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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

IRIS RODRIGUES DE SALES

LEI Nº 12.711, DE 29 DE AGOSTO DE 2012 LIMITES E


PERSPECTIVAS

Recife
2014
IRIS RODRIGUES DE SALES

LEI Nº 12.711, DE 29 DE AGOSTO DE 2012 LIMITES E


PERSPECTIVAS

Pré-projeto de pesquisa apresentado a Profª.


Maria da Conceição dos Reis como cumprimento
de atividade no componente curricular Trabalho
de Conclusão de Curso I, sob a orientação de
Maria da Conceição dos Reis.

Recife
2014
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO 4

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

2.2 Específicos

3. REFERENCIAL TEÓRICO OU REVISÃO DA LITERATURA

3.1

3.2

4. METODOLOGIA

5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

ANEXOS
1 INTRODUÇÃO

As politicas de ações afirmativas como as cotas sociais e principalmente


raciais tem o objetivo de além de servir como reparação histórica em relação ao
racismo causado pelo Estado, tentar equalizar as diferenças educacionais entre a
população negra e a não negra, levando em consideração todo nosso processo
histórico, tanto da nossa sociedade, quanto em relação à educação.
Caminhando nesse sentido, antes de começar a estudar de forma mais
aprofundada a lei que rege a inserção de cotas nas universidades brasileiras datada
de 2012, mais especificamente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Vamos antes fazer um pequeno histórico de educação no Brasil, em que concerne a
população de origem africana. Passaremos primeiro pelo artigo 2° do ato oficial da
Constituição Brasileira de 1824, onde é negado a essa população o acesso a
educação e, para que em seguida passemos a nos deter no decreto Lei Nº 1331A de
1854 conhecida como reformas Couto Ferraz, que regulamentava a reforma do
ensino primário e secundário que iam no mesmo sentido de negar a pessoas de
origem escrava o ingresso na educação formal. Assim como também, trataremos de
uma outra lei de cotas que existiu em nosso sistema educacional como a Lei Nº
5.465, de 3 de julho de 1968, que garantia a reserva de 50% das vagas nas
instituições de ensino médio agrícola e escolas superiores de Agricultura e
Veterinária, mantidos pela União para pessoas oriundas de meio rural. Para
somente em seguida passarmos de fato para a lei atual.
A presente pesquisa toma como incumbência discutir a Lei nº 12. 711 de
29 de agosto de 2012 e sua implementação na UFPE, a forma de ingresso anterior a
lei; bem como apresentar um pouco da história de sua implementação, como
também, quais foram as necessidades sociais que suscitaram a sua criação e
execução. Outro aspecto a ser levado em consideração será as cotas raciais, que foi
uma reivindicação antiga do movimento negro organizado que iremos analisar se
essa reivindicação foi levada em consideração na construção e execução da lei, que
de acordo com o Prof. Dr. Jose Jorge de Carvalho(2012):
Na revista Quilombo, que foi o primeiro jornal importantíssimo, criado
no Rio de Janeiro em 1949/50. No edital, no primeiro numero da
revista Quilombo já estava a proposta que o Estado colocasse como
bolsistas jovens negros ate que o ensino fosse generalizado no Brasil,
até que a escolaridade se universalizasse.

