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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
ODONTOLÓGICAS

RODRIGO FALCÃO CARVALHO PORTO DE FREITAS

Tecnologia digital em próteses totais:


Propriedades dos materiais CAD-CAM e desenvolvimento de uma patente
de inovação para simplificação do fluxo de trabalho

NATAL/RN
2022
RODRIGO FALCÃO CARVALHO PORTO DE FREITAS

Tecnologia digital em próteses totais:


Propriedades dos materiais CAD-CAM e desenvolvimento de uma patente
de inovação para simplificação do fluxo de trabalho

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciências Odontológicas, do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor em Ciências Odontológicas.

Área de concentração: Clínicas


Odontológicas

Orientadora: Prof. Drª Adriana da Fonte Porto


Carreiro

NATAL/RN
2022
A defesa deste trabalho foi realizada no dia 21 de outubro de 2022, em Natal/RN,
tendo sido aprovado (a).

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Vinicius Dutra


Indiana University – Purdue University Indianapolis, IUPUI
1º Examinador

Prof. Dr. Túlio Pessoa de Araújo


Universidade Federal da Paraíba, UFPB
2º Examinador

Profa. Dra. Sandra Lúcia Dantas de Moraes


Universidade do Estado de Pernambuco, UPE
3º Examinador

Prof. Dr. Rodrigo Othávio de Assunção e Souza


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN
4º Examinador

Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN
Presidente - Orientador
DEDICATÓRIA

A Deus e à minha família.


A meus pais, Paulo e Sônia, à minha
esposa, Gildlucia, e às minhas
filhas, Maria Alice e Isadora.
Sem cada abraço, sem cada sorriso,
sem a Paz da presença de todos vocês
ao meu lado, eu nunca conseguiria
trilhar esse caminho.
AGRADECIMENTOS

Por padrão e normativos acadêmicos, as dissertações e teses apresentam apenas


um autor, sem, portanto, a discriminação de coautorias. Deixo aqui o meu registro dessa
falha regulamentar pela constatação de que muito raramente a produção de um trabalho
que se destina a alcançar e promover reflexões sobre o atual contexto técnico-científico,
será resultado da realização de uma única mente. Dessa forma este também não o foi. E,
talvez por isso mesmo, de todo o meu apreço por cada linha dessa tese, por cada
construção concebida desde o delineamento do projeto, da concepção da metodologia de
estudo, da condução das fases da pesquisa, do mergulho dentre nuances inalcançáveis
sem o constante diálogo, os constantes contrapontos e o conhecimento ampliado por
diferentes visões e variadas vivências. O resultado final ora apresentado é fruto do que
pudemos captar dessa construção múltipla.
Por essa razão registro em caixa alta a minha imensa GRATIDÃO, não apenas
pelo fato do trabalho em grupo e de essa convivência ter materializado essa tese, mas
também pelo afeto produzido e pela transformação que me permite dizer que guardo em
mim cada momento e cada experiência compartilhada.
Meu muito obrigado, à professora Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro, mais que
uma orientadora, não bastasse todo seu conhecimento técnico, o conhecimento didático,
sua dedicação e presença constante na condução dessa etapa foram fundamentais por
guiar e estabelecer o caminho para que pudéssemos transpor as dificuldades inerentes a
todo processo de aprendizado, sem os quais não seria possível alcançar os resultados aqui
apresentados. Toda minha gratidão!
Agradeço à toda equipe docente do Departamento de Odontologia (DOD/UFRN),
que ofereceu o máximo suporte e preparo para complementação da formação nas áreas
conexas associadas ao objeto de estudo aqui proposto. Assim, estendo a todos, citando
nominalmente o Professor Dr. Rodrigo Othávio, que me apresentou os meandros da linha
de pesquisa seguida por sua equipe em sua área de atuação e que foram de grande valia
ao desenvolvimento do nosso projeto. Muito obrigado!
À toda equipe de servidores do DOD/UFRN pelo zelo com que conduzem a
máquina administrativa do departamento e se fazem presentes em cada um dos
pormenores para que possamos conduzir nosso processo de desenvolvimento acadêmico.
Deixo meu abraço de gratidão a todos, representados por Prof. Roseana de Almeida
Freitas, Amanda Costa, Ângela Paiva, Jakelma Estevam, Clebya Medeiros, Joana D´arc
e Seu Francisco.
À Professora Dra. Sandra Lúcia Dantas de Moraes, em nome de quem amplio e
registro meus agradecimentos ao professor Dr. Bruno Casado, Rayanna Costa, e a todos
que fazem a odontologia da FOP/UPE, pela sólida parceria e que tanta contribuição tem
oferecido para que possamos ampliar nossos horizontes. Sou verdadeiramente grato pela
construção de tão importante rede de cooperação.
A todo o magistral corpo docente da IUSD/IN-EUA (Indiana University School
of Dentistry), à Professora Simone Duarte, à Professora Beatriz Panariello, à Professora
Sabrina Feitosa, ao Professor Vinicius Dutra, ao Professor Wei-Shao Lin, pelo
desprendimento e generosidade no compartilhamento do conhecimento, pelo
acolhimento, por todas as lições que pude vivenciar. Agradeço também o acolhimento e
o tratamento sempre cordial dos servidores do campus, em especial a Gilian Sullivan e
Melissa Seibert, através das quais externo o meu muito obrigado!
To all the magisterial faculty members of the IUSD/IN-USA (Indiana University
School of Dentistry), to Professor Simone Duarte, Professor Beatriz Panariello,
Professor Sabrina Feitosa, Professor Vinicius Dutra, Professor Wei-Shao Lin, for your
selflessness and generosity in sharing knowledge, for letting me feel welcome, and for all
the lessons I could experience. I also thank the reception and the always cordial treatment
of all the campus members, especially Gilian Sullivan and Melissa Seibert, through whom
I express all my gratitude!
Aos mestres que a vida me deu, e que mostraram, às vezes sem palavras, a
importância do “ser”, o caminho fascinante do conhecimento, da relevância de entender
que as perguntas por vezes são mais importantes que suas respostas. Por confiarem em
mim ainda durante a minha formação, em um momento profissional incipiente, cheio de
incertezas, e por me guiarem por um auto-conhecimento que permitiu percorrer essa
estrada até aqui. Recebam o meu reconhecimento e minha eterna gratidão, Professor Túlio
Pessoa de Araújo e Professor Heleno Morais.
Às amizades com quem pude compartilhar as dúvidas, os questionamentos, os
anseios e juntos pudemos superar nossas limitações e construir as soluções para os
entraves que se punham adiante de nós. Trabalhamos muitas vezes a quatro, a seis, a oito
ou a mais mãos e vimos como cada um de vocês foram e são essenciais para a efetivação
de cada linha desse trabalho. Recebam meus agradecimentos, Aretha Heitor Veríssimo,
Ana Larisse Pereira, Anne Kaline Claudino, Ana Clara Tôrres, Anne Karoline, Rachel
Gomes, Laércio Melo, Míria Curinga, Leandro Wagner e Drashty Mody.
To the friendships with whom I was able to share my doubts, questions, and
anxieties, and together we were able to overcome our limitations and build solutions to
face the obstacles. With you, we worked often with four, six, eight, or more hands, and I
saw how each of you were, and are, essential for each line of this work. I´m grateful to
you all, Aretha Heitor Veríssimo, Ana Larisse Pereira, Anne Kaline Claudino, Ana Clara
Tôrres, Anne Karoline, Rachel Gomes, Laércio Melo, Míria Curinga, Leandro Wagner,
Caroline Tonon, and Drashty Mody.
Às parcerias construídas. Como verdadeiras pontes humanas, vocês conectaram
nossos mundos e nos aproximaram do aparato tecnológico para que pudéssemos
materializar nosso plano de trabalho. Meu muito obrigado, Plínio César Silva (Dental
Wings), Cristiano Leite (Odontomega) e Rafael Neumann (Yller Biomateriais).
À Wylinka, ao Capa.Citta e a toda sua excepcional equipe que, com sua expertise
nas áreas de aceleração de projetos de inovação de base tecnológica, nos ajudaram a
incorporar em nossa metodologia de trabalho novos olhares voltados ao nosso público
alvo de maneira a entender a dor do usuário, o foco no problema e na solução baseada no
consumidor final. Meus agradecimentos pelo valioso feedback tão generosamente
oferecido por todos e, em especial, à mentora da nossa equipe, Lilian Duarte.
Ao IFPB, minha segunda casa, a instituição que me acolheu, me sustém e a cada
dia me seduz por ter dentro dos seus propósitos um dos valores que mais considero
substancial ao fomento de uma sociedade independente e soberana: a educação dos nossos
jovens em todos os seus níveis. Sou muito grato por fazer parte dessa família e por
contemplar dentro de sua estrutura, o incentivo ao aprimoramento profissional de seus
quadros, permitindo-me conciliar o mister de ajudar ao próximo pelo exercício da
odontologia, sem abandonar o sonho de estar envolvido com a área de pesquisa.
À UFRN, esta instituição que é referência para mim e para muitos, e que através
da AGIR (Agência de Inovação) e do DOD (Departamento de Odontologia) e de todos os
seus servidores ofereceu todo o suporte e assessoramento para a condução dos nossos
projetos. Serei sempre grato.
Ao CNPq, que permitiu, através do edital Universal para fomento de projetos de
pesquisas, que participássemos da estruturação do laboratório de Reabilitação Oral
Digital nas dependências do DOD/UFRN, onde foi realizada parte substancial deste
estudo. O investimento governamental em pesquisa, ciência e tecnologia é a grande mola
propulsora do desenvolvimento de qualquer nação e por essa razão valorizo e agradeço
sua presença em nossas instituições de ensino. Muito obrigado!
À toda minha Família, núcleo de amor que me moldou e me ensinou os valores
que trago em mim. Aos meus primeiros mestres, Paulo e Sônia. Sem seus ensinamentos
me faltariam o pedaço sem o qual nenhum conhecimento ou riqueza do mundo poderia
completar. Aos meus irmãos, Paula e Bruno, que me ensinaram a questionar, divergir e
enxergar o mundo com outros olhares. Meu abraço de gratidão.
A você, Gilda, que me equilibra entre a razão e a emoção e que juntamente com
Maria Alice e Isadora me ensinaram que o amor não tem limites. Amo vocês!

A todos, a minha eterna gratidão!


If you can´t fly, then run.
If you can´t run, then walk.
If you can´t walk, then crawl,
But by all means, keep moving.

Martin Luther King Jr


RESUMO

Recursos digitais, como a manufatura subtrativa (fresagem CAD-CAM) e a


manufatura aditiva (impressão 3D) podem promover significativos avanços, reduzindo o
tempo e o custo de produção de próteses totais (PTs). Assim, este estudo objetiva
investigar as características superficiais (rugosidade e ângulo de contato), propriedades
mecânicas (resistência mini-flexural) e a adesão de biofilme sobre polímeros de PMMA
pré-polimerizado para fresagem CAD-CAM e sobre resinas para impressão 3D utilizados
na fabricação de bases de PTs, bem como propor um fluxo de trabalho inovador para
abreviar e simplificar as etapas de confecção de PTs. Para a análise in vitro, foram
fabricados um total de 60 discos e 40 barras distribuídas igualmente em quatro grupos:
fresagem CAD-CAM (GF), impressão 3D (GI) e PMMA convencional
termopolimerizado por ciclo longo (GCL) ou por energia de micro-ondas (GCM). A
rugosidade foi determinada pelo valor de Ra; o ângulo de contato foi medido pelo método
da gota séssil; o teste de resistência à mini-flexão foi obtido por teste de flexão de três
pontos, enquanto o comportamento frente à formação de biofilme foi analisado através
da adesão de biofilme de C. albicans. Os dados foram analisados por meio de estatística
descritiva e analítica (α = 0,05). Os resultados mostraram que o GI apresentou a maior
rugosidade superficial (Ra: 0,317 ± 0,151μm) e os menores valores de resistência à mini-
flexão (57,23 ± 9,07MPa) e o GF apresentou a menor adesão de biofilme de C. albicans
(log UFC/mL: 3,74 ± 0,57) e maior média de resistência à mini-flexão (114,96 ±
16,23 MPa). Não houve diferença estatística entre o GF e os grupos convencionais para
rugosidade, ângulo de contato e resistência à mini-flexão. A patente de inovação
desenvolvida estabeleceu um novo fluxo de trabalho para confecção de próteses totais
através de um protocolo de três consultas em que foram feitas as moldagens anatômicas
na 1ª sessão, juntamente com o registro do suporte labial, plano oclusal e linhas de
referência para subsidiar a montagem dos dentes superiores. Uma prótese-teste foi
confeccionada por meio de procedimentos convencionais ou CAD-CAM e avaliada na 2ª
consulta, permitindo observar o resultado estético, executar a moldagem funcional e
realizar o registro da relação maxilo-mandibular, fornecendo referências precisas para a
confecção da prótese inferior. Com base nos resultados da fase in vitro deste estudo, os
corpos-de-prova obtidos a partir de disco para fresagem CAD-CAM apresentaram
resistência flexural e propriedades superficiais semelhantes às resinas convencionais e
mostraram um comportamento inibidor da adesão de C. albicans, enquanto os espécimes
produzidos por impressão 3D exibiram a menor resistência à flexão e a maior rugosidade
da superfície. O dispositivo inovador apresentado para a execução das etapas clínicas
relacionadas à fabricação de PTs mostrou-se efetivo para abreviar e simplificar as técnicas
disponíveis, apresentando confiabilidade e previsibilidade para produção de PTs em
número de sessões reduzido.
Palavras-chave: Prótese Total, Impressão Tridimensional, CAD-CAM.
ABSTRACT

Digital features like subtractive and additive manufacturing can promote


breakthroughs by reducing the time and cost of making complete dentures (CDs). Thus,
this study aims to investigate surface characteristics (roughness and contact angle),
mechanical properties (mini-flexural strength), and biofilm adhesion on computer-aided
design/computer-aided manufacturing (CAD-CAM) PMMA polymer, and three-
dimensional (3D) printed resin for denture´s base fabrication as well as to propose an
innovative workflow. For in vitro analysis, a total of 60 discs and 40 rectangular
specimens were fabricated from one CAD-CAM pre-polymerized PMMA disc (GF), one
3D-printed (GI), and two conventional heat-polymerized (GCL and GCM) materials for
denture base fabrication. Roughness was determined by the Ra value; the contact angle
was measured by the sessile drop method; the mini-flexural strength test was a three-point
bending test while the biofilm formation inhibition behavior was analyzed through C.
albicans adhesion. The data were analyzed using descriptive and analytical statistics
(α = 0.05). Results showed that GI specimens presented the highest surface roughness
(Ra: 0.317 ± 0.151 μm) and lowest mini-flexural strength values (57.23 ± 9.07 MPa) and
the GF showed the lowest C. albicans adhesion (log CFU/mL: 3.74 ± 0.57) and highest
mini-flexural strength mean (114.96 ± 16.23 MPa). There was no statistical difference
between GF and conventional groups for roughness, contact angle, and mini-flexural
strength. In turn, the presented novel workflow for complete dentures fabrication reached
a three appointments protocol in which preliminary impressions were made in the 1st
session, all together to maxillary registration of lip support, occlusal plane, and reference
lines for teeth arrangement. A trial denture was manufactured and evaluated by the 2nd
appointment through conventional or CAD-CAM procedures, allowing esthetics
evaluation, final impression, and maxillomandibular relationship record and providing
precise references for final dentures fabrication. Based on the findings of this in vitro
study, GF presented surface and mechanical properties similar to conventional resins and
show improved behavior preventing C. albicans adhesion, while GI specimens exhibited
the lowest flexural strength, and highest surface roughness. The proposed device for CD´s
fabrication clinical procedures reached feasibility and by simplifying available
techniques, this protocol could achieve reliability and predictability to produce complete
dentures with reduced working time.
Keywords: Complete Dentures, 3D Printing, CAD-CAM.
LISTA DE ABREVIATURASA E SIGLAS

3D - tridimensional
ADA – American Dental Association
AM – Additive Manufacturing
ASA – Articulador Semi-Ajustável
CAD-CAM – Computer Aided Design/Computer Assisted Manufacturing
CECD – Computer Engineered Complete Denture
DLP – Digital Light Processing
DVO – Dimensão Vertical de Oclusão
EVA – Escala Visual Analógica
GCL – Grupo Convencional de Ciclo Longo
GCM – Grupo Convencional de Micro-ondas
GF – Grupo Fresado
GI – Grupo de Impressão 3D
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
MMA – monômero de metil metacrilato
MMR – Relação Maxilo-Mandibular
MOPS – morfolinopropanosulfônico
OHIP – Oral Health Impact Profile
PICO – Population, Intervention, Comparison, Outcome
PMMA – poli-metil-metacrilato
PT – Prótese Total
PVC – policloreto de vinil
RC – Relação Cêntrica
RP – Rapid Prototyping
SDA - Agar Sabouraud Dextrose
SM – Subtractive Manufacturing
TRL – Technology Readiness Level
YNB –Base Nitrogenada para Levedura
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 19


2.1 HISTÓRIA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE
PRÓTESES TOTAIS ............................................................................................................... 19
2.2 IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA CAD-CAM NO SEGMENTO DE PRÓTESES
TOTAIS .................................................................................................................................... 23
2.3 COMPORTAMENTO CLÍNICO E LABORATORIAL DOS MATERIAIS CAD-CAM
PARA PRÓTESES TOTAIS: EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS..................................................... 26
2.3.1 Critérios de seleção ............................................................................................ 27
2.3.2 Extração dos dados e Resultados ....................................................................... 27
2.3.3 Considerações acerca do atual estado da arte dos materiais para próteses totais
produzidas por tecnologia digital ......................................................................................... 59

3. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 62
3.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................... 62
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 62

4. PUBLICAÇÃO 01 – ARTIGO: PROPRIEDADES FÍSICAS, MECÂNICAS E ANTI-


FORMAÇÃO DE BIOFILME EM RESINAS PARA BASE DE DENTADURAS FRESADAS OU
IMPRESSAS: ANÁLISE IN VITRO (ANEXO A) .......................................................................... 63
4.1 RESUMO ..................................................................................................................... 64
4.2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 64
4.3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 66
4.4 RESULTADOS ............................................................................................................ 71
4.5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 74
4.6 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 78
4.7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 78

5. PUBLICAÇÃO 02 – DEPÓSITO DE PATENTE DE INVENÇÃO JUNTO AO INSTITUTO


NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI (ANEXO B) ............................................ 82
5.1 RESUMO ..................................................................................................................... 82
5.2 Relatório descritivo da patente de invenção para “DISPOSITIVO PARA REGISTRO
DAS RELAÇÕES MAXILO-MANDIBULARES EM ARCOS EDÊNTULOS” ........................... 83
5.2.1 Campo da Invenção ............................................................................................ 83
5.2.2 Fundamentos da Invenção (Estado da Técnica) ................................................ 83
5.2.3 Breve descrição da invenção .............................................................................. 85
5.2.4 Breve descrição dos desenhos ........................................................................... 85
5.2.5 Descrição detalhada da invenção ....................................................................... 86
5.2.6 Vantagens e benefícios ....................................................................................... 88
5.3 REIVINDICAÇÕES ...................................................................................................... 89
5.4 DESENHOS ................................................................................................................ 90

6. PUBLICAÇÃO 03 – ARTIGO: FLUXO DE TRABALHO PARA A FABRICAÇÃO DE


PRÓTESES TOTAIS EM 3 SESSÕES CLÍNICAS: DESCRIÇÃO DE TÉCNICA (ANEXO C) ... 94
6.1 SUMÁRIO .................................................................................................................... 94
6.2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 95
6.3 TÉCNICA ..................................................................................................................... 96
6.4 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 103
6.5 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 104

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 107

ANEXO A – Artigo: “Physical, Mechanical, and Anti-Biofilm Formation Properties of CAD-CAM


Milled or 3D Printed Denture Base Resins: in Vitro Analysis” Publicado no Journal of
Prosthodontics (2022) ............................................................................................................... 120

ANEXO B – Depósito de Pedido Nacional de Patente junto ao INPI ....................................... 121

ANEXO C – Artigo: “Workflow for Complete Dentures Fabrication in Three Appointments: A


Dental Technique” publicado no The Journal of Prosthetic Dentistry (2021) ........................... 125
1. INTRODUÇÃO

A reabilitação por meio da prótese total (PT) é o tratamento protético mais usual
para pacientes edêntulos com restrições anatômicas, psicológicas ou financeiras que
contraindicam a terapia com implantes (ABDUO, 2013; JACOB, 1998; MIRANDA;
DOS SANTOS; MARCHINI, 2014). Essa demanda tende a aumentar em razão do
crescimento populacional, acompanhado pelo aumento do segmento de idosos na
população (CARDOSO et al., 2016).
Atualmente, as PTs são principalmente projetadas e fabricadas usando métodos
convencionais, que envolvem uma ampla série de procedimentos clínicos e laboratoriais
(CUNHA et al., 2013; SAPONARO et al., 2016). Em média, esse processo envolve pelo
menos 5 consultas, incluindo moldagem preliminar, moldagem de trabalho, registro de
relações maxilo-mandibulares, prova em cera e instalação da prótese total. Durante a
polimerização convencional do poli-metil-metacrilato (PMMA), componente das resinas
acrílicas rotineiramente empregadas na confecção das próteses totais, os monômeros, de
baixo peso molecular, são convertidos em polímeros, de alto peso molecular (GEORGE
ZARB , JOHN A. HOBKIRK, STEVEN E. ECKERT, 2013; PAPAKONSTANTINOU;
RAAP, 2016). Esse processo é sensível e altamente dependente do correto
proporcionamento entre pó e líquido, bem como do tempo e temperatura de
processamento, uma vez que diminuindo-se o tempo e a temperatura observa-se o
aumento do conteúdo de monômero residual no interior da base de dentadura (GEORGE
ZARB , JOHN A. HOBKIRK, STEVEN E. ECKERT, 2013). O pequeno tamanho e
natureza hidrofílica do monômero de PMMA o torna passível de se difundir rapidamente
pela cavidade oral e pelo corpo (GEORGE ZARB , JOHN A. HOBKIRK, STEVEN E.
ECKERT, 2013; ZISSIS, A; YANNIKAKIS, S; POLYZOIS, G, 2008), promovendo
irritação tecidual, hipersensibilidade ou reações alérgicas (PAPAKONSTANTINOU;
RAAP, 2016). As propriedades mecânicas e a estabilidade dimensional das PTs também
são negativamente influenciadas pelo efeito plastificante do excesso de monômero
(GOLBIDI; JALALI, 2007). Dessa forma, características superficiais dos materiais de
base de dentaduras, a exemplo da rugosidade, energia livre de superfície, molhabilidade
e hidrofobicidade são clinicamente importantes uma vez que relacionam-se à acumulação
de biofilme e manchamento (ALEXANDRU-TITUS et al., 2016).
Com o advento do CAD-CAM (Computer Aided Design/Computer Assisted
Manufacturing), a proposta para o processamento laboratorial e clínico de próteses totais

16
sofreu mudanças significativas (STEINMASSL, PATRICIA-ANCA et al., 2017). A
tecnologia CAD utiliza sistemas computacionais (softwares) para a realização de projetos
por meio de sua interface gráfica, os quais serão produzidos através de processos de
manufatura digital (CAM), categorizada em Manufatura Subtrativa (SM) e Manufatura
Aditiva (AM). A SM dentro do segmento das PTs utilizam a fresagem computadorizada
de blocos de resina acrílica previamente polimerizados sob alta pressão e temperatura
(STEINMASSL, PATRICIA-ANCA et al., 2017). A AM, por sua vez, baseia-se na
impressão tridimensional (3D), através da polimerização de resinas fotossensíveis,
camada a camada (PARK; SHIN, 2018).
Apesar dos bons resultados nos testes em relação à biocompatibilidade (AYMAN,
2017; WEI et al., 2022), textura superficial (CHANG et al., 2021; KRAEMER
FERNANDEZ et al., 2020), resistência (DI FIORE et al., 2021; PEREA-LOWERY et
al., 2021), precisão da adaptação (OĞUZ et al., 2021) e adesão microbiológica
(MEIROWITZ et al., 2021), PTs CAD-CAM fresadas representam um método de
processamento de alto custo que dificulta sua larga utilização. Em contrapartida, a
impressão 3D vem ganhando popularidade entre profissionais e pacientes por permitir a
produção de restaurações rápidas e mais bem adaptadas que as produzidas pelos métodos
convencionais, podendo constituir-se de uma alternativa de baixo custo para a fabricação
de PTs, proporcionando melhora nos aspectos clínicos observados (SRINIVASAN;
KALBERER; et al., 2021).
Estudos realizados por Faty et al. (2021) (FATY; SABET; THABET, 2021) e
Yoshidome et al. (2021) (YOSHIDOME et al., 2021), demonstraram resultados in vitro
promissores para próteses totais produzidas por impressão 3D, com acurácia na
reprodução dos detalhes anatômicos do rebordo edêntulo similares ou superiores aos
métodos de processamento convencionais, podendo-se inferir pela viabilidade do uso
desses novos recursos. No entanto, diante de novos materiais, diferentes composições e
características, ainda não há estudos significativos que subsidiem a utilização da
impressão 3D para produção de PTs, de maneira que se faz imprescindível conhecer suas
propriedades físicas, mecânicas e biológicas em face aos desafios expostos durante a
função em meio bucal, com vistas a subsidiar os profissionais para a correta indicação em
termos de durabilidade e longevidade do tratamento.
Além da necessidade de estudos que avaliem as propriedades dos materiais
utilizados para a produção de próteses totais com tecnologia digital, ainda são escassos
os trabalhos demonstrando um fluxo de processamento digital para simplificar os passos

17
clínicos, objetivando diminuir o número de etapas com efetividade, previsibilidade e
segurança. As perspectivas de sua aplicabilidade na confecção de PTs em idosos mostra-
se como uma proposta promissora de alto valor social, associando rapidez e simplicidade
de confecção (STEINMASSL, PATRICIA-ANCA et al., 2017), bom custo-benefício e
altos níveis de satisfação dos pacientes (BIDRA et al., 2016; SRINIVASAN;
KALBERER; et al., 2021). O processamento digital permite ainda o armazenamento dos
arquivos de produção, facilitando a substituição das próteses, por ventura requisitadas em
função da perda ou dano, a partir dos arquivos digitais. Assim, considerando a população
idosa em crescimento, (CARDOSO et al., 2016) esse impacto é potencializado e,
comparando-se com a substituição do processamento laboratorial convencional, essa
inovação tecnológica resulta ainda em redução do número de materiais utilizados e
descartados pelos laboratórios de prótese, representando um impacto ambiental positivo.
Desse modo, a implantação desta inovação tecnológica para a oferta de serviços
reabilitadores pode promover uma mudança efetiva nas condições de trabalho, trazendo
melhorias para os processos que incluem a possibilidade de instalação de próteses em
menos sessões clínicas, menor custo e maior segurança com relação ao resultado final de
estética e adaptação.

