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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL

Giullia Di Carli, Letícya Azevedo e Thayanna Lima

Relação das Mulheres Negras com o Mercado de Trabalho


A jornada profissional das mulheres negras e seus desafios

João Pessoa - PB
2023
Giullia Di Carli, Letícya Azevedo e Thayanna Lima

Relação das Mulheres Negras com o Mercado de Trabalho


A jornada profissional das mulheres negras e seus desafios

Trabalho de busca em bases de dados


científicos apresentado à disciplina de
Metodologia Científica, como parte dos
requisitos para a construção da segunda nota.

Docente: Dra. Luana Rodrigues

João Pessoa - PB
2023
ATIVIDADE DE BUSCA NOS BANCOS DE DADOS ELETRÔNICOS:
PORTAL PERIÓDICO CAPES

1. Acessamos o Periódicos CAPES, no link https://www-periodicos-capes-gov-


br.ezl.periodicos.capes.gov.br/index.php, por meio do acesso remoto;
2. Entramos nos Descritores de Ciências da Saúde (https://decs.bvsalud.org/) e
procuramos por mulheres; negras; trabalho. Analisamos que está conforme o banco de
dados.
3. Então, voltamos para o portal Periodicos e fomos até a aba Acervo, acessando “Buscar
assunto”;
4. Em busca avançada fomos ao Filtro de busca e selecionamos a seguinte sequencia:
assunto – contém – mulheres;
E – assunto – contém – negras;
E – assunto – contém – trabalho.
5. Ao lado, selecionamos “artigos”; “qualquer idioma”; “últimos 5 anos”; Não
selecionamos bases.
6. Após isso foram obtidos 13 resultados;
7. Selecionamos os seguintes artigos:
- Mulheres Negras e o Trabalho.
- Organizações 4.0: tendências de empregabilidade para as mulheres negras
brasileiras.
- Interseccionalidades da escravidão contemporânea da mulher negra à luz do
pensamento decolonial: trabalho, determinantes e desigualdades sociais.
- A exploração da mulher negra sob a teoria do valor- trabalho.
- Discriminação da mulher no mercado trabalho: destacando a mulher negra neste
processo.
Artigo 1:

Oliveira Cardoso, B.; Macedo Oliveira, C. Mulheres negras e o trabalho. Brasília, v.3, n.1, p.
38-64, 2021.

“No Brasil, as mulheres, principalmente as negras, ao longo de nossa história – em razão de


sua relação direta com o trabalho manual, condição imposta pelos regimes patriarcal e
escravista - , foram alocadas em processos de exclusão e discriminação que perduram até os
dias de hoje.” (p.39)

“A maioria das mulheres negras ainda se ocupa com as funções que exerciam no passado
colonial. Aliadas aos processos de racismo, exclusão de direitos e discriminações, está
população é vista de maneira estereotipada, inferiorizada, não só pela cor, mas pelo lugar e
trabalho que ainda exercem na sociedade atual.” (p.39)

“Quando se reflete sobre as mulheres negras, os processos de exclusão e marginalização se


multiplicam, fazendo com que suas vidas sejam multiplamente violadas por serem mulheres,
pela cor e pelos espaços que ocupam nos postos de trabalho.” (p.39)

“[...] a partir dos processos de luta e reinvindicação política e social, essas mulheres ganham
espaços de fala e representatividade, tendo sua relação com o trabalho não mais como um
fardo ou uma chaga, mas como eixo ressignificador de poder e lugar de espaço na sociedade.”
(p.39)

“[...] é importante que os estudantes tenham uma visão ampla e crítica da história do trabalho
no Brasil, e entender que, historicamente, ela está intimamente ligada as questões raciais, pois
foi formada a partir de estruturas de poder de base patriarcal e colonial, que condicionou a
trabalhos manuais forçados, a população negra, relegando-a a esta função na sociedade
colonial.” (p.40)

“[...] a BNCC não consegue se aprofundar em questões como o racismo e o seu


enfrentamento. Limita-se ao olhar superficial, universal e pacífico, a partir da ideia de
diversidade e da diferença, não questionando os motivos crônicos das desigualdades históricas
vividas por negros (as) e seus descendentes na sociedade brasileira. (SILVA, 2018, p. 27 e
28).” (p.41)
“[...] os professores devem passar a tratar de conteúdos sólidos, sem propagar ‘doutrinas’ que
prejudiquem “os valores familiares”, de manutenção do status quo. Essas ações constituem
verdadeiros entraves para a promoção de uma escola inclusiva, autônoma e de amplo acesso a
conhecimentos importantes para a sociedade. (SANTOS; PEREIRA; SOARES, 2018, p. 8)”
(p.41,42)

