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Transtorno do Estresse Pós-Traumático

O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) pode ser definido como um


distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos,
psíquicos e emocionais. Esse quadro ocorre devido à pessoa ter sido vítima ou
testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que representam ameaça a
sua vida ou a vida de terceiros. Quando ele se recorda do fato, revive o episódio como se
tivesse ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento
vivido na primeira vez. Essa recordação, conhecida como revivescência, desencadeia
alterações neurofisiológicas e mentais.

Fatores de Risco

Há diversos estudos que apontam eventos ocorridos na infância e adolescência


como fatores que tornam as pessoas mais vulneráveis ao transtorno do estresse
pós-traumático. Em geral, se encaixam situações de bullying infantil, situações de
violência doméstica, situações que passam despercebidas na escola devido a
dificuldades em adaptação (sociabilização) ou aprendizado (TDAH) e essas crianças são
estigmatizadas e ridicularizadas.

Outros fatores a serem considerados são crianças expostas a desastres naturais


e os filhos da violência urbana devido às desigualdades sociais existentesque deixam
marcas profundas. A violência social e estrutural também é sem dúvida um grande fator
responsável pelo aumento da prevalência do transtorno de estresse pós-traumático
durante o desenvolvimento na adolescência.

Sintomas de Transtorno do Estresse Pós-Traumático

Os sintomas se dividem em categorias principais:

- Reexperiência Traumática: Pesadelos e lembranças espontâneas, involuntárias e


recorrentes (flashbacks) do evento traumático-revivescência.

- Fuga e Esquiva: Afastar-se de qualquer estímulo que possa desencadear o ciclo das
lembranças traumáticas, como situações, contatos ou atividades que possam se ligar às
lembrancas traumáticas.

- Distanciamento Emocional: Diminuição do interesse afetivo por atividades, pessoas


que anteriormente eram prazerosas, diminuição de afetividade.

- Hiperexcitabilidade Psíquica: Reações de fuga exagerados, episódios de pânico


(coração acelerado, transpiração, calor, medo de morrer...), distúrbios do sono,
dificuldade de concentração, irritabilidade, hipervigilância (estado de alerta).
- Sentimentos Negativos: Sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do
perigo, perda de esperança em relação ao futuro, sensação de vazio.

Apresentação do Caso

João, sexo masculino, branco, 44 anos, 3° grau completo, gerente de banco,


separado, um filho.

Há três anos, joão sofreu um assalto na agência bancária onde era gerente
administrativo. Quatro homens armados, um deles com uma granada, entraram no
banco ameaçaram-no e agrediram-no fisicamente. Optou por abrir o cofre que tinha mais
dinheiro por medo de ser morto. Teve uma arma colocada dentro de sua boca, e ao final,
foi trancado no cofre onde ficou por cerca de uma hora. Após o assalto, sem ser
socorrido, teve de ir sozinho à delegacia.

Nos dias subsequentes, para conseguir trabalhar, passava na roleta da


agência e voltava várias vezes, muito sobressaltado, tremia e sentia calafrios.
Emagreceu 12kg em 2 meses. Desde então, não consegue mais permanecer em locais
fechados nem utilizar elevador, mesmo tendo de subir mais de dez andares. Não dirige
mais. Passou a sentir-se em permanente estado de alerta, com a impressão de estar
sendo seguido ou de que poderia acontecer-lhe alguma coisa a qualquer momento;
sente-se ameaçado, principalmente por homens negros (um dos assaltantes era
negro). O coração fica acelerado, tem dificuldade de respirar e mal-estar. Refere
pesadelos frequentes sobre o assalto e temas relacionados. Tem sensação de
insegurança quando anoitece, por isso evita sair a noite. Após o assalto, ficou
descuidado com a aparência, distanciou-se de amigos e familiares, não saía de casa,
tinha crises de choro, dificuldades de concentração e ideação suicida.

Em junho de 2002, foi encaminhado para o tratamento psiquiátrico. O psiquiatra


emitiu uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), a qual não foi aceita pelo
banco. Foi então encaminhado ao Núcleo de Saúde do Trabalhador da Secretária
Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (NUSAT) e ao Sindicato dos Bancários, e a
seguir, para o Projeto de Atenção a Saúde Mental dos Trabalhadores do Instituto de
Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PRASMET/IPUB/UFRJ), para
avaliação do nexo causal entre o quadro clínico apresentado e o trabalho.

Atualmente, apresenta melhora de humor, porém ainda tem medo de locais


fechados, insegurança, principalmente quando está sozinho. As vezes, tem a sensação
de que pode estar sendo seguido. Não consegue passar perto de carros-fortes ou
agências bancárias. Tem pensadelos e não consegue mais dirigir. Faz tratamento
psiquiátrico e psicoterápico (TCC) e está em uso farmácos, e tratamento de hipertensão
arterial sistêmica e prolapso mitrial; aprensenta antecedentes familiares de hipertensão
arterial sistêmica e cardiopatia. Recebe auxílio-doença desde outubro de 2002.
Tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático em Aconselhamento
Psicológico

O Aconselhamento Psicológico não tem "muito a contribuir" no sentindo de um


tratamento quando se tem uma patologia instalada, trata-se mais de uma coleta de
dados para entender no que pode ajudar o cliente, a acolhida, um ouvido para escutar,
alguém para "desabafar", onde para esse desabafo tenha uma escuta qualificada; que
pode levar o cliente a clarificação de situações e enfretamento para uma ação, por
exemplo.

No caso do Transtorno do Estresse Pós-Traumático o tratamento preferencial é a


Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) por ser mais efetiva, partindo do presuposto
de um objetivo de tratamento, como:

- Diminuir os sintomas;

- Previnir complicações;

- Melhorar desempenho na escola ou trabalho;

- Melhorar relacionamentos sociais e familiares;

- Tratar transtornos associados (como depressão e alcoolismo);

O tratamento é em média de 6 meses a 1 ano, complementada, em algumas


ocasiões, com o uso de fármacos como os ansiolíticos ou os antidepressivos de última
geração. Quando os tratamentos são associados, psicoterapia e o uso de
psicofármacos tem-se obtido melhores respostas terapêuticas.

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