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SUMÁRIO

Introdução……………………...…4
A doença……………………..…..13
1. O suicídio…………………...…17
2. As Doenças Autoimunes….…...21
3. A Doença de Crohn………...….27
4. Álcool e outras Drogas……...…30
5. A dependência grave………..…35
6. A dependência leve……...….…36
7. Esquizofrenia………….………38
8. Epilepsia……………….…....…42
9. Depresão severa………….……46
10. Melancolia……………..…….53
11. Compulsão Alimentar.……....55
12. Autismo……………………...60
13. Aborto……...……………..…66
14. Aborto Espontâneo...……..….70
15. Síndrome do Pânico...……..…72
16. Tireóide Disfuncional……..…83
17. Cesariana…………………..…85
18. Psicose Maníaco Depressiva…89
19. Hiperatividade………………..91
Poemas Presos (Viviane Mosé)…..98
Referências……………………...103
SOBRE A AUTORA
Christiane Cunha Leanza é
fisioterapeuta em Neurologia,
Consteladora Familiar Hellinger®️,
Master trainer em PNL,
Hipnoterapeuta Ericksoniana, Master
Coach ICI (Internacional Coaching
Institute) e Membro postulante da
I.E.V.E (Irmandade Espiritualista
Verdade Eterna)
Saiba mais em:
www.crisleanza.com.br
(símbolo do Instagram) @crisleanza

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Introdução
A doença não é individual, ela nos
conecta. Certa vez, em um dos
trabalhos que participei, ouvi uma
mulher dizer que só tinha seu pai em
casa quando estava doente. Durante
muitos anos ela foi uma mulher
adoecida, embora muito trabalhadora,
e quando não estava doente, tratava de
encontrar um problema para cuidar.
Para ela, a presença do amor acontecia
daquela forma.
Hoje, aos 80 anos de idade, ela cuida

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de um marido que está na cama há 9
anos. De certa forma, como sempre
mostro nos meus mapeamentos
sistêmicos, quando um casal se une,
um chega a serviço do outro. Quem
sabe, então, esse homem adoeceu por
amor à ela - uma mulher forte,
guerreira, que escolheu a doença
como linguagem da alma.
E pasmem, doença, sofrimento e dor
são estados físicos e emocionais
totalmente distintos. Nem todo doente
sente dor, nem toda dor é uma doença

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e nem todo sofrimento tem doenças
como pano de fundo.
Segundo o Mestre Bert Hellinger, a
doença está à serviço da vida. E o que
ela quer nos dizer? Quem quer falar
através dela? Quem precisa ser trazido
de volta ao sistema atual? Do que ela
nos protege? Qual excluído precisa ser
honrado? Um pai, uma avó, um tio, um
irmão, uma trisavó? Que grito é esse
que a alma quer dar? Nosso amor
deverá estar aonde nosso olhar
conseguir nos levar, esse é o

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movimento primordial nas
Constelações Familiares, onde os
excluídos buscam a conexão através
de outros membros da família. E será
nas gerações futuras essa conta será
paga de alguma forma.
Existe uma grande força, algo como
uma Grande Alma, que tudo abrange
e que gera o movimento da vida. Uma
consciência espiritual que abrange
todo o sistema. E a regra é clara, tudo
aquilo que você não equilibar hoje,
nessa passagem da sua alma, alguém

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lá na frente vai equilibrar por você.
Portanto, faça sua parte para que seus
filhos não precisem pagar essa conta
por você. Um homem que não honra
suas raízes, deixa um pedaço de si
mesmo perdido lá atrás. Muitos
homens adoecidos formam um país
adoecido. E um país que não olha
para os seus doentes e excluídos
morre um pouquinho a cada dia.
Durante 25 anos fui uma observadora
de pessoas, uma ouvinte da dor, uma
sopradora de brasas - como já dizia o

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coach e escritor Leonardo Wolk,
somos sopradores de brasas.
Essa arte de estar à serviço, e toda a
percepção a respeito do outro que
Deus me concedeu como dom,
ajudou-me a compor esse pequeno
glossário de patologias e
acometimentos, que espero que
sirva de ajuda para a caminhada
terapêutica de muitos.
Muitas coisas que vocês lerão aqui
não serão encontradas na literatura,
pois são resultados de apontamentos

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que fiz ao longo desses 25 anos de
observação de pessoas, através de um
olhar construído a partir de
constribuições dos mestres que tive a
honra de ouvir, como Bert Hellinger,
Guerard Valper, Wolfgang Deuber,
Joel Wesser, Stephen Haussner e
tantos outros.
É importante lembrar que a
Constelação Familiar é uma
abordagem que foi desenvolvida em
anos de estudos profundos e tem o
papel de mostrar algo oculto, que

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talvez esteja apenas escondido por
proteção e amor, porém em nenhum
momento tem a intenção de anular o
olhar da medicina e seu tratamento
adequado para cada uma dessas
patologias e acometimentos. Desse
modo, o conteúdo aqui apresentado
não são diagnósticos clínicos e
médicos, mas sim um olhar sistêmico
a partir do dia a dia dos atendimentos.
Assim, separei neste glossário as
patologias mais recorrentes e que
chegam com mais frequência ao

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campo sistêmico, aquele campo ao
qual o Mestre Bert Hellinger
chamou de campo sábio.
Eu te convido a despedir-se por uns
momentos dos conceitos
tradicionais, fechar seus olhos e
passear nas estradas do Sentir
sistêmico. Te desejo uma ótima
caminhada,

Christiane Cunha Leanza.