18
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HISTÓRIA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS PARA


CONFECÇÃO DE PRÓTESES TOTAIS
A História das próteses totais para o tratamento do edentulismo remonta a 700 a.C.
Desde então, vários materiais como osso, madeira, marfim e borrachas vulcanizadas
foram utilizados para fabricar próteses totais. (ALLA et al., 2013). Durante o início do
século XX, o policloreto de vinil (PVC), o acetato de vinila, as modificações de baquelite
e os plásticos de celulose foram utilizados (MENG, THOMAS R; LATTA, 2005;
PHILLIPS, 1996).
No entanto, apesar disso, os processos e materiais pouco mudaram ao longo dos
últimos quase 100 anos. A “era dos termoplásticos”, iniciada por volta de 1910, observou
a substituição da Vulcanita pelo Poli-Metil-Metacrilato (PMMA) usado em combinação
com uma técnica de termopolimerização (RUEGGEBERG, 2002) em 1936, quando
Walter Wright introduziu o PMMA como material de base para prótese dentária e se
verificou ser um material de qualidade superior em relação a todos os outros materiais de
base de prótese já usados. Tornou-se tão popular que durante a década de 1940 quase
todas as próteses foram fabricadas com materiais à base de acrílico (UZUN; HERSEK;
TINÇER, 1999).
Embora vários materiais novos, tais como o poliestireno e o dimetacrilato de
uretano ativado por luz, tenham sido introduzidos, o PMMA permaneceu como o material
de preferência para próteses removíveis, totais e parciais. A popularidade do PMMA
como material de base para prótese dentária foi atribuída à facilidade de processamento,
baixo custo, leveza, excelentes propriedades estéticas (EL-MAHDY, MH; EL-
GHERIANI, WE; IDRIS, BA; SAAD, 2005; POWER; CRAIG, 2002; VOJDANI et al.,
2010), baixas absorção de água e solubilidade e possibilidade de ser reparado com
facilidade (EL-MAHDY, MH; EL-GHERIANI, WE; IDRIS, BA; SAAD, 2005). No
entanto, propriedades como baixa condutividade térmica, resistência mecânica inferior,
fragilidade, alto coeficiente de expansão térmica e módulo de elasticidade relativamente
baixo o torna mais propenso a falhas durante os esforços mastigatórios (MENG,
THOMAS R; LATTA, 2005; PHILLIPS, 1996; POWER; CRAIG, 2002). A exemplo de
outros materiais de base de prótese, essas limitações inerentes da resina de PMMA fazem
com que ela esteja distante de ser considerada um material de base de prótese ideal
(GEORGE ZARB , JOHN A. HOBKIRK, STEVEN E. ECKERT, 2013; SALERNO et

19
al., 2011), que, segundo Meng & Latta (2005) (MENG, THOMAS R; LATTA, 2005),
são aqueles que possuem biocompatibilidade com os tecidos orais, excelente estética,
propriedades mecânicas superiores, especialmente módulo de elasticidade, resistência ao
impacto, resistência à flexão e dureza, resistência de união suficiente com dentes
artificiais e materiais de revestimento, capacidade de reparar ou alterar os contornos e
precisão dimensional.
As características relacionadas à superfície de materiais de base de prótese
incluindo rugosidade, energia livre de superfície, molhabilidade e hidrofobicidade são
clinicamente importantes, uma vez que desempenham papéis no acúmulo de biofilme e
no manchamento da superfície da resina (ALEXANDRU-TITUS et al., 2016).
A rigidez da superfície afeta a susceptibilidade ao manchamento, conforto do
paciente e a saúde dos tecidos bucais devido resistência ao acúmulo de biofilme,
particularmente, a adesão e retenção de Candida albicans (BOLLEN; LAMBRECHTS;
QUIRYNEN, 1997; RADFORD et al., 1998; ZISSIS et al., 2000).
Diferentes espécies de Candida são agentes patogênicos oportunistas que residem
na cavidade oral de indivíduos mesmo saudáveis (DOUGLAS; JENKINSON, 2002). Os
biofilmes de Candida, em virtude de sua capacidade de adesão à resina acrílica,
contribuem para o desenvolvimento e manutenção da estomatite protética, que é
conhecida como a lesão mais comum e clinicamente considerável, que, segundo Salerno
et al. (2011) (SALERNO et al., 2011), apresenta prevalência variando de 15% a mais de
70% entre usuários de próteses totais (GENDREAU; LOEWY, 2011).
A rugosidade da superfície pode ser tecnicamente medida através do rugosímetro,
ou através de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Enquanto a leitura pelo
rugosímetro permite que a medição da rugosidade seja realizada de maneira direta nas
áreas pré-determinadas, amostras submetidas a avaliação por MEV têm os seus
parâmetros de perfil de rugosidade registrados pela aferição da distância média entre os
picos e vales, bem como o cálculo do desvio de seus valores em relação à linha média
sobre toda a superfície de medição (Ra). Esses registros são complementados pelo cálculo
da média das medidas da distância vertical entre o pico mais alto e o vale mais profundo
em cinco pontos pré-determinados (Rz).
Quanto aos parâmetros de medida de rugosidade, QUIRYNEN; MARECHAL;
BUSSCHER (1990) (QUIRYNEN; MARECHAL; BUSSCHER, 1990) citam a
importância do seu registro uma vez que valores aumentados de rugosidade propiciariam
o aumento da colonização bacteriana sobre sua superfície.

20
Outra característica indesejável que pode afetar a base da prótese de resina acrílica
é a porosidade (PALASKAR; MITTAL; SINGH, 2013). Uma maior porosidade pode
enfraquecer a prótese e resultar em um alto estresse interno, levando a uma maior
vulnerabilidade à distorção (WOLFAARDT; CLEATON-JONES; FATTI, 1986). De
forma similar à rugosidade, uma superfície porosa permite a colonização do material por
micro-organismos orais, como Candida albicans (KATTADIYIL et al., 2015a) e também
pode facilitar a retenção de substâncias e deposição de cálculo, resultando em manchas e
estética prejudicada (PALASKAR; MITTAL; SINGH, 2013; YANNIKAKIS et al.,
2002).
A porosidade é atribuída a uma variedade de fatores, dependente da técnica
laboratorial empregada e parcialmente pela conjunção entre o método de polimerização e
o material utilizado (KASINA et al., 2014; YANNIKAKIS et al., 2002).
De acordo com as especificações da American Dental Association (ADA), não
deve haver bolhas ou vazios nos polímeros da base da prótese quando analisados sem
ampliação. Além disso, valores de porosidade acima de 11% estão associados a
propriedades mecânicas reduzidas, aparência prejudicada e retenção de fluidos e de
micro-organismos (JEROLIMOV et al., 1989), constituindo-se níveis inferiores a este,
clinicamente aceitáveis (PALASKAR; MITTAL; SINGH, 2013).
Os níveis elevados de porosidade podem também resultar no aumento da absorção
de água pelas resinas acrílicas durante o uso da prótese atuando como um plastificante e
resultando na alteração do volume, de maneira que a avaliação da absorção de água
apresenta grande relevância clínica (FIGUERÔA et al., 2018).
As resinas acrílicas contêm grupos carbonil polares que, portanto, atraem
moléculas de água (TSUBOI; OZAWA; WATANABE, 2005). As moléculas de água, por
sua vez, difundem-se entre os espaços intermoleculares do polímero, separando-os
ligeiramente (RISTIC; CARR, 1987) e gradualmente se infiltram mais profundamente na
resina (TSUBOI; OZAWA; WATANABE, 2005). A consequência mais importante da
absorção de água é a alteração dimensional (RISTIC; CARR, 1987), resultando em
mudança na dimensão vertical de oclusão previamente determinada.
A falha clínica mais comum de próteses totais ou parciais feitas de PMMA
apresenta-se na forma de fratura devido à fadiga (DARBAR; HUGGETT; HARRISON,
1994) ou forças de impacto da mastigação (ARIKAN et al., 2010). A fadiga flexural das
próteses, evidenciada pela fratura da linha média, é devida à concentração de tensão ao
redor das microfissuras formadas no material devido a aplicações contínuas de pequenas

21
forças. A natureza repetitiva da carga mastigatória resulta na propagação de trincas que
enfraquecem a base da prótese e finalmente resultam em fratura (MENG, TR; LATTA,
2005). A fratura de próteses por forças de impacto, por outro lado, é resultado da
aplicação repentina de impacto às dentaduras. Tais tipos de fraturas são mais prováveis
pela queda acidental de próteses sobre superfícies durante a limpeza de próteses por
pacientes (MENG, TR; LATTA, 2005).
A relação de fraturas entre PTs maxilares e mandibulares ocorre na proporção
aproximada de 2:1. As causas mais comuns de fratura incluem mau ajuste e falta de
oclusão balanceada (BEYLI; VON FRAUNHOFER, 1981). A prótese maxilar fratura por
uma combinação de fadiga e impacto, enquanto cerca de 80% das fraturas das próteses
inferiores são resultantes de impacto (KIM, SUNG HUN; WATTS, 2004).
A distribuição das tensões dentro das próteses foi estudada por muitos
pesquisadores usando várias técnicas e modelos teóricos. A área lingual dos incisivos,
mais precisamente a papila incisiva concentra grande proporção das forças representando
um ponto de fragilidade que pode contribuir para fraturas da linha média de próteses
maxilares (BEYLI; VON FRAUNHOFER, 1981; KAWANO et al., 1991; RAVI et al.,
2010).
A força de mordida de pacientes medidas na região de 1º molar atingiu
33,7 ± 12,07 N no momento da instalação e 39,37 ± 14,85 N após seis meses de uso de
próteses totais produzidas por termopolimerização convencional (FAYAD et al., 2018).
As forças nessa região apresentam natureza compressiva, que tendem a se propagam e
concentrar sob a forma de forças de flexão sobre a região anterior do palato em próteses
maxilares. O padrão de estresse observado mostrou que as forças de flexão na região
anterior do palato se propagam sempre em direção perpendicular à linha média,
independente do posicionamento dos dentes anteriores ou da intensidade da força. Essa
fato é agravado com o posicionamento dos dentes molares em posição mais vestibular
com relação à crista do rebordo, por ser responsável em elevar as forças de flexão sobre
a região anterior do palato em próteses maxilares (+6,88 MPa sob 110N de força) (RAVI
et al., 2010). A característica frágil (baixa tenacidade à fratura) das resinas de base de
prótese em PMMA mostra que esses materiais são mais resistentes às forças compressivas
do que a forças de flexão, razão pela qual as fraturas geralmente se iniciam na porção
anterior das próteses maxilares (RAVI et al., 2010).
A fratura de próteses no serviço clínico tem sido uma preocupação e várias
tentativas foram feitas para melhorar a força de flexão e impacto da resinas de PMMA

22
(ALLA et al., 2013).Várias pesquisas nesta área objetivaram modificar a composição ou
reforçar o PMMA com materiais mais resistentes e desenvolver novos materiais com
melhores propriedades (JAGGER; HARRISON; JANDT, 1999). Tentativas de modificar
a composição do material de PMMA levaram ao desenvolvimento de bases de prótese
acrílicas de alta resistência ao impacto a exemplo da adição de borracha de estireno
butadieno ao PMMA (RODFORD, 1990; UZUN; HERSEK; TINÇER, 1999). No
entanto, esses materiais mostraram baixa resistência à flexão em comparação com as
resinas acrílicas convencionais (STAFFORD et al., 1980). Embora, vários materiais à
base de poliamidas, resinas epóxi, poliestireno, vinil acrílicos, dimetacrilato de uretano
ativado por luz , copolímeros de enxerto de borracha, policarbonato (STAFFORD et al.,
1980) e náilon (KATSUMATA et al., 2009) tenham sido introduzidos para superar as
deficiências mecânicas do PMMA, as demais propriedades físico-químicas destes
materiais não superaram o PMMA (ALLA et al., 2013).

2.2 IMPLEMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA CAD-CAM NO SEGMENTO


DE PRÓTESES TOTAIS
Com o advento e a evolução da tecnologia CAD-CAM para confecção de
restaurações fixas durante os anos 1980, tornou-se apenas uma questão de tempo até que
esta tecnologia fosse aplicada à prótese removível, e os pesquisadores começaram a
resolver os desafios envolvidos para a produção de PTs com o uso do fluxo digital
(GOODACRE, CHARLES J. et al., 2012). As duas primeiras empresas a comercializar
próteses CAD-CAM foram a Avadent e a Dentca, cada uma adotando uma abordagem
diferente de fabricação (fresagem e impressão 3D, respectivamente). Com o interesse e a
popularidade da fabricação de próteses totais por métodos computadorizados
aumentando, outras empresas vêm desenvolvendo sua própria tecnologia (BILGIN et al.,
2015; WIMMER et al., 2016).
Por meio dos recursos CAD-CAM, o desenho das reabilitações pode ser
construído a partir de modelos digitalizados obtidos a partir do método direto, que
consiste em escanear a cavidade oral, enquanto o método indireto é realizado através do
escaneamento de uma impressão ou modelo. Os dados digitais obtidos das digitalizações
são convertidos em arquivos de extensão .STL (Standard Tessellation Language), um
formato compatível com o software do computador, proporcionado maiores eficiência,
conveniência, durabilidade e economia de espaço (MCGUINNESS; STEPHENS, 1992).
Entretanto, uma vez que esses moldes digitalizados necessitam ser convertidos em

23
modelos reais para diagnóstico ou para confecção de dispositivos, a impressão
tridimensional permite produzir modelos reais a partir dos dados digitais (PARK; SHIN,
2018).
Goodacre et al. (2016) (GOODACRE, BRIAN J. et al., 2016) realizaram um
estudo in vitro avaliando o ajuste, comparando PTs fabricadas por técnicas digitais,
termopolimerização, polimerização por injeção de material termoplástico, dentre outras.
Usando uma abordagem computadorizada envolvendo superfícies de escaneamento e
sobrepondo imagens para determinar o grau de desajuste, eles mostraram que os métodos
de produção digitais obtiveram resultados de adaptação mais precisos quando
comparados com métodos convencionais.
Uma das vantagens mais significativas das PTs fabricadas por tecnologia CAD-
CAM consiste em permitir o registro e a transferência de informações clínicas com o
mínimo de visitas clínicas para produzir próteses de alta qualidade e alto desempenho que
restabelecem a função, a estética e a fonética do paciente. Comparado com o método
convencional de fabricação de PTs, que envolve pelo menos 5 visitas clínicas, os
resultados sugerem uma redução considerável no número total de consultas necessárias,
possibilitando a oferta de métodos de tratamento mais econômicos (SAPONARO et al.,
2016).
A implementação da tecnologia CAD-CAM para a produção de PTs, apresenta
modificações fundamentais no processo de fabricação. Em vez de misturar manualmente
a resina em pó e líquido e depois submeter a imersão a um protocolo de cura
arbitrariamente escolhido, os blocos de resina de poli-metil-metacrilato (PMMA) para
bases de dentaduras CAD-CAM são fabricados industrialmente (GOODACRE,
CHARLES J. et al., 2012; STEINMASSL, PATRICIA-ANCA et al., 2017) e
polimerizados sob “alta pressão e calor” (INFANTE et al., 2014; STEINMASSL,
PATRICIA ANCA et al., 2017). Portanto, conclui-se que as resinas de blocos de CAD-
CAM são altamente condensadas e apresentam menos micro-porosidades (INFANTE et
al., 2014). Consequentemente isso significa que as resinas de base de dentaduras
produzidas por CAD-CAM poderiam apresentar propriedades mecânicas superiores
(MURAKAMI et al., 2013), razão pela qual alguns de seus fabricantes anunciam que seus
produtos suportariam uma espessura mínima de material (STEINMASSL, P.A.;
STEINMASSL, O.; DUMFAHRT, H.; GRUNERT, 2016).
Um estudo recente revelou que uma resina de base de prótese fabricada por CAD-
CAM tinha um módulo flexural significativamente maior do que o PMMA convencional

24
termopolimerizado, e o autor relacionou esse achado com uma baixa concentração de
monômero de metilmetacrilato (MMA) residual (AYMAN, 2017). Não é, contudo,
conclusivo supor que a rugosidade da superfície da fratura deva ser influenciada pelo
comprimento da cadeia polimérica, uma vez que as forças intramoleculares não
aumentam com o comprimento crescente da cadeia. Uma causa muito mais plausível de
falta de homogeneidade dentro da microestrutura é a geometria, tamanho e distribuição
do pó de polímero (STEINMASSL, OTTO; OFFERMANNS; et al., 2018).
Além da fresagem de blocos por tecnologia CAD-CAM, associam-se à
Odontologia Digital a incorporação de novas ferramentas com o recente desenvolvimento
da produção por impressão 3D. Desde instalações industriais a dispositivos pessoais, a
venda mundial de produtos relacionados à fabricação 3D vem se expandindo mais de 33%
ao ano (STANSBURY; IDACAVAGE, 2016), com os campos médico e odontológico
entre os mercados que mais crescem (AZARI; NIKZAD, 2009).
A impressão 3D tem sido usada cada vez mais desde os anos 1980. Em 1983,
Charles Hull imprimiu, pela primeira vez, um objeto tridimensional. Ele criou a primeira
impressora 3D, usando técnica de estereolitografia, bem como o primeiro programa de
virtualização. Essa tecnologia recebeu grande atenção em áreas como a arquitetura,
devido ao aumento potencial na construção direta de peças, no campo da aeronáutica, em
virtude da facilidade em se obter pequenas peças utilizadas na construção de naves
espaciais, e de subconjuntos técnicos usados na área de telecomunicações (ZAHARIA et
al., 2017). Seu uso em áreas que exigem precisão milimétrica, chamou a atenção de
especialistas em medicina geral, que começaram a implementá-lo a partir da década de
1990 (BENSOUSSAN, 2016).
A alta precisão das impressoras 3D tem sido relatada em estudos de modelos de
diagnósticos ortodônticos, permitindo a aplicação clínica de impressoras 3D com
aumento dia-a-dia (HAZEVELD; HUDDLESTON SLATER; REN, 2014; LIU; LEU;
SCHMITT, 2006). De acordo com Park and Shin (2018) (PARK; SHIN, 2018), uma
discrepância aceitável de modelos de diagnóstico é da ordem de 0,30 mm, e os modelos
fabricados com impressoras 3D atendem a esse requisito (MURUGESAN et al., 2012).
Em tratamentos protéticos, os sistemas de digitalização computadorizada e os
sistemas de impressão 3D se apresentam com vistas a substituir amplamente as técnicas
tradicionais de produção de próteses. Os padrões de trabalho odontológico podem ser
importados através do escaneamento de vários campos protéticos ou usando resultados
de imagem computadorizadas (tomografia computadorizada de feixe cônico) abrindo a

25
possibilidade para realização de restaurações protéticas “chairside” sem a necessidade de
terceirização de serviços por laboratórios dentários (YADROITSEV et al., 2007).
No que diz respeito ao custo-efetivo de fabricação de próteses digitais, algumas
variáveis precisam ser observadas, bem como o tempo de cadeira, custo de materiais e
máquinas, de maneira que é preciso considerar a possibilidade de redução no tempo total
do tratamento através da utilização das tecnologias digitais (VECCHIA et al., 2014)

2.3 COMPORTAMENTO CLÍNICO E LABORATORIAL DOS


MATERIAIS CAD-CAM PARA PRÓTESES TOTAIS: EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS1
Para entendermos um pouco mais o atual panorama do estado da arte das
reabilitações com próteses totais a partir da introdução do fluxo digital, foi conduzida
uma revisão sistemática (registro PROSPERO: CRD42019135846) com estratégia de
busca voltada a contemplar a pergunta norteadora (PICO question):
“O processamento por tecnologia CAD-CAM traz benefícios clínicos em
pacientes edêntulos quando comparado com os métodos de processamento
convencionais?”
Três revisores independentes conduziram a busca eletrônica em acordo com o
PRISMA guidelines (PAGE et al., 2021) nas bases de dados PubMed e Cochrane Library,
incluindo artigos publicados em português, espanhol e inglês entre janeiro de 1987 e
agosto de 2022. Os descritores (Medical Subject Headings - MeSH): ‘Denture’, ‘Digital
denture’, ‘CAD-CAM’, ‘3D print’, ‘3D printing’, ‘Digital light processing’, ‘Rapid
prototyping’ “Complete removable dental prostheses”, and “Complete removable dental
prosthesis” foram usados em simples e múltiplas combinações.
A pesquisa eletrônica foi concluída por meio de pesquisa manual dentro das
referências dos artigos selecionados. Todos os títulos revelados por essa estratégia foram
examinados e seguidos de uma análise dos resumos em busca de outros artigos relevantes.
Considerando os resumos, foram selecionados os artigos para análise em teor integral. Os
revisores resolveram quaisquer divergências relativas à adequação dos artigos aos
critérios de inclusão e exclusão através de discussão.

1
Os dados da revisão sistemática apresentados nessa sessão foram publicados no Capítulo 2 do livro
“Tecnologia Digital aplicada à Prótese Total – Sequência Clínica com evidência científica”
(2021)(CARREIRO et al., 2021) e atualizados com os dados de estudos conduzidos após a data de
publicação do livro.

26
2.3.1 Critérios de seleção
A estratégia de busca contemplando ensaios clínicos e estudos in vitro obteve o
registro de um total de 923 artigos encontrados. Após a análise dos títulos e resumos, 115
artigos foram selecionados preliminarmente devido à sua pertinência com o tema,
incluindo ensaios retrospectivos e prospectivos comparativos e não comparativos, in vivo
ou laboratoriais. A busca manual adicionou 2 estudos à seleção. Assim, 117 artigos foram
submetidos à avaliação de inteiro teor (Figura 1).
Constituíram-se nos critérios de inclusão para seleção dos artigos:
(i) Reabilitação de arco total com materiais para próteses totais removíveis;
(ii) Próteses totais ou corpos-de-prova produzidos por tecnologia digital (CAD-
CAM);
(iii) Apresentação de resultados clínicos ou propriedades de próteses processadas
digitalmente (CAD-CAM).
A partir destes critérios, resultados de entrevistas (surveys), revisões de literatura,
relatos históricos, relatos de casos clínicos e de histórico da tecnologia CAD-CAM em
odontologia, além dos estudos publicados em um idioma diferente do inglês, português
ou espanhol foram excluídos.

2.3.2 Extração dos dados e Resultados


Os dados obtidos a partir dos artigos selecionados incluíram os parâmetros:
primeiro autor, ano de publicação, número de participantes, número de próteses
produzidas, desenho do estudo, método de processamento das próteses, período de
acompanhamento, variáveis testadas e os resultados clínicos.

a. Desfechos gerais
A avaliação de inteiro teor dos 117 artigos selecionados a partir dos critérios de
inclusão e exclusão elencados, resultou em 57 artigos. Dentre estes, 15 estudos realizaram
ensaios clínicos acerca do comportamento de próteses totais produzidas por tecnologia
digital (Figura 1).
Ao todo, seis artigos compararam os resultados de próteses totais fresadas com
próteses termopolimerizadas convencionais (ALHELAL et al., 2017; CLARK et al.,
2021; DRAGO; BORGERT, 2019; KATTADIYIL et al., 2015a; SMITH; PERRY;
ELZA, 2021; SRINIVASAN et al., 2019b). Outro estudo comparou o processo de

27
fresagem com próteses obtidas por injeção de resina termoplástica (SCHWINDLING;
STOBER, 2016), e três estudos conduziram ensaios clínicos não-controlados (BIDRA et
al., 2016; SAPONARO et al., 2016; SCHLENZ et al., 2019).
Cinco estudos incluíram um grupo de próteses totais produzidas por impressão 3D
(FATY; SABET; THABET, 2021; KIM, DOHYUN et al., 2020; OHARA et al., 2022;
SRINIVASAN; KALBERER; et al., 2021; STILWELL et al., 2021).
Os 42 estudos restantes realizaram ensaios in vitro.
Todos os estudos selecionados foram publicados nos últimos 7 anos.
Os detalhes acerca do processo de busca encontram-se descritos na Figura 1.

Figura 1. Estratégia de busca

b. Desfechos Clínicos
Ainda são escassos os dados de ensaios clínicos bem delineados sobre o
comportamento a médio e longo prazo das reabilitações com próteses totais
confeccionadas por tecnologia CAD-CAM. No entanto, estudos recentes apresentaram
aspectos importantes acerca de fatores relevantes para a concepção de uma boa

28
reabilitação protética, tanto sob a óptica do paciente quanto do profissional. Dentre esses
requisitos destacamos: estética, retenção, tempo de fabricação e satisfação do paciente.

