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ANÁLISE DO DISCURSO

Pedro e Souza

Esta análise, o mais das vezes, praticada inconscientemente, pode demandar um


esforço mais considerável, às vezes percebido como tal, no momento em que palavras e
textos parecem esconder um sentido não imediatamente acessível e se dirigem a pessoas
difíceis de identificar. Toda leitura e toda escuta é portanto Análise de Discurso.
Uma nova maneira de considerar o sentido na linguagem. Sujeito e da história,
não podem ficar à parte do estudo de como os sentidos se realizam na língua. O
pensamento novo que a AD traz para os estudos linguísticos, especialmente do sentido
em língua, é que a exterioridade, a dimensão tida como da ordem do contexto histórico,
social e ideológico, à língua. Não se pode entender a língua como algo separado da
história e dos contextos sociais.
O foco é a reinclusão do sujeito na análise da língua e do discurso. O ponto de
partida e alvo da Análise de Discurso é o homem tomando em sua fala, porque é através
de homens falando que vemos o discurso agir e o sujeito e o sentido se realizarem.

Unidade A
Há discurso, ou seja, efeito de sentido entre interlocutores. É discurso isto é, o
regime simbólico em que um simples ruído ou uma simples imagem produz sentido, e
por isso mesmo, demanda interpretação. Não é atribuir sentido, observam-se sentidos
sendo produzidos. A AD interessa-se somente por processos em que o sentido é
abordado como efeito de linguagem, e nunca como propriedade literal das coisas
expressas em palavras. A linguagem é condição material do discurso.
Na visão saussuriana, a língua é parte da linguagem, mas só está contida naquela
em termos puramente formais e não empíricos. Deixam-se de lado aspectos individuais
implicados no exercício da linguagem.
Barthes enfatiza que a linguagem é para Saussure, um ponto de tensão entre a
dimensão social da língua e a individual da fala. A língua é então praticamente, a
linguagem menos a fala. Uma instituição social e um sistema de valores (linguagem –
fala = língua).
A língua que interessa aos linguistas não é a mesma que interessa aos
pscinalistas. Saussure precisa excluir a fala (parole), atividade individual por onde se
articula a língua (langue). Isso porque o objeto da psicanálise é o inconsciente, algo que
não pode ter existência senão no indivíduo falante. A partir de Louis Althusser, fica
estabelecido, que não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia.
Trata-se muito mais de pensar a linguagem como maneira de significar, e não
como sistema fechado de regras de ordem fonológica, morfológica ou sintática. Na AD,
a língua não é concebida em relação a si mesma, mas em relação com a história e com a
ideologia, os sentidos podem ser múltiplos, mas não qualquer um. Em AD, a fala, antes
de ser mera manifestação do sistema da língua, é já um evento discursivo. No ato de
falar, o falante deixa-se interpelar.
A língua que emerge na fala é acontecimento discursivo, ou seja, está ligada ao
tempo e ao oscilar descontínuo da história. É exatamente isso que ressalta Orlandi: “o
discurso é assim palavra em movimento”.
A ordem do discurso. Nesse texto, vamos ver que a fala e o sujeito que dela
decorre são os elementos fundamentais a partir dos quais depreendemos a existência e o
funcionamento de um processo de linguagem chamado discurso. Individuo falante. É
aquele que fala de modo não submetido à ordem do discurso: o eu insinuado sub-
repticiamente no discurso.
O discurso pode então ser definido de duas maneiras: (a) materialmente, seja no
plano oral ou escrito, o discurso é a fala atravessada por uma ordem simbólica, a mesma
que, mediante procedimentos de exclusão e controle, converte o falante em sujeito do
discurso; (b) formalmente, o discurso é a ordem, isto é, os preexistentes princípios de
exclusão, controle e rarefação que constituem o sujeito mediante a fala ancorada no
indivíduo falante.
Só há ordem de discurso nos domínios em que está em jogo a constituição de
objetos do saber e o estabelecimento da diferença entre o verdadeiro e o falso. A fala e o
indivíduo falante são os ingredientes essenciais que o discurso investe para constituir o
indivíduo como sujeito e dotar de sentido os enunciados que produz.

