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RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO AMBIENTE EDUCATIVO

O processo de colonização brasileiro e suas implicações nas


questões étnico-raciais da contemporaneidade
Objetivos de aprendizagem da semana

Ao final desta semana a/o discente deverá ser capaz de:

- Compreender a gênese do racismo estrutural brasileiro e da equivocada compreensão de


democracia racial;

- Estabelecer relação entre as políticas de branqueamento do pós-abolição e a problemática das


questões étnico- raciais contemporâneas;

Orientação aos discentes para a semana

O ato imposto pela força da Lei que aboliu a escravidão em 1888 no Brasil, não foi suficiente para
assegurar aos ex-agentes do trabalho escravo, condições necessárias para que pudessem ser
inseridos no mercado de trabalho assalariado. A grande maioria das/os negras/os libertas/os
ficaram reféns de seus antigos senhores ou largadas/os à própria sorte. Segundo a antropóloga
Lilia Moritz Schwarcz, “O resultado imediato dessa versão organizada e cordata de nossa
libertação foi jogar uma imensa população despreparada e pouco instruída em um processo de
competição desigual, sobretudo com a mão de obra imigrante que afluía ao país desde os anos
70 do século XIX” (SCHWARCZ, 1996, p. 158).

É dentro desse contexto, que teorias deterministas se aliam à nova ordem social e econômica
vigentes no final do século XIX e início do século XX, fazendo prevalecer a superioridade das
pessoas brancas em relação às negras e mestiças, tendo como pano de fundo as diferenças
ontológicas, apontando dentre outros aspectos que, a nação precisava se “embranquecer” a fim
de se aproximar dos ideais de desenvolvimento da época. Para que isso fosse possível, a
imigração europeia foi fortemente estimulada, pois acreditava-se que, por meio de um processo
de mestiçagem as características da “raça branca” iriam prevalecer.

Áreas como o direito e a medicina ampararam tais concepções, por meio de teorias biológicas e
legislações que sustentaram a ideologia do branqueamento brasileiro, fazendo com que a cultura
e as identidades negras fossem subalternizadas. Assim, o preconceito racial ganhou forças no
Brasil, de forma que até os dias atuais é possível observar práticas veladas (a exemplo disso, a
pouca ou nenhuma representação de negras/os em profissões de maior prestígio social) e
explícitas (a exemplo disso, homicídios e perseguições a jovens negros) de racismo contra
afrodescendentes no país.

No entanto, existem teorias e discursos passados e também contemporâneos, que insistem em


afirmar a existência de uma “democracia racial” no país, amparando-se na representação de
pessoas negras em profissões com menor remuneração e piores condições de trabalho, ou
mesmo em uniões inter-raciais. No ideário da maioria das pessoas que não reconhecem a
existência do racismo estrutural no Brasil, pessoas negras e brancas detêm dos mesmos direitos
e oportunidades, são igualmente “capazes” de participar das decisões em sociedade e de viver
dignamente.

Nesta primeira semana de estudos, convido vocês vestirem outras peles, a fim de
compreendermos a relação entre o processo de colonização brasileiro e as questões étnico-
raciais contemporâneas.

Vamos juntas/os construir novos olhares!


BIBLIOGRAFIA:

Entre a chibata e o cobertor: um debate acerca da condição social do negro no Brasil das
últimas décadas do século XIX.

FILMOGRAFIA:

Vista minha pele

https://youtu.be/LWBodKwuHCM

A exclusão dos negros do processo de escolarização


brasileiro e sua relação com a pobreza
Ao final desta semana o discente deverá ser capaz de:

- Conhecer o histórico de exclusão de negras e negros do processo educacional brasileiro.

- Estabelecer relações entre a baixa escolaridade e a manutenção de negras e negros entre as/os mais
pobres do país.

A exclusão dos negros do processo de escolarização brasileiro e sua relação com a


pobreza.

Conforme vimos na unidade anterior, as negras e negros do pós-abolição não foram


amparadas/os por uma política de inclusão social que considerasse seu histórico de ex-
escravas/os, e esse fator também se refletiu no processo de construção de escolarização para
esse contingente populacional.

Ao buscarmos registros historiográficos de como se deu o processo de escolarização das negras


e dos negros no país, nos deparamos com um vazio histórico, que evidencia o quanto essa
população foi e está acorrentada à pobreza. Isso porque, existe um círculo vicioso na não
escolarização dos sujeitos: sem um grau elevado de escolarização, os sujeitos tendem a
pertencer aos estratos mais empobrecidos da sociedade, logo, não participam efetivamente dela.
E estão entre os mais pobres porque não possuem escolarização elevada.

