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Título:

Duas décadas de ações afirmativas no ensino superior e uma da Lei de Cotas

Resumo:

Como respostas às reivindicações históricas dos movimentos sociais negros, no limiar do


século XXI, o Brasil conheceu suas primeiras medidas de ações afirmativas direcionadas ao
ensino superior brasileiro. Tais iniciativas são originárias no estado do Rio de Janeiro com as
experiências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), na Bahia com a universidade do Estado da Bahia
(UNEB), no Mato Grosso do Sul com a Universidade do Estado do Mato Grosso do Sul
(UEMS), e no Distrito Federal com a Universidade de Brasília (UNB). Durante a primeira
década deste século, as ações afirmativas foram aprovadas na maioria das universidades
públicas brasileiras. Por certo, a adoção deste tipo de política pública não foi pacífica. Foi
alvo de muitas críticas e contestações. Foi, no entanto, em 2012 que o cenário se abrandou,
em decorrência do julgamento pela constitucionalidade das cotas raciais, por parte do
Superior Tribunal Federal. Somando-se ao Estatuto da Igualdade Racial de 2010, abriu-se às
portas para a aprovação da Lei n. 12.711, conhecida por Lei de Cotas. Passadas duas décadas
de ações afirmativas no ensino superior e uma da Lei de Cotas, é momento oportuno para
realizar um balanço dos resultados alcançados, e refletir acerca dos obstáculos que ainda as
rodeiam. É, pois, este o foco desta Sessão Temática que pretende reunir reflexões sobre o
estágio atual das ações afirmativas e da Lei de Cotas, seja no acesso, na permanência ou na
gestão da política. Serão acolhidos estudos e pesquisas que abordam estas temáticas sob
variados prismas, com ênfase naqueles que possam servir de subsídios para a avaliação
destas políticas públicas.

Justificativa da relevância do tema:

A adoção das ações afirmativas no ensino superior e técnico de nível médio no Brasil, vem
revolucionando estes níveis de ensino, especialmente, o superior, historicamente
excludente. Tais iniciativas buscam romper com este caráter elitista por meio da focalização
de segmentos sociais com histórico de exclusão. Ademais as ações afirmativas figuram na
agenda de reivindicações do movimento social negro como estratégica. Para esse segmento
social, desde longa data, a educação foi/é vista como uma alternativa para a mobilidade
social.

Não foi fácil convencer o Estado brasileiro de que as ações afirmativas, particularmente as
de recorte racial deveriam ser incorporadas à nossa realidade. As resistências partiram de
múltiplas frentes, por parte de agentes políticos, intelectuais, meios de comunicação, e das
próprias instituições, seja por docentes, discentes, técnico-administrativos e seus gestores.
Foi a mobilização, resiliência e articulações dos movimentos negros fatores determinantes
na sua “aceitação”.

Hoje “consolidadas”, as ações afirmativas ainda são alvos de resistências e boicotes, mesmo
estando concretizadas na forma de leis. Examinar se os efeitos destas medidas vem
cumprindo o seu intento, qual seja, garantir o acesso, a permanência e o êxito à população
negra e demais grupos beneficiários é uma tarefa imperativa.

Reside aí a relevância e importância da realização de um Sessão Temática como esta, no VII


Encontro Nacional de Neab, Neabi e Grupos Correlatos da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica, e no VII Encontro de Relações Raciais e Sociedade (VII ENNEABI e
VII ERAS).

É signatária da proposta, a Área Científica: Políticas e Ações Afirmativas da Associação


Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores Negras e Negros, por meio de uma
pesquisadora vinculada à UNB que foi a instituição pioneira entre as universidades federais a
adotar uma política de ação afirmativa. Figuram ainda como propositores, dois
pesquisadores das Universidades Federais do Paraná e de Ouro Preto, a primeira que
implementou esta modalidade de política em 2004 e a Ufop que foi a segunda em Minas
Gerais a fazê-lo, no ano de 2008. Com isso, a proposição contempla o critério de diversidade
de gênero e regional por parte da autora e autores.

Referências:

BRASIL. Lei nº. 12.711, de 29 de agosto de 2012a. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras
providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br>; Acesso em: 20 abr. 2023.

CERQUEIRA, C. ; SANTOS, M. H. ; FILICE, RENÍSIA CRISTINA GARCIA . Desigualdades sociais e


medidas de ação afirmativa. https://doi.org/10.22355/exaequo.2021.44.00, v. 44, p. 9-17,
2022.
SANTOS, Adilson Pereira dos. Gestão universitária e a Lei de Cotas, 1. ed. Curitiba/PR:
Appris, 2020. 260.

SILVA, Paulo Vinicius Baptista e BORBA, Carolina A. Políticas Afirmativas na Pesquisa


Educacional. Educar em Revista, v. 34, p. 151-191, 2018.

Proponentes:

Adilson Pereira dos Santos, Doutor em Educação, Universidade Federal de Ouro Preto; Rua
Desidério de Matos, 204 casa 5, Alto da Cruz, Ouro Preto/MG, (31) 98797-3774,
adilson.santos@ufop.edu.br

Paulo Vinicius Baptista da Silva, Doutor em Educação Universidade Federal do Paraná, Praça
Santos Andrade, 50 - Centro, Curitiba - PR, (41) 98504-5437, pauloviniciusufpr@gmail.com

Renisia Cristina Garcia Filice, Universidade de Brasília, Doutora em Educação, SQN 412, Bloco
K, apto 205, (61) 98221-4888, renisiaguatavo@gmail.com

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