A Lei de 2012 garante a reserva de 50% das vagas por curso e por turno
nas instituições federais de ensino superior para pessoas oriundas da rede pública
de ensino, ou seja, que tenha cursado todo o ensino médio em rede publica de
ensino. Do montante desses 50% é que serão subdivididos metade para estes
estudantes com renda bruta familiar igual ou menor de que um salário-mínimo e
meio por pessoa e a outra metade dirigida a estudantes também de escola publica,
porem com renda familiar sendo superior a esse montante acima referido, por
pessoa. Ainda nesses casos será levado em consideração o percentual mínimo que
corresponda a soma de pretos, pardos e indígenas existentes em cada estado,
levando em consideração o ultimo censo demográfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). As outras 50% das vagas permanecem para a ampla
concorrência.
Esta pesquisa é de cunho social e nesse sentido se propõe a discutir uma
nuance, ainda que limitada, devido ao curto espaço de tempo de vida da
implementação da referida lei, do caráter reparatório da politica de cotas no Brasil
moderno. Como parte de uma politica de reparação a politica de cotas precisaria
está se propondo a reparar os erros históricos no ensino superior, diante desse
estudo tentaremos perceber em que sentido caminha esta tentativa de reparação.
O tema central deste trabalho se justifica pela forte desigualdade social,
cultural presentes em nosso país, principalmente no concerne e educação, se nos
determos mais especificamente na educação superior poderemos perceber um
verdadeiro abismo tanto entre as classes, mas principalmente entre as raças. Assim
como afirma José Jorge de Carvalho (2012): “A luta pelas cotas é a maior revolução
no ensino superior no Brasil, que foi racista desde a sua constituição”. Apesar de
ostentarmos o titulo de do país da democracia racial a realidade se mostra bem
diferente para os vários troncos étnicos que compões a nossa sociedade. De acordo
com Kabengele Munanga (2010), “à véspera do Apartheid, a África do Sul tinha mais
negros com diploma de nível superior do que no Brasil de hoje”. Será nesse sentido
em que centraremos este trabalho, verificar a partir das desigualdades até que ponto
a lei de cotas está a conseguir cumprir o que lhe cabe, que é onde reside a principal
duvida em que está situada esta pesquisa. Pois as politicas publicas de reparação,
onde se situam as cotas raciais tem como objetivo a inclusão da população negra
nas universidades brasileiras, uma vez que, considerando nossa história de
escravização e seu consequente racismo, essa população foi excluída de vários
setores da sociedade, inclusive a educação.
2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar a lei de cotas Lei nº 12. 711 na Universidade Federal de Pernambuco


apontando para a ótica da inclusão social e racial a que se propõem as politicas
sociais reparatórias em que a politica de cotas está inserida, para que se nesse
sentido tentear verificar a proporção de pessoas de origem negra que conseguiram
ter acesso a esta instituição aumentaram, permanecerem ou decresceram.

2.2 Especifico

Explicitar a diferença entre as cotas reivindicadas pela sociedade civil que discutia
relações etnicorracias e as implementadas pelo governo federal.
Verificar o quantitativo de afro-brasileiros ingressos na UFPE antes e depois da
implementação da lei.
3 REFERENCIAL TEÓRICO

Todas as reflexões sobre educação no Brasil precisaria passar pelo crivo


da nossa historia e pelos aspectos sociais nela envolvidos. A menos presença
numérica de estudantes de origem negra e parda precisa merecer essa reflexão,
que esse quantitativo não determinou não se determinou devido à baixa capacidade
ou pouco interesse em ingressar no ensino superior, mas sim pela falta de
condições sociais, históricas e econômicas que impossibilitaram esse acesso.

Apesar de o Brasil ser oficialmente um país multiétnico, e perceptível ao


longo da historia e nos nossos indicadores o tratamento desigual dado aos seus
grupos. As populações negras no Brasil para conseguir galgar algum nível de
escolaridade tiveram que transpor obstáculos muito maiores que os outros grupos.
Um exemplo disso foi no inicio da formação do Brasil, em sua primeira constituição
de 1824, em seu Decreto Lei do Ministro do Império: O decreto Lei Nº 1331A de
1854 conhecida como reformas Couto Ferraz proibia a matricula e a frequência em
escolas publicas ou privadas (nessa época, escolas mantidas pela Igreja) as
pessoas que padecessem de moléstias contagiosas; pessoas não vacinadas e
escravos. Considerando que os negros libertos eram largamente considerados seres
humanos de segunda categoria e pro esse motivo transmissores de moléstias
contagiosas, nesse caso, mesmo existindo uma lei que possivelmente poderia
possibilitar esse acesso, na pratica isso não acontecia, por sua condição de negros
eram excluídos do processo educacional formal. Não existia, não foram criadas por
parte do Estado condições materiais para que esse direito fosse exercido.

Então se passarmos para o enfoque apenas de classes, as populações


não negras e pobres, desde o processo de formação do país sempre tiveram acesso
com mais facilidade a educação e, com o agravante de essa diferenciação ter sido
promovido pelo próprio Estado Brasileiro. Se considerarmos a escolarização como
alavanca de ascensão social, mais uma vez estava relegado a esse povo a
impossibilidade. Ademais, o Estado brasileiro passou décadas sem sequer discutir e
nem implementar nenhum tipo de politica de inclusão no que se refere a essa
parcela da população, aliás, manteve mecanismo que impediam-na de acesso a
instrução publica. Inclusive atualmente esse grupo ainda amarga as mais altas taxas
de analfabetismo e baixa escolaridade, isso por conta de um histórico de exclusão.
Ao contrario dos imigrantes europeus, em outro período histórico que obtiveram
politicas de apoio e incentivo.