Nesta semana de estudos, convido vocês a conhecerem um pouco do processo educacional da


população negra brasileira, o que nos ajudará também a compreender porque as negras e os
negros estão entre os mais pobres do país.

Ótima semana de estudos!

BIBLIOGRAFIA:

Mulheres negras: educação, precariedade ocupacional e profissões. In: Novas


possibilidades para se pensar o desenvolvimento (in)sustentável: acesso e permanência de
mulheres negras em cursos de graduação da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
LETÍCIA SILVA FERREIRA NOVAS POSSIBILIDADES PARA SE PENSAR O DESENVOLVIMENTO
(IN)SUSTENTÁVEL: ACESSO E PERMANÊNCIA DE MULHERES NEGRAS EM CURSOS DE
GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA)

Notas para a interpretação das desigualdades raciais na educação.

FILMOGRAFIA:

Fundamentos Históricos – A educação da população negra: Entrevista. Fundamentos Históricos – A


educação da população negra: Entrevista.

https://www.youtube.com/watch?v=u1eohD50aag

Igualdade ou equidade? Bases para compreensão do


sistema brasileiro de cotas raciais
Objetivos de aprendizagem da semana

Ao final desta semana o discente deverá ser capaz de:

- Definir equidade no contexto das relações étnico-raciais.

- Reconhecer a importância das cotas raciais como importante ação afirmativa em favor dos grupos
excluídos do sistema educacional brasileiro.

Orientação aos discentes para a semana

Excluídas/os do sistema educacional, as chances de ascender socialmente, torna-se diminuta entre as/os
negras/os brasileiras/os. De acordo com o que vimos nas unidades anteriores, a maioria das/os negras/as
são pobres, consequência da baixa escolarização que possuem. João Bôsco Góis (2008) afirma que a cor
da pele possui forte influência na forma como a pobreza se constitui em nosso país, segundo ele, nascer
negro no Brasil indica grande probabilidade de crescer, viver e morrer na pobreza.

De acordo com Valverde e Sttoco (2011), as ações afirmativas, são benefícios temporários, concedidos a
grupos sociais discriminados com o intuito de promover a igualdade de oportunidade em diferentes
dimensões da vida social, em especial na educação e no trabalho. A exemplo disso, temos as cotas raciais
para acesso ao ensino superior público brasileiro e vagas reservadas a pretos, pardos e indígenas em
concurso públicos. Infelizmente, a questão ainda é cercada de incompreensões, o que pouco colabora
para que se entenda a importância dessas políticas.

Entender o que significa igualdade e equidade nos ajuda a estabelecer uma melhor relação com as ações
afirmativas e consequentemente com o sistema brasileiro de cotas raciais. Somos de fato todas/os iguais
perante os benefícios sociais, perante direitos políticos e civis, perante condições mínimas de
sobrevivência, no entanto, ao considerarmos que somos sujeitos oriundos de diferentes realidades
socioeconômicas, em especial no Brasil, em que as/os negras/os foram subalternizadas/os desde sua
chegada ao país, é de se compreender e aceitar que essas pessoas necessitam de uma maior assistência
para que se equalizem às condições das demais. Não se trata de sugerir incapacidade, tampouco
vitimização das/os negras/os, trata-se de reconhecimento de que esse estrato populacional não tem as
mesmas oportunidades que os demais, conforme vimos nas unidades anteriores.

A fim de nos afastarmos das incompreensões e de afirmações equivocadas no que diz respeito às ações
afirmativas, nesta unidade convido-as/os a conhecer os caminhos que nos levaram à efetivação das
políticas de acesso à escolarização dos grupos socialmente discriminados.

Bibliografia
Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico
de nível médio e dá outras providências

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm

Regulamenta a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso nas
universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/decreto/d7824.htm

Dispõe sobre a implementação das reservas de vagas em instituições federais de ensino de que
tratam a Lei nº 12.711

http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/portaria_18.pdf

Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em


defesa das cotas. In: Educação e ações afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça
econômica.

Escola e Políticas públicas educacionais: rumo à uma


educação antirracista
Ao final desta semana o discente deverá ser capaz de:

- Identificar as principais políticas públicas educacionais produzidas para promoção da igualdade racial no
país.
- Criar uma proposta de intervenção em ambiente educacional, alinhada aos conhecimentos adquiridos
durante os estudos da disciplina.

Escola e Políticas públicas educacionais: rumo à uma educação antirracista.


