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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JUDAS TADEU – CAMPUS UNIMONTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – CURSO PSICOLOGIA

JESSICA RAYANNE DA SILVA


KAROLAINY BRITO DOS SANTOS
NÁDIA FERNANDA GRABOWSKI
SABRINA SILVA ALVES

AS CONSEQUÊNCIAS DO DIAGNÓSTICO TARDIO DO TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA

Santos
2023
JESSICA RAYANNE DA SILVA
KAROLAINY BRITO DOS SANTOS
NÁDIA FERNANDA GRABOWSKI
SABRINA SILVA ALVES

AS CONSEQUÊNCIAS DO DIAGNÓSTICO TARDIO DO TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de graduação em Psicologia do Centro
Universitário São Judas - Campus Unimonte como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Psicologia

Orientadora: Profa. Vanessa Monteiro Bizzo Lobo, Me.

Santos
2023
JESSICA RAYANNE DA SILVA
KAROLAINY BRITO DOS SANTOS
NÁDIA FERNANDA GRABOWSKI
SABRINA SILVA ALVES

AS CONSEQUÊNCIAS DO DIAGNÓSTICO TARDIO DO TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de graduação em Psicologia do Centro
Universitário São Judas - Campus Unimonte como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Psicologia

Santos, 05 de dezembro de 2023.

BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. e Orientador: Vanessa Monteiro Bizzo Lobo, Me
Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte
__________________________________
Prof. (Ana Maria Melo e Souza, Doutora)
Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte
__________________________________
Prof. (Roseine Fortes Patella, Mestre)
Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte
Dedicamos este trabalho a todas as pessoas que têm coragem
de olhar para dentro de si, enfrentar seus medos e buscar o
crescimento pessoal. A vocês, que compreendem a importância
da Psicologia como uma ferramenta para a autodescoberta e
transformação, meu sincero reconhecimento. Que este trabalho
possa contribuir para a ampliação do conhecimento em
psicologia e trazer luz e esperança para aqueles que
buscam uma vida mais plena e significativa. Esta dedicação é
para todos nós, que acreditamos no poder da mente e no
potencial de crescimento humano.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, а Deus, que fez com que os objetivos fossem alcançados, durante
todos os meus anos de estudos.
Aos nossos pais, que nos incentivaram nos momentos difíceis, por todo o apoio e
ajuda, que muitos contribuíram para a realização deste trabalho.
Aos nossos amigos, que sempre estiveram ao nosso lado, pelo apoio demonstrado
ao longo de todo o período de tempo em que nos dedicamos a este trabalho.
Nossos colegas de turma, por compartilharem conosco tantos momentos de
descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.
A todos os professores, em especial a Vanessa Lobo, Ana Melo, Danilo Briscese e
Roseine Patella que foram essenciais e nos permitiram apresentar um melhor
desempenho no nosso processo de formação profissional ao longo do curso.
Aos professores que compõem a banca examinadora, que dedicaram tempo e
conhecimentos durante toda nossa jornada acadêmica, mas, principalmente nessa
crucial etapa de conclusão. Este trabalho é o resultado de um esforço coletivo, e o
apoio oferecido por todos vocês foram fundamentais para o seu êxito.
Em memoria professor Marcão, cujo seus ensinamentos continuarão a guiar nosso
caminho no futuro.
A instituição, que foi essencial no nosso processo de formação profissional, pela
dedicação, e por tudo o que aprendemos ao longo dos anos do curso.
A todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, para a realização deste trabalho.
RESUMO

O diagnóstico precoce do Transtorno do espectro autista tem sido amplamente


reconhecido como uma peça fundamental para fornecer suporte e intervenções
adequadas a indivíduos com autismo. No entanto, o diagnóstico tardio do autismo, ou
seja, quando ocorre após a infância ou adolescência, pode acarretar uma série de
desafios e consequências significativas nas vidas das pessoas afetadas.
Compreender e explorar as consequências do diagnóstico tardio do autismo é
essencial para melhorar a qualidade de vida e o suporte oferecido a esses indivíduos.
A presente pesquisa teve por objetivo estudar e identificar as consequências
causadas através de um diagnóstico tardio do autismo, e através dos dados coletados,
contribuir com os profissionais envolvidos no diagnóstico do TEA. Para elaboração da
presente pesquisa foi utilizado o método de pesquisa qualitativa, tendo como
ferramenta de apoio a coleta de dados não quantitativos, como análise de
documentos, pesquisas bibliográficas e observações.
A partir dos estudos selecionados nota-se que, por ser associado à infância, existem
poucas pesquisas sobre o TEA direcionados à população adulta. Assim, muitas
pessoas passam grande parte da vida com os sintomas do transtorno, mas sem
receber o diagnóstico. Isso desencadeia prejuízos e impossibilita o indivíduo de
buscar intervenções para melhoria de sua qualidade de vida. Após essa revisão
ressalta-se a importância do diagnóstico precoce do TEA e da criação de novos
estudos sobre o tema, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população
com o transtorno, bem como o alívio dos sintomas que, muitas vezes, se agravam
devido à falta de tratamentos específicos.

Palavras-chave: Autismo. Diagnóstico tardio. Consequências.


