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Linguística III

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Bem vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), este material é recheado de informações e conceitos acerca dos


estudos da Linguística, e se você é um apaixonado pelo estudo da Língua precisa
conhecê-la em seus mais variados aspectos. Proponho, junto a você, construir nosso
conhecimento sobre a Linguística e suas atuais pesquisas, visto que se trata de uma
ciência teoricamente nova, em comparação com o que já conhecemos hoje.

Na unidade I vamos conhecer a análise da fala e da conversação, conceitos


fundamentais para a análise da conversação e a estratégia de organização do
diálogo.

Além disso, veremos também a aquisição da linguagem, linguística e lologia,


linguística pragmática e linguística e lexicogra a.

Na unidade II vamos conhecer a Argumentação atrelados ao conhecimento de


linguística e como ela funciona na prática.

Além disso, veremos também os Estudos da Retórica da argumentação até chegar


ao surgimento do ensino prescritivo e descritivo da língua portuguesa.

Na unidade III vamos conhecer a teoria da informação e dos atos de fala. Também
veremos sobre as máximas conversacionais e os conceitos básicos da análise do
discurso, inclusive aplicada em textos.

Aprenderemos ainda sobre as relações da linguística com a estilística e suas


terminologias.

Para encerrar, na unidade IV, vamos estudar os conceitos de   Sujeito e discurso,


veremos o sujeito na análise do discurso, além de exemplos de análises do discurso.
O estilo de Linguagem também permeará nossa unidade e os estudos sobre
Regionalismo e linguagem, Preconceito linguístico, Linguística histórica e as
Principais escolas linguísticas também serão abordadas ainda nessa unidade.

Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro ssional.

Muito obrigada e bom estudo!


Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações nais.

Unidade 1 Unidade 2
Análise da fala e da conversação Argumentação

Unidade 3 Unidade 4
Teoria da informação Sujeito e discurso
Análise da fala e da
conversação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Sumário
Introdução

1 - Conceitos para a análise da conversação

2 - Estratégias de organização do diálogo

3 - A aquisição da linguagem

4 - A linguística

Considerações Finais

Introdução
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer a análise da fala e da
conversação, conceitos fundamentais para a análise da conversação e a estratégia de
organização do diálogo.

Além disso, veremos também a aquisição da linguagem, linguística e filologia,


linguística pragmática e linguística e lexicografia.

Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e venha a contribuir ainda
mais para os estudos da língua.

Bons estudos!

Plano de Estudo:
1. Conceitos fundamentais para a análise da conversação
2. Estratégias de organização do diálogo
3. A aquisição da linguagem
4. Linguística e filologia
5. Linguística pragmática
6. Linguística e lexicografia

Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer os conceitos e características da conversação
2. Compreender as estratégias da organização da linguagem
3. Entender como se dá o processo de estudo da linguística pragmática, a filologia
e a lexicografia
Conceitos para a análise da
conversação
A primeira questão que surge quando anunciamos a apresentação de conceitos
fundamentais para a Análise da Conversação é se haveria realmente a necessidade de
conceitos específicos para o estudo dessa modalidade de uso da língua.

Para justificar a necessidade de formulações teóricas e metodológicas específicas


para o estudo da conversação é importante chamar a atenção para algumas
propriedades do texto conversacional que o distinguem de outros tipos de texto. A
especificidade da conversação, a propriedade mais evidente da conversação é que os
interlocutores alternam-se nos papéis de falante e ouvinte. Assim, o estudo do texto
conversacional deve necessariamente contemplar o estudo das formas de alternância
dos papéis no diálogo e da atuação conjunta dos interlocutores para a construção de
um texto coerente.

Deve levar em conta também que a conversação, ao contrário de outros textos, é


produzida sem um planejamento prévio. Mesmo que um dos interlocutores defina
antecipadamente o que pretende falar, há sempre a necessidade de rever seu
planejamento a cada intervenção dos demais participantes, para que suas
intervenções constituam uma sequência adequada às falas anteriores.

