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‘A morte é um dia que vale a pena viver’’

- Ana Claudia Quintana Arantes

Trabalho realizado por: Letícia Resende Guarato

1- Resumo das ideias principais.

O livro ‘’A morte é um dia que vale a pena ser vivido’’ escrito pela médica Ana Claudia
Quintana Arantes, trata-se de um tema ainda muito tabu, a morte. Ela faz reflexões em
torno de suas experiências nos hospitais, onde trabalha com cuidados paliativos, e cuida
de inúmeros pacientes em estado terminal. Consegue ter uma visão ampla por trabalhar
com dois extremos, de pessoas em condições bem precárias, no hospital das clinicas, a
pessoas com boa condição econômica, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São
Paulo.
Traz a pauta dos cuidados paliativos, que se trata justamente do acolher o outro em seu
ultimo momento, oferecendo uma morte natural a ele.
Além disso, também nos convoca a pensar se realmente levamos a vida da melhor
maneira, para que em nosso leito, a morte seja mais tranquila.

2- Três citações significativas do livro.

Um conceito importante que o livro me passou, foi sobre o que é os cuidados paliativo:

‘’Nada impedirá a pessoa que tem aquela doença de chegar à morte; é uma condição
inexorável para aquela situação. É a essa pessoa, a esse paciente, que ofereço o Cuidado
Paliativo.’’

“Quero deixar aqui um panorama histórico sobre o momento em que estamos no Brasil
no que diz respeito aos Cuidados Paliativos. Nosso país é um dos que oferece mais
respaldo legal e ético para se fazer a boa prática de Cuidados Paliativos no planeta.
Temos o único código de ética médica em que está escrito “Cuidado Paliativo” com
todas as letras. Temos uma Constituição Federal que favorece essa prática. Temos
direito à Dignidade da Vida. Já tive essa conversa delicada com meus pacientes em
Cuidados Paliativos e seus familiares, que estão cientes da vontade de seu ente querido.
Descrevo toda a conversa no prontuário, ofereço o documento para leitura e os deixo à
vontade para assinarem comigo. Na prescrição médica deixo claro para a equipe
assistencial e para outros colegas médicos: “Paciente tem permissão para a morte
natural.”
Também, sobre a ineficácia do ensino para a formação dos profissionais na área de
saúde:

‘’Em seu livro, Mortais, Atul Gawande, cirurgião e escritor americano, escreve: “Aprendi
muitas coisas na faculdade de medicina. Mortalidade não foi uma delas.” Na faculdade
não se fala sobre a morte, sobre como é morrer. Não se discute como cuidar de uma
pessoa na fase final de doença grave e incurável. ‘’

‘’Penso que todo médico deveria ser preparado para nunca abandonar seu paciente,
mas na faculdade aprendemos apenas a não abandonar a doença dele. Quando não há
mais tratamentos para a doença, é como se não tivéssemos mais condições de estar ao
lado do paciente. ‘’

‘’... me entristece ver a dificuldade de meu país para estabelecer metas compatíveis com
nossas necessidades. Isso me mostra, de maneira dolorosamente clara, que nossa
sociedade não está preparada e que os nossos médicos, como parte dessa sociedade
miserável, e em busca ativa pela ignorância da realidade da própria morte, não estão
preparados para conduzir o processo de morrer de seus pacientes, o fim natural da vida
humana.’’

E ainda, a importância da compaixão no lugar da empatia.

‘’Fadiga de compaixão ou estresse pós-traumático secundário ocorre preferencialmente


com profissionais de saúde ou voluntários que têm como principal ferramenta de ajuda
a empatia.’’

‘’Pessoas que lidam com tanto sofrimento que acabam por incorporar a dor que não
lhes pertence. E aí estava eu, vivendo a maior dor da minha carreira, resultado do meu
melhor dom: empatia. Ironia? E agora? Muitas perguntas ainda estavam sem resposta.
E a mais dolorida era: como eu lido com a dor do outro sem tomá-la para mim?’’

3- Qual a relação do livro com a disciplina ‘Psicologia da idade adulta e velhice’’.

Ana Claudia comenta sobre a relação que temos com a vida quando adulto e como isso
pode ser prejudicial na velhice. Fala sobre os cinco arrependimentos mais frequentes na
terceira idade, que são: priorizar os desejos dos outros antes do próprio, o trabalho em
excesso, a falta de demonstração de afeto, não passar tempo com os amigos, e a
vontade de ter feito mais para ser feliz.
Em seu cotidiano, ela é rodeada de pessoas na terceira idade, e também demonstra em
sua escrita a importância do nosso olhar para essas pessoas, que muitas vezes ficam o
dia inteiro em um quarto, sem contato com ninguém a não ser os profissionais que estão
ali.

4- Qual a relação do livro com outras disciplinas.

Ao decorrer da minha leitura, identifiquei que o livro se relaciona com tudo, e


principalmente com a nossa formação como psicólogos. A autora nos toca para sermos
profissionais humanos, com compaixão pela dor do outro, e não meros vendedores de
um produto. Apesar da importância da compaixão, ela também chama atenção para o
perigo do excesso de empatia, e como isso pode ser prejudicial nas práticas de
tratamento com o outro, e que para não ser prejudicial, é de extrema importância o
autocuidado. Não é possível tratar do outro sem estarmos saudáveis.
Também relacionei muito o livro com uma matéria de teoria sistêmica que estudei no
semestre, onde entendi as diferenças entre ciência clássica e a contemporânea. Sem
dúvidas, a autora trata de uma ciência contemporânea, que não separa o físico do
psíquico, e trata o ser humano em sua complexidade, e em todas as duas dimensões.
A questão da elaboração do luto também é comentada, e está é primordial para a
prática clínica, pois estaremos a todo tempo lidando com pessoas em seus processos de
luto, e o livro comenta muito bem sobre a importância do sofrimento, e de sua
elaboração.

5- Comentário pessoal sobre o livro.

Eu gostei muito do livro. Houveram vários momentos em que fui tocada, e parei um
momento para refletir. Inclusive, refletir sobre a minha morte, e tentar falar mais dela
com naturalidade.
Em diversos momentos de minha leitura, recordei de alguém, e enviei o trecho em
questão para essa pessoa, que sei que seria tão tocada quanto eu. É como a autora disse,
ne, ‘’precisamos do outro para pensar sobre o mundo’’, e eu espero que nessa minha
passagem por esse mundo, eu consiga fazer um pouquinho de bem para o outro, como
a autora fez para tantas pessoas.

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