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Por onde andarão as histéricas de outrora, essas mulheres maravilhosas, as Anna O., as
Emmy von N.? Elas representavam não apenas um certo papel, mas um papel social certo.
Quando Freud se pôs a escutá-las, foram elas que permitiram o nascimento da psicanálise.
Foi a partir de sua escuta que Freud inaugurou um modo inteiramente novo na relação
humana. J. Lacan. (2007/1997, p. 17).
Ao oferecer um espaço de escuta para o sofrimento das histéricas, Freud faz ‘falar’
o corpo doente que desafia o saber médico de seu tempo. Como pontua Lacan em sua
que diz, quando de qualquer maneira ela diz alguma coisa com as palavras que lhe faltam”
(2007/1997: 17).
contemporâneo (Vieira & Besset, 2008), a classificação psiquiátrica em voga (DSM IV)
Efetivamente, o prestígio do discurso da ciência faz com que, cada vez mais, a
solução para o mal-estar psíquico expresso no corpo seja buscada em termos de fatores
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Citação: Besset, V. L. & Espinoza, M.P.V. (2012). Dora hipermoderna: ainda a histeria? In J.
Vilhena & J. Novaes (Orgs). Corpo para que te quero? Usos, abusos e desusos. (pp. 303-313).
Rio de Janeiro: PUC-Rio: Appris.
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neurofisiológicos. A nova forma de configuração dos sintomas é condizente com a
caracterização da época em que vivemos como a do ‘Outro que não existe’ (Laurent &
dos ideais. Esse cenário também favorece o incremento da avaliação e dos protocolos
como forma de universalizar e padronizar a partir da média, que acaba por excluir o que
há de particular em cada ser falante (Miller & Milner, 2006). Nesse contexto, entendemos
sofrimentos corporais. Como no caso das dores corporais 'imotivadas’ que não
apresentam causa orgânica definida, ou persistem após a cura dos males físicos aos quais
se atrelavam.
Todavia, os casos em que a dor não cede ante o uso de remédios e outros bastante
numerosos levaram à criação das Clínicas da Dor (Besset, V. L., Gaspard, J.-L., Doucet,
C., Veras, M. A. S. & Cohen, R. H. (2010); Santos; R.A. 2009). Isto, porque a dor passou
do estatuto de sinal de uma doença à entidade a ser tratada em si mesma. Para nós, na
todo modo, sabemos que, em alguns casos, a tentativa de eliminação da dor pode
É nesse cenário que surge nossa proposta de discutir a função que as dores
corporais crônicas imotivadas podem adquirir para um ser de fala. Pois, se para alguns a
dor crônica se configura como o sintoma freudiano, uma mensagem a ser decifrada, para
outros, apresenta-se como um sintoma mudo (Miller, 1997), por não fazer um
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endereçamento ao Outro e não se oferecer à decifração. Em outros casos, ainda, as dores
como nomeação. Assim, em cada caso, a dor pode ser considerada como solução para um
Alberti, modo possível com que um falasser pode lidar com o excesso, com o “demais de
déficit de atenção, fobia, entre outros – ao vazio identificatório que os caracteriza. São
satisfação pulsional. Frente a esse valor de gozo do sintoma, o desafio que se apresenta
Segundo Miller (1997) tais patologias afastadas da palavra tem a ver com o estado
também, uma maior variedade em relação ao sofrimento psíquico que afeta o corporal: os
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ao Outro. Em tempos de hipermodernidade (Lipovetsky, 2004), o sofrimento localizado
proposto por Lacan, quando indica que um analista deve “alcançar a subjetividade e sua
época” e “não depor suas armas diante dos impasses crescentes da civilização” (1953:
322). Com isso entendemos ser importante ter no horizonte a subjetividade da época em
que se vive e as vicissitudes de seu tempo. Tal como Freud e Lacan que, ao longo de sua
Fobia social, TDAH, Transtorno Depressivo, Stress. Alguns nomes utilizados nos
dias de hoje pelos especialistas e pela ciência para o que Freud chamou mal-estar (Freud,
difundidas pela rede mundial da Internet - terapias, remédios, livros de autoajuda. Sem
contar as inúmeras opções que têm por objetivo eliminar todo e qualquer desconforto que
possa ser experienciado pelo sujeito: temos como exemplo o consumo exacerbado de
bens. Objetos que são elevados ao status de portadores da solução contra o mal-estar. Isso
porque esses objetos são tomados como capazes de tamponar a falta que caracteriza o
sujeito do inconsciente, para a psicanálise. No entanto, tais objetos não sustentam essa
função e o mal-estar retorna. Assim, no lugar de se haver com a condição de ser faltante,
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o sujeito recorre a diversos objetos que o façam esquecer sua condição de imperfeito,
faltoso.
