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Universidade Aberta ISCED
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Índice
I. Contextualização ......................................................................................................... 4
3. Conclusão ................................................................................................................. 17
4. Bibliografia ................................................................................................................ 18
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I. Contextualização
1.1. Introdução
A análise baseou-se nos autores Orlandi, 1984; 2005 e 2012, segundo o qual o texto
tanto pode ser oral ou escrito e, indo mais além, podemos estender a noção de texto
às linguagens não verbais, vendo em suas relações aspectos instigantes do
funcionamento do dizer” e Pêcheux que ao falar da análise do discurso enfatiza que a
linguagem é considerada como heterogênea, equívoca e não transparente. Há
elementos externos que estão além da materialidade linguística, os quais engendram
sentidos. Vemos a linguagem com relação ao contexto sócio-histórico, lançamos o
nosso olhar para além do que está dito, pois há sentidos que estão dispersos, pois se
deslocam da intradiscursividade, isto é, do campo da formulação.
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❖ Identificarr os mecanismos discursivos em textos do livro do aluno da 7ª classe.
❖ Descrever os procedimentos para fazer uma análise do discurso.
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II. Desenvolvimento
Segundo Gouveia (2008: 113) o texto era, tradicionalmente, encarado como uma
unidade de língua escrita). Em conformidade com o que é atualmente consensual no
âmbito da Linguística, assume-se, nesta pesquisa, o pressuposto de que o texto é
uma manifestação linguística, falada ou escrita, com uma extensão indeterminada,
que é produzida em contextos particulares e com um objetivo (ou mais do que um) a
cumprir, configurando uma unidade sociocomunicativa, semântica e formal (isto é, um
objeto linguístico coeso e coerente) cuja interpretação envolve não apenas
conhecimentos linguísticos como também cognitivos, sociais e interacionais (
BRONCKART, 1999; SILVA, 2012).
Para Orlandi (2012, p. 10), “o texto tanto pode ser oral ou escrito e, indo mais além,
podemos estender a noção de texto às linguagens não verbais, vendo em suas
relações aspectos instigantes do funcionamento do dizer”. Desse modo, fica posto que
o texto tanto pode ser escrito quanto oral ou imagético. Ainda, seguindo este
raciocínio, Orlandi (2005, p. 69) ressalta que “ser escrito ou oral não muda a definição
de texto. Como a materialidade conta, certamente um texto escrito e um oral significam
de modo específico particular a suas propriedades materiais. Mas ambos são textos”.
Nesse sentido, vemos que, no âmbito das concepções teóricas elaboradas por
Pêcheux (2014) a linguagem é considerada como heterogênea, equívoca e não
transparente. Há elementos externos que estão além da materialidade linguística, os
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quais engendram sentidos. Vemos a linguagem com relação ao contexto sócio-
histórico, lançamos o nosso olhar para além do que está dito, pois há sentidos que
estão dispersos, pois se deslocam da intradiscursividade, isto é, do campo da
formulação.
Seguindo esse raciocínio, a noção de texto, para a AD, está na exterioridade, em que
esta é constitutiva, marca-se na língua e produz efeitos de sentido. Por isso, é de
interesse para a AD analisar como o texto significa e como ele se constitui. O processo
de significação não se limita a um único sentido, há deslocamentos. Em outras
palavras, a AD desfaz a ilusão de literalidade e de univocidade, que são defendidas
por outras perspectivas teóricas no âmbito da Linguística moderna.
Na AD, não se trabalha com o texto na sua totalidade, mas com recortes. Segundo
Orlandi (1984, p. 14), “O recorte é uma unidade discursiva. Por unidade discursiva
entendemos fragmentos correlacionados de linguagem – e – situação. Assim, um
recorte é um fragmento de situação discursiva”. Os recortes interessam, porque
relacionam diferentes textos e revelam características significantes relacionadas ao
tema investigado, na proporção em que apontam características do processo de
significação. E um fator importante a ser analisado na leitura de textos é o meio pelo
qual ele circula. Sobre esse assunto, vejamos o que ressalta Orlandi (2012):
Ainda segundo Orlandi (2012, p. 153), “os meios não são indiferentes aos sentidos,
não são apenas veículos neutros. Podem ser pensados como um ‘instrumento’ no
domínio da informação”. Levando em consideração a nossa unidade de análise, textos
de “Apresentação” e de “Resenha”, os “meios” pelos quais circulam são o livro didático
e o guia digital, respectivamente, e isso significa muito. Outro fator relevante que deve
ser levado em consideração nos textos é a Formação Discursiva que, segundo
Pêcheux (1990, p. 166-167), “é aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a
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partir de uma posição dada, numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta
de classes, determina o que pode e deve ser dito”.
