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DESIGUALDADE DE GÊNERO

“Uma análise do papel das mulheres nas


organizações.”

24/11/2015
Volume 1, Edição 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


A presente cartilha tem o intuito de conscientizar a comunidade sobre as
desigualdades existente entre os homens e as mulheres nas organizações
Sumário

1. Considerações Iniciais ........................................................................................................... 3


2. Objetivo ..................................................................................................................................... 4
3. Introdução ................................................................................................................................. 5
4. Gênero ....................................................................................................................................... 6
5. Desigualdade entre gênero – uma análise pelo mundo ............................................................. 7
6. Conclusão ................................................................................................................................ 11
1. Considerações Iniciais

Se você tem 20 anos de idade em 2015, suas chances de ver a igualdade de gênero no
mercado de trabalho em todo o mundo são pequenas. Segundo a previsão do Fórum
Econômico Mundial, será preciso esperar até 2095 para que isso aconteça, caso o ritmo
das transformações continue o mesmo.

Estatísticas mostram que a desigualdade de gênero


– da qual a diferença salarial faz parte – tem
Apenas dois em cada diminuído na última década. No entanto, esta
cinco funcionários
públicos de alto diminuição tem sido lenta e irregular.
escalão, diretores e
legisladores são O Brasil está na posição 124, entre 142 países, no
mulheres.
ranking de igualdade de salários por gênero. Entre
os 22 países das Américas neste ranking, aparece
em 21º lugar, à frente apenas do Chile e atrás de
países como Honduras, Panamá e Bolívia.

Segundo o relatório Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: A diferença entre a


remuneração de homens e mulheres diminuiu de 38% em 1995 para 29% em 2007.
Mesmo assim, de acordo com a pesquisa Estatísticas de Gênero de 2014, do IBGE, a
renda média das brasileiras corresponde a cerca de 68% da renda média dos homens.
2. Objetivo

Esse livreto tem por objetivo a conscientização da igualdade de gênero, visto que a
comunidade mundial ainda no século XXI convive com um percentual elevado de
desigualdade entre gêneros no mercado de trabalho. Apesar da constante mudança desse
cenário, esta acontece a passos curtos, o que nos torna os responsáveis por essa
diferença, portanto, cabe a nos cidadãos a conscientização para que a partir da prática
mudemos esta realidade.
3. Introdução

A presente cartilha visa contribuir com os estudos sobre gênero nas organizações, tendo
em vista que a promoção da igualdade efetiva entre homens e mulheres constitui um dos
principais desafios da gestão contemporânea, dadas as barreiras que impedem a
ascensão das mulheres a cargos diretivos, resultando no fenômeno do “teto de vidro”
(MOURÃO; GALINKIN,
2007; CAPPELLE et al.,
2004). O fenômeno Teto de
Vidro propõe um modelo de
discriminação, que supõe que a
produtividade feminina é
menor que a capacidade de
produção dos homens, uma
vez que, estes estão em plena e
pronta capacidade de criação e
inovação das tarefas exigidas
pelo mercado. Dessa forma, as
mulheres são subestimadas no cenário organizacional e passam a travar uma batalha
para a sua inclusão e permanência no mercado de trabalho. Percebe-se então que, a
carreira feminina é dificultada por aspectos socioculturais não muito perceptíveis,
relacionados ao gênero, e não à qualificação e competência da mulher. O Teto de Vidro
traz à tona às barreiras invisíveis enfrentadas por profissionais do gênero feminino que
buscam estabilidade no setor corporativo. Tais barreiras invisíveis são advindas da
cultura e da sociedade e que perpassam ao mundo dos negócios.Para que a haja a
conscientização da importância e da valorização da mulher no mercado de trabalho, é
necessário, antes, a definição de gênero para que, em seguida, seja possível analisar e
compreender a participação feminina atual no mercado de trabalho e, logo após,
discorrer acerca do feminino criam dificuldades para ascensão das mulheres visto que,
culturalmente, a sociedade atribui à mulher o papel de única responsável pelas
atividades domésticas, o que dificulta sua atuação profissional.
4. Gênero

Muitas vezes confundido como sexo, o conceito de gênero vai mais além, considerando
que as diferenças existentes entre homens e mulheres são uma construção social e
cultural, sendo assim o gênero representa as imagens e significados atribuídos a cada
sexo, e como estes se relacionam.