- Estética
Seis estudos apresentaram resultados acerca da avaliação estética de próteses
totais fresadas (BIDRA et al., 2016; KATTADIYIL et al., 2015a; KIM, TAE HYUNG et
al., 2021; SCHLENZ et al., 2019; SCHWINDLING; STOBER, 2016; STILWELL et al.,
2021) (Tabela 1).
Uma avaliação centrada nos pacientes obtida por uma escala visual de Likert de 5
pontos, revelou que próteses CAD-CAM fresadas (Avadent - Global Dental Science) e
próteses convencionais termopolimerizadas (Lucitone 199; Dentsply Intl) não
apresentaram diferença estética de acordo com a preferência do paciente (KATTADIYIL
et al., 2015a).
Schwindling e Stober (2016) (SCHWINDLING; STOBER, 2016) em estudo
piloto comparativo entre próteses totais CAD-CAM fresadas (Wieland Dental Digital
Denture System) com próteses totais obtidas por injeção termoplástica (Ivoclar Vivadent
AG) avaliaram que a estética das próteses foi considerada “muito boa”, sem diferença
entre as técnicas comparadas.
Bidra et al. (2016) (BIDRA et al., 2016), avaliaram um protocolo de 2 visitas para
a confecção de próteses totais maxilares fresadas em monobloco (Avadent - Global
Dental Science) em um estudo de coorte prospectivo não-controlado com 20 pacientes.
Apesar da desistência de 3 participantes em razão da insatisfação pela estética, oclusão e
conforto após a instalação, resultados centrados no paciente mostraram elevadas taxas de
aceitação estética e cosmética obtidas por Escala Visual Analógica (EVA) durante o
período de acompanhamento de 1 ano.
Schlenz et al. (2019) (SCHLENZ et al., 2019) relataram que para o tratamento
com próteses digitais o número de consultas necessárias variou de quatro a seis nos 10
pacientes estudados. Os motivos para mais de quatro consultas envolveram aspectos com
impacto funcional e estético, como desvio de linha média (2 pacientes), escolha
inadequada dos dentes da prótese (altura / largura) (2 pacientes), dimensão vertical
incorreta (1 paciente) e sobreposição horizontal e vertical incorreta dos dentes anteriores
(1 paciente).
Kim et al. (2021) (KIM, TAE HYUNG et al., 2021), acessaram os dados do
tratamento de 636 pacientes reabilitados com 420 próteses totais convencionais

29
(Lucitone199, Dentsply Sirona, York, PA) e 216 próteses confeccionadas por impressão
3D (Dentca Denture base II and teeth resins, Dentca Inc., Torrance, CA), em um estudo
retrospectivo. Os autores não observaram diferença significativa nos parâmetros estéticos
envolvendo as próteses maxilares nos grupos testados, no entanto, a insatisfação com o
formato das próteses esteve relacionada com as queixas estéticas em 11,63% das próteses
inferiores produzidas por impressão 3D e em 4,67% das próteses inferiores
confeccionadas convencionalmente, com diferença estatística significativa entre os
métodos de fabricação avaliados (p = 0,047).
Em um outro estudo, foi avaliada a aparência de próteses totais confeccionadas
por meio de diferentes métodos de fabricação (prensagem de resina termopolimerizável,
por injeção termoplástica, com técnicas de caracterização da superfície da resina, por
fresagem de blocos pré-polimerizados com dentes cimentados, ou com dentes fresados, e
com próteses produzidas por impressão 3D) foram avaliadas por 40 examinadores com
diferentes níveis de expertise (graduandos, alunos de residência em prótese dentária,
técnicos de prótese dentária, e usuários experientes de prótese dentária). As próteses
convencionais com técnica de caracterização da resina foram as preferidas dos
avaliadores da graduação, residência e técnicos de prótese dentária, enquanto que dentre
os usuários experientes as próteses caracterizadas foram classificadas em último
(p < 0,05), sendo preferidas a estética das próteses produzidas por fresagem com dentes
cimentados(STILWELL et al., 2021). Os desfechos clínicos para o fator estética são
descritos na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados clínicos observados para o quesito estética em próteses digitais.


Autor(es) Grupos de estudo Amostra (n) Resultados
60 próteses
Prótese convencional Não houve diferença na preferência do
Kattadiyil et (15 pares de
x paciente em relação à estética para os dois
al. (2015) próteses por
Prótese digital (fresada) tipos de próteses avaliadas
grupo)
Prótese convencional 20 próteses Os resultados mostraram que a estética das
Schwindling
(injetada) (5 pares de próteses foi classificada como “muito boa”,
e Stober
x próteses por sem diferença para os dois tipos de próteses
(2016)
Prótese digital (fresada) grupo) avaliadas
As próteses fresadas apresentaram resultados
Bidra et al. Prótese digital (fresada) 20 próteses
satisfatórios quanto a estética no ato da
(2016) (não comparativo) maxilares
instalação e após um ano de uso das próteses

30
Alteração de linha média (2/10);
20 próteses Inadequada escolha dos dentes (2/10);
Schlenz et al.
Prótese digital (fresada) (em 10 Incorreto posicionamento dos dentes
(2019)
pacientes) anteriores (1/10)
Dimensão vertical incorreta (1/10)
Restrições estéticas foram relatadas pelos
Prótese convencional 420 próteses
pacientes com relação à forma das próteses
Kim et al., x convencionais
inferiores nas reabilitações convencionais
(2021) Prótese digital e 216 próteses
(4,67% dos casos) e impressas (11,63% dos
(impressa) impressas
casos) (p=0,047)
Maior Menor
3 métodos de
Preferência Preferência
processamento
Graduandos, Convencional
Stilwell, convencional 40
Residentes, Caracterizada Impressa 3D
(2021) x avaliadores
TPD
3 métodos de
Convencional
processamento digital Usuários Fresada
Caracterizada

- Retenção
A retenção foi analisada por cinco estudos que avaliaram próteses totais CAD-
CAM fresadas (ALHELAL et al., 2017; BIDRA et al., 2016; FATY; SABET; THABET,
2021; SAPONARO et al., 2016; SCHWINDLING; STOBER, 2016) (Tabela 2).
Estudos não-controlados, mostraram que a principal complicação que não
permitiu o atendimento do protocolo de duas sessões clínicas recomendado pelo
fabricante para entrega de próteses totais fresadas foi a falta de retenção (8 de 22 arcos
reabilitados) (SAPONARO et al., 2016), sendo julgadas como “boa” ou “excelente” a
retenção, estabilidade e adaptação das bases por aproximadamente 50% dos pacientes e
avaliadores (BIDRA et al., 2016).
A comparação entre próteses CAD-CAM fresadas (Wieland Dental Digital
Denture System) e próteses totais confeccionadas pelo método de injeção termoplástica
(Ivoclar Vivadent AG), em estudo piloto, mostrou que através da avaliação, por uma
escala de 6 pontos graduada entre deficiente (nível 6) e excelente (nível 1), as próteses
fresadas apresentaram resultados de retenção levemente melhor para a maxila. No
entanto, nenhuma diferença foi verificada entre os métodos de fabricação quando avaliada
a retenção das próteses na mandíbula (SCHWINDLING; STOBER, 2016).

31
AlHelal et al. (2017) (ALHELAL et al., 2017) analisaram a retentividade de bases
de próteses maxilares confeccionadas convencionalmente (Lucitone 199; Dentsply Intl)
e CAD-CAM fresadas (AvaDent; Global Dental Science LLC) aplicando uma força
através de um dispositivo conectado à base da prótese instalada na boca do paciente. Os
resultados demonstraram melhor retenção para bases fresadas em comparação às bases
convencionais (aumento de 19,91N de força; p <0,001).
Faty et al. (2021) (FATY; SABET; THABET, 2021), em metodologia semelhante
para avaliação da força necessária à remoção de próteses maxilares da boca dos pacientes
estudados, observaram que bases de próteses confeccionadas por fresagem CAD-CAM
(Glorious dental materials, Shandong, China) apresentaram maior grau de retentividade
quando comparado com o grupo confeccionado com resina termopolimerizável
convencional (p = 0,035), não sendo verificada diferença significativa para o grupo
produzido por meio de impressão 3D (NextDent Base, NextDent, Soesterberg,
Netherlands) (p > 0,05). A Tabela 2 descreve os resultados no que diz respeito à retenção
nas próteses digitais.

Tabela 2: Estudos com resultados relacionados à retenção em próteses digitais.


Grupos de
Autor(es) Amostra (n) Metodologia de análise Resultados
estudo
Prótese digital Registro dos fatores de A partir de um protocolo de duas
90 próteses
Saponaro et (fresada) complicação para a sessões clínicas, observou-se
(em 48
al. (2016) (não instalação de PTs sob ausência de retenção em 8 dos 22
participantes)
comparativo) protocolo de 2 visitas arcos reabilitados
Prótese
Houve uma retenção ligeiramente
convencional 20 próteses Avaliação de critérios
Schwindling melhor das próteses fresadas nos
(injetada) (5 pares de clínicos de retenção a
e Stober arcos superiores, mas não houve
x próteses por partir de escala de 6
(2016) diferença estatística nos arcos
Prótese digital grupo) pontos
inferiores
(fresada)
Avaliação clínica a partir
Em um protocolo de duas sessões
Prótese digital de EVA centrada no
clínicas, 50% dos pacientes e
Bidra et al. (fresada) 20 próteses paciente e por 2
profissionais não julgaram como
(2016) (não maxilares especialistas sob
“boa” ou “excelente” a retenção,
comparativo) acompanhamento de 1
estabilidade e adaptação das bases
ano
AlHelal et Prótese Força de retenção As próteses digitais mostraram
40 próteses
al. (2017) convencional medida por meio de um maior resistência ao deslocamento

32
x (20 próteses aparelho para registro da comparadas com as
Prótese digital
maxilares força de desalojamento confeccionadas por método
(fresada)
para cada em bases de PTs convencional
grupo) maxilares
Força de retenção
Próteses fresadas 72 próteses
medida por meio de um Força de Retenção (N)
x (24 próteses
Faty et al. Impressão 3D aparelho para registro da Convencional Fresado Impresso
maxilares
(2021) x força de desalojamento 54,2(8,8)ª 60,9(8,1)b 58,9(9,2)a,b
Prótese para cada
em bases de PTs
convencional grupo)
maxilares
EVA: Escala visual analógica.
Letras minúsculas diferentes representam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05).

- Tempo de fabricação
Cinco estudos avaliaram o número de consultas e o tempo de produção necessário
para a instalação de próteses totais (CLARK et al., 2021; KATTADIYIL et al., 2015a;
SAPONARO et al., 2016; SMITH; PERRY; ELZA, 2021; SRINIVASAN et al., 2019a).
A Tabela 3 apresenta os resultados dos estudos envolvendo dados dos tempos de
fabricação requisitados pelos métodos de produção digitais.
Kattadiyil et al. (2015) (KATTADIYIL et al., 2015a) avaliaram o tempo clínico
para próteses produzidas pelo método convencional (Lucitone 199; Dentsply Intl) e
produzidas por fresagem CAD-CAM (Avadent - Global Dental Science). Os
atendimentos foram efetuados por alunos de graduação sob supervisão do professor e os
resultados mostraram que as próteses produzidas pelo protocolo convencional
demandaram um tempo médio 205 minutos maior que o protocolo para o fluxo digital
(p = 0,003). Uma vez que cumpriram a maior parte das etapas clínicas, os alunos
discorreram sobre suas percepções acerca das duas técnicas de fabricação e expressaram
sua preferência pelo protocolo digital por relatarem ser mais fácil de executar (p = 0,007).
Saponaro et al. (2016) (SAPONARO et al., 2016) avaliaram um protocolo de
fabricação para próteses fresadas (Avadent - Global Dental Science LLC) dentre alunos
de doutorado (predoctoral - PRED) e de especialização (postgraduation - PRGR), através
da comparação do número de visitas necessária à conclusão do trabalho. O número médio
de consultas até a entrega das próteses foi de 2,33 (±0,481) para alunos de doutorado e de
2,45 (±0,721) para alunos de especialização, com uma média de 2,39 (±0,085) para ambos
os grupos. O número médio de visitas para ajustes foi de 2,08, em razão da presença de
úlceras ou áreas de irritação. Do total de participantes, 33% necessitaram de apenas um

33
retorno adicional para ajustes, 29% precisaram de 2 visitas de retorno, e 12% não
necessitaram de nenhum tipo de ajuste. A ocorrência de complicações não demonstrou
associação com o nível educacional dos estudantes (p = 0,062).
Srinivasan et al. (2019) (SRINIVASAN et al., 2019a) registraram o tempo e o
custo de produção de próteses totais unimaxilares (G1) e bimaxilares (G2),
confeccionadas convencionalmente com resina de PMMA (Aesthetic Red, CANDULOR,
Glattpark, Switzerland), e por fresagem de bloco de resina CAD-CAM (AVADENT,
Global Dental Science Europe, Tilburg, The Netherlands). Os resultados mostraram que
as próteses convencionais consumiram 108,3 (±79,5) minutos a mais de tempo clínico
para a reabilitação de arco único (G1) e 233,0 (±72,7) minutos a mais para a reabilitação
dos dois arcos (G2). Apesar de apresentarem custo de material mais elevado,
(G1: p < 0,0001; G2: p = 0,0002), o processamento digital apresentou custos totais
(materiais clínicos + custos laboratoriais) significativamente menores (G1: p = 0,0032;
G2: p = 0,0080).
Em um estudo retrospectivo, os dados relativos às consultas necessárias à
confecção de 242 próteses totais convencionais, com protocolo de 5 visitas, e 39 próteses
totais digitais, com protocolo de 4 visitas, foram avaliados (CLARK et al., 2021). Os
resultados demonstraram que no protocolo convencional 50% dos casos realizados
requereram 6 ou mais visitas, enquanto 95% dos casos que utilizaram o protocolo digital
concluíram o tratamento em até 5 sessões (p < 0,0001). Dessa maneira, foi observado que
o número de ajustes pós-instalação no grupo convencional foi de 2 - 3 visitas, em média,
enquanto no grupo digital foram necessárias 1 - 2 visitas para ajustes (p = 0,0298).
Smith et al. (2020) (SMITH; PERRY; ELZA, 2021) avaliaram os impactos
econômicos da implantação do fluxo de trabalho digital com o protocolo de 4 visitas
preconizado pela Ivoclar Vivadent. Como resultados, pontuaram que os tempos de
agendamentos de consultas para a realização dos casos pelos estudantes foram reduzidos
de 8 horas, com o fluxo de trabalho convencional, para 7 horas, utilizando o fluxo digital.
Quando comparados os custos da hora clínica e de materiais, a produção de próteses totais
fresadas foi capaz de elevar a lucratividade do tratamento em até 107,4% quando
comparado com o fluxo de trabalho convencional.

Tabela 3: Estudos com resultados relacionados ao tempo de fabricação das próteses


digitais.

34
Autor(es) Grupos de estudo Amostra (n) Resultados
As próteses convencionais demandaram em média
60 próteses 205 minutos a mais para conclusão do que as
Prótese convencional
Kattadiyil (15 pares de próteses produzidas por fluxo digital (p = 0,003).
x
et al. (2015) próteses por Os estudantes relataram ser o fluxo digital mais
Prótese digital (fresada)
grupo) simples de executar que o fluxo convencional
(p = 0,007)
Os alunos de doutorado e de especialização em
prótese necessitaram de 2,33 e 2,45 consultas,
90 próteses
Saponaro et Prótese digital (fresada) respectivamente, para concluir a instalação das
(em 48
al. (2016) (não comparativo) próteses por fluxo digital.
participantes)
O número de sessões de ajuste observados em toda a
amostra foi de 2,08 visitas.
O protocolo para produção de próteses convencionais
36 próteses demandou 108,3 (±79,5) e 233,0 (±72,7) minutos a
(6 próteses mais para a confecção de próteses unimaxilares
unimaxilares (p = 0,0206) e bimaxilares (p = 0,0020),
Prótese convencional
Srinivasan por grupo e 6 respectivamente, em comparação com o fluxo digital.
x
et al. (2019) pares de As próteses convencionais custaram CHF 265,91
Prótese digital (fresada)
próteses (±123,08) e CHF 976,56 (±444,84) a mais para a
bimaxilares confecção de próteses unimaxilares (p = 0,0032) e
por grupo) bimaxilares (p = 0,0080), respectivamente, em
comparação com o fluxo digital.
50% das próteses confeccionadas por fluxo de
281 próteses
trabalho convencional requisitaram 6 ou mais
(242 para o
Prótese convencional consultas para sua conclusão.
grupo
Clark et al. x Apenas 5% das próteses confeccionadas por fluxo
convencional
(2021) Prótese digital (fresada) digital necessitaram de 6 ou mais visitas (p < 0,0001)
e 39 para o
A média de visitas para ajustes foi de 2-3 consultas
grupo
para o grupo convencional e de 1-2 consultas para o
fresado)
grupo digital (p = 0,0298).
Prótese convencional Os fluxos de trabalhos utilizados requereram 8 horas
x
Prótese digital fresada clínicas para o método convencional e 7 horas

(com placa base e clínicas para método digital.


Smith et al. prótese-teste impressas) A introdução do fluxo de trabalho digital elevou a
30 pacientes
(2021) x lucratividade dos tratamentos em 76,06% ($ 298,33),

Prótese digital fresada quando todas as etapas foram produzidas por

(com placa base e fresagem e em 107,4% ($ 448,97), quando as etapas

prótese-teste fresadas) intermediárias foram executadas com impressão 3D.

CHF: Francos suíços; $: dólares

35
- Satisfação do paciente
A satisfação do paciente em relação aos parâmetros comparativos e qualitativos
apresentaram diferenças quanto ao período cronológico de avaliação, bem como ao
instrumento de avaliação empregado. Nesse sentido, a satisfação do paciente foi retratada
em sete estudos, contemplando um total de 221 participantes reabilitados com diferentes
tipos de próteses. Destes, apenas dois estudos avaliaram o comportamento de próteses
produzidas por impressão 3D (OHARA et al., 2022; SRINIVASAN; KALBERER; et al.,
2021), totalizando 30 pares de próteses bimaxilares produzidas por prototipagem rápida
(RP). Os resultados gerais sobre os parâmetros qualitativos e a satisfação do paciente
foram observados no momento da instalação da prótese (SAPONARO et al., 2016;
SCHWINDLING e STOBER, 2016) (SAPONARO et al., 2016; SCHWINDLING;
STOBER, 2016), uma semana depois (KATTADIYIL et al., 2015a), após a conclusão
dos ajustes (OHARA et al., 2022), após 6 semanas de uso (SRINIVASAN; KALBERER;
et al., 2021) ou em um ano de acompanhamento (BIDRA et al., 2016; DRAGO;
BORGERT, 2019; KATTADIYIL et al., 2015b) (Tabela 4).
Um estudo registrou melhores indicadores para próteses totais digitais fresadas
(Avadent - Global Dental Science) em comparação com as confeccionadas
convencionalmente, sob os aspectos de conforto, mastigação, preferência da prótese e
eficiência da técnica empregada (KATTADIYIL et al., 2015) (KATTADIYIL et al.,
2015a).
Saponaro et al. (2016) (SAPONARO et al., 2016) em estudo retrospectivo para
avaliação de um protocolo de duas sessões clínicas para a fabricação de próteses totais
fresadas (Avadent - Global Dental Science), relataram que 17 pacientes, em um total de
22 próteses totais digitais, necessitaram de sessões adicionais. Dentre as razões estavam
a falta de retenção da prótese (8/22), dimensão vertical alterada (4/22), relação cêntrica
incorreta (3/22) e estética inaceitável (3/22). Ainda, um paciente relatou fala alterada.
Schwidling e Stober (2016) (SCHWINDLING; STOBER, 2016) observaram
clinicamente que as próteses fresadas pelo sistema CAD-CAM (Wieland Dental Digital
Denture System), em comparação à técnica de fabricação por injeção termoplástica
(Ivoclar Vivadent AG), não mostraram diferenças no ajuste da prótese. A oclusão foi um
pouco melhor para as próteses fresadas, embora uma articulação bilateralmente
equilibrada, como planejada inicialmente, não tenha sido alcançada para nenhum dos
grupos (sem ajuste intraoral).

36
Bidra et al. (2016) (BIDRA et al., 2016) relataram a perda de seis participantes,
três deles por perda de acompanhamento e outros três por insatisfação com estética,
oclusão e conforto logo após a inserção. Nos 14 participantes restantes, foram observadas
complicações menores relacionadas à perda de retenção (n=1), desgaste excessivo dos
dentes (n=3) e necessidade de um número significativo de ajustes na prótese (n=1). Para
resultados centrados no paciente, 79% deles revelaram estar satisfeitos com suas próteses
de CAD-CAM.
Drago et al. (2019) (DRAGO; BORGERT, 2019) relataram que vinte e três
pacientes (21,7%) retornaram para pelo menos uma consulta de ajuste em até um ano
após a instalação das próteses totais. Os resultados deste estudo mostraram que os
retornos para os ajustes não programados não foram associados ao método de fabricação
da prótese (CAD-CAM ou convencional). Esses retornos foram associados aos pacientes
reabilitados em apenas um arco e agendados para consultas de controle. Os pacientes que
foram reabilitados com próteses CAD-CAM necessitaram de um período maior para
atingir os níveis de satisfação quanto ao conforto, quando comparadas com as próteses
convencionais.
Srinivasan et al. (2021)(SRINIVASAN; KALBERER; et al., 2021) em estudo
cruzado, avaliaram o comportamento clínico e a satisfação de 15 pacientes edêntulos,
usuários de próteses totais convencionais, reabilitados com próteses confeccionadas por
impressão 3D e por fresagem CAD-CAM após 6 semanas de uso cada. Não foi observada
alteração nos índices de satisfação do paciente em nenhuma das fases avaliadas quando
comparadas com os índices iniciais referentes às próteses convencionais (p > 0,05). No
entanto, a avaliação pelos profissionais assistentes registrou melhora dos aspectos
clínicos das próteses para ambos os métodos de confecção CAD-CAM (p < 0,0001),
sendo observado melhora da avaliação subjetiva da eficiência mastigatória quando da
conversão das próteses convencionais para as próteses fresadas (p < 0,017), sem diferença
observada na eficiência mastigatória entre os dois tipos de próteses CAD-CAM estudadas
(p > 0,05).
Ohara et al. (2022) (OHARA et al., 2022) randomizaram 20 participantes que
desejavam confeccionar novas próteses totais bimaxilares em um estudo cruzado onde os
pacientes foram reabilitados com próteses convencionais e próteses com dentes e bases
produzidas por impressão 3D (dima print denture base; Kulzer Japan Co., Ltd., Tokyo,
Japan). Os índices de satisfação captados por Escala Visual Analógica (EVA) e pelo
questionário Oral Health Impact Profile (OHIP) Edent-J, não mostraram diferença

37
significativa entre o primeiro e o segundo conjunto de próteses utilizado pelo paciente.
No entanto, as próteses convencionais apresentaram maiores escores nos critérios
fonética, facilidade de limpeza, estabilidade, conforto e satisfação geral, de forma que,
quando questionados sobre o tipo de prótese que gostariam de usar ao fim da pesquisa,
12 participantes escolheram as próteses convencionais e 3 deles escolheram próteses
digitais. Os desfechos clínicos no que diz respeito a satisfação são reportados na
Tabela 4.

Tabela 4: Resultados clinícos quanto à satisfação dos pacientes para as próteses digitais.
Autor(es) Grupos de estudo Amostra (n) Resultados
Prótese convencional 60 próteses (15
Kattadiyil x pares de Escores médios de resposta do paciente
et al. (2015) Prótese digital próteses por significativamente maiores para prótese total digital
(fresada) grupo)
As razões observadas com relação à satisfação com
as próteses totais digitais instaladas:
Prótese digital 90 próteses Falta de retenção da prótese (8/22);
Saponaro et
(fresada) (em 48 Dimensão vertical oclusal incorreta (4/22);
al. (2016)
(não comparativo) participantes) Relação cêntrica incorreta (3/22);
Estética inaceitável (3/22).
Um paciente relatou fala alterada
Não foi encontrada diferença no ajuste entre as duas
Prótese convencional 20 próteses
Schwindling próteses;
x (5 pares de
e Stober A oclusão foi um melhor para as fresadas CAD-
Prótese digital próteses por
(2016) CAM;
(fresada) grupo)
Sem diferenças pronunciadas entre as duas próteses.
79% dos pacientes revelaram estar satisfeitos com
suas próteses de CAD-CAM;
Bidra et al. Prótese fresada 20 próteses
Não foram encontrados resultados clínicos adversos
(2016) (não comparativo) maxilares
ou centrados no paciente relacionados às próteses
CAD-CAM durante um ano de acompanhamento.
106
participantes
Prótese convencional Não houve diferenças no número de consultas
(33 para o
Drago et al. x agendadas, pós-instalação para participantes
grupo
(2019) Prótese digital reabilitados com próteses CAD-CAM ou
convencional e
(fresada) convencionais.
73 para o
grupo fresado)

38
Prótese convencional
Ambos sistemas de produção digital melhoram os
x
90 próteses aspectos clínicos das próteses avaliadas.
Prótese digital
Srinivasan (15 pares de As próteses impressas requereram maior número de
(fresada)
et al. (2021) próteses por visitas pós-inserção para ajustes (p=0,0003)
x
grupo) As próteses fresadas aprimoram os resultados de
Prótese digital
eficiência mastigatória analisados (p=0,017)
(impressa)
As próteses convencionais apresentaram melhores
Prótese convencional 60 próteses valores referentes à fonética (p=0,005), facilidade de
Ohara et al. x (15 pares de limpeza (p=0,001), estabilidade (p=0,012), conforto
(2022) Prótese digital próteses por (p=0,004) e satisfação geral (p=0,016).
(impressa) grupo) 80% dos pacientes relataram preferência pela prótese
convencional.

c. Desfechos de ensaios laboratoriais (in vitro)


Para a confecção de próteses totais por meio da tecnologia CAD-CAM, as
características dos materiais empregados tanto pela manufatura aditiva (impressão 3D),
quanto na manufatura subtrativa (fresagem) são de grande importância para se entender
o comportamento das reabilitações.
Dessa maneira, enquanto que para impressão 3D, resinas fotossensíveis são
utilizadas para a construção micrométrica, camada a camada, da reabilitação em formato
final, a manufatura subtrativa se utiliza da fresagem de blocos altamente densos de
PMMA produzidos sob temperatura e pressão controladas. Essas características fazem
com que os blocos de PMMA para fresagem possuam quantidade mínima de monômero
residual e dessa maneira, reduzida quantidade de poros no seu interior, influenciando o
comportamento desses materiais diante dos esforços de estresse mastigatório aos quais
devem resistir.
Adiante serão abordadas as diferenças entre as resinas fresadas e impressas para
próteses totais digitais com foco nas propriedades físico-químicas, biológicas e
mecânicas, comparando os materiais utilizados para fabricação de próteses totais CAD-
CAM em relação às próteses totais convencionais. Nesse sentido, foram observados
aspectos como: rugosidade, adesão de biofilme de Candida albicans, liberação residual
de monômeros e resistência mecânica das resinas para próteses totais.