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A doença
“Às vezes, através de uma doença
manifesta-se algo que o doente não
quer reconhecer, por exemplo: uma
pessoa, uma culpa, um limite, seu
corpo, sua alma, uma tarefa e um
caminho que deve seguir. A doença
obriga a uma mudança. Por isto, o
terapeuta alia-se ao motivo e ao
objetivo da doença, por exemplo, com
a pessoa excluída, com a culpa
refutada, com o corpo desprezado,
com a alma abandonada, com a

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misericórdia e a chance que se
revelam na doença. Quando isto é
colocado em ordem, o doente pode
viver melhor. E ele também pode
morrer melhor, quando chega a hora.
Em doentes como câncer, trata-se
frequentemente de que se exponham a
gravidade da situação. A gravidade é,
naturalmente, de que se trata de uma
doença mortal e que se tem que
encarar a morte. Frequentemente, os
doentes desejam que o câncer seja
vencido. Mas isto não se pode, isto é

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ilusório. Na maioria das vezes, as
doenças são vistas como algo mau, do
qual queremos nos livrar. Mas, ao
mesmo tempo, doenças também são
processos de cura, principalmente
para a alma. Não se pode
simplesmente colocá-las de lado.
Pode-se ver frequentemente que,
quando se admite que uma doença
possa servir a uma causa, talvez mais
elevada, então ela pode retirar-se. Ela
cumpriu o seu dever. Mas deve ficar
presente, não pode ser jogada fora.

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Então, às vezes, ela se retira."

Bert Hellinger

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1. O Suicídio
Existem dois tipos de
comportamento suicida. Existem
aqueles que não chegam as vias de
fato, que são pessoas que carregam
consigo uma necessidade de serem
olhadas e que trazem um peso do
passado de um excluído, que pode
ter sido um justiceiro. Aquele que
sempre vivia sua vida por um fio,
em nome da justiça. Alguns
indignados também poderiam fazer
parte desse grupo, onde a frase seria:

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"em nome da honra, pago com a minha
vida”. Aqui podemos ver também
características do "amor à beira do
abismo", onde o inconsciente traz a
frase: "tudo por amor, até a morte”.
Durante um seminário, um dos meus
professores fez uma provocação quando
uma mulher sentou-se ao seu lado, lhe
olhou e disse: "Eu pretendia me matar
hoje". Após um longo silêncio, ele a
olhou nos olhos e veio a frase: "se você
decidiu-se por isso, só posso concordar
com você”. Em seguida, ele respirou

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com firmeza e aguardou. A mulher
levantou-se e voltou para o seu lugar.
Esta é uma das abordagens que muitas
vezes surgem em Constelação
Familiar. Segundo Bert Hellinger,
quando "sem medo", enfrentamos
com coragem o que se mostra.
Existem também aqueles que
consolidam o suicídio. Através de
relatos percebe-se, geralmente, muita
culpa dentro do sistema, por parte da
família que fica. E a frase que fica é:
“será que eu poderia ter evitado se

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estivesse ali, naquele momento?”.
Durante anos em atendimentos,
percebi, por meio da observação, que
o suicida, quando colocado no campo,
geralmente leva as mãos na cabeça,
num movimento onde existe um
misto de sem saída versus um
grande vazio. Certa vez, num campo
que facilitei, o suicida disse,
referindo-se à alguem do passado:
"Eu preencho o seu vazio com a
minha vida". O famoso "Eu por você".

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2. As Doenças Autoimunes
De acordo com artigo do Hospital São
Matheus (2019), “as doenças
autoimunes são um grupo de doenças
distintas que têm como origem o fato do
sistema imunológico passar a produzir
anticorpos contra componentes do
nosso próprio organismo”.
Na compreensão sistêmica, as
doenças autoimunes expressam uma
raiva que, por opressão, é disfarçada
de tristeza.
Existe uma pergunta interna: "Do

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lado de quem tenho que ficar?".
Portanto, são pessoas que precisam
escolher do lado de quem ficar entre
aqueles que amam. Por observação,
percebi que geralmente essas doenças
se expressam em mulheres que são
muito fortes no seu dia a dia
profissional, e que, contudo, se
oprimem diante daqueles que amam,
quando estes são pessoas
conflituosas.
A opressão acaba por esconder a raiva
atrás da tristeza, e o corpo irá expulsar

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essa raiva em forma de síndromes
autoimunes.
Percebe-se também a inveja como um
fator que contribui para a expressão
dessas doenças, que, por sua vez,
ainda não tem uma explicação das
verdadeiras causas genéticas.
Dentre as doenças autoimunes,
destacam-se algumas, cujas
descrições e sintomatologias foram
retiradas do site do Doutor Drázio
Varella:
- Esclerose Lateral Amiotrófica:

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“caracteriza-se pela degeneração
progressiva de neurônios motores
localizados no cérebro e na medula
espinhal” e tem causa desconhecida.
Além disso, “o principal sintoma é a
fraqueza muscular, acompanhada de
endurecimento dos músculos
(esclerose), inicialmente num dos lados
do corpo (lateral) e atrofia muscular
(amiotrófica), mas existem outros:
cãimbras, tremor muscular, reflexos
vivos, espasmos e perda da
sensibilidade.”;

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- Esclerose múltipla: por motivos
genéticos ou ambientais, “o sistema
imunológico começa a agredir a bainha
de mielina (capa que envolve todos os
axônios) que recobre os neurônios e
isso compromete a função do sistema
nervoso. A característica mais
importante da esclerose múltipla é a
imprevisibilidade dos surtos”;
- Artrite Reumatóide: “é uma
doença inflamatória crônica,
autoimune, que afeta as membranas
sinoviais (fina camada de tecido

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conjuntivo) de múltiplas articulações
(mãos, punhos, cotovelos, joelhos,
tornozelos, pés, ombros, coluna
cervical) e órgãos internos, como
pulmões, coração e rins, dos indivíduos
geneticamente predispostos. A
progressão do quadro está associada a
deformidades e alterações das
articulações, que podem comprometer
os movimentos.”;
- Lupus: “é uma doença inflamatória
autoimune, desencadeada por um
desequilíbrio no sistema imunológico,

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exatamente aquele que deveria proteger
a pessoa contra o ataque de agentes
como vírus e bactérias. O lúpus pode se
manifestar sob a forma cutânea (atinge
apenas a pele) ou ser generalizado.
Nesse caso, atinge qualquer tecido do
corpo e recebe o nome de lúpus
eritematoso sistêmico (LES).”