O texto falado deixa transparecer o processo de sua construção, como explica Koch
(2006, p. 45):

[...] ao contrário do que acontece com o texto escrito, em cuja elaboração


o produtor tem maior tempo de planejamento, podendo fazer
rascunhos, proceder a revisões e correções, modificar o plano
previamente traçado, no texto falado planejamento e verbalização
ocorrem simultaneamente, porque ele emerge no próprio momento da
interação: ele é o seu próprio rascunho.

Os turnos da fala
Uma das maneiras de entender como a conversação é organizada é observar a
alternância entre os participantes. Para isso, a análise da conversação incorporou e
adaptou o conceito de turno que reflita em uma situação que o indivíduo tenha um
tempo para desempenhar determinada tarefa. Os turnos aplicam um método
presente em todas as culturas: cada um fala de cada vez. O turno de fala é, portanto,
aquilo que cada pessoa diz enquanto está com a palavra, havendo mesmo a
possibilidade da pessoa ficar em silêncio em alguns dos turnos.

Existem casos de conversação simétricas e assimétricas. Quando ambos contribuem


para o desenvolvimento do tópico conversacional são simétricos. Quando apenas um
desenvolve o tópico e o outro somente segue o seu parceiro é assimétrico.
Tópico Conversacional
O tópico conversacional é quando você chega a uma roda de conversa e pergunta
sobre o que estão falando para se integrar a conversa. A resposta será o tópico, ou
seja, o assunto que o grupo está falando naquele momento.

Favero (1995, p. 39) afirma que o conceito de tópico conversacional é nuclear para
compreensão de como os participantes de um evento interativo organizam,
gerenciam suas intervenções no diálogo.

O tópico é fundamental na organização da sequência de turnos de conversação.


Jubran (2006, p. 89 - 90) destaca:

[...] importa salientar inicialmente que a quase simultaneidade entre a


elaboração e a manifestação verbal, característica das interações face a
face, particularmente da conversação, não afasta o teor de organização
de texto falado, então processado. Desenvolvida com com base em troca
de turnos entre pelo menos duas pessoas, a conversação implica uma
construção colaborativa, pela qual um turno não é simples sucessor
temporal do outro, mas é produzido de alguma forma por referência ao
anterior. Há, portanto, uma projeção de possibilidades que um elemento
no turno antecedente desencadeia no turno seguinte.

Sendo assim, a organização sequencial dos tópicos ao longo de um evento


conversacional pode assumir configurações diversas, relacionadas a dois fenômenos
básicos: a continuidade e a descontinuidade. Observa-se a continuidade quando os
tópicos na conversação se organizam em uma sequência linear: cada tópico é
iniciado, desenvolvido e concluído antes da introdução do tópico seguinte.

Mas pode haver entre esses tópicos uma relação de descontinuidade. Pode acontecer,
por exemplo, que um tópico seja anunciado na conversação, mas interrompido por
alguma razão. Esse tópico pode retornar depois ou não. Pode acontecer uma
interrupção pelo surgimento de outro tópico e mais tarde os participantes retomem o
tópico inicial. Imagine o seguinte: vocês comecem falando do aniversário de W, mas
alguém interrompe para falar do namoro de F. com M. Depois mais tarde, vocês
voltem falar sobre este tópico do aniversário.

Pares adjacentes
A produção do primeiro elemento por um interlocutor propicia a produção do
segundo elemento por outro interlocutor, como uma regra social de conversação.

Schegloff (1972, p. 346 - 348) denominou essas sequências de turnos de pares


adjacentes, expressão incorporada aos estudos da conversação.

Entre os pares adjacentes mais estudados e mais relevantes para construção


conversacional estão o cumprimento -cumprimento, despedida-despedida e a
pergunta-resposta.
A Hesitação
Em muitos eventos conversacionais, podemos perceber a presença de várias
hesitações, que se distribuem de maneira diferenciada entre os participantes. Há
aqueles que falam pausadamente, com várias hesitações na formulação, e há
também os que revelam um grande controle sobre seu ritmo de fala e apresentam
poucas hesitações. A questão que surge inicialmente é: a presença de hesitações na
conversação seria um indício de um problema cognitivo ou interativo do falante?