39
- Rugosidade
No processo de confecção convencional, porosidades causadas por vaporização
de monômero nas altas temperaturas de processamento podem causar irregularidades na
superfície (KASINA et al., 2014). Essas porosidades podem ser minimizadas com
aplicação de pressão, mas esta é limitada uma vez que, se muito alta, pode causar fraturas
da base ou do modelo durante a confecção (LEVIN; SANDERS; REITZ, 1989; YAU et
al., 2002)
Na técnica convencional a rugosidade superficial depende ainda da habilidade do
técnico em prótese dentária e das técnicas de acabamento e polimento utilizadas
(KUHAR; FUNDUK, 2005; ZISSIS et al., 2000). Assim, os resultados de rugosidade
superficial de bases de próteses confeccionadas de forma convencional estão, portanto,
sujeitos a maior variabilidade.
Em contraste, na confecção de próteses CAD-CAM, as bases são fresadas a partir
de blocos já polimerizados industrialmente sob alta pressão, sendo, portanto, menos
porosos (STEINMASSL, PATRICIA ANCA et al., 2017). Neste sentido, os sistemas
digitais de fresagem podem ainda produzir superfícies de próteses mais lisas do que o
processo convencional.
A rugosidade superficial foi avaliada, dentre outros parâmetros, em 14 artigos
(Tabela 5). Todos os artigos compararam a rugosidade superficial de espécimes
produzidos a partir de discos pré-polimerizados de resina para fresagem CAD-CAM com
corpos-de-prova produzidos por termopolimerização de resina de PMMA, ao passo que
seis estudos incluíram grupo produzido por impressão 3D (AL-DWAIRI; AL HAJ
EBRAHIM; BABA, 2022; ALZAID et al., 2022; CHANG et al., 2021; FERNANDEZ et
al., 2020; GAD et al., 2022; MEIROWITZ et al., 2021) e um estudo também incluiu
espécimes confeccionados com resina termoplástica produzidos por injeção
(ALAMMARI, 2017). Quatro destes testaram amostras retangulares, (ALAMMARI,
2017; SRINIVASAN et al., 2018) ou discos (AL-FOUZAN; AL-MEJRAD;
ALBARRAG, 2017; MURAT et al., 2019), após acabamento e/ou polimento, enquanto
um estudo avaliou a superfície interna da prótese (que fica em contato com a mucosa),
mantida sem acabamento, como costumeiramente é feito na rotina clínica
(STEINMASSL, O. et al., 2018). Apenas um estudo analisou a rugosidade de superfícies
de corpos-de-prova após processo de termociclagem (MURAT et al., 2019).
Outros estudos têm demonstrado que as amostras confeccionadas a partir de
blocos de resina pré-polimerizados para a fresagem CAD-CAM apresentaram os menores

40
valores de rugosidade superficial média (AL-FOUZAN; AL-MEJRAD; ALBARRAG,
2017; ALAMMARI, 2017; ALP; MURAT; YILMAZ, 2018; KRAEMER FERNANDEZ
et al., 2020). Um dos estudos, no entanto, mostrou resultados contrastantes, com valores
de rugosidades médios significativamente maiores para os blocos produzidos com resinas
pré-polimerizadas para fresagem CAD-CAM, quando comparados com os corpos de
prova produzidos com resina convencional termopolimerizadas (SRINIVASAN et al.,
2018).
Um estudo (ALAMMARI, 2017) avaliou os efeitos de polimento mecânico e do
polimento químico na rugosidade superficial de bases de prótese confeccionadas com
resinas térmica e autopolimerizáveis e com resinas usadas em sistemas CAD-CAM. O
polimento mecânico produziu uma superfície inferior do ponto de vista da rugosidade em
comparação ao resultado obtido com o polimento químico. Clinicamente esse é um
processo que ainda precisa ser mais estudado, uma vez que na sessão de instalação de
próteses totais é comum deixar a superfície mucosa da prótese sem polimento para
garantir a correspondência máxima da base da prótese com os tecidos bucais.
Mesmo no sistema digital de confecção de próteses é importante destacar que os
materiais utilizados nas bases de próteses não contêm PMMA puro. Neste sentido, cada
aditivo, assim como iniciadores de polimerização, aceleradores, agentes de ligações
cruzadas e corantes podem influenciar as propriedades físicas e químicas do material
(SIPAHI; ANIL; BAYRAMLI, 2001). Contudo, mesmo com essas diferenças nas
propriedades químicas, o protocolo de processamento das resinas ainda é o principal
determinante da rugosidade da superfície.
Para resinas de bases de próteses, técnicas de polimento de alto brilho são capazes
de melhorar os resultados de rugosidade superficial em espécimes manufaturados em
resina fresada, impressa e autopolimerizável, sendo as resinas fresadas as que
apresentaram os menores valores de Ra e Rz seguido das resinas produzidas por
impressão 3D (FERNANDEZ et al., 2020). A Tabela 5 reporta desfechos de estudos
laboratoriais referentes à rugosidade superficial de próteses digitais.

Tabela 5: Resultados in vitro quanto à rugosidade superficial das próteses digitais.


Autor(es) Grupos de estudo Amostra Resultados
Alammari n = 60 Os blocos pré-polimerizados de resina
- Resina PMMA
et al. (20 por apresentaram os menores valores médios de
termopolimerizável
(2017) grupo) rugosidade superficial;

41
- Resina termoplástica Maior rugosidade superficial foi registrada no
(injetada) grupo de resina PMMA termopolimerizável,
- Bloco pré-polimerizado seguida pela resina termoplástica;
de resina CAD-CAM O tipo de polimento (mecânico ou químico) não
afetou os resultados da rugosidade.
- Bloco pré-polimerizado
de resina CAD-CAM (M);
- Bloco pré-polimerizado A resina termopolimerizável convencional
de resina CAD-CAM (P); n = 40 apresentou maior rugosidade superficial do que
Murat et
- Bloco pré-polimerizado (10 por todos os grupos CAD-CAM;
al. (2018)
de resina CAD-CAM grupo) Não foi verificada diferença estatística entre as
(Avadent); amostras de resinas pré-polimerizadas testadas
- Resina PMMA
termopolimerizável
- Bloco pré-polimerizado
de resina CAD-CAM dos
sistemas:
- Avadent; - Baltic; - Vita
A exceção do sistema Baltic Denture, as resinas
Vionic;
Steinmassl n = 80 para próteses CAD-CAM fresadas
- Wieland Digital Dentures;
et al. (10 por apresentaram valores médios de rugosidade da
- Whole You Nexteeth
(2018) grupo) superfície significativamente menores do que
revestido;
as resinas convencionais termopolimerizadas
- Whole You Nexteeth não
revestido;
- Resina de PMMA
termopolimerizável
Os blocos confeccionados com resina de
- Resina de PMMA
Srinivasan n = 60 PMMA termopolimerizável apresentou médias
termopolimerizável
et al. (30 por de rugosidade estatisticamente menores que os
- Bloco pré-polimerizado
(2018) grupo) confeccionados a partir de blocos pré-
de resina CAD-CAM
polimerizados de PMMA
- Resina de PMMA A resina fresada CAD-CAM apresentou níveis
Al-Fouzan n = 20
termopolimerizável de rugosidade significativamente menores
et al. (10 por
- Bloco pré-polimerizado (p = 0,020) do que o PMMA convencional
(2017) grupo)
de resina PMMA (fresado) processado.
- Resina PMMA Não foi observada diferença significativa entre
termopolimerizável n= 24 os grupos testados (p = 0,111).
Alp et al.
- Bloco pré-polimerizado (6 por A termociclagem em café promoveu alteração
(2019)
de resina CAD-CAM grupo) na rugosidade superficial dos corpos-de-prova
(Avadent); de todos os grupos testados (p = 0,031), no

42
- Bloco pré-polimerizado entanto todas médias se situaram abaixo do
de resina CAD-CAM limite clinicamente aceitável (Ra = 0,2µm)
(Merz Dental);
- Bloco pré-polimerizado
de resina CAD-CAM
(Polident);
- Resina de PMMA O polimento de alto brilho foi o método que
autopolimerizável proporcionou os melhores resultados de
Fernandez n = 90
- Bloco Pré-polimerizado rugosidade superficial.
et al. (30 por
de resina CAD-CAM Ra (µm) Convencional Fresado Impresso
(2020) grupo)
- Bloco de resina de Polimento 0,05 ± 0,02ª 0,02 ± 0,0 0,03 ± 0,01c
b

Impressão 3D auto-brilho
- Resina PMMA O tipo de tratamento de superfície demonstrou
termopolimerizável interação significativa sobre a rugosidade de
- Bloco pré-polimerizado n = 84 superfície após a termociclagem nos corpos-de-
de resina CAD-CAM (7 para prova dos grupos fresados Merz Dental e
(Avadent); cada Polident (p = 0,049).
Atalay et
- Bloco pré-polimerizado tratamento No grupo fresado Merz Dental, o polimento
al (2021)
de resina CAD-CAM de com pedra pomes e pasta de polimento
(Merz Dental); superfície melhorou os valores de Ra (p = 0,027)
- Bloco pré-polimerizado por grupo) O grupo fresado Polident registrou melhora nos
de resina CAD-CAM valores de Ra após o polimento com pontas de
(Polident); polimento de 3 estágios (p = 0,041)
- Resina PMMA
A simulação da escovação com dentifrício
termopolimerizável
sobre as superfícies dos corpos-de-prova
- Resina PMMA n = 20
Chang et promoveu aumento da rugosidade em todos os
autopolimerizável (5 por
al. (2021) grupos testados (p < 0,05)
- Resina de poliamida; grupo)
As resinas de poliamida sofreram menores
- Bloco pré-polimerizado
níveis abrasão de superfície (p < 0.05)
de resina CAD-CAM;
Antes da realização do polimento, os blocos de
- Resina resina para fresagem CAD-CAM apresentaram
termopolimerizável n = 18 os menores valores de rugosidade superficial
Di Fiori et
- Resina pré-polimerizada (6 por (Ra) (p < 0,001)
al. (2021)
para fresagem CAD-CAM grupo) Após a realização do polimento, não houve
- Resina para impressão 3D diferença significativa na rugosidade (Ra) entre
os grupos testados (p = 0,28)
- Resina n = 40
Gad et al. Foi observado que a rugosidade superficial das
termopolimerizável (20 por
(2021) resinas produzidas por impressão 3D, antes da
- Resina para impressão 3D grupo)

43
termociclagem, foi significativamente mais
baixa (p < 0,001)
Diferença estatística na rugosidade superficial
entre os grupos não foi verificada após o
processo de termociclagem (p = 0,262)
Todas as superfícies dos grupos testados
- Resina mostraram rugosidade superficial (Ra) dentro
termopolimerizável do limite clinicamente aceitável.
Meirowitz n = 24
- Resina autopolimerizável Os discos em resina autopolimerizável
et al. (6 por
- Resina pré-polimerizada apresentaram maiores valores de rugosidade
(2021) grupo)
para fresagem CAD-CAM (p < 0,03).
- Resina para impressão 3D Não foi observada diferença significativa entre
os demais grupos
- Resina
termopolimerizável
- Resina para impressão 3D
Al Dwairi n = 60 Não houve diferença significativa na
(Nextdent)
et al. (15 por rugosidade superficial nos grupos testados
- Resina para impressão 3D
(2022) grupo) (p > 0,05)
(Dentona)
- Resina para impressão 3D
(Asiga)
- Resina
termopolimerizável
n = 250
- Resina pré-polimerizada
(10 por As resinas produzidas por impressão 3D
para fresagem CAD-CAM
Alzaid et grupo e apresentaram maiores valores de rugosidade em
(IvoCad)
al. (2022) diferentes todas as concentrações de pH avaliadas.
- Resina pré-polimerizada
condições
para fresagem CAD-CAM
de pH)
(Avadent)
- Resina para impressão 3D
Letras minúsculas diferentes representam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05).

- Adesão de Candida albicans


A rugosidade superficial é considerada relevante para a adesão microbiana
primária (TERADA et al., 2006) sendo citada como um dos fatores que mais afetam a
adesão de C. albicans (PEREIRA-CENCI et al., 2007; SERRANO-GRANGER et al.,
2005). Considerando esses aspectos, é esperada uma menor adesão de C. albicans nas
superfícies das próteses totais fresadas (BILGIN et al., 2016).

44
Dentre os estudos selecionados, dois deles compararam a adesão de C. albicans
de superfícies de resinas de blocos para fresagem CAD-CAM com espécimes produzidos
convencionalmente em resina de PMMA (AL-FOUZAN; AL-MEJRAD; ALBARRAG,
2017; MURAT et al., 2019). Outros dois estudos, incluíram grupos produzidos por
impressão 3D, além dos grupos controle e blocos para fresagem CAD-CAM (DI FIORE
et al., 2021; MEIROWITZ et al., 2021).
Um dos estudos avaliou o efeito da termociclagem e o efeito da embebição em
saliva (MURAT et al., 2019). Os resultados mostraram que a imersão dos blocos de resina
em saliva foi responsável pela redução na aderência de C. albicans em praticamente todos
os grupos, corroborando que a hidrofilicidade da superfície e a energia livre de superfície
são relevantes para adesão principalmente em superfícies de resina muito lisas (CHOI et
al., 2016). Além de ser importante para a higiene, a hidrofilia da superfície pode
desempenhar um papel importante na melhoria da retenção de próteses totais (GESSER;
CASTALDI, 1971; MONSÉNÉGO et al., 1989; SIPAHI; ANIL; BAYRAMLI, 2001).
Meirowitz et al. (2021) (MEIROWITZ et al., 2021) testaram a adesão
microbiológica de biofilme de C. albicans sobre a superfície de discos de resina
confeccionados com resina de PMMA termopolimerizável (Novodon, Novodent ETS,
Eschen, Liechtenstein), resina de PMMA autopolimerizável (NOVO press plus,
Novodent ETS, Eschen, Liechtenstein), resina para fresagem CAD-CAM (CAD-CAM,
Vita Vionic Base, VITA, Bad Säckingen, Germany) e resina para impressão 3D
(FreePrint denture, Detax, Ettlingen, Germany). A adesão de biofilme de C. albicans
sobre a superfície dos discos de resina produzidos por impressão 3D mostrou-se
significativamente maior que nos grupos de resina termopolimerizável e para fresagem
CAD-CAM, que apresentou menor adesão microbiológica (p < 0,001). Os resultados de
adesão apresentaram alta correlação com a adsorção de mucina sobre os corpos-de-prova
(r = 0,812; p < 0,001).
A consolidação dos resultados de busca, demonstraram que as superfícies de
próteses para fresagem CAD-CAM se apresentam menos atraentes para colonização
microbiana (STEINMASSL, O. et al., 2018) do que as de próteses convencionais ou
produzidas por impressão 3D. A Tabela 6 evidencia os principais resultados dos estudos.

45
Tabela 6: Resultados in vitro quanto à adesão de Candida albicans.
Autor(s) Grupos de estudo Amostra Resultados
n = 20 A adesão de Candida albicans na superfície
Al-Fouzan - Bloco pré-polimerizado de resina
(10 para da resina PMMA pré-polimerizada foi
et al. CAD-CAM;
cada significativamente menor do que na resina
(2017) - Resina PMMA termopolimerizável
grupo) polimerizada convencionalmente.
- Bloco pré-polimerizado de resina O grupo de resina PMMA
CAD-CAM (Merz); termopolimerizável apresentou maior adesão
- Bloco pré-polimerizado de resina n = 40 de Candida albicans em sua superfície,
Murat et
CAD-CAM (Polident); (10 por seguida dos blocos pré-polimerizados da
al. (2018)
- Bloco pré-polimerizado de resina grupo) Avadent. No entanto, a análise não mostrou
CAD-CAM (Avadent); diferença estatística após a imersão dos
- Resina PMMA termopolimerizável corpos de prova em saliva.
- Resina termopolimerizável Não foi verificada diferença significativa
n = 18
Di Fiori et - Resina pré-polimerizada para entre os grupos testados para a adesão de
(6 por
al. (2021) fresagem CAD-CAM biofilme de C. albicans após o período de
grupo)
- Resina para impressão 3D incubação de 16h
A adesão de biofilme no grupo
confeccionado com resina auto foi maior que
- Resina termopolimerizável
na resina termopolimerizável (p < 0,001)
Meirowitz - Resina autopolimerizável n = 24
A adesão de biofilme na resina produzida por
et al. - Resina pré-polimerizada para (6 por
impressão 3D foi maior que nas resinas
(2021) fresagem CAD-CAM grupo)
termopolimerizável, com menor adesão
- Resina para impressão 3D
verificada nas resinas para fresagem CAD-
CAM (p < 0,001)

- Liberação de monômero residual


É importante considerar que falhas na correta dosagem dos componentes das
resinas de PMMA podem alterar as propriedades mecânicas e a estabilidade dimensional
das próteses dentárias, as quais podem ser influenciadas negativamente pelo efeito
plastificante do excesso de monômero (GOLBIDI; JALALI, 2007). Teoricamente, bases
de próteses fresadas e do tipo monolíticas sofrem menos distorção durante o
processamento e oferecem, portanto, melhor adaptação (GOODACRE, BRIAN J. et al.,
2016).
Três estudos identificados por meio dessa revisão sistemática (AYMAN, 2017;
STEINMASSL, PATRICIA ANCA et al., 2017; WEI et al., 2022) avaliaram o teor de
monômero residual e os resultados mostraram que a liberação de monômero reduziu

46
significativamente ao longo do tempo, tanto nos grupos controle, que utilizaram resina
termopolimerizável em processamento convencional, como nos grupos-teste, que
utilizaram fresagem CAD-CAM. O grupo de resinas para fresagem apresentou menores
valores de liberação de monômero em todos os tempos de avaliação.
Contudo, (STEINMASSL, PATRICIA ANCA et al., 2017) observou que
nenhuma das próteses CAD-CAM liberou significativamente menos monômero do que o
grupo controle composto por próteses convencionais. Observa-se, no entanto, que estes
achados estão sujeitos a variação da proporção de componentes utilizada por cada
fabricante. Além disso, os estudos relatados não incluíram um grupo de próteses
impressas para que a diferenciação dos níveis de liberação de monômero fossem
observados também em relação a esses tipos de prótese.
Wei et al. (2022) (WEI et al., 2022), testaram a liberação de monômero residual
e os efeitos biológicos de dois tipos de resinas para base de dentaduras (Convencional:
Vertex - resina acrílica termopolimerizável; Digital: Organic PMMA eco Pink—CAD-
CAM PMMA) e dois tipos de resinas de características provisórias (Convencional:
Protemp™ 4 – resina bisacrílica; Digital: Die material—CAD-CAM PMMA). A
liberação de monômero (MMA) foi verificada apenas no grupo de resina convencional
termopolimerizada. A proliferação celular se mostrou maior nos grupos de resina CAD-
CAM, não sendo identificada apoptose ou necrose celular. A Tabela 7 mostra os
principais resultados dos estudos no que diz respeito a liberação residual de monômeros
em próteses digitais.

Tabela 7: Resultados in vitro quanto à liberação residual de monômeros em próteses


totais digitais.
Autor(s) Grupos de estudo Amostra Resultados
As médias de liberação de monômeros residuais
- Resina PMMA medidas através de cromatografia gasosa diminuíram
n = 70
Ayman termopolimerizável significativamente nos períodos de 2 e de 7 dias para
(35 por
(2017) - Resina PMMA pré- os dois grupos. O grupo de resina pré-polimerizada
grupo)
polimerizada para fresagem apresentou médias significativamente
menores em todos os momentos da análise.
- Baltic Denture System;
Nenhum dos sistemas que utilizam blocos de resina
Steinmassl - Whole You Nexteeth;
n = 44 pré-polimerizados para produção por fresagem
et al. (2017) - Wieland Digital
apresentou média de liberação de monômero menor
Dentures;

47
- Vita VIONIC; que o grupo de resina termopolimerizável
- Resina PMMA convencional
termopolimerizável
- Resina PMMA
termopolimerizável Não foram identificados monômeros residuais nos
- Resina bisacrílica corpos-de-prova confeccionados com blocos de
- Resina PMMA pré- n = 540 resinas pré-polimerizadas (CAD-CAM)
Wei et al.
polimerizada para base (135 por Os discos em resina pré-polimerizadas CAD-CAM
(2022)
de dentaduras grupo) apresentaram maior compatibilidade celular que os
- Resina PMMA pré- polímeros convencionais (termopolimerizável e
polimerizada para bisacrílica) após 72h (p < 0,05)
provisórios

- Resistência mecânica
Dentre os artigos selecionados, dez estudos avaliaram a resistência mecânica de
blocos de resina pré-polimerizados utilizados para fresagem de próteses totais por
tecnologia CAD-CAM, comparando seus resultados com blocos de resina produzidas por
processo de termopolimerização convencional (AGUIRRE et al., 2020; AL-DWAIRI et
al., 2020; AL-DWAIRI; AL HAJ EBRAHIM; BABA, 2022; AYMAN, 2017; HADA et
al., 2021; IWAKI et al., 2020; PACQUET et al., 2018; PEREA-LOWERY et al., 2021;
SRINIVASAN et al., 2018; STEINMASSL, OTTO; OFFERMANNS; et al., 2018).Os
resultados mostraram comportamento variável, diferindo de estudo para estudo em face
de diferentes metodologias empregadas, bem como de acordo com as diferentes marcas
testadas, não sendo possível definir um padrão com base no tipo de processamento
empregado para a confecção dos blocos de resina (Tabela 7).
Ayman (2017) (AYMAN, 2017) avaliou a resistência à flexão e o módulo de
flexão de amostras retangulares obtidas de blocos de resina acrílica pré-polimerizada em
CAD-CAM (Polident doo Volčja Draga 42, Sl-5293 Volčja Draga, Eslovênia) e PMMA
convencional termopolimerizado (Vertex RS, Dentimex, Holanda), verificando que as
resinas convencionais apresentaram maiores médias da resistência à flexão, enquanto que
o módulo de flexão dessas resinas, por sua vez foi menor que o verificado em resinas para
fresagem (p < 0,001).
Steinmassl et al., (2018) (STEINMASSL, OTTO; OFFERMANNS; et al., 2018)
testaram amostras retangulares de acordo com a ISO 20795-1/2013, que determina a
aplicação de uma pré-trinca no meio dos blocos para verificar a capacidade do material
resistir à propagação de trincas. Os materiais testados foram AvaDent (AD), Baltic

48
Denture System (BDS), Vita VIONIC (VV), Wieland Digital Dentures (WDD) Whole
You Nexteeth sem o revestimento de superfície total habitual (WNu), Whole You
Nexteeth com o revestimento regular (WNc) e duas resinas de base para próteses
processadas convencionalmente: Grupo Controle 1 (C1), Candulor Aesthetic Red, usando
a técnica de molde por injeção termoplástica; Grupo Controle 2 (C2), produzido com
resina autopolimerizável (Candulor Aesthetic Blue). Somente a WDD apresentou
aumento da carga média de ruptura (p < 0,0001) e tenacidade média à fratura (p <0,0001)
em comparação ao C1. WNu e WNc não apresentaram diferença significativa para carga
de ruptura média e tenacidade à fratura média em comparação com C1 (p> 0,05). Os
grupos AD e a BDS apresentaram uma carga de ruptura média significativamente menor
e a tenacidade à fratura média que C1 (p <0,05). Somente o grupo VV apresentou uma
carga de ruptura média significativamente menor e a tenacidade à fratura média que o
grupo C2 (p <0,0001). Os grupos CAD-CAM, com exceção da AD (p = 0,171) e da WDD
(p = 0,175), tiveram um módulo de elasticidade significativamente maior que o C1.
Em uma análise de teste de flexão de três pontos, Srinivasan et al. (2018)
(SRINIVASAN et al., 2018) observaram que uma resina pré-polimerizada de CAD-CAM
(AVADENT, Global Dental Science Europe, Tilburg, Holanda) apresentou maior
resistência à fratura (p = 0,0004) e tenacidade (p < 0,0001) do que uma resina PMMA
termopolimerizada (Aesthetic Red, CANDULOR, Glattpark, Suíça). No entanto, não foi
observada diferença no módulo de elasticidade à flexão (p = 0,712).
Al-Dwairi (2018) (AL-DWAIRI et al., 2020), por sua vez, em avaliação de dois
tipos de resinas para fresagem CAD-CAM (discos de PMMA AvaDent (Scottsdale, AZ)
e PMMA Tizian Blank (Sch¨utz Dental, Rosbach, Alemanha) em comparação com
PMMA termopolimerizada (Meliodent ; Heraeus Kulzer, Hanau, Alemanha) observou
que os grupos CAD-CAM PMMA apresentaram forças flexurais e módulo de flexão
significativamente maiores (p <0,05) que o grupo convencional, porém não foi observada
diferença estatisticamente significante entre os grupos CAD-CAM (p > 0,05).
Em revisão sistemática, (SRINIVASAN; KAMNOEDBOON; et al., 2021),
concluíram, por meio de meta-análise, que os blocos de resina CAD-CAM pré-
polimerizados ofereceram maiores valores de resistência flexural que os corpos-de-prova
confeccionados convencionalmente por termopolimerização (Z= -3,327; p = 0,001). A
Tabela 8 descreve os desfechos experimentais para resistência mecânica entre os tipos
de próteses totais.

49
Tabela 8: Principais resultados in vitro para resistência mecânica em estudos
comparativos envolvendo próteses totais digitais fresadas e convencionais.
Autor(s) Grupos de estudo Amostra Resultados
- Resina PMMA
A resina de PMMA pré-polimerizada
Ayman termopolimerizável
n = 70 apresentou maior módulo de flexão, no
(2017) - Resina pré-polimerizada
entanto menor resistência flexural.
CAD-CAM
À exceção dos grupos Whole You Nexteeth
-Avadent revestido e Whole You Nexteeth não
- Baltic Denture System; revestido, todos os grupos de resina pré-
- Whole You Nexteeth revestido; polimerizadas para fresagem CAD-CAM
- Whole You Nexteeth não apresentaram valores de resistência à
Steinmassl
revestido; fratura e tenacidade maiores que o grupo de
et al., n = 80
- Wieland Digital Dentures; resina termopolimerizada;
(2018)
- Vita VIONIC; Para os valores de módulo de elasticidade
- Resina PMMA apenas os grupos Avadent e Wieland
termopolimerizável; Digital Dentures não apresentaram valores
- Resina PMMA autopolimerizável significativamente maiores que o grupo de
resina PMMA termopolimerizável.
A resina de PMMA pré-polimerizada
apresentaram médias de tenacidade e de
- Resina PMMA
Srinivasan resistência a flexão significativamente
termopolimerizável
et al., n = 60 maiores que o grupo de resina
- Resina pré-polimerizada
(2018) termopolimerizável. No entanto, não foi
CAD-CAM (Avadent)
verificada diferença para o módulo de
flexão.
- Resina PMMA termopolimerizável Os grupos de resina PMMA pré-
Al-Dwairi - Resina pré-polimerizada polimerizadas apresentaram médias de
et al., CAD-CAM (Avadent) n = 45 resistência a flexão e módulo de flexão
(2018) - Resina pré-polimerizada significativamente maiores que o grupo de
CAD-CAM (Tizian) resina termopolimerizável.