Unidade B
O discurso é ordem que atravessa o falante, determinando em sua fala, o que e
como deve ser dito. O discurso é ordem que se traduz em práticas de controle. Para
substituir o termo frase ou proposição pelo de enunciado, não há uma relação direta
entre o enunciador proferido e aquilo que ele diz, bem como que a origem do dizer não
está na intenção de um sujeito prévia e psicologicamente concebido.
Unidade C

Em a ordem do discurso, a fala não é definida, nem descrita em termos precisos.


Ela é feita de frases de palavras, de arranjos de palavras. A fala e o indivíduo falante são
contrapostos ao discurso. O discurso é aludido como a voz que fala antes que fale o
falante mas quem se refere ou faz apelo a essa voz que está por trás da palavra é o
próprio indivíduo falante no momento em que é convocado pela voz a tomar a palavra.
Não é que qualquer ruído ou grunhido vale para a ordem discursiva. É que o som
enquanto som linguisticamente articulado, enquanto fala dotada de sentido já é um
efeito da intervenção da ordem do discurso, isto é, já é acontecimento discursivo.
O vínculo entre língua e ideologia no plano do discurso é dado pela noção de
inconsciente, conceito posto pela psicanálise lacaniana e retomado por Althusser e
Pêcheux como dispositivo da AD.
Entre Foucault e Pêcheux há um ponto de contato que se dá através do discurso.
Só que ambos adotam diferentes pontos de vista para definir discurso. Foucault diz:
chamaremos discurso um conjunto de enunciados enquanto derivam da mesma
formação discursiva. Já para Pêcheux, na perspectiva do intelectual ligado diretamente
nas lutas sociais, o discurso é efeito de sentido entre locutores. Singularizam o conceito
de discurso para cada um dos autores; a noção de enunciado para Foucault, com seus
constituintes fundamentais conforme vimos antes, e a noção de efeito de sentido para
Pêcheux. É assim que na escola francesa da AD o problema do sujeito, aparece
necessariamente ligado aos conceitos de língua e ideologia.
Foucault quer compreender como se escala o jogo de constituição de objetos e
de sujeitos de saber. Pêcheux, por sua vez, quer entender como as relações sociais de
dominação e de transformação se estruturam mediante processos discursivos que se dão
tanto dentro quanto fora das instituições políticas e acadêmicas.
Teoria materialista da ideologia de Althusser e abordagem lacaniana do
inconsciente estruturado como uma linguagem. Pêcheux encontra um jeito de introduzir
a noção de ideologia como um mecanismo de constituição do sujeito no discurso.
Foucault jamais quis recorrer ao conceito de ideologia, por razoes muito particulares. O
que torna possível que o sujeito fale como se fosse a origem de si e do sentido do que
diz é o esquecimento. É que, ao dizer, ele esquece aquilo que o falante na ordem do
discurso, pela voz de Foucault, não consegue esquecer, isto é, o fato de que ele mesmo e
o sentido do que diz vem de uma ordem que fala antes e o interpela como uma
intervenção judicial.
(a) A linguagem é um processo inscrito na história e é por essa inscrição que ela
faz sentido. (b) O sentido não é uma entidade isolada e independente a ser transmitido
pela linguagem, o sentido é relação a, isto é, efeito do contato ideologicamente
atravessado entre um dizer aqui e outro lá.
Teoria da sintaxe e da enunciação – o modo de pôr as palavras em ordem em
formulações linguísticas de qualquer dimensão é resultado do ato de enunciar, ato em
que o vínculo entre o sujeito falante e a língua se dá pela história.
Teoria da ideologia – o falante se converte de indivíduo em sujeito, indicando de
que modo se constitui a posição que ele ocupa.
Teoria do discurso – processos de constituição do sentido, ou se de como objetos
a serem lidos/interpretados produzem sentido.