2003; Miller, 2004). Lipovetsky (2004) chama a época em que vivemos de hipermoderna,
em conjunto com outros autores que concordam e apoiam a sua tese (Bauman, 2003;
Miller, 2004; Recalcati, 2004). Notamos nos trabalhos desses autores, pontos em comum
no que diz respeito a uma mudança na subjetividade e nos modos de relação entre os
sujeitos. Tais autores destacam que esse período caracteriza-se por uma fluidez, pela
(2004) propõe a nomeação de tempos hipermodernos por acreditar que nesse intervalo de
que não existem outros modelos que façam frente a esse tripé radicalizado. Os ideais
livro Você quer mesmo ser avaliado (Miller; Milner, 2006), faz um breve relato sobre a
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perdidas quanto ao seu valor, sem os referenciais que antes serviam de orientação na
desamparado sem uma proteção coletiva ou das instituições. Ele está entregue a si mesmo,
o que o torna mais frágil. Diante da responsabilidade de assumir o que deseja, o sujeito
foi criada. Trata-se, antes, de construirmos novas ferramentes para avançarmos com os
casos clínicos que apontam as diferentes funções que o corpo e a dor podem adquirir para
um ser de fala.
Corpo e dor
Alguns autores nos servem de guia em nossa pesquisa. Entre outros, Castellanos
(2009) para quem a dor crônica de causa orgânica não definida pode ser considerada como
uma “experiencia subjetiva, como una manifestación de los lenguajes del cuerpo” (p.18).
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Apresentaremos casos de dores imotivadas, com funções distintas, para avançarmos em
nossa discussão.
Castellanos (2009), em seu livro “El dolor y los lenguajes del cuerpo”, nos dá
como exemplo o caso de uma jovem que sentia uma intensa dor no joelho que a impedia
de caminhar e trabalhar. Esta dor, segundo a moça lhe relatava, se estendia por seu corpo,
lhe trazia um grande cansaço, além de insônia. Depois de investigar as possíveis causas
orgânicas desse padecimento, nada foi encontrado. Ao perguntar à jovem sobre o que
havia acontecido, a moça lhe responde que seu pai havia falecido e ela tinha sido a forte
da família. Ele intervém, então, pedindo que a moça fale sobre isso. Sua hipótese era que
se a paciente não conseguia falar sobre esse acontecimento, talvez o corpo o estivesse
fazendo.
o falecimento de sua irmã e do adoecimento de seu irmão, por HIV, três anos antes. Nessa
época, outro sintoma corporal já havia lhe acometido: uma calvície, o que não é um
sintoma qualquer para uma atriz. Sua imagem se viu afetada, então, ante o insuportável
de sua experiência de vida. As dores do joelho, anos depois, apesar de não serem fruto de
uma lesão corporal, provocavam uma grande incapacidade. Castellanos (2009) explica
que foi necessário um trabalho de elaboração do luto para que esse sintoma cedesse, “allí
Entendemos que, nesse caso, a dor corporal sem causa orgância indicava seu
caráter de mensagem a ser decifrada, remetendo a uma série de perdas que a paciente não
Castellanos adverte que “en la experiencia del tratamiento del dolor siempre hay
algo que escapa a la lógica de la eficacia del fármaco o del daño orgánico, y qualquier
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médico com experiencia sabe que la subjetividad opera de forma decisiva.” (idem: 17).
Segundo definição mais aceita até o momento, apresentada pela Associação Internacional
para o Estudo da Dor (IASP), “el dolor es una experiencia sensorial y emocional
lesión” (idem). Essa definição inclui, portanto, um caráter subjetivo à experiência da dor.
