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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento De Ciências De Educação


Curso De Licenciatura Em Ensino De Português

Processos Não Morfológicos De Formação De Palavras

Paulo Sane: 96210050

Lichinga, Maio de 2022


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento De Ciências De Educação


Curso De Licenciatura Em Ensino De Português

Processos Não Morfológicos De Formação De Palavras

Trabalho de carácter
avaliativo a ser entregue na
cadeira de Morfologia do
Português
Orientado pelo:

Tutor

Paulo Sane: 96210050

LICHINGA,Maio de 2022
Índice
1 Introdução.......................................................................................................................4
1.1 Objectivos....................................................................................................................4
1.1.1 Geral.........................................................................................................................4
1.1.2Específicos.................................................................................................................4
1.2 Metodológica...............................................................................................................4
2 A formação de palavras..................................................................................................5
3 Processos de formação de palavras................................................................................6
4 Processos morfológicos de formação de palavras..........................................................7
4.1Derivação......................................................................................................................7
4.1.1 Derivação prefixal ou por prefixação......................................................................7
4.1.2 Derivação Sufixal ou Por Sufixação........................................................................7
4.1.3 Derivação prefixal e sufixal.....................................................................................8
4.1.4 Derivação parassimpática.......................................................................................8
4.1.5 Derivação regressiva................................................................................................9
4.2 Composição.................................................................................................................9
4.2.1Composição por aglutinação..................................................................................10
4.2.2 Composição por justaposição................................................................................10
4.2.3 Compostos Eruditos...............................................................................................10
5 Processos não morfológicos de formação de palavras.................................................11
5.1 Neologismo...............................................................................................................11
5.1.1Neologismo semântico.............................................................................................11
5.1.2 Neologismo sintáctico............................................................................................11
5.1.3 Neologismo lexical.................................................................................................11
5.2 Onomatopeia.............................................................................................................12
6 Considerações finais.....................................................................................................13
7 Referencias bibiograficas.............................................................................................14
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1 Introdução

Ao longo dos tempos muito se tem escrito sobre a origem das primeiras
gramáticas e sobre o que estas abordavam inicialmente. De um modo geral, todos os
autores afirmam que o seu estudo formal começou com os gregos.
Segundo (Rebelo e Osario, 2007) Na língua portuguesa, os estudos apontam
para a elaboração das primeiras gramáticas do português no século XVI. Depois destas,
muitas outras se elaboraram ao longo de quase cinco séculos, com novos
conhecimentos, novas metodologias e novos formatos.

Seguindo as ideias anteriores podemos acrescentar que “no contexto educativo,


o termo gramática tem uma aceção alargada, designando tanto o estudo do
conhecimento intuitivo da língua que têm os falantes de uma dada comunidade como os
princípios e regras que regulam o uso oral e escrito desse conhecimento” (Duarte,
2008).
Chama-se formação de palavras o conjunto de processos morfossintáticos que
permitem a criação de unidades novas com base em morfemas lexicais. Utilizam-se
assim, para formar as palavras, os afixos de derivação ou os procedimentos de
composição. (Rebelo e Osario, 2007)
1.1 Objectivos

1.1.1 Geral

 Analisar os Processos não morfológicos de formação de palavras

1.1.2Específicos

 Apontar os processos de formação de palavras morfológicas e não morfológicas


 Caracterizar as processos de formação de palavras

1.2 Metodológica

Foi feita a revisão bibliográfica no método de análise qualitativa.


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Para Gil (1994, p. 71) ‘’A principal vantagem da pesquisa bibliográfica ou análise
qualitativa, reside no facto de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar directamente’’

2 A formação de palavras

A formação de palavras e o seu significado, ao longo dos tempos, tem sido


objecto de estudo e de reflexão de muitos gramáticos. De acordo com esta afirmação,
Rebelo & Osório (1980: 1) referem o seguinte:

As reflexões sobre o significado das palavras têm permeado as


obras de inúmeros estudiosos desde a controvérsia grega entre
convencionalistas e naturalistas até aos nossos dias, com as
diferentes correntes teóricas que tentam dar conta da estruturação da
linguagem. Estas discussões deram origem, ao longo do tempo, a
uma disciplina de implicações tão abrangentes como é a semântica.

