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Muito se tem discutido sobre as diversas teorias que norteiam as múltiplas práticas
de mediação em nossa sociedade. Pode-se dizer que já se avançou bastante na descrição
e teorização das ações de mediação numa perspectiva individual. Aliás, a grande
maioria das experiências consolidadas no país diz respeito a esse tipo de mediação. No
entanto, ainda são muito escassas tanto as experiências quanto as teorizações sobre a
perspectiva coletiva da mediação. Neste contexto, a experiência de extensão, ensino e
pesquisa do Programa Polos de Cidadania da Faculdade de Direito da UFMG mostra-se
riquíssima.
1. Um pouco da história
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Mestre em Filosofia do Direito pela Faculdade de Direito da UFMG. Atualmente, coordenador de
Projetos do Programa Polos de Cidadania da UFMG.
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A partir de uma parceria institucional do Programa Polos de Cidadania, nos idos de
1998, com a CDHC-BH, um intercâmbio e uma cooperação mútua entre os integrantes
desses dois projetos foram estabelecidos, o que viabilizou uma melhor estruturação da
referida coordenadoria e uma maior institucionalização e expansão das atividades desse
programa de pesquisa e extensão.
A região escolhida para receber o projeto piloto dessa ação foi a Zona Norte de Belo
Horizonte. Nesse momento, todas as frentes de trabalho do então “Projeto Polos
Reprodutores de Cidadania”4 foram mobilizadas para realizar um diagnóstico sócio-
organizacional na referida região.
Ressalte-se que neste momento, o Polos era subdividido nas seguintes Frentes de
Trabalho: “População de Rua e Construção da Identidade Coletiva”; “Saúde Mental e
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Expressão utilizada pelos integrantes do programa para carinhosamente designar os egressos do Polos.
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O primeiro nome dado a essa ação de descentralização das atividades do Polos e da CDHC-BH foi
“Núcleo sociojurídico”, porém num curto prazo a nomenclatura foi modificada para “Núcleo de
Mediação e Cidadania”.
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Há uma anedota de que a palavra “Reprodutores”, apesar de já contestada por muitos membros do
projeto, só foi oficialmente retirada do seu nome quando da realização de um trabalho de prevenção e
combate à exploração sexual infanto-juvenil no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. Na região, o
Polos era recorrentemente confundido com um projeto de extensão da Faculdade de Veterinária da
UFMG que trabalhava com reprodução de cavalos garanhões (sic). Diante do constrangimento da
confusão, muitos relatam que essa teria sido a gota d’água da palavra “Reprodutores” no nome do projeto.
Antes disso, porém, teoricamente a expressão já era discutida, uma vez que apontava para uma prática
mecanicista de mera reprodução, diferente do que o projeto ideologicamente sempre concebeu.
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Cidadania”; “Mulher e Direitos Humanos”; “Violência Policial e Direitos Humanos”;
“Trupe a Torto e a Direito5”; e “Organização Popular em Vilas e Favelas”.
O trabalho iniciado na Zona Norte de Belo Horizonte seria abarcado nessa última
frente, “Organização Popular em Vilas e Favelas”, que já desenvolvia atividades na
região Centro Sul de Belo Horizonte, mais especificamente no Morro do Papagaio.
Nesse aglomerado de favelas de BH, o atendimento individual, até então, não era
realizado, o foco do trabalho era a perspectiva de mediação comunitária coletiva, que
seria incorporada nas atividades do Núcleo em construção.
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Na monografia “A torto e a direito – um ensaio para uma realidade” tive a oportunidade de escrever o
processo de criação, institucionalização e ampliação dessa importante frente do Polos (ou “vertente
teatral” como era chamada na época). Parte desse estudo pode ser consultada no capítulo “A torto e a
Direito: uma experiência teatral emancipadora”, publicado no livro “Cidadania e inclusão social: estudos
em homenagem à Professora Miracy Barbosa de Sousa Gustin”. Belo Horizonte: Fórum, 2008.
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Tal convênio visava ao desenvolvimento dos Centros de Referência do Cidadão
(CRCs) nos Aglomerados Serra e Santa Lúcia (Morro do Papagaio). Os CRCs, a
princípio, foram pensados para agregar vários serviços no mesmo espaço (Defensorias,
Promotorias, Polícia Comunitária e o Núcleo de Mediação e Cidadania do Programa
Polos.). No entanto, de todas as instituições previstas apenas o Programa Polos e a
Polícia Militar efetivamente “subiram o Morro” nessa ocasião.
