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Ações afirmativas na pós-graduação stricto sensu: 2002 a 2020 | Nexo Pol... https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2020/A%C3%A7%C3%B5...

WADI LISSA/UNPLASH

LINHA DO TEMPO

Ações afirmativas na pós-graduação stricto


sensu: 2002 a 2020
Anna Carolina Venturini

25 Ago 2020(12 Mai 2021 às 21h59)

A pós-graduação stricto sensu brasileira é marcada por desigualdades étnico-


raciais, o que motivou o início do debate sobre a criação de ações afirmativas
em programas e universidades públicas

Ações afirmativas já vêm sendo adotadas para o ingresso em alguns cursos de pós-
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graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) de universidades públicas desde 2002.
AFRO-CEBRAP    INSCREVA-
 Apesar
SE de alguns programas terem criado políticas afirmativas paralelamente ao
desenvolvimento das medidas para graduação ao longo da década de 2000, a temática
apenas passou a ser discutida com intensidade no MEC (Ministério da Educação) e na
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) a partir de
2012.

Em 2016, o MEC editou a portaria normativa n. 13, a qual estabelecia que as Ifes
(Instituições Federais de Ensino Superior) deveriam apresentar propostas sobre a
inclusão de pretos, pardos, indígenas e estudantes com deficiência em seus programas
de pós-graduação.

Os dados apontam para uma difusão significativa desse tipo de política nos últimos
anos, especialmente em razão da aprovação de resoluções pelos colegiados de
universidades determinando a criação dessas medidas por todos os programas de pós-
graduação. A difusão dessas políticas a partir de 2017 e a predominância das
universidades federais, aponta o papel indutor da portaria normativa MEC n. 13/2016.

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1999

A proposta de cotas apresentada à UnB (Universidade de Brasília) mencionou que o


acesso à pós-graduação era ainda mais proibitivo para estudantes negros do que o
acesso à graduação e apresentou dados sobre o baixo número de docentes negros
em universidades públicas, como a USP (Universidade de São Paulo) e a própria
UnB.

2002

A Uneb (Universidade Estadual da Bahia) foi a primeira universidade pública a


estabelecer uma política de ação afirmativa voltada à entrada de negros e indígenas
em cursos de pós-graduação 1.

O episódio foi bastante significativo, pois a Uneb e a Uerj (Universidade do Estado do


Rio de Janeiro) foram as primeiras universidades a adotar ações afirmativas de
recorte racial no país, o que reforça a hipótese de que as medidas para a pós-
graduação nasceram ao mesmo tempo que as voltadas à graduação, ainda que seu
desenvolvimento tenha se dado de forma diferente em termos de ingresso na agenda
governamental e difusão pelas instituições do país.

2003

O Programa de Dotações para Mestrado em Direitos Humanos no Brasil, da


Fundação Carlos Chagas e da Fundação Ford, incentivou a criação de ações
afirmativas em cursos de pós-graduação.

2004

Foram criadas ações afirmativas nas áreas de concentração em direitos humanos da


USP, UFPA (Universidade Federal do Pará) e UFPB (Universidade Federal da
Paraíba).

2007

Houve o início das discussões no Programa de Pós-Graduação em Antropologia


Social do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o qual
se tornou referência no debate sobre ações afirmativas para pós-graduação.

2010

Foram aprovadas ações afirmativas pelo Programa de Pós-Graduação em


Antropologia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).

2012

Foram aprovadas ações afirmativas no Programa de Pós-Graduação em


Antropologia Social do Museu Nacional e no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia da UFPA.

2013

Foram aprovadas ações afirmativas no Programa de Pós-Graduação em


Antropologia Social da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

2014

Foi aprovada a lei federal n. 12.990, a qual estabelece a reserva de vagas para
pretos e pardos nos concursos públicos federais. A lei é aplicável à contratação de
novos docentes por meio de concursos públicos.

Foi também aprovada a reserva de vagas em todas as universidades estaduais do


Rio de Janeiro. Nos termos da lei estadual n, 6.914, no máximo 30% do total de
vagas existentes nos cursos de pós-graduação devem ser reservadas e distribuídas
aos estudantes carentes de acordo com os seguintes critérios:

12% para estudantes graduados negros e indígenas;


12% para graduados da rede pública e privada de ensino superior; e
6% para pessoas com deficiência, filhos de policiais civis e militares,
bombeiros militares e inspetores de segurança e administração
penitenciária mortos ou incapacitados em razão do serviço.

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O principal critério adotado pela legislação do Rio de Janeiro é a hipossuficiência


econômica e não o critério étnico-racial, de modo que estudantes negros e indígenas
apenas podem ser beneficiados caso comprovem situação de carência econômica.

Houve o início das discussões na UFG (Universidade Federal de Goiás).

2015

A portaria n. 929, do Ministério da Educação, e a portaria n. 149, da Capes


(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), instituíram um
grupo de trabalho para estudar medidas de inclusão na pós-graduação. O grupo tinha
como objetivo “analisar e propor mecanismos de inclusão de estudantes
autodeclarados pretos, pardos e indígenas e estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades, em programas de mestrado e
doutorado e em programas de mobilidade internacional”.

A UFG 2 e a UFPI 3 aprovaram resoluções determinando que todos os programas de


pós-graduação deveriam implementar ações afirmativas.

Foram aprovadas ações afirmativas no Programa de Pós-Graduação em


Antropologia Social da UnB e no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da
Unicamp.

2016

A portaria normativa MEC n. 13 determinou que todas as instituições federais de


ensino superior enviassem propostas de inclusão de pretos, pardos, indígenas e
pessoas com deficiência em seus programas de pós-graduação.

A Ufam 4 e a UFPB 5 aprovaram resoluções determinando que todos os programas


de pós-graduação deveriam implementar ações afirmativas.

2017

Catorze universidades federais aprovaram resoluções sobre ações afirmativas na


pós-graduação:

UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) 6

UFBA (Universidade Federal da Bahia) 7

UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) 8

UFU (Universidade Federal de Uberlândia) 9

UFT (Universidade Federal de Tocantins) 10

UFPel (Universidade Federal de Pelotas) 11

UFFS (Universidade Federal da Fronteira do Sul) 12

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BIBLIOGRAFIA

VENTURINI, Anna Carolina. Ação afirmativa na pós-graduação: os desafios da expansão de uma política de
inclusão. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 319, 2019. Disponível aqui.

VEJA TAMBÉM

LINHA DO TEMPO
As políticas de ação afirmativa em cursos de graduação

Ufal (Universidade Federal de Alagoas) 21

UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) 22

UFV (Universidade Federal de Viçosa) 23

2019

Mais cinco universidades aprovaram resoluções sobre ações afirmativas na pós-


graduação:

Univasp (Universidade Federal do Vale do São Francisco) 24

Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) 25

Furg (Fundação Universidade Federal do Rio Grande) 26

UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) 27

Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) 28

2020

Em 18 de junho, o ex-Ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou a portaria


n. 545/2020 revogando a portaria normativa n. 13/2016, que versava sobre ações
afirmativas na pós-graduação. No dia 23 de junho, a portaria n. 559/2020 tornou a
revogação sem efeito.

A UnB aprovou uma resolução determinando que todos os programas de pós-


graduação devem implementar ações afirmativas 29

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