ABSTRACT

The early diagnosis of Autism dysmorphology measure has been widely recognized
as a fundamental part of providing appropriate support and interventions to autistic
individuals. However, late diagnosis of autism, during childhood or after adolescence,
it can cause a series of challenges and significant impacts on the lives of those
affected. Understanding and exploring the impact of late autism diagnosis is essential
to improving the quality of life and support offered to these individuals. The present
research aimed to study and identify the impacts caused by a late diagnosis of autism,
and through the data collected, contribute to professionals involved in the diagnosis of
ASD. To prepare this research, the qualitative research method was used, with the
collection of non-quantitative data as a support tool, such as document analysis,
bibliographic research and observations. From the selected studies, it is noted that, as
it is associated with childhood, there is little research on ASD aimed at the adult
population. Thus, many people spend a large part of their lives with symptoms of the
disorder, but without receiving a diagnosis. This triggers losses and makes it
impossible for the individual to seek interventions to improve their quality of life. After
this review, the importance of early diagnosis of ASD and the creation of new studies
on the subject is highlighted, with the aim of improving the quality of life of the
population with the disorder, as well as relieving symptoms that, often, are worsen due
to the lack of specific treatments.

Keywords: Autism. Late diagnosis. Consequences.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8
2 OBJETIVOS ............................................................................................ 10
2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 10
3 METODOLOGIA ..................................................................................... 11
3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................... 11
3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................ 11
3.3 PRCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS .......................................... 11
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................. 15
4.1 CONSEQUÊNCIAS DO DIAGÓSTICO TARDIO ..................................... 15
4.2 DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO TARDIO DO TEA ......................... 17
4.3 VANTAGENS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE ....................................... 22
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 26
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 28
8

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) transcende suas definições clínicas


para se revelar como uma intricada tapeçaria de experiências individuais. Em seus
matizes, o TEA abraça uma diversidade de manifestações e gravidades, tornando
cada trajetória única e singular. O diagnóstico precoce desempenha um papel crucial,
servindo como elos fundamentais para a implementação de intervenções adaptadas
e o estabelecimento de um suporte vital aos indivíduos que enfrentam o TEA.
Analisar e diagnosticar uma pessoa com autismo depende de uma junção de
estudos e exames clínicos e neurológicos, uma vez que as pessoas com TEA podem
possuir características diferentes na maneira de se portar e executar suas atividades
diárias. Segundo Garcia, Oliveira, Menegat e Oliveira (2022), o paciente com autismo
pode sofrer prejuízos de auto-estima desde a infância, devido ao não entendimento
de suas limitações. Quando mais cedo se conclui o diagnóstico, maiores as chances
de, no caso da criança, poder viver sua vida da maneira mais natural possível.
Segundo Bialer e Voltolini (2022), é necessário abarcar maneiras diferentes de
se lidar com a diferença de se viver com o outro, na sua alteridade. Ou seja, enxergar
e acolher o adulto com autismo como uma pessoa passível de viver uma vida normal
e feliz. Ainda segundo Bialer e Voltolini (2022) essa é uma tentativa de melhor acolher
e normalizar.
Quando o diagnóstico acontece na fase adulta da vida, maiores são os
desafios e a aceitação do indivíduo e do seu círculo social que, por muitas vezes, não
compreende o fato de uma pessoa na vida adulta receber esse diagnóstico. Segundo
Santos, Fusari, Thomes e Rios (2013) é característico do comportamento das pessoas
com autismo não socializar com pessoas ao seu redor, o que pode causar prejuízos
significativos nas relações interpessoais. Com essas características, o
acompanhamento passa a ser necessário de maneira mais intensa e efetiva, uma vez
que o adulto já possui sua visão de vida, hábitos e cotidiano embasados na rotina que
possui, seja ela profissional ou pessoal, e, ao início de um novo tratamento após o
diagnóstico, a sua forma de ver a vida e as pessoas ao seu redor pode passar por
grandes transformações. Sejam elas desafiadoras ou esclarecedoras.
A pesquisa então busca descrever os fatores associados ao diagnóstico tardio
do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a repercussão social desse atraso na
9

população jovem e adulta. A realização do diagnóstico precoce do TEA é importante


pois favorece a orientação e aceitação dos pais e a implantação de medidas
intervencionistas precoces, que auxiliam na diminuição das consequências do
transtorno, sendo que o menor tempo para adoção dessas medidas relaciona-se a um
melhor prognóstico. Dessa forma, o diagnóstico tardio desencadeia inúmeros
prejuízos cognitivos e maior incidência de transtornos de humor e ansiedade.
O objetivo da pesquisa é estudar e identificar as consequências causadas
através de um diagnóstico tardio do autismo, e através dos dados coletados, contribuir
com os profissionais envolvidos no diagnóstico do TEA.
10

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar as consequências do diagnóstico tardio do transtorno do espectro


autista para propagação da informação e importância do diagnóstico precoce, visto as
consequências causadas aos indivíduos TEA.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Apresentar os fatores associados ao diagnóstico tardio.


● Analisar os desafios enfrentados por pessoas com autismo que receberam
o diagnóstico tardio.
● Reconhecer a importância do diagnóstico precoce.
11

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

A Pesquisa será realizada através de artigos científicos que abordam o tema


de forma específica e direta, tais como, descoberta tardia do TEA, a influência do
diagnóstico tardio em adultos e suas repercussões no contexto das relações
familiares.
Analisar embasamento teórico em referências bibliográficas que relatam a
importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista.
Os trechos que serão discorridos nesta pesquisa serão retirados de artigos
científicos e referências bibliográficas já existentes e especializadas no tema proposto.