“[...] É necessário que os diálogos com essa temática se façam abertos e reforçados, com
intuito de promover uma educação que priorize o respeito aos direitos humanos, a busca por
justiça e equidade e o combate a todas as formas de discriminação..” (p.42)

“Apesar de todos esses aparatos legais para a implementação das temáticas de gênero e raça
[...] é necessário problematizá-las dentro dos projetos político pedagógicos, na construção dos
currículos, na formação de professores, nas mudanças de atitudes, nas metodologias, nas
práticas pedagógicas, buscando outras formas de enxergar o processo de ensino e a concepção
de educação.” (p.42)

“Um novo olhar sobre a educação consiste em descolonizar os currículos, transpassá-los para
além dos conteúdos específicos, trazendo temáticas que construam sentido aos alunos, as
quais, durante muito tempo, foram negadas ou silenciadas dos contextos escolares.” (p.42)

“Mesmo em meio às mudanças ocorridas no contexto brasileiro nos finais do século XIX e
início do século XX – na política [...]; no plano econômico [...] –, no que tange às estruturas
sociais, elas pouco se alteraram, mantendo-se as hierarquias baseadas na classe, no gênero e
na raça.” (p.43)

“Em meio às diferentes demandas e tarefas exigidas na produção, buscou-se edificar um


ensino que formasse o trabalhador multifacetado, o qual dominasse rapidamente diferentes
técnicas e informações, imprescindíveis para poder atender à dinâmica capitalista de forma
eficiente.” (p.44)

“[...] Um dos pilares para a materialização dessa concepção de ensino é a


interdisciplinaridade.” (p.45)

“ A interdisciplinaridade é antes de tudo uma atitude, uma postura diferenciada diante do que
está sendo estudado, mas que não se impõe ao ponto de desprezar as particularidades de
outros vetores.” (p.45)
“[...]a interdisciplinaridade é antes de tudo uma atitude, uma postura diferenciada diante do
que está sendo estudado, mas que não se impõe ao ponto de desprezar as particularidades de
outros vetores.” (p.45)

“[...] a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem, isto é, um processo


educativo. A origem da educação coincide, então, como a origem do homem mesmo.” (p.46)

“Resgatar a compreensão do trabalho como princípio educativo é evidenciar que este processo
é fundamental para existência humana – no sentido de produção material da vida e ao mesmo
tempo, do educar-se nela.”

“Pensar as categorias gênero e raça a partir das suas relações com o trabalho significa refletir
que estas representações estão profundamente marcadas na sociedade brasileira por
concepções e estereótipos construídos culturalmente, na medida em que se estruturaram pelas
relações de poder.”

“Raça e gênero, categorias sociológicas, são essenciais para a compreensão das relações
sociais cotidianas[...]” (p.47)

“Essas categorias, ao se interseccionarem, produziram concepções sobre o trabalho, a partir da


articulação social hierárquica fundada no patriarcalismo, sexismo e racismo. [...] os
privilégios sociais são organizados com base nas funções que cada indivíduo exerce na
sociedade: o homem branco português – provedor da família – possui funções superiores; a
mulher branca – responsável pelas funções de cuidado da família e do lar (vista como
inferior/sexo frágil); e a mulher negra – tendo em vista a relação com a escravidão –, é
direcionada a funções laborais, maternas e até mesmo sexuais.” (p.48)

“Esta estrutura ainda reverbera na sociedade brasileira atual, no sentido de naturalizar as


representações sociais e os lugares que os sujeitos ocupam no contexto social, fazendo com
que os indivíduos enxerguem uns aos outros de maneira diferenciada e organizada
hierarquicamente, exercendo as mesmas funções que tinham no passado colonial.” (p.48)

“O trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. A
ideia não é que o ser humano viva em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os
meios para se manter vivo. Dito isto, o impacto do trabalho e do seu conceito exercem grande
influência na construção do sujeito. (A.1)” (p.54,55)
“Historicamente, a partir do processo de colonização e constituição posterior de uma
sociedade brasileira, o trabalho braçal, ato de produção básica de subsistência é tido como
algo ruim. [...]” (p.55)

“[...] as mulheres negras foram afetadas de maneira substancial.” (p.56)