O conceito de gênero é definido, segundo Alves e Pitanguy (1985), como uma


construção sociocultural, que atribui ao homem e a mulher papéis diferentes dentro da
sociedade e depende dos costumes de cada lugar, da experiência cotidiana das pessoas,
bem como da maneira como se
organiza a vida familiar e
política de cada povo.

Desse modo, as mulheres são


vistas como passivas
atribuindo-lhes as qualidades
como paciência, fragilidade,
emoção, enquanto as
qualidades ativas como
agressividade, força,
dinamismo, caracterizam o
homem. Assim, o
conhecimento do gênero
permite pensar nas diferenças sem transformá-las em desigualdade, ou seja, sem que as
diferenças sejam ponto de partida para a discriminação.

Portanto, a mulher deve ser considerada uma parceira nas questões tanto sociais quanto
profissionais, visto que sua força se traduz no emocional quando gera e educa os filhos
e edifica o lar, sendo compreensiva com todas as questões do marido e de toda a família.
Cabral e Diaz (1999) ressaltam que as questões relativas à mulher são tratadas sob o
termo de gênero construído socialmente, o que busca compreender as relações
estabelecidas entre homens e mulheres, os papéis que cada um assume na sociedade e as
relações de poder estabelecidas entre eles.
5. Desigualdade entre gênero – uma análise pelo
mundo

O registro realizado pelo Fórum Econômico Mundial apresenta um avanço da igualdade


entre gêneros em 86 dos 136 países que representa aproximadamente 93% da população
mundial.

O estudo ainda aponta a Islândia como o país com a menor desigualdade de gênero. A
Islândia é uma nação onde as mulheres têm o mesmo acesso que os homens à educação
e saúde e têm mais chances de participar plenamente na economia e política do país.

Completando o topo da lista de países com o maior índice de igualdade entre homens e
mulheres estão os vizinhos da Islândia: Finlândia, Noruega e Suécia.

Na América Latina e no Caribe, os três países com melhor desempenho na região são
Nicarágua, Cuba e Equador, que figuram entre os 25 primeiros países do ranking geral.
O Brasil, em um ano permaneceu na 62ª posição sem sofrer nenhuma alteração.

Como o ranking é estabelecido?

Para comparar os níveis de desigualdade entre os gêneros nos país, o Fórum


Econômico Mundial cria um index a partir de mais de mais doze tabelas de dados com
a pontuação dos países. As notas variam entre 1 (ou 100%), que representa total
igualdade e zero (ou 0%) para desigualdade.

"O abismo entre os sexos em áreas como saúde e educação na região reduziu
consideravelmente. Agora, esses países estão prontos para decolar em termos de
igualdade no trabalho e participação na política", diz Saadia Zahidi.
Ainda segundo o Fórum Econômico Mundial, na Europa, os países do norte têm bons
índices de desigualdade entre homens e mulheres, isso se deve em parte a políticas
destinadas a ajudar as mulheres a encontrar um bom nível de equilíbrio entre suas
atividades de trabalho e as atividades da vida familiar. No sul da Europa a diferença
entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é alta, ou seja, a participação das
mulheres economicamente ativas no mercado de trabalho é consideravelmente inferior a
participação dos homens.

As Filipinas, na Ásia, se destaca como o país mais igualitário, no que diz respeito à
economia há um nível alto de participação feminina. Entretanto, a China ocupa a 69ª
posição no ranking geral, à frente da Índia, em 101º sua baixa posição no ranking se
deve a baixas pontuações nos quesitos saúde, educação além da economia.

Na América do norte, o Canadá e os Estados Unidos estão na 20ª e 23ª posições,


respectivamente. Os Estados Unidos vem atrás do Canadá em política, mas chega à
frente do vizinho em saúde e economia. Os dois países empatam em educação.

A África Subsaariana também apresenta grandes discrepâncias no tema desigualdade


nas organizações e mercado de trabalho, pois alguns dos países com maior desigualdade
de gênero no mundo estão situados nesta região. O Chade e a Costa do Marfim ocupam
algumas das últimas posições no ranking geral, em contra partida, alguns países do sul
da África registraram altos índices de participação feminina na força de trabalho e
empoderamento político que ajudaram a posicioná-los entre os 30 primeiros países no
ranking, como Lesoto que ocupa 16º posição, com a África do Sul logo atrás,
Moçambique aparece na 26ª posição.
O Oriente Médio e Norte de África são as regiões com as maiores desigualdades de
gênero em todo mundo. Entretanto, o quadro é bem heterogêneo, por exemplo, os países
do Golfo Pérsico realizaram grandes investimentos em educação feminina. Os Emirados
Árabes Unidos conseguiram reduzir consideravelmente à brecha que existia na
educação entre meninos e meninas, no país mais mulheres do que homens completam o
ensino superior no país. Contudo, esta realidade contrasta com a de países como o
Iêmen, onde os níveis de educação feminina são baixíssimos.

