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Topicos especiais I

Alunos: Anthony Luiggy Cachatori Galvani – RGM: 12508918

Daniele Yoshinaga Fae – RGM: 8113438522

Giulia Vianna Lima Muggiati – RGM: 12565920

Resumo Crítico

A naturalização da violencia racial: Escravismo e hipercarceramento no Brasil

O artigo analisado em questão elenca pontos muito importantes para o debate


criminológico no âmbito cultural, trata desde os primórdios do sistema penal, o
imperial-escravista, que tratava o negro recém-libertado do regime escravista como
escória da sociedade, mesmo na república, a mutilação dos mesmos e a extrema
segregação era evidente, praticas sociais e politicas positivavam e naturalizavam a
violência racial e perpetuava a desigualdade. O texto demonstra a dificuldade em se
mudar essa cultura, pois, era necessário que uma pessoa a margem, conseguisse
de alguma maneira, se infiltrar na elite ou em algum cargo importante para alterar o
que ali acontecia, ou o que talvez fosse mais difícil ainda, contar com pessoas de
influência, que abdiquem de suas vantagens para alterar o que na época era
perpetuado.

A explicação de como esse fenômeno segregacionista e análogo ao tempo da


escravidão continuou ao passar de décadas, é simples, se baseia na espécie de
bolha que os operadores do direito são pertencentes, a transmissão de privilégios
entre as gerações, as vantagens que os inseridos nesse círculo de poder possuem,
ajudam a manter os pensamentos retrógrados e evidenciam a dificuldade de se
alterar os costumes já culturais da nossa sociedade, mesmo essa parcela da
sociedade ocupando mais de 50% da população brasileira de acordo com dados do
IBGE. Além desse dado, o artigo expõe dados a respeito dos magistrados e
promotores brasileiros, demonstrando que a origem dos mesmos em sua maioria é
de uma certa elite, uma casta que de geração em geração ocupa cargos importantes
na administração pública e entre outros poderes, assim como na política, onde
advogados e bacharéis em direito ocupam a terceira posição em relação a sua
ocupação entre os deputados e senadores, perdendo apenas para os
autodeclarados políticos de profissão e empresários.

O círculo vicioso da difícil permeabilidade de pessoas negras nessas seletas


carreiras jurídicas, mantêm e alimentam cenários da injustiça racial, a falta de
representação em diversos locais e posições de poder, afeta as pessoas negras de
maneira impactante, já que se sentem cada vez mais excluídos do mundo jurídico e
limita as suas perspectivas de modo geral, necessária a intervenção de pessoas que
não são inclusas nesse meio, mas que de forma empática cria maneiras de
aproximar a população negra á esses núcleos de poder.

Tratando de algo mais próximo à população, o texto aborda de maneira


enfática a discriminação pela polícia e como a abordagem policial é truculenta
quando o individuo é negro, o estudo de Silvia Ramos conseguiu apresentar como
perfil e o pertencimento racial pode influenciar na intensidade de uma abordagem,
por exemplo, e também, como aspectos culturais e espaciais podem afetar da
mesma maneira, onde a pessoa mora, cabelo e vestimenta são aspectos analisados
pelas forças policiais para identificar um possível suspeito. Pessoas negras que
sinalizam estar em uma condição de vida mais favorável ou até que sinalize riqueza,
podem sofrer com certa suspeição dos agentes de segurança pública,
demonstrando outro problema no imaginário social, de que negros não podem ter
sucesso financeiro, porque, no pensamento dos mesmos por serem de “classe
inferior” não podem fugir desse esteriótipo. O texto demonstra de forma clara que o
modelo racial brasileiro é protegido em relação ao debate jurídico, porque é herdeiro
do elitismo e hermetismo social. A hierarquia racial brasileira foi definida a muitos
anos atrás, e foi a partir dela que as estruturas do sistema jurídico foram cunhadas.

Todo o aspecto racista analisado no decorrer do artigo, nos leva até o ponto
ápice e mais evidente de toda essa segregação, o Hiperencarceramento negro, os
dados apresentados são incisivos e claros, existem muito mais negros presos do
que brancos, e em crimes parecidos, a cor de pele importa, negros ficam mais
tempo presos que brancos que cometem o mesmo delito. É elencado possível
hipótese que pode gerar esse resultado, as menores condições para se conseguir
bons defensores, de os mesmos estarem mais expostos a vulnerabilidades
econômicas e sócias, porem, ao compreender o texto, se nota que tudo isso é culpa
do próprio estado, dos legisladores que não garantiram a igualdade necessária, e
não tomaram medidas para que não se chegasse a esse nível escancarado de
racismo que existe no Brasil. As condições das celas e penitenciarias brasileiras são
insalubres, o “Estado de Coisas Inconstitucional” caracterizado pela ADPF n. 347
evidenciou as precariedades do sistema, esse que também é análogo a escravidão,
já que não se possui capacidades mínimas para que o preso tenha seus direitos
fundamentais assegurados, estando no sistema, a ressocialização é um sonho
utópico e distante, já que o “viver” no regime recluso é extremamente complexo e
desafiador, pois o preso sabe, que mesmo passando por diversas dificuldades lá
dentro, ao sair não vai receber nada em troca, além de mais preconceito e
dificuldades.

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