“A grande maioria das mulheres negras no Brasil hoje são pertencentes a classe pobre e sem
nenhuma perspectiva de vida, servindo aos brancos que quase sempre ocupam cargos de
poder, e acima de tudo sofrendo com o preconceito por serem negras. (A.4)” (p.56)

“[...] estão sujeitas à violência pela irracionalidade e imoralidade de primitivos.” (p.56)

“É de suma importância essa conscientização e valorização do trabalho das mulheres no qual


essas atitudes ajudam no empoderamento feminino no mercado de trabalho. (A.8)” (p.57)

“Este trabalho teve a finalidade de materializar a busca por um ensino integral, omnilateral, de
igual oportunidade para todos [...] Assim, na tentativa de superação do modelo atual de
ensino, parte-se para a defesa de uma escola única, desinteressada, integrada e
transformadora.” (p.59)

“A partir das discussões e debates em sala, pode-se pensar em meios para ressignificar estas
relações, a saber: por meio do olhar positivo para o trabalho, com base no retorno ao seu
sentido histórico e ontológico, como realização humana e essencial para a vida.” (p.60)
“Assim, um ensino integrado, que ressignifica as formas de ensinar e aprender a partir de
metodologias ativas, consegue caminhar junto às demandas dos alunos pelas diferentes áreas
do saber e promover problematizações da realidade a partir da expansão das temáticas do
currículo formal.” (p. 60)
Artigo 2:

Aparecida Avelar Ferreira, C.; Gonçalves Teixeira, E. Organizações 4.0: tendências de


empregabilidade para as mulheres negras brasileiras. Florianópolis, v.11, p. 01-15, jan./dez.
2021.

“A busca pela eficiência das empresas não tem limites e o avanço tecnológico mundial
propicia esse ganho para as organizações. Esse novo paradigma empresarial gera um
paradoxo: como garantir a empregabilidade principalmente da mão de obra das mulheres
negras brasileiras, que ainda padecem do descrédito de seu valor devido ao sexismo e racismo
nas organizações 4.0 no Brasil?” (p.2)

“A situação das mulheres e negras no mercado de trabalho brasileiro é conflitante devido ao


sexismo e racismo, além do fato de que o trabalho é uma ferramenta com lados opostos e
fonte potencial de desigualdade social para algumas categorias de análise como mulher e raça,
conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2016).” (p. 5)

“Segundo Hirata (2011), as mulheres estão mais lotadas em trabalhos informais, quando o
trabalho é em tempo parcial e com baixa qualificação formal. Esse tipo de trabalho pode
impactar na segurança do trabalho, na carreira, na renda e nos desejos de formação e
representação sindical.” (p.5)

“As mulheres deparam com a desigualdade de gênero na carreira e conforme os estudos de


Marry e Pochi (2017), isso ocorre tanto na esfera pública quanto na privada, sendo que o teto
de vidro é mais proeminente no âmbito privado.” (p.5)

“Segundo dados oriundos no Relatório Cepal (2019), as mulheres ainda estão em situação de
desigualdade na América Latina e Caribe.” (p.5)

“Portanto, a situação das mulheres e negras é crítica no mercado de trabalho brasileiro estando
elas em desvantagem aos homens, o que pode ser explicado pelo sexismo moderno e racismo
(Rosa, 2014). As mulheres negras, nos últimos anos, avançaram em termos de nível de
escolaridade e qualificação após as políticas afirmativas, mas ainda está em pé a desigualdade
em relação às mulheres brancas. Há exceções, mas a maioria ainda está na base da pirâmide
de estratificação social.” (p.5)
“Esse sexismo fundamenta-se na discriminação contra as mulheres levando a avaliações
negativas de competências e habilidades, que se configuram na causa da sub-representação
das mulheres em alguns cargos. Essa condição é vista como culpa das próprias mulheres
envolvidas e não pela discriminação, preconceito individual e institucional contra as
mulheres, exercidos por funcionários e supervisores machistas. No caso de mulheres negras,
além dessa discriminação pelo sexismo, elas ainda padecem do racismo velado na esfera
privada, camuflado na tolerância racial na esfera pública, como também pelo condicionante
de classe social (Mariano & Carloto, 2013).” (p.7)

“Ferreira e Nunes (2019) enfatizam que os negros se deparam com diversos desafios, seja na
inserção, ascenção e vivência no mercado de trabalho, em decorrência do contexto histórico
de suas origens, em que ficaram às margens da sociedade, além de ocuparem cargos de baixa
qualificação, menor remuneração e condições precárias de trabalho.” (p.7)

