Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Num contexto brasileiro onde há uma crescente ampliação do acesso à educação para as
populações historicamente excluídas e desassistidas na oportunidade de poderem realizar seus
estudos, em nível médio e superior em instituições federais de ensino, há também um
crescimento nas discussões acerca dos significados e implicações sociais, políticas, culturais e
econômicas que esse momento histórico propicia na sociedade brasileira.
Tais discussões, especialmente acerca do acesso das populações negras 3 nas instituições
federais de ensino, trouxeram diferentes posições, por muitas vezes antagônicas e que geraram (e
1
Graduado em Geografia. Pós-graduando em História e Cultura Afro-Brasileira. E-mail: adrijose21@hotmail.com
2
Profª Orientadora. Mestre em Educação. E-mail: darleneconego@yahoo.com.br
2
O texto deste artigo compõe-se de dois capítulos que procuram fornecer ao estudo um
aporte teórico necessário para a compreensão do tema. A seguir há um capítulo sobre os
procedimentos metodológicos da pesquisa, no qual se expõe toda a proposta do estudo. A análise
dos dados é realizada utilizando-se as respostas dadas pelos estudantes, relacionando-as com a
fundamentação teórica. Por fim, são tecidas considerações finais sobre o trabalho.
Para iniciar este texto, torna-se pertinente trazer uma discussão entorno do entendimento
da educação enquanto direito social. Tal entendimento será exposto de maneira sucinta no espaço
deste artigo, apesar do autor sentir que tal questão pode ser bem mais “explorada” e
compreendida.
Na continuação do texto, o autor afirma que a garantia dos direitos sociais torna-se um
passo importante para as sociedades organizadas reduzirem os níveis de desigualdade
estruturados no capitalismo, fato que podemos relacionar com a expansão do acesso de
populações negras às instituições de ensino federais e a maneira que isso impacta nas vidas dos
sujeitos, de suas famílias, nas suas aspirações por melhores condições de vida, etc.
Para Carvalho “Os direitos sociais permitem às sociedades politicamente organizadas
reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir um mínimo de bem-
3
Optou-se de mencionar o termo “negro” no texto como opção individual do autor do artigo; o termo “negro” será
utilizado para designar conjuntamente quem se autodeclara “preto ou pardo”, segundo definição do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); utilizar o termo “negro” é uma opção política e também traz uma maior
carga histórica no seu significado.
3
estar para todos. A ideia central em que se baseiam é a da justiça social.” (CARVALHO, 2008, p.
10)
Nesse sentido, o direito à educação é fruto de muitas lutas travadas e mantidas ao longo
da História do Brasil, lutas protagonizadas por diferentes atores que desejaram níveis melhores de
vida para grupos sociais excluídos ou mal atendidos pela atuação do Estado Brasileiro.
[...] educação popular [...] é definida como direito social mas tem sido historicamente
um pré-requisito para a expansão de outros direitos. Nos países em que a cidadania se
desenvolveu com mais rapidez [...] por uma razão ou outra a educação popular foi
introduzida. Foi ela que permitiu às pessoas tomarem conhecimento de seus direitos
e se organizarem para lutar por eles. A ausência de uma população educada tem sido
sempre um dos principais obstáculos à construção da cidadania civil e
política.”(CARVALHO, 2008, p. 11, grifo nosso)
Para tanto, num estudo realizado por Guerra (2012) acerca das relações étnico-raciais no
Curso de Metalurgia do Proeja do IFES – Câmpus Vitória, no Estado do Espírito Santo, a autora
promove uma abordagem histórica da EJA a qual utilizaremos.
Citando Ribeiro (2007), a autora comenta que a partir de 1947 a EJA foi implementada,
criando-se escolas supletivas através de esforços de diferentes esferas administrativas, de
profissionais e voluntários (RIBEIRO, 2007 apud GUERRA, 2012, p. 52). Ressalva-se que nesse
período não havia o entendimento na sociedade de enxergar a EJA enquanto direito, onde
podemos aferir como sendo um contraponto ao postulado por Carvalho (2008) anteriormente.
