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Universidade Federal de Santa Catarina

As ações afirmativas nos Programas de Pós- graduação da UFSC

Relatório final de atividades

Pibic/ BIPI/ UFSC 2022/2023

Bolsista: Sara de Sousa Lima

Orientadora: Pro. Dra. Joana Célia dos Passos

ABRIL DE 2023
Resumo
O presente relatório apresenta os resultados parciais da pesquisa Ações Afirmativas nas Pós-
graduação da UFSC, no campus de Florianópolis, com o intuito de contribuir para a
construção de indicadores que possibilitem avaliar essas políticas. A pesquisa contou com
amostras de 21 Programas, dentre 9 áreas de conhecimento da universidade. Optou-se por
analisar inicialmente os editais que já adotavam as ações afirmativas anterior a Resolução
Normativa N. 145,2020/CUN que instituiu e normatizou as políticas de ações afirmativas, em
seguida foi analisados os editais anteriores e posteriores a resolução. Nas análises iniciais, foi
observado que as ações afirmativas dos PPGs selecionados, estavam mais voltadas para o
ingresso de estudantes atendidos pelas cotas, sobretudo negros/as e indígenas, e menos para a
permanência dos mesmos. As análises comparativas dos editais anteriores e posteriores a
resolução apontaram algumas mudanças significativas nos Programas da amostra, como a
ampliação dos grupos atendidos, as reservas e distribuição de bolsas, alterações nos processos
seletivos, presença de banca de heteroidentificação. A análise também apontou para PPGs
que não estavam cumprimento todas as exigências determinadas na resolução, assim como
identificou a pouca oferta e prioridade de bolsas para o público das ações afirmativas.
Palavras- chave: ações afirmativas; pós-graduação, cotas raciais.

Introdução
As ações afirmativas são resultado das lutas dos movimentos sociais, sobretudo, dos
movimentos negros. São essas lutas que vão beneficiar não somente a negros, mas, estudantes
de escolas públicas, indígenas, pessoas com deficiência, travestis, transexuais, refugiados, etc.
(PASSOS, CRUZ, MWEWA, 2014). Foi somente após a participação da delegação brasileira
na III Conferência Internacional sobre Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as
Intolerâncias Correlatas, ocorrida em 2001, na cidade de Durban, na África do Sul, que o debate
se fortaleceu. A partir disso, diversas universidades públicas adotaram as ações afirmativas
pelo sistema de cotas. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade
Estadual do Norte Fluminense (UENF) inauguraram o sistema de cotas por exigência da Lei
Estadual 3.708. Seguiram-se a essas a Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e a
Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UFMS), em 2002, e a Universidade de Brasília
(UnB), em 2003. As experiências iniciais dessas universidades foram fundamentais, não só
porque ousaram e comprovaram a viabilidade das cotas, mas, porque pautaram e assumiram o
debate público sobre as desigualdades raciais, o racismo e a importância das ações afirmativas
na sociedade brasileira tendo como base a autonomia universitária (PASSOS, 2015).
Passados 20 anos da primeira iniciativa de ações afirmativa no ensino superior no Brasil,
em que pesem os tensionamentos elas vão se consolidando como política de Estado em
consonância direta com as reivindicações dos movimentos sociais negros. As mudanças são
perceptíveis, principalmente, porque alteram de forma efetiva e profunda a vida das pessoas
beneficiadas por essa política, bem como seus grupos familiares e comunidades.

As universidades estão mais plurais e democráticas, mas, não menos conflituosas e


desafiadoras. Paradoxalmente, as transformações sociais, econômicas e culturais, também
carregam contradições intrínsecas aos seus processos, sobretudo, quando a política pública tem
como forte opositor o racismo. As ações afirmativas colocaram em pauta uma série de questões
sobre a universidade pública e sobre as relações raciais na sociedade brasileira. Trazem à cena
uma discussão que não pode mais ser adiada: o papel da universidade frente aos desafios
contemporâneos e a sua efetiva democratização. Já não é mais possível ignorar o impacto
positivo dessa política no interior das universidades, até então, um espaço tradicionalmente
reservado, sem qualquer constrangimento, à elite política, econômica e cultural (PAIVA;
ALMEIDA, 2010).

Na UFSC, lócus dessa pesquisa, as políticas de ações afirmativas se tornaram pauta em


2006[1] com a criação da comissão responsável por elaborar uma proposta de ingresso para
negros, indígenas e estudantes de escola pública no ensino superior, a partir do vestibular de
2007. Em 2008, ingressaram os(as) primeiros(as) estudantes cotistas. Com isso, a UFSC se
torna pioneira no Estado e em 11 anos mais de 11 mil estudantes ingressaram por essa
modalidade (SAAD, 2019).

A pesquisa que aqui vem sendo realizada tem as ações afirmativas na pós-graduação
como objeto, por acreditarmos que essas políticas possibilitam enfrentar o racismo acadêmico
e epistêmico, pois, tensionam com práticas e epistemologias eurocêntricas ainda existentes
nesse meio e, porque urge a formação de intelectuais negros e negras que possam ingressar
como docentes nas universidades públicas.

Desde o final da década de 1990, já́ havia um debate, ainda que incipiente, a respeito do
acesso de negros/as à pós-graduação (CARVALHO, 2003). Em 2002, a Universidade Estadual
da Bahia (UNEB) estabelece uma política de ação afirmativa para ingresso de negros e
indígenas em cursos de pós-graduação de ensino superior. (CARVALHO, 2005).
Demonstrando que as medidas de ações afirmativas para a pós-graduação foram discutidas
concomitantemente às políticas para a graduação.
O “Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford”, criado em
2001, e o “Programa de dotações para mestrado em direitos humanos no Brasil”, criado em
2003 e coordenado pela Fundação Carlos Chagas são consideradas as primeiras iniciativas de
inclusão de candidatos pertencentes a grupos sub-representações na pós-graduação
(Rosemberg, 2013; Santos, 2005).

Mas, somente a partir de 2012 que as ações afirmativas na pós-graduação passam a ser
discutidas e propostas com mais expressão. O Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Social do Museu Nacional (PPGAS-MN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
se tornou então, uma referência no debate sobre ações afirmativas para pós-graduação ao
começar a discutir uma política em 2007 e aprová-la em 2012 (VENTURINI, 2017).

Ao consultarmos a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), localizamos 3


pesquisas sobre as ações afirmativas na pós-graduação, duas são estudos de caso de programas
específicos (VENTURINI, 2017; BEZERRA, 2020) e uma estuda o caso de uma universidade
(BEÚ, 2015). No Google Academicus, localizamos um artigo (Vanalil e Silva, 2019). Os
demais estudos, foram localizados em coletâneas e institutos de pesquisa.