“Infelizmente, as principais ocupações de mulheres que estão crescendo e pagando melhor


também são as ocupações em que as mulheres afro-americanas estão sub-representadas
(Mckinsey Global Institute, 2019).” (p.9)

“Não adianta todo o investimento educacional e de qualificação que as mulheres negras


alcançarem, se permanecer o racismo institucional (Lage & De Souza, 2017).” (p.10)

“A situação das mulheres e negras no mercado de trabalho brasileiro é crítica, intensificada


pela desvantagem em relação aos homens, a qual pode ser aclarada pelo sexismo moderno e
racismo institucional. Para a inserção e manutenção da mulher nas organizações 4.0, ela terá
que investir em educação, esforçando-se ao máximo para dar continuidade aos estudos, apesar
de todas as discriminações e privações para estudar e se capacitar.” (p.11)

“As subjetividades dos gestores poderão impactar a inserção e a inclusão das mulheres negras
nas organizações 4.0, desde que a mudança organizacional aconteça com a participação de
todos com os propósitos de: inclusão e não exclusão; busca de uma empresa e sociedade
sustentáveis; e redução das desigualdades social e racial.” (p.11)

“Espera-se com este estudo estimular o debate e a pesquisa para confrontar estas perspectivas
de futuro e contribuindo para novas oportunidades para as mulheres e negras.” (p.12)
Artigo 3:

Guimarães Chai, C.; Souza Moraes, V. H.; Sandes de Sousa, K.; Franklin da Costa Ramos, F.
Interseccionalidades da escravidão contemporânea da mulher negra à luz do pensamento
decolonial: trabalho, determinantes e desigualdades sociais. Rio de Janeiro, v.21, n.3, p. 1-13,
2023.

“As dificuldades sofridas pela mulher negra inserida na estrutura social brasileira patriarcal,
misógina e sexista, considerados os sistemas de poder vigentes, justificam pesquisas e estudos
que ponham em evidência as idiossincrasias de uma sociedade racista estrutural que naturaliza
o trabalho escravo contemporâneo e ainda abriga relações domésticas que escamoteiam, na
infeliz metáfora social de casa grande e senzala, a exploração silenciosa e obsequiosa do
trabalho doméstico e a sua domesticada, dócil e familiar invisibilidade.” (p.2)

“A invisibilidade desse público, em razão das suas determinantes sociais de cor e gênero, gera
grandes entraves, quando, o mais das vezes, a ausência de dados legitima um estado de coisas
inconstitucionais, o que acomoda uma organização e gestão públicas das relações de trabalho,
emprego e gênero que agravam a violência sofrida pela mulher negra.” (p.2)

“Esta pesquisa, qualitativa, com aplicação de revisão documental e bibliográfica, tem como
objeto de estudo a problematização da invisibilidade da mulher negra escravizada
contemporaneamente, que aparece quase sempre, e apenas socialmente, nas estatísticas da
violência contra a vida, nos homicídios, nos feminicídios e nos resgates de trabalhadoras
escravizadas, adotando-se como base teorética uma aproximação conceitual decolonial para
uma efetiva reação política, jurídica e econômica contra o trabalho escravo, segundo a
previsão do ilícito contido no art. 149, do Código Penal brasileiro, e nas normas internacionais
de combate ao trabalho escravo contemporâneo.” (p.2)

“A mulher negra, premiada pela desigualdade remuneratória que naturaliza um acesso


discriminatório à capacidade econômica, constata a resistência das instituições em reequilibrar
as forças democráticas de participação e igualdade, as quais podem ser qualificadas de postura
de políticas públicas administrativas hostis, segundo descrição teórica de Kimberlé Crenshaw
(1995).” (p.2)

“Miraglia (2011) ensina que o trabalho escravo contemporâneo é quando o empregado é


subjugado, humilhado e submetido a condições degradantes.” (p.3)
“A posição ocupada pela mulher negra representa uma herança da mentalidade colonial na
sociedade brasileira, especialmente naquelas pessoas que se fixam em grandes centros
urbanos, que têm a ideia de que o trabalho exercido pela mulher negra, especialmente no
âmbito doméstico, seria um exercício laboral de menor importância, sem valores reais,
baseado na ideia de que essas trabalhadoras já estariam sendo beneficiadas pela oferta de
alimentação e moradia (Davis, 2011).” (p.3)

“Se mentalidade e práticas sociais brasileiras são de menor valia ao trabalhador negro, com
péssimas condições de trabalho, a situação das trabalhadoras negras é de severa indignidade,
sobretudo quando as tarefas domésticas são percebidas como obrigação exclusiva da mulher,
seja ela membro da família, seja ela trabalhadora escravizada.” (p.4)