Cinco outros estudos incluíram para análise de resistência à fratura, além dos
blocos pré-polimerizados CAD-CAM, corpos-de-prova confeccionados por impressão
3D (ALASEEF et al., 2022; ALZAID et al., 2022; DI FIORE et al., 2021; FOUDA et al.,
2022; ZEIDAN et al., 2022) (Tabela 8).
Alaseef et al. (2022) (ALASEEF et al., 2022), testaram a influência da variação
da espessura dos corpos-de-prova produzidos por tecnologia subtrativa (AvaDent, AZ e

50
IvoBase CAD, NY) ou por tecnologia aditiva (FormLabs Denture Base LP e NextDent
Denture 3D+, Soesterberg, Netherland), utilizando como controle, blocos de resina
termopolimerizável convencional (Major.Base.20, Moncalieri, Italy). Os resultados
mostraram que, no grupo com blocos pré-polimerizados de resina CAD-CAM a redução
da espessura até 2mm não produziu alteração significativa nos valores de resistência
flexural (p > 0,05), no entanto, para a espessura de 1,5mm houve uma redução
significativa da resistência à fratura (p < 0,001), porém dentro dos limites clinicamente
aceitáveis (65Mpa) (“Revised American Dental Association Specification No. 12 for
denture base polymers”, 1975). Já, para os blocos produzidos por impressão 3D, o grupo
com resina NextDent, a exemplo dos blocos CAD-CAM, não apresentou diminuição
significativa da resistência flexural com a redução da espessura para até 2mm (p = 0,58),
diferentemente do observado para a resina FormLabs, que apresentou redução
significativa nos valores de resistência flexural para a espessura de 2mm (p < 0,001).
Zeidan et al. (2022) (ZEIDAN et al., 2022), em avaliação da resistência à flexão
de materiais CAD-CAM para confecção de bases de dentaduras, verificaram que as
resinas para fresagem CAD-CAM (AvaDent denture - AvaDent, Global Dental Science
Europe, Tilburg, The Netherlands; IvoBase CAD - Ivoclar Vivadent, Schaan,
Liechtenstein) apresentaram maiores resultados de resistência flexural comparados com
o grupo termopolimerizável convencional (Major.Base.20 - Major Prodotti Dentari,
Moncalieri, Italy) e os produzidos por impressão 3D (ASIGA DentaBase - Asiga pty Ltd,
Alexandria, Australia; FormLabs Denture Base LP - FormLabs, Somerville, MA, USA;
Denture 3D+ - NextDent B.V., Soesterberg, The Netherlands).
Alzaid et al. (2022) (ALZAID et al., 2022), avaliaram o impacto da alteração de
pH na resistência flexural de materiais para base de dentaduras. Os autores observaram
que todos os grupos sofreram diminuição da resistência à flexão após a imersão nas
diversas concentrações de pH. Para a concentração mais ácida (pH = 5,7), os grupos
produzidos com resina para fresagem CAD-CAM (Avadent e IvoCad) apresentaram os
maiores valores de resistência flexural, enquanto que para a concentração de pH mais
alcalina (pH = 8,3) os blocos para fresagem CAD-CAM Avadent demonstraram maiores
valores de resistência flexural (p < 0,001). A Tabela 9 compara a resistência mecânica
de próteses totais obtidas por técnica subtrativa, aditiva e convencional.

51
Tabela 9: Resultados in vitro para resistência mecânica em estudos comparativos
envolvendo próteses totais digitais fresadas e produzidas por impressão 3D.
Autor(s) Grupos de estudo Amostra Resultados
Os blocos produzidos em resina pré-
- Resina PMMA
polimerizada CAD-CAM (Avadent)
termopolimerizável
apresentaram os maiores valores de resistência
- Resina pré-polimerizada
n = 200 flexural em todas as espessuras testadas
CAD-CAM (Avadent)
40 por grupo (p < 0,001)
Alaseef et - Resina pré-polimerizada
em 4 Os blocos para fresagem CAD-CAM e os blocos
al. (2022) CAD-CAM (IvoCad)
espessuras do grupo convencional apresentaram resistência
- Resina para impressão
diferentes dentro dos limites clinicamente aceitáveis para a
3D (FormLabs)
espessura de 1,5mm, enquanto que os blocos
- Resina para impressão
produzidos por impressão 3D apresentaram
3D (NextDent)
valores aceitáveis para a espessura mínima de 2mm
- Resina PMMA
termopolimerizável
Os blocos produzidos em resina pré-
- Resina pré-polimerizada
polimerizada CAD-CAM apresentaram os
CAD-CAM (Avadent)
maiores valores de resistência flexural
- Resina pré-polimerizada
(p < 0,001)
Fouda et CAD-CAM (IvoCad) n = 120
Apesar de apresentar os menores valores de
al.. (2022) - Resina para impressão 20 por grupo
resistência flexural, os corpos-de-prova
3D (Asiga)
produzidos por impressão 3D apresentaram
- Resina para impressão
valores dentro dos limites clínicos aceitáveis.
3D (FormLabs)
- Resina para impressão
3D (NextDent)
- Resina PMMA
termopolimerizável
convencional
Grupo Tensão (MPa) p-valor
- Resina de poliamida
Fresado Avadent 120,49 ± 13,07ª <0,001
- Resina pré-polimerizada
Fresado Polident 119,59 ± 6,25ª
Zeidan et CAD-CAM (Avadent) n = 60
Impressão 3D Harz 28,82 ± 1,94b
al.. (2022) - Resina pré-polimerizada 10 por grupo
Impressão 3D NextDent 61,63 ± 2,32
CAD-CAM (Polident)
PMMA Convencional 99,00 ±16,53
- Resina para impressão
Resina Poliamida 33,28 ± 0,79b
3D (Harz)
- Resina para impressão
3D (NextDent)

52
Os maiores resultados de resistência flexural pós-
- Resina PMMA
imersão foi observado no grupo de resina para
termopolimerizável
fresagem (IvoCad) (93.96 ± 3.18 MPa) em água
- Resina pré-polimerizada
n = 250 destilada, enquanto que os menores valores
CAD-CAM (Avadent)
10 por grupo foram observados para o gurpo de resina
Alzaid et al. - Resina pré-polimerizada
em cada impressa (NextDent) (60.43 ±2.66 MPa) após
(2022) CAD-CAM (IvoCad)
concentração imersão em saliva com pH 7,0.
- Resina para impressão
de pH Os grupos produzidos com resina para fresagem
3D (FormLabs)
CAD-CAM (Avadent e IvoCad) mostraram os
- Resina para impressão
maiores valores de resistência flexural sob a
3D (NextDent)
condição mais ácida testada (pH 5,7)
O grupo produzido com resina pré-polimerizada
- Resina PMMA
para fresagem CAD-CAM apresentou os maiores
termopolimerizável
valores de resistência flexural (p < 0,001)
Di Fiori et - Resina pré-polimerizada n = 18
Não foi identificada diferença significativa entre
al. (2021) CAD-CAM (Ruthinium) 6 por grupo
o módulo flexural das resinas produzidas por
- Resina para impressão
impressão 3D e os corpos-de-prova em resina
3D (NextDent)
termopolimerizável convencional (p = 0,13)

- Adaptação
Para a análise da adaptação das próteses totais, o grau de congruência entre a
superfície interna da base da prótese e a simulação dos tecidos subjacentes foi avaliado
em 14 estudos. Destes, 10 estudos analisaram o grau de desadaptação em regiões de
interesse a partir da superposição de imagens obtidas por escaneamento (FATY; SABET;
THABET, 2021; GOODACRE, BRIAN J. et al., 2016; HWANG et al., 2019;
KALBERER; MEHL; SCHIMMEL, 2019; LEE et al., 2019; SRINIVASAN et al., 2017;
STEINMASSL, O. et al., 2018; TASAKA et al., 2019; YOON, HYUNG-IN et al., 2018;
YOSHIDOME et al., 2021). Outros dois estudos mediram a espessura da película de
silicone ou de material indicador formada entre a bases de prótese avaliada e o modelo-
mestre (MCLAUGHLIN; RAMOS; DICKINSON, 2017; YOON, SE NA et al., 2020).
Um estudo avaliou a adaptação, tanto sob análise da superposição de imagens escaneadas,
quanto pela aferição da espessura de material de moldagem interposto entre a base da
prótese e o modelo-mestre (HSU et al., 2020). Por fim, um outro estudo analisou o grau
de desadaptação das bases de próteses por meio de imagens de micro-CT (OĞUZ et al.,
2021) (Tabela 10).
Quatro estudos testaram a precisão das dentaduras fresadas por CAD-CAM,
comparando seus resultados com as bases obtidas por métodos convencionais

53
(compressão ou injeção) (BJ et al., 2016; MCLAUGHLIN; RAMOS; DICKINSON,
2017; SRINIVASAN et al., 2017; STEINMASSL, OTTO; DUMFAHRT; et al., 2018a).
Os dez estudos restantes (FATY; SABET; THABET, 2021; HSU et al., 2020; HWANG
et al., 2019; KALBERER; MEHL; SCHIMMEL, 2019; LEE et al., 2019; OĞUZ et al.,
2021; TASAKA et al., 2019; YOON, HYUNG-IN et al., 2018; YOON, SE NA et al.,
2020; YOSHIDOME et al., 2021) incluíram um método de fabricação aditiva (grupo
produzido por impressão 3D), comparando com grupos fresados e/ou convencionais.
Dentre os estudos selecionados, quatro avaliaram desajustes em arcos
mandibulares (HSU et al., 2020; OĞUZ et al., 2021; YOON, HYUNG-IN et al., 2018;
YOON, SE NA et al., 2020).Dois estudos simularam o efeito da saliva no desajuste da
prótese (KALBERER; MEHL; SCHIMMEL, 2019; SRINIVASAN et al., 2017).
Goodacre et al. (2016) (GOODACRE, BRIAN J. et al., 2016) testaram o ajuste
de bases de prótese CAD-CAM fresadas a partir de blocos resina de PMMA pré-
polimerizados (AvaDent - Global Dental Science, LLC) em comparação com bases de
resina termopolimerizadas (Lucitone 199 - Dentsply Intl); com bases de resina
autopolimerizável (Lucitone Fas-Por - Dentsply Intl) e bases produzidas por injeção
termoplástica (Ivobase Hybrid Injection - Ivoclar Vivadent Inc). Das 4 técnicas avaliadas,
as bases CAD-CAM fresadas demonstraram a melhor combinação de precisão e
reprodutibilidade e a distribuição mais uniforme da adaptação, enquanto a técnica de
resina termopolimerizável apresentou a distribuição menos uniforme da adaptação, sendo
a técnica de resina autopolimerizável a que apresentou a menor precisão dentre os grupos
testados.
McLaughlin; Ramos; Dickinson (2017) (MCLAUGHLIN; RAMOS;
DICKINSON, 2017) não observaram diferença significativa no ajuste entre as técnicas
de fresagem CAD-CAM (AvaDent - Global Dental Science) e de moldagem por injeção
termoplástica (Ivobase; Ivoclar Vivadent) (p = 0,96); no entanto, a técnica de
termopolimerização (Lucitone 199 ; Dentsply) mostrou uma média de desajuste de 41%
a 47% maior no interior das próteses do que qualquer um dos outros dois métodos
(p < 0,0001).
Outro estudo comparativo da adaptação de bases de próteses produzidas em CAD-
CAM por fresagem (AvaDent ™, Global Dental Science Europe BV, Tilburg, Holanda),
com bases produzidas por injeção termoplástica (técnica IvocapTM, Ivoclar Vivadent
AG, Schaan, Liechtenstein) e por resinas de PMMA termopolimerizadas (Ivoclar
ProBase, Ivoclar Vivadent AG, Lichtenstein) foi realizada por Srinivasan et al. (2017)

54
(Srinivasan et al., 2017). Na análise imediatamente após a produção, não houve diferença
significativa na precisão da adaptação das superfícies internas das próteses entre os três
grupos. Após a incubação em saliva, as próteses totais convencionais mostraram uma
melhora significativa na adaptação de toda a área interna (p = 0,0044), que não foi
verificado nos grupos fresado e injetado (p = 0,3281 e p = 0,0754, respectivamente). Nas
três técnicas, 80% de todos os desvios verificados na adaptação da superfície interna após
a incubação na saliva foram inferiores a 0,1 mm.
Steinmassl et al., (2018) (STEINMASSL, OTTO; DUMFAHRT; et al., 2018b)
avaliaram a congruência entre a superfície interna de bases de próteses e a superfície da
mucosa de 4 sistemas de fresagem CAD-CAM disponíveis comercialmente e
compararam seus resultados com próteses produzidas por processo de
termopolimerização (Candulor Aesthetic Red, Candulor AG, Glattpark, Suíça). As
próteses AvaDent Digital Dentures, Wieland Digital Dentures e Whole You Nexteeth
apresentaram adaptação significativamente melhor do que as próteses convencionais. As
próteses Baltic Denture System (Merz Dental GmbH, Lütjenburg, Germany) também
mostraram um ajuste mais preciso do que as próteses convencionais, porém sem diferença
estatisticamente significante. A termociclagem não influenciou na precisão do ajuste.
Yoon et al. (2018) (YOON, HYUNG-IN et al., 2018) avaliaram os valores de
desvio médio positivo e negativo obtidos para próteses mandibulares impressas
(NextDent Base; NextDent BV) usando uma impressora DLP (Bio3D W11; NextDent
BV); comparando com bases de PMMA fresadas (VIPI BLOCK gum; VIPI) e
termopolimerizadas convencionalmente (PAP) (SR Triplex Hot; Ivoclar Vivadent AG).
Em relação à fidelidade das técnicas de fabricação de bases de próteses CAD-CAM, a
fresagem (MIL) mostrou melhores resultados que a impressão 3D (DLP) (p <0,001). No
entanto, para os valores médios totais, não foram observadas diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos (p = 0,987). As bases de próteses fresadas apresentaram
uma distribuição uniforme da adaptação da superfície interna, com um pequeno desajuste
nas áreas labial e lingual da borda. A base da prótese PAP mostrou uma compressão
tecidual ao longo da crista do rebordo e um pequeno desajuste na área da borda labial.
Da mesma forma, Hwang et al. (2019) (HWANG et al., 2019) testaram a
adaptação em arcos edêntulos superiores, de bases de prótese total produzidas por
impressão 3D (NextDent Base; NextDent BV) usando uma impressora DLP (Bio3D
W11; NextDent BV), comparando seus resultados com bases fresadas - MIL (ARUM 5X-
200; Doowon) a partir de blocos de PMMA de cor gengival (VIPI BLOCK gum, VIPI) e

55
uma base produzida por termopolimerização convencional - PAP (SR Triplex Hot;
Ivoclar Vivadent AG). Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para
os valores médios de desadaptação total entre os grupos (p <0,001). Nenhuma diferença
estatística foi encontrada na medida do desvio de superfície entre os grupos MIL e PAP
(p = 0,143). O grupo MIL apresentou compressão significativa da mucosa na superfície
labial da região anterior do rebordo. O grupo PAP mostrou compressão nas regiões de
tuberosidade, área distal da abóbada palatal e na região da crista anterior. Também
mostrou algumas regiões de desadaptação em uma pequena área na crista posterior e na
região palatina mediana.
Tasaka et al. (2019) (TASAKA et al., 2019) realizaram uma pesquisa na qual, por
sobreposição de imagens adquiridas por escaneamento de modelos de trabalho maxilares
e bases de próteses totais, as superfícies mucosas e as bordas das bases produzidas por
termopolimerização (ACRON No. 5, GC, Tokyo, Japão) e por manufatura aditiva (resina
acrílica polimerizável por UV Vero Clear RGD835, Stratasys impressa em Objet260
Connex, Stratasys, Eden Prairie, MN, EUA) foram avaliadas. Os resultados mostraram
que as bases de dentaduras termopolimerizadas apresentaram tendência a posicionarem-
se mais afastadas dos modelos. Em comparação com as próteses termopolimerizadas, as
bordas e o centro do palato das bases de prótese impressas apresentaram uma melhor
adaptação.
Kalberer, Mehl, Schimmel (2019) (KALBERER; MEHL; SCHIMMEL, 2019)
analisaram a adaptação de dois métodos de produção de bases de próteses totais por meio
de impressão 3D (NextDent Denture 3+; Next-Dent B.V. impresso com RapidShape D30;
Rapid Shape GmbH, Generative Production Systems) e fresagem (AvaDent Digital
Dental Solutions Europe, Global Dental Science Europe BV), assim como o efeito da
imersão em saliva sobre o grau de adaptação das próteses. Os resultados demonstraram
que as próteses fresadas apresentaram uma maior fidelidade de reprodução por toda a área
chapeável antes (p < 0,001) e após a imersão em saliva por 21 dias (p = 0,001).
Lee et al. (2019) (LEE et al., 2019) compararam, através da superposição de
imagens, a acurácia de bases de dentaduras produzidas por injeção (SR-Ivocap high
impact, Ivoclar Vivadent AG), fresagem (Vipi block GUM, Vipi, São Paulo, Brazil na
fresadora de 5 eixos ARUM 5X-200, Doowon, Daejeon, Korea) e impressão 3D
(NextDent Base, NextDent, Soesterberg, Netherlands, impresso na impressora DLP,
Bio3D. W1, Bio3D Inc., Seoul, Korea). Os resultados demonstraram que as próteses
injetadas apresentaram uma maior capacidade de reprodução dos detalhes da superfície

56
da mucosa, no entanto os menores valores médios de discrepâncias foram verificados no
grupo impresso. A Tabela 10 evidencia os resultados de adaptação para próteses totais
digitais.

Tabela 10: Resultados in vitro para adaptação em próteses totais digitais.


Autor(es) Grupos de estudo (n) Resultados

- Resina PMMA
termopolimerizável Média (mm) ± DP por localização
- Resina PMMA Termo. Auto. Injetada Fresada
a,b e f
autopolimerizável Borda 0,0202 ± 0,0816 0,0447 ± 0,0447 0,0383 ± 0,0400 0,0215 ± 0,0331
Goodacre et al. 40
- Resina termoplástica 6mm da borda -0,0364a,b,c ± 0,0928 -0;0737e ± 0,0343 -0,074f ± 0,054 -0,006 ± 0,0358
(2016) PTs a,b d,e f
(injetada) Crista alveolar -0,0167 ± 0,0787 -0,0295 ± 0,0356 -0,008 ± 0,0455 0,0087 ± 0,0344
- Bloco pré-polimerizado Palato 0,0012a,b,c ± 0,0628 0,0288d,e ± 0,033 0,0172f ± 0,0358 -0,0061 ± 0,0251
de resina PMMA Post-dam -0,008a,b ± 0,0648 0,0381e ± 0,0435 0,0347f ± 0,0369 -0,0002 ± 0,024
(fresado)
Group I: Resina PMMA Group I Group II Group III
termopolimerizável; Fresado Termopolimerizado Injetado
McLaughlin,
Group II: Resina Quadrado-Raso 0,311a ± 0,067 0,497b ± 0,049 0,280a ± 0,030 p<0,05
Ramos Jr. and 81
termoplástica (injetada) Ovóide-Raso 0,432a ± 0,173 0,441a ± 0,116 0,241b ± 0,054 p<0,05
Dickinson PTs a b
Group III: Bloco pré- Triangular-Raso 0,196 ± 0,055 0,405 ± 0,064 0,218a ± 0,006 p<0,05
(2017)
polimerizado de resina Palatos médios e profundos não produziram diferença significativa para os diversos
PMMA (fresado) formatos dos arcos nos grupos testados
Comparação da fidelidade intra-grupo (baseline x incubação)
- Bloco pré-polimerizado Fresado Injetado Convencional_
de resina PMMA Crista 0,0099 0,003 0,0033
(fresado) Palato 0,0033 0,0033 0,0033
Srinivasan et 33
- Resina termoplástica Post-dam 0,0058 0,0099 0,8589 (ns)
al. (2017) PTs
(injetada) Tuberosidade 0,0033 0,0033 0,0033
- Resina PMMA Vertente 0,0409 0,0912 (ns) 0,1307 (ns)
termopolimerizável Total superfície interna 0,3281 (ns) 0,0754 (ns) 0,0044
A técnica convencional produziu próteses com maior espessura de palato (p<0.0001)
- AvaDent Digital Média (mm) da Incongruência Mínima Incongruência Máxima
dentures; Incongruência total Média (mm) / Região Média (mm) / Região
- Baltic Denture System; (AD) 0,058* ± 0,005 0,045 / Palato 0,084 / Borda
Steinmassl et - Whole You Nexteeth; 50 (BDS) 0,086 ± 0,012 0,060 / Palato 0,115 / Borda
al. (2018) - Wieland Digital PTs (WN) 0,074* ± 0,011 0,060 / Palato 0,166 / Post-dam
Dentures; (WDD) 0,068* ± 0,005 0,063 / Palato 0,088 / Borda
- Resina PMMA (C) 0,105 ± 0,019 0,086 / Palato 0,127 / Borda
termopolimerizável *Diferença significativa em comparação com o grupo termopolimerizável
- Resina de impressão 3D
(DLP) Média (DP) dos desajustes
- Bloco pré-polimerizado DLP MIL PAP _
Yoon et al. 30
de resina PMMA (MIL) RMSE 0,101 ± 0,011 0,104 ± 0,015 0,118 ± 0,053 p=0,987
(2018) PTs
- Resina PMMA (+) Médio 0,093 b ± 0,010 0,021 a ± 0,004 0,075 b ± 0,021 p<0,001
a b
termopolimerizável ( - ) Médio -0,068 ± 0,010 -0,043 ± 0,004 -0,046b ± 0,008 p<0,001
(PAP)

57
Autor(es) Grupos de estudo (n) Resultados
- Resina de impressão
3D
Em relação às adaptações da superfície, observou-se um valor RMSE significativamente
- Bloco pré-polimerizado
menor no grupo DLP (0,076 ± 0,005 mm) comparado ao grupo fresado (0,154 ± 0,012
Hwang et al. de resina PMMA 20
mm) e ao grupo termopolimerizável (ambos p <0,001)
(2018) (fresado) PTs
A base de prótese impressa mostrou a melhor adaptação entre as três técnicas com um
- Resina PMMA
pequeno intervalo interquartil.
termopolimerizável
(PAP)
PMMA termopolim.. Impressão 3D
Desajuste positivo (mm) +0,13 a +0,23 +0,13 a + 0,15
- Resina PMMA Desajuste negativo (mm) -0,07 a -0,13 -0,01 a -0,09
Tasaka et al. 2
termopolimerizável Desajuste na borda (mm) +0,08 ± 0,05 -0,06 ± 0,04
(2018) PTs
- Resina de impressão 3D Desajuste no centro do palato (mm) -0,08 ± 0,03 +0,03 ± 0,01
Desajuste na crista alveolar (mm) -0,06 ± 0,02 0,00 ± 0,03
Média da força de retenção (N) 1,62 ± 0,46 6,36 ± 1,8
- Resina de impressão
Kalberer, 3D Fresada Impressa
20
Mehl,Schimmel - Bloco pré-polimerizado Baseline 0,0349 ±0,0047 0,0953 ±0,0075
PTs
(2019) de resina PMMA Imersão em saliva 0,0333 ±0,0021 0,0766 ±0,0072
(fresado)
- Resina termoplástica
(injetada) Injetada Fresada Impressa
Lee et al. - Bloco pré-polimerizado 30 Região palatal do 2º pré-molar 0,141 ±0,058 0,068 ±0,037 0,056 ±0,024
(2019) de resina PMMA PTs Região palatal do 2º molar 0,156 ±0,080 0,094 ±0,040 0,076 ±0,045
(fresado)
- Resina de impressão 3D
- Resina PMMA
Os resultados gerais de superposição de imagens não mostraram diferença significativa na
termopolimerizável
precisão de reprodução da superfície interna das próteses nos grupos termopolimerizados,
- Resina termoplástica
injetados e fresados (p>0,05)
Hsu et al. (injetada) 120
Para a mandíbula, as bases impressas apresentaram menor desadaptação registrada pela
(2020) - Bloco pré-polimerizado PTs
espessura de silicone (p<0,05), seguida do grupo fresado.
de resina PMMA
O grupo fresado apresentou menor espessura geral de silicone em todos os pontos de
(fresado)
medição (p<0,05)
- Resina de impressão 3D
- Resina PMMA Os valores absolutos de adaptação não apresentaram diferença significativa entre os grupos
termopolimerizável testados. (p>0,05)
Yoon et al. - Bloco pré-polimerizado 12 As próteses impressas apresentaram maior frequência de discrepância relativa negativa que
(2020) de resina PMMA PTs as próteses fresadas (p<0,05), porém, para o arco mandibular, os valores relativos de
(fresado) adaptação não apresentaram diferença significativa para os grupos impresso e fresado.
- Resina de impressão 3D (p>0,05)
- Resina PMMA
Maiores valores de retenção foram observados para o grupo fresado (p=0,018), sem
termopolimerizável
diferença significativa entre os grupos termopolimerizável e impresso (p>0,05).
Faty et al. - Bloco pré-polimerizado 72
O grupo fresado apresentou os melhores valores médios de adaptação geral, enquanto que
(2021) de resina PMMA PTs
o grupo termopolimerizável apresentou piores valores médios de adaptação (p<0,001)
(fresado)
- Resina de impressão 3D
Oğuz et al. - Resina PMMA 88 O grupo fresado apresentou melhor reprodutibilidade e adaptação com os menores valores
(2021) termopolimerizável PTs gerais de desajustes para amos os arcos (p<0,05)

58
Autor(es) Grupos de estudo (n) Resultados
- Resina termoplástica O maior desajuste verificado para a maxila (palato) ocorreu no grupo termopolimerizável
(injetada) (898,44 ± 87,73 mm3) (p<0,05)
- Bloco pré-polimerizado
de resina PMMA
(fresado)
- Resina de impressão 3D

- Resina PMMA
termopolimerizável
As bases de próteses fresadas mostraram os melhores valores de adaptação e acurácia
- Bloco pré-polimerizado
dentre os grupos testados (p<0,05)
de resina PMMA
Yoshidome et Bases impressas por SLA apresentaram maior acurácia que as bases impressas por
(fresado)
al. (2021) DLP.(p<0,05)
- Resina de impressão 3D N/A
As bases em SLA impressas com orientação de 45º apresentaram acurácia similar ou
(SLA)
levemente superior que as bases produzidas por termopolimerização.
- Resina de impressão 3D
(DLP)
Letras minúsculas diferentes representam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05).
(ns): não significativo

2.3.3 Considerações acerca do atual estado da arte dos materiais


para próteses totais produzidas por tecnologia digital
Os dados levantados através dessa revisão sistemática permitiram identificar os
principais desfechos clínicos e características dos materiais para a fabricação de próteses
totais por tecnologia CAD-CAM. Os aspectos clínicos mais frequentemente avaliados
foram: estética, retenção, tempo clínico de atendimento, satisfação do paciente e
complicações gerais. No entanto, os estudos apresentaram diferentes abordagens
metodológicas para as Computer-Engineered Complete Dentures (CECD) disponíveis. O
período de acompanhamento dentre os estudos observados não excedeu um ano. A
satisfação do paciente apresentou diferenças quanto ao tempo de avaliação e à ferramenta
de coleta utilizada.
Dentre as limitações inerentes aos estudos, os resultados mostraram não haver
diferença significativa entre a estética de próteses totais produzidas por fresagem CAD-
CAM, termopolimerização ou injeção (KATTADIYIL et al., 2015a; SCHWINDLING;
STOBER, 2016). Próteses totais fresadas demonstraram resultados significativamente
melhores em comparação com as técnicas convencionais de fabricação apenas para o
critério “tempo clínico de atendimento”. (KATTADIYIL et al., 2015a; SRINIVASAN et
al., 2019b), e, devido ao fato de que os dados não foram conclusivos para os outros
aspectos clínicos avaliados, a hipótese nula foi parcialmente aceita.
De acordo com Bidra et al., (2013) (BIDRA; TAYLOR; AGAR, 2013), um dos
fatores mais importantes da tecnologia CAD-CAM para a fabricação de PTs é a

59
possibilidade de sua instalação em apenas duas sessões clínicas, com as moldagens
funcionais, o registro das Relações Maxilo Mandibulares (MMR) e a seleção dos dentes
executadas ainda na primeira sessão, reduzindo tempo clínico e laboratorial (BIDRA;
TAYLOR; AGAR, 2013). Schwindling and Stober (SCHWINDLING; STOBER, 2016)
pontuaram que outro importante avanço da introdução da tecnologia digital na fabricação
de PTs é o fato de se possibilitar a produção de novas próteses a partir dos dados do
paciente digitalmente armazenados, recurso extremamente valioso em razão casualidades
como a fratura ou perda das PTs.
A respeito das complicações relacionadas ao processo de fabricação, a utilização
de uma consulta adicional para a realização da avaliação estética e confirmação da
Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) poderia minimizar a ocorrência de falhas à prótese
final. (BILHAN et al., 2012). Nessa sessão, os erros podem ser mais minuciosamente
observados e mais facilmente solucionados, além do que permitiria ao paciente prever o
resultado estético e contribuir com suas impressões, incluindo-o como parte do processo.
Durante as avaliações de tempo de produção, Srinivasan et al., (2019)
(SRINIVASAN et al., 2019b) identificaram que o protocolo de duas visitas para a
produção de PTs fresadas economiza até 233 minutos de tempo total de fabricação,
impactando também a razão custo-efetividade quando comparado ao protocolo de 5-6
sessões das PTs termopolimerizadas convencionalmente produzidas.
A redução de custos se viabiliza pela redução do tempo clínico necessário para a
confecção das PTs por processamento digital (KATTADIYIL et al., 2015a;
KATTADIYIL; ALHELAL, [S.d.]; SAPONARO et al., 2016; SRINIVASAN et al.,
2019b), entretanto, o tempo clínico gasto varia de acordo como o protocolo estabelecido
para cada caso, variando de 2 (SAPONARO et al., 2016) a 4 sessões (BILGIN et al.,
2016).
Com relação à falta de retentividade adequada, observada nos estudos com PTs
produzidas por tecnologia digital, Saponaro et al. (2016) (SAPONARO et al., 2016),
relaciona esse fato primordialmente a condução inapropriada da etapa de moldagem
funcional. Uma vez que as moldagens funcionais são procedimentos recomendados
independentemente do método de processamento (convencional ou digital), falhas na sua
execução afetariam ambos os fluxos de trabalho. Porém, a ausência de um grupo controle
não permite relacionar, com segurança, a falta de retentividade ao método de fabricação
CAD-CAM.

