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Maxixe,
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de língua portuguesa
Tutor:
Código: 41210221
Maxixe,
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Introdução
A língua viva está sempre em uma constante renovação de seu léxico, seja para
atender suas necessidades comunicativa, cultural, profissional, ou apenas meras expressões
advindas de regionalismo e gírias ou através de mecanismos gramaticais geradores de novas
palavras. Uma palavra que hoje tem um significado, amanhã pode cair no esquecimento,
desuso, ou até fazer parte de uma nova palavra, que irá designar um novo sentido para o seu
uso na língua.
Há duas razões para se formarem novas palavras na língua: para se utilizar o sentido
de uma já existente em outra classe gramatical, ou para a se preencherem as necessidades
semânticas de nomeação. Assim, a formação de palavras, na língua portuguesa, tem função
sintática e função semântica.
O português, assim, como outras línguas latinas, possui vários instrumentos geradores
de neologismos, todavia, destacam se dois como principais, a saber, a derivação e a
composição, os quais serão o foco do nosso trabalho.
Este trabalho tem como objetivo mostrar de que forma a derivação e a composição
estão gerando novas palavras no léxico da língua portuguesa.
Objetivos
Geral
Compreender de forma detalhada o processo de formação de palavras.
Específicos
Identificar os processos formadores de palavras;
Reconhecer a importância dos processos formadores de palavras para a
língua portuguesa;
Explicar significados de radicais, prefixos e sufixos de origem grega e
latina.
Metodologia
A aplicação de métodos é imprescindível na investigação, de acordo com
(Richardson, 1999) a metodologia da pesquisa é “o conjunto de passos, caminhos, métodos
e técnicas científicos que se usam numa pesquisa para chegar-se ao objetivo pré -definido.”
Assim sendo, para materializar os objetivos visados no trabalho, recorreu-se a vários
métodos, nomeadamente: a) o filológico que consistiu na consulta e confrontação de
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perspetivas diferentes de autores que analisaram o tema em estudo; b) o introspetivo pois
servíamo-nos do conhecimento que a autora do trabalho tem sobre o tema em estudo neste
trabalho.
Referência teórica
Conhecer os processos de formação das palavras possibilita compreendê-las melhor
quanto ao conteúdo, significativo e perceber com que intenção elas estão sendo usadas (um
texto informativo, um anúncio publicitário, uma piada etc.).
Assim, antes de classificá-las, vamos explicar a sua origem e a sua formação. A menor
unidade significativa que forma as palavras e dá sentido a elas é o morfema. É a partir
desse conceito que damos nomes às partes de uma palavra qualquer, seus elementos
mórficos.
Radical – morfema que exprime o significado básico da palavra.
Prefixo – morfema que se junta antes do radical para formar uma palavra nova.
Sufixo – morfema que junta-se depois do radical para formar palavra nova.
Desinências nominais – juntam-se a nomes, indicando gênero (masculino /feminino)
e número (singular /plural). Ex.:
Desinências verbais – indicam, nos verbos, pessoa, número, tempo e modo.
cantávamos.
Vogais temáticas – são as vogais a, e e i que, nas formas verbais, posicionam-se
entre radical e as desinências. Exs.: cantávamos, venderão, partissem.
Enquadramento Teórico
Formação de palavras
O português, assim, como outras línguas latinas, possui vários instrumentos geradores
de neologismos. Todavia, destacam se dois como principais, a saber, a composição e a
derivação.
A derivação ocorre por meio de adição de sufixos ou prefixos a um radical no intuito
de formar um neologismo. A composição é um processo que se dá por meio da união de dois
ou mais radicais. A composição, por sua vez, utiliza o radical como se esse fosse prefixo.
No entanto, Câmara Jr. (1976), inclui os prefixos na categoria de composição, dizendo
que esses elementos são de natureza lexical e assumem um valor significativo que cria um
novo sentido para as palavras, introduzindo no conjunto uma ideia subsidiária, o que justifica
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a prefixação no processo de composição; os prefixos são preposições que mantêm traços
próprios de natureza morfológica e semântica. Ao contrário do sufixo, assume o valor
morfológico.
Para Câmara Jr., a composição é uma forma mais frouxa, do ponto de vista formal,
pois se configura como o uso estereotipado de dois nomes, cada um conservando a sua
identidade mórfica na sua flexão característica.
Derivação
Na derivação, a formação de uma nova palavra ocorre a partir de uma única palavra
simples ou radical, ao qual se juntam afixos, formando uma nova palavra com significação
própria.
Existem cinco tipos de derivação: derivação prefixal, derivação sufixal, derivação
parassintética, derivação regressiva e derivação imprópria.
Derivação prefixal
Derivação prefixal é o processo pelo qual se formam palavras pela anteposição do
afixo a palavras primitivas para lhe acrescentar uma nova informação. Tem por característica
comum ser elemento preso e servir para formar inúmeras palavras.