Em relação à análise das palavras, os morfemas podem ser livres e presos. Os


linguistas consideram os primeiros como aqueles que podem existir sozinhos como
vocábulos, ao contrário dos segundos, que nunca se encontram isolados, não tendo por
isso autonomia vocabular. Quanto à natureza da significação, os morfemas podem ser
lexicais ou gramaticais.(Rebelo e Osario, 2007)
Relativamente ao assunto em estudo, a formação de palavras, e começando com
a linha de pensamento de Maria Helena Mira Mateus et al., (1990: 413):

O objectivo específico da morfologia consiste no conhecimento


das palavras, enquanto unidades de análise linguística, dos seus
elementos constituintes e das relações existentes entre os
constituintes da palavra, ou seja, da sua estrutura interna, bem como
das relações existentes entre as palavras.

Sobre o nosso tema, a formação de palavras, Celso Cunha & Lindley Cintra
(1992: 85) citam Jean Dubois (1973):

Chama-se formação de palavras o conjunto de processos


morfossintáticos que permitem a criação de unidades novas com
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base em morfemas lexicais. Utilizam-se assim, para formar as


palavras, os afixos de derivação ou os procedimentos de
composição.

3 Processos de formação de palavras

A formação de palavras tem diferentes processos de combinação de morfemas


para formar novas palavras. Os principais processos de formação são a derivação e a
composição. (Resenda, 1986)

Derivação é o processo pelo qual palavras novas são criadas a partir de outras já
existentes na língua, alterando, assim, o sentido. (Rebelo e Osario, 2007)
Composição é o processo pelo qual palavras novas são formadas pela junção de
duas ou mais palavras, ou seja, de dois ou mais radicais. Essas palavras são chamadas
de Compostas em oposição às simples, que possuem um só radical. (Pacheco, 2012)

Já Celso Cunha & Lindley Cintra (1992: 106) têm uma visão um pouco diferente
sobre a palavra composta. Para estes dois autores, esta representa sempre uma ideia
única, autónoma e por vezes dissociada das noções expressas pelos seus componentes.
Estes dois autores referem que existem elementos de uma palavra composta que podem
estar justapostos, conservando cada um a sua imparcialidade. Por vezes, há palavras em
que elementos que as formam estão nalgumas ocasiões unidos de tal forma que a ideia
de composição quase se perde, por se encontrarem subordinados a um único acento
tónico, perdendo a sua integridade silábica. É considerada a composição perfeita.

Em relação aos casos expostos, os autores anteriores, na perspectiva de


gramática tradicional, fazem a distinção entre a composição por justaposição e da
composição por aglutinação. (Rebelo e Osario, 2007)

No primeiro caso, os elementos componentes estão geralmente ligados por hífen,


ao passo que, no segundo caso, os elementos unem-se num só vocábulo gráfico. Ainda
sobre o emprego do hífen nas palavras compostas por justaposição podemos dizer “que
o emprego do hífen é uma simples convenção ortográfica. (Resenda, 1986)
7

Nem sempre os elementos justapostos vêm ligados por ele. Há os que se


escrevem unidos (…) como há outros que conservam a sua autonomia gráfica” (Cunha
& Cintra, 1992: 107).

4 Processos morfológicos de formação de palavras

Segundo (Duarte, 2008) A formação de palavras tem diferentes processos de


combinação de morfemas para formar novas palavras. Os principais processos de
formação são a derivação e a composição.

