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TERRITÓRIOS
DA
INFÂNCIA
linguagens, tempos
e relações para uma
pedagogia para as
crianças pequenas
2ª edição
junqueira&marin
editores
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
T317
2.ed.
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Junqueira&Marin Editores
J.M. Editora e Comercial Ltda.
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língua portuguesa ou qualquer outro idioma, sem a prévia e expressa autorização
da editora.
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
1 Reimpressão - 2012
a.
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SUMÁRIO
PREFÁCIO
Maria Carmem Barbosa 5
APRESENTAÇÃO
Ana Lúcia Goulart de Faria 11
ABERTURA
COMENIUS E O SILÊNCIO DA
IMAGINAÇÃO 17
Carlos Eduardo Albuquerque Miranda
DEBATE 1
AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS:
ENCORAJAR A LER 31
Sonia Larrubia Valverde
DEBATE 2
O PRIMEIRO LEITOR E
A FORMAÇÃO DAS
PROFISSIONAIS DA 45
EDUCAÇÃO INFANTIL
Eliana Aparecida Pires da Costa
DEBATE 3
DE COMO SER PROFESSOR
SEM DAR AULAS NA
ESCOLA DA INFÂNCIA
57
Danilo Russo
DEBATE 4
PRECONCEITOS A SEREM DEMOLIDOS
SUPERANDO A PATOLOGIZAÇÃO DAS
DIFERENÇAS: OS COMPROMETIMENTOS
FISIOLÓGICOS IMPEDEM A PRODUÇÃO
85
DAS CULTURAS INFANTIS?
Beatriz Angélica Alcântara Cardoso
Eliana Briense Jorge Cunha
DEBATE 5
PEDAGOGIA DO LUGAR: PEQUENA
COLEÇÃO PARA COLABORAR NA
CONSTRUÇÃO E OCUPAÇÃO DOS 97
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Ana Beatriz Goulart de Faria
DEBATE 6
O FASCÍNIO INDISCRETO: CRIANÇAS
PEQUENININHAS E A CRIAÇÃO DE
DESENHOS
119
Márcia Aparecida Gobbi
DEBATE 7
ESCHER, ESPAÇOS CURVOS E CORVOS:
SOBREPONDO JOGOS DE LINGUAGEM 137
VISUAL E VERBAL
Antonio Miguel
CONSIDERAÇÕES FINAIS
NÃO FAZER DAS PALAVRAS UM
ATALHO AO CONHECIMENTO 163
163
Suely Amaral Mello
ORGANIZADORAS E
AUTORES 173
PREFACIAR UMA
OBRA ...
5
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
6
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7
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8
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Notas
1
Apesar de não formarem oficialmente uma coleção, os livros
organizados por Ana Lúcia Faria e Suely Mello constituem um
repertório.
10
APRESENTAÇÃO
A rosa de Hiroshima
11
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Saiba
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
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COMENIUS E O
SILÊNCIO DA
IMAGINAÇÃO
17
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
O peso da ppaala
peso vr
vraa eesc
lavr sc
scoola
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
da figura.
Farné nos diz que Orbis Pictus apresenta 150
argumentos8, 150 unidades didáticas;
As primeiras 17 unidades, que iniciam com Deus e O
Mundo, se referem aos elementos naturais (fogo, ar, água, terra) e
tratam dos diversos aspectos do mundo vegetal (frutas, flores,
ervas, etc.). [...] As 17 unidades seguintes se referem ao mundo
animal e iniciam com os diversos tipos de pássaros (domésticos,
canoros, selvagens, etc.). [...] Ao homem só é dedicado o outro
capítulo (do XXXV ao XLIII). Esses se referem ao conhecimento do
corpo, iniciando das partes externas (membros, cabeça, mãos) para
depois passar para as internas (intestino, ossos) e a alma. [...] Se
passa depois a analisar as diversas atividades do homem: as
primeiras 14 se referem a atividades diretamente dirigidas à produção
do alimento (agricultura, criação, caça, pesca, padeiro, etc.)
terminam com A refeição. A esta seguem 13 que tratam das
profissões ligadas ao vestuário (a tecelagem, o alfaiataria, a
sapataria, etc.) a construção (o pedreiro, o engenheiro, o carpinteiro,
o ferreiro, etc.). [...] Os sete argumentos que vão do LXXI até o
LXXVI referem-se às partes da casa e se completam com os lugares
destinados à limpeza e à higiene.; o banho, a barbearia (que é
também o lugar onde se praticam sangrias e pequenas cirurgias), o
estábulo dos cavalos. [...] Encontramos depois três temas que se
referem às técnicas e aos instrumentos de representação do tempo
e do espaço; os relógios, a pintura, espelhos e ótica. Seguindo nove
unidades relativas ao movimento e aos transportes do homem e das
mercadorias, que vão de “O Viajante a pé” a “O Nadador” de “Os
carros” a “A nau” e a representação do “Naufrágio” que encerram
esta seção com um tom espetacular e dramático. [...] A leitura e a
escrita são os temas que unem os nove capítulos de XCI a XCVIII9
e compreendem, em meio a outros, a carta, a tipografia, o livro, a
escola. Estas constituem um tipo de premissa às diversas artes
que vêem ilustradas em seguida [...] Nove argumentos tratam das
virtudes humanas (prudência, fortaleza, generosidade, etc.) o qual
segue o tema da família subdividido em quatro argumentos
(matrimônio, graus de parentesco, condição do pai e da mãe,
jurisdição parental). A atenção se alarga da família à cidade,
analisada através de 15 argumentos. [...] É interessante notar que
metade deste guardam aspectos muito propriamente cívicos (o
comércio, a justiça, a medicina, etc.) enquanto que a outra metade
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Imagem 112
O silêncio da imaginação
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Imagem 213
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Notas
1
Título da edição espanhola.
