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O PROTAGONISMO JUVENIL
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Julia Mitiko Sakamoto, Cientista Social e Coordenadora Executiva do Programa Atitude em Piraquara.
Regina Almeida, Coordenadora de Políticas de enfrentamento à Violência da Secretaria de Assistência
Social – Município de Piraquara.
Este documento foi elaborado a partir da colaboração e discussão junto à equipe técnica do Programa
Atitude de Piraquara.
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formas de mobilização que transcendem os limites de seu entorno
sócio- comunitário.
DA EXECUÇÃO
Durante execução das atividades entende-se que ocorre o processo de capacitação dos
jovens Agentes de Cidadania. Este processo se inicia desde o momento da elaboração e
implementação das atividades que serão propostas pelos jovens.
Na execução espera-se que a equipe multidisciplinar do Programa Atitude favoreça
aos jovens a participação em oficinas de vivências; e que os jovens protagonistas priorizem
em suas ações com a comunidade o diálogo constante a respeito do autoconceito, da
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interação, de conflitos, do respeito mútuo, da colaboração entre as pessoas, entre outros
elementos considerados importantes para o fortalecimento dos vínculos comunitários.
A priorização de uma proposta de formação continuada aos jovens agentes de
cidadania deve ser entendida como parte importante do processo de capacitação para uma
atuação que de fato caracterize a sua participação comunitária enquanto sujeito responsável e
que tem no “protagonismo juvenil” o seu ponto de apoio. A execução desta proposta deve ser
orientada e acompanhada pela equipe multidisciplinar do Programa Atitude com apoio da
Secretaria de Estado da Criança e da Juventude e da Secretaria Municipal de Assistência
Social do Município de Piraquara.
Serão termos orientadores no desenvolvimento do trabalho junto aos agentes de
cidadania:
Objetivos gerais:
Objetivos Específicos:
• Trabalhar com as histórias de vida dos jovens, promovendo reflexões sobre sua
trajetória e seu projeto de vida, abordando sobre a cultura da violência e a cultura de
paz;
• Formar jovens multiplicadores de cultura de paz, capazes de dialogar com seus pares e
promover ações de valorização de cultura de paz por meio da arte, da cultura e do
esporte;
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• Discutir papéis, representações e comportamentos disseminados pela mídia em
comerciais, filmes, programas, redes sociais, buscando produzir novas versões e
propostas;
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
• Encaminhamentos:
a. Inserção por indicação de outros participantes e dos próprios agentes já inseridos.
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d. Divulgação ampla. Esta forma pode ser utilizada como estratégia para ampliação do
número de bolsistas. Constitui-se também como estratégia para divulgação desta ação
e construção de imagem positiva (reconhecimento) acerca deste agente no programa e
para comunidade. Sugestão de encaminhamentos metodológicos: divulgação em
cartazes e distribuição de folderes em alguns locais estratégicos para alcançar o
público alvo.
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4. Da relação entre agente e agente, agente e público alvo, agente e comunidade e agente
e técnicos/estagiários.
• Agente e Agente
Sugestão de ações: Propostas para integração de todos os agentes de cidadania por meio de
encontros freqüentes para socialização e trocas de experiências. Eventos de confraternização
entre os agentes, tais como passeios, assistir e discutir filmes, apresentações de algumas das
atividades desenvolvidas, entre outros. Investir para a circulação destes agentes entre os
núcleos, por meio da organização de um grande evento para integração.
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• Agente e comunidade.
Outra dimensão a ser trabalhada trata-se da atuação e postura dos(as) agentes para além do
grupo com quem desenvolve ações, observando o seu modo de se colocar na comunidade.
Trabalhar com os agentes sobre a inserção no território em que vivem, sobre a potencialidade
de postura ativa e o incentivo a valores de grupo, solidariedade e de transformação. As
formas de participação individual e coletiva em diversas esferas e espaços políticos, partindo
e fomentando o exercício da participação nos espaços e movimentos a que os jovens
pertençam devem ser enfatizadas. A intervenção e relação dos agentes com/na comunidade,
torna-se lugar para vivências e ferramenta para trabalhar com processos de resolução de
conflitos, com a capacidade de negociação, do ceder, do ouvir e defender posições.
Ações:
Construir conjuntamente com os(as) jovens algumas ações de intervenção no território,
como campanhas de valorização da cultura hip hop, campanhas sobre meio ambiente,
intervenções na comunidade para valorização e visibilidade de movimentos juvenis.
Construção conjunta de ações/intervenções no território coordenadas pelos agentes
(cidadania, mobilização da comunidade, melhorias na comunidade, etc)
Desenvolver projetos sustentáveis, como por exemplo, como tornar um campeonato de
futebol permanente naquela comunidade?
Traçar estratégias para que os jovens façam um mapeamento de espaços e grupos
coletivos existentes no território e município. Fomentar o conhecimento do trabalho destes
grupos.
Conhecer alguns movimentos sociais existentes para além do território.