O senso comum tem ainda um ideário de que, vivemos no país mais


democrático no que concerne ao quesito raça, mas se analisarmos com mais
atenção a nossa realidade, levando em consideração alguns condicionantes
históricos podemos perceber que essa logica não se aplica na realidade e, que não
merecemos esse titulo, o do país mais democrático racialmente. No que diz respeito
à educação não é diferente. Por exemplo, no ano de 2003 a população preta e parda
equivalia a 34,2% dos estudantes universitários, em 2010 depois da implementação
de cotas em algumas universidades esse numero foi para 40,8% indicando uma
media de crescimento de 1% ao ano, porem se levarmos em consideração apenas
os estudantes negros, os valores vão de 5,9% para 8,72%, tendo nessa parcela da
população um aumento de 47,7% nas universidades federais. Mesmo assim ainda
representa um percentual inferior a realidade, visto que, pretos e pardos
representam cerca de 51% da população brasileira.

Carlos Hasenbalg (1979) considera que a nossa democracia racial, que


ideologicamente impera em nosso país não passa de um mito e ao mesmo tempo
um aparelho ideológico que tem como função o controle social e legitima a ordem
vigente de desigualdades raciais, dessa forma impedindo que tal situação seja
encarada como questões publicas e, por conseguinte, esteja passível de
composição social no sentido de gerar mobilidade social está diretamente ligada à
sua origem étnica, e, nesse campo, a raça estabelece um critério de seleção na
promoção à educação e ao trabalho.
Igualmente a incidência de pessoas de origem negra e parda no sistema
educacional, desde os tempos idos, sempre foi muito reduzida, não exclusivamente
por fazer parte classe social mais pauperizada de nossa população, entretanto
igualmente em virtude da questão das discrepâncias de oportunidades escolares
entre brancos, pardos e negros existente em nosso país. (Gonçalves, 2000).

As cotas no ultimo período acabou por gerar discussões acaloradas no seio


de nossa sociedade, porem resgatando um pouco da história da educação no ensino
superior podemos perceber que a instituição de cotas na educação publica no Brasil
já existiu anteriormente e foi uma discussão invisibilizada, ou seja, não foi tão
polemica como as cotas para pessoas negras. Conhecida popularmente como a “Lei
do boi”, a Lei de n° 5.465 que datava de 3 de julho de 1968, garantia uma reserva de
vagas em instituições de ensino médio e superior, esta conseguiu existir por 17
anos. De acordo com essa lei era garantido 50% das vagas nas instituições de
ensino médio agrícola e nas escolas superiores de agricultura e veterinária que
fossem mantidas pela União estariam reservadas para os filhos da população do
meio rural do Brasil. Nesse sentido tinha como argumento satisfazer demandas de
formação especifica para esse setor. Para conseguir ser inserido nesse sistema era
necessário apenas os candidatos as vagas serem portadores de certificados de
conclusão de 2º ciclo expedidos por estabelecimentos de ensino agrícola.

E, ainda conforme e a lei, nas instituições de ensino médio mantidos pela


União, 30% das vagas restantes teriam preferencia os agricultores ou seus filhos,
que possuíssem ou não terras, que morassem em vilas ou cidades que não
tivessem escolas de ensino médio. Sendo necessário para isso, apenas apresentar
um certificado emitido pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agraria) que comprovasse que viviam em área rural.

Apesar de na teoria esse quantitativo estivesse voltado para filhos de


proprietários ou não de terras rurais que residissem com suas famílias no meio rural,
fica evidente perceber que os que se favoreceram com essa lei foram os filhos de
fazendeiros e grandes proprietários de terras. Por um motivo obvio, se ainda hoje o
numero de pessoas alfabetizadas ainda é muito baixo, a cerca de quarenta anos
atrás esse montante era bem menor conforme mostra tabela abaixo, bem mais atual
que a cerca de quarenta anos. A dificuldade de se continuar estudando e ter um
certificado de ensino médio ainda é ainda, nos dias atuais, muito mais dificultoso
para a área rural de que para o meio urbano. Pois, ao não considerar as condições
sociais dos camponeses e da elite rural, acabava por priorizar estes segundos.

Por privilegiar os interesses da elite rural, tal lei não sofreu tantas criticas
como as cotas raciais e nesse mesmo sentido apenas continuava a reproduzir as
desigualdades sociais, e mais reforçando-as. A conclusão que se faz imperiosa
nesse aspecto, é que, os camponeses e seus filhos não foram beneficiados.