3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para seleção foram escolhidos os artigos que se encontravam dentro do


período de 2000 a 2023 e que continham as palavras-chave pesquisadas. Esse
período foi escolhido por se tratar de uma fase importante para o tema estudado pois
se tratando de um assunto mais recente, existe a necessidade de trabalhar com um
curto espaço temporal, porém, que não fosse prejudicial para os estudos. Foram
excluídos os materiais que não tivessem relação com a psicologia ou que estivessem
fora do período definido.
Foi realizado o levantamento bibliográfico disponível de diversos autores e seus
estudos. A referida análise surgiu para desenvolver, modificar e ampliar os
conhecimentos sobre o tema visando a comparação de ideias levantadas pelos
autores através de subsídios teóricos.
A definição de instrumento da coleta de dados vai depender dos objetivos que
pretende alcançar com a pesquisa que pode ser padronizada ou estruturada a qual se
caracteriza por possuir um roteiro previamente estabelecidos, a coleta de dados está
relacionada com o problema da pesquisa, e pôr fim a obtenção dos dados para que
os objetivos propostos na pesquisa possam ser alcançados.

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS


12

A análise relatada, foi levantada por meio de pesquisa bibliográfica com busca
em livros, artigos científicos e meios eletrônicos, trazendo como tema norteador deste
trabalho, um estudo sobre as consequências do diagnóstico tardio do autismo.
Por se tratar de um assunto recente, há poucos estudos sobre o tema. Mas
após a análise dos estudos foi identificado que as diferenças de gênero também
têm influência no diagnóstico visto que as mulheres o recebem em idade mais
avançada, tal fato pode ser explicado por comportamentos sociais do gênero feminino,
como melhor comunicação, comportamento mais ativo e interesses menos
excêntricos (NALIN, MATOS, VIEIRA 2022).
Além disso, um diagnóstico do transtorno pode ser perdido se os médicos
ignorarem os sintomas e não conseguirem diagnosticar um indivíduo ainda na fase
infantil.
Dessa forma, o diagnóstico do autismo é uma situação que desencadeia
alterações na vida da família e do indivíduo, constituindo uma situação que repercute
na mudança da rotina diária, na readaptação de papéis e ocasiona efeitos diversos no
âmbito ocupacional, financeiro e das relações familiares. Porém, a ausência desse
momento impactará ainda mais o paciente ao decorrer dos anos, visto que ao receber
o diagnóstico precoce do TEA ampliam-se as chances de desenvolvimento dos
aspectos motores, cognitivos e sociais.
Quadro 01 – artigos selecionados

Tipo de Ano de
Nome do Autor Publicação Publicação Título Assunto Tratado

Rocha, V. P., da Cruz,


A. V. C., Ferreira, C. A.
C. de C., Barbosa, A.
B., Brandão, L. L., Diagnóstico tardio de as consequências
Lima, P. L. S., Silva, R. Transtorno do Espectro sociais e clínicos do
O., & Vasconcelos Autista e seus impactos diagnóstico tardio do
Filho, J. C. Artigo 2023 sociais e clínicos TEA
13

Tipo de Ano de
Nome do Autor Publicação Publicação Título Assunto Tratado

Manual Diagnóstico e
Associação Estatístico de Manual de
Psiquiátrica Americana Transtornos Mentais (5ª diagnóstico para
(APA) Livro 2013 ed.) transtornos mentais

Impactos do diagnóstico
NALIN, L. M.; MATOS, tardio do transtorno do As consequências do
B. A. de.; VIEIRA, G. espectro autista em diagnóstico tardio do
G. .; ORSOLIN, P. C. Artigo 2022 adultos TEA em adultos

Transtorno do espectro
autista: impactos do
diagnóstico e suas As consequências do
repercussões no diagnóstico tardio do
Catarros, J., & contexto das relações TEA nas relações
Soldera, P. E. S. Artigo 2022 familiares familiares

Estimulação
Estimulação cognitiva cognitiva em
TAVARES, G. Livro 2020 no TEA crianças com TEA

A clínica psiquiátrica da Clínica psiquiátrica


Bercherie, P. Livro 2001 criança infantil

História da
BIANCHI, V. A; A Construção Histórica construção do
ABRÃO, J. L. F. Artigo 2023 do Autismo conceito de autismo
14

Tipo de Ano de
Nome do Autor Publicação Publicação Título Assunto Tratado

Autismo, Narrativas Narrativas maternas


Maternas e Ativismo dos e ativismo em
ABPEE, A. B. P. E. E. Artigo 2020 Anos 1970 a 2008 relação ao autismo

Transtorno do Espectro
Autista – História da História da
Construção de um construção do
MAS, N. A. Livro 2018 Diagnóstico diagnóstico do TEA

Autismo: Descoberta
tardia, importância da As consequências do
Terapia Cognitivo diagnóstico tardio do
Comportamental na TEA e terapia
LOBATO, M. F; Intervenção cognitivo-
MARTINSM, M. G. T. Artigo 2020 Psicoterapêutica comportamental

SANTOS, R. C; As Consequências do Consequências do


FUSARI, D. B. P; Reconhecimento Tardio diagnóstico tardio
THOMES, I. B; RIOS, Data não para o Portador da para portadores de
M. C. Artigo especificada Síndrome do Autismo autismo
15

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 CONSEQUÊNCIAS DO DIAGNÓSTICO TARDIO