60
Em contraste, os estudos de Kattadiyil et al. (2015) (KATTADIYIL et al., 2015a)
e AlHelal et al. (2017) (ALHELAL et al., 2017) mostraram resultados promissores para
a retenção de CECDs quando comparados às PTs fabricada por técnica de
termopolimerização convencional. AlHelal et al. (2017) (ALHELAL et al., 2017)
observaram a força média de retenção de bases de dentaduras, através da medição da
resistência necessária para desalojá-la da mucosa da maxila, com melhores resultados
observados para bases de dentaduras produzidas por fresagem CAD-CAM.
Segundo Kattadiyil et al. (2015) (KATTADIYIL et al., 2015a) os melhores
resultados da avaliação qualitativa das CECDs fresadas quanto à retenção em arcos
maxilares se deve à ausência de contração de polimerização, uma vez que se utilizam de
blocos de resina acrílica pré-polimerizados.
Os estudos in vitro identificados para análises físicas, biológicas e mecânicas
destacaram as melhores propriedades das CECDs fresadas, como a redução da liberação
de monômero residual (AYMAN, 2017), menor rugosidade superficial (MURAT et al.,
2019; STEINMASSL, O. et al., 2018), e melhor adaptação (GOODACRE, BRIAN J. et
al., 2016). No entanto, apesar dos melhores resultados apresentados nessa revisão,
limitações como o curto tempo de acompanhamento, desenhos de estudo não-controlados
e não-randomizados, demandam uma cautelosa interpretação dos dados, uma vez que
variáveis como diferentes arcos e características dos rebordos também não foram
considerados.
Em linhas gerais, dentre os processos de fabricação CAD-CAM para CECD, as
próteses produzidas por impressão 3D mostraram propriedades, mecânicas e biológicas
aquém dos resultados apresentados pelas bases de próteses produzidas por fresagem. No
entanto, em algumas situações, as bases impressas mostraram resultados comparáveis às
bases convencionais produzidas por processo de termopolimerização e por vezes dentro
dos limites clinicamente aceitáveis, para rugosidade superficial e resistência mecânica, se
valendo também da precisão de adaptação propiciada pela metodologia de fabricação de
alta resolução propiciado pelas atuais impressoras 3D.
Dessa maneira, diante da diversidade de marcas comerciais e protocolos de
fabricação, ainda se apresenta um vasto caminho de desenvolvimento de materiais e de
estudos para conhecer melhor os materiais utilizados contemporaneamente para a
confecção de próteses totais por meio da tecnologia digital, demandando a importância
por mais pesquisas que ampliem o conhecimento sobre todos esses fatores envolvidos.

61
3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL


O objetivo desse estudo foi conhecer as propriedades físicas, mecânicas e de
adesão de biofilme sobre resinas para bases de dentaduras para fresagem ou impressão
3D, bem como desenvolver um novo processo de fabricação das próteses totais por meio
da tecnologia CAD-CAM.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

3.2.1 Avaliar a rugosidade superficial, molhabilidade, adesão de


biofilme e resistência à mini-flexão em resinas de base de dentaduras para fresagem CAD-
CAM ou produzidas por impressão 3D, comparando os resultados com resinas produzidas
convencionalmente em PMMA termopolimerizáveis (ANEXO A – Artigo: “Physical,
Mechanical, and Anti-Biofilm Formation Properties of CAD-CAM Milled or 3D Printed
Denture Base Resins: in Vitro Analysis” Publicado no Journal of Prosthodontics (2022);
3.2.2 Idealizar a concepção de um novo fluxo de trabalho destinado a
abreviar as etapas clínicas relacionadas ao processo confecção de próteses totais
associadas à tecnologia digital CAD-CAM (ANEXO B – Publicação de depósito de
patente de invenção na RPI/INPI – Revista da Propriedade Industrial do Instituto
Nacional da propriedade Industrial);
3.2.3 Promover a validação do produto final desenvolvido, através da
realização de caso clínico (ANEXO C – Artigo: “Workflow for Complete Dentures
Fabrication in Three Appointments: A Dental Technique” publicado no The Journal of
Prosthetic Dentistry (2021).

62
4. PUBLICAÇÃO 01 – ARTIGO: PROPRIEDADES FÍSICAS, MECÂNICAS
E ANTI-FORMAÇÃO DE BIOFILME EM RESINAS PARA BASE DE
DENTADURAS FRESADAS OU IMPRESSAS: ANÁLISE IN VITRO
(ANEXO A)

Autores: Rodrigo Falcão Carvalho Porto de Freitas, DDS, MSca; Simone Duarte, DDS,
PhD, MSb; Sabrina Feitosa, DDS, PhD, Mscc; Vinicius Dutra, DDS, PhD, MBAd; Wei-
Shao Lin, DDS, PhDe; Beatriz Helena Dias Panariello DDS, PhD, MSf; Adriana da Fonte
Porto Carreiro, DDS, PhDg

Este estudo foi fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico (CNPq) (433178/2018-3)

a
Doutorando, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, Brasil
b
Associate Professor, Department of Cariology, Operative Dentistry and Dental Public
Health, Indiana University School of Dentistry, Indianapolis, IN
c
Clinical Assistant Professor, Indiana University School of Dentistry, Indianapolis, IN
dClinical Associate Professor, Department of Oral Pathology, Medicine and Radiology,
Indiana University School of Dentistry, Indianapolis, IN
e
Associate Professor, Program Director and Interim Chair, Advanced Education Program
in Prosthodontics, Department of Prosthodontics, Indiana University School of Dentistry,
Indianapolis, IN
f
Post-Doctoral Research Fellow, Department of Cariology, Operative Dentistry and
Dental Public Health, Indiana University School of Dentistry, Indianapolis, IN
g
Professora Titular, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal, Brasil

O artigo referente ao ensaio laboratorial acerca das propriedades das resinas para
bases de dentaduras testadas, descrito a seguir, foi publicado no periódico Journal of
Prosthodontics (2022), sob o título: “Physical, Mechanical, and Anti-Biofilm Formation
Properties of CAD-CAM Milled or 3D Printed Denture Base Resins: in Vitro Analysis”.

63
4.1 RESUMO
Objetivo: Investigar as características da superfície (rugosidade e ângulo de contato),
formação de biofilme e propriedades mecânicas (mini-resistência à flexão) de resinas para
base de dentaduras produzidas a partir de discos para fresagem CAD-CAM ou por resinas
fotossensíveis para impressão 3D, comparando com resinas termopolimerizáveis
convencionais.
Materiais e métodos: Um total de 60 discos e 40 corpos-de-prova retangulares foram
fabricados a partir de um disco para fresagem CAD-CAM (AvaDent), através de
impressão 3D (Cosmos Denture) e através de dois processos convencionais de
termopolimerização (Lucitone 199 e VipiWave) para fabricação de bases de prótese. A
rugosidade foi determinada pelo valor de Ra; o ângulo de contato foi medido pelo método
da gota séssil; o comportamento diante da formação de biofilme foi analisado através da
adesão de biofilme de C. albicans, enquanto o teste de resistência à mini-flexão foi
realizado através do teste de flexão de três pontos. Os dados foram analisados por meio
de estatística descritiva e analítica (α = 0,05).
Resultados: O grupo produzido com resina para fresagem CAD-CAM apresentou a
menor adesão de C. Albicans (log UFC/mL: 3,74 ±0,57) e a maior média de resistência à
mini-flexão (114,96 ±16,23 MPa). Os corpos-de-prova produzidos por impressão 3D
apresentaram a maior rugosidade superficial (Ra: 0,317 ±0,151 μm) e os menores valores
de resistência à mini-flexão (57,23 ±9,07 MPa). Não houve diferença estatística entre os
grupos de fresagem CAD-CAM e convencionais para as variáveis rugosidade, ângulo de
contato e resistência à mini-flexão.
Conclusões: Os materiais obtidos a partir de discos de resina para fresagem CAD-CAM
apresentam propriedades mecânicas e superficiais semelhantes às resinas convencionais
e apresentam melhor comportamento na prevenção da adesão de C. albicans. No entanto,
os corpos-de-prova produzidos por impressão 3D apresentam menor resistência à mini-
flexão.
PALAVRAS-CHAVE: Prótese Total; Próteses Digitais; CAD-CAM; Impressão 3D;
Manufatura Aditiva; Manufatura Subtrativa.

4.2 INTRODUÇÃO
O advento da tecnologia CAD-CAM mudou fundamentalmente o processo de
reabilitação na Odontologia. Uma das vantagens mais importantes dessa tecnologia é a
fabricação de próteses totais (PTs) em apenas duas sessões clínicas.1 As moldagens

64
funcionais, os registros maxilo-mandibulares e a seleção dos dentes são concluídas na
primeira consulta, reduzindo o trabalho clínico e laboratorial e economizando tempo. Em
vez de misturar manualmente o pó de resina e o líquido e usar um protocolo de
polimerização que pode introduzir variabilidade ao processo, os blocos de resina de
polimetilmetacrilato (PMMA) para bases de próteses fresadas por CAD-CAM são
fabricados industrialmente2,3 e polimerizadas sob “grande calor e pressão”.4, 5 Portanto,
assume-se que as resinas para base de próteses fresadas CAD-CAM são altamente densas
e possuem menos microporosidades em comparação com a resina usada na técnica
convencional de fabricação de PTs.4 Isso, consequentemente, significaria que as resinas
para fresagem de bases de próteses CAD-CAM podem apresentar propriedades
mecânicas superiores,6 razão pela qual alguns fabricantes anunciam que seus produtos
possuem uma espessura mínima de material.
Apesar dos resultados promissores em testes de biocompatibilidade,7 textura da
superfície,8,9 resistência,7,8 adaptação,10,11 e aderência microbiológica,9 PTs fresadas por
tecnologia CAD-CAM representam um método de processamento de alto custo. Por sua
vez, a impressão 3D, usando manufatura aditiva, introduzida nos últimos 30 anos vem
ganhando popularidade por viabilizar a produção de restaurações mais rápidas em
comparação com as confeccionadas pelos técnicos de prótese dentária, se apresentando
como ser uma alternativa de baixo custo para a fabricação de PTs.12
As análises de adaptação in vitro realizadas por Yoon et al.13 e Hwang et al.14
compararam PTs fresadas, impressas em 3D e fabricados convencionalmente
termopolimerização. Os resultados não mostraram diferenças estatisticamente
significantes entre as técnicas na adaptação de PTs mandibulares,13 porém, mostraram
melhores resultados no ajuste de próteses maxilares impressas com processamento digital
de luz (DLP),14 demonstrando a viabilidade de utilização desses novos recursos. Embora
a resina produzida por impressão 3D tenha apresentado algumas limitações quanto às
propriedades mecânicas,15 faltam dados comparativos para resinas fotocuráveis indicadas
especificamente para fabricação aditiva de base de prótese. Prpić et al.16 mostraram que
as resinas para bases de próteses produzidas por impressão 3D apresentaram menor
resistência à flexão e dureza superficial quando comparadas com polímeros
convencionais e para fresagem CAD-CAM; Meirowitz et al.17 observaram aumento da
adesão de C. albicans em discos resina de base de prótese impressos em 3D em
comparação com espécimes produzidos a partir de blocos de PMMA para fresagem CAD-
CAM e convencionais. No entanto, nenhum estudo reuniu informações sobre o

65
comportamento mecânico e anti-formação de biofilme de resinas impressas em 3D para
fabricação de base de prótese na mesma análise.
Assim, devido à escassez de dados comparativos sobre o desempenho de resinas
de base de prótese para impressão 3D, este estudo tem como objetivo determinar a relação
entre as características de superfície e a formação de biofilme, bem como suas
propriedades mecânicas para prever seu comportamento e eficácia diante da exposição
aos fatores presentes no meio bucal e durante a função mastigatória. A primeira hipótese
nula é que não há diferença nas propriedades superficiais entre os corpos de prova dos
quatro materiais testados. A segunda hipótese nula é que não há diferença na adesão de
C. albicans entre os corpos de prova dos quatro materiais testados. Por fim, a terceira
hipótese nula é que não há diferença na resistência à mini-flexão entre os corpos de prova
dos quatro materiais testados.

4.3 MATERIAIS E MÉTODOS


Este estudo consistiu em um ensaio quantitativo in vitro com o objetivo de avaliar
as características de superfície, formação de biofilme e resistência mecânica de resinas
para processamento CAD-CAM por fresagem (GM – Grupo Fresado) e impressão 3D
(GP – Grupo Impresso), comparando os resultados obtidos com resinas de
polimetilmetacrilato (PMMA) processadas por micro-ondas (GCV – Grupo Controle
VipiWave) ou termopolimerização convencional (GCL –Grupo Controle Lucitone). As
características dos materiais utilizados estão descritas no Quadro 01.

Quadro 01. Materiais utilizados no estudo, composição, fabricante e número do lote.


Resina Número do
Tipo Composição Fabricante
para base Lote
1. Avadent Bloco para Poli-metil- AvaDent Digital 107593
Denture fresagem metacrilato 99,5%, Dentures – Global
Base CAD-CAM pigmentos <1.0%) Dental Science Europe
BV, Tilburg-
Netherlands
2. Cosmos Resina fotocurável Oligômeros, Yller Biomateriais 00006303
Denture para impressão 3D monômeros, S/A – Brasil
fotoiniciadores,
estabilizante,
pigmento

66
3. Vipi Wave Resina acrílica Pó: Poli-metil- VIPI Indústria, 0000118152
para metacrilato, Comércio, Exportação 0000124729
processamento por Peróxido de e Importação de
micro-ondas benzoíla, Pigmentos Produtos
biocompatíves; Odontológicos Ltda –
Líquido: Brasil
Metacrilato, EDMA
(Crosslink), Inibidor
4. Lucitone Resina acrílica Pó: Poli-metil- Dentsply Sirona 00008657
199 termopolimerizável metacrilato Prosthetics – York, 1805171
Líquido: Metil- PA – USA
metacrilato

Em um estudo para adesão de Candida albicans sobre a superfícies de discos de


resina produzidos convencionalmente e através de tecnologia de fresagem CAD-CAM,
FOUZAN et al. (2017)9 verificaram que os espécimes confeccionados em resina
termopolimerizável de PMMA através da técnica convencional apresentaram maiores
adesão de micro-organismos (CA-2: 5,4 x 103, SD 1,6 x 102 ) e rugosidade (0,073 µm,
SD 0,015) frente aos corpos de prova CAD-CAM (CA-2: 2,1 x 103, SD 8,7 x 102 e 0,037
µm, SD 0,001, respectivamente). Utilizamos um tamanho de amostra de 9 espécimes para
cada grupo de teste para avaliação em triplicata da adesão de biofilme de C. albicans,
além de 10 espécimes para avaliação da resistência flexural e 6 discos para análise da
rugosidade e molhabilidade (ângulo de contato), para mensuração em ambas as faces,
resultando em um intervalo de confiança de 95% e poder da amostra de 80%.
Para análise de rugosidade, ângulo de contato, adesão do biofilme e resistência à
mini-flexão, 100 corpos de prova foram divididos em quatro grupos (dois grupos de
estudo e dois grupos de controle), totalizando 25 corpos-de-prova para cada grupo.
Os corpos-de-prova dos grupos controle (GCV e GCL) foram confeccionados com
resinas termopolimerizáveis (Vipi Wave – VIPI/Brasil e Lucitone 199 – Dentsply
Sirona/EUA) pela técnica de prensagem em mufla. Os moldes foram confeccionados em
silicone de laboratório (Zetalabor, Zhermack/Itália), a partir de padrões de aço inoxidável
isolados com líquido separador gesso-resina (VIPI, Pirassununga, SP, Brasil). A resina
foi manipulada de acordo com as instruções do fabricante.
Nos grupos-teste, cada corpo-de-prova foi produzido conforme especificado:
- Grupo Fresado (GM): O disco de resina AvaDent Digital Dentures (Global
Dental Science Europe BV, Tilburg-Holanda) foi cortado em espécimes em forma de

67
disco com o uso de uma trefina de 10 mm de diâmetro e os espécimes em forma de barra
foram obtidos com o uso de discos diamantados montados em uma peça de mão elétrica
sob jato de água constante;
- Grupo Impresso (GP): A resina Cosmos Denture (Yller Biomateriais S/A –
Brasil) foi submetida à impressão 3D, na orientação de 90º, em uma impressora 3D
(Hunter – Flashforge USA) ajustada para 0,05 mm de espessura de camada e 10 s de
tempo de exposição padrão. A superfície da amostra impressa em 3D foi então limpa com
álcool isopropílico em uma cuba ultrassônica por 10 min e submetida ao processo de pós-
cura sob luz UV (Unix S – Kulzer) por 3 min.
Após a fabricação, os corpos-de-prova de todos os grupos foram lixados a úmido
com lixas metalográficas n. 1.200 para obter superfícies lisas e planas e depois
armazenado seco em um recipiente escuro. Todos os espécimes foram verificados com
paquímetro digital com precisão de 0,1 mm e colocados em um recipiente com 100 mL
de água destilada em temperatura controlada de 23 ± 2ºC por 1 h antes da avaliação,
depois removidos e secos com papel toalha.
As amostras foram alocadas em grupos para cada teste da seguinte forma:
- Análise de rugosidade superficial, ângulo de contato e formação de biofilme:
corpos-de-prova em forma de disco com 10 mm de diâmetro e 3 mm de espessura;
- Resistência à mini-flexão: corpos de prova em forma de barra com dimensões
de 8 × 2 × 2 mm.
As medidas de rugosidade superficial foram adquiridas por um rugosímetro (SJ
400; Mytutoyo Corp) de acordo com os procedimentos descritos por Izumida et al.18 Por
meio dessa metodologia, a medida da rugosidade superficial foi realizada em áreas de
leitura padronizadas por linhas de referência. Na área central de ambos os lados de cada
corpo-de-prova, foram feitas três medições com intervalo de 2,0 mm, e a média das
leituras foi designada como o valor de Ra para aquele corpo de prova. A resolução foi de
0,01 mm, intervalo (comprimento de corte) de 0,8 mm, comprimento transversal de 2,4
mm e velocidade da ponta de 0,5 mm/s.
Para a avaliação da molhabilidade, os ângulos de contato das gotículas de água
destilada foram medidos por análise fotográfica utilizando o método da gota séssil com o
software ImageJ (ImageJ 1.53e, National Institute of Health, EUA) em ambiente com
temperatura controlada (23 ±2ºC). Os ângulos de contato estático direito e esquerdo de
gotas de água individuais (2,0 μL) foram capturados imediatamente após o contato da
gota com a área central em ambos os lados de cada amostra.19,20

68
O experimento de formação do biofilme foi conduzido em triplicata em três
diferentes ocasiões:
- Preparação do Inóculo: Cepas de Candida (C. albicans SN 425), mantidas
congeladas a -80ºC, foram reativadas em placas de Agar Sabouraud Dextrose (SDA). Para
sua preparação, colônias de Candida foram inoculadas em 10 mL de Base Nitrogenada
para Levedura (YNB) e incubada a 37ºC por 16 h. Após 16h de incubação, o inóculo foi
diluído em meio de YNB fresco até atingir a fase de crescimento mid-log. Em seguida,
os inóculos foram ajustados para 107 células/mL até a densidade óptica de 540 nm
(OD540).
- Formação de Biofilme: Para o teste de adesão do biofilme, 1 mL do inóculo foi
transferido para os poços de uma placa de poliestireno de 24 poços, onde 3 espécimes
para cada grupo foram inseridos. Feito isso, os biofilmes foram incubados por 90 minutos
a 37ºC para a adesão das células aos espécimes. Após 90 min, as células que não aderiram
foram removidas por 2 lavagens com 1 mL de NaCl a 0,89%. Em seguida, 1 mL de meio
RPMI 1640 fresco tamponado a pH 7,0 com 0,165 M de ácido morfolinopropano-
sulfônico (MOPS) foi adicionado a cada amostra. Os biofilmes então foram incubados a
37ºC. O meio foi substituído após 14 horas e ao fim de 48 horas os biofilmes foram
processados e analisados.
- Análise de Biofilme: Para análise do biofilme formado, este foi removido dos
corpos-de-prova com uso de uma espátula de inox estéril e transferido para tubos de
Falcon com 5 mL de NaCl a 0,89%. Em seguida, os tubos contendo os espécimes foram
submetidos a ultrassom por 2 rodadas de 10s cada, com saída 7W. A partir desta
suspensão, uma diluição seriada de 100 μL foi plaqueada em placas de SDA para a
quantificação de unidades formadoras de colônias (Log CFU/ml).
Uma série de testes de mini-flexão de três pontos foi realizada em um ambiente
de clima controlado.
Os ensaios de fratura foram conduzidos utilizando uma máquina de ensaio
universal de materiais (ODEME- ISO150, Brasil). A máquina de teste foi programada
para uma taxa de deslocamento constante de 5,0 mm/min, uma pré-carga de 5,0 N e uma
velocidade de pré-carga de 10 mm/min. O teste foi considerado terminado quando a carga
presente foi reduzida para 5% da carga máxima, ou foi menor que 1,0 N. Os suportes
medindo 3,2 mm de diâmetro e 10,5 mm de comprimento foram fixados no posicionador
a uma distância de 6 mm. Seguindo o protocolo acima, uma pressão crescente foi aplicada
perpendicularmente ao centro do corpo-de-prova até a fratura do material, e a curva

69
tensão/deformação foi registrada, juntamente com a força máxima aplicada, que
representou o valor da resistência flexural em MPa (S).

3F ⋅ 𝑙
𝑆= 𝑀𝑃𝑎
2 ⋅ 𝑏 ⋅ ℎ2
Onde:
F foi a força máxima (N);
l foi a distância entre os suportes (6mm);
b foi a largura medida em cada espécime;
h foi a altura medida em cada do espécime

O processamento e a análise dos dados foram realizados com o auxílio de software


estatístico (SPSS versão 20.0 para Windows). O teste de Kolmogorov-Smirnov foi
utilizado para avaliar a normalidade da distribuição dos dados para todas as variáveis.
Uma vez que os dados apresentaram distribuição normal, as diferenças entre os grupos
foram avaliadas com o teste One-way ANOVA e pós-teste de Tukey HSD. Um nível de
significância de 5% (p ≤ 0,05) foi estabelecido para todas as análises.

70
4.4 RESULTADOS
Os resultados das médias de rugosidade dos discos testados (Ra) variaram de
0,175 ± 0,037 μm (Grupo Controle VipiWave - GCV) a 0,317 ± 0,151 μm (Grupo
Impresso - GP) (p < 0,01). Não foi observada diferença significativa entre o Grupo
Fresado CAD-CAM (GM) e os grupos convencionais (GCV e GCL; p = 1,000 e
p = 0,955, respectivamente) (Tabela 01 e Figura 01).

Tabela 01. Estatística descritiva dos grupos para Rugosidade


superficial– Ra (μm).