2
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0.5a.
3
COMÉNIO, João Amós. Didáctica Magna – Tratado da arte universal
de ensinar tudo a todos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1985, p. 43.
4
COMÉNIO, obra citada, p.155.
29
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
5
Fonte: http://www.edu.oulu.fi/~/epikkara/comenius/fatecom.htm
(site em inglês) PIKKANAINEN, Esa. J. A. Comenius. Education and
different kind of technologies: a conceptual study. Finlândia:
Universidade de Oulu. Acesso em: 22 maio 2002.
6
Porta ou entrada em latim.
7
FARNÉ, Roberto. Iconologia Didattica. Bologna : Zanichelli Editore,
2005, p. 24.
8
Em italiano: argumenti – Ciò che serve a dimostrare l’esistenza di
una cosa, prova.
9
Aqui há um engano do autor, pois são oito capítulos e não nove.
10
FARNÉ, obra citada, p. 27-28.
11
Museu, aqui, significa lugar de estudo.
12
A imagem 1 é de domínio público e está disponível no site: http:/
/www.uned.es/manesvirtual/Historia/Comenius/OPictus/
OPictusAA.htm.
13
A imagem 2 é de domínio público e está disponível no site: http:/
/www.uned.es/manesvirtual/Historia/Comenius/OPictus/
OPictusAA.htm.
14
Título do livro em espanhol atribuído por Esther.
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AS MÚLTIPLAS
LINGUAGENS:
ENCORAJAR A LER
Cont
Conteextualização
xtualização
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Os ddeesafio
ioss apr
safio apreesent
sentaado
doss
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Os ddeesaf io
ioss tr
safio ansf
transformam-
ansformam-se eem
ormam-se m prátic
áticaa
prátic
Várias foram as ações de formação promovidas pela
Secretaria Municipal de Educação-SME sob a coordenação da
DOT - Educação Infantil, no período de 2001 a 2004, porém
destacarei quatro que, considero, foram as mais abrangentes e
impulsionaram o “movimento” que intitulamos de Construção
da Pedagogia da Infância.
A apresentação das ações não segue uma ordem
de importância, pois considero que todas contribuíram para a
implementação de uma Política de Educação Infantil que garanta
o direito de todas as crianças (meninos e meninas) a serem
respeitadas, ouvidas e incentivadas à livre expressão,
manifestando-se da forma como preferirem.
O Programa Especial de Formação Inicial em Serviço
Nível Médio para Auxiliares de Desenvolvimento Infantil-
Programa ADI - Magistério, curso realizado em parceria com
a Fundação Carlos Alberto Vanzolini, foi oferecido aos Auxiliares
de Desenvolvimento Infantil (ADIs) que trabalhavam nos CEIs
da rede direta do município, habilitando-os/as como
professores/professoras.
O Programa foi planejado e executado com o
objetivo de atender à exigência da LDBEN 9394/96 quanto à
necessidade dos/das profissionais que atuam na educação
infantil de 0 a 6 anos de idade possuírem, como formação
mínima, o nível médio na modalidade normal. Foi organizado
com duas turmas presenciais, sendo que a turma I, iniciada em
setembro de 2002, teve como público alvo 850 ADIs que
possuíam o ensino fundamental. A carga horária do curso, nessa
turma, foi de 2.800 horas que foram cumpridas em dois anos,
no período noturno das 19h30 às 22h, de segunda a sexta-
feira e, em alguns sábados, das 9h às 13h. A turma II, iniciada em
fevereiro de 2004, contou com a participação de 2.800 ADIs
que possuíam ensino médio - porém não na modalidade normal
- com uma carga horária de 1.600 horas que foram cumpridas
em um ano, também no período noturno das 19h30 às 22h, de
segunda a sexta-feira e, aos sábados, das 9h às 13h.
O conteúdo do Programa – Turma I, foi organizado
por módulos e subdivididos nas seguintes áreas relativas à
formação geral em nível médio:
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
z 1º Semestre - Identidade;
z 2º Semestre – Infância e Cultura;
z 3º Semestre - Educar e Cuidar;
z 4º Semestre - Ambientes de Aprendizagem.