3. A Doença de Crohn
De acordo com o Doutor Pedro
Pinheiro, em artigo do site MD Saúde,
a doença de Crohn é uma “doença

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intestinal inflamatória e crônica que
afeta o revestimento do trato digestivo.
A doença de Crohn pode causar dor
abdominal, diarreia, perda de peso,
anemia e fadiga. Algumas pessoas
podem não apresentar sintomas na
maior parte da vida, enquanto outras
podem ter sintomas crônicos graves que
nunca desaparecem.”
Na visão sistêmica, a doença de
Crohn expressa uma raiva profunda
pelo peso da responsabilidade.
Ilustro com um caso:

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V. foi abrigado, aos 11 anos, a cuidar
de sua mãe doente até completar 21
anos, quando ela veio a falecer. V. não
tinha vida própria, não teve
namoradas e foi abandonado pelo
pai e pela irmã.
Quando sua mãe faleceu, e então pode
viver sua vida, desenvolveu o Crohn.
Quando abrimos o campo da
Constelação, o representante de V.
partiu como uma fera para cima da
irmã, colocando ali toda sua ira.
Chorou, gritou e pode expurgar toda

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sua dor. Ele sentia-se traído pela irmã,
que o deixou tão pequeno cuidando da
própria mãe.
Meses depois, recebi de V. a notícia de
que um milagre aconteceu. A doença
de Crohn, que tem um diagnóstico de
“incurável”, ou seja, crônica,
mostrou-se controlada, trazendo mais
qualidade de vida para V.

4. Álcool e outras drogas


Na visão sistêmica, as drogas
mantém o indivíduo vivo,

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protegem-no de partir. Estão a
serviço daquilo que os pais não deram
conta, principalmente a mãe. A frase
comum nesses casos é: “Eu pela
mamãe”.
Na boa consciência a pessoa sente-
se boa e grande, um mártir. Todos os
mártires sacrificam-se pelas suas
mães, inclusive aqueles que se
matam em atentados suicidas,
também o fazem pela mãe.
Nesses casos, as frases indicadas para
que se fale são: “Eu não vou fazer

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mamãe"; “Não mamãe, você por
você, eu por mim”; "você com ajuda
do papai".
É necessário então olhar para as
drogas, agradecer pela força e
proteção, e se despedir. A frase a dizer
é: “mesmo que você queira morrer
mamãe, eu vou manter a minha vida.
Eu por mim”.
Frases entre irmãos que sofrem o
mesmo problema de drogas pelos
pais: “Nós vamos ficar vivos, vamos
manter a nossa vida”. Então, um

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irmão diz para o outro: “Eu fico,
fique você também”.
A causa sistêmica pode ser também
uma ausência do pai ou de uma figura
paterna. Existe algo que o pai pode
fazer com esta tomada de consciência,
que é permanecer aberto para a mãe
dos filhos e para os filhos, sem
julgamento, olhando para além deles
e além da mãe, deixando os
emaranhados com ela.
Quando não se tem acesso ao pai, o
amor se acumula. Então indica-se que

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escreva uma carta de desabafo, e
quem sabe um dia isso chegará até
eles.
Uma criança não tem a força para se
abrir para o outro, principalmente
quando precisa de um outro para
existir. Contudo, quando os filhos
ficam adultos, aprendem a ter essa
coragem, aí sim pode-se trabalhar a
permissão para que os filhos tomem o
pai ou a mãe, independente de alguma
coisa

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5. A dependência grave
Na visão sistêmica, a dependência
grave é um suicídio oculto, onde o
viciado quer se matar. Aí atua um
profundo desejo para a morte.
Nesses casos, a frase que configura a
dependência grave é “Eu por você,
mamãe, até a morte”. lsso os tira da
culpa, e este amor em sacrifício pela
mãe os leva até a boa consciência.
Movimentos que curam:
Com a ajuda do pai, deixamos a mãe
sozinha e, em direção ao pai, nos

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mantemos na vida. Com tal movimento,
saímos dessa grandeza que geralmente
nos aprisiona ao lado da mãe e voltamos
para a vida. Ao lado da mãe todos são
heróis e dizem: “Eu morro por você”.
Instala-se a síndrome do Herói, "Eu por
você", em relação a mãe.

6. A dependência leve
A causa sistêmica para a dependência
leve é a falta do pai. A imagem interna
é “mamãe é o suficiente, não preciso
de você papai". Assim, o pai é

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excluído e os filhos só tomam da
mãe. Porém, ocultamente, ficam tão
vinculados à exclusão do pai, que
precisam dizer: "Mamãe só você não
é o suficiente". A alma tem
dependência do pai e a substância, a
droga, é o seu substituto.
O fanatismo espiritual, por vezes,
funciona como uma dependência leve
ou pesada, dependendo do grau de
envolvimento do indivíduo.

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7. Esquizofrenia
De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014), a esquizofrenia
caracteriza-se pela presença de delírios,
alucinações, discurso desorganizado,
comportamento catatônico ou
desorganizado, e expressão emocional
diminuida. Para caracterizar a
esquizofrenia precisa haver a presença
de pelo menos um desses fenômenos
com certa frequência durante o período
de pelo menos um mês.