Para Cunha e Cintra (2001), por terem se originado de advérbios e preposições, os
prefixos são mais independentes do que os sufixos, não são necessariamente formas presas.
Há formações em que entram prefixos que são meras partículas, sem existência independente
na língua, como des- em desfazer ou re- em recompor. Também há outros que atuam como
palavras independentes, como contra- em contrabando e entre- em entreabrir.
A existência de prefixos que podem atuar como formas livres na língua, como entre,
sobre e contra, constitui, segundo os autores, um argumento para alguns teóricos excluírem a
prefixação do processo de derivação e incluí-la no processo de composição.
Houaiss (2010) também concorda que vários prefixos são variantes de preposições
(com, sem, entre), e muitos adjetivos e morfemas de significação numeral se antepõem à base
lexical com um comportamento gramatical análogo ao do prefixo (aeroespacial, bimotor,
pentacampeão). Por isso, existem bons argumentos a favor de incluir a prefixação como um
instrumento de composição.
Alguns exemplos da derivação prefixal:
contramão (contra- + mão);
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antebraço (ante- + braço);
infeliz (in- + feliz).
Derivação sufixal
O sufixo é um termo que empresta uma ideia acessória ao radical ao qual se unem os
sufixos que não possuem uma independência significativa fora do radical, por isso, são
chamados de formas presas. Possuem uma função morfossintática, pois, em geral, alteram a
categoria gramatical do radical a que se juntam (substantivo/adjetivo).
Cunha e Cintra (2011) esclarecem que, através da derivação sufixal, podemos formar
novos verbos, Substantivos, adjetivos e até advérbios em – mente. Afirmam, ainda, que os
sufixos serão classificados em:
a) Nominais – quando o resultado da junção do radical + sufixo, der origem a um
substantivo ou a um adjetivo, como em pont-eira;
b) Verbais – quando o resultado da união de um radical + sufixo, for um verbo,
como em amanh-ecer; e
c) Adverbiais – quando o resultado gerado pela união de um radical + sufixo, der
um advérbio, como em bondosa-mente.
Bechara (2009) partilha que, ao lado do valor sistémico, associam-se aos sufixos
valores ilocutórios intimamente ligados aos valores semânticos das bases a que se agregam e
dos quais não se dissociam.
Houaiss (2010) destaca que, pela possibilidade de conferir uma nova classe à palavra
derivada, a sufixação configura-se como um processo de extraordinária versatilidade na
língua.
Alguns exemplos:
ciumento (ciúme + -ento)
velozmente (veloz + -mente)
orgulhoso (orgulho + -oso)
namorico (namoro + ico)
Derivação parassintética
Os estudiosos costumam definir parassíntese como a adição simultânea de prefixo e
de sufixo a uma base para a criação de uma nova palavra, sendo este um processo
especialmente produtivo na formação de verbos, “e a principal função dos prefixos
vernáculos a- e em- (en-) é a de participar desse tipo especial de derivação” Cunha &
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Cintra(1985, p. 101). Para Kehdi (1997, p. 18), essa primazia dos verbos ocorre porque
“geralmente, os prefixos que figuram nos parassintéticos têm um sentido dinâmico: embarcar
(em-: movimento para dentro), desfolhar (des-: ato de separar)”.
Para Azeredo (2010, p. 465-466), esta derivação, que se faz por acréscimo
simultâneo de elementos mórficos antes e após o radical da forma primitiva, se chama
derivação parassintética, circunfixação ou, simplesmente, parassíntese. Por parassíntese
derivam-se muitos verbos. O tipo mais produtivo é o que acrescenta ao mesmo tempo
um dos prefixos a-, en- ou es- e a terminação verbal precedida do sufixo -ec-, quando
o verbo é da segunda conjugação (ex.: entardecer (...), anoitecer (...), empretecer (...),
esclarecer (...)), ou sem sufixo, quando o verbo é da primeira conjugação (ex.:
apontar (...), enfiar (...), afiar (...), entortar (...), esfarelar (...)). (...) Há também
muitos verbos derivados por parassíntese com os prefixos des-, ex- e re-: destronar
(...), despistar (...), desfigurar (...), expropriar (...), expatriar (...), expetorar (...),
repatriar (...), reciclar (...), refinar (...)). A parassíntese tem-se revelado também
produtiva na derivação de adjetivos, como desalmado e desbocado.