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Notas
1
Conforme dados da SME/ATP – Centro de Informática, em
dezembro de 2004, a rede municipal possuía 464 EMEIs, 334
CEIs diretos, 223 CEIs indiretos, 347 CEIs conveniados.
42
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
2
O nome Centro de Educação Infantil pressupõe um conceito
pedagógico novo de atendimento às crianças de zero a seis anos
de idade, conforme relata o Secretário da Educação da época
Prof. Fernando de Almeida: “Vamos tratar a Educação Infantil
dentro de um espírito novo que inclui a discussão com a
comunidade para a construção tanto de um projeto pedagógico
quanto arquitetônico que dê conta da educação das nossas
crianças”. (Informativo para Profissionais da Educação, n. 05 - junho
de 2001, publicado pela Secretaria Municipal de Educação de
São Paulo, p. 1).
3
Cabe ressaltar que, no ano de 2001 a Secretaria Municipal de
Educação era subdividida em 13 Núcleos de Ação Educativa -
NAEs que agrupavam as unidades educacionais de forma
regionalizada. Em 2003, o Poder Público Municipal de São Paulo
teve um novo desenho: organizado por 31 subprefeituras e,
dentro de cada uma delas, temos Coordenadorias, principalmente
das áreas sociais: Educação, Saúde, Ação Social e
Desenvolvimento apoiadas pelo Planejamento e Desenvolvimento
Urbano, Administração e Finanças, Manutenção da Infra Estrutura
Urbana, Projetos e Obras, exigindo um olhar público mais
integrado. As 31 Coordenadorias de Educação desenvolveram
um extenso programa de formação para todos os educadores
da educação infantil, num trabalho intenso e continuado, valendo-
se de diferentes estratégias, respeitando as características de
cada região e número de unidades envolvidas e parcerias com as
demais Coordenadorias que compunham as Subprefeituras.
4
Podemos falar de uma infância que não se encerra aos seis anos,
mas prossegue, pelo menos, até os dez anos de idade.
Refer
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O PRIMEIRO LEITOR
E A FORMAÇÃO
DAS PROFISSIONAIS
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
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Notas
1
Pintor brasileiro que nasceu em 1867, São Fidelis (RJ) e faleceu em
São Paulo (SP), 1939. Foi aluno de Victor Meirelles e também
estudou em Paris.
2
ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais
da Educação, associação político-acadêmica, criada a partir do
movimento dos profissionais de educação da Comissão Nacional
dos Cursos de Formação do Educador, no V Encontro Nacional
(Belo Horizonte, julho de 1990). Em sucessivos encontros, foi
forjando um movimento social, formulando conceitos,
configurando-se na luta pela formação de educadores na
sociedade brasileira. Foram consultados os seguintes
documentos: ANFOPE - Documentos Finais dos V, VI, VII, IX, X e
XI Encontros Nacionais da Associação Nacional pela Formação
dos Profissionais da Educação, Brasília, de 1990 a 2000; CONARFE.
Documentos Finais do II, IV e V Encontros Nacionais de
Reformulação dos Cursos de Formação dos Educadores. 1986,
1989, 1990. (mimeo).
3
Trato genericamente a formação de professoras, entendendo
também o que aspiramos para as monitoras. Conforme o que
existe na Rede Municipal de Ensino de Campinas-SP, a Educação
Infantil se constituiu historicamente com duas categorias de
profissionais: as monitoras e as professoras, com formação e
condições de trabalho diferenciadas atuando com as mesmas
crianças. Ainda, embora trate de professora, ensino e escola na
Educação Infantil, estes termos não evocam escolarização precoce,
a qual incessantemente temos combatido. Também, embora haja
entre profissionais homens professores e monitores, a maioria
ainda é mulher. Mesmo sem abordar a questão de gênero, ela
está presente nas discussões acerca da formação profissional.
Refer
eferência
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DE COMO SER PROFESSOR
SEM DAR AULAS NA
ESCOLA DA INFÂNCIA1
Danilo Russo
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ajuda.
Agindo assim acredito liberar não somente tempo.
Penso que pode haver um ganho de qualidade cada vez que
os meninos e as meninas experimentam, pela ausência de uma
atividade obrigatória indicada por mim, a escolha entre as
coisas possíveis de serem feitas. Penso que essa escolha (e
todas as outras que ela inclui), que todos os dias preenche 3
a 4 horas da vida escolar de cada uma das crianças é, a longo
prazo, “formativa” - especialmente no início, quando cada
interesse delas, cada “ação”, cada pausa dura pouco, ou
pouquíssimo. E, certamente, pode-se trabalhar (minha atitude
obviamente é trabalho) para torná-la como tal, dando-lhe limites,
mas, sem negar a sua essência, respeitando-a por tal.
