essa intenção é
honesta? É de bondade?'" (Elane, 27 anos)

"Costumo pensar muito. Inclusive o pensar em excesso foi o motivo pelo qual eu me podei
durante tanto tempo. Agora estou dando vazão a mim, compreendendo melhor como é bom ser eu
mesmo a ponto de fazer às pazes com aquela criança, aquele adolescente que tanto se
martirizava e sofria em silêncio. Recentemente fui a uma viagem e comprei vários CD's, um dos
meu hiperfocos, mesmo sabendo que ouviria frases de espanto 'Quem ainda compra CD?' e não
me arrependi. Voltei para a minha casa satisfeito. Agora eu era eu. Existia alguém dentro de mim
que nem mesmo eu ousava dar vazão. Agora poderei fazer o que eu quero porque sei como eu
funciono, como meu organismo age." (Hivton, 26 anos)

"Antes do diagnóstico, eu tinha certas atitudes que não estavam de acordo com o que eu
acreditava, e sim para agradar as pessoas." (Mércia, 25 anos)
Flexibilidade de pensamento

Após o diagnóstico, é comum surgirem pensamentos e crenças limitantes. Visualize-os como eventos
transitórios da mente, não como verdades absolutas. Desenvolva a habilidade de percebê-los sem apego,
favorecendo uma visão mais adaptativa da sua realidade.

"O diagnóstico foi como encontrar aquela peça do quebra-cabeça que facilita o encaixe das
outras." (Liliane, 49 anos)

"Passei muito tempo sem saber o que eu tinha, com o diagnóstico tudo passou a fazer sentido,
agora eu entendo muito mais como o meu cérebro funciona e consigo encontrar estratégias para
ter uma vida melhor." (Tayná, 23 anos)
Entendendo as emoções

Veja seus sentimentos como nuvens: sempre em movimento e passageiras. Ao invés de se sentir oprimido,
observe-os sem preconceitos. Eles são apenas respostas naturais a um cenário inesperado e não delimitam sua
essência.

"Fique tranquila pois realmente com o tempo, a aceitação e a ajuda especializada nós
começamos a ter uma qualidade muito melhor de vida." (Dani B., 35 anos)

"Ao receber o diagnóstico é como se eu estivesse perdido na floresta e alguém me desse um


mapa." (Eduardo, 27 anos)
Valores como bússola

Refletir sobre o que é essencial para você atua como um guia, direcionando escolhas e ações. Ao identificar
essas prioridades, pode ser mais fácil achar foco e preparo para encarar os desafios da vida.

"Minha vida toda foi guiada por valores, meu pai ensinou a mim e a minha irmã coisas muito
importantes como valores, ética e honestidade." (Joyce, 40 anos)

"Tudo que faço é baseado nos meus valores, ja saí de uma empresa por não concordar com a
política de trabalho da empresa, pois prejudicava seus clientes." (Fagner, 40 anos)

"São as bases das respostas quando as busco dentro de mim mesma. Por exemplo, às vezes, as
emoções querem nos levar para comportamentos que quando pensamos racionalmente, baseando
em nossos valores e crenças, vemos que não é a solução/direção e, com isso, temos o poder de
escolher para onde queremos ir. Isso acontece sempre em um nível mental, desde escolhas
simples do dia a dia a decisões mais complexas." (Priscila, 37 anos)

"Levo valores cristãos. Não religião, mas princípios básicos da vida. Isso me ajuda a manter na
direção." (Adriana, 37 anos)

"Meus valores pessoais são fundamentais nas minhas decisões diárias. Eles me ajudam a manter
o foco, especialmente quando estou emocionalmente abalada, o que pode dificultar a expressão
dos meus sentimentos e pensamentos simultaneamente. Lembro-me de uma ocasião em que me
senti perdida sobre se deveria revidar a uma afronta ou não. Nesse momento, minha fé me
orientou a não revidar. Em outros casos, percebi que revidar era necessário para interromper
ciclos de abuso, como quando eu era a única a arrumar as coisas depois que muitas pessoas as
usavam." (Nayara, 35 anos)

"Hoje tento me olhar com mais respeito e carinho e não mais me comparar com os outros. Coisas
que hoje com o diagnóstico fazem sentido. Depois do diagnóstico eu consegui me entender
melhor e acima de tudo: me aceitar!" (Ge, 34 anos)

"Tenho valores inegociáveis que me ajudam a seguir satisfeita comigo e fazer escolhas
saudáveis. Na crise recente fiquei perdida e recorri ao meu raciocínio de que quando não sei
fazer algo procuro alguém que saiba e me passe confiança, porque o importante é resolver da
melhor maneira possível." (Sendy, 31 anos)