Um adulto diagnosticado com autismo tardiamente tem diversas nuances da


vida afetadas, entre elas tendo como principal a aceitação de sua condição e a
resposta satisfatória ao acompanhamento e tratamento adequado a cada quadro.
Sendo o autismo um transtorno de início precoce e curso crônico, segundo Brune
(2006, apud, Santos; C, Fusari, D; Thomes, I, Rios, M, 2013) com consequências
variáveis em áreas múltiplas e nucleares do desenvolvimento é caracterizado por
prejuízos na interação e na comunicação social, com restrita gama de interesses,
padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados e maneirismos.
Segundo Mas (2018), os Transtornos do Espectro Autista têm diferentes graus
e pode manifestar-se desde a primeira infância, no entanto, as características e
desenvolvimento peculiares podem a princípio serem confundidos com personalidade
forte, com a individualidade peculiar, e assim, esse indivíduo vai crescendo e
amadurecendo, potencializando as características que já eram originárias do TEA,
levando à vida adulta um convívio com limitações e falta de compreensão.
Atualmente, os meios de comunicação divulgam cada vez mais a importância
do diagnóstico precoce e após descoberto e o tratamento adequado implementado, a
pessoa pode levar assim uma vida normal, livre de privações e olhares julgadores da
sociedade.
O adulto que recebe o diagnóstico tardio além de lidar com a própria aceitação
de compreender que necessita de apoio e tratamento adequado para poder ter uma
vida como a de qualquer outra pessoa, ainda precisa lidar com o olhar da sociedade
que, infelizmente, em pleno século XXI, ainda não está preparada para inserir o
indivíduo em sociedade de maneira natural. Segundo Santos, Fusari, Thomes e Rios
(2013) é de suma importância que pessoa com autismo seja acompanhada por
profissionais capacitados e que o seu círculo social e familiares seja orientado a
promover seu bem-estar, respeitando sua individualidade. Segundo Garcia, K;
Oliveira, J; Menegat, C e Oliveira, D (2022), a parceria da família é crucial no momento
do diagnóstico do autismo na fase infantil e principalmente na adulta, na qual o apoio
16

da mãe, irmãos, e familiares próximos que formam uma rede de apoio que sempre
fortalece as dificuldades, em junção ao processo terapêutico.
Quanto mais velho for o indivíduo, mais vínculos ele terá desfeito devido a não
compreensão de suas peculiaridades pelas demais pessoas, como a
hipersensibilidade a sons altos, movimentos repetitivos, ou a linguagem direta sem
rodeios, características muitos presentes em pessoas com TEA. E quando o
diagnóstico é recebido e o adulto aceita e contribui para seu acompanhamento e
tratamento da maneira mais eficaz possível, ainda existem pessoas que não aceitam
o fato de uma pessoa próxima a eles ter o diagnóstico do TEA. Segundo Garcia, K;
Oliveira, J; Menegat, C e Oliveira, D (2022) é necessário o início de reflexões para
entender a partir de suas experiências e o conhecimento sobre as características do
autismo, para assim ressignificar sua história.
Quando o adulto com autismo chega com o diagnóstico formado para a família,
em algumas felizmente ocorre o acolhimento e incentivo ao tratamento e
acompanhamento mais adequado, porém, existe o outro viés de quando a família
insiste em provar que ela não é uma pessoa com autismo, e sim somente alguém
mais reservada, tímida e reclusa, e ainda usando a justificativa de que pessoas com
TEA não conseguem casar, constituir família e gerenciar empresas, como se tivessem
que ter uma característica físicas que a denomina como uma pessoa com autismo.
Seria como se fosse uma espécie de invalidação que vai de confronto com a validação
que aquele adulto tanto precisava para entender e justificar o porquê de tantas
peculiaridades e incômodos durante toda a sua infância e parte da vida adulta.
Segundo Bittencourt (2018), em um dos relatos coletados em sua pesquisa sobre o
tema, um jovem com TEA aponta a obsessão pelo sucesso o esforço para enfrentar
o TEA, alegando sempre perceber desde a escola a diferença perante o mesmo e
seus colegas, e dificuldade de socialização e amizades. Receber o diagnóstico de
autismo pode ser chocante, mas, é em contrapartida, libertador, pois, o adulto entende
que toda aquela incerteza que viveu por anos agora poderá ser justificada,
compreendida e tratada através do diagnóstico, é como se a incerteza de uma vida
de privações emocionais e físicas fossem solucionadas, trazendo de volta à vida
dessas pessoas a dignidade humana.
A descoberta tardia do autismo traz uma série de descobertas, justificativas,
validações e invalidações, mas, muito maior do que o julgamento e a compreensão
17

ou não da sociedade com esse adulto recém descoberto com o TEA, é ele ter a
oportunidade de poder explorar sua vida agora com uma nova paleta de cores, é
compreender que possuir limitações não o retira do convívio promissor e equilibrado
em sociedade, é ter em mente que mesmo possuindo o transtorno, é possível
trabalhar, se relacionar afetivamente com outras pessoas, progredir em sua carreira,
praticar esportes, ter momentos de lazer, como pessoas que não apresentam
sintomas do TEA. O diagnóstico tardio mantém a pessoa presa por anos em
questionamentos e incertezas de quem ela realmente é, se suas atitudes estão de
acordo com o que ela realmente sente, em situações que são forçadas para que se
enquadre no padrão de sociedade ideal, e com o diagnóstico preciso um mundo de
possibilidades surge, mundo esse que haverá obstáculos, mas, com certeza a
perseverança de ter uma vida livre de medos e limitações falará mais alto.

4.2 DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO TARDIO DO TEA

O Transtorno do Espectro Autista atualmente é um tema bastante abordado por


diferentes estudiosos, sejam eles atuantes da área da Psicologia como correlatas.
Cada vez mais, o assunto é discutido de forma que possa ser esclarecido que: O TEA
sempre esteve presente em parte da população brasileira e mundial, desde as mais
antigas décadas, no entanto, por ser um tema abordado atualmente sem tabus, muitas
pessoas têm a visão de que hoje o Transtorno do Espectro Autista é mais comum, e
que antigamente, segundo Abraão, J e Bianchi, V (2023) na década de 60, 70, por
exemplo, era uma doença que pudesse ser curada. O fato de os estudiosos poderem
abordar, desmiuçar e esclarecer as características do TEA de forma clara e concisa
faz com que tanto crianças como adultos possam ser reconhecidos como pessoas
amplamente aptas a terem uma vida normal, exercerem suas atividades respeitando
suas limitações, mas, ao mesmo tempo, propondo-lhes novos desafios em suas vidas
e carreiras que assim desejem seguir. Segundo Abraão, J e Bianchi, V (2023) na
década de 60, 70, são necessários estudos que investiguem não somente as
deficiências, mas também as competências sociais desses indivíduos.
Importante ressaltar que o objetivo desta pesquisa é analisar as consequências
do diagnóstico tardio do autismo, mas, para que seja possível compreender e analisar
18