Ebtinger (2007) contribui para essa discussão e apresenta um caso em que a dor
Atenção e Avaliação da Dor, devido a fortes dores nas costas que impediam o retorno ao
acidente de carro que aconteceu em dois tempos. Na primeira batida, mais leve, o homem
manteve-se bem. No entanto, com a segunda batida, mais forte e inesperada, o homem
estar morto. Quando os lugares que sofreram choque começam a doer, o paciente diz que
pôde compreender que estava vivo. Naquele instante da batida, ele perdeu a percepção de
seu corpo que se traduziu por um sentimento de irrealidade do mundo. As dores tinham
para esse homem, então, uma função: “sinto dor, estou vivo”. A dor fazia a aliança entre
Este último caso nos remete ao de Luciana, que sofre de dores crônicas. É
severa. De saída, percebe-se que a medicina já lhe oferecera um nome para sua dor:
caracterizada por dores crônicas e generalizadas, que inclui em sua sintomatologia fadiga,
sono, indisposição, entre outros. No entanto, sua etiologia permanece obscura sem que
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Essa apresentação da doença permite uma aproximação com a histeria, como já o
fizeram alguns autores (Slompo & Bernardino, 2006). Ao mesmo tempo, mais
recentemente, outros autores nos convidam a não reduzir as dores da fibromialgia, como
Zanotti, S. V., Tenenbaum, D., Schimidt, N., Fischer, R.P., Figale, V. (2010). Pois, se
como uma dor física se inscreve na realidade subjetiva. Sobre isso, apoiado na orientação
lacaniana e em dados da clínica, Ebtinger (2007), entre outros, nos lembra que o
são portadores de uma verdade a ser decifrada, remetendo a uma fala do sintoma, como
postulou Freud e, nos primeiros tempos de seu ensino, Lacan. No entanto, nem sempre o
vista histéricos. Pois fracassa em sua tentativa de tornar o sofrimento um enigma para um
sujeito, um sintoma analítico. Algumas vezes, o paciente não avança no sentido de uma
‘retificação subjetiva’ em relação à sua queixa. Pelo contrário, insistir nessa direção pode
indícios e particularidades que esse ser de fala traz em relação a seu sofrimento. O desafio
que se apresenta, de pronto, é delinear uma resposta às perguntas: É uma neurose? É uma
psicose? Essa questão coloca-se muitas vezes em relação ao corpo: seria um sintoma
histérico ou essa desordem no corpo refere-se à psicose? Ela não comparece como pano
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fenômenos elementares no corpo, bastante evidentes, de uma psicose extraordinária
(Miller, 2010).
São casos em que se “não reconhecem sinal evidente de neurose e, assim, são
levados a dizer que é uma psicose dissimulada, uma psicose velada. Uma psicose difícil
de reconhecer como tal, mas que deduzo de pequenos indícios variados” (Miller, 2010:
7). Trata-se de uma categoria que exige atenção aos detalhes (Miller, 2010; Solano-
Suarez, 2006). Miller propõe a psicose ordinária como uma “categoria lacaniana” (2010:
1) que tem um uso prático e é extraída do último ensino de Lacan: a psicose ordinária não
é tomada como uma nova estrutura clínica, como a neurose e a psicose, mas é uma
Essa indicação nos remete ao caso ao qual aludimos há pouco e nos auxilia refletir
sobre a especificidade da dor para essa paciente. Apesar das dores difusas, Luciana
destaca as dores no joelho como aquelas que mais lhe incomodam. São dores que
atrapalham seu trabalho, que inclui ficar a maior parte do tempo em pé. De tempos em
tempos, ela pede licença do trabalho para tratar de suas dores que acabam mobilizando e
afetando todos os aspectos de sua vida. Conta que tais dores apareceram quando
participava de um grupo na igreja em que frequentava, onde tinha um papel bastante ativo
inúmeras vezes ao dia. Qualquer assunto que passasse pela sua cabeça e que considerasse
errado a obrigava a buscar o padre para confessar-se. Conta que esse período foi permeado
por muita angústia e tristeza. Por fim, tal comportamento fez com que o grupo a afastasse
de suas funções. A partir daí, ela buscou uma ajuda terapêutica que a ajudou a controlar
os pensamentos, mas ganhou a dor como resto dessa operação. As dores do joelho eram
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as mais fortes, segundo ela, e lamentava-se porque a partir de então ficou justamente
impedida de ajoelhar-se no banco da Igreja. Isso era o que mais lhe fazia falta.
Nesse caso, a dor teve a função de promover uma nova aliança entre o corpo e a
realidade. Como no caso clínico apresentado por Ebtinger (2007), em que o autor
considera a dor não somente como uma sequela física após um acidente de carro, mas
cada vez mais do real no tratamento, em seus últimos seminários. Essa vertente inicia a
chamada clínica borromeana, que está além da clínica estrutural, que faz a distinção entre
do-Pai. Essas novas ferramentas, então, nos permitem orientar o tratamento perguntando-
estrutura, o que os poderia manter juntos, sem nos orientarmos somente pela foraclusão.
