Você está na página 1de 6

IFRN | Campus Natal - Zona Norte

O AMOR NÃO TEM COR

Julia da Silva Quintanilha Fortes1; Daniella Lago Batista de Oliveira Eustáquio2; Alyson Thiago
Fernandes Freire3

1,2,3
IFRN – Campus Natal Zona Norte;

ÁREA TEMÁTICA: Humanidades

RESUMO

A pesquisa aborda a situação da mulher negra na sociedade brasileira de modo a tentar


entender o porquê das mesmas serem preteridas no cenário matrimonial e para além disso,
estudar a respeito da diferença entre os direitos das mulheres negras e das mulheres
não-negras ao longo da história do país, bem como os privilégios que foram cedidos a umas e
negados a outras. Explicando que em uma sociedade como a Brasileira o conceito de racismo
reverso é impossível de ser ratificado pois, racismo é um sistema de opressão e, para haver
racismo deve haver relações de poder. Precisaria ter existido navios ‘branqueiros’,
escravização por mais de 300 anos, negação de direitos (SANTOS, 2018, pg 41).
Infelizmente, a escravidão tem reflexos até hoje, um exemplo disso é a permanência do termo
“mulata” na sociedade, substantivo que era usado pelos senhores de engenho para definir
aquelas mulheres que seriam abusadas sexualmente, a palavra é pejorativa para indicar
mestiçagem, impureza, mistura imprópria, vem de mula (SANTOS, 2018, pg 99). Nesse
contexto, a pesquisa relaciona a solidão da mulher negra com outras questões que ajudam a
caracterizar o relacionamento dessa mulher na sociedade brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Solidão. Racismo. Mulher negra. Relacionamento inter-raciais

ABSTRACT

The research addresses the situation of black women in Brazilian society in an attempt to
understand why they are neglected in the marriage scenario and, furthermore, to study the

1
IFRN | Campus Natal - Zona Norte

difference between the rights of black women and non-black women throughout country's
history, as well as the privileges that have been given to some and denied to others.
Explaining that in a society such as Brazil, the concept of reverse racism is impossible to
ratify because racism is a system of oppression, and in order to have racism there must be
power relations. There must have been 'whitewashed' ships, enslavement for over 300 years,
denial of rights (SANTOS, 2018, pg 41). Unfortunately, slavery is reflected today, an example
of this is the permanence of the term “mulatto” in society, a noun that was used by the
planters to define those women who would be sexually abused, the word is pejorative to
indicate mestizaje, impurity, improper mixture comes from mule (SANTOS, 2018, p. 99). In
this context, the research relates the loneliness of black women with other issues that help
characterize their relationship in Brazilian society.

KEYWORDS: . Racism. Solitud. Black woman. Interracial Relationships.

1 INTRODUÇÃO
“O amor não tem cor” é um projeto voltado para área de humanidades que tem como
principal fator de análises, a sociologia. A fundamentação teórica do trabalho é o feminismo
negro. A partir dele, foram construídos conceitos e foram feitas revisões bibliográficas para
poder-se falar do tema em questão, a situação da mulher negra no cenário atual Brasileiro.
A relevância da pesquisa se dá principalmente nos fatores em estudo que tem como
objetivo divulgar resultados analisando os motivos de haver, ainda, depois de mais de 100
anos de abolição da escravatura no país, tanta diferença entre o modo de vida de uma mulher
negra em relação a uma mulher não negra, no Brasil. Segundo a ONU (Organização Mundial
das Nações Unidas), o racismo na sociedade brasileira é algo estrutural e institucional, e isso
demonstra que a luta contra a pauta vem de muitos anos, com isso, buscamos uma sociedade
na qual a raça não seja usada para conceder privilégios.
A construção histórica do Brasil explica o motivo para escutar comentários racistas
mesmo depois de tanto tempo após a abolição da escravidão. O processo de escravidão deixou
reflexos que podem ser percebidos na sociedade brasileira hodierna; logo, é necessário
entender e lutar contra esses estereótipos agregados à figura feminina afrodescendente que as
perseguem desde a colonização

2
IFRN | Campus Natal - Zona Norte

O processo de escravidão deixou reflexos que podem ser percebidos na sociedade


brasileira hodierna; logo, é necessário entender e lutar contra esses estereótipos agregados à
figura feminina afrodescendente que as perseguem desde a colonização
Assim, a pesquisa tem como objetivo estudar a solidão da mulher negra, sua diferenciação
da mulher branca pelo cenário racista e os conceitos que podem ser usados para definir o
sistema de opressão racista. Em todos os aspectos supracitados analisaremos as causas e as
características.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Há necessidade de uma referência explícita a mulher negra no Brasil. Para mulheres
não brancas era fundamental uma referência explícita à violação dos direitos da mulher
baseada na discriminação racial. (CARNEIRO, 2014, p.5). Pois as mulheres negras fazem
parte de um contingente de mulheres que não são rainhas de nada, que são retratadas como
anti-musas da sociedade brasileira, porque o modelo estético de mulher é a mulher branca
(CARNEIRO, 2014, p. 5). Estereótipos racistas contribuem para cultura de violência contra
essas mulheres, que são vistas como lascivas, fáceis e indignas de respeito (SANTOS, 2018,
p. 117), esse é o fator que leva a temática central do projeto de pesquisa, a solidão da mulher
negra no cenário brasileiro. Um fator que leva as discussões fundamentais é o fato de desde
1820 haver uma total diferença entre a mulher negra a não negra pois enquanto àquela época
mulheres brancas lutavam pelo voto, mulheres negras lutavam para ser consideradas pessoas
(SANTOS, 2018, p. 34).
Desse modo, Enegrecer o movimento feminista brasileiro tem significado,
concretamente, demarcar e instituir na agenda do movimento de mulheres o peso que a
questão racial tem (CARNEIRO, 2014, p. 3).