Tenho dois problemas quando renuncio a definir
para muitos meninos novos e meninas novas como seu tempo
deve ser usado. Há um problema com quem, entre eles, acha
difícil escolher e hesita em fazê-lo porque preferiria uma ajuda
adulta, instruções precisas, uma ordem simples das coisas e
das relações; ou porque vê muitos e muitas concorrentes; ou
porque tem na relação com os adultos - no roubar-lhes a atenção,
no negociar com eles, às vezes na birra - os terrenos preferidos
de conduta social.
Há o problema oposto com aquele que não tem
nenhuma hesitação em utilizar a liberdade, o faz com prazer,
mas está longe de compreender como pode exercitá-la num
ambiente cheio de crianças da mesma idade, cheio de materiais
para os quais lhes proponho alguns modos de utilizá-los e
porque lhes proíbo outros.
Diante das crianças novas, simultaneamente, estão
- como modelo - os seus pares que já são de casa nessa turma,
estão familiarizados comigo, com as regras já conhecidas, com
as atividades habituais que eles já dominam. Aos veteranos,
como todo primogênito sabe, peço paciência infinita para com
os 14 novos irmãos e irmãs. Mas não atribuo a essas crianças
nenhum papel em relação às recém chegadas. Sei que, aos seus
olhos, elas têm esse papel e, também eu, lhes reconheço isso
tão logo percebo essa relação aos olhos das menores: porque
são – também estes – hábitos de nosso discurso.
Diante de todas, simultaneamente, tem este cara
que sou eu, que gostaria de empurrar quem é tímido e quem é
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procuro “dar corda” àquela parte de cada uma das crianças que
se demonstra curiosa e esperta. Procuro torná-la provável –
como eu gosto de dizer – em cada uma delas. As crianças devem
ver suas iniciativas encorajadas, utilizadas e valorizadas,
iniciativas essas que elas tomaram de modo autônomo, que
não foram requisitadas senão por motivos pessoais. Devem
poder enxergar não um pau pra toda obra neste fulano/
professor: que de um lado diz claramente que “está cheio”
quando alguém lhe faz pela enésima vez a mesma pergunta, e
de outro, porém, mostra lembrar-se daquela mínima coisa que
lhe foi contada, até mesmo no ano anterior, e que, quando pode,
encontra uma ligação de significado com as outras coisas, a
alinhava numa rede de conhecimento com as demais coisas e
mostra como se faz.
Terceiro tipo. Há, em uma relação de educação,
alguma coisa que diga respeito à educação como tal. Não
me refiro às atividades concretas com as quais se preenche o
tempo, nem aos discursos. O perfil que assume a relação entre
adultos e crianças é, pelo menos, tão importante quanto os
conteúdos concretos e não concretos. Na relação comigo, os
meninos e as meninas podem aprender a usar um dado material,
aprender o uso correto de certas palavras, a conectar
lembranças e a contá-las, a ter contato com os livros, etc. Mas
a relação que têm comigo – como elas a vêem – é, ela própria,
alguma coisa que eles aprendem: o conteúdo desta
aprendizagem particular é...uma forma (sobre isso vou
comentar mais adiante). Em outras palavras, eu digo: quando
um menino ou uma menina chega aqui, deve constatar de
imediato que algumas relações com os adultos conhecidos (em
família ou em outros lugares) não valem, porque eu não sou o
papai, e também, em nenhuma família existem 22 irmãos e irmãs.
Qualquer coisa que lhe ocorra fazer, ele deverá aprender um
outro modo para lidar comigo: agora somente na tentativa de
obter, de forma oportunista, aquilo que deseja e depois dentro
de um sistema de relações humanas, que faz com que os
pequenos e as pequenas não aprendam somente
comportamentos de um adulto/a, mas queiram ser como ele/
ela, isto é, queiram entender como funciona. Vi muitas vezes,
durante o meu trabalho, em crianças de quem eu era professor,
a imitação e a identificação – que são diferentes entre elas – e
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nós estamos. Elas lhes chegam mais forte do que para nós,
mais profundamente. Se conto alguma coisa e não possuo
imagem para mostrar, tenho certeza, da mesma forma, que eles
estão imaginando. O que, exatamente, não sei. Mas sei que a
imaginação é sensível às mudanças da minha voz, ao suspense,
à piada que minimiza o caráter dramático, a uma atmosfera ou
um personagem bem “evocado”. Se um menino tem medo de
máscaras e eu quero fazer com que ele reflita sobre o seu medo,
devo pensar como ele para lhe dizer o que – na minha opinião
– ele está imaginando e como pode procurar um outro modo
de expressá-lo. Quando dois deles dizem entre si – como
milhões deles – “vamos fazer de conta que você é....e eu
sou....4”, não é somente em nome de um princípio organizativo
aprendido. Eles realmente se transformam naquilo que dizem.
Por isso as meninas tendem a não ver a ironia, a ficção, se as
chamamos de “bruxa”. Por isso as chamo assim e lhes digo o
porquê. Ou faço um elogio ao contrário (“muuito bem!!”, quando
deveria dizer o oposto), ou volto com uma piadinha sobre um
ponto em que antes fui um pouco seco, ou a uma pergunta
respondo cantando, ou como respondeu Pinóquio certa vez...
