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12 a 17 de julho de 2021
UFPA – Belém, PA
Introdução
O ingresso de indígenas nas universidades ainda ocorre em passos curtos,
em locais isolados, pois ainda são poucas as Instituições de Ensino Superior (IES)
que ofertam políticas voltadas para a inclusão de indígenas como estudantes de
graduação e de pós-graduação. Dentre estas universidades destacam-se na região
Norte, por exemplo, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade
Federal do Pará. Diante disso, buscamos compreender a partir da realização de
entrevistas e conversas informais, agregar ao estudo da bibliografia pertinente,
como se dá o processo de inserção destes e destas estudantes via Processo
Seletivo Especial na UFPA.
Além de investigar quais são os desafios que enfrentam ao longo do curso
de graduação e como os enfrentam, intencionamos estabelecer o diálogo a fim de
reconhecer quais os procedimentos e estratégias que acionam para superam tais
desafios. Devido ao contexto da pandemia da Covid-19, utilizamos o uso da
etnografia no ciberespaço para realizar as conversas e entrevistas. Procuramos
compreender como pensam, vivenciam e dizem a respeito destes impasses na
universidade e também nos seus cursos. Vale salientar que, apesar de as políticas
afirmativas para acesso de povos indígenas, quilombolas, pobres e negros terem
se afirmado e serem uma realidade, a lógica elitista é estrutural nesse espaço de
convivência. Portanto, silêncios são constantes, o que nos leva à utilização de
maior tempo para estabelecimento de confiança para que o diálogo se coloque
como a forma de mediação desta interlocução.
Nestes tempos de pandemia, o diálogo passou a ser mediado via redes
sociais, aplicativos de aparelhos celulares e, raramente, entrevistas presenciais
com indígenas estudantes que permaneceram no município de Belém.
Evidenciou-se neste estudo que vários são os desafios enfrentados por
indígenas estudantes na UFPA. Desde o racismo decorrente das estruturas sociais
desiguais do Brasil, passando pelo racismo em suas várias manifestações no
contexto dos cursos de graduação. Dificuldades econômicas para a permanência
nos cursos são superadas diante do movimento indígena organizado em formato
de associação estudantil. Além disso, as estratégias contam com a adesão
institucional da administração superior e de algumas docentes que organizam
projetos e ações para dar suporte a estes estudantes. Ao longo deste artigo, serão
apresentados os resultados deste estudo que está em curso, trazendo os
elementos que contribuem para conclusões parciais acerca da trajetória desta
política de ação afirmativa.
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
-
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Norte 2.042 2.320 3.836 4.885 8.315 12.747 15.509 14.573
Nordeste 2.762 2.864 3.558 4.765 9.307 19.360 21.673 21.583
Centro- Oeste 815 918 1.454 2.612 3.279 3.884 4.241 5.096
Sul 777 814 931 1.623 1.974 2.354 2.624 3.151
Sudeste 3.360 3.366 3.908 8.124 9.272 10.681 12.703 13.302
82
27 30
21
1 3 1 1 6 3 9 1 2 2 1 12 4 8 1 2 1 3 3 2 3 3 1 14 1 3 2
XYKRIN
HEXKARIANA
KURUAYA
BANIWA
ARARA
KARAJÁ
PIRATAPUIA
XAKANYWA
TAPAJÓS
TEMBÉ
XERENTE
TUKANO
BARÉ
KARIPUNA
PARKATÊJÊ
KAXYUANÃ
GUAJAJARA
AMANAYÉ
ARAPASSO
GUARANY
ASSURINI
MANOKI-IRANTXE
WAIANA APALAÍ
ANAMBÉ
GAVIÃO DO MARANHÃO
KYIKATÊJÊ
WAI-WAI
XIPAYA
JURUNA
JERIPANKÓ
MUNDURUKU
Referências:
ASSIS, Eneida Corrêa de. Direitos Indígenas num Contexto Interétnico: quando a
democracia importa. Tese de doutorado, IUPERJ: Rio de Janeiro. 2006.
BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. Índio Brasileiro: o que você precisa saber
sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: MEC/LACED/Museu
Nacional. 2006.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos Sociais e luta por moradia. Editora Loyola,
São Paulo, 1991.