Anna Carolina Venturini em “Formulação e implementação da ação afirmativa para


pós-graduação do Museu Nacional” (2017), destaca em sua pesquisa a importância da
participação conjunta de estudantes e professores/as na elaboração e discussão da proposta,
assim como, o fato de se terem levado em consideração as barreiras enfrentadas por negros e
indígenas no ingresso à pós-graduação e o papel do processo tradicional de seleção na
manutenção dos obstáculos a esses grupos. Para a autora, é insuficiente que os programas
apenas criem mecanismos para ingresso desses grupos na pós-graduação, sem a formulação de
políticas de permanência.

A pesquisa de Kelly Martins Bezerra “Universidade de Brasília, para quê? e para quem?
Um estudo sobre as ações afirmativas para negros(as)no Programa de Pós-Graduação em
Direito da Unb” (2020) analisa o processo de implantação das ações afirmativas no âmbito do
Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília (PPGD-UnB). O objetivo
foi conhecer quais os possíveis efeitos e impactos da implementação das ações afirmativas no
referido Programa. Como procedimento metodológico foi realizada análise documental dos
processos seletivos, atos, resoluções e registros do PPGD, além de entrevistas com professores,
técnicos e estudantes oriundos e participantes do processo e do sistema de cotas do Programa.
A pesquisa evidencia a importância de articular políticas de ingresso às políticas de
permanência. Os dados apresentados indicam que o objetivo das ações afirmativas na pós-
graduação de garantir o ingresso e ampliar a representação de estudantes negros(as) no
Programa não tem sido alcançado em sua potencialidade.

O estudo, “Ações afirmativas na pós-graduação stricto sensu: análise Universidade


Federal do Paraná” (2019), de Crhistina Vanalil e Paulo Vinícius Baptista da Silva, discute a
distribuição por cor/raça de docentes e discentes dos programas de pós-graduação stricto sensu
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), analisando a extensão da hegemonia branca e em
que medida a população negra conseguiu ascender ao espaço da pós-graduação. Vanalil e Silva
(2019) concluem que que nos três níveis acadêmicos (doutorado, mestrado acadêmico e
mestrado profissional), há sub-representação da população negra nos corpos discente e docente.
No corpo docente, espaço de poder acadêmico, a sub-representação de negros é maior e sua
presença é residual ou praticamente inexistente em alguns programas. O que demonstra alta
desigualdade racial nos programas de pós-graduação stricto sensu da UFPR.

“Ações afirmativas para a população negra em programas de pós-graduação:


aprofundando a questão da Universidade de Brasília” (2015), pesquisa realizada por Rivany
Borges Beú, se propôs a analisar as ações de ampliação do acesso da população negra a
programas de pós-graduação stricto sensu da Universidade de Brasília no período 2004 a 2015.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória cujo percurso metodológico reúne pesquisa
documental e entrevistas semiestruturadas. Como resultado, o autor conclui que a UnB esteve
omissa em relação à política institucional de ampliação ao acesso da população negra nos
cursos de pós-graduação, sendo que apenas quatro unidades acadêmicas seguem na vanguarda
com suas iniciativas isoladas.

Artes (2013) em pesquisa que analisou a distribuição por sexo e cor/raça dos ingressantes
nos cursos de pós-graduação, constatou a partir dos censos demográficos 2000 e 2010 que a
ampliação do acesso aos cursos de graduação no ensino superior no Brasil tem aumentado e
diversificado o perfil nesse nível de ensino. Em relação ao sexo, as mulheres que já constituíam
a maioria dos estudantes de pós-graduação em 2000, ampliaram sua participação relativa de
51,0% para 53,4%. No que se refere à cor/raça, entre 2000 e 2010 os negros aumentaram sua
participação em 194,6%. Os negros representavam 13,2% do total de estudantes em 2000,
passaram a ocupar 24,9% das vagas na pós-graduação.

Marcelo Paixão (2010) a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios (PNAD) nos informa que em 1988 apenas 7% dos pós-graduandos stricto sensu no
Brasil eram negros. Vinte anos depois, em 2008, esse número passou para 20%. Apesar do
significativo aumento, o autor alerta que, se considerarmos que o acesso de estudantes negros
aos cursos de graduação correspondia a 35% do total em 2008, percebe-se que há uma barreira
para o grupo de graduados negros passar para a pós-graduação. Os dados apresentados por
Rosemberg e Madsen (2011), referentes ao período 2003-2009, também apontam 76% de
estudantes de pós-graduação brancos e 22% de negros, o que indica que os(as) negros(as) estão
sub-representa-dos(as) na pós-graduação stricto sensu nas universidades brasileiras.

Do mesmo modo, a pesquisa “Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico


científica brasileira” informa que, do total de mestres e doutores, apenas 14,5% são negros,
revelando nesse início de século a desigualdade entre os grupos étnico-raciais brancos e negros
nesse nível de ensino. O estudo revela também que entre 1998 e 2007 o número de portadores
de titulação de mestres e doutores cresceu menos para os brasileiros(as) de cor branca (121%),
do que para pardos (188%) e para pretos (233%). O que significa que mesmo os negros
crescendo mais na Pós-graduação, ainda assim, as desigualdades entre os grupos permanecem.

De maneira semelhante, um estudo mais recente realizado por Oliveira (2017) continua
confirmando a sobre representação de pós-graduandos brancos (mais de 70%) em relação aos
negros (menos de 25%) e indígenas (menos de 1%) nos PPGs das instituições públicas e
também privadas de ensino cadastradas na plataforma Sucupira. Contudo, a pesquisa
identificou uma perspectiva de mudança, ainda que tímida, no perfil dos discentes, tendo em
vista que das sete IES que responderam à pesquisa, seis já haviam adotado políticas de Ações
Afirmativas em seus processos seletivos para a pós-graduação, com apoio de instrumentos
jurídicos recentes (de 2014 a 2018), como resoluções e instruções normativas de suas reitorias
e/ou colegiados. Em relação aos programas de pós-graduação, isso significa que 536 dos PPGs
consultados confirmaram a adoção de algum tipo de AAs, enquanto 72 deles ainda não.

Porém, o estudo revelou também que em nível de doutorado a presença de estudantes


não-brancos é ainda mais discreta. O que demonstra que quanto mais alto o nível de titulação
acadêmica, maiores são os desafios para o acesso e permanência por parte de estudantes
pertencentes aos grupos sub-representações na pós-graduação.