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Na visão sistêmica, constata-se que, em
casos de esquizofrenia há um provável
assassinato no sistema atual ou
pregresso. O paciente toma para dentro
da própria alma o assassino e a vítima,
ao mesmo tempo. É necessário incluir
tanto a vítima quanto o agressor na
alma.
Um bom exercício é colocar o
representante do paciente, que tem
esquizofrenia, olhando para o
assassino e a vítima, e pedir para que
fale internamente: "Quando olho para

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ambos, com meu pai e minha mãe,
amplio meu coração, tomo ambos e os
abraço com amor (aqui pode-se
trabalhar com imagens ou linguagem
hipnótica).
Esse exercício dissolve o peso
psíquico que ocorre na
esquizofrenia, onde o amor une
ambas as partes dentro da alma.
O assassino e a vítima se olham e se
tocam, permitindo que a cura seja
alcançada (aqui também pode ser
guiado com imagens pelo terapeuta).

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Nesse movimento, o amor se conecta
e dissolve a divisão. Então, toda a
família se reúne, dizendo: “agora
podemos chorar por vocês dois
juntos, com amor, e tomamos os dois
no coração”.
Cabe ressaltar que o pai que assassina
a mãe perde o direito aos filhos. O
direito de pertencer só é perdido
quando um membro da família mata
um outro membro da família.
O terapeuta sistêmico não se
posiciona ao lado das vítimas e, sim,

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acolhe no coração o assassino.
Existem motivos maiores que levam
alguém aos atos que realiza, e não
cabe ao terapeuta julgar isso.
Portanto, o terapeuta posiciona-se
livre de ideias, de teorias, de
intenções, emoções e de empatia.
Em alguns momentos, o
esquizofrênico se conecta com
algozes, em outros, com a vítima.

8. Epilepsia
De acordo com o site do doutor

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Dráuzio Varella, a epilesia
caracteriza-se por uma síndrome que
tem como sintomas crises epiléticas
parciais (se os sinais elétricos estão
desorganizados em um dos hemisférios
cerebrais), ou totais (se essa
desorganização ocorrer nos dois
hemisférios).
Dentro da visão sistêmica esse tema é
controverso, pois alguns autores
afirmam que tal ataque, que provoca
amnesia, pode estar protegendo a
alma de alguma imagem de

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assassinatos no sistema. lsso deve-se
ao fato de perceberem que tais
pessoas, dotadas de visao mediúnica,
são capazes de acessar tais
acontecimentos. Porém, por não
aceitarem seus dons, essas pessoas
tem os desmaios e ausências como
uma forma de proteção da alma.
Ademais, a epilepsia também está
associada a energia de crimes
passionais.
Um caso que tive em minha propria
família ilustra o exposto acima.

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Quando eu era menina, via minha mãe
tendo desmaios, que eram cuidados
como epilepsia. Minha mãe tinha
dons mediúnicos e nunca quis
desenvolvê-los. Aos poucos, percebi
que aquelas ausências significavam o
"não" que ela dizia ao seu dom.
Não obstante, cabe enfatizar que
existem muitos casos neurológicos
graves que devem ser acompanhados
por um médico especialista. Em
nenhum momento uma Constelação
anula ou descarta o tratamento

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médico adequado para a epilepsia.

9. Depressão Severa
De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014), os transtornos
depressivos se caracterizam pela
“presença de humor triste, vazio ou
irritável, acompanhado de alterações
somáticas e cognitivas que afetam
significativamente a capacidade de
funcionamento do indivíduo”.
Na visão sistêmica, a depressão não é

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uma tristeza, e sim um vazio que
esconde uma grande raiva. Há um
movimento em direção a morte.
De forma a ilustrar esta visão sistêmica
acerca da depressão severa, descreverei
um caso que constelei.
Uma mulher me procurou porque sua
irmã estava com uma depressão
profunda. Essa irmã se casou e teve um
filho, mas devido a alguns problemas
entrou num quadro de depressão
profunda. Quando realizamos a sua
constelação, ela contou que o seu pai

47
tinha um padrão de ser um homem
perverso, que fazia piadas o tempo todo
a respeito de mulheres, piadas
sarcásticas. Os maridos das irmãs dela
também tinham esse mesmo padrão.
Assim, no momento que a gente estava
conversando, visualizei aquela mulher
que estava sendo constaleda em uma
janela, num convento ou num castelo.
Então, perguntei para ela se aquela
imagem fazia sentido e ela respondeu
que sim e que tinha uma história na
família de uma mulher que se

48
apaixonou por um capataz de uma
fazenda e engravidou desse homem. O
seu pai, um homem muito rico, internou
ela em um convento e quando essa
criança nasceu ele a jogou numa lareira
e mandou matar o capataz. Então, essa
mulher foi obrigada a se casar com
outro homem. Assim, a partir dela, foi
descendo no sistema dessa família um
padrão de mulheres com muita raiva, e
todas essas mulheres sempre se
casavam com homens perversos.
Essa história é sobre a pentavó da

49
minha cliente, que depois teve uma
filha que viveu a mesma coisa, que por
sua vez teve uma filha que viveu a
mesma coisa, até chegar nessa mãe da
minha cliente, que se casou e teve
quatro filhas onde todas buscam o
mesmo padrão de homens perversos.
Além disso, a maioria delas tiveram
filhos homens. Portanto, seguindo o
padrão do sistema, esta é uma geração
de filhos perversos.
Assim, a partir dessa história, foi
possível compreender que a irmã da

50
minha cliente adoeceu pelo sistema. Ela
adoeceu por todas as mulheres do seu
sistema. Isto ficou evidente quando, na
hora em que abri o campo, colocamos a
pentavó deitada no meio das outras
mulheres do sistema e todas elas cairam
em cima dela e começaram a abrir
prantos de choro, e o homem se virou
para a parede.
Portanto, a depressão severa nas
mulheres às vezes vem com situações
ligadas a homens, aos seus pais ou
ligadas a dor de mulheres que foram

51
colocadas em determinado padrão
envolvendo esses homens. Em muitos
casos, principalmente quando a mulher
entra nesse padrão de depressão severa,
as histórias são ligadas a mulheres que
sofreram muito na mão de homens
perversos. Assim, essas mulheres vão
descendo nas suas gerações trazendo
esse padrão de dor, como se alguém
tivesse que adoecer dentro do sistema
para manter viva essa força ali dentro,
do tipo “eu morro por todas vocês,
deixa que eu me entrego a essa dor”. É

52
possível notar também que alguns
homens que entram nessa depressão
profunda, entram pela melancolia.