Infere-se a partir disso: seria o Proeja fruto institucionalizado de lutas sociais históricas
por educação enquanto direito? A pergunta poderá ser mais bem respondida e compreendida num
estudo mais específico, não sendo este o objeto deste estudo.
Tendo presente a atitude política por parte do atual governo federal de ampliar e
proporcionar o acesso de populações historicamente excluídas (negros, quilombolas, indígenas,
pessoas com deficiência, etc.) a processos formativos em instituições federais de ensino, talvez
seja esse um passo institucional no sentido de se tornar uma política pública que respalda o papel
das lutas sociais na busca por direitos a educação. Pois “a luta histórica, social e política dos
movimentos sociais, universidade e fóruns de EJA pelo reconhecimento da modalidade enquanto
direito vem ganhando força e se afirmando em nível nacional e estadual” (GUERRA, 2012, p.
52).
Guerra (2012, p. 53) concorda em se enxergar a EJA como um direito, não envolvendo
somente um dito tempo certo de escolarização, mas percebendo-se nessa modalidade de educação
mais as desigualdades sociais em função de que os sujeitos adultos e jovens que retornam à
escola possuem uma história de vida com descontinuidades na infância quanto às necessidades
inerentes na vida de uma criança.
A oferta do Proeja nas instituições deve considerar a escola como uma instituição
dinâmica e potencialmente capaz de promover o desenvolvimento socioeconômico [...]
Deve-se aspirar, consequentemente, à mudança da perspectiva de vida do aluno,
sendo a escola a agenciadora da ampliação da leitura de mundo, da formação de
cidadãos críticos, através da escolarização de qualidade e da formação profissional.
(GUERRA, 2012, p. 54, grifo nosso)
Para sustentar-se, essa política pública possui uma base teórica chamada de concepções e
princípios que servem de orientação para os diferentes atores envolvidos na organização,
articulação e implementação buscarem continuamente a concretização desses postulados teóricos.
A formação integral do educando adquiri todo sentido nesse contexto, pois intenciona
integrar socialmente o educando, sendo necessária uma formação que prime pela busca contínua
de cidadãos-profissionais capazes de se compreenderem fazendo parte de uma realidade social,
política, econômica e cultura contraditória a fim de atuarem enquanto agentes transformadores da
sociedade em direção de interesses sociais e coletivos.
Os sujeitos alunos deste processo não terão garantia de emprego ou melhoria material de
vida, mas abrirão possibilidades de alcançar esses objetivos, além de se enriquecerem
com outras referências culturais, sociais, históricas, laborais, ou seja, terão a
possibilidade de ler o mundo, no sentido freireano, estando no mundo e o
compreendendo de forma diferente da anterior ao processo formativo. (BRASIL, 2007,
p. 36)
Para finalizar este capítulo, torna-se necessário também brevemente expor as concepções
e diretrizes que norteiam a atuação dos Institutos Federais no território nacional.
[...] assenta-se em outros itens [...] como estar comprometida com o todo social,
enquanto algo que funda a igualdade na diversidade (social, econômica, geográfica,
cultural, etc.) e ainda estar articulada a outras políticas (de trabalho e renda, de
7
E ainda,
Espera-se que essa breve tentativa de fundamentar este trabalho tenha trazido presente a
noção de acesso à educação como direito social; de fazer um breve histórico acerca do EJA no
Brasil; e expor algumas características entorno do Proeja e dos Institutos Federais. Enfim, tenha
auxiliado na discussão sobre o ingresso de estudantes autodeclarados negros, no sentido de
fundamentá-la e “preparar o terreno” para a análise dos questionários respondidos pelos
estudantes.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos procura-se que a pesquisa seja explicativa, pois pretende aprofundar
o conhecimento da realidade, numa tentativa do pesquisador possuir um maior entendimento
sobre o tema e que o possa explicá-lo teoricamente.
4.1.4 Objetivos
Geral:
- Proporcionar um estudo inicial sobre o ingresso de estudantes autodeclarados negros num curso
de PROEJA numa instituição federal de ensino, ora tomado como espaço educacional o IFRS –
Câmpus Canoas.