as consequências desse diagnóstico, é necessário entender como ele era


historicamente falando.
Até meados de 1800, o autismo era visto como loucura, histeria, uma criança
com características do TEA era vista como anormal, e, era excluída do convívio social
com outras crianças (BIANCHI, VILMA; ABRÃO, JORGE. 2023).
Segundo Abraão e Bianchi (2023), somente no ano de 1845 iniciou uma suave
mudança entre a forma de enxergar as pessoas com autismo, e com a junção da
Psiquiatria com a Pedagogia, proporcionaram um novo olhar em relação a
possibilidade do tratamento e o prognóstico de doença mental foi instituído, diferente
de demência, como eram relacionados anteriormente.
Até que o diagnóstico de autismo fosse compreendido como um transtorno com
diferentes níveis de déficits, hiperatividade, controle emocional e cognitivo, o olhar
clínico ainda era algo generalista, como menciona Abraão e Bianchi (2023, p.12):

Estamos diante de uma classificação tão generalista em sua descrição, que


é capaz de englobar a maior parte de sinais problemáticos vindos de crianças
– relacionamentos e interesses restritos, fala ausente ou precária,
comunicação não verbal deficitária.

Segundo Abraão e Bianchi (2023) a partir deste marco, até meados do século
XX, a clínica psiquiátrica se transforma em um local de trabalho com adultos ou
crianças, entendendo que o transtorno do espectro autista, antes visto como loucura,
poderia ser acompanhado e oferecidas maneiras de tratamentos e controle,
analisando os graus a que a pessoa pertencia.
É possível observar a mudança na maneira de analisar e diagnosticar a criança
e adolescente que apresente sintomas de algum tipo de transtorno com a
diferenciação entre as formas congênitas observadas nos primeiros anos de vida,
conforme menciona Abraão e Bianchi a seguir (2023, p.8):

A busca de um denominador comum entre os transtornos das infâncias e


adolescência e dos adultos significaria que, a partir desse momento, as
crianças desadaptadas estariam sendo diagnosticadas sob os nomes de:
mania, excitação, depressão, melancolia, obsessão, fobia, alucinação,
delírio, loucura moral (perversão) e neurose (histeria, epilepsia, coréia,
tiques). A diferenciação no campo do retardamento entre as formas
congênitas e as adquiridas nos primeiros anos de vida, as demências infantis,
aparece nesse momento. Poder incluir no campo clínico o problema
etiológico, como vimos desde Esquirol, foi essencial para que questões
19

conceituais sobre os “transtornos mentais” avançassem, culminando, por


exemplo, em novas classificações nosológicas, como a de demências
precocíssimas.

Mas, isso não quer dizer que as crianças e adultos passaram a receber
acompanhamento adequado e toda essa questão se resolveu, e sim que foi um
pontapé inicial para compreender que aquelas pessoas que possuíam características
diferentes do habitual, psicológica e neurologicamente falando, e passariam a serem
reconhecidas como pessoas com doença mental e não histéricos.
No Brasil, entre as décadas de 1970 e 1980 o diagnóstico do autismo era raro
entre os profissionais da área, os poucos que reconheciam o autismo como
diagnóstico, o associavam à má maternidade (ABPEE, 2020).
Permanecendo na linha de raciocínio de 1845 de Abraão e Bianchi (2023), com
essa primeira barreira sendo ultrapassada, isto é, entendendo-se que crianças e
adultos têm o Transtorno do Espectro Autista, uma nova longa caminhada estava
prestes a iniciar e essa estender-se-ia até os dias atuais: Segundo Linhares (2012
apud autor Lobato, M, Martins, Maria, 2005 p.5) o termo autismo foi utilizado pela
primeira vez pelo psiquiatra austríaco Eugen Bleuler em 1911 para referir a um dos
critérios adotados em sua época para a realização de um diagnóstico de
Esquizofrenia. Dessa forma, entende-se a dificuldade em identificar, diagnosticar, e
buscar compreensão e tratamento de pessoas que possuem o TEA, mas, que o
descobrem somente na fase já adulta. Como seria a aceitação desses adultos em
receber o diagnóstico do TEA, se aceitariam o tratamento e acompanhamento
adequado, se estariam dispostos a entender e aceitar que possuem o TEA, se eles
entenderam que necessitam de atenção e cuidados específicos de acordo com a
categoria que estão, como explica Bianchi e Abrão (2023, p.15):

O estudo na área do autismo, desde as primeiras considerações feitas por


Kanner (1943) até as mais recentes reformulações em termos de
classificação e compreensão dessa síndrome, tem sido permeado por
controvérsias quanto a sua etiologia. Historicamente, reivindicações a
respeito da natureza do déficit considerado primário (inato x ambiental) têm
constituído os principais postulados das teorias psicológicas sobre o autismo.
A questão da introdução de uma categoria tão abrangente, espectral, não é
uma questão que fica bem explicada no percurso de leitura dos manuais, mas
é de extrema importância de ser compreendida com maiores detalhes acerca
da origem e outras informações que auxiliam a entender como foi seu
percurso até o DSM-5.
20