4.1Derivação

Derivação é o processo pelo qual palavras novas são criadas a partir de outras já
existentes na língua, alterando, assim, o sentido. AS palavras novas são chamadas de
Derivadas e as que lhe dão origem, Primitivas. A Derivação pode ser dividida conforme
abaixo: (Rebelo e Osario, 2007)

4.1.1 Derivação prefixal ou por prefixação

É quando acontece um acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Exemplo:

In + feliz - infeliz

In – prefixa

Feliz – palavra primitiva

Infeliz – palavra nova (derivada)

4.1.2 Derivação Sufixal ou Por Sufixação

É quando acontece um acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Exemplo:

Mal + vado – malvado

Mal – palavra primitiva


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Vado – sufixo

Malvado - palavra nova (derivada)

Essa derivação sufixal tem por finalidade formar séries de palavras da mesma
classe gramatical e a partir dela são formados novos substantivos, adjetivos, verbos e até
advérbios; por isso são classificados em: (Nery, 1993)

Nominal: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um


substantivo ou a um adjetivo. Exemplo: ponteira – pontinha – pontudo.

Verbal: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um verbo.
Exemplo: amanhecer – atualizar - suavizar.

Adverbial: quando é formado pela junção de um radical para dar origem a um advérbio
de modo. Exemplo: perigosamente – felizmente – religiosamente.

4.1.3 Derivação prefixal e sufixal

É quando acontece um acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exemplo:

In + feliz = mente - infelizmente

In – prefixa

Feliz – palavra primitiva

Mente - sufixo

Infelizmente – palavra nova (derivada)

Na Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo ou apenas do


sufixo na palavra primitiva é suficiente para a formação de uma nova palavra – infeliz
ou felizmente.

4.1.4 Derivação parassimpática

É quando acontece um acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva.


Exemplo:
Em + pobre + cer = empobrecer

Em – prefixo
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Pobre – palavra primitiva

cer - sufixo

Empobrecer – palavra nova (derivada)

Diferente da Derivação Prefixal e Sufixal, a presença apenas do sufixo e apenas


do prefixo na palavra primitiva não é suficiente para a formação de uma nova palavra.
No caso de a palavra empobrecer, por exemplo, ela só existe com ambas as derivações
aplicadas simultaneamente. (Nery, 1993)

4.1.5 Derivação regressiva

É quando acontece uma redução na palavra primitiva. Exemplo: flagrante –


flagra, delegado – delega, português – portuga

A Derivação Regressiva tem maior importância na formação de substantivos


deverbais ou pós-verbais, que foram unidos por uma das vogais –o, -a ou –e ao radical
do verbo. Exemplos:
 Ajudar – a ajuda
 Perder – a perda
 Vender – a venda
 Debater – o debate
 Cortar – o corte
 Atacar – o ataque
 Atrasar – o atraso
 Chorar – o choro
 Apelar – o apelo
 Derivação imprópria

As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer alteração na forma. Exemplo:

Os bons sempre se prejudicam. – Adjectivo substantivado

O argumento da advogada foi bem claro. – Adjectivo adverbializado


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4.2 Composição

Composição é o processo pelo qual palavras novas são formadas pela junção de duas ou
mais palavras, ou seja, de dois ou mais radicais. Essas palavras são chamadas de
Compostas em oposição às simples, que possuem um só radical. A Composição pode
acontecer de duas formas, conforme abaixo: (Nery, 1993)

4.2.1Composição por aglutinação

É a junção das palavras em que elas sofrem alteração fonética. Exemplos:

Plano + Alto: planalto – queda do o

Água + ardente: aguardente – queda do a

Perna + alta: pernalta – queda do a

Em + boa + hora: embora – queda do a

4.2.2 Composição por justaposição

É a junção das palavras em que elas não sofrem alteração fonética. Exemplos:

Ponta + pé: pontapé

Gira + sol: girassol

Passa + tempo: passatempo

Madre + pérola: madrepérola

Para (Mateus, 2007) Além desses casos, existem casos especiais de palavras
compostas que não são formadas a partir de outras palavras da língua portuguesa, mas
sim de radicais pertencentes a outras línguas. Estes classificam-se em:

4.2.3 Compostos Eruditos

Quando as palavras são compostas de radicais apenas latinos ou gregos.


