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O ato imposto pela força da Lei que aboliu a escravidão em 1888 no Brasil, não foi suficiente para
assegurar aos ex-agentes do trabalho escravo, condições necessárias para que pudessem ser
inseridos no mercado de trabalho assalariado. A grande maioria das/os negras/os libertas/os
ficaram reféns de seus antigos senhores ou largadas/os à própria sorte. Segundo a antropóloga
Lilia Moritz Schwarcz, “O resultado imediato dessa versão organizada e cordata de nossa
libertação foi jogar uma imensa população despreparada e pouco instruída em um processo de
competição desigual, sobretudo com a mão de obra imigrante que afluía ao país desde os anos
70 do século XIX” (SCHWARCZ, 1996, p. 158).
É dentro desse contexto, que teorias deterministas se aliam à nova ordem social e econômica
vigentes no final do século XIX e início do século XX, fazendo prevalecer a superioridade das
pessoas brancas em relação às negras e mestiças, tendo como pano de fundo as diferenças
ontológicas, apontando dentre outros aspectos que, a nação precisava se “embranquecer” a fim
de se aproximar dos ideais de desenvolvimento da época. Para que isso fosse possível, a
imigração europeia foi fortemente estimulada, pois acreditava-se que, por meio de um processo
de mestiçagem as características da “raça branca” iriam prevalecer.
Áreas como o direito e a medicina ampararam tais concepções, por meio de teorias biológicas e
legislações que sustentaram a ideologia do branqueamento brasileiro, fazendo com que a cultura
e as identidades negras fossem subalternizadas. Assim, o preconceito racial ganhou forças no
Brasil, de forma que até os dias atuais é possível observar práticas veladas (a exemplo disso, a
pouca ou nenhuma representação de negras/os em profissões de maior prestígio social) e
explícitas (a exemplo disso, homicídios e perseguições a jovens negros) de racismo contra
afrodescendentes no país.
Nesta primeira semana de estudos, convido vocês vestirem outras peles, a fim de
compreendermos a relação entre o processo de colonização brasileiro e as questões étnico-
raciais contemporâneas.
Entre a chibata e o cobertor: um debate acerca da condição social do negro no Brasil das
últimas décadas do século XIX.
FILMOGRAFIA:
https://youtu.be/LWBodKwuHCM
- Estabelecer relações entre a baixa escolaridade e a manutenção de negras e negros entre as/os mais
pobres do país.
BIBLIOGRAFIA:
FILMOGRAFIA:
https://www.youtube.com/watch?v=u1eohD50aag
- Reconhecer a importância das cotas raciais como importante ação afirmativa em favor dos grupos
excluídos do sistema educacional brasileiro.
Excluídas/os do sistema educacional, as chances de ascender socialmente, torna-se diminuta entre as/os
negras/os brasileiras/os. De acordo com o que vimos nas unidades anteriores, a maioria das/os negras/as
são pobres, consequência da baixa escolarização que possuem. João Bôsco Góis (2008) afirma que a cor
da pele possui forte influência na forma como a pobreza se constitui em nosso país, segundo ele, nascer
negro no Brasil indica grande probabilidade de crescer, viver e morrer na pobreza.
De acordo com Valverde e Sttoco (2011), as ações afirmativas, são benefícios temporários, concedidos a
grupos sociais discriminados com o intuito de promover a igualdade de oportunidade em diferentes
dimensões da vida social, em especial na educação e no trabalho. A exemplo disso, temos as cotas raciais
para acesso ao ensino superior público brasileiro e vagas reservadas a pretos, pardos e indígenas em
concurso públicos. Infelizmente, a questão ainda é cercada de incompreensões, o que pouco colabora
para que se entenda a importância dessas políticas.
Entender o que significa igualdade e equidade nos ajuda a estabelecer uma melhor relação com as ações
afirmativas e consequentemente com o sistema brasileiro de cotas raciais. Somos de fato todas/os iguais
perante os benefícios sociais, perante direitos políticos e civis, perante condições mínimas de
sobrevivência, no entanto, ao considerarmos que somos sujeitos oriundos de diferentes realidades
socioeconômicas, em especial no Brasil, em que as/os negras/os foram subalternizadas/os desde sua
chegada ao país, é de se compreender e aceitar que essas pessoas necessitam de uma maior assistência
para que se equalizem às condições das demais. Não se trata de sugerir incapacidade, tampouco
vitimização das/os negras/os, trata-se de reconhecimento de que esse estrato populacional não tem as
mesmas oportunidades que os demais, conforme vimos nas unidades anteriores.