Fabiana Pereira (2019) em sua pesquisa “Ações afirmativas na pós-graduação”, de


abordagem qualitativa e com caráter exploratório e descritivo, investigou a implantação das
Ações Afirmativas nos programas de pós-graduação (PPGs) do Brasil. Para isso, a autora
consultou, por meio de um questionário online enviado por e-mail, 157 instituições federais de
ensino, mas, destas, apenas 44 responderam. Deste universo, pouco mais de 70% afirmaram já
ter adotado algum tipo de AA nos processos seletivos de pós-graduação. Outro resultado
relevante é que 65,4% indicaram não haver coleta de dados sobre o perfil socioeconômico dos
alunos matriculados nos PPGs. Como conclusão, o estudo revelou não existir uma resistência
generalizada por parte dos coordenadores dos PPGs em relação à adoção das Ações
Afirmativas na pós-graduação - contrariando a hipótese inicial da autora -, bem como a
necessidade de sistematizar a coleta de dados socioeconômicos dos pós-graduandos brasileiros.

Dessa forma, tendo em vista a sub-representação de discentes negros(as) e indígenas na


pós-graduação demonstrada pelas pesquisas supracitadas, das mais até as menos recentes; a
recente e discreta tendência à adoção das políticas de Ações Afirmativas pelos PPGs nas IES
do Brasil afora, cuja discussão na literatura acadêmica é ainda pouco expressiva; o período de
20 anos desde a implementação das cotas raciais no Brasil, a maior política de democratização
já implementada na história do ensino superior brasileiro; a aprovação da Resolução
Normativa N. 145/2020/CUN, de 27 de outubro de 2020, que estabelece a política de Ações
Afirmativas para negros(as) (pretos e pardos), indígenas, pessoas com deficiência e outras
categorias de vulnerabilidade social nos cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); é imprescindível que se acompanhe e analise
a implantação das Ações Afirmativas pelos programas de pós-graduação da UFSC e seus
efeitos, justificando-se, assim, a presente pesquisa.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar o processo de implantação das Ações Afirmativas nos Programas de Pós-Graduação


da UFSC com a intenção de contribuir com a construção de indicadores para avaliação das
políticas afirmativas na pós-graduação.

Objetivos Específicos

- Mapear estudos que tenham como objeto as Ações Afirmativas na pós-graduação.


- Analisar os documentos que orientam a implantação das Ações Afirmativas na pós-graduação
da UFSC (resoluções, atas, editais, etc), identificando as modalidades, público beneficiário e
políticas de permanência, os tensionamentos e negociações.

- Socializar os resultados parciais e finais da pesquisa em eventos e periódicos nacionais e


internacionais.

Procedimentos Metodológicos

Aprovada em outubro de 2020 pelo Conselho Universitário (CUn) da UFSC, a


Resolução Normativa Nº 145/2020/CUN instituiu a política de Ações Afirmativas a fim de
promover o ingresso e a permanência de pessoas negras (pretas e pardas), indígenas, pessoas
com deficiência e outras categorias de vulnerabilidade social nos cursos de pós-graduação lato
sensu e stricto sensu da UFSC. Trata-se de um marco legal no que tange às Ações Afirmativas
no âmbito da pós-graduação, pois, a partir dessa normatização, todos os PPGs da UFSC se
viram obrigados a adequar seus editais de seleção à reserva de 28% das vagas para o público
atendido pelo sistema de cotas, bem como a destinar, no mínimo, 28% das bolsas disponíveis
anualmente para os/as estudantes cotistas.

A fim de padronizar os processos de seleção e fortalecer o controle da reserva das vagas,


a Pró-Reitoria de Pós-graduação (PROPG) em parceria com a Secretaria de Ações Afirmativas
e Diversidades (SAAD), com base nos termos da Resolução Nº 145/2020/CUN, elaboraram
alguns documentos (ofícios, templates) que orientam a inclusão das diferentes modalidades de
cotas nos editais e a formulação de comissões de validação das autodeclarações e dos demais
documentos comprobatórios para o acesso por parte dos(as) candidatos(as) às Ações
Afirmativas.

Com isso, a análise documental da implantação das Ações Afirmativas nos editais de
seleção dos PPGs da UFSC se pautou pela Resolução Normativa Nº 145/2020/CUN e dos
demais documentos orientadores que visam qualificar a aplicação da política de Ações
Afirmativas na pós-graduação da UFSC, como o Ofício Circular N.º 16/2021/PROPG e o
template intitulado “Instruções para Elaboração de Edital de Processos Seletivos da Pós
Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu da UFSC no que se refere à Política de Ações
Afirmativas, em conformidade com a Resolução Normativa 145/CUn/2020”.
Desse modo, foram selecionados 21 programas de pós-graduação acadêmicos da
UFSC, campus Florianópolis, dentre as 9 áreas de conhecimento da universidade. A escolha
do campus se deu pela sua extensão, por concentrar o maior número de cursos, além de serem
os mais antigos e, portanto, mais consolidados. Optou-se por contemplar pelo menos dois PPGs
por área de conhecimento, subdividida entre as áreas de Ciências Sociais Aplicadas; Humanas;
Linguística, Letras e Artes; Multidisciplinar; Saúde; Agrárias; Biológicas; Engenharias; Exatas
e da Terra.

A seleção dos programas, então, foi baseada no seu alcance, ou seja, no somatório de
estudantes matriculadas/os nos níveis de mestrado e doutorado de acordo com a área de
conhecimento na qual cada PPG está inserido. Para identificar o quantitativo de matrículas
ativas nos PPGs, foi consultado o site da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFSC, que dispõe
de uma página com um quadro de informações detalhadas e atualizadas sobre os números totais
de matriculados, bolsistas e concluintes de cada Programa. Além disso, foi considerado
também os PPGs que já adotavam algum tipo de AA em seus editais de seleção anteriormente
à aprovação da Resolução Normativa Nº 145/2020/CUN, ou seja, utilizamos como critério de
seleção, ainda, o tempo de implementação das Ações Afirmativas nos cursos.

Sendo assim, para compor a amostra da presente pesquisa, foram selecionados os


seguintes programas de pós-graduação:

- Área Ciências Sociais Aplicadas: Arquitetura e Urbanismo; Direito;


- Área Ciências Humanas: Antropologia Social; Educação; História; Psicologia;
- Área Linguística, Letras e Artes: Estudos da Tradução; Linguística; Literatura;
- Área Multidisciplinar: Educação Científica e Tecnológica; Engenharia e Gestão do
Conhecimento;
- Área Saúde: Enfermagem; Odontologia;
- Área Ciências Agrárias: Aquicultura; Engenharia de Alimentos;
- Área Ciências Biológicas: Ecologia; Farmacologia;
- Área Engenharias: Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica;
- Área Ciências Exatas e da Terra: Ciência da Computação; Química.