Ra (μm)
Grupo Média ± DP p-valor
FRESAGEM (GM) 0,176a ± 0,032
IMPRESSÃO 3D (GP) 0,317b ± 0,151
p < 0,05
VIPIWAVE (GCV) 0,175a ± 0,037
LUCITONE (GCL) 0,201a ± 0,057
Letras minúsculas diferentes representam diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05)

Figura 01. Médias da análise in vitro da rugosidade.


0,317 b

0,600
Rugosidade – Ra (μm)

0,500
0,201 a

0,400
0,175 a
0,176 a

0,300

0,200

0,100

0,000

GM: FRESAGEM GP: IMPRESSÃO 3D GCV: VIPIWAVE GCL: LUCITONE 199

Letras minúsculas diferentes representam diferenças


estatisticamente significantes (p < 0,05)

71
A hidrofobicidade medida pelo ângulo de contato nos diversos grupos é
apresentada na Tabela 02. Os discos de resina produzidos por impressão 3D (GP)
apresentaram menor média de ângulo de contato (p < 0,05). Não houve diferença
estatisticamente significativa para a molhabilidade observada entre o Grupo Fresado
CAD-CAM (GM) e os grupos convencionais (GCV e GCL) (Figura 02).

Tabela 02. Estatística descritiva dos grupos para Molhabilidade


(Ângulo de Contato - º).

Ângulo de Contato (º)


Grupo Média ± DP p-valor
FRESAGEM (GM) 77,52a ± 5,07
IMPRESSÃO 3D (GP) 70,82b ± 2,95
p < 0,05
VIPIWAVE (GCV) 82,28a ± 3,99
LUCITONE (GCL) 77,89a ± 7,24
Letras minúsculas diferentes representam diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05)

Figura 02. Médias das análises in vitro da molhabilidade e resistência flexural.


114,96 a

108,09 a

108,94 a
140,00

120,00
77,89 a
82,28 a
77,52 a

70,82 b

100,00
57,23 b

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
Ângulo de Contato (º) Resistência Flexural (MPa)

GM: FRESAGEM GP: IMPRESSÃO 3D GCV: VIPIWAVE GCL: LUCITONE 199

Letras minúsculas diferentes representam diferenças estatisticamente significantes


(p < 0,05)

72
As superfícies dos discos apresentaram área média de 76,41 ± 0,5 mm2. Os
resultados de inibição da formação de biofilme de Candida albicans na superfície dos
espécimes mostraram um número menor de colônias no Grupo Fresado CAD-CAM - GM
(Log UFC/mL 3,74 ± 0,57) do que o Grupo Impresso em 3D - GP (Log UFC/mL:
5,77 ± 0,36) e os Convencionais (Log UFC/mL: 5,23 ± 0,48; 5,12 ± 1,01, para GCV e
GCL, respectivamente) com diferença significativa (p < 0,001) (Tabela 03). O grupo
impresso em 3D (GP) apresentou a maior média de UFC/mL, entretanto, não foi
observada diferença estatística quando comparados aos grupos convencionais (GCV e
GCL) (Figura 03).

Tabela 03. Estatística descritiva dos grupos para Adesão


de biofilme (Log CFU/mL).
Log CFU/ml
Grupo Média ± DP p-valor
FRESAGEM (GM) 3,74a ± 0,57
IMPRESSÃO 3D (GP) 5,77b ± 0,36
p < 0,001
VIPIWAVE (GCV) 5,23b ± 0,48
LUCITONE (GCL) 5,12b ± 1,01
Letras minúsculas diferentes representam diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05)

Figura 03. Resultado in vitro do ensaio de adesão de biofilme de C. albicans


nos grupos testados.

7,00
5,77 b 5,12 b
5,23 b
6,00
Adesão de C. albicans

5,00
3,74 a
(Log CFU/mL)

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00

GM: CAD-CAM GP: 3D-PRINTED GCV: VIPIWAVE GCL: LUCITONE 199

Letras minúsculas diferentes representam diferenças estatisticamente


significantes (p < 0,05)

73
A média e os desvios-padrão do ensaio de resistência à flexão das resinas de base
de prótese testadas variaram de 57,23 ± 9,07 MPa a 114,96 ± 16,23 MPa. Os resultados
são apresentados na Tabela 04.
O Grupo Fresado CAD-CAM (GM) apresentou maiores valores médios de
resistência à flexão sem diferença estatisticamente significativa em relação aos grupos
convencionais (GCV e GCL; p = 0,633 e p = 0,738, respectivamente) (Figura 02).

Tabela 04. Estatística descritiva dos grupos para Resistência


Flexural (MPa).

Tensão MPa
Grupo Média ± DP p-valor
FRESAGEM (GM) 114,96a ± 16,23
IMPRESSÃO 3D (GP) 57,23b ± 9,07
p < 0,001
VIPIWAVE (GCV) 108,09a ± 11,75
LUCITONE (GCL) 108,94a ± 9,14
Letras minúsculas diferentes representam diferenças
estatisticamente significantes (p < 0,05)

4.5 DISCUSSÃO
Este estudo laboratorial in vitro investigou as características de superfície,
inibição da formação de biofilme de C. albicans e resistência à flexão de materiais de
base de próteses feitas com diferentes métodos de processamento, com foco em
tecnologias digitais (fresagem CAD-CAM e impressão 3D). As três hipóteses nulas foram
rejeitadas, pois os resultados mostraram diferenças entre os grupos teste e controle para
todas as variáveis analisadas. O grupo fresado CAD-CAM apresentou os melhores
resultados gerais enquanto os corpos-de-prova produzidos por impressão 3D
apresentaram maior média de rugosidade superficial e menor resistência à flexão.
A estomatite protética é uma doença inflamatória geralmente associada à C.
albicans que apresenta alta prevalência, variando de 15% a mais de 70% em usuários de
prótese total.17 Uma vez que a infecção por C. albicans está intrinsecamente relacionada
à sua adesão na superfície do material, propriedades como rugosidade,21,22
hidrofobicidade e energia livre de superfície podem desempenhar um papel importante

74
na colonização fúngica.23,24 Em relação à rugosidade, medidas de Ra de 0,2 μm têm sido
indicadas como o limiar clinicamente aceitável para prevenir a adesão microbiológica em
reabilitações protéticas.25
A molhabilidade e a energia livre de superfície também podem contribuir para a
adesão do biofilme. Materiais hidrofóbicos são mais propensos à formação de biofilme
de C. albicans devido a interações não-covalentes com proteínas hidrofóbicas da parede
celular de C. albicans expressas pelo gene Csh1p,23,24 entretanto, a influência do ângulo
de contato com a água não se mostrou tão negativa como rugosidade da superfície.21,25,26
Assim, Quirynen et al.26 observaram que o aumento da rugosidade da superfície de
amostras de resina acima do limite clinicamente aceitável aumentou significativamente a
adesão do biofilme em comparação com amostras mais lisas (Ra = 0,14 μm). Em
contraste, a mudança na energia livre de superfície não promoveu o mesmo
comprometimento.
Como observado neste estudo, os discos de resina produzidos por impressão 3D,
apesar de serem mais hidrofílicos, com menores médias de ângulo de contato
(70,82 ± 2,95; p < 0,05), apresentaram maior rugosidade superficial (0,317 ± 0,151 μm;
p < 0,05), o que pode ter levado a maior adesão do biofilme de C. albicans (5,77 ± 0,36
Log UFC/mL; p < 0,001). Esses achados confirmam que a lisura na superfície das
próteses pode impedir a adesão do biofilme, enquanto a molhabilidade não parece
influenciar a adesão microbiológica nas superfícies da resina por si só. Por sua vez, os
discos de resina para fresagem CAD-CAM apresentaram resultados de propriedades
superficiais (rugosidade e ângulo de contato) estatisticamente semelhantes às amostras
produzidas convencionalmente, com médias das leituras do rugosímetro (Ra)
compreendidas abaixo do limiar clinicamente aceitável (0,2 μm). No entanto, os discos
de polímero CAD-CAM apresentaram a menor quantidade de adesão do biofilme
(3,74 ± 0,57 Log UFC/mL; p < 0,001), indicando que outros fatores podem estar
associados ao comportamento microbiológico e podem estar relacionados à sua
composição química.27
O teste de resistência à flexão simula as forças de estresse que geralmente são
impostas às próteses durante a função mastigatória e podem resultar em fratura.28 Os
fabricantes de polímeros para fresagem CAD-CAM invocam propriedades mecânicas
mais altas devido a um processo controlado que promove alta conversão de monômero
sob alta pressão, resultando em polímeros de cadeias mais longas5 associadas à adição de
cargas inorgânicas e alta temperatura de polimerização7. Uma revisão sistemática

75
recente29 confirmou, por meio de uma meta-análise, que blocos de PMMA para fresagem
CAD-CAM apresentaram melhores valores de rugosidade (p = 0,02; MD = -0,53; IC
95%: -0,97 a -0,09) e de resistência à flexão (p = 0,01; MD = 589,22; 95% CI: 117,95 a
1060,48) em comparação com resina de PMMA termopolimerizada. No presente estudo,
o grupo fresado apresentou maior média de resistência à flexão (114,96 ± 16,23 MPa;
p < 0,001); no entanto, nenhuma diferença significativa foi observada em comparação
com os espécimes produzidos convencionalmente.
Os métodos convencionais de termopolimerização de resinas de PMMA exigem
que o técnico respeite a proporção adequada de pó e monômero, execute a técnica de
processamento adequada e obedeça aos procedimentos de polimerização da resina.28
Nesse estudo, a confecção dos espécimes do grupo convencional foi conduzida
rigorosamente como recomendado pelo fabricante. Esse critério pode ter contribuído para
a obtenção de resultados de resistência estatisticamente similares aos corpos-de-prova em
resina para fresagem CAD-CAM, produzidos sob controle industrial, confirmando a
importância de seguir as etapas recomendadas durante o processamento das próteses para
se usufruir as melhores propriedades do material.
As propriedades físico-mecânicas dos fotopolímeros das resinas líquidas para
impressão 3D são dependentes da taxa de conversão do monômero alcançada pela
polimerização induzida pela luz.30 Neste processo, as ligações duplas carbono-
carbono (- C = C - ) são convertidas em ligações simples (- C - C -).31 Quanto maior a
conversão da dupla ligação, maior a resistência mecânica do polímero; inversamente, o
monômero não reagido pode levar a monômero livre com potencial irritativo dos tecidos
moles.32 Neste estudo, os espécimes produzidos por impressão 3D apresentaram os
menores valores de resistência à flexão (57,23 ± 9,07; p < 0,05), abaixo da resistência
necessária recomendada pela ISO 20795-1:2013 para polímeros de base de prótese
(65 MPa).33 Este achado está de acordo com Prpić et al.,16 cujos resultados mostraram os
menores valores de resistência à flexão para materiais construídos por impressão 3D em
comparação com os produzidos por fresagem CAD-CAM e espécimes convencionais
(Max: 84,5 MPa e Min: 60,0 MPa; p < 0,05). Tais propriedades mecânicas limitadas das
resinas impressas em 3D podem ser explicadas pelo baixo grau de conversão, como
demonstrado por Alifui-Segbaya et al.30 em um estudo de caracterização da análise de
conversão de dupla ligação de fotopolímeros à base de acrílico para impressão 3D, onde
observou que as duas marcas testadas utilizadas para confecção de bases de próteses e de

76
coroas e pontes por prototipagem rápida apresentou um menor grau de conversão do que
as resinas de PMMA convencionais.
As características de superfície, comportamento microbiológico e propriedades
mecânicas das resinas para a tecnologia de impressão 3D também podem ser afetadas
pelas técnicas do procedimento, incluindo orientação na mesa de impressão34 e pós-
cura35. Shim et al.34 observaram que os espécimes produzidos sob orientação de
impressão de 0º apresentaram a maior resistência flexural e menor rugosidade superficial,
enquanto os espécimes orientados a 90º permitiram a menor proporção de colonização de
C. albicans. Em relação à pós-cura, Kim et al.35 mostraram que pelo menos 60 min de
tempo de cura em um forno ultravioleta (UV) é recomendado para melhorar as
propriedades físicas da impressão 3D; no entanto, o técnico deve estar ciente das
alterações de tom de cor clinicamente reconhecíveis.
Embora os polímeros de PMMA para fresagem tenham propriedades aprimoradas,
a principal desvantagem da técnica subtrativa CAD-CAM, que restringe sua
implementação mais ampla, é o maior custo dos materiais utilizados, o que aumenta os
custos laboratoriais em relação aos métodos convencionais.36 Assim, a tecnologia aditiva
poderia suplantar essa limitação complexos com alta precisão e custo de laboratório
consideravelmente reduzido. No entanto, as resinas líquidas fotocuráveis comercialmente
disponíveis para impressão 3D devem direcionar seu desenvolvimento para a melhoria
das propriedades mecânicas em vistas a superar os desafios ambientais e mastigatórios
intraorais aos quais os materiais dentários geralmente são expostos.
Apesar dos resultados gerais apresentados neste estudo, no meio bucal os
materiais estão sujeitos a vários fatores que não podem ser alcançados por análises
laboratoriais, como demonstrado por Atalay et al,19 em que a termociclagem afetou a
rugosidade da superfície, microdureza e ângulo de contato nos materiais CAD-CAM
testados. Outra limitação metodológica é a dificuldade de testar as várias marcas de
impressoras 3D e resinas comercialmente disponíveis para fabricação de próteses totais
que se supõe ter comportamentos diferentes de acordo com as mudanças na composição
e com a tecnologia de cada impressora 3D disponível. Assim, é essencial realizar estudos
clínicos bem desenhados de longo prazo para melhor compreender o comportamento dos
materiais em condições clínicas.

77
4.6 CONCLUSÃO
Com base nos resultados deste estudo in vitro, os polímeros de PMMA para
fresagem CAD-CAM apresentaram menor formação de biofilme de C. albicans e a maior
média de resistência à flexão, enquanto os espécimes de resina produzidos por impressão
3D exibiram a menor resistência à flexão e a maior rugosidade da superfície.

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81
5. PUBLICAÇÃO 02 – DEPÓSITO DE PATENTE DE INVENÇÃO JUNTO
AO INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI
(ANEXO B)

Inventores: Adriana da Fonte Porto Carreiro, Sandra Lúcia Dantas de Moraes, Rodrigo
Falcão Carvalho Porto de Freitas, Ana Larisse Carneiro Pereira, Anne Kaline Claudino
Ribeiro.

O pedido de proteção da propriedade intelectual, constante do objeto da patente


de invenção “Dispositivo para registro das relações maxilo-mandibulares em arcos
edêntulos”, número de depósito BR 10 2021 0088 12 5, descrito abaixo, foi publicado na
Revista de Propriedade Industrial (RPI), n. 2683, com publicação nacional em
07/06/2022.

5.1 RESUMO

Patente de Invenção para: “DISPOSITIVO PARA REGISTRO DAS RELAÇÕES


MAXILO-MANDIBULARES EM ARCOS EDÊNTULOS”

Consiste de um conjunto voltado à área de Prótese Dentária, concebido para auxiliar a


confecção de Próteses Totais, minimizando o consumo de materiais e a quantidade de
etapas necessárias para a conclusão do tratamento. Apresenta utilização viável em
reabilitações uni ou bimaxilares, assim como as vantagens de poder ser aplicado em casos
executados por técnica convencional de montagem de dentes em articulador semi-
ajustável (ASA), ou para subsidiar a montagem por tecnologia CAD/CAM. É composto
por moldeiras para arcos edêntulos superiores (a, b, c, d), desenhadas em seis tamanhos
para aplicação em diferentes morfologias de rebordo; arco de suporte labial (e, f) que,
encaixado à moldeira, permite a determinação dos registros e das linhas referenciais para
correto dimensionamento e posicionamentos dos dentes para a montagem do arco
superior; trilho (g), para inclusão sobre a moldeira individual inferior, no qual se fixará o
plano de registro inferior (i), dotado de parafuso anterior (j) para determinação da
Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) e parafusos posteriores (k) para registro maxilo-
mandibular em posição de relação cêntrica.

82
5.2 Relatório descritivo da patente de invenção para “DISPOSITIVO PARA
REGISTRO DAS RELAÇÕES MAXILO-MANDIBULARES EM
ARCOS EDÊNTULOS”

5.2.1 Campo da Invenção


[001] A presente solicitação de patente destina-se à área odontológica na especialidade
de Prótese Dentária e refere-se a um dispositivo para realização da etapa clínica de
registro das relações maxilo-mandibulares em arcos dentários totalmente edêntulo.

5.2.2 Fundamentos da Invenção (Estado da Técnica)


[002] Convencionalmente, a etapa de registro das relações maxilo-mandibulares ocorre
na terceira sessão clínica, uma vez que a primeira e a segunda consultas são destinadas à
obtenção dos modelos anatômicos e funcionais, e sobre este último são construídos os
planos de orientação.
[003] O estado da técnica prevê que seja realizada, sobre uma base em resina acrílica, a
confecção de um plano de cera esculpido pelo profissional nas dimensões compatíveis
com a Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) e com as características anatômicas do
sorriso do paciente, configurando-se em uma técnica altamente sensível e dependente da
destreza e habilidade profissional.
[004] A etapa de registro das relações maxilo-mandibulares da maneira usual é seguida
da realização da montagem dos dentes artificiais para posterior prova clínica. Aprovada
a montagem dos dentes, procede-se à acrilização e instalação da prótese.
[005] Considerando-se o fluxo de trabalho digital (CAD/CAM), o método convencional
torna-se desvantajoso, uma vez que servirá apenas como arcabouço para guiar o desenho
dos dentes no software de CAD, não sendo necessária a etapa de montagem de dentes
artificiais sobre a cera, assim, após a digitalização, os planos seriam descartados.
[006] Diante disso, a fim de minimizar as limitações do fluxo convencional, alguns
protocolos foram desenvolvidos para o planejamento e materialização de próteses totais,
utilizando-se da tecnologia CAD/CAM. Estes, fazem uso de um dispositivo que inclui
uma placa de registro horizontal e um pino vertical para capturar a dimensão vertical de
oclusão (DVO) e a relação cêntrica.

83
[007] O método proposto pelo sistema Avadent AMD (AvaDent; Global Dental Science,
GDS- https://www.avadent.com/clinical/record-methods/), apresenta, segundo Alqarni et
al. (2019), no estudo intitulado “Computer-engineered complete denture fabrication with
conventional clinical steps: A technique to overcome protocol limitations”, a limitação
da altura final do parafuso para registro da DVO. Em situações de perda excessiva da
altura da crista alveolar, na qual resultaria em espaçamento significativo entre as arcadas,
a caneta vertical que permite a determinação da dimensão vertical de oclusão (DVO)
apresenta uma extensão limitada. Assim, tal situação iria além da faixa de ajuste permitida
pelo dispositivo, configurando uma limitação.
[008] Outra limitação do estado atual da técnica descrita por Fang et al. (2018), no estudo
intitulado “Development of complete dentures based on digital intraoral impressions -
Case report”, consiste no fato de que a fixação do conjunto registro/moldeiras se faz
através de material elastomérico interposto às superfícies, aumentando assim o consumo
de materiais necessários ao registro e incluindo um componente técnico passível de falha.
[009] Uma outra apresentação descrita no atual estado da técnica, identificada pelo pedido
de patente sob o registro EP3107483B1, descreve um método de registro em pacientes
totalmente edêntulos constituído por duas bases que devem ser adaptadas aos arcos
superior e inferior, conectados por um parafuso para ajuste da altura entre os mesmos,
contendo, na porção anterior da base superior, um inserto móvel que se presta a verificar
o posicionamento dos incisivos centrais.
[010] De maneira similar ao sistema Avadent AMD, o pedido retromencionado apresenta
a limitação na altura final do parafuso que restringem seu uso, além de também não
apresentarem recursos que possibilitem a tomada e registro de características essenciais
à produção de uma reabilitação em obediência às características anatômicas e funcionais
por não permitirem ajustar e capturar o correto posicionamento do corredor bucal.
[011] Conforme mencionado no parágrafo [002], a moldagem dos arcos realizada nas
primeiras sessões clínicas é tradicionalmente realizada com o auxílio de moldeiras, sendo
as moldeiras no padrão Tadachi Tamaki (TT), amplamente empregadas para a moldagem
de arcos totalmente edêntulos.
[012] As moldeiras TT são disponibilizadas em três tamanhos para cada arco e
apresentarem uma região que se presta à acomodação do material de moldagem que será
responsável pela impressão da área chapeável, além de um cabo fixado à porção anterior
para auxiliar a inserção e remoção da boca.

84
[013] Uma adaptação das moldeiras TT é encontrada no pedido de patente sob o registro
JP2013075092A, com a característica de ser perfurada e possibilitar a remoção do cabo.
No entanto, a utilização da mesma se presta apenas à realização da etapa clínica de
moldagem sem apresentar nenhum componente em sua superfície externa que permita a
união ou o inter-relacionamento com outros componentes que favoreçam a realização do
registro maxilo-mandibular na mesma etapa clínica de moldagem.

5.2.3 Breve descrição da invenção


[014] O invento proposto oferece a possibilidade de realização da moldagem anatômica,
do registro das relações maxilo-mandibulares, das linhas referenciais e da delimitação do
corredor bucal em arcos totalmente edêntulos, a partir da interposição e fixação do
dispositivo em meio intrabucal, adequando-se tanto ao fluxo convencional, como à
tecnologia de desenho e produção assistidas por computador (CAD/CAM).
[015] O aparato para a arcada superior é constituído de um jogo de moldeiras para
pacientes edêntulos (Figura 1 e Figura 2), de um conjunto de arcos (Figura 3 e Figura 4)
com alturas pré-estabelecidas para determinação do tamanho dos dentes anteriores e do
suporte labial.
[016] Para a arcada inferior, o aparato consiste em um plano de registro (Figura 7 e Figura
8) que, uma vez fixado sobre o trilho (“g”) da moldeira individual inferior (“h”), será
responsável pela determinação da relação maxilo-mandibular (dimensão vertical de
oclusão e relação cêntrica) por meio de parafusos presentes em sua superfície oclusal.

5.2.4 Breve descrição dos desenhos


[017] O conjunto apresentado é composto por 4 componentes principais: moldeiras
anatômicas para arcos desdentados superiores (Figura 1 e Figura 2) (disponibilizadas em
um kit com 6 tamanhos diferentes a fim de atender a diferentes dimensões); arcos de
suporte labial (Figura 3 e Figura 4) (apresentados em alturas variáveis), um plano de
registro com parafusos para determinação das relações maxilo-mandibulares (Figura 7 e
Figura 8) e trilho (“g”) para fixação do plano de registro na moldeira individual inferior
(“h”) (Figura 6).
[018] As moldeiras para arcos edêntulos superiores (Figura 1 e Figura 2) possuem cabo
removível (“a”) e são constituídas, em sua face interna, de uma superfície de moldagem
da área chapeável (“b”) e, em sua superfície externa, apresentam retenções (“c”) para

85
fixação do material de impressão que, no arco superior se presta à determinação do plano
oclusal e corredor bucal.
[019] A moldeira superior apresenta em sua superfície externa, ainda, um encaixe tipo
macho (“d”) por onde correrá, no sentido ântero-posterior, o encaixe tipo fêmea (“f”) para
fixação do arco de suporte labial (“e”) à moldeira superior, conforme visto na Figura 5.
[020] Os arcos de suporte labial (“e”) são disponibilizados em alturas variando de 10 mm
a 16 mm, para contemplar diferentes tamanhos de dentes, e possuem, na face superior,
encaixe do tipo fêmea (“f”) por onde correrá o encaixe (“d”) da moldeira superior,
permitindo a movimentação do suporte labial (“e”) no sentido ântero-posterior.
[021] A Figura 5 ilustra o conjunto montado: moldeira superior e arco de suporte labial,
encaixados através da junção entre os encaixes macho (“d”) e fêmea (“f”), para a
determinação do suporte labial, tamanho dos dentes anteriores e determinação das linhas
referenciais de altura máxima do sorriso, linha média e distais de caninos.
[022] Uma vez finalizada a moldagem anatômica superior e tomadas as referências
possibilitadas pelo aparato ora descrito (Figura 5), a moldagem anatômica inferior é
realizada de maneira convencional utilizando moldeiras de estoque Tadashi Tamaki (TT)
comercialmente disponíveis.
[023] Em seguida, em ambiente laboratorial, os dentes são montados no arco superior
(seja convencionalmente sobre cera, ou através de recursos de desenho assistido por
computador e posterior impressão 3D – CAM/CAM) e, sobre o modelo inferior, é
produzida a moldeira individual (“h”) (Figura 6) e nela inserido o trilho (“g”) para fixação
do plano de registro (“i”) (Figura 7 e Figura 8).
[024] Durante a segunda sessão clínica, de posse da prótese de prova superior com os
dentes montados (“m”) e da moldeira individual inferior (“h”) (Figura 6) com trilho (“g”),
o plano de registro (“i”) com parafusos (“j” e “k”) é adaptado ao trilho (“g”) da moldeira
inferior e, em seguida, a Dimensão vertical de oclusão é definida pelo ajuste do parafuso
anterior (“j”). Finaliza-se com o registro maxilo-mandibular em posição de relação
cêntrica por meio dos parafusos posteriores (“k").
[025] O desenho esquemático do registro maxilo-mandibular produzido pelo aparato é
apresentado pela Figura 10.