A fim de nos afastarmos das incompreensões e de afirmações equivocadas no que diz respeito às ações
afirmativas, nesta unidade convido-as/os a conhecer os caminhos que nos levaram à efetivação das
políticas de acesso à escolarização dos grupos socialmente discriminados.
Bibliografia
Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico
de nível médio e dá outras providências
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm
Regulamenta a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso nas
universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/decreto/d7824.htm
Dispõe sobre a implementação das reservas de vagas em instituições federais de ensino de que
tratam a Lei nº 12.711
http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/portaria_18.pdf
- Identificar as principais políticas públicas educacionais produzidas para promoção da igualdade racial no
país.
- Criar uma proposta de intervenção em ambiente educacional, alinhada aos conhecimentos adquiridos
durante os estudos da disciplina.
Complementar a essa legislação, existem também inúmeras políticas públicas federais, que têm como
objetivos principais, incentivar e subsidiar práticas pedagógicas antirracistas nos ambientes escolares, não
apenas em datas pontuais, como 13 de Maio (Lei Áurea) ou em 20 de Novembro (Dia da Consciência
Negra).
É preciso entender que a “escola” como instituição que ensina por meio de práticas educacionais que
envolvem aspectos culturais, sociais e cognitivos, é um ambiente que sozinho não pode praticar
discriminação racial contra nenhum grupo social. A escola somos nós: estudantes, docentes, gestoras/res
e funcionárias/os, que ao integramos uma estrutura, reproduzimos as práticas culturais, econômicas,
políticas e sociais da sociedade na qual nos inserimos.
Nesta última semana de estudos, convido vocês a conhecerem as políticas públicas federais que foram
propostas às instituições de ensino brasileiras, assim como também identificar práticas racistas que
ocorrem no contexto das escolas brasileiras, a fim de alcançarmos uma educação antirracista, pautada nos
princípios da igualdade e da equidade.
Semana 4
Objetivos e orientações aos discentes
Ao final desta semana o discente deverá ser capaz de:
- Identificar as principais políticas públicas educacionais produzidas para promoção da igualdade racial no
país.
- Criar uma proposta de intervenção em ambiente educacional, alinhada aos conhecimentos adquiridos
durante os estudos da disciplina.
Complementar a essa legislação, existem também inúmeras políticas públicas federais, que têm como
objetivos principais, incentivar e subsidiar práticas pedagógicas antirracistas nos ambientes escolares, não
apenas em datas pontuais, como 13 de Maio (Lei Áurea) ou em 20 de Novembro (Dia da Consciência
Negra).
É preciso entender que a “escola” como instituição que ensina por meio de práticas educacionais que
envolvem aspectos culturais, sociais e cognitivos, é um ambiente que sozinho não pode praticar
discriminação racial contra nenhum grupo social. A escola somos nós: estudantes, docentes, gestoras/res
e funcionárias/os, que ao integramos uma estrutura, reproduzimos as práticas culturais, econômicas,
políticas e sociais da sociedade na qual nos inserimos.
Nesta última semana de estudos, convido vocês a conhecerem as políticas públicas federais que foram
propostas às instituições de ensino brasileiras, assim como também identificar práticas racistas que
ocorrem no contexto das escolas brasileiras, a fim de alcançarmos uma educação antirracista, pautada nos
princípios da igualdade e da equidade.
Após a leitura dos textos Implementação da Lei 10.639/2003 - competências, habilidades e pesquisas
para a transformação social (ALMEIDA; SANCHEZ, 2017) e Linguagens escolares e reprodução do
preconceito (SOUSA, 2003), observe algum aspecto relacionado à discriminação racial na realidade
escolar que você atua ou atuou, seja no âmbito das relações interpessoais ou no que diz respeito à
representação estereotipada de negras/os em painéis, festas, livros didáticos, entre outros e elabore uma
proposta de intervenção que possa ser realizada durante todo ano letivo, com vistas a promover uma
educação antirracista.