10. Melancolia
Na minha prática com Constelação e
Mapeamento Sistêmico eu tenho visto
muitas crianças com melancolia. A
criança com melancolia sente um vazio
e normalmente ela não sabe porque está
triste. Ela carrega um estado
melancólico do seu sistema. É como se
ela fosse apaixonada pelo sistema, pois

53
a melancolia é como uma paixão velada
por algo do sistema que não é colocado
para fora, então, ela carrega aquele
amor e aquela dor profunda dentro dela.
Portanto, o melancólico às vezes
esconde um apaixonado em olhar a dor
sistêmica e carregá-la para o resto da
vida. O adulto melancólico olha toda
aquela dor e enfraquece. Ele esvazia
algo dentro dele que ele não sabe bem o
que que é, como se ele buscasse alguma
coisa que ele não sabe o que. É um
esvaziamento de sentimento que o

54
coloca nesse estado melancólico, que
no fundo também é um apaixonado pela
dor do sistema.

11. Compulsão Alimentar


De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014), o Transtorno de
Compulsão Alimentar caracteriza-se
por “ingestão, em um período
determinado (p. ex., dentro de cada
período de duas horas), de uma
quantidade de alimento definitivamente

55
maior do que a maioria das pessoas
consumiria no mesmo período sob
circunstâncias semelhantes e por uma
sensação de falta de controle sobre a
ingestão durante o episódio.”
A compulsão alimentar é mais comum
em mulheres. Na visão sistêmica, são
mulheres que comem a mãe que elas
rejeitam. A filha come tudo até acabar
e, ao invés de tomar a mãe com amor,
elas querem incorporar a mãe de
forma agressiva, sem amor.
Geralmente essas mães são muito

56
criticas com seus filhos,
principalmente com a filha mulher.
Assim, a filha começa a criar uma
raiva da mãe e começa a comer
compulsivamente porque ela excluiu
a mãe dentro dela e fica um vazio,
assim, ao invés de tomar a mãe com
amor, a raiva faz ela comer a mãe,
incorporar de forma agressiva.
No campo, pede-se para a mãe falar
para a filha: “Obrigada filha, tenho
orgulho de você. É melhor que você
coma por mim”.

57
Uma forma de compulsão alimentar é a
bulimia. De acordo com o Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), a bulimia
caracteriza-se por “episódios
recorrentes de compulsão alimentar”.
De acordo com a visão sistêmica, na
bulimia as mulheres vomitam porque
elas comem compulsivamente, como se
a comida fosse um pecado. Assim, a
bulimia está ligada a algo pecaminoso
dentro das pessoas. Essas mulheres
pensam “eu não posso comer, porque é

58
pecado comer, eu vou ficar gordar e
mal, porque comer não é bom, é errado”
e ao mesmo tempo a pessoa vai
assumindo um comportamento
alimentar cada vez mais compulsivo.
Portanto, como se coloca algo errado
pra dentro de si, é preciso expulsar esse
algo errado, então a pessoa vomita
aquilo de errado dentro dela, e acaba
também vomitando a mamãe,
vomitando tudo aquilo que entra
compensando de forma errada.
Às vezes os meninos que tem uma alma

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feminina também apresentam esse
comportamento de compulsão
alimentar, contudo, a bulimia é bem
mais ligada a mulher do que ao homem.
Assim, quando o homem tem a bulimia
é porque ele tem características
feminas, ou são filhos de mães muito
repressoras que os criticam o tempo
todo.

12. Autismo
De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais

60
(DSM-5, 2014), o Transtorno do
Espectro Autista caracteriza-se por
déficits persistentes na comunicação
social e na interação social assim como
por padrões restritivos e repetitivos de
comportamento e interesses.
Na visão sistêmica, o autismo é um
tipo de esquizofrenia. Alguém do
sistema, que em gerações passadas foi
excluído em vida, também foi privado
do convívio social. A fala do autista é
“não é seguro me vincular com
ninguém”.

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Geralmente não querem ser tocados.
Isto porque o autista tem uma
hipersensibilidade ao toque e a
audição.
Quando alguém chega perto dele,
tenta tocá-lo ou falar com ele, ele leva
as duas mãos na cabeça, perto dos
ouvidos, como se tapasse os ouvidos.
Ele encurva o corpo e é como se
dissesse: “eu não posso confiar em
nada, nem ninguém aqui, eu preciso
me proteger, existem segredos aqui
que não podem ser contados”. Desse

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modo, o autismo pode ser
compreendido como uma espécie de
capa protetiva para essa pessoa, tanto
que o movimento do autista às vezes
é do balanço, que é como se ele
tivesse se auto hipnotizando, como se
ele estivesse entrando num transe.
Cabe ressaltar que o balanço do corpo
está muito ligado aos ouvidos pois na
altura dos ouvidos existe o liquor, que
é o que nos traz equilíbrio. Então,
quando o autista traz aquele
comportamento de balanço é como se

63
ele próprio se provocasse um
desequilíbrio, como se esse líquido
ficasse flutuante dentro dele,
proporcionando um estado emocional
desequilibrado. Diante disso é que ele
traz essa capa de proteção, que é
quando ele fala: “eu não posso me
entregar aqui, eu não confio nesse
sistema, existe um segredo aqui
dentro desse sistema”.
Além disso, em casos de autismo, é
possível notar que a mãe nega o filho
em algum momento. Por isso, torna-

64
se necessário que a mãe fale:
“Querido filho, eu gosto de ver o seu
pai em você”, autorizando, desse
modo, que o filho faça parte.
É necessário esclarecer aos pais do
autista que tal constelação pode, de
alguma forma, trazer uma melhora
cognitiva grande, contudo, não existe
cura para essa patologia.
Também torna-se necessário sempre
ficar atento as reais vontades pelas
quais os pais nos procuram, o que pode
nos trazer a luz e o entendimento pelo

65
qual isso aconteceu e pode trazer
qualidade para o sistema.