Sei, nesses casos, que estou sendo imprevisível, que lhes coloco
dificuldades, que as coloco em alerta. Percebo isso nas suas
reações. Mas sei, também, que é provável que eu tenha sugerido
alguma associação não lógica (que não converge para um
ponto previsível), mas que é do mesmo modo adequada à
comunicação inteligente entre as pessoas.
Não escrevo essas coisas como sendo um
“objetivo”, mas com as crianças que eu já tinha e, agora, diante
daqueles que estão conosco há pouco tempo, a brincadeira
no falar, o uso da ironia, a citação sagaz, os jogos de palavras,
são todas maneiras habituais de se comunicar, de modo igual
às explicações exatas. Não escrevo isso como um objetivo,
mas se no final, ou mesmo antes, todos/as nesta turma nos
falarmos de modo astuto, formos rápidos/as, sem ranços,
mudando comportamento e rindo disso, seria suficiente para
eu dizer que este ano (também) não passou em vão.
Com relação à música, sobre aquilo que se pode
chamar de música na Escola da Infância, procuro atuar do mesmo
modo. É claro que, se para mim que ensino o problema fosse
que as crianças cantassem, o nível delas seria aquele das
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Notas
1
A escola da infância, chamada até recentemente de escola
materna, equivale à pré-escola brasileira (N.T.). Texto traduzido
do italiano por Maria de Lourdes T. Menon com revisão
técnica de Ana Lúcia Goulart de Faria e Danilo Russo.
2
Em muitas escolas da infância italianas, as turmas são mistas de
idade e, a cada ano, o professor ou a professora perde as crianças
de 5 anos que vão fazer ¨6 anos já no início da 1ª série e recebe
novas crianças de 3 anos e também crianças de 4 ou 5 anos,
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3
O ano letivo na Itália tem início em setembro. Na Escola da Infância
as crianças que cumprirem 3 anos em janeiro podem iniciar em
janeiro (N.T.).
4
“Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês...” como
diria Chico Buarque (N.T.).
5
O autor usa aqui a palavra incasinate, uma gíria italiana que teria
o sentido de “bagunçadas”. Na continuidade do texto fica claro
o sentido do termo referindo-se a atividades em que há uma
forma única de uso dos objetos e materiais.
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SEREM DEMOLIDOS
SUPERANDO A
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DIFERENÇAS: OS
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FISIOLÓGICOS IMPEDEM
A PRODUÇÃO DAS
CULTURAS INFANTIS?
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A dança em dupla.
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Notas
1
Professora de Educação Infantil na SME de Campinas, no CEMEI
Adão Emiliano, de uma turma de crianças da qual faz parte uma
criança que usa cadeira de rodas.
Refer
eferência
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erência
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PEDAGOGIA DO LUGAR:
PEQUENA COLEÇÃO
PARA COLABORAR NA
CONSTRUÇÃO E
OCUPAÇÃO DOS
TERRITÓRIOS DA
INFÂNCIA
PRELIMINARES
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1. A PEDAGOGIA DOS L
PED UG
LUGARES
UGARES
LUGAR - ESCOLA10, LUGAR - CIDADE: CONCEITOS, REFLEXÕES
Todo lugar tem um potencial pedagógico, explícito
ou implícito. As paredes falam, têm ouvidos, guardam segredos,
dão arrepios, emocionam, fazem-nos lembrar, sonhar, pensar.
Em toda organização espacial, seja berço ou cidade, há uma
forma silenciosa de ensino.
Mario Gennari é professor no curso de pedagogia
nas universidades de Genova.
É neste autor que encontrei de maneira
contundente a consideração do problema pedagógico do
espaço na educação, onde o espaço é tratado como sujeito e
objeto pedagógico. Gennari nos oferece elementos riquíssimos
para a construção de teorias pedagógicas do espaço,
fundamentais para o campo de pesquisa do qual estamos
tratando.
Suas publicações relacionam Pedagogia,
Hermenêutica e Semiótica, Educação Estética, Arte e Literatura11.
Mas aqui o destaque vai para os títulos que abordam diretamente
as questões relacionando a semântica da cidade e a Educação,
a Pedagogia da Cidade e dos ambientes educativos12.
Em (1)Pedagogia degli Ambienti Educativi o autor
parte da análise da noção de “espaço” nas ciências humanas,
vai construindo uma perspectiva de conceituação do “espaço
pedagógico”, nas ciências da educação e na história da
pedagogia. Aborda várias escalas do espaço educativo: a casa,
a escola e a cidade. Colabora intensamente para outras
possibilidades teóricas e práticas de interpretação e construção
do espaço no âmbito educativo.
101
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2. INFÂNCIA E ARQUITETURAS
INFÂNCIA NA ESCOLA
ARQUITETURA ESCOLAR
“o arquiteto é um educador. Seu ensinamento transmite-
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
(13)Espaces d´enfants
Org. Marie-José Chombart de Lauwe
Éditions Del Val, Suisse, 1997.