“O contexto brasileiro da negativa de direitos humanos, que implica a falta de acesso do


cidadão à educação, à saúde, à moradia e ao saneamento básico, vulnerabiliza tais
trabalhadoras potencialmente, que se veem como presas fáceis de propostas de trabalho, por
vezes disfarçadas de promessa de fuga da miséria, de acesso ao estudo e de uma vida melhor
que a concedida a uma ascendência de explorados, por vezes por gerações da mesma família.”
(p.4)

“Nesse cenário, a mulher negra é constantemente posta em local de desinteresse, invisível aos
olhos da maioria, e deixa de ocupar bons postos de emprego, permanecendo às margens da
sociedade.” (p.5)

“No período após a abolição, quando a maioria das pessoas que antes compunham a parte
escravizada da sociedade brasileira estava envolvida com as plantações de café, o papel da
mulher tinha maior foco no exercício de atividades braçais, já que estava inserida na lavoura
e, portanto, na reprodução da economia. Durante o Império, estima-se que dentre cerca de 800
mil trabalhadores, 300 mil eram mulheres, no entanto, a força laboral feminina era vista com
desprezo, embora existisse em um número expressivo (Sousa, Tardivo, & Haack, 2021, pp.
57-58).” (p.5)

“Estipula-se, portanto, uma comparação entre a mulher branca e a mulher negra, sobre como o
patriarcado naturalizou a opressão feminina negra, já que a mulher branca era considerada
sacralizada na função de esposa e mãe; de outro lado, para a mulher negra escravizada,
sobrava a função sexual, objetificada (Araújo, 2003, p. 25).” (p.6)
“Davis (2011) também aborda o problema da exploração sexual de mulheres negras,
afirmando que essa é uma das maneiras distintas pelas quais a mulher também pode sofrer e
ser explorada, vítima de abuso sexual e bárbaros maus-tratos. Nesse cenário, a exploração
dessas mulheres acompanha a conveniência do explorador: se é conveniente utilizar sua força
braçal, assim é feito; se convém explorá-las sexualmente, assim o fazem.” (p.7)

“Somando-se à invisibilidade feminina, a cor reforça as práticas de exploração e vulnerabiliza


ainda mais a mulher negra, que assume determinantes sociais repetidamente discriminadores:
de gênero e de cor, em um retrato da interseccionalidade das condições de fragilidade.” (p.10)

“A necessidade de pensamento crítico e feminista decolonial envolve acadêmicos, sociedade,


invisibilizados, organismos públicos e setores privados, que devem ter, na concepção de suas
políticas e estratégias organizacionais, medidas para prevenir e enfrentar os desafios
nacionais. Possibilita-se, assim, a base necessária para enfrentar tanto o trabalho escravo
contemporâneo quanto a invisibilidade da mulher negra silenciada repetidamente por suas
condições de gênero, raça e subalternização cultural.” (p.11)
Artigo 4:

Farias de Araujo, L. M. A exploração da mulher negra sob a teoria do valor- trabalho. Vitória,
v.15, n.1, p. 258-270, jan./abr. 2023.

“Partindo de um feminismo classista, pautado por interesses das mulheres trabalhadoras,


considera-se que raça e gênero não podem ser tratados sem atentar para a sua intrínseca
relação com a classe social.” (p.2)

“Além disso, as mulheres negras (ou racializadas) possuem piores empregos e menores
rendimentos” (p. 2)

“Tal qual a natureza, a vida das mulheres negras também é destruída no dia a dia, o estupro
sistemático fez e faz parte do cotidiano dessas mulheres, em que sociedades inteiras foram
forjadas sob a violência sexual.” (p. 3)

“A desumanização serve aqui para justificar a violência sobre tais mulheres. Além da
escravização de seu trabalho e corpo, também há a demonização de sua religião e cultura.” (p.
4)

“Faz-se necessário especificar a particularidade do sofrimento da mulher negra, porquanto


para além de encarar um mundo burguês, racista e patriarcal, ainda é necessário enfrentar as
mulheres burguesas exploradoras. O ataque vem de todos os lados. “ (p. 5)

“A desumanização da pessoa racializada não ficou no passado desgraçado e escravocrata;” (p.