A partir disso, a fim de coletar dados dos editais de seleção tanto para mestrado quanto
para doutorado dos programas selecionados de maneira sistematizada, foram elencados os
seguintes critérios:

- Público-alvo das Ações Afirmativas;


- Quantidade de vagas;
- Ferramentas de validação para cada segmento contemplado pelas Ações Afirmativas,
tais como banca de heteroidentificação, atestado médico, autodeclaração ou outra
documentação específica;
- Etapas de seleção;
- Nota de corte;
- Distribuição de bolsas.

Para além disso, quando necessário, foram observadas outras informações não
contempladas nos critérios supracitados, consideradas pertinentes ao estudo. É necessário
pontuar, ainda, que tais critérios foram observados não somente em relação às vagas reservadas
para Ações Afirmativas, mas também para aquelas destinadas à Ampla Concorrência, para fins
de comparação.

Assim, para obter um panorama em relação à implantação das Ações Afirmativas nos
programas selecionados, optou-se por analisar os editais do ano de 2021, já atendendo a
Resolução Normativa N. 145/2020/CUN, e de 2020, anterior à mesma Resolução. Ainda, para
os Programas que já previam reserva de vagas antes mesmo de tal normativa, foi analisado o
primeiro edital marcado pela implantação das Ações Afirmativas.

Análise dos editais

Editais que inauguram as Ações Afirmativas antes da aprovação da RN N.


145/2020/CUN
Dos 21 Programas de Pós-graduação analisados na amostra, 48% deles já haviam
implementado algum tipo de ação afirmativa nos seus processos seletivos anterior a Resolução
Normativa N. 145/2020/CUN. São eles:
• Antropologia Social, com início das AA em 2014;
• Estudos da Tradução, em 2018;
• Direito, em 2018;
• História, em 2018
• Linguística, em 2018;
• Ecologia, em 2019;
• Educação, em 2019;
• Educação Científica e Tecnológica, em 2019;
• Psicologia, em 2020;
• Odontologia, em 2020.
Na análise dos primeiros editais de cada um dos Programa acima, foi possível verificar
a centralização do público-alvo das reservas de vagas nas pessoas negras e indígenas, em seis
deles (Estudos da Tradução, Linguística, Educação Científica e Tecnológica, Direito,
Psicologia e Ecologia), também nas pessoas com deficiência. Apenas em três Programas
(Ecologia, Educação e Psicologia) pessoas trans e travestis, quilombolas, estrangeiras e
refugiadas foram consideradas como público a ser beneficiado pelas cotas de uma forma pouco
expressiva.

Quadro 1: Programas da UFSC com AA antes da aprovação da Resolução Normativa N.


145/2020/CUN e sua caracterização

PPG/ano do Nível Público-alvo Vagas % das vagas Bolsas


primeiro ME/DO reservadas
edital com em relação
AA ao número
geral de
vagas

Antropologia ME/DO Negros (N), ME: 1N; 1I ME: 12.5% Prioridade


Social (2014) Indígenas (I) DO: 1N; 1I

DO: 14.28%

Estudos da ME/DO Negros, ME: 5 N e I ME: 29.4% Edital não


Tradução Indígenas, (2018.1) faz
(2018) PcDs referência
ME/DO:
ME/DO: 9 18.75%
N, I e PcDs
(2018.2)

Direito ME/DO Negros, ME: 3 N e I, ME: 5.4% Sem garantia


(2018) Indígenas, 1 PcDs prévia de
PcDs bolsa
DO: 14.8%
DO: 3 N e I,
1 PcDs

História ME/DO Negros, ME: 3N, 1I e ME: 27.8 % Sem garantia


(2018) Indígenas, 1E prévia de
Estrangeiros bolsa
(E) DO: 27.8 %
DO: 3N, 1I e
1E
Linguística ME/DO Negros, ME: 7 N e I, ME: 29.7% Classificação
(2018) Indígenas, 4 PcDs na prova
PcDs escrita como
DO: 31% critério para
DO: 6 N e I, fila de espera
3 PcDs por bolsa

Ecologia ME/DO Negros, ME: 3N; 5 I, ME: 50% 50% das


(2019) Indígenas, Q, PcDs, BP bolsas para
Quilombolas e EBR estudantes
(Q), PcDs, DO: 50% em
beneficiários vulnerabilida
do PROUNI DO: 2N; 3 I, de
(BP) e Q, PcDs, BP socioeconôm
estudantes e EBR ica
baixa renda
(EBR)

Educação ME/DO Negros, ME: 12N; 1I; ME: 31.25% Edital não
(2019) Indígenas, 1Q; 1TT faz
Quilombolas referência
e Pessoas DO: 40.54%
trans e DO: 12N; 1I;
travestis 1Q; 1TT
(TT)

Educação ME/DO Negros, ME: 8N; 1I; ME: 33.33% Edital não
Científica e Indígenas, 1PcD faz
Tecnológica PcDs referência
(2019) DO: 35%
DO: 5N; 1I;
1PcD (2020)

Psicologia ME/DO Negros, ME: 8N; 1I; ME: 29% Sem garantia
(2020) Indígenas, 1PcD; 1TT prévia de
PcDs e bolsa
Pessoas trans DO: 32%
e travestis DO: 5N; 1I;
1PcD; 1TT