É porque já foram ditas antes, encarregadas de fazer sentido em contextos
outros, que as palavras ditas aqui ligam-se à memória de seus acontecimentos para fazer
sentido no aqui e agora da emergência de um discurso.
Família parafrástica. O quanto o dizer da solidão sempre pode trazer o mesmo
em outras maneiras de formular. O sujeito esquece que ele não é a origem do dizer que
formula. Esquecimento no nível 2: é o chamado esquecimento enunciativo e que atesta
que a sintaxe significa: o modo de dizer não é indiferente aos sentidos.
Há outra voz que já decidiu e determinou antes: determinou inclusive que aquele
que vai expressar a diversidade do sentido, colocando-se em uma posição em
detrimento de outra, interpelam ao enunciar. Essa matéria é a ideologia, uma espécie de
tecnologia inacessível de discurso e de sujeito. A eficácia dessa tecnologia ideológica
consiste no funcionamento do esquecimento em nível 1, isto é, o sentido e sua fonte no
sujeito devem ser absoluta e inquestionavelmente evidentes. Nunca questionar a
evidencia de si como lugar da autoria e da responsabilidade do que diz.
Quando nascemos, os discursos já estão em processo e nós é que entramos nesse
processo. Eles não se originam em nós. Essa constatação está diretamente ligada ao
processo de constituição da memória e de como o esquecimento é a condição da
memória discursiva. Nesse sentido, é que o esquecimento é estruturante, ou seja, a
constituição da memória vem da disposição e distribuição dos dados que a compõem
operados pelo apagamento do que foi dito para que no dito o efeito de sentido se
estabeleça como memória discursiva.
Na constituição da memória discursiva não se trata de resgatar para lembrar,
mas, muito pelo contrário, de resgatar para decidir, de tudo que foi resgatado, o que
deve ser esquecido para que uma memória seja possível.
O interdiscurso é o conjunto dos dizeres já ditos e esquecidos que determinam o
que dizemos, sustentando a possibilidade mesma do dizer. O sujeito e o sentido do que
diz já estão determinados no cruzamento entre a língua e a história.
A natureza ideológica desse fenômeno de esquecimento advém do fato de que,
no momento em que são proferidas, as palavras já acontecem como se seus sentidos
fossem pontualmente originados no sujeito no instante em que as profere. Isso é que se
chama uma ilusão necessária: é preciso que o sujeito se tome como fonte do sentido
para que esse aconteça mediante uma retomada do que antes fora dito.
Paráfrase e polissemia definem respectivamente em todo dizer o sentido que se
mantém e o que se desestabiliza. Se duas formulações linguisticamente diferentes
retomam a mesma memória discursiva, então elas mantem entre si uma relação
parafrásica. Tendo ou não a mesma estrutura sintática, há formulações que remetem a
uma diversidade de significação. Esse é o jogo da polissemia: o dizer pode ser
formulado de modo idêntico, mas se expõe de modo a produzir uma ruptura com
lugares já estabelecidos de sentido.
A paráfrase é da ordem da formação discursiva, enquanto a polissemia é da
ordem do interdiscurso. Parafrasear é dizer posicionado sempre no mesmo luar da
memória discursiva. Produzir polissemia é formular na fronteira da formação discursiva,
ou seja, a região do interdiscurso (o dito e esquecido), em que o sentido tende a ser
outro e por isso desestabiliza o processo discursivo.
O que faz então com que as palavras façam sentido tem a ver com o jogo de
posições. É porque carrega força simbólica institucional e histórica que a posição de
ondem se diz constitui o sujeito e o que ele diz.
Formação ideológica, ou seja, a posição dada em certa conjuntura sócio-histórica
a partir da qual fica determinado o que pode e não pode ser dito, o que deve e não deve
ser dito. Daí que as palavras têm que ser necessariamente parte de uma formação