Específicos:
a) elucidar as razões motivadoras para que os estudantes escolhessem o curso em questão, como
se reconhecem enquanto sujeitos negros e como isso impacta neles mesmos e na sua (re)inserção
no ambiente educacional;
4.1.5 Justificativa
A pesquisa tem relevância por querer fomentar uma discussão sobre o ingresso de
estudantes autodeclarados negros numa instituição federal de ensino, ora tomado como espaço
educacional o IFRS – Câmpus Canoas. Pretende-se a partir da pesquisa elucidar as razões
motivadoras para que os estudantes escolhessem o curso em questão, como se reconhecem
enquanto sujeitos negros e como isso impacta neles mesmos e na sua (re)inserção no ambiente
educacional.
A partir do meu contato como servidor público na instituição com os estudantes desse
curso e através de minha atuação no setor chamado de “Coordenadoria de Assistência ao
Educando”, pelo qual é feito um acompanhamento da vida estudantil dos estudantes, percebo
com notoriedade um impacto que a reinserção de pessoas no ambiente educacional pode fazer nas
suas vidas.
9
Nesse sentido, foi feita uma solicitação ao Setor de Registros Acadêmicos do Câmpus
com a distribuição por curso e modalidade de ensino dos estudantes autodeclarados pretos e
pardos, no qual se pode verificar que proporcionalmente o Curso de PROEJA possui maior
quantidade de estudantes autodeclarados negros. Surge então uma a intenção também de discutir
as possíveis razões para que isso esteja acontecendo.
PROJETO DE PESQUISA
A pesquisa que apresento a vocês procura fomentar uma discussão sobre o ingresso de estudantes
autodeclarados negros numa instituição federal de ensino, especificamente no espaço educacional
do IFRS – Câmpus Canoas. Para tanto, apresento algumas questões para você refletir sobre elas e
assim, respondendo-as com sua opinião, auxiliar-me a também refletir melhor sobre o tema da
pesquisa.
10
___________________________________________________________________________
2) Quais foram as razões motivadoras para que você escolhesse o curso PROEJA? Quais
expectativas você tinha antes do ingresso no curso e quais possui após esse tempo já
decorrido de estudos?
___________________________________________________________________________
3) Como você se reconhece enquanto sujeito negro? Ao longo de sua vida já parou para
pensar nisso?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5) Convido você a analisar a tabela abaixo que contém dados sobre a quantidade de
estudantes autodeclarados negros (pretos e pardos) matriculados nos cursos do IFRS –
Câmpus Canoas. Os mesmos foram fornecidos pelo Setor de Registros Acadêmicos da
instituição. O que você percebe nesses dados?
Pretos Pardos Total de negros* por curso
Integrado em Administração 3 4 7
Integrado em Informática 2 5 7
PROEJA 14 8 22
Subsequentes em Informática 1 0 1
Superior em Análise de Sistemas 0 1 1
Superior em Automação Industrial 2 7 9
Superior em Logística 10 5 15
TOTAL 62
* Para fins do estudo, pretos e pardos serão considerados "negros".
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11
Para analisar as respostas optarei por dividir a problemática de pesquisa no que ora
chamarei de “eixos”: a) razões motivadoras e escolhas envolvidas; b) mudanças de vida
percebidas; c) reconhecimento enquanto sujeito negro.
A relação dos sujeitos com o aprendizado tornou-se evidente quando relacionam suas
trajetórias de retorno aos estudos com possibilidades de se “ter melhor conhecimento”, com a
“vontade de aprender mais”. O acesso à educação aparece como um canal motivador para ter-se
formação e concluir os estudos no ensino médio, reforçando a ideia de educação enquanto direito
social sendo necessária a sua garantia de oferta e meios de ingresso pelo Estado aos sujeitos que
12
não tiveram condições e/ou oportunidades nas idades regulares para tal, como transparece na fala
de uma estudante quando diz que “não tive oportunidade quando moça”. O atendimento a esse
direito gera a “expectativa de futuro melhor”, tornando-se meio de “realização pessoal” para os
estudantes. Por outro lado, não fica claro nas suas falas se possuem um entendimento de que a
educação é um direito que está sendo garantido através e não meramente oportunizado. Mesmo
assim, tais falas vão de encontro com a proposta dos Institutos Federais (BRASIL, 2008) de
proporcionar, a sua maneira, mudanças na qualidade de vida dos sujeitos aliado a uma formação
profissional e tecnológica de qualidade, geradora de certa “tranquilidade dos estudos”.