3 METODOLOGIA
A pesquisa iniciou-se com a primeira etapa em 2018, com as estudantes Yanca
Gabrielle Silva de Abreu e Sara Mariana dos Santos, nesse momento, um questionário via
Google foi realizado para levantar dados sobre a temática, e também, estudou - se as obras
que abordam o tema das relações inter-raciais. Em seguida, foi feito a análise das respostas

3
IFRN | Campus Natal - Zona Norte

obtidas através do questionário para apreender a percepção social e as reações das pessoas
sobre feminismo negro, colorismo, racismo relacionamentos inter-raciais. E ainda, realizamos
entrevistas abertas com duas meninas negras do campus Natal- zona norte de modo a entender
e validar os dados obtidos no questionário. Após a apuração das informações de mulheres
negras que de alguma forma ofendidas pela sua cor, durante o relacionamento inter-racial,
realizou-se um questionário com as alunas do campus Natal-Zona Norte para empoderamento
das meninas e enaltecimento da beleza negra. Na segunda fase da pesquisa, em 2019, com a
aluna Júlia da Silva Quintanilha Fortes pretende-se elaborar mais dois questionário, e nesse
abordar-se mais uma vez temáticas sobre o feminismo negro e o racismo de forma aberta, com
novas perguntas para que se possa efetuar novas análises. Além disso, realizar entrevistas
presenciais com um homem e uma mulher negra para que ambos falem sobre suas
experiências enquanto negros dentro da sociedade. Bem como usar a rede social do projeto
para obter as mais diversas informações acerca do racismo e machismo com o uso das
ferramentas presentes no aplicativo, fazendo proveito de o fato de a internet ser um meio
bastante abrangente, pretende-se também propagar no IFRN, Campus Natal-Zona Norte
imagens e cartazes que exaltem a beleza negra. Após tudo isso, será desenvolvido um artigo
científico com todos os dados alcançados com o desenvolvimento do projeto.

4 RESULTADOS

Na primeira etapa do projeto, em 2018, Yanca Gabrielle Silva de Abreu e Sara


Mariana dos Santos aplicaram um formulário, que visava recolher dados da situação atual da
sociedade em relação à imagem da mulher negra. Sobre as respostas, a idade assim como a
escolaridade das pessoas alcançadas foi bem variada, porém houve mais respostas entre os
jovens de dezoito a vinte e quatro anos. Uma grande parte dos respondentes foram homens.
Logo, pode-se acreditar que a escolaridade não é necessariamente um fator de desconstrução
dessa problemática. E, portanto, sem a discussão sobre o que é racismo e as diversas formas
de como ele é reproduzido, consolida a persistência do mesmo na sociedade. Com o
formulário inicial, respostas absurdas e comentários grosseiros foram encontrados. Os
próximos passos para obtenção de resultados, serão mais dois formulários de investigação da
opinião pública por meios virtuais, e um questionário físico disseminado no

4
IFRN | Campus Natal - Zona Norte

IFRN-Campus-Natal-zona norte . Além disso, a rede social desenvolvida no instagram servirá


também para análise da opinião pública.
Espera-se encontrar, ao final, resultados favoráveis a uma análise humanística da
temática para que então possa-se divulgar e fazer o máximo para promover o que o projeto
defende: equidade. Os resultados finais da pesquisa serão desde as respostas disponibilizadas
nos meios virtuais até o mais longo questionário feito a membros da comunidade acadêmica,
além do apoio de pesquisas e obras sobre o assunto. Contando-se com todas as etapas de
elaboração do projeto. Acredita-se que a maior dificuldade será o preconceito e o racismo que
ainda é enraizado na sociedade brasileira, fazendo assim com que muitos observem o trabalho
como alienação e tentativa de hierarquização da mulher negra.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, nota-se que a mulher negra do Brasil, ainda que liberta, com o fim da
escravidão, está acorrentada pelo preconceito inerente e racismo institucional presente na
população. Desse modo, os resultados até aqui serviram para ampliar a visão de todos os
membros participantes do trabalho e também daqueles que tiveram acesso a esses conteúdos
como ouvintes, fazendo com que note-se que a luta é grande mas a capacidade de alcançar
uma realidade melhor para essas mulheres existe. Com isso, a nova etapa do projeto, aqui
descrita irá investigar mais conceitos a fundo e fazer o máximo de divulgações virtuais, orais
e acadêmicas a respeito da mulher negra como sendo uma participante ativa e digna de
respeito dentro da sociedade.

6 REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o Feminismo: a situação da mulher negra na América


Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Universidade católica de Pernambuco. v.1.
(2014). Obra completa.

DAVIS, Ângela. Mulheres, raça e classe. S.Paulo: Boitempo, 2016 [1981]

RIBEIRO, Djamilla. Quem tem medo do feminismo Negro? São Paulo: Companhia das
letras, 2018. v.1. Obra completa.

5
IFRN | Campus Natal - Zona Norte

ESTADÃO, Brasil. 75% das vítimas de homicidio no país são negras aponta atlas da
violência. Disponível em:
https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,75-das-vitimas-de-homicidio-no-pais-sao-negras-a
ponta-atlas-da-violencia,70002856665. Acesso: 28/08/2019.

Você também pode gostar