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UNIDADE CURRICULAR: Sociedade, Género e Poder

CÓDIGO: 41105

DOCENTE: Teresa Joaquim; Tutora: Ana Pinheiro

A preencher pelo estudante

NOME: Rita Alexandra Tomás Barbosa

N.º DE ESTUDANTE: 1701026

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 12 de abril de 2019

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

O nosso lar – Planeta Terra- desde a sua existência vive em constante mutação, quer num
todo, quer nos seus subsistemas e não menos intensa é a evolução vivida pelos seus
habitantes, neste caso concreto, o Ser Humano, que enquanto ser evolutivo, social e
cultural atribui papeis sociais consoante a cultura onde estão inseridos, com base no
género, na idade, no estatuto, nas habilidades e competências.

Margaret Mead reporta-nos para um tema complexo e ambíguo - a diferenciação de


género - ao estudar e expor simples microcosmos sociais distintos centrou-se “nos
plácidos montanheses Arapesh, nos ferozes canibais Mundugumor e nos elegantes
caçadores de cabeças de Tchambuli” (Mead, 2000:22) faz não só balançar e tremer a
sólida predominação masculina vivida na contemporaneidade, como também alicerça
estudos e teorias.

No seu estudo Mead, explana três tribos distintas, a Arapesh, onde ambos os sexos
mantêm uma conduta sensível, maternal e afável não sendo visível a imposição de algum
dos sexos; contrariamente, em relação às atitudes a tribo Mundugumor, tanto os homens
como as mulheres vivem num registo oposto e comparativamente à nossa cultura são
considerados agressivos, violentos, pouco maternais e “positivamente sexuados” (Mead,
2000:268); já tribo Tchambuli preserva diferenciação entre os sexos, sendo a mulher o
membro dominador, mais pratico e impessoal e o homem o dominado, com menos
responsabilidade e emocionalmente dependente. Assim e segundo Margaret Mead
podemos concluir que a diferença entre os géneros refere-se essencialmente “às
vestimentas, às maneiras e à forma do penteado que uma sociedade em determinados
períodos, atribui a um ou a outro sexo” e ainda que “as diferenças entre indivíduos que
são membros de diferentes culturas, a exemplo das diferenças entre indivíduos dentro da
mesma cultura, devem ser atribuídos quase inteiramente às diferenças de
condicionamento, em particular durante a primeira infância, e aforma deste
condicionamento é culturalmente determinada” (Mead, 2000:268).

Assim sendo, considera-se que o contexto sociocultural, a socialização primária e


secundária, são determinantes na postura dos diferentes sexos, levando as diversas
Ciências Sociais a ponderar quanto a sexuação é decisiva nos géneros, pois, mencionando

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Doise (1993) “a perspectiva desconstrutivista rompeu definitivamente com a concepção
do género como atributo dos homens e das mulheres concretos” (Amâncio, 2003:707).

A elucidação do que é feminino leva indubitavelmente à delimitação do que é masculino,


e vice/versa, dentro de uma cultura e sociedade, mas não propriamente com base na
diferença do corpo e/ou sexo, mas sim pelos seus papeis sociais desempenhados.

Contudo, e fugindo ao senso comum, revelam-se outros paradigmas, ou seja, o que é ser
mulher, ou que é “ser homem” do ponto de vista social?” como questiona Miguel Vale
de Almeida considerando uma “novidade epistemológica” (1995) e complexa, “porque
«ser homem», no dia a dia, na interação social, nas construções ideológicas, nunca se
reduz aos carateres sexuais, mas sim a um conjunto de atributos morais de
comportamento, sociedade sancionados e constantemente reavaliados, negociados,
relembrados” (Almeida, 1995).

Estar ciente da distinção entre sexo e género é base de estudo da muscularidade, pois a
diversidade de papeis sociais associados ao homem e sua eficiente concretização é
determinante para que seja classificado como tal, isto porque, existem um conjunto de
normas que devem ser correspondidas aos padrões sociais que lhe são incutidos desde a
socialização primária até à sua maturação.

A classificação do género tem uma rota transversal na sociedade que estão inseridos,
independente da cultura intrínseca a essa mesma sociedade, correspondendo sempre
assertivamente aos seus diversos papeis sociais, quer no seio da família, no trabalho, num
grupo de amigos, numa associação.

Então e segundo a pesquisa de Margaret Mead concluímos que o sexo e/ou corpo não são
determinantes para a distinção de género, pois esta baseia-se no reflexo dos ensinamentos
primários incutidos socialmente e que diferem de cultura para cultura.

A emancipação da mulher elevou-a para o patamar de ator central na sociedade que se


refletiu na interrogação e delimitação dos géneros e que ser homem ou mulher é mais do
que ter apenas um corpo diferente como limita o senso comum. A definição de cada
género é complexa, ambígua e alvo de estudo epistemológico pois, cada papel social*
individualmente é transversal na cultura em que está inserido, onde é suposto enquadrar-

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se eficientemente nos diversos papeis sociais atribuídos e incutidos pelas normas da
sociedade.

*Papel social - “Comportamento desempenhado por um individuo em função do seu


estatuto social e em resposta às expectativas dos outros” (Mesquita et al. 1996:137)

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Bibliografia

Amândio, L. (2003). “O género no discurso das ciências sociais”: Análise Social. Vol.
XXXVIII (168), (pp. 687-714) Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

MEAD, Margaret. (2000). Sexo e Temperamento. S. Paulo – Brasil, Editora Perspetiva,


SA.

Mesquita, R.& Duarte, F. (1996). Dicionario de Psicologia: Plátano Editora.

Almeida, M. V. (1995). “Senhores de Si – uma interpretação antropológica da


masculinidade”. Cap. IV, (pp.127-155), acedido a 10 de abril de 2019 disponível em:
https://books.openedition.org/etnograficapress/466

Imagem: https://www.google.pt/search?q=homem+e+mulher&rlz=1C2NDCM_pt-
PTPT755PT821&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiOi_HW6srhAhWOs
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Rita Barbosa

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