Incentivar planos voltados à participação política, como a presença em conselhos e
conferências municipais, a realização de projetos de educação ambiental e conscientização
para a prevenção de doenças infecto-contagiosas.
• Agente e técnico/estagiário
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tanto, é necessário estabelecer mecanismos de aproximação e de diálogo entre o
adolescente/jovem e os técnicos sociais do Programa Atitude. A presença e diálogo constante
entre estes atores visam à construção de uma relação de confiança.
Compreende-se que o olhar dos técnicos(as) e estagiários(as) frente a estes sujeitos
acarreta reflexos para o tipo de relação e trabalho a ser desenvolvido. Os adolescentes e
jovens devem ser percebidos como fonte de iniciativa e de significados, como fonte de
liberdade e de compromisso e serem incentivados na tomada de iniciativa dos projetos, ao
mesmo tempo em que se evidenciem possibilidades de escolha e de responsabilidades. A
apropriação das opções, ações e dos resultados por parte dos jovens colabora para a
construção do comprometimento e responsabilidade em suas atuações.
Cabe ainda nesta relação, evitar ações e estratégias que incentivem a dependência.
Buscar métodos que proporcionem a autonomia e liberdade de escolha dos jovens de modo
gradativo, a partir das atitudes e atividades planejadas e desenvolvidas.
Antonio Carlos Gomes da Costa (apud Brener, 2000) sistematiza em um quadro etapas
da relação educador/educando. Sua sistematização passa a ser interessante na medida em que
podemos também compreender que estas etapas ou momentos da relação entre equipe técnica
e agentes possam ocorrer simultaneamente. Constitui-se como ferramenta para discussão e
avaliação do trabalho desenvolvido pela equipe.
Etapas de
desenvolvimento Dependência Colaboração Autonomia
de uma ação
Discussão
Iniciativa conjunta
Iniciativa parte
Iniciativa da ação unilateral do sobre assumir
dos jovens
educador ou não uma
iniciativa
Os jovens
O educador
Planejamento da Planejamento planejam sem o
planeja
ação em conjunto educador o que
sozinho
será realizado
Execução da O educador Educadores e Os jovens
ação executa e o jovens executam
jovem recebe executam sozinhos o que
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juntos a ação
a ação foi planejado
planejada
Educadores e
Os jovens Os próprios
Avaliação da educadores discutem o jovens avaliam
ação avaliam os que e como a ação
jovens avaliar a ação realizada
realizada
Os jovens se
Educador e
Os resultados apropriam dos
jovens
são resultados e
Apropriação dos compartilham
apropriados respondem
resultados os resultados
pelo pelas
da ação
educador conseqüências
desenvolvida
da ação
5. O Acompanhamento
O planejamento da proposta de trabalho deve ser elaborado com o apoio da equipe técnica,
partindo dos interesses e habilidades pessoais ou coletivas dos agentes.
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1. O acompanhamento e responsabilidade pelo desenvolvimento dos bolsistas são de
toda a equipe. No entanto, para operacionalizar o acompanhamento dos 50 jovens
aconselha-se a nomeação de técnicos de referência para cada jovem. Funções deste
técnico: Ser a referência para o/a jovem auxiliando na elaboração do projeto,
(elaboração e infra estrutura para atividade), acompanhamento na implementação e
execução da atividade, realizar reuniões de supervisão. Para garantir o
acompanhamento de toda a equipe cabe aos técnicos no espaço da reunião interna
compartilhar as informações sobre os agentes e trazer para debate coletivo qualquer
dúvida e questionamentos sobre procedimentos e desenvolvimento desses jovens.
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acompanhamento visa observar o desenvolvimento do trabalho, observar o modo
como este/a agente vem desempenhando suas tarefas, o modo como lida ao ter um
grupo sob sua responsabilidade, observar como o grupo vem lidando como agente, o
modo acionado para resolução de conflitos e para transmissão de conhecimento, entre
outros.
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6. Da promoção:
Incluir os grupos na agenda cultural, esportiva ou artística do município; difundir seu
trabalho em seminários de comunicação, sites, blogs, twitter e jornais da comunidade,
promover festivais e outras ações com os “talentos” locais. Estas são maneiras
(possíveis) de torná-los conhecidos e fazer com que seu comportamento e atitudes
sejam de fato valorizados e desejados.
CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRENER, Branca Sylvia. O que é protagonismo Juvenil? 2004. Disponível em
<:http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77>
Acesso em junho de 2010.
COSTA, Antonio C. Gomes da. O adolescente Como Protagonista. In: Brasil. Ministério da
Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem.
Protagonismo juvenil: caderno de atividades – Brasília:Ministério da Saúde, 2001. p. 75-
81.
_________________________. Mais que uma lei. São Paulo, Instituto Ayrton Senna, 1996
PROGRAMA ATITUDE. Informativo Mais Atitude. Núcleo São Marcos, São José dos
Pinhais. Programa Atitude, 2009.