Derivação regressiva
No processo de derivação regressiva ou redução, formam-se palavras novas pela
redução de palavra já existente mediante a supressão de elementos terminais (sufixos,
vogal temática, desinência). São principalmente deverbais (que expressam ação). A
parte suprimida é substituída por uma vogal temática (-a, -e, -o). A maior parte dos
derivados regressivos provém de substantivos deverbais, como:
procura (do verbo procurar)
dispensa (do verbo dispensar)
bandeja (do verbo bandejar)
remoinho (do verbo remoinhar)
Derivação imprópria
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Na derivação imprópria, atualmente chamada de conversão por algumas gramáticas,
não há alteração da palavra primitiva, que permanece igual. Há, contudo, mudança de classe
gramatical com consequente mudança de significado: verbos passam a substantivos, adjetivos
passam a advérbios, substantivos passam a adjetivos,...
jantar (verbo para substantivo)
andar (verbo para substantivo)
prodígio (substantivo para adjetivo)
baixo (adjetivo para advérbio)
Composição
Consiste na formação de nova palavra que possuirá um único significado e que que se
abandone a junção feita com um composto já existente.
Nessa categoria, incluem se os compostos eruditos. Cunha e Cintra (2001), afirmam
que são utilizados em nomenclaturas científicas, literárias ou técnicas e se originam,
predominantemente, do grego e do latim. No caso de compostos eruditos, associam se duas
palavras, uma servindo de determinante para a outra.
A palavra composta pode ser formada de diferentes combinações entre substantivo
com substantivo, como também com adjetivos, verbos, numerais, pronomes e advérbios, bem
como adjetivo combinado com outro adjetivo; de verbo combinado com outro verbo; de
advérbio combinado com verbo ou outro advérbio.
O processo de composição pode ocorrer por justaposição ou por aglutinação.
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Av. (Avenida)
foto (de fotografia)
moto (de motocicleta)
pneu (de pneumático)
ONU (Organização das Nações Unidas)
PUC (Pontifícia Universidade Católica)
Reduplicação
Na reduplicação ocorre a repetição de vogais ou consoantes na formação de uma
palavra imitativa. Neste tipo de formação de palavras também estão incluídas as palavras
onomatopaicas. A reduplicação é também chamada de duplicação silábica.
pingue-pongue
tique-taque
bombom
zum-zum
pipilar
Hibridismo
Uma palavra sofre hibridismo quando, em sua formação, entram elementos de idiomas
diferentes.
Exemplos: Auto (grego) + móvel (latim) = Automóvel;
Bi (latim) + ciclo (grego) + eta (francês) = Bicicleta;
Mono (grego) + óculos (latim) = Monóculo;
Socio (latim) + logia (grego) = Sociologia.
Combinação
Na combinação ocorre a formação de uma nova palavras através da junção de partes
de outras palavras.
aborrecente (aborrecer + adolescente)
portunhol (português + espanhol)
showmício (show + comício)
Onomatopeia
Vejamos o trecho abaixo e observemos a palavra destacada:
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“O projétil bateu musical na água, e deve ter caído bem no meio da flotilha de
marrecos, que grasnaram: - quaquaracuac!”
(Guimarães Rosa)
O escritor criou uma palavra para reproduzir o som emitido pelos
marrecos. Ele utilizou aí uma onomatopeia.
Assim, uma palavra é, portanto, formada por onomatopeia quando reproduz,
imitativamente, um determinado som.
Outros exemplos: Blábláblá, tiquetaque, tique-taque, reco-reco.
Intensificação
Na intensificação ocorre a criação de uma nova palavra através do alargamento do
sufixo de uma palavra existente. Ocorre maioritariamente na utilização do sufixo verbal -izar.
obstaculizar (em vez de obstar)
protocolizar (em vez de protocolar)
culpabilizar (em vez de culpar)
Conclusão
Terminada a pesquisa, foi possível perceber alguns aspetos relevantes a nossa
formação enquanto estudantes do curso de ensino da língua portuguesa, ou seja, durante a
realização deste trabalho, percebeu se que há diferentes maneiras de se criar novas palavras
em língua portuguesa, mas para tal, é necessário que haja uma união entre gramáticos, autores
didáticos e professores para dar o conhecimento de todos os meios de formação de palavras
em língua portuguesa.
Assim sendo, é importante que não se utilize apenas os livros didáticos e as gramáticas
em sala de aulas para mostrar se como está se dando a formação de palavras em nossas
línguas. É necessário que se busquem levar textos de jornais, revistas, anúncios de
publicidade para mostrar palavras que surgiram pela derivação e composição.
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Referências Bibliográficas
Alves, Ieda Maria. (2007). Neologismo: criação lexical. (3ª ed.) São Paulo: Ática.
Azevedo, José Carlos de. (2010). Gramática Houaiss da língua portuguesa. (3ª ed.) São
Paulo: Publifolha.
Bechara, E. (2009). Moderna Gramática Portuguesa. (37ª ed) ev. ampl. Rio de Janeiro. Nova
Fronteira.
Câmara Jr. J. M. (1976). História e estrutura da língua portuguesa. (2ª ed.) Rio de Janeiro:
Padrão.
Cunha, Celso e Cintra, Lindley. (2001) Nova gramática do português contemporâneo. (2ª ed.)
Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
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