2. Aspectos da metodologia
Não estamos aqui diante de uma metodologia que se acredita neutra, ou até mesmo
imparcial. O trabalho do Polos, inclusive as suas mediações, é talhado por sua
orientação ideológica, pelo objetivo que motivou a sua fundação e ainda justifica a sua
existência.
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Segundo site do Instituto Elo, responsável pela gestão dos Núcleos diretamente ligados ao Estado de
Minas Gerais, atualmente, os Núcleos estão instalados em 39 regiões de MG.
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Objetivo literalmente retirado de apresentação institucional do Programa Polos de Cidadania (2014).
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visa à emancipação dos participantes a partir de uma determinada situação, conflituosa
ou não. Uma estratégia para despertar em todos os envolvidos com a ação, dos
integrantes do Polos (estudantes, professores e técnicos) às pessoas diretamente
interessadas nos casos trabalhados, o aprendizado de uma maneira complexa e sensível
do ato de reconhecer o outro, com suas trajetórias, necessidades, anseios e limitações, e
nesse processo aprender a reconhecer as suas próprias potencialidades, fragilidades,
desejos, angústias e direitos. Nessa esteira, a mediação é entendida como um
instrumento para o desenvolvimento de intersubjetividades, intercompreensões e
autonomias.
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construção das grandes decisões públicas, para, inclusive, atribuir maior confiança,
equidade e a aceitação a esses processos.
Nesse momento, as equipes de trabalho do Polos são guiadas basicamente por duas
perguntas. Primeiramente, questiona-se sobre o que seria melhor para a pessoa e a
comunidade que se apresentam. Segundo, questiona-se se a equipe de trabalho é
capacitada para auxiliar.
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A história do conflito é desenhada e diferentes perspectivas sobre o problema são
levantadas. Todas as informações já disponíveis e as expectativas de solução são
trazidas à tona.
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teóricos e, consequentemente, atuam para a geração de um conhecimento novo sobre o
caso atendido.
Uma senhora procura o Programa para reclamar que a rede de esgoto na sua casa
não está funcionando. No dito popular, sua “privada está amarrada”. Um senhor
reivindica iluminação para o seu beco, uma vez que a escuridão tem aumentado os atos
de violência e também causado acidentes. Um pai recorre ao Polos, pois não está
conseguindo vaga para o seu filho nas escolas da região. Um morador de rua relata aos
integrantes do programa que fiscais da prefeitura têm lhe assediado frequentemente
tomando-lhe seus pertencentes. Uma moradora de vilas e favelas indignada demanda
acompanhamento do Polos, pois recebeu uma notificação da prefeitura de que sua casa
será incluída em programa de reurbanização e será demolida.
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Na época, entre 1999 e 2000, um senhor procurou o programa Polos com uma
notificação que acabara de receber da empresa Gasmig, informando que ele deveria sair
do seu barraco – e demoli-lo – em 48 horas. Segundo o comunicado, o barraco teria sido
construído numa faixa de servidão da Gasmig, sendo que embaixo da casa passava um
gasoduto. A situação ainda era mais grave, pois o barraco estava localizado literalmente
na beirada da MG-20, rodovia importante que liga Belo Horizonte a algumas cidades da
região metropolitana.
Nesse momento, talvez, era criada espontaneamente uma das principais técnicas de
coletivização de demandas do programa. A partir da percepção dos mediadores de que
aquele caso dizia respeito a toda uma coletividade, bastou uma pergunta – e ainda basta
quando da recorrência de casos com esse potencial – para que tal perspectiva coletiva se
evidenciasse.