Odontologia ME/DO Negros ME: 4N ME: 19% Edital não


(2020) faz
referência
DO: 4N DO: 16%
Fonte: as autoras, com base nos editais analisados.
Ainda sobre o público-alvo, chama a atenção a reserva de vagas para os beneficiários do
PROUNI e de estudantes de graduação de ensino superior público em situação de
vulnerabilidade socioeconômica pelo PPG em Ecologia, o edital orienta que a análise da
documentação de vulnerabilidade social será feita pelo acesso do estudante ao Cadastro Único
para Programas Sociais o Cad.-Único que identifica as famílias de baixa renda. Outro fato
interessante diz respeito ao edital da PPG da Educação, em que orienta que os/as candidatos/as
autodeclarados/s que atingirem nota final superior às dos/as candidatos/as da ampla
concorrência de mesma Linha de Pesquisa, podem ocupar as vagas de ampla concorrência,
sendo a vaga reservada redistribuída para o/a candidato/a autodeclarado/a classificado/a da
mesma Linha de Pesquisa.
O edital do PPG de Ecologia também previu a reserva de metade das bolsas disponíveis para
estudantes de baixa renda, e a outra metade para estudantes da ampla concorrência e demais
cotistas, porém os critérios para a distribuição não são especificados na maioria dos editais
analisados com a justificativa de que no período da seleção não há disponibilidade de bolsas
de nenhuma agência de fomento que apoie o Programa. Outra exceção além do curso de
Ecologia, é o PPG em Antropologia Social, que prioriza uma bolsa de estudo para candidatos/as
negros/as e indígenas, conforme disponibilidade. Isso nos mostra que esses PPGs estavam mais
voltados ao ingresso desses estudantes de ações afirmativas sobretudo os/as negros/as e
indígenas, e menos para a permanência dos mesmos.
No que se refere ao percentual de vagas reservadas para ingresso por meio das Ações
Afirmativas, tanto para o nível de mestrado (ME) quanto para doutorado (DO), sobressaem-se
os PPGs em Ecologia, Educação, Linguística, Educação Científica e Tecnológica, e Psicologia,
que destinaram de 29% a 50% das vagas totais para serem preenchidas pelos diferentes grupos
que compõem o público-alvo do sistema de cotas de cada Programa, configurando, inclusive,
um percentual maior estabelecido posteriormente pela Resolução Normativa N.
145/2020/CUN.
Destaca-se, além disso, a diferenciação das etapas de seleção em relação às vagas
reservadas para ingresso por meio das Ações Afirmativas por parte de alguns PPGs, como os
da História e da Antropologia Social. Ambos os Programas buscaram alternativas entre as
etapas de seus processos seletivos a fim de substituir a prova escrita para candidatos/as
indígenas, estrangeiros/as e, no caso do PPG em Antropologia Social, também para negros/as.
Dessa forma, em vez da prova escrita, tais candidatos/as foram avaliados/as a partir da entrega
de dossiês, memoriais e/ou ensaios bibliográficos. Isso não quer dizer que o processo de seleção
para esses grupos tenha sido facilitado, mas, sim, que há a compreensão de que para aqueles
grupos acostumados e inseridos com/na cultura acadêmica, como candidatos/as brancos/as
sobrerepresentados no quadro discente das pós-graduações, a prova escrita como forma de
avaliação pode funcionar, mas dificilmente terá o mesmo efeito para outros grupos, tais quais
estrangeiros/as e indígenas, pertencentes a outras culturas educacionais e de aprendizagem e
que, portanto, estão familiarizados a outras formas de avaliação.

Nesse mesmo sentido, nos editais dos PPGs em História e Educação houve também uma
diferenciação nas notas mínimas para seleção entre candidatos/as de ampla concorrência e
aqueles optantes pela reserva de vagas. Em ambos os editais analisados, a nota mínima para
candidatos/as cotistas (com exceção de estrangeiros/as, no caso do PPG em História) foi
prevista para 5 (cinco), e 7 (sete) para os demais candidatos/as. Ainda, no edital do PPG em
Antropologia Social para AA não foi prevista uma nota mínima. Desse modo, a flexibilização
das notas mínimas de seleção, ainda que seja na minoria dos editais, demonstra uma
preocupação em tornar o processo seletivo mais acessível e menos rígido.
Outro aspecto relevante diz respeito aos critérios de validação dos documentos que
comprovam o pertencimento do/a candidato/a aos grupos atendidos pelas Ações Afirmativas.
Antes da normativa, para seis dos programas analisados que já vinham adotando a política de
AA (Psicologia, Ecologia, Direito, Educação, Estudos da Tradução e Educação Científica e
Tecnológica) bastava apenas a autodeclaração como documento comprobatório, não havendo
necessidade das comissões de validação (como as de heteroidentificação de fenótipo para
pessoas pretas e pardas), o que facilita as possibilidades de fraude. Sobre isso, a normativa
determina que as autodeclarações e outros documentos comprobatórios devem ser verificados
pela comissão de seleção de cada Programa, através da formação de bancas de validação com
orientação e auxílio da SAAD. No Ofício Circular N.º 16/2021/PROPG, que trata sobre a
“Validação de autodeclaração da Política de Ações Afirmativas nos editais de processo seletivo
de ingresso nos programas de pós-graduação”, é destacado que a
SAAD auxiliará na formação dos membros e na organização
das bancas, bem como na sugestão de cronogramas, e que a
participação de docentes e/ou técnico-administrativos dos
programas em bancas de validação é importante, porque, além
de ampliar o número de pessoas possíveis para as bancas,
permite a formação dos membros das comissões com igual
conhecimento.
Além de prevenir possíveis fraudes no acesso a vagas e bolsas por meio das Ações
Afirmativas, a exigência de formação de bancas de validação estimula que os/as profissionais
envolvidos/as no processo de seleção para a pós-graduação entrem em contato com os assuntos
relacionados à política de AA, cuja circulação no ambiente acadêmico geralmente é limitada à
espaços e/ou setores específicos.

Editais antes e depois da aprovação da RN N. 145/2020/CUN, por área de


conhecimento

Com a normatização das Ações Afirmativas através Resolução Normativa N. 145/2020/CUN