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
3. INFÂNCIA NA CIDADE
CIDADE
“A crise do modelo urbano contemporâneo pode ser
enfrentada com um projeto educativo que ative e valorize não só a
capacidade crítica, comunicativa e relacional das crianças mas sua
capacidade projetual e criativa, a partir da sua vontade de fazer
coisas”. (Françoise Dolto)15
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
(29)Bambini di cittá
Carlo Pagliarini
Edizioni Era Nuova
Peruggia, 2000.
4. A CIDADE NA ESC
CIDADE OLA
ESCOLA
A ARQUITETURA NA ESCOLA
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Marseille, 1997.
108
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
(37)Comprendre l´architecture
Sicard, Mireille.
Centre Régional de Documentation Pédagogique de l´Academie
de Grenoble. Grenoble, 2001.
109
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
(44)Lire la ville
Raynal, Marie
Livre. - GALLIMARD JEUNESSE, 1996.
N° spécial H.S. de «Lire et Savoir».
(45)Comprendre l’architecture
Mireille Sicard
Multisupport. – CRDP, Grenoble, 2001.
110
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
5. LUG
LUGARES PE
UGARES DAGÓGI
PED COS
AGÓGIC
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
6. PROGRAMAS E POLÍTI
PROGRAMAS CAS PÚBLI
POLÍTICAS CAS
PÚBLICAS
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TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Barcelona a l´escola
http://www.bcn.es/IMEB
http://bcnweb13.bcn.es:8886/program.htm
CONSIDERAÇÕES FINAIS
115
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
Notas
1
In: BARROS, Manoel. Memórias Inventadas: A Segunda Infância.
IX Sobre Importâncias.
2
Como Agamben propõe, não entendo a infância apenas como
etapa cronológica da existência humana.“A infância que aqui está
em questão, não pode ser simplesmente algo que precede
cronologicamente a linguagem e que, a uma certa altura, cessa
de existir para versar-se na palavra, não é um paraíso que, em um
determinado momento, abandonamos para sempre a fim de falar,
mas coexiste originalmente com a linguagem, constitui-se aliás
ela mesma na expropriação que dela efetua, produzindo a cada
vez o homem como sujeito”. (Infância e história: destruição da
experiência e origem da história. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
p. 59. Infanzia e storia. Distruzione dell’esperienza e origine della
storia. Roma: Einaudi, 2001).
3
Lugares que não têm nenhum significado, segundo Marc Augé.
4
LIMA, Mayumi Souza. A criança e a cidade. São Paulo: Studio
Nobel, 1989.
5
A Dinâmica da Violência Escolar. Campinas: Autores Associados,
2005. Vigilância, Punição e Depredação Escolar. Campinas: Papirus,
2003. Na mira da violência: a escola e seus agentes. Campinas:
Cadernos Cedes,1999. OBS: Por uma feliz coincidência, fui
estagiária da Áurea na sua pesquisa de mestrado em 1981, e
trabalhei com Mayumi pouco antes do seu falecimento em 1994.
6
Venho trabalhando desde o início da década de 90 no que chamo
de “A Pedagogia do Lugar”, enquanto construção teórica e
concreta, através da proposição de práticas pedagógicas e de
projetos de arquitetura e de urbanismo intensamente relacionados
com os projetos político-pedagógicos das escolas assim como
de espaços extra-escolares.
7
FRAGO, Viñao; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade:
116
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
8
A separação por grupos aqui proposta é apenas uma das maneiras
de organizar o material apresentado, pois, certamente,cada uma
das indicações abarca um ou mais eixos ou temas.
9
Farei destaques para alguns autores no início dos eixos, devido à
relevância da contribuição de suas pesquisas e publicações para
este campo.
10
Escola como lugar pedagógico, incluindo a creche, a pré-escola
e a escola de ensino fundamental.
11
La Educación Estética: Arte y Literatura. Barcelona: Paidós,
1997.Interpretare L ´Educazione: Pedagogia, Semiotica,
Ermeneutica. Brescia: Editrice La Scuola, 1992.
12
Pedagogia e Semiotica. Brescia: Editrice La Scuola, 1984.
Semântica de la Ciudad y Educación: Pedagogia de la Ciudad.
Barcelona: Herder, 1998. Original em italiano: Semantica della
Cittá e Educazione. Veneza: Marsilio Editori,1995.
13
MESMIN, Georges. L’enfant, l’architecture et l’espace. De
l´architecture du mépris à l´espace du bonheur. Paris: Casterman,
1971. Referência (8).
14
FRAGO, Viñao; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade:
a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A,1998. p. 26.
Referência (9).
15
Referência (28).
16
LYNCH, K. L’image de la cité. Paris: Dunod,1960.
17
LEDRUT, R. Les images de la ville. Paris: Anthropos,1973.
18
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e
Emoção. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 264.