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Representando o Programa Polos de Cidadania, fomos eu e o colega Onésio Amaral, “polossauro”
emblemático, hoje procurador regional da república. Essa certamente foi uma das experiências mais
marcantes e exóticas que vivi no Polos. Como muitos moradores compareceram à reunião e o bar era
extremamente pequeno, o encontro ocorreu entre o bar e a rodovia que o contornava. Quando passava
algum caminhão ou carro mais apressado, tínhamos que suspender rapidamente a conversa para todos
correrem para junto das paredes do bar. Ali a gente se espremia como dava. Não sei se o meu espanto era
maior pelo perigo que todos estavam submetidos, ou pela naturalidade que aquelas pessoas lidavam com
aquele alto risco já suplantado em suas vidas. Era o farol de o caminhão apontar na curva da estrada,
alguém gritar “caminhão”, e todos se juntarem em silêncio. Logo o fio da meada era retomado com
naturalidade me deixando meio assustado e mais ainda realizado de participar daquele momento.
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Essa estratégia também é utilizada até os dias de hoje pelo Programa. Sempre que a
equipe e os mediandos chegam à constatação de que determinado caso é de interesse de
todo um coletivo (beco, bairro, rua, vila, escola, etc.), os mediadores já estimulam,
desde o primeiro contato, o envolvimento das pessoas responsáveis por apresentar a
demanda em coletivizá-las.
O desdobrar do caso dos moradores da MG-20, como ele foi chamado durante
algum tempo, contarei aos poucos no decorrer desse pequeno texto, porém cabe
salientar que essas duas ações narradas (constatação da perspectiva coletiva e
envolvimento dos demais interessados) já foram suficientes para se criar uma
consciência coletiva do conflito, antes entendido e tratado como um problema
específico de cada família, e abrir caminhos para o início de um processo de cooperação
e de diálogo.
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Desse modo, procura-se estimular ao máximo a participação voluntária e coletiva
dos membros de determinada comunidade, para que esta seja fortalecida em possíveis
relações com o Estado e empresas privadas que tenham interesse em sua região.
A seguir, veremos algumas atividades que o Programa Polos utiliza para realização
de organização e de mobilização social.
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Desse modo, pode-se concluir que o processo de escuta dos anseios comunitários se
dá de três modos: a partir dos atendimentos individuais e, principalmente, de sua
coletivização; por meio da prática desses instrumentos de pesquisa; e, ainda, de maneira
informal no dia a dia de uma comunidade.
Essa última forma de coleta informal de demandas é muito praticada pelas equipes
do Polos. Nas diversas reuniões comunitárias, no ponto de ônibus, tomando um café na
padaria, conversando com algum morador do aglomerado, realizando uma visita para
auxiliar num caso específico ou participando de algum evento da comunidade. Sempre é
possível surgir em um desses momentos uma nova demanda crucial para determinada
comunidade.
O Programa Polos considera que essa estratégia faz parte de um processo amplo de
mediação comunitária coletiva, pois possibilita que as equipes auxiliem os moradores
interessados a encontrar seus verdadeiros interesses e a desenvolver uma forma de
preservá-los em um possível acordo criativo. Essa escuta também é parte fundamental
para o momento de construção conjunta de uma solução mutuamente aceitável, sem
imposições de sentença ou laudos. Por fim, entende-se que os diversos aspectos de uma
determinada situação problemática (inclusive, os possíveis aspectos positivos) podem
ser conhecidos, trabalhados e valorizados durante a realização de toda a mediação
comunitária coletiva.
Outra técnica bastante utilizada pelo Programa Polos num processo de mediação
comunitária coletiva para propiciar a organização e mobilização social é a realização de
mapeamentos e articulações de lideranças.
Para a feitura desses mapeamentos, o Polos lança mão das metodologias especificas
de diagnósticos sócio-organizacionais ou de cartografias sociais. Independente da
metodologia eleita para determinada situação, espera-se sempre que a feitura do
trabalho siga a perspectiva da pesquisa-ação. Isto é, que a comunidade seja chamada a
participar em todas as etapas do trabalho.
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éticas que não a sua. Por fim, essas práticas pleiteiam a urgência de se estimular o
envolvimento sustentável de todos os membros de uma comunidade política com os
rumos e princípios da mesma, como contraponto indispensável à procura incessante
pelo desenvolvimento econômico de uma nação.
Muitas vezes o sentimento de injustiça de uma comunidade não é suficiente para pôr
em prática processos de transformação social, sendo, nesses casos, primordial a
articulação política de uma comunidade.