Para alguns estudantes, a partir de suas falas, percebe-se que as mudanças percebidas nas
suas vidas transparecem quando afirmam que o ingresso num curso de uma instituição de ensino
foi uma oportunidade agarrada “com as duas mãos”, trazendo um sentimento que faz “me sentir
realizada no IF”, apaixonada “por estudar no IFRS”. O retorno aos estudos para o estudante de 67
anos “foi muito bom”, pois “não esperava que meus colegas fossem aceitar como pessoa com
idade avançada”. Outra fala de uma estudante trouxe uma perspectiva de mudança percebida na
vida dela quando diz que sua presença no ambiente educacional a “faz ter uma importância maior
no convívio social”. Aliado a essa fala, outra estudante menciona sua volta a estudar como “um
impacto muito grande, um passo muito importante na vida”. Tais falas parecem que concretizam
as afirmações propositivas contidas no Documento Base do Proeja (BRASIL, 2007), nas
concepções e diretrizes dos Institutos Federais (BRASIL, 2008) e nas ideias defendidas por
Guerra (2012, p. 54) quando afirma que a oferta do Proeja nas instituições deve “aspirar [...] à
mudança da perspectiva de vida do aluno”.
Por último, no eixo reconhecimento enquanto sujeito negro, exponho ora as falas inteiras
com as opiniões dos sujeitos num entendimento de que fazer isso é importante nesta escrita e ora
serão descritas partes das opiniões a fim de tentar exemplificar a relação delas com a perspectiva
deste trabalho.
“Eu me reconheço como negra sim e sempre penso que, apesar de todo o
preconceito enfrentado, ainda assim, tenho muito orgulho de minha
etnia”. (Estudante mulher, negra, 44 anos)
Por outro lado, numa fala do estudante de mais idade se pode perceber também a carga
opressora e preconceituosa acerca da presença de negros na sociedade brasileira. Diz ele,
preservando-se sua forma de escrever:
“Não penso mas observo muito, eu tenho cargo de chefia e noto quando
‘tou’ e um branco junto ‘nuca’ ninguém chego para mim e perguntou que
é o chefe sempre chega para o branco e pergunta e o ser que é o chefe, eu
sempre me orgulho de ser negro foi meu pai que sempre ensinou respeito
todos mas ande sempre de cabeça erguida”. (Estudante homem, negro,
67 anos de idade)
Tal cotidiano presente na vida desse estudante, e também de muitos outros brasileiros
negros, diz muito de racismo “encoberto”, sutil, que por vezes é encarado como sem importância,
mas que na verdade revela muito mais do que parece: revela uma sociedade que enxerga-se como
‘natural’ ter tais visões de superioridade/inferioridade, de capaz/incapaz, de digno de estar e fazer
parte de uma universidade ou instituto federal somente pelo fato do acesso à educação ser um
direito. Além disso, envolve-se todo um arcabouço de reações que a população negra sente
quando se depara com situações conflitantes como esta, de sofrer com o preconceito.