Exemplos:

Agrícola – agri- (latim) + -cola (latim)

Piscicultura – pisci- (latim) + -cultura (latim)


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Pentágono – penta- (grego) + -gono (grego)

5 Processos não morfológicos de formação de palavras

5.1 Neologismo

Quando novas palavras são criadas a partir de uma necessidade do falante em contextos
específicos que podem ser temporárias ou permanentes em vista de um novo conceito.
(Mateus, 2007)

Exemplos:

Informática – informatizar

O Neologismo pode ser classificado em três tipos:

5.1.1Neologismo semântico

Quando a palavra já existente ganha um novo significado. Exemplo:

Ana disse que deu zebra quando ela tirou o binóculo da bolsa. – Deu errado

Marcelo faz bico para ajudar nas contas da casa. – Trabalho temporário

5.1.2 Neologismo sintáctico

Quando existe uma combinação de elementos já existentes na língua como a


derivação ou a composição. Exemplo:

João Paulo II ganhou o mundo paralisando com carisma.

A não-informação conduz as pessoas à ignorância.

5.1.3 Neologismo lexical

Quando uma nova palavra é criada, com um novo conceito. Exemplo:

 Deleter – apagar, eliminar


 Internetês – a língua da internet
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5.2 Onomatopeia

Quando a palavra imita, representa certos sons. Exemplos:

 Tique-tique
 Chuá-chuá
 Atchim
 Plaft
 Dingo-dong
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6 Considerações finais

Através do estudo da formação de palavras, o aluno entra em contacto com a


produção de novas palavras, partindo de sufixos e de prefixos. Pode ainda organizar
padrões de formação de palavras complexas por composição de duas ou mais bases,
ordenar elementos em classes de palavras, saber estabelecer relações de significado
entre palavras e distinguir uma palavra simples de uma complexa.
Por fim, reconhecer os processos de formação de palavras contribui para que o
aluno aumente o seu léxico, a sua capacidade de interpretar novas palavras e maior
facilidade em formar família de palavras.

Quanto à forma como as gramáticas dão explicação para a formação de palavras,


quase todas propõem regras e exemplos para cada conteúdo que apresentam sobre este
tema. Por vezes, parte-se de exercícios para se expor a teoria sobre o tema. Esta situação
acontece quando há um texto e de seguida surgem questões sobre ele, trabalhando, desta
forma, os conteúdos gramaticais.

Não podemos, todavia, considerar que tudo o que se encontra nas gramáticas
analisadas está errado, porque também encontrámos alguns aspetos positivos. Há
algumas gramáticas que introduziram o tema, partindo de uma pequena
contextualização.
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7 Referencias bibiograficas

Duarte, Inês (2008). Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística.


Ministério da Educação /DGIDC. Lisboa.

Mateus, Maria Helena Mira, Cardeira, Esperança (2007). O Essencial sobre a Língua
Portuguesa. Norma e Variação. Caminho. Lisboa

Nery, Júlia (1993). Na Casa da Língua Moram as Palavras. Edições Asa. Porto.
Pacheco, Bernardino (2012). Acordo Ortográfico- Ensino Básico. Book. it. Matosinhos.

Rebelo, Ilda & Osório, Paulo (2007). “Contribuições para uma descrição semântica do
verbo “ficar”: o que os manuais de Português Língua Estrangeira (PLE) não dizem”.
Domínios de Linguagem. Revista Eletrónica de Linguística. Ano 1, nº1- 1º Semestre de
2007, em : http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/
11398/6685 , (acedido em: 8 de agosto de 2013).

Resende, Maria Ângela. (1986). A Gramática e a Aula de Português. Plátano Editora.


Lisboa.

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