Trazendo para os dias atuais, no ano de 2023 foi divulgado até nos canais
televisivos artistas se descobrindo e falando publicamente sobre ter descoberto o TEA
já na fase adulta, e isso não deixa de ser uma forma de incentivo às pessoas o qual
desconfiam que possam ter o transtorno, busquem ajuda clínica necessária com
Psicólogos, Psiquiatras e Neurologistas da área para que seja avaliada a sua situação.
Compreendendo de maneira breve e concisa como foi o contexto histórico com
ênfase no Brasil desde a quebra de paradigmas entre a demência e histeria e
posteriormente o reconhecimento do TEA, é possível aprofundar as consequências
que a descoberta tardia do autismo causa na vida dos adultos.
O autismo é um transtorno que necessita de estudo e acompanhamento
constante, pois, os graus existentes podem alternar-se e fundir-se, por isso, não há e
nunca existirá um diagnóstico concreto de um único tipo de autismo, pois, mesmo os
diagnosticados, apresentam comportamentos diferentes dependendo da situação que
são expostos, como menciona Abrão e Bianchi (2023 p.16):

O autismo é uma temática altamente chamativa, pois mesmo com os estudos


realizados até o momento, sua abordagem continua a desafiar profissionais
de diferentes áreas. Há a necessidade de empenho a fim de compreender
fenômenos relacionados ao autismo em que existe pouca explanação e
esclarecimento.
Há uma expansão considerável de pesquisas sobre os aspectos sociais e
cognitivos na área do autismo. Entretanto, uma interpretação única e final do
conhecimento acumulado ao longo dos anos permanece impossível por
várias razões. Primeiro, os diferentes achados ainda não cobrem toda a
extensão de diferenças individuais ao longo do espectro, embora tenham
contribuído para desmistificar, em parte, a ideia caricaturizada de um
indivíduo com autismo.
São necessários mais estudos que investiguem não somente as deficiências,
mas também as competências sociais destes indivíduos. Pensa-se que o
conhecimento acerca dessas diferenças possa ter implicações para a
identificação precoce da síndrome, visto que as crianças autistas mais
competentes são as que mais demoram a receber tal diagnóstico.

Segundo Lobato e Teles (2020), o autismo se caracteriza pelo desenvolvimento


diferente do habitual, ou seja, de maneira desordenada, lenta ou alterada, de forma
que a pessoa com autismo apresenta prejuízos na socialização, comportamento físico
e emocional de maneira repetitiva, e focalizado. O autismo, também chamado de
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado em quadro clínico, não existe
21

um exame específico que faça o diagnóstico, e sim uma série de análises de testes e
mapeamentos.
Pensando numa situação hipotética: Um homem, por volta de 40 anos, que, em
mais da metade de sua vida, sempre foi uma pessoa reservada, discreta, não teve
muitos amigos. Esse mesmo adulto nunca gostou de frequentar festas. Só que esse
adulto quando era criança ia obrigado pelos pais a festas com muitas pessoas e
música muito alta, ele sentia um medo, um desconforto, uma angústia que o fazia
querer se isolar daquele lugar, procurando abrigo num canto onde tivesse
tranquilidade e estivesse longe de todas aquelas pessoas e barulho ensurdecedor. A
vida dessa criança foi passando, as baladas da adolescência, regadas à música e
pessoas dançando próximas umas das outras eram desesperadoras. Mas ele ia
porque era “tímido e tinha que enfrentar seus desafios”. Já na fase adulta ele arruma
bom emprego, mas, não consegue se relacionar com a equipe de maneira natural e
tranquila, os almoços com turmas grandes eram devastadores. Ele tem “manias”
repetitivas que seus colegas de trabalho não entendem e fazem chacota, por que você
faz sempre esse movimento com os dedos? Perguntavam. É mania, respondia,
sempre sem graça. Um dia, esse adulto lê um artigo que relata o depoimento de
pessoas com autismo que descobriram o transtorno após a fase adulta e uma
explosão de dúvidas e questionamentos aflora em sua mente. Essa pessoa decide
procurar ajuda neurológica e psicológica para avaliação do seu caso. Conclusão: Ele
era um homem com Transtorno do Espectro Autista.
Uma situação como essa é mais comum do que imaginam, as consequências
de um adulto que recebe o diagnóstico do transtorno do espectro autista é uma linha
tênue entre o alívio de saber que seus amedrontantes, suas limitações e inseguranças
se davam pelo transtorno, ou, a revolta de ter o diagnóstico de que possui um
transtorno e agora precisará de cuidados e tratamentos específicos.
O adulto que recebe o diagnóstico tardio do autismo necessita de apoio
psicológico específico para além de compreender a necessidade da iniciação de seu
tratamento em específico, ele possa aceitar que possui o transtorno e que com o
tratamento adequado de acordo o grau que possui, poderá exercer suas atividades
sem prejuízo psicológico ou laborativa. Segundo Santos, Fusari, Thomes e Rios
(2023) a demora no processo de diagnóstico é prejudicial ao tratamento.
22

Analisando a importância do diagnóstico do autismo de maneira precoce, a


possibilidade de o tratamento adequado pode ser iniciado de maneira mais eficaz na
infância, proporcionando efeitos positivos e satisfatórios na vida do indivíduo e no
convívio social com outras pessoas. Segundo Lobato, Martins e Teles, (2020) quanto
mais tardio o diagnóstico, mais tempo esse indivíduo esteve sem tratamento
adequado, mais tempo esteve inerte a suas aflições e traumas, fazendo com que seu
tratamento deva ser mais intenso e aplicado de maneira paciente e gradual. Ainda
explanando as dificuldades encontradas após o diagnóstico tardio de autismo e
amparo, como menciona abaixo a lei 12.764 de 2012, através da narrativa de Lobato,
Martins e Teles (2020 p.13)

Nos últimos anos, o Brasil vivenciou avanços significativos em torno da


questão, sendo a principal delas a sanção da Lei nº 12.764, de 27 de
dezembro de 2012, também conhecida como Lei Berenice Piana. A referida
lei representou um importante marco na história da cidadania da pessoa
autista, por considerá-la, para fins legais, pessoa com deficiência, passando
a adquirir os mesmos direitos legalmente assegurados a tal grupo. Sua
sanção representou uma conquista fruto de uma longa caminhada iniciada na
década de 1980 por mães e pais de autistas.