13. Aborto
Ao contrário do que muitas pessoas
falam a respeito do aborto estar ligado a
assassinatos, Bert Hellinger fala em seu
livro “A Simetria Oculta do Amor” que,
na verdade, tudo que um pai ou uma
mãe decidem precisa ser assentado
dentro do coração. Ou seja, é um
assentamento de um sim, de você
decidir se você quer ou não dar

66
continuidade a essa vida que aconteceu
dentro de você, e então tomar dentro do
coração esses filhos abortados como
filhos no sistema, dando lugar e ordem
a todos eles, aos nascidos e não
nascidos, para que os filhos nascidos
não carreguem esse peso pelos pais, o
peso da culpa por terem nascido e os
outros não. Então, quando um pai e uma
mãe decidem por esse ato, eles
precisam toma-lo dentro do coração
todo o tempo, para que cada filho que
consiga nascer não precise honrar sua

67
vida aqui fora por aqueles que não
conseguiram nascer.
Como os pais seguem vivos após um
aborto? Eles seguem sem justificar,
apenas dizem “eu fiz” e pronto, sem
julgamento de outros, assumindo as
responsabilidades pelo ato. Podem
dizer "nós te amamos" ao filho
abortado.
Em alguns casos, observa-se que a mãe
ou o pai de um filho abortado tem
instinto assassino. Existem também
situações em que percebemos que a

68
mulher ou o homem aborta o
companheiro ou companheira junto
com a criança.
A mulher tira um pedaço de si. "Fiz
isso a mim mesma", por amor, e isso
precisa do seu lugar. Assim, um bom
exercício é concordar com tudo como
é, fazendo parte de um movimento
maior. Então, concorda-se com as
consequências, e pode ser que em
algum momento haja um profundo
arrependimento.
Para Bert Hellinger, a morte de uma

69
criança abortada nãe vem de sua
mãe ou do seu pai, vem de um outro
lugar. Os pais devem encarar de uma
maneira firme, e para isso precisa da
alma. Para soltar a criança dizemos
“Meu filho” ou “Minha filha”
olhando para o representante ou
para a imagem da criança abortada.

14. Aborto espontâneo


Os abortos espontâneos também tem
um lugar, e por isso a mãe e o pai
também precisam carregar para

70
dentro do coração o sentimento de
que eles são responsáveis por essas
crianças, fazendo rituais, assentando
as crianças dentro do coração, dando
um lugar a cada um, numerando esses
filhos junto com os filhos que
nasceram, para que cada um ocupe o
seu lugar e para que essas crianças
possam seguir sem ter que compensar
nada aqui fora.
Enquanto os filhos não vem, é
necessário soltar o desejo com tudo
aquilo que custa e servir a vida de

71
outra forma, assim fala-se: “não está
nas nossas mãos, se podemos ter
filhos ou não, eu entrego, se eu posso
transmitir a vida ou não, eu solto isso
das minhas mãos”. As crianças nos
dão de volta o que demos à vida, se
não vierem, vamos buscar juntos
enquanto casal em relação à vida de
outra forma.

15. Síndrome do Pânico


De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais

72
(DSM-5, 2014), “no transtorno do
pânico, o indivíduo experimenta
ataques de pânico inesperados
recorrentes e está persistentemente
apreensivo ou preocupado com a
possibilidade de sofrer novos ataques”
e esses ataques representam “medo
intense ou desconforto intenso”.
Na visão sistêmica, a síndrome do
pânico traz em si um enorme medo da
perda ou um grande medo da morte. É
uma sensação de insegurança em
relação a própria vida ou a perda de

73
parentes próximos, pessoas ligadas
diretamente a mãe ou ao pai.
Normalmente são crianças que foram
abandonadas na infância pela sua mãe
ou pelo seu pai e continuaram
crescendo com uma sensação de
insegurança. Também são, por vezes,
crianças cujo pai abandona a mãe e essa
mãe é uma pessoa que não traz
segurança para o filho, que leva uma
vida desrregrada, descontrolada e, por
algum motivo, se casa com um parceiro
que não traz segurança. Assim, essa

74
criança vai convivendo com isso e
seguirá buscando segurança em outras
pessoas. Serão, portanto, aquelas
pessoas que ficam pesadas para a vida
do outro, que querem receber amor, que
frequentemente perguntam se você as
ama, que tem medo de perder nas
relações, por fim, ficam dependentes do
outro. No livro As 5 Feridas
Emocionais da autora Lise Bourbeau
demonstra-se que aquele que tem esse
tipo de perda na infância, quando bebê
ou quando dentro da barriga da mãe, ou

75
ainda aqueles que crescem em família
que não trazem segurança, acabam
ficando excessivos para o outro. Essa
pessoa quer ser amada, ela precisa
entender se as pessoas estão desejando-
a e coloca a sua vida na mão do outro.
Desse modo, ela se torna uma
dependente emocional do amor do
outro. Ela não consegue pensar que um
dia as pessoas não estarão ali com ela.
É uma insegurança que acontece o
tempo todo. Nesse sentido, quando o
pânico se instala, é esse medo que

76
geralmente se expressa como uma dor
dentro do peito, como se a pessoa
tivesse uma sensação de infarto. É uma
dor que vai subindo pela garganta, e
portanto parece, às vezes, que a pessoa
está tendo um infarto, é o medo da
morte e da perda. Assim, essa pessoa
começa a fazer algo que chamamos de
doctor shopping, ou seja, ela vai a
diversos medicos e começa a buscar
entender o que está acontecendo com
ela, porque ela pensa que vai morrer de
alguma doença. Assim, ela vai a