8)

“(CONDÉ, 2020, p. 138). Este é o homem burguês e branco na sua mais plena barbaridade;
estes são os verdadeiros selvagens que destinaram à mulher negra o estupro sistemático como
forma de reprodução da força de trabalho e também como punição.” (p. 9)

“A tentativa de rebaixamento da humanidade da mulher racializada e explorada hoje deve ser


denunciada como um processo histórico-social de conformação da sociedade burguesa. Esta
foi fundada sobre o estupro das mulheres escravizadas para a reprodução da força de trabalho,
portanto, o mais-valor (MARX, 2017) acumulado pelos capitalistas no processo de
colonização foi empreendido sobre o estupro sistemático e coletivo das mulheres negras
(DAVIS, 2016). Tal processo acarreta a violência sobre estas mulheres e o aumento da
exploração capitalista sobre sua força de trabalho” (p. 11)
Artigo 5:

Pereira Lemos Junior, E.; Silva, C. Discriminação da mulher no mercado trabalho: destacando
a mulher negra neste processo. Bélem, v. 5, n. 2, p. 76-93, jul./dez. 2019.

“Ao longo dos anos a mulher tem batalhado para ser reconhecida e valorizada como parte
fundamental e necessária no mercado de trabalho. E mesmo atingindo um alto grau de
conhecimento e chegando a um elevado nível de educação e profissionalização, a mulher
ainda encontra vestígios de discriminação e desigualdade por parte da sociedade atual, que
tanto debate sobre a igualdade de gêneros e etnias.” (p. 1-2)

“Desde os tempos remotos, a mulher ocupa papel inferior em relação ao homem. Inseridas em
uma sociedade patriarcal, em que deviam obediência a seus maridos, eram tidas como
instrumentos, que deveriam cuidar das tarefas domésticas, de seus filhos e dos maridos, os
quais se consideravam seus donos.” (p.3)

“O trabalho sem remuneração da mulher, que é exercido no dia a dia em seus lares, não é
contabilizado pelas estatísticas e não possui uma valorização social, ainda que contribuam de
forma importante e significativa para a sociedade.” (p.5)

“Doutrinariamente, podemos afirmar que a discriminação é um ato de negar a uma ou mais


pessoas um tratamento adequado ao modelo jurídico determinado para a situação em que se
encontra.” (p. 6)

“Portanto, pode-se qualificar como discriminação toda e qualquer exclusão, diferenciação ou


preferência fundada em relação a gênero, raça, cor, nacionalidade, sexualidade ou etnia que
tenha como objetivo diminuir o outro.” (p. 7)

“O mercado de trabalho está marcado pelas alarmantes desigualdades de gênero e cor.” (p. 7)

“Estudos apontam que mulheres e negros têm mais dificuldade para serem inseridos de fato
no mercado de trabalho e é de responsabilidade do Governo Federal, a criação de planos de
política e a promoção da não discriminação, possibilitando a criação de oportunidades iguais
para todos que desejam adentrar no mercado de trabalho brasileiro.” (p. 7-8)
“Quando se fala da participação da população negra no ambiente de trabalho, vem à tona a
imagem que nos faz entender as desigualdades raciais que existem na sociedade brasileira e
no mercado de trabalho, representados pela pirâmide hierárquica, em que os negros aparecem
na base, em sua maioria as mulheres negras. Vemos também essa hierarquia, na questão
salarial, em que o homem branco aparece liderando, seguido da mulher branca, abaixo o
homem negro e por último a mulher negra.” (p. 8)

“As mulheres brancas ainda têm uma certa vantagem em relação as mulheres negras.
Enquanto as mulheres brancas têm maior predominância no nível superior, as mulheres
negras, estão mais propensas a realizarem trabalho doméstico” (p. 8)

“A mulher negra no Brasil, diante de um cenário histórico marcado pela escravidão, carrega
em sua pele e traços as desvantagens e desigualdades sofridas naquele tempo e que se
arrastam até os dias atuais.” (p. 10)

“O grande desafio, é abrir e preparar o mercado de trabalho para as mulheres, e as mulheres


negras, mas para isso é necessário que a sociedade seja ensinada a recebê-las e as tratar com o
devido respeito e igualdade.” (p. 11)

“Com uma carga histórica repleta de discriminação e desigualdade, a mulher sofre com esses
fatores que marcaram sua trajetória e têm reflexos ainda hoje em sua vida profissional e
pessoal.” (p. 15)

“Além da discriminação por gênero sofrido pelas mulheres, as mulheres negras ainda
carregam o peso do racismo, que se faz presente e constante em seu dia a dia.” (p. 16)

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