os cursos de pós-graduação da UFSC tiveram que adaptar seus editais de seleção, sendo assim
já possível identificar um breve parecer de como tem sido feita a implementação dessa recente
política nas diferentes áreas de conhecimento da UFSC nos seus processos seletivos de
mestrado (ME) e doutorado (DO).
Nas Ciências Agrárias, o curso de Engenharia de Alimentos não explora públicos de
outras ‘categorias de vulnerabilidade socioeconômica’ (como possibilita a resolução), na
contramão o curso de Aquicultura além das reservas de 20% das vagas para negros e indígenas
e 8% para candidatos com deficiência, destina também vagas para pessoas quilombolas e
beneficiários do PROUNI, ou outro programa de bolsa de estudo voltada a estudantes de
graduação da rede pública de ensino superior em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Algumas outras mudanças se destacam nos editais de seleção do PPG em Aquicultura em
relação aos de 2020 (anteriores à obrigatoriedade da política de AAs): o número de vagas
dobrou (de 9 para 18 vagas), para o nível de mestrado (ME), enquanto para o doutorado (DO)
foram reduzidas de 18 para 6 vagas no total; além disso, passou-se a exigir a entrega de um
Projeto Sucinto de Dissertação (ME) ou Projeto de Tese (DO) entre as etapas de seleção além
de manter a avaliação curricular. No caso do PPG em Engenharia de Alimentos, o que se
destaca é a indicação da reserva de 28% das bolsas de estudo disponíveis para os(as) cotistas,
como determina a Resolução Normativa N. 145/2020/CUN, sendo, porém, por ordem de
classificação no programa. O curso de Aquicultura não faz referência à disponibilidade e
distribuição de bolsas de estudo nos seus editais de seleção.
Nos cursos das Ciências Biológicas os PPGs em Ecologia e Farmacologia além de
pessoas negras e indígenas também reservam vagas para quilombolas, pessoas em
vulnerabilidade socioeconômica e, no caso da pós em Farmacologia, também para pessoas
beneficiárias do PROUNI. No curso de Ecologia destaca-se tanto o aumento de vagas totais
em 50% para o nível de mestrado, quanto a reserva da metade (50%) das bolsas eventualmente
disponíveis para candidatos(as) classificados(as) através das vagas de Ações Afirmativas e
Vulnerabilidade Socioeconômica (ME e DO). O PPG em Farmacologia apenas faz referência
à distribuição e/ou disponibilidade de bolsas de estudo nos editais fomentados por agências de
pesquisa, em ambos PPGs não diferenciam as notas de corte para de ampla concorrência e
ações afirmativas, assim como não houve alteração/ adaptação nas etapas de seleção após a
resolução, inclusive chama atenção para a prova escrita aplicada pelo PPG da Ecologia ser
redigida em inglês.
No caso das Engenharias, os PPGs em Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica
são os que mais ofertam vagas totais se comparado a outras cursos, mas quanto a reserva de
vagas para ação afirmativa são destinadas apenas negros, indígenas e pessoas com deficiência,
ou seja, os colegiados desses programas apenas cumpriram as determinações principais da
Resolução, não identificando outras categorias de vulnerabilidades socioeconômicas como
sugere a resolução, ao menos no edital de 2021 analisando nessa pesquisa. Além disso entre
os editais 2020 e 2021 não houve adaptação nas etapas de seleção e nem alteração na nota de
corte. Apenas o PPG em Engenharia Elétrica indica já no edital de seleção a reserva de 28%
das bolsas eventualmente disponíveis para candidatos optantes pelas Ações Afirmativas, o que
mostra que apesar de buscar atender a normatização prevista na resolução os outros cursos das
Engenharias não se atentam para a reserva de bolsas e também não indica o número de
ocupação das vagas de ações afirmativas.
Nos cursos selecionados na área de Exatas e da Terra, o PPG em Ciências da
Computação (PPGCC) vai além do público-alvo da resolução identificando como grupos de
ações afirmativas candidatos(as) em situação de vulnerabilidade socioeconômica (beneficiários
do PROUNI, cadastro socioeconômico na graduação ou Cadastro Único), porém o Programa
aumentou a nota de corte de 5 para 6 após a normatização das ações afirmativas, enquanto o
Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ) manteve o mesmo critério da nota mínima
igual ou superior a 75% da média aritmética de todos os candidatos que realizaram aprova. A
única alteração percebida foi a ausência do plano de trabalho entre os documentos avaliativos
exigidos pelo PPGCC. Chama a atenção a etapa única no processo de seleção para o mestrado
do PPGQ, sendo uma prova remota a única forma de avaliação; para o doutorado, além da
prova, ainda há a avaliação do currículo, com peso de 70%. Apenas o PPGQ prioriza parte das
bolsas de estudo disponíveis para cotistas (uma bolsa destinada para AA e três bolsas para
classificação geral, até esgotarem as bolsas). Nos editais analisados do PPGCC não há
indicação de distribuição e/ou disponibilidade de bolsas.

Todos os Programas de Pós-graduação da área de Humanas da amostra da pesquisa


(Antropologia Social, Educação, História e Psicologia) incluem outros públicos para além do
previsto, como: pessoas trans e travestis (exceto o PPGH); refugiados, professores e demais
profissionais da educação com vínculo ativo na rede pública de educação básica, pessoas em
situação de vulnerabilidade econômica e quilombolas (PPGE); e estrangeiros (PPGH). Após a
normatização das Ações Afirmativas, apenas o PPGE alterou as etapas de seleção, retirando a
prova escrita como uma das formas de avaliação; além disso, o Programa diminuiu a nota de
corte de 7 para 6 para ampla concorrência e manteve 5 para cotistas. O PPGE e PPGH
continuam sendo os únicos da área de Humanas da amostra a distinguirem as notas de corte
entre ampla concorrência e Ações Afirmativas, enquanto o PPGP e PPGAS mantém nota 7
para todos os públicos, tanto para mestrado quanto para doutorado. Apenas o PPGAS prioriza
parte das bolsas eventualmente disponíveis para os primeiros colocados nos editais específicos
para ações afirmativas (um para negros(as), outro para indígenas). Ainda que façam parte do
público-alvo da Política de Ações Afirmativas do PPGAS, não há indicação de reserva de bolsa
para pessoas trans ou com deficiência no edital de seleção.

Na área dos cursos de Ciências Humanas, todos os programas da amostra (Antropologia Social,
Educação, História e Psicologia) incluem outras categorias como pessoas trans e travestis,
(exceto o PPGH); refugiados, professores e demais profissionais da educação com vínculo
ativo na rede pública de educação básica, pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e
quilombolas (PPGE); e estrangeiros (PPGH). Poucas mudanças foram percebidas com após a
resolução normativa de 2020, apenas o PPGE alterou as etapas de seleção, retirando a prova
escrita como uma das formas de avaliação; além disso, o Programa diminuiu a nota de corte de
7 para 6 para ampla concorrência e manteve 5 para cotistas. O PPGE e PPGH se mantem como
os únicos da amostra das Humanas a distinguirem as notas entre a ampla concorrência e as
ações afirmativas, enquanto o PPGP e PPGAS mantém nota 7 para todos os públicos, tanto
para mestrado quanto para doutorado. Na amostra apenas o PPGAS prioriza parte das bolsas
(quando disponíveis) para os primeiros colocados nos editais específicos para ações afirmativas
(um para negros(as), outro para indígenas), apesar de comporem o público-alvo das ações
afirmativas, o edital de seleção não indica a reserva de bolsa para pessoas trans e travestis, e
pessoas com deficiência.
Na área de Linguística, Letras e Artes analisados (Estudos da Tradução, Linguística e
Literatura) já adotavam reserva de vagas para negros, indígenas e pessoas com deficiência
anteriormente a resolução, a única mudança observada após a resolução quanto ao público-alvo
é a inclusão de pessoas trans, professores da atenção básica e refugiados no PPGL. Em relação
ao processo seletivo, apenas o PPGLit faz alguma adaptação na nota de corte de 7 para 6. O
destaque da amostra é o aumento do número de vagas de ofertadas no PPGET, passando de 27
vagas para público geral e 11 destinadas para negros, indígenas e PcDs para 62 vagas no
público geral e 27 destinadas a AA. Nenhum dos editais de seleção dos programas acima
especifica os critérios de distribuição das bolsas.