5.2.5 Descrição detalhada da invenção


[026] Uma vez realizada a moldagem anatômica superior, com as moldeiras do
dispositivo (Figura 1 e Figura 2), seguindo-se a técnica recomendada pela literatura

86
científica, o arco de suporte labial (“e”) escolhido é inserido no encaixe macho da
moldeira (“d”) através do encaixe fêmea (“f”), posicionando-o na posição ântero-
posterior mais adequada às condições anatômicas do paciente.
[027] Para a determinação do plano oclusal, um material de impressão do tipo
elastomérico é manipulado e inserido nas retenções (“c”) da moldeira superior, sendo
modelado, com o auxílio da régua de Fox, para situar-se em posição paralela ao Plano de
Camper.
[028] Após a presa do elastômero, o corredor bucal é avaliado, sendo possível a remoção
dos excessos com lâmina de bisturi, ou acréscimo de novas camadas, a critério do
profissional.
[029] Por fim, as linhas referenciais (linha média, distal de canino e superior do sorriso)
são demarcadas com caneta permanente na superfície vestibular anterior do arco de
suporte labial (“e”).
[030] A Figura 5 representa o arco de suporte labial (“e”) encaixado no trilho da moldeira
superior (“d”) por meio do encaixe fêmea (“f”).
[031] Uma vez determinadas todas as referências constantes no arco superior, a
moldagem anatômica do arco inferior é realizada da maneira convencional com uso de
moldeiras disponíveis comercialmente para essa finalidade.
[032] De posse dos dados relativos ao posicionamento e às dimensões dos dentes
superiores, será confeccionada uma prótese de prova que também funcionará como
moldeira individual (“m”) (Figura 10). Conforme o fluxo de trabalho escolhido pelo
usuário, esse protótipo de prótese pode ser confeccionado de maneira convencional a
partir da montagem de dentes de estoque sobre o plano de orientação, ou por meio de
prototipagem rápida (impressão 3D) a partir de desenho CAD sobre o modelo escaneado.
[033] Já, sobre o modelo anatômico inferior, será confeccionada moldeira individual
(“h”), seja de maneira convencional em acrílico, ou por prototipagem rápida e, sobre a
mesma, será fixado o trilho (“g”) para inserção do plano de registro (“i”) (Figura 7 e
Figura 8).
[034] Na segunda sessão clínica, a estética do arco superior é verificada com a prótese de
prova, também chamada de protótipo da prótese(“m”) (Figura 10) e, em seguida, a
moldagem funcional superior é realizada, utilizando-se o protótipo da prótese como
moldeira individual.
[035] Nesta sessão ainda, a moldagem funcional do arco inferior é procedida com o uso
da moldeira individual com trilho (Figura 6). Conforme descrito no parágrafo 033, a

87
moldeira individual é confeccionada de forma convencional ou com tecnologia
CAD/CAM e sobre essa o trilho (“g”) é fixado sobre a moldeira com o mesmo material
de confecção da moldeira.
[036] Por fim, o plano de registro (“i”) (Figura 7 e Figura 8) é fixado sobre o trilho da
moldeira individual inferior (“g”) através do encaixe fêmea (“l”) e registrada a Dimensão
Vertical de Oclusão (DVO) subindo ou descendo o parafuso mais anterior (“j”), além de
realizada a estabilização da oclusão na Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) selecionada
em posição de relação cêntrica (RC), por meio dos parafusos posteriores (“k”).
[037] A Figura 9 representa o plano de registro (“i”) fixado sobre o trilho (“g”) moldeira
individual inferior (“h”).
[038] Com os conjuntos superior e inferior unidos (Figura 10), o aparato é removido da
boca para que seja digitalizado e procedido o desenho em software de CAD, ou montado
em articulador semi-ajustável (ASA) para que seja executada a montagem dos dentes
seguindo o fluxo de trabalho convencional.

5.2.6 Vantagens e benefícios


[039] O invento desenvolvido propicia a simplificação do processo de registro das
relações maxilo-mandibulares convencionalmente realizado através da conformação de
um plano em cera por meio de instrumentais aquecidos. Convencionalmente, essa etapa
requer além de conhecimento científico, habilidade manual. Com aplicação do invento,
esse ajuste passa a ser primordialmente através da regulagem de parafusos de acordo com
as dimensões do paciente, o que requer menor destreza do profissional.
[040] Por ser mais prático que o método convencional, o invento possibilita, ainda, a
redução do tempo total para a conclusão do tratamento, assim como a redução dos custos
de produção.
[041] O invento apresenta versatilidade em se aplicar em casos de reabilitações de arcos
edêntulos bimaxilares ou monomaxilares, podendo ser adotado tanto no fluxo de trabalho
convencional, quanto para o fluxo de trabalho digital (CAD/CAM).
[042] Comparado a outras técnicas, o invento proposto tem o benefício de minimizar o
uso de materiais adicionais, sejam termoplásticos ou elastoméricos, reduzindo o
desperdício e a produção de resíduos.

88
5.3 REIVINDICAÇÕES

1. “DISPOSITIVO PARA REGISTRO DAS RELAÇÕES MAXILO-


MANDIBULARES EM ARCOS EDÊNTULOS SUPERIORES” caracterizado por
consistir em moldeiras para arcos edêntulos superior, constituídas de cabo removível
(“a”), com superfície para moldagem da área chapeável (“b”), retenções (“c”) para
fixação de material para determinação do plano oclusal e corredor bucal superiores,
encaixe macho tipo trilho (“d”), para fixação do arco de suporte labial (“e”), por meio da
fenda de encaixe tipo fêmea (“f”).

2. “DISPOSITIVO PARA REGISTRO DAS RELAÇÕES MAXILO-


MANDIBULARES EM ARCOS EDÊNTULOS INFERIORES”, caracterizado por
consistir em um plano de registro (“i”), dotado de fenda de encaixe tipo fêmea (“l”), para
fixação do plano de registro (“i”) à moldeira individual inferior (“h”) por meio do encaixe
macho tipo trilho (“g”); o plano de registro (“i”) é dotado, ainda, de parafuso anterior
(“j”), para determinação da Dimensão Vertical de Oclusão, e parafusos posteriores (“k”),
para estabilização do registro em Relação Cêntrica.

89
5.4 DESENHOS

FIGURA 1 FIGURA 2
d
b c

a c

FIGURA 3 FIGURA 4

f
f

e
e

Legenda das Figuras 1 a 4: (“a”) cabo removível; (“b”) superfície para moldagem da
área chapeável; (“c”) retenções para fixação de material para determinação do plano
oclusal e corredor bucal superiores; (“d”) encaixe macho do tipo trilho para fixação do
arco de suporte labial; (“e”) arco de suporte labial, (“f”) encaixe tipo fêmea do arco de
suporte labial.

90
FIGURA 5

e
f

FIGURA 6

Legenda das Figuras 5 e 6: (“e”) arco de suporte labial; (“f”) encaixe tipo fêmea do
arco de suporte labial; (“g”) encaixe macho do tipo trilho da moldeira individual
inferior; (“h”) moldeira individual inferior.
91
FIGURA 7 FIGURA 8

k k

l
j

l i k
j

FIGURA 9

k
j

Legenda das Figuras 7 a 9: (“g”) encaixe macho do tipo trilho da moldeira individual
inferior; (“h”) moldeira individual inferior; (“i”) plano de registro de mordida; (“j”)
parafuso anterior para determinação da Dimensão Vertical de Oclusão; (“k”) parafusos
posteriores para estabilização do registro em Relação Cêntrica; (“l”) fenda de encaixe
do tipo fêmea do plano de registro de mordida.

92
FIGURA 10

j
h

g
i

Legenda da Figura 10: (“g”) encaixe macho do tipo trilho da moldeira individual
inferior; (“h”) moldeira individual inferior; (“i”) plano de registro de mordida; (“j”)
parafuso anterior para determinação da Dimensão Vertical de Oclusão; (“k”) parafusos
posteriores para estabilização do registro em Relação Cêntrica; (“m”) prótese de prova.

93
6. PUBLICAÇÃO 03 – ARTIGO: FLUXO DE TRABALHO PARA A
FABRICAÇÃO DE PRÓTESES TOTAIS EM 3 SESSÕES CLÍNICAS:
DESCRIÇÃO DE TÉCNICA (ANEXO C)

Autores: Rodrigo Falcão Carvalho Porto de Freitas, DDS, MSca , Anne Kaline Claudino
Ribeiro, DDS, MSca , Ana Larisse Carneiro Pereira, DDS MSca , Rayanna Thayse
Florêncio Costa, DDS, MScb , Vinicius Dutra, DDS, PhD, MBAc , Wei-Shao Lin, DDS,
PhDd , Sandra Lúcia Dantas de Moraes, DDS, PhDe , Adriana da Fonte Porto Carreiro,
DDS, PhDf

a
Doutorando, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal/RN, Brasil
b
Doutoranda, Departamento de Odontologia, Universidade Estadual de Pernambuco,
Recife/PE, Brasil
c
Clinical Associate Professor, Department of Oral Pathology, Medicine and Radiology,
Indiana University School of Dentistry, Indianapolis, /IN
d
Associate Professor, Program Director and Interim Chair, Advanced Education Program
in Prosthodontics, Department of Prosthodontics, Indiana University School of Dentistry,
Indianapolis, IN.DDS, Interim Chairperson - Prosthodontics, Associate Professor,
Department of Prosthodontics, Indiana University School of Dentistry, Indianapolis/IN
e
Professora, Departamento de Odontologia, Universidade Estadual de Pernambuco,
Recife/PE, Brasil
f
Professora Titular, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal/RN, Brasil

O artigo referente à descrição de técnica para a fabricação de próteses totais em


número de sessões reduzidos, reproduzido a seguir, foi publicado no periódico The
Journal of Prosthetic Dentistry (2021), sob o título “Workflow for Complete Dentures
Fabrication in Three Appointments: A Dental Technique”.

6.1 SUMÁRIO
A técnica apresentada utiliza um dispositivo capaz de adquirir moldes, registrar
referências anatômicas para montagem dos dentes e registro da relação maxilo-
mandibular, executar próteses de teste e entregar próteses totais em 3 consultas com fluxo

94
de trabalho convencional ou com tecnologia CAD-CAM. Ao simplificar as técnicas
disponíveis, este protocolo pode produzir próteses totais precisas de forma confiável e
previsível com tempo de trabalho e custos de tratamento reduzidos.

6.2 INTRODUÇÃO

O método convencional para confecção de próteses totais (PTs) envolve uma série
de procedimentos clínicos e laboratoriais1 com pelo menos 5 consultas, incluindo
moldagens anatômicas, moldagens funcionais, registro da relação maxilo-mandibular,
avaliação estética em cera e instalação das próteses. Esses procedimentos clínicos e
laboratoriais são realizados predominantemente de maneira manual.2 No entanto, as
tecnologias digitais podem aprimorar o processo de fabricação de PTs com diferentes
sistemas de produção utilizando métodos de desenho e fabricação assistidos por
computador (Computer Engineered Complete Denture - CECD). Os sistemas para CECD
recomendam de 2 consultas (sem etapa de prova estética) a 4 consultas e fabricam a
prótese por fresagem de um disco de resina pré-polimerizada feito sob alta temperatura e
pressão3 para fornecer excelente resistência à flexão,4,5 rugosidade da superfície,
adaptação,6,7 e retenção.8
O protocolo utilizado pelo do dispositivo de medição anatômica (Anatomical
Measuring Device - AMD) fornecido pela Avadent Digital Dentures (AvaDent Digital
Dental Solutions) e o protocolo de fabricação do Whole You Nexteeth System (Whole
You Inc e DENTCA Inc) utilizam um fluxo de trabalho de 2 ou 3 consultas (quando
acrescida de uma sessão para etapa de prova estética). Já o Wieland Denture System
(Ivoclar Vivadent AG) recomenda um protocolo de 4 visitas até a entrega da prótese.9,10
Esses sistemas também diferem no método recomendado para avaliação e registro da
dimensão vertical oclusal (DVO), registro da relação maxilo-mandibular, seleção dos
dentes, registro de referências faciais e opções de avaliação clínica do resultado.11 Outra
estratégia apresentada pelo Baltic Denture System (Merz Dental GmbH) fornece um
conjunto de bases dotadas de dentes, as quais são ajustáveis e disponibilizadas em
diferentes tamanhos e formas (BD Key) para avaliar a estética, capturar o correto plano
oclusal (BDKEY Plane e BDKEY Fin), e fazer as moldagens ao mesmo tempo que a
relação cêntrica (RC) é registrada na dimensão vertical apropriada (BD Key Lock).12,13
Auxiliadas por fotografias de vista frontal e lateral, as próteses são produzido por
fresagem e entregue na segunda consulta.13

95
Apesar de trazer inovação e aprimoramento ao processo, essas técnicas alteram as
etapas tradicionais de registro dos tecidos de suporte da prótese, de aspectos estéticos e
fisiológicos, compreendidos e dominados por cirurgiões-dentistas em todo o mundo,
exigindo experiência adicional e uma curva de aprendizado para sua correta utilização.
Além disso, equipamentos e suprimentos adicionais usados para fazer PTs por fresagem
não estão disponíveis em muitos países. Assim, esta técnica odontológica apresenta um
fluxo de trabalho confiável, previsível e intuitivo que pode ser realizado por dentistas
experientes e menos experientes, otimizando as etapas de produção de PTs. A técnica
pode ser utilizada para próteses fabricadas por diferentes técnicas, incluindo fresagem,
prototipagem rápida ou por meio de técnicas convencionais de termopolimerização.

6.3 TÉCNICA
Esta técnica utiliza um sistema inovador composto por diferentes moldeiras para
arcos edêntulos que permitem a moldagem anatômica e registro do suporte labial, linhas
de referência, corredor bucal e plano oclusal maxilar em uma mesma consulta. Assim, a
montagem dos dentes maxilares pode ser feita e avaliada na segunda visita, quando a
estética é testada com o uso de uma prótese de prova. A prótese de prova também tem a
função de moldeira individual para a moldagem funcional do arco superior. A moldagem
funcional inferior é realizada na mesma consulta e o registro maxilo-mandibular é
registrado por meio dispositivo de registro disponibilizado. Finalmente, ambas as próteses
totais finalizadas são instaladas na terceira consulta, quando as relações maxilo-
mandibulares são avaliadas e os ajustes clínicos, se necessário, são conduzidos.
O fluxo de trabalho clínico e laboratorial é descrito a seguir:

- 1ª Sessão Clínica:
1. Escolha o tamanho adequado da moldeira para o arco maxilar e realize a moldagem
preliminar usando silicone de condensação de corpo pesado Zetaplus; Zhermack SpA)
(Figura 1).
2. Anexe o arco labial à moldeira superior e ajuste para frente ou para trás para obter o
melhor suporte labial (Figuras 2A, B).
3. Verifique o comprimento ideal dos incisivos ajustando a borda do arco labial. Se
necessário, aumente a posição do bordo incisal com resina acrílica, (DuraLay Inlay
Pattern Resin; Reliance Dental Manufacturing LLC), resina composta (Filtek Z250 XT;
3M ESPE), ou cera (Base Plate Wax; Kerr Dental Lab) (Figuras 2C, D).

96
4. Manipule o material elastomérico de corpo pesado (Zetaplus; Zhermack SpA) e
coloque nas retenções posteriores da moldeira superior, em seguida, defina a angulação
do plano oclusal com auxílio da régua Fox (Figuras 3A, B).
5. Avalie a estética verificando o suporte labial e o corredor bucal, e conduza os ajustes
necessários (Figuras 3C, D).
6. Registre as linhas de referência traçando a linha média, a linha alta do sorriso e linha
de distal do canino (Figura 4).
7. Faça a moldagem do arco inferior usando o tamanho adequado da moldeira de estoque
para pacientes edêntulos (Tecnodent) e material de moldagem elastomérico de corpo
pesado (Zetaplus; Zhermack SpA).

- 1ª Etapa Laboratorial:
a. Realize a digitalização dos moldes e registro (S600 ARTI Scanner; Zirkonzahn);
b. Importe os arquivos STL para software CAD odontológico (DWOS; Dental Wings
Inc).
c. Realize o alívio das áreas retentivas, rugosidades palatinas e superfícies irregulares
(Figura 5A).
d. Delimite a área chapeável e conduza a montagem dos dentes de acordo com as
referências fornecidas pelo plano oclusal, suporte labial e linhas de referência (Figuras
5B-D).
e. Realize a prototipagem rápida da prótese-teste superior em impressora 3D (Photon S;
Anycubic 3D Printing), utilizando resina biocompatível (Cosmos Temp A2; Yller
Biomateriais) (Figura 5E).
f. Projete a moldeira individual inferior anexando um encaixe para o dispositivo de
registro de mordida e em seguida realize a impressão 3D usando resina biocompatível
(Cosmos Temp A2; Yller Biomateriais) (Figura 6).

- 2ª Sessão Clínica:
8. Assente a prótese-teste superior e avalie os parâmetros estéticos (Figura 7A).
9. Ajuste os limites da borda da prótese-teste (se necessário), e retifique qualquer falha
nas linhas de referência.
10. Realize a moldagem funcional na maxila com material de moldagem à base de poliéter
(Impregum Soft; 3M).

97
11. Teste e ajuste a moldeira individual inferior;
12. Realize a moldagem funcional na mandíbula com material de moldagem à base de
poliéter (Impregum Soft; 3M).
13. Anexe o dispositivo de registro de mordida no encaixe da moldeira individual inferior
e ajuste os parafusos até atingir o DVO14 necessária, conduzindo o paciente para a posição
de RC (Figura 7B).
14. Estabilize e fixe a posição de relação maxilomandibular com resina acrílica (DuraLay
Inlay Pattern Resin; Reliance Dental Manufacturing LLC).
15. Avalie a fala e o espaço funcional livre.

- 2ª Etapa Laboratorial:
g. Digitalize os moldes e o registro de mordida (S600 ARTI Scanner).
h. Conduza o desenho digital da base da prótese e dos dentes nos arcos maxilar e
mandibular de acordo com as referências obtidas na 2ª sessão clínica.
i. Realize a prototipagem rápida das bases, com resina rosa para base de prótese (Cosmos
Denture; Yller Biomateriais), e dos dentes, com resina na cor específica (Cosmos Temp
A2).
j. Realize a união dos dentes às respectivas bases de próteses produzidas por impressão
3D conforme protocolo recomendado pelo fabricante.

- 3ª Sessão Clínica:
16. Instale as próteses, faça os ajustes necessários e dê as instruções de pós-inserção
(Figura 8).

98
Figura 1. Moldeira superior especialmente projetada. A, Superfície externa da moldeira
superior mostrando encaixe deslizante para ajuste do arco de suporte labial na região
anterior. B, Moldagem anatômica superior.

A B

Figura 2. Arco de suporte labial. A, Arco de suporte labial anexado à moldeira maxilar.
B, Arco de suporte labial em posição para fornecer suporte labial. C, Avaliação do suporte
labial. D, Avaliação da posição para o bordo incisal dos dentes superiores.

A B

C D

99
Figura 3. Registro das referências anatômicas no arco superior. A, Registro do plano
oclusal. B, Plano oclusal registrado com material de moldagem elastomérico. C, Análise
da estética e do corredor bucal. D, Ajuste do posicionamento do corredor bucal.

A B

C D

Figura 4. Registro das linhas referenciais. A, Demarcação da linha media. B, Linhas


referenciais demarcadas.

A B

100
Figura 5. Produção digital da prótese-teste superior. A, Alívio das áreas retentivas. B,
desenho da base de prova. C, Montagem virtual dos dentes. D, Base de prova e dentes
montados. E, Prótese-teste produzida por impressão 3D.

A B C

D E

Figura 6. Moldeira individual inferior. A, Desenho da moldeira individual inferior.


B, Moldeira individual inferior com encaixe anterior produzida por impressão 3D.

A B

Figura 7. Prótese-teste superior. A, Avaliação estética da prótese-teste. B, Dispositivo de


registro interoclusal com parafusos.

A B

101
Figura 8. Próteses totais finalizadas. A, Próteses produzidas por impressão 3D.
B, Avaliação inicial dos pontos de contato oclusais superiores. C, Avaliação inicial dos
pontos de contato oclusais inferiores. D, Visão lateral direita das próteses instaladas.
E, Visão frontal das próteses instaladas. F, Visão lateral esquerda das próteses instaladas.

A B C

D E F

102
6.4 DISCUSSÃO
A técnica apresentada permite que clínicos e técnicos de laboratórios dentários
produzam PTs com um protocolo eficiente de 3 consultas. O procedimento consiste em
etapas que permitem próteses totais bem ajustadas com excelente reprodução dos tecidos
de suporte da prótese, determinação dinâmica das margens funcionais e aquisição de
referências para a montagem dos dentes (suporte labial, plano oclusal, linhas de
referência, DVO e RC).
A moldeira superior apresentada permite o registro de referências maxilares na
primeira consulta com a moldagem anatômica superior, enquanto a moldagem inferior é
realizada convencionalmente com uma moldeira de estoque. O protocolo permite a
montagem dos dentes superiores em uma prótese de prova, que é avaliada na segunda
consulta para estética e fala. A prótese de prova também é usada para a moldagem
funcional. O uso de uma prótese- teste evita complicações maiores relacionadas ao fluxo
de trabalho relacionado à CECD, como estética insatisfatória e discrepâncias de DVO ou
RC.
O fluxo de trabalho descrito integra a etapa de prova estética ao protocolo,
eliminando a necessidade do uso de rodetes de cera e de aparatos adicionais
recomendados por outros sistemas associados ao CECD,9-13 e mantendo um fluxo de
trabalho fundamentado nos conceitos tradicionais de fabricação de PTs. As vantagens da
técnica descrita incluem o uso eficiente de materiais dentários com menor desperdício,
sem a exigência de habilidades excepcionais pelo operador, pois não é necessária a
escultura de planos de cera, nem o uso de instrumentais aquecidos. Além disso,
diferentemente da maioria das técnicas de CECD, o protocolo apresentado permite tanto
um processamento convencional das próteses, através da montagem de moldes em
articulador semi-ajustável sobre a mesa de Camper, quanto com o uso de tecnologias
CAD-CAM, nas quais uma prótese-teste superior, moldeira individual inferior e próteses
definitivas podem ser fresadas ou confeccionadas por impressão 3D.
As limitações da técnica incluem pacientes com distância interoclusal mínima, o
que dificulta o uso do dispositivo de registro com parafusos para o registro da relação
maxilo-mandibular. Esta situação pode ser resolvida substituindo o dispositivo por
material de moldagem elastomérico ou por um plano de cera convencional e orientando
o paciente para o DVO e RC corretos.

103
6.5 REFERÊNCIAS
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A randomised trial on simplified and conventional methods for complete denture
fabrication: Masticatory performance and ability. J Dent 2013;41:133-42.
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CAD-CAM-fabricated complete dentures: A cross-sectional study. J Prosthet Dent
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3. Infante L, Yilmaz B, McGlumphy E, Finger I. Fabricating complete dentures with
CAD/CAM technology. J Prosthet Dent 2014;111:351-5.
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of denture base acrylic resins processed by conventional and CAD-CAM methods. J
Prosthet Dent 2020;123:641-6.
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properties of 3D-Printed, CAD/CAM, and conventional denture base materials. J
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two commercial fabrication systems. J Calif Dent Assoc 2013;41:407-16.
7. Kattadiyil MT, Jekki R, Goodacre CJ, Baba NZ. Comparison of treatment outcomes in
digital and conventional complete removable dental prosthesis fabrications in a
predoctoral setting. J Prosthet Dent 2015;114:818-25.
8. Peroz S, Peroz I, Beuer F, Sterzenbach G, von Stein-Lausnitz M. Digital versus
conventional complete dentures: A randomized, controlled, blinded study. J Prosthet Dent
2021;1-8.
9. Bonnet G, Batisse C, Bessadet M, Nicolas E, Veyrune JL. A new digital denture
procedure: A first practitioners appraisal. BMC Oral Health 2017;17:155.
10. Kanakaraj S, K HK, Ravichandran R. An update on CAD/CAM removable complete
dentures: A review on different techniques and available CAD/CAM denture systems.
International Journal of Applied Dental Sciences 2021;7:491-8.
11. Steinmassl P-A, Klaunzer F, Steinmassl O, Dumfahrt H, Grunert I. Evaluation of
currently available CAD/CAM denture Systems. Int J Prosthodont 2017;30:116-22.
12. Baba NZ, Alrumaih HS, Goodacre BJ, Goodacre CJ. Current techniques in
CAD/CAM denture fabrication. Gen Dent 2016;64:23-8.

104
13. John AV, Abraham G, Alias A. Two-visit CAD/CAM milled dentures in the
rehabilitation of edentulous arches: A case series. J Indian Prosthodont Soc 2019;19:88-
92.
14. Alhajj MN, Khalifa N, Abduo J, Amran AG, Ismail IA. Determination of occlusal
vertical dimension for complete dentures patients: an updated review. J Oral Rehabil
2017;44:896-907.

105
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo pretendeu avaliar as características que envolvem os diferentes
materiais para produção de bases de próteses totais introduzidos pela tecnologia digital
na Odontologia. Para isso avaliou-se as propriedades físicas (de superfície), mecânicas
(de resistência flexural) e biológicas (de adesão de biofilme), além de analisar os
protocolos de fabricação apresentados por diferentes sistemas de produção de PTs por
tecnologia CAD-CAM, propondo ao final, um novo método de confecção capaz de
conciliar as diversas etapas de moldagem e registro de referências anatômicas e maxilo-
mandibulares com o intuito de simplificar e abreviar o número de sessões necessárias à
confecção de PTs.
A análise laboratorial in vitro, permitiu evidenciar as excelentes propriedades do
material para fresagem CAD-CAM testado, possibilitando concluir que as resinas pré-
polimerizadas apresentam menor rugosidade superficial, menor adesão de biofilme e
maior resistência à flexão que as resinas impressas. Já em comparação com as resinas de
PMMA termopolimerizada convencionais, a resina fresada por tecnologia CAD-CAM
apresentou menor adesão de biofilme, porém não foram observadas diferenças
significativas para as variáveis rugosidade e resistência. Já as perspectivas de produção
de próteses totais por meio da impressão 3D revelam uma demanda em direção ao
aprimoramento de suas propriedades para permitirem sua indicação para uso de médio e
longo prazo, uma vez que apresentaram baixa resistência à flexão e médias de rugosidade
superficial (Ra) maiores que o limite clinicamente aceitável;
A técnica inovadora apresentada utiliza um aparato capaz de adquirir moldes,
registrar referências anatômicas para a disposição dos dentes e relacionamento maxilo-
mandibular, executar próteses de teste e entregar próteses totais em apenas três consultas,
que atinge viabilidade de ser utilizada tanto pelo fluxo de trabalho convencional quanto
pela tecnologia CAD-CAM. Além de simplificar as técnicas disponíveis, este protocolo
possibilita a produção de próteses totais precisas com tempo de trabalho reduzido. No
entanto, há a necessidade da condução de ensaios clínicos para avaliar a confiabilidade e
reprodutibilidade da técnica proposta sob diferentes condições anatômicas.

106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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119
ANEXO A – ARTIGO: “Physical, Mechanical, and Anti-Biofilm Formation
Properties of CAD-CAM Milled or 3D Printed Denture Base Resins: in Vitro
Analysis” Publicado no Journal of Prosthodontics (2022)2

2
Versão integral disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jopr.13554
Acesso direcionado pelo QR CODE ao lado

120
ANEXO B – Depósito de Pedido Nacional de Patente junto ao INPI

121
122
123
124
ANEXO C – ARTIGO: “Workflow for Complete Dentures Fabrication in Three
Appointments: A Dental Technique” publicado no The Journal of Prosthetic
Dentistry (2021)3

3
Versão integral disponível em:
https://www.thejpd.org/article/S0022-3913(21)00625-9/fulltext
Acesso direcionado pelo QR CODE ao lado

125

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