Para potencializar a mobilização popular em torno de temas de interesse da
comunidade e incrementar a organização social de uma região, outras duas ferramentas
adotadas pelo Programa Polos são a realização de mutirões comunitários e de eventos
ligados à proteção e educação de Direitos Humanos e promoção da cidadania.
Esses mutirões são sempre produzidos de maneira colaborativa e concebidos a partir
de uma imprescindibilidade. Trata-se de uma estratégia utilizada em momentos
específicos. Diante de uma ameaça de despejo, da precisão de se fazer um levantamento
urgente para responder a algum requisito formal de processos que envolvam a
comunidade, de um conflito eminente para ocorrer, enfim de algo pontual que terá a
chama de gerar um envolvimento e um engajamento forte de toda a equipe, apoiadores e
moradores na causa.
É importante ter isso claro, para que iniciativas de mutirão não sejam lançadas sem
forte adesão popular. Quando isso ocorre acaba enfraquecendo a efetividade do
instrumento.
Observação semelhante pode ser feita com relação à realização de eventos ligados à
proteção e educação de Direitos Humanos e promoção da cidadania, como cursos,
seminários, rodas de conversa, semanas culturais, etc.
Jamais esses eventos devem ser propostos sem a ampla adesão ou, principalmente,
sem a participação direta da comunidade. Aliás, o ideal é que esses eventos sejam
sugeridos diretamente por moradores, ou depreendidos de observação direta e recorrente
de necessidades dessa comunidade.
Não há situação mais frustrante do que um evento totalmente esvaziado por falta de
interesse efetivo dos moradores. Para que isso não ocorra, é preciso pensar inúmeras
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vezes antes de levar adiante a produção de um evento desse tipo. E envolver ao máximo
a comunidade diretamente interessada que deverá ter suscitado a realização do mesmo.
Essas orientações são feitas em momentos variados da mediação, sendo que sempre
os assuntos temas das orientações são amplamente discutidos por toda a equipe na
reunião de discussão de casos. Nesse espaço, as informações mais adequadas a serem
prestadas são levantadas e, dependendo da precisão, pesquisas mais aprofundadas são
feitas para que os esclarecimentos sejam feitos de maneira adequada.
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No canal do Programa Polos de Cidadania no Youtube vários vídeos produzidos pelo Programa
podem ser livremente acessados. Destaque para o documentário “Uma avenida em meu quintal”. Dirigido
por Frederico Triani e Samira Motta, o documentário é resultado de uma ampla pesquisa, coordenada por
Antônio Eduardo Silva Nicácio e Márcio Túlio Viana e financiada pelo CNPq, sobre o efeito do programa
Vila Viva na dimensão socioeconômica dos moradores do Aglomerado Serra de Belo Horizonte.
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O primeiro programa de rádio desenvolvido pelo Programa Polos de Cidadania foi na extinta rádio
comunitária “União”, sediada no Morro do Papagaio, que se chamava “Morro Legal”. De lá pra cá,
inúmeros outros programas foram produzidos pelo Polos como o “Fala Comunidade!” que durante anos
foi ao ar na rádio comunitária “A voz da comunidade” sediada no Aglomerado Serra. Também no
Aglomerado Serra, o Polos desenvolveu um programa chamado “Fala Periferia!” na rádio “A voz da
periferia”. Por fim, o Polos atuou com programas de rádio junto a População de Rua, num programa da
Rádio Elo chamado “Fala Rua!”.
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outro lado da mesa procuradores e advogados estarão muito bem preparados para
defender os seus clientes.
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2.5.1 Identificação e realização de parcerias e apoiadores
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Nesses momentos, diversos encontros foram feitos entre essas figuras centrais para
o processo sob a condução do Polos. Clima tenso e ameaças recíprocas marcaram as
mediações iniciais. Nesse caso, devido à alta tensão entre os participantes os encontros
foram realizados na sede Programa Polos de Cidadania na Faculdade de Direito da
UFMG e não no próprio Aglomerado. Havia certo receio entre as lideranças de que se
essa tentativa fosse feita no Morro do Papagaio o desgaste já existente entre elas poderia
ser agravado. Assim, optou-se por um lugar supostamente mais austero.