"Não sei exatamente o que é socialmente aceito, mas sei o que é verdadeiramente humano. Busco
sempre priorizar atitudes humanitárias, dentro do que é saudável para mim até onde sei.
Acredito que somos almas em evolução. Evito julgar as pessoas, pois vejo Deus como o único
juiz; frequentemente me questiono sobre o motivo de estar julgando alguém, refletindo sobre o
que há de errado comigo ao buscar defeitos nos outros. Quando algo me machuca
profundamente, choro e busco refletir que quase tudo na vida é irrelevante; o que hoje é
importante, amanhã será passado, e que estamos na Terra para evoluir, sendo que tudo tem um
motivo e um propósito. Creio que somos semelhantes uns aos outros, e que se maltrato alguém é
por estar frustrado, ou se sou maltratada, é porque a outra pessoa está enfrentando uma
frustração não resolvida, precisando de ajuda. Nesses casos, prefiro me afastar, evitando
contato, mas deixo para Deus resolver. Não busco vingança, deixo a lei do retorno atuar, pois a
vida é um eco. Vejo o ego como a pobreza da alma, onde o ego não humanitário impera, a
pobreza de espírito se manifesta e a consequência é uma infeliz falta de prosperidade e
harmonia. Acredito que quanto mais humanitária for uma profissão ou pessoa, mais próspera ela
se tornará. Profissões ou pessoas que contribuem de maneira genuína para a evolução da
sociedade tendem a ser menos frustradas e mais felizes. O fruto é a colheita do sucesso e bem-
estar do próximo, nos completando mutuamente quando ajudamos o próximo de acordo com suas
necessidades, seja social, alimentar ou física, oferecendo ajuda conforme a necessidade do outro,
não a minha." (Elane, 27 anos)

"Recorri essencialmente à ciência. Busquei profissionais que comunicam sobre isso, busquei
interagir com outros autistas, e ao mesmo tempo, busquei entender melhor que quem eu sou é
uma dádiva, e a natureza em sua grandiosidade não erra em nada. Busquei me nortear através
da minha compreensão quase simbiótica com o universo." (Hivton, 26 anos)
Autoaceitação e resiliência

Aceitar-se vai além de apenas se "conformar". Todos enfrentam desafios, mas eles não resumem a jornada.
Valorize suas habilidades e forças. Imagine-se vivendo de forma plena, honrando seus talentos e superando desafios.
Mesmo diante das adversidades, uma vida rica e propositada é acessível. E, acima de tudo, lembre-se: você possui a
capacidade de viver uma vida rica e repleta de significado.

"Digo as pessoas austistas que estão nessa jornada: a cada dia é um novo dia para se
autoconhecer,se autoaceitar, se autovalorizar. E cada um tem seu tempo." (Ilma, 42 anos)

"Percebo que uma porta se abriu, como se alguém me tivesse sentado em uma cadeira e
começado a explicar toda a minha vida, desde as crises, depressões e sensibilidades que
enfrentei. Inicialmente, passei pelo luto e pela revolta, uma sensação de que durante toda a
minha vida não fui compreendida, mas com o tempo, cheguei à aceitação. Foi uma jornada de
descoberta, onde pude finalmente compreender como eu funciono de fato. Embora ainda esteja
no começo dessa jornada, sei que não é algo que acontece da noite para o dia, mas ter respostas
para as perguntas que sempre busquei e nunca encontrei é verdadeiramente libertador." (Joyce,
40 anos)

"Entendi por que tinha grande dificuldade de socializar e me cobrava muito por ter esse jeito
diferente dos demais. Não preciso agir e fazer como todos fazem no seu dia a dia. Hoje não me
cobro tanto por ser mais reservado. Tirou um grande peso de mim." (Fagner, 40 anos)

"Autista é mais verdadeiro, transparente. A gente é assim, e o autismo é apenas um modo de ser.
Que ao meu ver, é puro." (Caroline, 40 anos)