19
Nesta edição está publicado um projeto de arquitetura de minha
autoria do Centro de Educação e Cultura da Infância da Caixa de
Assistência aos Advogados de São Paulo (CECEI-CAASP) sob o
117
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
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O FASCÍNIO
INDISCRETO: CRIANÇAS
PEQUENININHAS E A
CRIAÇÃO DE DESENHOS
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Os ddeesenho
senhoss ccomo
omo metáf
metáfor
oraas visuais
áfor
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Notas
1
Utilizarei neste texto a expressão meninos e meninas por opção
de mencionar o gênero ao qual pertencem as crianças acreditando
que o mesmo possa marcar suas criações. Trata-se de considerar
no processo criativo a interligação do individual ao cultural
daqueles envolvidos com a criação e isto não é universal,
apresentando um modelo único.
2
A expressão crianças pequenas e pequenininhas refere-se a duas
faixas etárias: pequenininhas para aquelas com até três anos de
idade e pequenas de quatro a seis anos. Trata-se de uma tradução
do italiano da palavra picollissimi, já utilizado por mim em textos
anteriores e divulgada sobretudo, por Patrícia Dias Prado em seu
mestrado.
3
Ressalto que neste período a arte era vista como reprodução de
formas, enfatizando a cópia, a imitação, o desenho de observação.
4
Obtive a autorização dos pais deste menino para citar seu nome,
vale ressaltar que neste período eu atuava como sua professora
na escola municipal de educação infantil por ele frequentada.
133
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
5
Esta afirmativa é feita de forma categórica pela artista e
pesquisadora Fayga Ostrower (1977) que, embora considere o
processo de criação infantil o apresenta de forma linear e as formas
como se manifestam é simplesmente “infantil”, desta maneira
igualando a todas.
6
Vale lembrar que atualmente vivemos um período histórico no
qual muitas crianças veem-se privadas de usufruir seu tempo de
maneira mais flexível ou livre, as ruas, os quintais tornaram-se
espaços ora privados, ora restritivos quanto à possibilidade da
brincadeira. Outro fato refere-se à inserção precoce da criança
em diferentes tipos de trabalho ou mesmo à necessidade de
desempenhar muitas atividades escolares e extra-escolares,
dependendo da classe social à qual pertence.
7
Vale ressaltar que refiro-me à forma de tratamento castradora
que é utilizada tantas vezes em determinadas escolas de ensino
fundamental, que atarraxam as crianças em suas cadeiras e mesas
impedindo-as de viverem mais livremente sua infância inventando,
experimentando o mundo.
Refer
eferência
ênciass
erência
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ESCHER, ESPAÇOS
CURVOS E CORVOS:
SOBREPONDO JOGOS DE
LINGUAGEM VISUAL E
VERBAL1
Antonio Miguel
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Notas
1
Dedico este texto ao amigo Carlos Roberto Vianna, professor do
Departamento de Matemática da Universidade Federal do Paraná,
e convido o leitor a ler a sua tese de doutorado (VIANNA, 2000),
que me serviu de inspiração nesta minha segunda tentativa de
sobreposição de jogos de linguagem visual e verbal. A primeira
constitui a referência (MIGUEL, 2004).
2
Mesa-redonda: O fascínio indiscreto das palavras (os números, os
desenhos, as tatuagens, os movimentos, a dança, a música), realizada
como uma das atividades do IV Seminário Linguagens na Educação
Infantil que integrou o 15º Congresso de Leitura do Brasil (15º
COLE), ocorrido de 05 a 08 de julho de 2005, na UNICAMP –
Campinas (SP), e promovido pela Associação de Leitura do Brasil
(ALB).
158
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
3
A expressão jogos de linguagem foi primeiramente proposta pelo
filósofo, lógico e matemático austríaco Ludwig J. J. Wittgenstein
(1889-1951) em seu O Livro Castanho (WITTGENSTEIN, 1992),
escrito em meados da década de 1930. Segundo Monk (1995, p.
310-311), “o intuito implícito [de Wittgenstein] é abalar o domínio
da ideia de que imagens mentais precisam necessariamente
acompanhar qualquer uso significativo da linguagem”. O acréscimo
do adjetivo visual à expressão jogo de linguagem é de minha
responsabilidade, uma vez que as reflexões de Wittgenstein se
limitaram ao terreno das linguagens verbais propriamente ditas,
nelas incluídas as linguagens da Lógica e da Matemática. Jogos
de linguagem visual seriam, portanto, no meu modo de entender,
uma das muitas modalidades de jogos semióticos e, nesse sentido,
também os jogos de linguagem verbal de Wittgenstein
constituiriam uma das modalidades de jogos semióticos.
