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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA DA PROFESSOR: TULIO DE SOUSA MUNIZ


EDUCAÇÃO
ESTUDANTE: MARCELO DE PAIVA MATRICULA: 538046
RIBEIRO

O RACISMO NO BRASIL:
Muito se tem discutido, hodiernamente, acerca do racismo no Brasil e as tentativas de a
sociedade mascarar sua existência. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão e a
forma como deixou os negros a margem da sociedade pós escravidão causou grandes
marcas na população negra. No século XVI os escravos eram tratados como objetos, uma
propriedade do homem branco, mostrando dessa forma uma violência multiforme e
naturalizada que perpassou vários anos. Nesse contexto, o homem branco buscou de
muitas maneiras apagar da história a existência da escravidão por meio da eliminação de
documentos e pela propagação do mito da democracia social.
Em 14 de novembro de 1890, o Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda
Ruy Barbosa, ordenou a destruição de documentos oficiais que comprovavam a existência
da escravidão, utilizando-se do argumento de apagar da história do país esse período
vergonhoso. Além disso, havia a disseminação de que a evolução apresentada pelo país
não aparentava que houvesse ocorrido uma escravidão, demonstrada nos seguintes
versos: “Nós nem cremos que escravos outrora, tenha havido em tão nobre país”.
Destaca-se também, as correntes biológicas darwinismo e evolucionismo que pregavam
a subalternidade biológica do homem negro ao homem branco, enfatizando que nunca o
negro conseguiria alcançar o nível de evolução do homem branco, onde estudiosos
daquela época afirmavam que a inferioridade do negro era justificada pela “ossificação
precoce das suturas craneanas.” (Rodrigues, 1935, p. 389). Contudo, o renomado autor
Nina Rodrigues, um grande representante das teorias raciais no Brasil promoveu uma
interpretação condizente desse fator biológico como consequência da inferioridade, “A
ossificação será precoce, mas não prematura, pois ocorre em tempo e em harmonia com
o reduzido desenvolvimento mental de que os povos negros são dotados” (p. 389).
Outro fator a ressaltar, são as ações desenvolvidas por Nina que promoveram um novo
olhar da sociedade para o negro, defendendo a criação de dois códigos penais brasileiros
um para o branco e outro para o negro, devido as diferenças raciais causarem diferenças
comportamentais e morais, sendo inaceitável exigir ações e comportamentos semelhantes
para ambas as raças, alegando dessa maneira que a igualdade de deveres e direitos era
apenas uma ilusão.
Em defesa do mito da democracia racial, que nega a existência do racismo no Brasil, uma
“grande obra” foi escrita, Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre (1933/2003). Em
consonância, Schwarcz (1996) revela uma pesquisa sobre racismo, onde 97% dos
entrevistados declaram não ter preconceito e 98% declaram conhecer pessoas
preconceituosas, como amigos, namorados e parentes próximos. Mediante a isso,
Schwarcz afirma, “Todo brasileiro se sente como em uma ilha de democracia racial,
cercado de racistas por todos os lados” (p. 155).
Diante disso, percebemos que o racismo aconteceu fortemente nas raízes da história
brasileira e se perpetua na sociedade, sendo evidente a ação de pessoas que buscam
esconder a história e idealizar mitos de uma democracia racial. Nesse sentido, é corrente
casos de racismo no cotidiano do negro, seja explicito ou mascarado.

REFERÊNCIAS: Nunes, S. da S.. (2006). Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de


uma violência explícita. Psicologia USP, 17(1), 89–98. https://doi.org/10.1590/S0103-
65642006000100007

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