"Estava sedenta por respostas, explicações, para nomear meu jeito, dificuldade, interesses,
comportamentos... Encaro o autismo como um nome para um conjunto de características que
possuo que são menos comuns, mais difíceis de serem encontradas em relação a grande massa
da população. Penso que minha crença principal que me faz pensar dessa forma é encarar a
diversidade das pessoas em relação a vida como algo natural, saudável e mais interessante. O
que é triste é complicado é perceber que as pessoas não encaram assim, que elas se sentem mal
ou ameaçadas com as diferenças e querem impor os seus modos de ser e suas crenças aos
demais, mas se cada um aceitasse essas diferenças sem rotular, julgar ou menosprezar o mundo
seria quase perfeito. Então, esse é o valor/crença que carrego que acredito que mais me
influencia no modo como enxergo o TEA e qualquer outra condição. Entendo resiliência como a
capacidade que temos de 'voltar ao basal' em situações que estamos desregulados. Neste sentido,
a cada dia, vivenciando as experiências e tentando compreender o mundo, as pessoas e a mim
mesma vou desenvolvendo essa capacidade e acredito que todos possam também, desde que com
um mínimo de autocompaixão e empatia." (Priscila, 37 anos)

"A aceitação é libertadora. Você acaba relembrando coisas do passado que fazia e que hoje têm
total sentido! Ter autismo não é um martírio, mas sim ser uma pessoa diferente das demais. E ser
diferente é bom!" (Mônica, 37 anos)

"Apesar de ainda haver vergonha e medo, eu estou buscando desenvolver a autoaceitação.


Gostaria de encorajar todos os autistas a serem simplesmente quem são, com todas as suas dores
e alegrias." (Suzana, 35 anos)
"A resiliência tem sido um aspecto importante do meu desenvolvimento pessoal, especialmente
após o diagnóstico. Quando acredito que algo é certo, eu não desisto, o que me torna resiliente.
Porém, confesso que sou menos resiliente em relação a realizar atividades que considero
desnecessárias ou excessivamente desafiadoras. Para outras pessoas autistas, aconselho a
identificar rapidamente métodos que não funcionam e usar a criatividade para encontrar
alternativas. É fundamental estar aberto a novas maneiras de fazer as coisas, adaptando-se
conforme necessário." (Nayara, 35 anos)

"Foi a primeira validação dos desconfortos que tive na vida. Descobrir que você 'não é maluca' e
passar a aceitar seus desconfortos é o melhor que você pode fazer. Uma vida de desconforto que
você acha que não pode reclamar, acaba com sua qualidade de vida. Eu tenho certeza que não
teria perdido 3 anos da minha vida com burnout se tivesse meu diagnóstico. Eu tinha vários
desconfortos, num ambiente ruim e não tinha ferramentas pra isso. Hoje estou construindo.
Profissionais na época falaram que eu tinha mania de perseguição, que era mentira o que eu
contava." (Marcela, 35 anos)

"Ter o diagnóstico me deu uma direção a seguir, além de me ajudar a entender mais sobre mim,
sobre o porquê de muitos dos meus comportamentos e sentimentos. O que eu tenho a dizer como
mensagem é que não há motivo para ter medo de assumir ser quem de fato se é, o diagnóstico
não é uma limitação, é uma explicação libertadora e uma direção para viver melhor." (Sendy, 31
anos)

"Procurar atendimento profissional ajuda a lidar com muitos questionamentos e perceber


aspectos de nós mesmos e de nossa mente. Nos conhecer é muito bom, saber respeitar seus
limites físicos e emocionais, é a melhor coisa que te pode acontecer. Assim, a vida tem uma
leveza, e não precisamos carregar o mundo nos ombros, sozinhos." (Bruna, 30 anos)

"Seja você mesmo. Não há mais necessidade de se esconder, as coisas irão melhorar. Abandone
o hábito de se manter preso e dê o primeiro passo. Veja, você está livre." (Dominique, 28 anos)

"Não se deixe levar pela insegurança e pelo medo de não ser suficiente. Lembre-se sempre que,
se alguém nos vê como menos, o problema está no outro e não em nós, pois somos perfeitamente
capazes de alcançar nosso potencial." (Adriana, 28 anos)

"Hoje vejo que realmente sou, me vejo como autista, e após diagnóstico minha vida tem ficado
mais leve. Não me sinto tão mal em dizer 'não' hoje eu digo 'não' sabendo que não estou sendo
egoísta, que é o meu limite, que tem coisas que não consigo realizar, pois me causam prejuízos.
Não serei egoísta em me pôr em primeiro lugar. Hoje consigo saber um pouco mais quais
ambientes ir, quando ficar sozinha, estou aprendendo a me respeitar, e descansar. Se descobrir é
escrever uma nova história com uma caneta de arco-íris. Depois de anos de tempestade, o arco-
íris sempre surge no final como um sinal de que estamos no caminho certo." (Elane, 27 anos)