4
O leitor pode ter acesso a uma foto do templo de Hefaístos no
site: http://www.artehistoria.jcyl.es/historia/obras/7952.htm
5
O leitor pode ter acesso a fotos do Palácio Chiericati nos sites:
http://www.imageandart.com/tutoriales/historia_arte/
renacimiento/palacio_chieratti.htmhttp://www.artehistoria.jcyl.
es/arte/obras/15915.htm
6
O leitor pode ter acesso a uma foto da obra Vista de uma cidade
ideal, de Piero della Francesca no site: http://www.humanitiesweb.
org/human.php?s=g&p=c&a=p&ID=882
7
O leitor pode ter acesso a esse desenho de Leonardo no site:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_Vitruviano_
(desenho_de_Leonardo_da_Vinci)
8
O leitor pode ter acesso a essa litografia consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 91), ou através de sites da internet. Um deles é:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/escher/
ecimabaixo.html
9
Essa conhecida obra de Blake pode ser acessada através de muitos
sites da internet, dentre eles, o seguinte: http://www.ibiblio.org/
wm/paint/auth/blake/ancient.jpg
10
O leitor pode ter acesso a essa obra consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 31) ou através de vários sites da internet como,
159
TERRITÓRIOS DA INFÂNCIA
11
O leitor pode ter acesso a essa obra consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 24) ou através de sites da internet.
12
O leitor pode ter acesso a essa obra consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 38) ou através de sites da internet.
13
O leitor pode ter acesso a essa obra consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 22) ou através de sites da internet.
14
O leitor pode ter acesso a essa obra consultando a referência
(ERNST, 1991, p. 26) ou recorrendo a sites da internet.
15
O leitor pode ter acesso a essa obra recorrendo a sites da internet
como, por exemplo, o seguinte: http://www.educ.fc.ul.pt/
docentes/opombo/seminario/escher/esfera.html
16
O leitor pode ter acesso a essa obra recorrendo a sites da internet
como, por exemplo, o seguinte: http://www.educ.fc.ul.pt/
docentes/opombo/seminario/escher/galeria.html
17
O leitor pode ter acesso a essa obra recorrendo a sites da internet
como, por exemplo, o seguinte: http://www.educ.fc.ul.pt/
docentes/opombo/seminario/escher/olho.html.
18
Na verdade, esta minha “tradução condensada“ de O corvo de
Edgar Alan Poe (1809-1849) foi feita mediante a técnica de recorte,
colagem, composição e transcriação livres de versos da versão
original em inglês deste poema, publicada em 1845, e de versos
das traduções do mesmo poema feitas por Machado de Assis e
Fernando Pessoa (1888-1935), respectivamente publicados na
segunda metade do século XIX e em 1924. A tradução de Pessoa
pode ser acessada, na íntegra, no site: http://www.geocities.com/
CapeCanaveral/Hangar/7765/raven.htm. Por sua vez, pode-se ter
acesso à tradução de Machado de Assis no site:
http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_-_Tradu%C3%A7%C3%
A3o_de_Machado_de_Assis.
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Refer
eferência
ênciass
erência
BUNT, Lucas, N. H.; JONES, Philips S.; BEDIENT, Jack D. The historical
roots of elementary mathematics. New York: Dover Publications,
1988.
POE, Edgar Allan. Ficção Completa, Poesia & Ensaios. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1965.
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NÃO FAZER DAS
PALAVRAS UM ATALHO
AO CONHECIMENTO
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crianças pequenas.
Entendo que, de um modo geral, a tônica dos relatos
e das reflexões trazidas a este seminário apontam que podemos
formar homens e mulheres solidárias e inteligentes sem fazer
das palavras a única alternativa para o conhecimento... para isso
estejamos atentos, pois é possível que, nós, educadores e
educadoras tenhamos que aprender com as crianças a escutar
a cor dos passarinhos, como diz o poeta Manuel de Barros.
Ao encerrar, reafirmo as ideias expressas no
documento de convocação desse XV Congresso de Leitura:
Nossa luta por uma educação infantil que respeita o direito à
infância, que acolhe as diferenças sem pasteurizá-las e que não
abre mão de possibilitar a cada criança a máxima apropriação e
fruição da cultura criada ao longo da história de luta e trabalho
de homens e mulheres que construíram e constroem essa
cultura não é vã. Ela é a expressão do desejo de instituir uma
nova ordem social em que poder não seja sinônimo de
opressão, miséria e terror, em que a possibilidade de ser não
se resuma à competitividade empresarial e territorial. Por isso
seguimos. Porque temos demonstrado com as nossas práticas
militantes que uma outra relação com as crianças na escola da
infância é possível. É possível uma relação entre professora ou
professor e crianças que permita a participação e o
protagonismo do adulto e das crianças sem perder de vista, ao
contrário, potencializando o processo de humanização de quem
ensina e de quem aprende. E como dizia Gramsci, “a possibilidade
não é a realidade, mas é, também ela, uma realidade.”
Maiacovski, poeta russo da primeira metade do
século XX nos desafia ao trabalho transformador no poema
Desatai o futuro, onde lembra que “o futuro não virá por si só se
não tomarmos medidas” e que “as vestes poeirentas de nossos
dias, cabe a nós sacudi-las!”
Refer
eferência
ênciass
erência
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Organizadoras e Autores
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