Brasil

O país em 2015 ocupa a 71ª colocação na lista. Em 2013, ocupava a 62ª posição.

Apesar de ter mantido a igualdade entre


homens e mulheres nas áreas de saúde e
educação, o Brasil perdeu posições nos
índices que medem participação feminina na
economia e na política. A maior queda
ocorreu na avaliação que considera salários,
participação e liderança feminina no
mercado de trabalho.

Porém, a curva de participação feminina na


política brasileira mostra uma nítida
ascensão desde a chegada da presidente Dilma Rousseff à Presidência, em 2011, ela foi
a primeira mulher a governar o país.

Em educação o Brasil atingiu a nota 1, o que


significa que não há desigualdade entre
O Brasil caiu nove posições homens e mulheres. A eliminação nas
em um ranking de desigualdades na educação esteve presente
igualdade de gênero
divulgado pelo "Fórum desde ano de 2012. Na saúde, o país pontua
Econômico Mundial". 0,98; o que o coloca em 1º lugar, empatado
com outros países desde o início da
divulgação do ranking, em 2006.
As mulheres no Brasil são maioria da população, ocupam cada vez mais espaço no
mercado de trabalho e, atualmente, são responsáveis pelo sustento de 37,3% das
famílias.

O número de filhos também mudou. Em 1980, a média era de 4 filhos por mulher, em
2015 este número se reduziu para um a dois filhos. Segundo o IBGE, a média de filhos
pode variar em função dos inúmeros processos sociais em que as mulheres estão
inseridas como: urbanização, modernização da sociedade em seus aspectos culturais,
econômicos e sociais; difusão de meios anticonceptivos, oscilações da renda familiar,
mudanças dos padrões de consumo.
6. Conclusão

Beauvoir (1980) afirma que a emancipação feminina ocorre primeiramente pela


emancipação econômica, fazendo da mulher um ser capaz de prover suas próprias
necessidades em condição de igualdade com os homens. Assim ocorreu com o
movimento feminista, lutando primeiramente pela igualdade de direitos e emancipação
econômica. A conquista de espaços no mercado de trabalho e, logo, nas organizações,
se deve aos movimentos feministas de muitos anos antes, que acreditavam na
transformação a partir da conscientização, visando romper com as formas de dominação
do masculino sobre o feminino em todas as esferas da vida (LANIADO; MILANI,
2007).

Como vimos anteriormente, o ranking utilizado para avaliar a desigualdade entre os


gêneros, são estabelecidos a parti de analises de diferentes apontadores que referenciam
dados aspectos e através de uma pontuação definem como se encontra a igualdade entre
os gêneros.
Em resumo, Brasil sofreu uma queda na avaliação estabelecida pelo ranking das nações,
tal queda foi justificada pela falta de equidade entre os gêneros nos aspectos
econômicos e políticos. Se defendermos o ponto de vista histórico brasileiro, onde a
mulher foi vitimizada anteriormente por uma sociedade machista e antiquada, de
maneira que a figura da mulher muitas vezes sem força para resistir acabava se
submetendo a tal postura, estaríamos novamente diferenciando e trazendo a tona todos
esses problemas do passado. Ao invés de nos apoiarmos em perspectivas pessimistas,
devêssemos reforçar alguns dos aspectos de igualdade destacados pelo próprio ranking e
continuarmos muitas das ações de integração entre os gêneros de maneira que, as
previsões de transformação possam diminuir ou que elas cheguem a tal ponto de
mudança e evolução, que os indivíduos não se sintam mais excluídos, mas sim parte do
próprio processo de mudança.

Talvez os brasileiros não assistam o país mudar tanto ao ponto de frequentar os maiores
índices de igualdade entre gêneros, como Finlândia, Noruega, Suécia e outros, talvez
essa ocupação seja uma utopia, mas de maneira alguma isso é um motivo para que a
sociedade em geral se levante e lute em prol de um bem – estar coletivo.

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