Na fala desse mesmo estudante, pode-se trazer presente outra questão relacionada com o
reconhecer-se negro na sociedade brasileira. Essa questão do questionário trazia um quadro
comparativo contendo dados sobre a quantidade de estudantes autodeclarados negros (pretos e
pardos) matriculados nos cursos do IFRS – Câmpus Canoas. Proporcionalmente, o número
coletados sinalizam que a presença de negros autodeclarados é maior no curso do Proeja,
totalizando cerca de vinte e dois estudantes matriculados no ano de 2013. A resposta do referido
estudante foi a seguinte:
“No meu meio de pensar falta escola técnica pública, o 2º grau colegial e
o negro tem que trabalhar para sustentar nos estudo com o 2º grau o
salário é muito pouco e um curso técnico só pago”. (Estudante homem,
negro, 67 anos de idade)
Outra estudante traz uma opinião ímpar, a qual não havia até então pensado que poderia
surgir nas respostas:
A partir dessa visão se pode vislumbrar outra questão para se pesquisar: será que
estudantes dos outros cursos têm algum receio de se autodeclararem negros? Tal pergunta,
14
infelizmente, não poderá ser discutida da forma que merece. Ela acaba trazendo outros possíveis
questionamentos: aqueles sujeitos negros já formados no ensino médio possuem condições
contextuais que possibilitem os estudos num curso superior? Reconhecem-se capazes de
frequentar uma instituição pública de educação? Jovens negros possuem condições estruturais e
reconhecem-se enquanto pessoas capazes de ingressar num curso técnico integrado ao ensino
médio? Há incentivo e/ou aproximação da instituição em relação a esse público?
Outra estudante traz uma faceta um tanto mais esperançosa relacionada a essa questão.
Nota-se o que ela escreve:
“Essa quantidade não se pode afirmar que é por falta de interece. [...] o IFRS
não é ‘conhecido’ por enquanto muito pouco pessoas procuram os cursos. Mas
[...] tenho certeza que querer é poder e não é a cor da pele que faz o tamanho
da nossa vontade. E com certeza a procura vai aumentar muito”. (Estudante
mulher, negra, 39 anos)
A expectativa de continuar os estudos num curso superior a partir do ingresso num curso
de qualidade como o Proeja, numa perspectiva de empoderamento envolvendo expectativas, está
presente na última fala que apresento:
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este artigo, encaro isso com um misto de sentimentos que envolvem o ato de
refletir e o ato de trazer na escrita o resultado dessa reflexão.
O presente trabalho, na sua temática, somente ganhou força devido à minha inserção e
acompanhamento como servidor público federal no IFRS – Câmpus Canoas. O contado por
muitas vezes diário facilitou o estudo. Disso se pode aferir que o engajamento do pesquisador se
faz necessário nesse sentido e, no meu entendimento, produz frutos bons quando se consegue dar
certa voz aos estudantes. Por outro lado, percebo que os procedimentos metodológicos da
pesquisa poderiam ter sidos encaminhados procurando envolver mais o contato do pesquisador
com os sujeitos envolvidos na pesquisa, por exemplo, através de rodas de conversa sobre
questões da pesquisa a fim de proporcionar um conjunto reflexivo no qual os estudantes
pudessem expor suas opiniões, ouvir as dos outros colegas e discutirem os diferentes olhares
envolvidos de enxergar a temática. Porém isso não foi possível neste estudo.
15
Outra consideração se refere ao fato de que o presente estudo precisa e deve ser
aprofundado e ampliado utilizando-se de outros referenciais teóricos, procedimentos
metodológicos diferenciados. O campo de pesquisa entendido como o “terreno” onde as
instituições federais de educação concretizam sua atuação poderia também ser outro.
Por fim, pôde ser observado e de certa maneira internalizado no pesquisador como foi e
ainda é importante para os estudantes envolvidos nesta pesquisa fazerem parte de um processo
formativo e educativo num Instituto Federal de Educação. Acredita-se que estudar o ingresso a
partir de um recorte étnico-racial num instituição federal de ensino traz muitas possibilidades de
evidenciar as motivações envolvidas, trazer à tona especificidades importantes desse público e
que podem servir de subsídio no necessário reinventar-se das propostas curriculares e
institucionais que regem a vida acadêmica das instituições.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 10ª ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2008.
OLIVEIRA, Fátima. Ser negro no Brasil: alcances e limites. Estudos Avançados [online]. 2004,
vol.18, n.50, pp. 57-60. ISSN 0103-4014.