4.3 VANTAGENS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

Quando uma criança com autismo tem o diagnóstico logo na primeira infância,
o tratamento é iniciado de maneira precoce, o organismo se adapta a medicamentos
e terapias necessárias, proporcionando ao chegar na vida adulta, um reconhecimento
dos seus próprios limites emocionais em determinadas situações. Segundo
Bittencourt (2018) os indivíduos na infância podem em grande maioria possuir
processos de escolarização interrompidos, permeados por esperança, sonhos e
desejos, devido a suas limitações não diagnosticadas. Ainda segundo Bittencourt
(2018) existe a necessidade de reflexão sobre a necessidade de aprofundamento de
pesquisas com os indivíduos na fase adulta. Quanto mais tardio o diagnóstico, o
organismo tem menos tempo para adaptar-se aos tratamentos adequados, com a
junção de uma pessoa adulta que já possui sua própria rotina, seus vícios e suas
privações. Porém, cumpre ressaltar que a pesquisa profunda sobre o autismo é algo
relativamente recente. Analisando, segundo Abraão e Bianchi (2023) que a antiga
demência e histeria foi dando lugar à transtornos mentais, e posteriormente entre
23

outro viés da neurologia e psicologia, descobriu-se o autismo, mas, o estudo


amplamente divulgado e disseminado entre as pessoas pela literatura e meios de
comunicação é recente, e isso facilita o diagnóstico tardio. Segundo Xavier, (2014) o
que embate com essa situação é que grande parte da literatura mostra estudos mais
aprofundados em diagnosticar crianças, sendo uma pequena parte destinada ao
diagnóstico tardio em adultos. Como o diagnóstico infantil é muito mais eficaz e
promissor em resultados positivos ao paciente, grande parte da literatura dedica-se a
esse viés.
Objetivando-se às consequências de um adulto que descobre o transtorno do
espectro autista tardiamente, destaca-se segundo Farias, Lobato e Teles (2020)
menos da metade têm emprego regular, e os que possuem, recebem abaixo de um
salário digno para a função que executam; muitos moram com os pais ou com alguém
que possam lhe dar apoio financeiro e emocional, e possuem altos níveis de
dependência. Ainda segundo Farias, Lobato e Teles (2020) como uma certa
quantidade de pessoas com autismo já na fase adulta permanecem não verbais,
necessitam de alguém que intervenha por eles, pois, suas características em grande
maioria são o déficit de compreensão da linguagem, interpretação de linguagens
corporais, sarcasmo, piadas, com isso, a falta de reciprocidade da sociedade eleva-
se, e têm-se a necessidade de uma figura de apoio emocional, muitas vezes sendo
os pais, irmãos, entre outros parentes próximos, que sabem de sua condição.
No que se refere às dificuldades e prejuízos enfrentados pelo adulto com
autismo, tem destaque, segundo Farias, Martins e Teles (2020) nos adultos que
tiveram um diagnóstico tardio, os prejuízos que podem ser identificados são a
linguagem sem filtro. O indivíduo não tem a ciência de que as palavras expressadas
podem afetar alguém, eles são usuários da linguagem direta, com isso, podem ser
vistos como rudes pelas pessoas em sua volta. Ao serem julgados pela sociedade,
eles tendem a desenvolver comportamento antissocial.
Como menciona abaixo, Lobato, Martins e Teles (2020 p.4), quanto mais a
idade avança, maiores são os comprometimentos relacionados ao desenvolvimento
do cérebro, visto que grande parte de seus mecanismos já estão formados:

Estabeleceu-se a hipótese de que a pessoa com diagnóstico tardio teria


maiores comprometimentos visto que os mecanismos de desenvolvimento do
cérebro já estão formados, deste modo, presumiu-se que, os resultados a
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longo prazo poderiam ser mais complexos. Estimou-se que com a


intervenção da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) poderia haver
resultados significativos com a estimulação através das técnicas intuindo os
ganhos no desenvolvimento das habilidades de socialização e comunicação
reduzindo os sintomas e os prejuízos de desenvolvimento gerados pelo
transtorno [...]Na classificação de transtornos mentais e de comportamento
proposta pelo código internacional de doenças - CID 10, o autismo é
classificado na categoria dos transtornos invasivos do desenvolvimento.