Ao complementar Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 6.934/96, a Lei 10.639/03 tornou-se um
marco legal importante na luta contra o racismo estruturado dentro do sistema educacional brasileiro,
instituindo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nos currículos da
Educação Básica no país. Sua implementação no sistema educacional brasileiro não tem sido tarefa fácil e
indica que, o ambiente escolar é de muitos modos racista caso contrário, qual a necessidade da
existência de uma legislação que aponta a obrigatoriedade do ensino de aspectos que envolvem a cultura
das/os negras/os nas escolas brasileiras?

Complementar a essa legislação, existem também inúmeras políticas públicas federais, que têm como
objetivos principais, incentivar e subsidiar práticas pedagógicas antirracistas nos ambientes escolares, não
apenas em datas pontuais, como 13 de Maio (Lei Áurea) ou em 20 de Novembro (Dia da Consciência
Negra).

É preciso entender que a “escola” como instituição que ensina por meio de práticas educacionais que
envolvem aspectos culturais, sociais e cognitivos, é um ambiente que sozinho não pode praticar
discriminação racial contra nenhum grupo social. A escola somos nós: estudantes, docentes, gestoras/res
e funcionárias/os, que ao integramos uma estrutura, reproduzimos as práticas culturais, econômicas,
políticas e sociais da sociedade na qual nos inserimos.

Nesta última semana de estudos, convido vocês a conhecerem as políticas públicas federais que foram
propostas às instituições de ensino brasileiras, assim como também identificar práticas racistas que
ocorrem no contexto das escolas brasileiras, a fim de alcançarmos uma educação antirracista, pautada nos
princípios da igualdade e da equidade.

Semana 4
Objetivos e orientações aos discentes
Ao final desta semana o discente deverá ser capaz de:

- Identificar as principais políticas públicas educacionais produzidas para promoção da igualdade racial no
país.
- Criar uma proposta de intervenção em ambiente educacional, alinhada aos conhecimentos adquiridos
durante os estudos da disciplina.

Escola e Políticas públicas educacionais: rumo à uma educação antirracista.


Ao complementar Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 6.934/96, a Lei 10.639/03 tornou-se um
marco legal importante na luta contra o racismo estruturado dentro do sistema educacional brasileiro,
instituindo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nos currículos da
Educação Básica no país. Sua implementação no sistema educacional brasileiro não tem sido tarefa fácil e
indica que, o ambiente escolar é de muitos modos racista caso contrário, qual a necessidade da
existência de uma legislação que aponta a obrigatoriedade do ensino de aspectos que envolvem a cultura
das/os negras/os nas escolas brasileiras?

Complementar a essa legislação, existem também inúmeras políticas públicas federais, que têm como
objetivos principais, incentivar e subsidiar práticas pedagógicas antirracistas nos ambientes escolares, não
apenas em datas pontuais, como 13 de Maio (Lei Áurea) ou em 20 de Novembro (Dia da Consciência
Negra).

É preciso entender que a “escola” como instituição que ensina por meio de práticas educacionais que
envolvem aspectos culturais, sociais e cognitivos, é um ambiente que sozinho não pode praticar
discriminação racial contra nenhum grupo social. A escola somos nós: estudantes, docentes, gestoras/res
e funcionárias/os, que ao integramos uma estrutura, reproduzimos as práticas culturais, econômicas,
políticas e sociais da sociedade na qual nos inserimos.

Nesta última semana de estudos, convido vocês a conhecerem as políticas públicas federais que foram
propostas às instituições de ensino brasileiras, assim como também identificar práticas racistas que
ocorrem no contexto das escolas brasileiras, a fim de alcançarmos uma educação antirracista, pautada nos
princípios da igualdade e da equidade.

Segundo Eliane dos Santos Cavalleiro (2005, p. 13),

“O conflito e a discriminação raciais na escola não se restringem às relações interpessoais. Os diversos


materiais didático-pedagógicos – livros, revistas, jornais, entre outros – utilizados em sala de aula, que, em
geral, apresentam apenas pessoas brancas com e como referência positiva, também são ingredientes
caros ao processo discriminatório no cotidiano escolar. Quase sem exceção, os negros aparecem nesses
materiais apenas para ilustrar o período escravista do Brasil-Colônia ou, então, para ilustrar situações de
subserviência ou de desprestígio social”.

Após a leitura dos textos Implementação da Lei 10.639/2003 - competências, habilidades e pesquisas
para a transformação social (ALMEIDA; SANCHEZ, 2017) e Linguagens escolares e reprodução do
preconceito (SOUSA, 2003), observe algum aspecto relacionado à discriminação racial na realidade
escolar que você atua ou atuou, seja no âmbito das relações interpessoais ou no que diz respeito à
representação estereotipada de negras/os em painéis, festas, livros didáticos, entre outros e elabore uma
proposta de intervenção que possa ser realizada durante todo ano letivo, com vistas a promover uma
educação antirracista.

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