"Atualmente, estou lidando melhor com minha realidade, ciente de que nem todos precisam
conhecer minha essência, assim como eu não tenho a obrigação de revelá-la. Essa aceitação me
levou a não me culpar por preferir a tranquilidade do lar às festas ou noites nas ruas com quem
não tenho conexão verdadeira. Diminuí as justificativas para minhas ações; quando faço algo,
simplesmente faço. Sem precisar adornar minha narrativa. É um processo árduo, repleto de
sentimentos e sensações desafiadores que, muitas vezes, não compartilho nem com profissionais
de saúde. Enfrento vicissitudes que intensificam minhas emoções, às vezes silenciando-me.
Reconheço a dificuldade, mas vejo como o preço da liberdade. Como costumo refletir: quem
busca apenas serenidade na vida tem uma visão distorcida. A emblemática frase de Clarice
Lispector em "A Hora da Estrela" ressoa: 'Que não se engane, a vida é um soco no estômago'.
Aos autistas, minha mensagem é: não se silenciem. Comunicar-se é libertador. Não existe
manual para viver; a certeza está em se reconhecer e se priorizar. Se necessário, não hesitem em
recorrer a medicações. Informem-se sempre, filtrando o que absorvem. E, acima de tudo, não se
moldem a estereótipos. Celebramos a diversidade, e isso é o que torna a jornada bela." (Hivton,
26 anos)

"Em questão de meses pós diagnóstico, eu passei a entender e abraçar a minha condição A
mensagem que eu gostaria de transmitir é: Nunca é tarde para descobrir e encontrar as
respostas que você passou uma vida tentando entender. É libertador descobrir sua verdadeira
identidade. A ajuda de um psiquiatra não é vergonhosa, mesmo que muitos digam isso. Essas
mesmas pessoas que me criticavam foram as que nunca me compreenderam." (Mércia, 25 anos)

"Receber um diagnóstico de TEA trouxe clareza para mim. Antes, me sentia culpada por pensar
ou agir de certa forma, mas percebi que era normal e não estava sozinha. Esse entendimento
transformou minha perspectiva, oferecendo conforto e aceitação." (Liris, 24 anos)

"Cheguei à conclusão que a única pessoa que deve nunca duvidar do meu diagnóstico sou eu.
Todo dia reafirmo quem sou e quando resolvo compartilhar a informação de que estou no
espectro, não é para chamar atenção, mas para reafirmar parte de quem eu sou. Até porque, se
eu não nascesse autista, eu não seria eu. O autismo não diz tudo sobre mim, mas certamente é
uma parte importante de mim." (C. G., 23 anos)
Caminhos de Mirella
(história ilustrativa)

irella, contadora em uma firma renomada, sempre valorizou a precisão e a dedicação em seu trabalho. O
M diagnóstico de autismo aos 42 anos trouxe uma mistura de emoções.
Em meio a prazos e números, Mirella começou a praticar meditação. Isso a ajudou a estar presente, a
acolher suas emoções de forma imparcial, especialmente ao lembrar de momentos passados onde o autismo poderia
ter sido uma explicação.
Mirella reconheceu que suas emoções – desde o alívio até a insegurança – eram legítimas. Ela parou de se
repreender por não ter percebido antes.
O amor pela família e a paixão pela contabilidade sempre foram seus nortes. Mirella se reafirmou nestes
valores, os quais guiaram suas ações e decisões no processo de autoaceitação.
A contadora usou seu diagnóstico como uma força, realizando workshops em sua empresa para aumentar a
conscientização sobre o autismo em adultos.
Mesmo quando questionamentos surgiam em sua mente, ela aprendeu a vê-los como momentos passageiros,
evitando cair nas armadilhas das crenças limitantes.
◆ ◆ ◆

CONCLUSÃO
Receber um diagnóstico de autismo é como embarcar em uma jornada emocional, com altos e baixos que
vêm com os desafios e com os momentos de profunda reflexão. A aceitação é um processo que se desenrola, muitas
vezes, ao longo do tempo.
Entretanto, essa trajetória não é apenas sobre autoaceitação: é também uma celebração do potencial e da
riqueza de experiências que cada um carrega, valorizando a neurodiversidade.
Através de rede de apoio sólida e recursos apropriados, vai sendo possível a busca pelo autoconhecimento,
por superações e pelo crescimento pessoal. Nesse percurso, os adultos autistas têm a oportunidade de uma reconexão
com sua essência e seus valores e,assim, de um planejamento com propósito e significado.
Sugestões de Livros

Taking off the mask


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Manual de mindfulness e autocompaixão

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