A análise da conversação dedica-se ao estudo dessa questão e conclui, conforme


mostra Marcuschi (2006, p. 48), que “a hesitação é intrínseca à competência
comunicativa em contextos interativos de natureza oral e não uma disfunção do
falante.” A hesitação indica que o falante está organizando seu texto ao mesmo
tempo em que o produz, é uma pista para o processo de planejamento que
possibilita a organização do tópico conversacional. Ela se manifesta através das
pausas, dos alongamentos vocálicos, de expressões típicas de hesitação (ah, ahn, é),
de repetição de palavras.

Por fim, a análise dos turnos e dos tópicos coloca em evidência o caráter de
construção colaborativa típico da conversação. Os pares adjacentes revelam a
importância das normas sociais que regem a participação dos falantes na
conversação. A hesitação nos dá indícios importantes sobre o processamento da
conversação, sobre a simultaneidade entre o planejamento e a produção da fala.
Estratégias de organização do
diálogo
O diálogo também é composto por etapas: planejamento, execução e revisão.

Na oralidade, o planejamento apresenta uma vaga ideia do que o orador quer dizer.
Já a execução se dá praticamente simultaneamente ao planejamento. Existe uma
revisão também. Esta também pode ser feita após a execução de forma simultânea. O
falante pode indicar que a palavra que foi dita na verdade quis dizer (e pronuncia na
sequência a palavra que quer substituir).

Marcadores conversacionais
O que acontece na oralidade é que as marcas do planejamento, execução e revisão
não são apagadas como na escrita. Assim, ficam evidências que o orador foi
refazendo seu planejamento à medida que foi reconstruindo sua fala.

A análise do texto se preocupa com a identificação dessas marcas que revelam o


processo de planejamento, revisão e produção do texto. A oralidade dispõe de certos
elementos que correspondem aos sinais de pontuação e delimitação de escrita. São
certas expressões que ajudam nas delimitações de parte do diálogo. Elas indicam
introdução de informações novas, apresentação de informações que vão se contrapor,
início de novos tópicos e/ou a mudança de interlocutor.

Estratégias de reformulação
A oralidade dispõe também de marcas de revisão, ou seja, o falante no momento que
ele percebe que disse algo mas queria dizer outra coisa e poderia haver um correção,
pode usar as estratégias de reformulação.

A paráfrase e a correção
Entre essas estratégias estão a paráfrase e a correção. Paráfrase é uma procedimento
de reformulação textual que toma uma afirmação apresentada anteriormente e a
reelabora com outras palavras, mas tem o mesmo significado, reiteração.

A correção é uma retificação, uma reformulação do sentido original.


A Repetição
A repetição tem um papel de apoio ao planejamento. Em geral, a pessoa que está no
seu turno de fala precisa de um certo tempo para pensar como vai articular a sua fala.
Ele pode usar a repetição para manter seu turno de fala de não deixar que o outro
avance no seu turno. Pode usar repetição também para dar ênfase em algo.

Marcadores Conversacionais
Desempenham um papel análogo ao da pontuação e da organização dos parágrafos
na escrita. É uma função de delimitação de fala nas unidades, ou seja, indica o início
da fala de alguém ou o final. Os marcadores também ajudam a gerenciar a
participação dos interlocutores.

Esse papel dos marcadores tem a ver com o gerenciamento dos turnos de fala. O
falante vai usar os marcadores para indicar em que momento o seu interlocutor deve
assumir o turno de fala.

Os marcadores organizam o diálogo e sinalizam a interação entre os interlocutores.


Os sequenciadores (dai, estão) e os interacionais (olha, né e veja).
A aquisição da linguagem
Quando paramos para entender a aquisição da linguagem significa buscar entender
como uma pessoa passa de não-falante a falante, ou seja, de sua língua materna ou
de uma segunda língua.

Ingram (1989) divide os períodos de estudos sobre a aquisição da linguagem em três


grandes momentos: o período dos estudos de diário (1876- 1926), o período dos
estudos com amostras amplas (1926-1957) e o período atual, de estudos longitudinais
(a partir de 1957).