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Após inúmeras assembleias comunitárias e audiências públicas envolvendo expressiva parcela das
lideranças e entidades da região, bem como instituições apoiadoras, como o Ministério Público Federal e
a Defensoria Pública do Estado, um acordo foi firmado com representantes da prefeitura de Belo
Horizonte assegurando a redução das remoções, a construção das unidades habitacionais antes da abertura
e construção de vias e também a retirada de uma rede de fios de transmissão de energia elétrica da Cemig.
Parte dos moradores se mostrava contrária à construção da Via do Bicão, uma obra controversa
responsável por gerar muitas remoções e também por fugir do escopo da regularização fundiária proposto
pelo projeto Vila Viva e se filiar mais a uma política de articulação urbana da cidade, porém no processo
de mediação comunitária coletiva essa via acabou sendo aprovada pela a maioria dos participantes.
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2.5.2 Articulação das entidades comunitárias e instituições parceiras apoiadoras
O diálogo entre esses atores nem sempre é tranquilo. Muitos são os entraves que
dificultam a repercussão das temáticas trabalhadas num contexto social mais
abrangente. Inúmeros são os gestos de autoritarismo e de clientelismo por parte de
esferas do poder público e também de desmobilização e individualismo de determinados
grupos sociais. Todavia é inegável que a existência desses espaços tem favorecido uma
maior possibilidade de participação social. Nesses espaços, a população tem
reivindicado demandas genuinamente comunitárias, pressionado o Poder Público para a
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Texto de apresentação do relatório mensal produzido pelo Programa Polos e enviado para a Secretaria
do Trabalho e do Desenvolvimento Social de Minas Gerais, uma das financiadoras das atividades do
Programa.
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abertura e manutenção permanente do diálogo e também se informando constantemente
dos assuntos pertinentes àquela determinada comunidade.
3. Conclusão
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a justiça social, na esteira da tradição latino-americana do “Movimento de Córdoba”13.
O que vai ser ensinado ou pesquisado não é definido pelos pares acadêmicos ou pelo
pragmatismo, mas sim a partir de uma relação dialógica com toda a sociedade.
Nesse contexto, o Programa Polos tem trabalhado para a formação de militantes por
uma sociedade justa, democrática e comunicativa, isto é, para a construção de sujeitos
prontos para aprender, conhecer e questionar as formas e os conteúdos do conhecimento
acumulado. Isto é, “seres emancipados e mediadores de um conhecimento que se faz de
forma intercompreensiva” (GUSTIN, 2010, p. 59). Trata-se de uma ação libertadora
geradora de “saberes que se cooperam e que são constitutivos de autocompreensão”
(GUSTIN, 2010, p. 59). Uma experiência que proporciona aos envolvidos realizar
aprendizados teóricos de um conhecimento rico, vivo e produtivo em conexão direta
com a realidade do país.
A escolha do tipo de intervenção deve ser feita sempre a partir de uma análise
contingencial que foca na pessoa, nas relações e no contexto do conflito, uma vez que
os mesmos não acontecem no vazio. Tem que se levar em conta a relação que vem por
trás (demandas submersas ou subjacentes), pois o conflito, completo e diverso, se dá na
relação. E não se pode resolver um conflito sem entendê-lo. Devemos deixar que os
conflitos nos ajudem, ao invés de nos sucumbirmos diante de sua existência.
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Uma boa leitura sobre o tema é o livro “A História da Universidade” (RUBIÃO, 2013) resultado da
tese A “Universidade Participativa”. Uma análise a partir do Programa Pólos de Cidadania por
defendida André Rubião. Com o estudo o autor foi o vencedor ex-aqueo da 7ª edição do Prêmio CES.
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É essencial ter em mente que os problemas podem ser judiciais, mas antes de
qualquer coisa eles são comunitários. São zonas inteiras, urbanas e rurais, de confronto
e violência. Nesses contextos, todos sofrem. Duas ou mais perspectivas sinceras e
sentidas. Temos que respeitar as necessidades e interesses dos envolvidos, sendo suave
com as pessoas e duros com os problemas.
b) caráter dialogal;
Uma mediação comunitária coletiva que não ocorre num momento ou num local
pré-definido, mas de maneira flexível, clara, concisa e simples no cotidiano das
comunidades brasileiras, atendendo à compreensão e à exigência do contexto para o
qual se volta.
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4. Bibliografia
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