77
médicos, toma diferentes remédios, às
vezes não consegue dormir, fica virada
a noite inteira, e aí entram em ação os
ansiolíticos e os antidepressivos.
Nos casos de pânico, os tratamentos
com hipnose são bastante eficazes,
porque realiza-se um trabalho de trazer
as imagens de dor, perda e de abandono
para dentro dessa pessoa, e então busca-
se ressignificar isso através de imagens,
trocando o medo, a ansiedade e a
angústia por algo mais leve na vida
dessa pessoa, para que a pessoa possa

78
tomar a vida nas suas próprias mãos,
sem medo.
Nesse trabalho com imagens e hipnose,
coloca-se no campo sistêmico a pessoa
e a ansiedade, ou a pessoa e a angústia,
que é o que simboliza a síndrome do
pânico. E logo em seguida percebe-se
que essa pessoa que simboliza o pânico,
a angústia e a ansiedade se transforma,
dentro do campo, na mãe ou no pai
desse indivíduo, aí é onde irá se mostrar
com quem que o filho está identificado.
Quando trabalho com imagens, às vezes

79
coloco o pai, a mãe e a pessoa olhando
para eles, e geralmente atrás do pai e da
mãe irá aparecer um ente familiar.
Um exemplo é um caso que atendi,
onde o avô da menina apareceu atrás da
mãe. Nesse momento, ela foi
percebendo que toda a raiva que ela
sentia e não colocava para fora, na
verdade, era raiva do avô. Quando eu
falei para ela: “olha pro seu pai e pra sua
mãe”, o pai se afastou e a mãe ficou, ela
então fez uma cara de raiva e eu fiquei
olhando para ela e perguntei: “você tá

80
com raiva de quem?” e ela disse: “do
meu avô que apareceu agora atrás da
minha mãe”. Assim, eu fui percebendo
que na verdade todos os homens que
chegam na vida dela, que é o caso dessa
menina, e que são agressivos e geram
pânico nela, na verdade estão ligados ao
avô. Assim, eu fiz um trabalho para ela
olhar o avô, olhar para esses homens e
agradecer a eles pois eles chegam a
serviço dela, para que ela olhe esse avô
que trazia as mesmas questões para a
mãe. A mãe desceu como uma pessoa

81
agressiva, ela tomou essa agressividade
para ela e fica buscando homens
agressivos na vida para manter esse avô
ali junto da mãe, dentro do coração
dela. No final de tudo, eu falei: “olhe
para os homens agora e diga para eles
que os homens podem ser fortes e
amorosos, não precisam ser homens
fortes e agressivos para manter mamãe
e vovô dentro de mim, eu posso ser uma
mulher forte, ter agressividade no meu
dia a dia e posso atrair para mim
homens fortes e amorosos” e ao falar

82
isso, ela chorou muito e depois sentiu-
se aliviada, mais leve.

16. Tireóide Disfuncional


Nos casos de tireóide disfuncional,
coloca-se a mão na garganta e se
pergunta: “Quantas lágrimas se
acumulam aqui? Todas as lágrimas?”
Algo dentro de você diz: “NÃO”, é
uma raiva contida, não dita. Você
respira e espera o seu corpo trazer o
SIM, e isso é tão difícil para nós,
principalmente em relação aos

83
sentimentos dolorosos e à impotência.
Quando somos tomados por ela,
ficamos impotentes e precisamos de
força para sermos fracas, e isso às
vezes requer grandeza para mostrar
fraqueza. Assim, temos que esperar
para acumular força suficiente e ter a
coragem de se entregar a essa
impotência: "sim, sou impotente".
Inspiramos e expiramos, soltando e
libertando. A pessoa não aceita ser
fraca e vai ao seu limite máximo. Até
para aceitar ser fraco, precisamos de

84
coragem e força.

17. Cesariana
Existem alguns estudiosos que dizem
que a cesariana pode demonstrar um
movimento do amor interrompido, pois,
por meio da anestesia, acontece uma
paralisação do sistema hormonal que
não corresponde ao movimento do
corpo. Porém, existem apenas
observações e nada muito concreto a
respeito disso, contudo, não deixa de
ser algo relevante para se olhar.

85
Nesses casos o movimento a se fazer é
um circulo de mulheres. Coloca-se a
pessoa dentro do circulo e uma outra
que vai ser aquela que vai fazer o
impulsionamento para que aconteça um
parto no campo, onde essa pessoa vai
ser empurrada. Geralmente a pessoa
fica deitada no centro e as mulheres em
torno ficam sentadas, representando o
útero, e aí, através de todas juntas, faz-
se um impulsionamento que representa
o útero empurrando a criança para fora
e a mãe esperando a criança nascer.

86
Também pode-se fazer isso com
imagens. Nesse caso, coloca-se a
pessoa dentro do útero da mãe,
representando-a desde a primeira
concepção, que é o espermatozóide
furando o óvulo, depois o momento em
que a pessoa começou a se formar
dentro do útero da mamãe, sua coluna
vertebral, seu coração. Nesse momento,
a pessoa começa a sentir o pulsar do
corpo dentro do útero da mamãe, o
cordão umbilical que começa a lhe
nutrir representando a primeira

87
nutrição, o contato com a mãe, e a
pessoa vai respirando isso. Assim,
quem conduz vai falando “primeiro
mês, segundo mês”, fazendo uma
condução até a hora do nascimento e
então conta de dez até um e faz a
explosão do nascimento, para que a
pessoa respire e nasça de uma outra
forma, de uma forma mais orgânica.
Assim, nesse momento, muitas coisas
são reveladas. Existem pessoas que não
querem nascer e começam a entrar em
sofrimento. Nesses casos, na hora do

88
atendimento, tem que se fazer toda uma
condução de respiração, sendo possível,
se necessário, interromper a sessão para
voltar na sessão seguinte e dar
continuidade ao processo.

