Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA

DISCIPLINA: ANÁLISE DO DISCURSO

Docente: Profª. Dr. Liliane Afonso

Discentes: Gilkid Oliveira

É fato, que com o avanço tecnológico e a globalização, as formas de comunicação


entre as pessoas tornou-se muito mais prática e de rápida interação entre os usuários. Tudo
está ao alcance de um clique, e desta forma, em tese, as relações socias entre os ínvidos
acabaria sendo mais fortalecida, porém, ao analisar a charge é possível observar que autor
busca apresentar uma crítica social ao fato da dependência em que muitos usuários de redes
sociais se encontram. A interação virtual, para essas pessoas, passa a ser muito mais
importante do que a interação cara a cara e é neste ponto que o autor ao escolher
determinados termos como “cutuquei você” e “já curti” alinhados a imagem e o contexto
empregado na cena contribuem para a formação de um discurso ideológico e crítico em
relação a esse tema. Mas para compreender a intencionalidade ideológica que o autor
expressa é necessário um conhecimento de mundo por parte do leitor, deste modo, a
linguagem utilizada no discurso não pode ser pensada como algo abstrata, e sim como o lugar
em que a ideologia se manifesta concretamente, em que o ideológico, para se objetivar,
precisa ir além de uma materialidade linguística.

Segundo Orlandi (1994).


As condições de produção, que constituem os discursos, funcionam de
acordo com certos fatores. Um deles é o que chamamos de relação de
sentidos. Segundo essa noção, não há discursos que não se relacione com
outros. Em outras palavras, o sentido resulta de relações: um discurso
aponta para outros que o sustentam, assim como para dizeres futuros.
(ORLANDI, 1994, p. 39)

É neste aspecto que o "sentido" do discurso utilizado em qualquer forma só será


obtido através de nossa interação com os textos e mediados a nossa própria ideologia, ou seja,
quanto mais conhecimento e opinião ideológica o indivíduo possui sobre determinado assunto
mais ele poderá aplicar “sentidos” e formar novos discursos dependendo de sua própria
perspectiva nas relações de sentidos.

Só se obtém o “sentido” quando somos capazes de atribuir relações entre diferentes


sentidos, a partir do conhecimento pertencente a cada indivíduo. É neste contexto que um
determinado discurso pode apresentar diferentes sentidos conforme nossa ideologia, aspectos
sociais e culturais.

De acordo com Azeredo (2004, p.39)


O texto é um produto da atividade discursiva. Em um texto circulam,
integram formações várias, explicitas ou implícitas, evidentes por si mesmas
ou dependentes de interpretação. Por isso, um texto é necessariamente
fruto de uma construção de sentido em que cooperam quem o enuncia e
quem o recebe.

Conforme o que diz Pêcheux:


Toda formação discursiva dissimula, pela transparência de sentido que nela
se constitui, sua dependência com relação ao “todo complexo com
dominante” das formações discursivas, intrincado no complexo das
formações ideológicas (PÊCHEUX, 1975, p. 162)

O discurso sempre estará permeado por outros discursos que serão construídos
baseados naquilo que fazem parte da formação sociocultural, intelectual, ideológico e
histórico do sujeito. Deste modo, construir um discurso livre desses aspectos torna-se
praticamente impossível.

Portanto, ao analisar está charge acaba-se possível perceber de forma consciente ou


inconscientemente a voz do outro. E através do interdiscurso é possível fazer associação entre
as palavras, imagens, contexto que acabam por ativar na memória discursiva determinados
sentidos, ou seja, esta associação passa a ser o próprio movimento do discurso. Assim, é
notável que sempre um discurso terá a interferência de outros discursos nos mesmos,
estabelecendo, dessa forma, um discurso constituído por outras vozes.

Referencias

BRANDÃO, Helena Nagamine. Introdução à análise de discurso. Campinas, São


Paulo: Editora da UNICAMP, 2004.

SANTOS, Edivanda Clementino dos. A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA MULHER EM CAPAS


DA REVISTA VEJA. IV Simpósio nacional de Linguagens e gêneros textuais- SINALGE

Você também pode gostar