(Castanet & De Georges, 2009) Entretanto, cabe ressaltar que essa ferramenta não exclui
diversos casos clínicos que não se localizam de maneira evidente na organização ter ou
próprio, fruto da ordem simbólica, que funciona como balizador e ordena o mundo do
sujeito. Nessa concepção, o psicótico não teria o Nome-do-Pai como função ordenadora,
ensino, Lacan afirma que toda a ordem simbólica é um delírio, que atribuir sentido é
delirante, já que a vida não tem nenhum sentido (Miller, 2010). Essa mudança altera o
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lógica simbólica” (Miller, 2010: 12). É um elemento que funciona como um Nome-do-
Pai para um sujeito. Esse elemento é o princípio que ordena o seu mundo.
para ela. Como um elemento capaz de fazer um enlaçamento entre os registros e ordenar
seu mundo. Esses meios artificiais, podemos entendê-los como um elemento suplementar
Luciana com seu corpo? Caso afirmativo, deveríamos pensar que no acompanhamento
que essa moça faz de sua doença, com vários especialistas, não seria o caso de extinguir
com sua dor, tendo em vista a função que ela desempenha? Trata-se, antes, de permitir
que a partir do seu trabalho com a fala, Luciana possa construir outra experiência a partir
de seu corpo.
e satisfação, Lacan prioriza em seu ensino a segunda delas (Tizio, 2009) através do
conceito de gozo, que atravessa todos seus seminários. Nos primeiros, há uma prevalência
do simbólico orientando sua clínica e construções teóricas. Ao final de seu ensino, Lacan
avança cada vez mais em direção ao real e propõe um enfoque maior na articulação entre
sintoma, corpo e gozo. O trabalho a partir do sintoma, tomando-o como o que há de mais
formação significante, da mensagem cifrada dirigida ao Outro, é visto pelo último Lacan
como uma forma de organização do gozo, um resto que persiste.” (Cohen, 2009: 1) E dá
No livro A loucura entre nós (Veras, 2010), o autor fala sobre a “clínica do
sinthoma, mais além da saúde mental”. Essa proposta inclui pensarmos o sinthoma para
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além dos casos de psicoses extraordinárias, através do modo de amarração que cada
falasser constitui para si. Já de início Veras nos faz uma indicação sobre o uso que
podemos fazer desse aparato teórico proposto no derradeiro ensino de Lacan (1975-
1976): “Com a clínica do sinthoma, muitas vezes se trata de investigar, e não de tratar,
homogeneização dos três registros: real, simbólico e imaginário, dando início à chamada
clínica borromeana. O que marca essa nova concepção é o fato de que os três registros
“se tornam completamente independentes uns dos outros e, principalmente, que eles não
sinthoma como o quarto nó que ‘grampeia’ os outros três, Real, Simbólico e Imaginário.
imaginário se liga ao real que lidamos com alguma coisa da qual surge o sinthoma”.
(ibidem: 53) É esse quarto elemento que permite “reparar a cadeia borromeana no caso
de não termos mais uma cadeia” (ibidem: 90). Essa teoria, que se orienta pelos
enlaçamentos possíveis que mantém os registros psíquicos reunidos, nos faz questionar
determinados casos.
início de todo tratamento analítico. Essa orientação é bastante relevante no que concerne
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a formulação de uma hipótese diagnóstica no intuito de delinearmos a direção do
tratamento. Em cada caso, como sublinha a mesma autora, a atenção aos detalhes pode
É por essa via, da atenção aos detalhes para pensar o enlaçamento próprio a cada
ser de fala, que buscamos refletir sobre a função que o sofrimento no corpo pode ter para
um sujeito, e sobre as ferramentas que a psicanálise nos oferece para operar com esses
sintomas que não se oferecem ao sentido nem a interpretação. Isso, tomando a fala como
instrumento privilegiado da prática clínica e considerando que esta incide sobre o corpo
do ser falante. Mantemos, para tal, a referência a Freud e aos princípios da prática
analítica tais como indicados na orientação lacaniana. (Laurent, 2006). Ou seja, buscamos
ensino de Lacan.
Considerações finais
vezes encaminhados pelos médicos, nos instigam, em cada caso, a investigar a função da
dor. Entendemos que esses sofrimentos, apesar de suas semelhanças com as conversões
histéricas, podem ser encontrados também em casos que não se enquadram na estrutura
neurótica. As dores, então, podem funcionar como enigma, como uma compensação ou
mesmo evitar o desencadeamento de uma psicose. Como nos casos apresentados, onde
discutimos diferentes funções que a dor pode adquirir, em casos de neurose e psicose. No
caso de Luciana, as dores pareciam lhe dar um lugar, algo que orientava sua vida e
mediava suas relações no laço social. Nesse caso, o diagnóstico da fibromialgia parece
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Parece-nos interessante, pois, que a partir do caso a caso, seja possível investigar
a função do sintoma. A sutileza é que essas dores, tal como os sofrimentos das histéricas
parecem dar um lugar no mundo para esse ser de fala. Desse modo, entendemos que esses
casos fazem sobressair a adequação do que nos ensina a psicanálise: em cada caso, levar
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