discursiva para significarem. Conforme a posição ideológica em que são faladas, as
mesmas palavras acontecem com diferentes sentidos, tornando evidente que são
proferidas a partir de uma formação discursiva ou outra. O que define uma formação
discursiva não é um conjunto particular de vocabulário, mas é o modo ou a posição
ideológica com a qual certo vocabulário indica o processo de formação de discurso de
que faz parte, ou precisamente o mecanismo de efeitos de sentido que funciona nele.
Sempre que se fala em formação discursiva, remete-se a algo como formação
ideológica.
A ideologia aparece sempre como um conjunto de ideias e visão de mundo cuja
propriedade é de mascarar sua finalidade de dominação de um grupo econômico sobre
outro. A ideologia inclui tanto formas de consciência social que visam à dominação
quanto as que visam reagir e se contrapor a dominação.
Definição como sistema de ideias, crenças, tradições construios e defendidos em
função de interesses e compromissos institucionais de ordem moral, religiosa ou
política.
A ideologia é o limite entre o falso e o verdadeiro, entre o sentido literal e o
manipulado. O conhecimento deve ser desvinculado de qualquer ideologia. E, ainda
mais, a única via para chegar a verdade, seja ela social, política ou jurídica, é o saber
científico. Na ciência, não há lugar para a ideologia.
Foi isso que fez com que Foucault evitassem em toda sua obra empregar, de
modo teórico e analítico, o conceito de ideologia, e que, do modo com que esse termo
estabelece-se no campo das ciências humanas, o intelectual que o utiliza está
comprometido com uma perspectiva que acredita na separação entre o que é
desinteressadamente mais científico e verdadeiro e o que é apenas estratégia de
manipulação e falsificação da realidade.
Nas análises marxistas tradicionais a ideologia é uma espécie de elemento
negativo através do qual se traduz o fato de que a relação do sujeito com a verdade ou
simplesmente a relação de conhecimento é perturbada, obscurecida, velada pelas
condições de existência, por relações sociais, ou por formas políticas que se impõem do
exterior ao sujeito do conhecimento.
O que pretendo mostrar nestas conferencias é como, as condições políticas,
econômicas de existência não são um véu ou um obstáculo para o sujeito de
conhecimento, mas aquilo através do que se formam os sujeitos de conhecimento, e por
conseguinte, as relações de verdade.
Para Foucault, o sujeito é feito das próprias relações de poder que anuncia ou
denuncia. Isso em Pêcheux equivale ao postulado de que não há sujeito sem ideologia.
Se apagou nele a possibilidade de vir a ser outro. Nesse mecanismo é que está a
definição discursiva de ideologia: a ideologia em AD é modo de produzir sentido.
O homem está condenado a interpretar sejam quais forem as condições de
existência em que se encontra. Mas ele precisa acreditar que o sentido que dá as coisas é
um fato natural que preexiste a qualquer ato de interpretar. Daí que metaforicamente
querer uma ideologia para viver, era discursivamente apoiar-se na crença do sentido
como dado natural, evidente e na imaginaria impossibilidade de viver no não sentido.
A ideologia então, é o apagamento para o sujeito de seu movimento de
interpretação, não ilusão de dar sentido.
A forma sujeito-histórica que corresponde à da sociedade atual represente bem a
condição: é um sujeito ao mesmo tempo livre e submisso.
Sujeito religioso – Idade Média: subordinação explícita ao discurso religioso;
Sujeito de direito – Idade Moderna: subordinação implícita ao discurso jurídico.
Em AD, a língua não existe fora da história. E como o próprio da história é
descontinuidade e ruptura, as produções de efeitos de sentido não se historicizam sem
falha, sem equívoco. Tudo isso define também a condição com que o indivíduo e
interpelado em sujeito.