A grande diferença entre a Lei do boi e as novas versões de leis de cotas é


que, a primeira não ia ao sentido de reparação e correção de injustiças e falta de
equidade. Em relação às leis e proposições de leis de cotas mais atuais tem em seu
objetivo, ao contrario da Lei do boi, o reparo de distorções históricas que vem
negando a população negra seu livre acesso a educação.
As distorções da aplicação da Lei do gado acabaram por não favorecer as

comunidades rurais, favoreceu na verdade foram os latifundiários e seus filhos,


facilitou o ingresso destes nas universidades publicas e excluindo os camponeses

sem posses e seus filhos por não levar em consideração as diferenças sociais entre

esses dois segmentos.

82% dos estudantes universitários estão na rede privada, os estudantes da

rede publica de ensino representa apenas 18%, e dentro dessa porcentagem é

ainda menor o numero de cotas que chegam até os negros. Ou seja, apesar de

representar cerca de 50% da população brasileira se considerarmos os números

acima os negros e pardos ainda são no serviço publico de ensino a minoria da

minoria.

Jose Jorge de Carvalho (2012)

A universidade de Pernambuco talvez seja a mais hostil às cotas, a

UFPE é muito hostil, a UPE também. (...) Ninguém é contra as cotas

para as escolas publicas, ninguém é contra as cotas para indígena, a

questão é negros, são hostis a inclusão de negros, essa é a

conclusão que se impõe.


4 METODOLOGIA

A nossa pesquisa se delimita na questão relacionada as cotas nas

universidades publicas situada entra a questão social e racial, para esse intuito essa

pesquisa de define quantos aos objetivos como exploratória, que é o tipo de

pesquisa que pretende proporcionar maior familiaridade com o problema, ou seja,

explicitá-lo. Onde vai envolver o levantamento bibliográfico. A já chamada pesquisa

bibliográfica, que é desenvolvida com base em material já elaborado, já escrito

constituído principalmente de livros e artigos científicos. Como também analítica,

pois pretende analisar e aprofundar o conhecimento da realidade o objeto estudado,

tentará explicar esse objeto.

Segundo a fonte de dados considera-se uma pesquisa bibliográfica por

precisar de fontes de dados da literatura: livros, artigos científicos, entre outros;

necessita de uma leitura atenta e sistemática e tem dentre os seus objetivos tentar

conhecer as diferentes contribuições cientificas disponíveis a respeito de nosso

objeto de estudo.

De acordo com o procedimento de coleta de dados se enquadra em

documental, pois o levantamento foi baseado em informações de documentos e

materiais já produzidos.
5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

2014/1
Meses
Atividades
1 2 3 4
Revisão X X X X
Bibliográfica
Atividade 1 Reunir X X
material
Atividade 2 X X
Coleta de dados
Atividade 3 X
Analise de dados
Atividade 4
Revisão geral
Confecção dos X X
trabalhos parciais
e finais
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.711 de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso


nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível
médio e dá outras providências. Diário Oficial da União. 30 agosto 2012; pagina 1,
seção 1.

BRASIL. Decreto Lei Nº 1331A, de 17 de Fevereiro de 1854. Aprova o


Regulamento para a reforma do ensino primário e secundário do Município da Corte.

BRASIL. lei Nº 5.465, DE 3 DE JULHO DE 1968. Dispões sobre o


preenchimento de vagas nos estabelecimentos de ensino agrícola. Diário Oficial da
União 04 julho 1968.
BRASIL. Decreto nº 63.788, de 12 de dezembro de 1968. Regulamenta a Lei
nº 5.465, de 3 de julho de 1968, que dispõe sobre o preenchimento de vagas nos
estabelecimentos de ensino agrícola. Diário Oficial da União. 27 dezembro 1968.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2008.
GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira. Negros e educação no Brasil. In:
LOPES, Eliane Maria Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia
Greive (Orgs.). 500 anos de educação no Brasil, Belo Horizonte: Autentica, 2000.
p.325-346.
HASENBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil.
Rio de janeiro: Graal, 1979.
http://www.geledes.org.br/kabengele-munanga-diz-que-politicas-de-cotas-
podem-corrigir-quadro-gritante-de-discriminacao-brasil/ acessado em 01\0602014.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa - ação. 2. ed. São Paulo:


Cortez, 1986.
---o Contatos raciais no Brasil. Revista Quilombo, Rio de Janeiro, 1(1):8,9
dez. 1948.
https://www.youtube.com/watch?v=pHo4q1IkWvo
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20032009000100006&script=sci_arttext

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