Na área Multidisciplinar, o PPG em Educação Científica e Tecnológica, em 2021, tem


como alteração a reserva de vagas para quilombolas e trans. Não houve nenhuma alteração no
processo seletivo e nem alteração na nota de corte. O edital não faz nenhuma especificação de
critérios de seleção para distribuição de bolsas. Os cursos Engenharia e Gestão de
Conhecimento só passa a implementar as ações afirmativas após a resolução, reservando vagas
para pessoas negras, indígenas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social.
Destaca-se também a alteração da mudança de corte, que antes de antes definida pelo quartil
inferior do conjunto de candidatos, por curso e por área de concentração, passa a ser 4 para
mestrado e 6 para doutorado. Acerca das distribuições de bolsas estabelece que será via análise
do currículo, sem especificações de prioridade para cotistas.

Os dois cursos da Saúde analisados passaram adotar as ações afirmativas após a


Resolução Normativa N. 145/2020/CUN. O PPG em Enfermagem amplia a reserva de vagas
para além dos estabelecidos na resolução, como pessoas quilombolas, trans e beneficiários do
PROUNI. No processo de seleção houve a inclusão de mais uma etapa ‘análise de perfil do
candidato’ que busca avaliar, entre outras coisas, a disponibilidade da pessoa candidata para
realização do curso. O edital não traz especificações acerca das reservas e distribuição de
bolsas. O PPG em Odontologia na seção de reserva de vagas cita como categoria de
vulnerabilidade social “professores da rede pública, pessoas de baixa renda, quilombolas,
ribeirinhos, entre outros", mas não delimita claramente qual público-alvo Para concorrer às
vagas reservadas, o edital apenas orienta que a pessoa candidata siga as Seções I, II, II e IV da
RN no 145/2020/CUN, sem detalhar os critérios de validação dos documentos de
autodeclaração. Além disso o edital informa a inexistência da banca de heteroidentificação,
apenas orienta que em indícios de irregularidade na autodeclaração será reportado ao Colegiado
Delegado do PPGO para verificação conforme os regulamentos da UFSC.
Nas Sociais Aplicadas ambos os programas da amostra inauguraram as políticas de
ações afirmativas após a normatização, a PósARQ (Arquitetura e Urbanismo) e o PPG em
Direito atenderam como público-alvo pessoas trans e travestis e em vulnerabilidade
socioeconômica. Chama a atenção o aumento do número de etapas no processo seletivo do
PósARQ, que antes da resolução eram 2 etapas seleção (avaliação do currículo lattes e da carta
de intenção e a arguição oral da carta de intenção). E após a adoção das ações afirmativas
(edital de 2021) passou a ter 4 etapas, (aderência ao tema de pesquisa, avaliação do currículo,
avaliação do projeto de dissertação e arguição oral). Em nenhum dos editais constaram os
critérios para a distribuição de bolsa.

Após a exibição das principais modificações e destaques provocados pela


obrigatoriedade da adoção das Ações Afirmativas nos processos seletivos dos Programas de
Pós-Graduação, é possível observar que quanto ao público-alvo mais da metade dos cursos
analisados escolheram a reserva de vagas para públicos de outras categorias de vulnerabilidade
social, apenas o curso de Odontologia não demarca o público-alvo e vai contra a determinação
da Resolução Normativa N°145/2020/ CUN, Seção I Parágrafo Único, que estabelece a
obrigatoriedade da banca de heteroidentificação. Foi possível notar que poucos cursos tornaram
seus processos seletivos e nota de corte mais acessível aos candidatos cotistas, como exemplo
dos PPGs em Educação, História, Literatura e Engenharia e Gestão do Conhecimento, aliás
alguns cursos como Aquicultura, Ciência da Computação, Enfermagem e Arquitetura e
Urbanismo, aumentaram as dificuldades nos seus processos seletivos seja aumentando as
etapas e cortes de nota, sejam exigindo mais documentos avaliativos entre as etapas de seleção.

Outro destaque das análises parciais é o descumprimento da resolução quanto a reserva


de 28% das bolsas disponíveis para cotistas, apenas 14 dos 21 cursos, apontando assim a
irregularidade nos editais e a não preocupação mínima com a permanência dos alunos
ingressados das ações afirmativas. Ainda acerca da permanência, foi possível perceber que
alunos cotistas, mas aprovados na ampla concorrência não compõe o público-alvo das reservas
de bolsas, indo contrário a determinação disposta no CAPÍTULO II da resolução, que indica
que esse estudante se mantém como público-alvo de ações de permanência.

Além disso foi identificado que grande número das vagas reservadas as ações
afirmativas não têm sido preenchidas, conforme quadro abaixo.

Quadro 2: Relação entre as vagas ofertadas e vagas preenchidas do Programas de Ações Afirmativas na
Pós-Graduação da UFSC em 2021, após aprovação da Resolução Normativa N. 145/2020/CUN
MESTRADO DOUTORADO

Vagas Vagas Reserva de


Área de oferta Vagas % oferta Vagas % bolsas (AA)
conhecimen Curso das preenchid ocup das preenchida ocupa no edital de
to (2021) (AA) as (AA) ado (AA) s (AA) do seleção

Aquicultur Não Não faz


a 6 3 50% 6 encontrado - referência

Engenharia
de
Agrárias Alimentos 6 4 67% 6 1 17% Sim

Ecologia 18 4 22% 9 2 22% Sim

Farmacolo
Biológicas gia 16 1 6% 15 0 0% Sim

Engenharia Não
Elétrica 71 3 4% 34 encontrado - Sim

Engenharia Não Não Não faz


Engenharias Mecânica 28 informado - 18 informado - referência

Ciência da
Computaçã Não Não Não faz
o 10 informado - 7 informado - referência
Exatos e da
Terra Química 6 1 17% 6 1 17% Sim

Antropolog
ia Social 6 2 33% 6 5 83% Sim

Não faz
Educação 23 9 39% 23 9 39% referência

Não faz
História 7 0 0% 7 2 29% referência

Não Não Não faz


Humanas Psicologia 10 informado - 7 informado - referência

Estudos da Não faz


Tradução 21 6 29% 5 5 100% referência
Não faz
Linguística, Linguística 9 6 67% 11 10 91% referência
Letras e
Artes Não Não Não faz
Literatura 16 informado - 4 informado - referência

Educação
Científica e
Tecnológic
a 9 3 33% 9 2 22% Sim

Engenharia
e Gestão do
Multidiscipli Conhecime Não faz
nar nto 10 0 0% 10 3 30% referência

Odontologi Não Não Não faz


a 7 informado - 6 informado - referência

Enfermage Não faz


Saúde m 11 3 27% 9 2 22% referência

Arquitetura
e Não faz
urbanismo 13 3 23% 8 2 25% referência

Sociais Não faz


Aplicadas Direito 13 10 77% 13 6 46% referência

Fonte: as autoras, com base nos editais analisados e nos resultados finais dos mesmos.