Para Orlandi, a FD determina uma posição, mas não a preenche de sentido. Em suas
próprias palavras:
Por outro lado, (ii) os avaliadores, na posição de avaliar o livro e informar aos seus
interlocutores as características pedagógicas da obra, têm a função de assinalar seus
pontos fortes e suas limitações. Para isso, eles revelam os possíveis pontos positivos
e negativos do material em análise, e é aí que encontramos os pontos discrepantes
entre ambos. Essa configuração é constitutiva para a AD, pois, como explica Orlandi
(2012, p. 125), “as palavras não significam por si, mas pelas pessoas que as falam,
ou pela posição que ocupam os que falam. Sendo assim, os sentidos são aqueles que
a gente consegue produzir no confronto do poder das diferentes falas”. Há, também,
outros fatores que são constitutivos dos discursos como, por exemplo, o mecanismo
da Antecipação. Como ressalta Orlandi (2005) segundo o mecanismo da antecipação,
todo sujeito tem a capacidade de experimentar, ou melhor, de colocar-se no lugar em
que o seu interlocutor “ouve” suas palavras. Ele antecipa-se assim a seu interlocutor
quanto ao sentido que suas palavras produzem.
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Esse mecanismo regula a argumentação, de tal forma que o sujeito dirá de um modo,
ou de outro, segundo o efeito que pensa produzir em seu ouvinte. Este espectro varia
amplamente desde a previsão de um interlocutor que é seu cúmplice até aquele que,
no outro extremo, ele prevê como adversário absoluto. Dessa maneira, esse
mecanismo dirige o processo de argumentação visando seus efeitos sobre o
interlocutor (ORLANDI, 2005, p. 39).
De acordo com Sequeira (2006: 50), o requerimento é uma produção textual em que
o requerente solicita a um órgão ou titular de um cargo a satisfação de uma pretensão
sob amparo de uma legislação (lei, decreto, decisão, estatuto, regulamento específico,
entre outros documentos). O locutor reclama algo que se presume ser de direito,
apresentando, para o efeito, argumentos que fundamentam o pedido formulado,
cabendo ao destinatário a respetiva análise e decisão a (des)favor ou o
(in)deferimento.
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a) Especificação da autoridade e/ou do órgão a quem se dirige a solicitação (indicação
do vocativo apropriado ou da forma de tratamento adequada, cargo do destinatário a
quem o texto se dirige e o local onde exerce a função);
c) Especificação do que está sendo solicitado, ou seja, exposição do pedido bem como
dos argumentos que o fundamentam;
d) Especificação do que sustenta o direito e/ou qual a lei que lhe dá direito, se esta
não for amplamente conhecida para o caso em questão e as condições pretendidas
de acordo com a lei (isto é, o pedido pode ser sustentado por artigos, decretos, leis
ou regulamentos);
g) Local e data;
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Figura1 (Muhate et al, 2004)
No entanto, estes recursos didáticos não sugerem reflexões que visam compreender
possíveis modificações dos parâmetros textuais como os de natureza estilístico-
fraseológica e semântica, de acordo com os diferentes propósitos de comunicação,
as áreas de atividades socioprofissionais e o padrão de cortesia esperado. É
necessário compreender que, num dado requerimento, as expressões com o mesmo
propósito comunicativo, tais como “o requerente roga a V. Excia. autorizar o gozo de
licença disciplinar” ou “o requerente roga a S. Excia. autorizar o gozo de licença
disciplinar”, podem ser (in)adequadas, tendo em conta o maior ou menor nível de
formalidade/delicadeza exigida na interação verbal.
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“V. Excia”. A réplica deste modelo em diversos textos do género em questão não
permite a produção de textos com o rigor expetável na comunidade académica.
A Análise da Conversação (AC) tem suas origens nas décadas de 60 e 70, quando se
preocupava essencialmente com a estrutura das conversações (Marcuschi, 2006,
p.6). Nasce originária dos estudos da Etnometodologia e da Antropologia.
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(d) execução em uma identidade temporal; (e) envolvimento numa interação
‘centrada’” (Marcusci, 2006, p.15) Observa-se que a proposta do autor, embora ele
saliente que possa ser utilizada para casos como o de conversações telefônicas, é
voltada para os actos interlocutórios da fala, pois é apenas no espaço da copresença
física que é possível a execução da identidade temporal. Vemos assim que, em
princípio, a Análise da Conversação é vocacionada para o estudo da co-produção
discursiva (Marcuschi, 2006), dos actos interlocutórios, do diálogo e da “linguagem em
ação” (Koch, 2007).
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Figura 3 (Muhate et al, 2004)
no discurso, de modo abstrato, sob a forma de percursos temáticos, que, por sua vez,
podem ser investidos e concretizados em figuras.Em relação ao tempo, ao espaço e
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às pessoas do discurso, serão aqui feitas apenas duas rápidas observações, já que a
questão está bem desenvolvida no capítulo dedicado à pragmática.
Outro aspecto que pode-se analisar é a regência verbal, por exemplo: “Havia um
homem que se chamava Namarasotha”, usando o português padrão seria “Havia um
homem chamado Namarasotha” no texto há uso do objecto indirecto, em vez de usar
objecto directo.
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a) um enunciado de estado de conjunção: o sujeito Namarasotha está em conjunção
com o objecto animal;
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3. Conclusão
Quanto a estrutura dos textos, alguns exemplares dos três géneros analisados
denotam um menor grau de prototipicidade porque omitem os passos dos movimentos
que os caraterizam/identificam ou distribuem de maneira desordenada os seus
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4. Bibliografia
Gouveia, Carlos (2008). Escrita e Ensino, para além da Gramática, com a Gramática
in DELTA: Documentação e Estudo em Linguística Teórica e Aplicada.
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