Unidade D
A escola francesa de AD tem uma maneira muito própria de conceber seu objeto
de estudo. Esse objeto não é de natureza empírica, isto é, ele não é imediatamente
perceptível nas palavras escritas ou faladas, muito embora seja na superfície textual dos
proferimentos escritos ou orais que o discurso se constrói.
Dois aspectos implicados no procedimento analítico. O primeiro é que, ao falar,
o homem se faz e é feito por discursos que atravessam sua fala. Segundo é que, na fala,
ou no exercício da linguagem oral ou escrita, há sempre um processo discursivo que
determina a possibilidade de a fala derivar coerência e coesão em certos arranjos de
palavras, e por consequência, derivar efeitos de sentido. Pois bem, é esse processo que é
construído pela análise.
Não se trata de interpretar. O problema não é saber se um discurso tem ou não
tem sentido. A questão da AD é saber como se produz discurso como efeito de sentido.
Analisar discurso é como desmontar uma peça para examinar de que maneira foi
fabricada e de que modo ela funciona. Porque, se o discurso é algo fabricado, então ele
tem um funcionamento, como peça fabricada ele produz seus efeitos. Mas isso só se
pode descobrir desmontando-o a partir de sua superfície aparente, para assim restituir o
processo pelo qual o discurso se faz.
Conceitos. (a) interdiscursivo (memória discursiva) – o conjunto de formulações
que disputam múltiplos sentidos dando lugar à cidade como efeito de discurso. (b)
imaginário – as imagens de cidade projetadas a partir de dadas posições de enunciação.
(c) real – o que escapa a qualquer ordem simbólica de determinação de sentido para a
cidade.
O analista não só procura compreender como o texto produz sentidos, ele
procura determinar que gestos de interpretação trabalham aquela discursividade que é
objeto de sua compreensão. Em outras palavras, ele procura distinguir que gestos de
interpretação estão constituindo os sentidos (e os sujeitos, em suas posições).
Não se trata de discutir a validade ou pertinência da interpretação. Isso não é o
interesse do analista de discurso. O que interessa é compreender como, a partir do
dispositivo teórico da AD, pode-se explicitar a interpretação.
Tornar-se sujeito é ocupar posição no discurso, ou seja, enunciar no lugar de
cruzamentos de dizeres em que o dizer que se realiza faz sentido em uma direção e não
em outra. Em um mesmo falante pode haver diferentes possibilidades de ser sujeito.
Tudo depende da posição em que ele vai jogar com as palavras. O sujeito passa da
dispersão para unidade. É quando, ao se relacionar com o texto, ele não pode mais se
expor à deriva do sentido, sem assumir a responsabilidade do lugar do efeito de sentido
se duas palavras.
A definir o texto, como sendo uma unidade que podemos, empiricamente,
representar como tendo começo, meio e fim, uma superfície linguística fechada nela
mesma.
Orlandi refere-se ao deslize que é próprio de toda língua. Isso quer dizer que
nenhuma forma linguística está presa a um sentido permanente. Por mais que se torne
literal na história, o sentido das palavras entre em deriva a cada vez que é empregado. É
que a cada vez que a língua é mobilizada em dadas circunstancias, uma vez que o
significado que pode instaurar não é evidente, é preciso interpretar. A interpretação é,
portanto, o procedimento inerente ao próprio modo de a língua funcionar em conexão
com a história.
A historicidade deve ser compreendida em AD como aquilo que faz com que os
sentidos sejam os mesmos e também que eles se transformem.
A relação entre língua e discurso. A definição de base para língua é a que
proproe Pêcheux, isto é, sistema sintático intrinsecamente passível de jogo. Já a
definição própria para a discursividade consiste em pensa-la como inscrição de efeitos
linguísticos materiais na história. Para haver história fosse necessário a passagem dos
fatos pela dinâmica própria da língua. Para haver sentido, é como se a língua cravasse
suas formas e mecanismos nos fatos dando forma ao dizer e ao sujeito que diz. Tudo
isso resume o que á historicidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
AD tem certa procedência frente ao que social e historicamente se dá como
realidade. É que, ao relacionar-se com o mundo e interagir com outro, o homem precisa
da linguagem. Fora dela, nem ele, nem o mundo significa, e sem sentido, a realidade
não existe.
A linguagem, se imponha analiticamente como mediação necessária entre o
homem e a realidade natural e social. A linguagem é forma material do discurso porque
nela se observam analiticamente homens falando, observa-se o aspecto constitutivo do
fazer da língua, submetida ao processo histórico e ideológico que descreve o modo
como, através do exercício da fala, se produz sujeito e sentido.
O que é analisar discurso? O que interessa é descrever como qualquer coisa dita,
do jeito que é formulada, faz sentido. É descrever as condições de natureza ideológica,
social, histórica, nas quais uma fala qualquer produz sentido.
Relacionar a fala, tomada como ponto de partida a outras produzidas em
diferentes tempos e lugares. Considerar, portanto, o histórico, ideológico, social, na AD,
é considerar atos de enunciação atravessados por domínios de memória feitos de
enunciados efetivamente realizados. Descrever, mediante artefatos teóricos e
procedimentos analíticos, modos de aparecimento do sentido e do sujeito.

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