De acordo com Lobato, Martins e Teles (2020) como forma de tratamento eficaz
para o TEA a terapia tem destaque, na qual no contato com o psicólogo o paciente
pode expressar suas frustrações, medos, descobertas de antes e após o diagnóstico
tardio do autismo. A terapia borda de maneira clara e flexível as diversas nuances de
convivência do adulto em sociedade, buscando em suas raízes da infância seus
traumas por ser uma pessoa com autismo e não ter o autoconhecimento, e de sua
vida após a descoberta do diagnóstico e como o tratamento tem influenciado em
melhorias significativas para a melhor convivência do paciente em sociedade.
Outro parâmetro observado é até que ponto toda e qualquer medida lançada
com o intuito de ajuda é real e significativamente válida para o tratamento e estudo do
TEA. De que forma é possível legitimar um estudo de forma eficaz ou julgá-lo como
teorias de senso comum que visam somente lucros rentáveis para seu próprio capital
utilizando de um tema ainda não explorado em sua totalidade, com a imagem de
solução única e final para os “problemas” do transtorno, como menciona a seguir, Mas
(2018, p.99)

Farmacêuticas, escolas, empresas que trabalham com a criação e venda de


materiais de treinamentos ou formação de profissionais, empresas de
entretenimento, por exemplo, lucram com o que poderia ser tratado mais
efetivamente pela via da singularidade, pela via do olhar para a especificidade
de uma pessoa que foi diagnosticada com autismo. Extrapolar para a casa
dos milhões as pessoas afetadas pelo espectro fictício de uma psicopatologia
é transformar o que seria parte da solução em produto a ser consumido. Ou,
em outras palavras, seria o mesmo que fazer a gestão do sofrimento pela via
do consumo, ao promover que interessados em tratar um diagnóstico
mergulhem em gadgets, aplicativos, cursos, livros e brinquedos que são
vendidos sob o selo aprovado para pessoas com TEA. Fazem-se urgentes
propostas de intervenções na direção do confronto com a indústria do
adoecimento.

O tratamento e acompanhamento da pessoa com autismo, principalmente


aquele descoberto na fase adulta, é um trabalho embasado em detalhes, paciência e
25

compreensão. Detalhes, porque são eles que, em junção com todos os exames
necessários poderão determinar qual o grau do autismo que o adulto possui e qual
será o tratamento mais eficaz. Paciência porque são dias, meses e anos de
acompanhamento, a pessoa com autismo, principalmente o adulto, viveu grande parte
da sua vida sem saber o que tinha, sendo rotulado como uma pessoa que se excluía,
que não conversava direito, que era rude, falava o que pensava sem se preocupar,
que tinha picos de explosão emocional, e uma vez descoberto o seu transtorno, é um
acompanhamento diário para que aquele adulto compreenda que ele pode e deve ter
uma vida normal, desde que receba todo o tratamento e cuidado profissional
necessário para isso. E, por fim, a compreensão do profissional da psicologia que
atuará com esse paciente único, afinal, cada pessoa com autismo tem sua
individualidade, alguns são mais quietos, outros possuem movimentos repetitivos, uns
falam mais, outros não são verbais, alguns se isolam, e outros mostram-se mais
sociáveis, e através do estudo e aprimoramento na área, embasado aos exames
necessários realizados, a psicologia consegue fazer o acompanhamento deste adulto
diagnosticado com autismo tardiamente de maneira eficaz e natural.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto antes o indivíduo for diagnosticado, melhor em todos os aspectos. Ele,


quando criança, inicia seu tratamento para que, ao chegar na vida adulta possa
exercer suas tarefas de trabalho, lazer, romance, etc., da melhor maneira possível.
Quando os próprios pais conseguem notar que algo na criança está diferente do
habitual e procuram por ajuda, todos os exames e análises são realizados e tão logo
o tratamento é iniciado, seja associado ao uso de medicações ou não, os resultados
são promissores.
O que hoje é chamado de Transtorno do Espectro Autista já foi chamado um
dia de idiotas, histéricos, dementes. Na história possui situações em que pessoas com
o espectro autista eram excluídas da sociedade, que suas mães eram julgadas por
não terem tido uma boa gestação, como se ter TEA fosse uma culpa.
Um adulto que recebe nos dias atuais o diagnóstico tardio do autismo pode
levar uma vida normal, seguindo o tratamento e orientações necessárias de acordo
com o seu grau de autismo. Mas, muitas barreiras e preconceitos precisam ser
superados para que essa pessoa que recebe o diagnóstico tardio possa ser parte da
sociedade como um todo. É necessário que as pessoas ao seu redor entendam sua
condição, que compreendam com clareza que a pessoa com autismo possui certas
sensibilidades, físicas e emocionais, que precisam ser respeitadas.
O adulto diagnosticado com autismo tardiamente precisa desmistificar o fato de
que chegando em certa idade da vida a pessoa não muda mais, pois, se há o desejo
de superar suas limitações, a psicologia e áreas correlatas estarão dispostas a ajudar.
O adulto visto como antissocial, quieto, isolado, rude, ao receber o diagnóstico tardio
de autismo para muitos pode ser como uma justificativa para suas ações, o que gera
mais compreensão para algumas pessoas, afinal, se aquele adulto com TEA era tão
sensível, se isolava ao ser exposto a barulhos altos, não gostava de lugares cheio, ele
finalmente conseguiu encontrar seu diagnóstico que justifique sua condição. Por outro
lado, sempre haverá pessoas que enxergarão o diagnóstico tardio do adulto com
autismo como uma desculpa para as atitudes vistas como rudes e diferente dos
demais que o mesmo possui. Como se fosse fácil expor ao mundo que um adulto foi
diagnosticado com autismo.
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A presente pesquisa visou analisar, compreender e esclarecer de maneira


simples e direta os desafios que o adulto que recebe o diagnóstico tardio de autismo
encontra, mas, que quando há consciência de sua condição e o desejo de melhoria
física e psicológica, os resultados obtidos são altamente eficazes.
A pessoa com autismo, seja ele diagnosticado na infância ou na vida adulta,
não é uma pessoa incapaz, que necessita de cuidados especiais, que precisa ficar
trancado em casa para não ser exposto ao perigo. Ele pode e deve na medida e nas
condições que pode ser inserido em sociedade e ansiar por um convívio social
saudável. O que é necessário por parte da população com essa pessoa com autismo
é algo simples, natural e de graça: Respeito.
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REFERÊNCIAS

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