Resultados parciais

Finalizada a etapa de análise dos editais anteriores e posteriores a Resolução, foi


possível identificar as principais mudanças no comportamento dos Programas de Pós-
graduação na UFSC. Os resultados levantados apontam que mudanças como a, variação do
público-alvo da reserva de vagas, a inclusão de novos grupos e reserva maior para pessoas
negras e indígenas; e a presença de bancas de validação na maioria dos editais, expõe a
necessidade de se discutir acerca de quais demarcadores sócios econômicos se delimita o
público-alvo e como as categorias de raça e gênero são compreendias nesses demarcadores,
para a professora da UNB Renísia Garcia Filici “ São muitos os fatores que comprovam ser
preciso pensar as singularidades dos/as demandatários/as de políticas afirmativas – negros/as,
indígenas, quilombolas, que possuem perfis muito, muito semelhantes, e também pessoas
deficientes e Lgbtqia+. Ou seja, numa perspectiva interseccional. Que leve em consideração
raça, gênero, classe, geração e outras assimetrias, bem como seus territórios de origem.”
(GARCIA FILICI 2020). No em tanto um estudo (SOUZA, GAUDIO & PASSOS, 2021)
indica “um desvirtuamento da finalidade da Política de Ações Afirmativas, uma vez que
professoras/es e demais profissionais da Educação já constituíam público considerável do
Programa”, fazendo com que o número de vagas ocupadas pela população negra, por exemplo,
fosse reduzido após a Resolução. Ou seja, ainda é muito complexo definir ou delimitar a
categoria de públicos-alvo sem perder o foco que as ações inclusivas objetivam como afirma
Cury

[...] corrigir as lacunas deixadas pelas insuficiências das políticas


universalistas. Com isso se pretende equilibrar uma situação em que uma balança
sempre tendeu a favorecer os grupos hegemônicos no acesso aos bens sociais,
conjugando assim ao mesmo tempo, por justiça, os princípios de igualdade e
equidade

Em relação os a processos seletivos notou-se que a diferenciação das notas de corte entre vagas
reservadas de ações afirmativas e ampla concorrência, e outras alterações nas etapas de seleção
não podem ser lidos como facilitadores no processo desses candidatos, antes porém são parte
da própria política de ações afirmativas, uma vez que essas são ferramentas que tem como
objetivo “Alterar realidades sociais estruturalmente marcadas por desigualdades” ( AP DOS
SANTOS, 2020), levar em consideração as pluralidades dos saberes que advém de diversas
fontes como a cultura pessoal, cultura escolar e formação acadêmica, além de outras formas de
codificar o conhecimento, nada mais é tornar o processo equiparado a realidade dos candidatos.

O que também foi possível observar é que apesar da resolução estabelecer um número mínimo
de reserva de vagas e bolsas, não impõe limite dessas reservas, porém em nenhum curso teve
aumento significativo dessas reservas além dos previstos na normativa.

Verificou-se também a baixa ocupação das vagas reservadas, ainda que tenha sido analisado
apenas o primeiro ano após a obrigatoriedade da adoção das Ações Afirmativas pelos PPGs.
Isso demonstra a necessidade de uma ampla divulgação das Ações Afirmativas na pós da UFSC
por parte de todos os setores da universidade, bem como de iniciativas que tenham como
objetivo a preparação de estudantes cotistas para ingressar na pós-graduação. Além disso
alguns programas como caso das Exatas não disponibilizam de forma acessível resultado das
ocupações das vagas reservadas.

Por último o que vale destacar nessa análise dos documentos, é o não cumprimento de algumas
normas estabelecidas na Resolução, sendo a permanência o principal ponto negligenciado por
mais da metade dos Programas ao não especificarem acerca das distribuições e reservas de
bolsas (28% segundo a resolução), ou a criação de outros fomentos de permanência. Além
disso os escassos dados sobre as possibilidades oferecidas aos estudantes cotistas para a
permanência na pós-graduação, embora representem desafios para as instituições, apontam que
a ênfase dos programas de ações afirmativas em um primeiro momento, tem sido no ingresso,
tornando-se secundária a questão da permanência.

Considerações finais

A pesquisa segue em andamento, agora passando pela fase de instrumentalização dos roteiros
de entrevistas e posteriormente a elaboração de um questionário, com o objetivo de conhecer
melhor os perfis dos ingressados pelas ações afirmativas a fim de produzir dados que possam
ser uteis nas avaliações dos Programas de Pós-graduação.

Durante o processo de investigação e análise dos documentos, bem como na socialização dos
resultados com o grupo de pesquisa nacional no Seminário Nacional de Pesquisa em ações
afirmativas: encruzos e percalços, ficou evidente para mim não só a importância da construção
desses dados como forma de avaliação das políticas, mas também ressoou em mim as memórias
de lutas ancestrais pelo acesso e permanência de grupos marginalizados historicamente, assim
fazer parte dessa pesquisa possibilita não só meu desenvolvimento com a pesquisa e suas várias
metodologias, mas também ORÍenta meus saberes e caminhos pessoais.

1. ATIVIDADES E METAS CUMPRIDAS

a. PLANO DE ATIVIDADES
• Participação em formação sobre pesquisa em relações raciais, ações afirmativas e
consulta em bases de dados.
• Participação na construção de um banco de dados da produção acadêmica sobre o
tema da pesquisa.
• das fontes a serem analisadas.
• Participação na construção dos instrumentos de pesquisa e nas análises da produção
acadêmica levantada e dos documentos/fontes.
• Apresentação dos resultados parciais e finais da pesquisa em eventos internos e
externos à UFSC.
• Elaboração do relatório parcial e final das atividades realizadas.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E PREVISTAS

• Participação no levantamento de produções acadêmicas relacionadas ao tema da


pesquisa.
• Participação na coleta dos dados que estão sendo analisados na pesquisa.
• Participação do Seminário Nacional de Pesquisa em ações afirmativas: encruzos e
percalços
• Socialização dos processos e resultados parciais da pesquisa com equipe nacional de
Pesquisa Ações Afirmativas nas Universidades Brasileiras- grupo nacional.

Referências

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