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CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

ENSINO CLÍNICO DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM EM CONTEXTO HOSPITALAR


HOSPITAL CUF

MARIA JOÃO MOURÃO NOGUEIRA

FICHA DE LEITURA:

CIRURGIA DE COLOCAÇÃO DE PRÓTESE TOTAL DA ANCA E INTERVENÇÕES DE


ENFERMAGEM

Coimbra, 2021
Motivo da pesquisa:

Após o primeiro contacto com o Hospital Cuf, tornou-se evidente que uma das principais
realidades com que nos iríamos confrontar é a existência de cirurgias de colocação de
prótese total da anca (PTA). Posto isto, considerei relevante elaborar uma ficha de leitura
acerca deste tema, uma vez que me suscitou interesse e curiosidade, com vista a adquirir
conhecimento para a minha vida pessoa e académica.

Síntese

Prótese total da anca

A colocação de prótese total da anca não só proporciona alívio da dor como também o
ganho de amplitude de movimento e, melhoria das funções nos quadros de degeneração
articular grave. A PTA é a substituição da articulação coxofemoral por matéria artificial.
A prótese é formada por duas peças, uma substitui a cabeça do fémur e a outra o acetábulo.
(P. Leite & D. Soares, 2018)

A PTA pode ser concebida a partir de metal, cerâmica ou polietileno e metal, sendo que
as superfícies articulares podem ser de metal-metal, cerâmica-cerâmica, cerâmica-
polietileno ou metal- polietileno. (V. Barbosa, 2015)

Metal/Metal - apresenta uma articulação com pouco desgaste, sem risco de fratura,
permitindo maiores diâmetros. É indicado para pacientes jovens e ativos. No entanto,
problemas inesperados de reações alérgicas a partículas provocam desgaste do metal.

Cerâmica/Cerâmica - é articulação que tem menor desgaste e a mais tolerada, sendo que
não apresenta reações. As atuais cerâmicas apresentam um risco de fratura diminuído e
apresentam uns dos ângulos mais resistentes. Atualmente existem próteses cerâmica-
cerâmica com grandes diâmetros.

Metal/Polietileno - articulação muito conhecida e utilizada mas o organismo reage a


médio prazo por um processo de reação ao corpo estranho que provoca reabsorção óssea
e perda de fixação dos implantes, comprometendo seriamente no futuro a Revisão de
Prótese Total da Anca. Atualmente a indústria oferece-nos material de polietileno de
maior resistência ao desgaste, continuando no entanto a taxa de desgaste superior às
próteses de polietileno/cerâmica.

Relativamente à fixação, a PTA pode ser cimentada ou não cimentada, sendo que o fator
de escolha são as características da articulação, a idade, o peso, entre outros. De acordo
com a DGS, a prótese cimentada implica a utilização de um cimento que assegura a
fixação do implante ao osso, sendo que a não cimentada é ajustada ao osso, sendo que é
ralizada uma fixação secundária , esta é feita pelo próprio organismo.

O plano de reabilitação de enfermagem no pós-operatório depende da via de abordagem.


Se a PTA for realizada por via anterior, os músculos adutores e rotadores internos
encontram-se afetados logo, o utente não deverá realizar movimentos de rotação externa,
extensão ou abdução, caso a via seja posterior, os músculos abdutores e rotadores
externos encontram se comprometidos e o utente não deverá realizar movimentos de
rotação interna, flexão ou adução. (F. M. M. Carvalho, Pereira, & Martins, 2003).

Cuidados de enfermagem no pré-operatório

No período pré-operatório é dever o enfermeiro, informar e esclarecer relativamente ao


procedimento cirúrgico, e os cuidados necessários que o utente deve ter no período pós-
operatório. Assim cabe ao enfermeiro objetivar a capacitação da pessoa e dar inicio à
preparação da alta para o domicílio. (Violante, 2014)

Cuidados de enfermagem no pós-operatório

O pós-operatório pode ter início no dia da cirurgia ou no primeiro dia após a mesma,
sendo o fator definitivo a tolerância à dor do utente.

Os planos de cuidados de enfermagem têm por base os protocolos existentes nos serviços,
com a devida adaptação ao tipo de doente, ajustando ao estado de saúde atual do utente.
O planeamento e a implementação dos exercícios têm como objetivo facilitar a
recuperação do utente e minimizar as limitações motoras do mesmo.

Posto isto, de acordo com os autores o utente deverá realizar programa com exercícios de
força muscular, amplitude articular, equilíbrio/marcha e amplitude articular/força
muscular, com recurso a exercícios isotónicos e isométricos, mobilizações passivas,
ativas-assistidas e ativas-resistidas. Assim como exercícios de fortalecimento dos
rotadores, sentar e levantar, flexão e extensão do joelho, treino de marcha e transposição
de obstáculos. (Santos, 2019)

No momento da alta é fundamental que o utente possua conhecimentos acerca das


precauções a ter com a sua prótese. Relativamente à mobilização o utente não deve
realizar flexão da anca acima dos 90º, nem adução acima da linha média do corpo. O
utente deve ter conhecimento acerca dos posicionamentos para obtenção de uma
mobilidade funcional correta, nomeadamente a posição para dormir e para posição de
sentar/ levantar, bem como o conhecimento acerca do ajuste da técnica de posicionamento
no que se refere à realização de AVD ́s. A pessoa deve tornar-se independente no que se
refere às transferências e ao programa de exercícios de fortalecimento muscular, em
termos de marcha e utilização de dispositivos/produtos de apoio. (Santos, 2019)
Os ensinos pós-operatório devem ter em conta os protocolos de cada serviço/hospital,
posto isto, observei o protocolo imposto no Hospital Cuf e realizei um modelo de um
panfleto.
Referências Bibliográficas
Barbosa, V. L. (dezembro de 2015). Estudo do comportamento tribológico de materiais
compósitos à base de titânio reforçado com partículas cerâmicas para aplicação
em implantes articulares.
Santos, M. d. (Janeiro de 2019). Prótese Total da Anca: Efetividade e um programa de
Reabilitação. Viseu: Instituto Politécnico de Viseu.
Violante, A. P. (2014). Efetividade de Ensino Pré Operatório em Doentes Submetidos a
Artroplastia Total da Anca. Coimbra: Escola Superior de Enfermagem de
Coimbra.

Yang, L., Wang, X.-M., Zuo, X.-L., Gong, S.-Q., & Meng, F.-J. (2016). Systematic
evaluation of the clinical nursing pathway with the GRADE approach applied to
functional exercise in patients with hip replacements before and after surgery. Chinese
Nursing Research, 3(4), 185–193. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.cnre.2016.11.008

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