18. Psicose Maníaco-Depressiva


Nas classificações diagnósticas do
DSM-5 (2014) está incluso no
Transtorno Bipolar, podendo ser o
Transtorno Bipolar do tipo I, o
Transtorno Bipolar do tipo II ou
Transtorno Ciclotímico. Nesses

89
transtornos há uma variação entre os
episódios maníacos e episódios
depressivos, cada qual com suas
especificidades.
Geralmente, pessoas que chegam na
Constelação com sintomas ou
diagnóstico de Psicose Maníaco
Depressiva constata-se que há incesto
na família. Geralmente tal patologia
se manifesta quando a mãe seduz o
filho.
Portanto, nem sempre o incesto
acontece, mas é algo que fica

90
pairando no ar, pois há a sedução. A
doença sempre vem a serviço da vida,
e ela vem a serviço de alguém, então
é como se a psicose travestida de
mamãe dissesse para a pessoa: eu sou
a sua doença, meu filho.

19. Hiperatividade
Hoje em dia, a hiperatividade ficou
banalizada, principalmente quando se
fala do diagnóstico de TDAH
(Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade).

91
De acordo com o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014), “a característica
essencial do TDAH é um padrão
persistente de desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade que
interfere no funcionamento ou no
desenvolvimento.”
A partir da visão sistêmica, observa-
se que a maioria dos diagnósticos de
hiperatividade representam crianças
que na maioria das vezes começam a
ter um excesso de informação,

92
proveniente de todos os lados. São
crianças que são muito ligadas as suas
mães. Essas mãe são mulheres que se
separam e, então, a filha ou o filho
começam a ocupar o lugar de
cuidadores dessa mãe. Portanto, são
crianças que vigiam a mãe. Quando é
menino, ele quer entrar no lugar do
pai, no lugar do marido da mãe, e
começa a ficar tão ligado a ela que não
consegue se concentrar em outras
coisas, ele pode inclusive desenvolver
um pânico de perder a mãe. Quando é

93
menina, ela se torna uma vigia da mãe
e vai prestar atenção se a mãe está
namorando e o que a mãe está
vestindo. Assim, a menina quer se
meter na vida da mãe, quer ser a mãe
da mãe, a mãe crítica da mãe, e ela
fica tão exausta de estar nesse lugar
que na escola não consegue se
concentrar. Ademais, o modelo de
escola que temos hoje em dia ainda é
regida por moldes antigos e não tem
esse olhar sistêmico para as crianças.
Assim, eles chamam os pais e dizem

94
que a criança está hiperativa, porque a
criança não para para se concentrar.
Contudo, essa criança não se
concentra porque ela não quer olhar
para aquilo que é sério, ou quando ela
olha ela se lembra daquilo que ela tem
que tomar conta – a mãe. Assim, a
mente da criança está sempre em
vigília, e então diagnosticam a criança
como hiperativa e sem foco e a
encaminham para o medico, que
acaba receitando ritalina.
O que não se vê é que, na verdade,

95
essas são crianças que vem de
famílias disfuncionais, ou, às vezes, a
mãe e o pai não se configuram como
disfuncionais, mas por trás desse
sistema houveram pessoas
disfuncionais com as quais essa
criança vem identificada, podendo ser
um vovô ou uma vovó, por exemplo.
Contudo, o mais comum nesses
quadros, que percebi na minha
experiência, é que essa criança entra
no lugar do marido da mãe ou da
esposa do pai.

96
Além disso, a hipertividade também
pode ser vinculada a energia de crimes
passionais. Isto porque um homem ou
uma mulher, que crescem sem cuidar de
toda essa dinâmica familiar
disfuncional dentro de si, vão buscar
nos seus parceiros essa
complementação, esse excesso do outro
– “eu sou apaixonado ou apaixonada, eu
quero dar demais, eu quero receber
demais”. E essas relações excessivas
geralmente tem um fim trágico.

97
Poemas Presos
“A maioria das doenças que as
pessoas têm são poemas presos
Abscessos, tumores, nódulos,
pedras…
São palavras calcificadas, poemas
sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas,
cabelo encravado, prisão de ventre…
Poderiam um dia ter sido poema, mas
não…
Pessoas adoecem da razão, de gostar
de palavra presa.

98
Palavra boa é palavra líquida,
escorrendo em estado de lágrima.
Lágrima é dor derretida, dor
endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida, raiva
endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida, alegria
endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida, pessoa
endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor, tempo
derretido é poema.
E você pode arrancar os poemas

99
endurecidos do seu corpo
Com buchas vegetais, óleos
medicinais, com a ponta dos dedos,
com as unhas.
Você pode arrancar poema com
alicate de cutícula, com pente, com
uma agulha.
Você pode arrancar poema com
pomada de basilicão, com massagem,
hidratação.
Mas não use bisturi quase nunca,
Em caso de poemas difíceis use a
dança.

100
A dança é uma forma de amolecer os
poemas endurecidos do corpo.
Uma forma de soltá-los das dobras,
dos dedos dos pés, das unhas.
São os poemas-corte, os poemas-
peito, os poemas-olhos,
Os poemas-sexo, os poemas-cílio…
Atualmente, ando gostando dos
pensamentos-chão.
Pensamento-chão é grama e nasce do
pé,
É poema de pé no chão,
É poema de gente normal, de gente

101
simples,
Gente de Espírito Santo.
Eu venho de Espírito Santo.
Eu sou do Espírito Santo, eu trago a
Vitória do Espírito Santo.
Santo é um espírito capaz de operar o
milagre sobre si mesmo.
- Viviane Mosé

102
REFERÊNCIAS
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A3o%20se%20sabe%20ao,pr%C3%B
3prio%20organismo%2C%20%C3%B
3rg%C3%A3os%20e%20tecidos.>.

108
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110
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