A Review of Skinner’s Verbal Behavior, publicado em 1959, Chomsky argumenta que a


aquisição de uma língua não pode ser explicada simplesmente como resposta a
estímulos, uma vez que as crianças manifestam palavras que não foram
pronunciadas por seus pais ou pelas pessoas de seu meio social.

Chomsky argumenta que o ser humano é dotado de uma faculdade específica – a


faculdade da linguagem –, situada na estrutura mente/cérebro, que possibilita a
qualquer ser humano desenvolver linguagem, desde que exposto a um estímulo
linguístico. Com a instauração da Teoria Gerativa, de Chomsky, e com o
desenvolvimento de pesquisas em aquisição da linguagem, foram aprimorados os
métodos de pesquisa e coleta de dados, e os estudos longitudinais, terceiro e atual
momento dos estudos sobre aquisição da linguagem, passaram a ser os eleitos, já
que, por meio desse tipo de pesquisa, é possível acompanhar o trajeto que a criança
percorre até atingir o alvo – sua língua materna.

Chomsky mostra a importância de os estudos contemplarem uma adequação


descritiva e também explanatória, já que a descrição, por si, não explica um
fenômeno, mas é o caminho para que isso seja feito. Assim, também os estudos em
aquisição da linguagem passaram a buscar o rigor científico-metodológico da
tradição behaviorista, aliado ao embasamento teórico na explicação dos fenômenos
evidenciados pelos dados.

Além das considerações tecidas acerca do behaviorismo e do


gerativismo, destacam-se também outras vertentes teóricas, como a
linha construtivista. A linha construtivista, por sua vez, segue os preceitos
do psicólogo suíço Piaget, que estudou a linguagem como parte do
desenvolvimento cognitivo.

Para Piaget, a partir da observação de seus filhos, propõe quatro estágios de


desenvolvimento, e a aquisição da linguagem estaria incluída nesses estágios. De
forma especial estão relacionados à aquisição da linguagem os períodos sensório-
motor (do nascimento ao segundo ano de vida), em que se dá a noção de
permanência do objeto, e pré-operatório (dos dois aos sete anos), em que inicia a
função simbólica e representativa, importante para a aquisição da linguagem.

Em seguida, a criança passaria pelos estágios: operatório concreto e de operações


formais, sendo que cada um deles abrange determinadas etapas do desenvolvimento
cognitivo pelas quais todo ser humano passa. Para esse teórico, a criança desenvolve
a linguagem em seu contato com o meio em que vive, e a constrói assim como
constrói qualquer conhecimento – por meio dos mecanismos de assimilação e
acomodação. A criança passa por um momento de fala egocêntrica, que corresponde
pelo momento psicológico que está vivenciando, em que ainda não consegue
enxergar-se como ser dissociado do mundo. Quando a criança cresce, essa fala
egocêntrica desaparece.

A linha mais atual de estudos sobre como a criança adquire sua língua é a Teoria da
Otimidade. Desenvolvida por Prince e Smolensky (1993), linguistas norte-americanos,
essa teoria busca explicar a gramática das línguas naturais por meio do
ranqueamento de restrições universais. Ancorada na tradição gerativa, embora alie a
noção conexionista de análise em paralelo, a Teoria da Otimidade propõe uma noção
de Gramática Universal que contém não mais princípios universais, mas restrições
que são violáveis. Assim, candidatos a output efetivos de uma língua são avaliados por
meio dessas restrições e escolhidos em função de serem mais harmônicos que
outros, já que também os outputs considerados “ótimos” podem violar restrições.

Essas restrições podem exigir fidelidade entre forma de input e de output ou proibir
estruturas marcadas nas línguas do mundo. As gramáticas das línguas diferem entre
si devido ao ranqueamento dessas restrições universais. Sob essa perspectiva, adquirir
uma língua significa adquirir o correto ranqueamento de restrições para a língua em
questão. Para isso, a teoria dispõe de algumas propostas de algoritmo, o qual prevê as
restrições que serão demovidas, promovidas, que dividirão estratos nas gramáticas
que a criança constrói até chegar à gramática-alvo.

Atualmente também a neurociência traz grandes contribuições para a


relação entre linguagem e cérebro, a qual poderá explicar, com base no
processamento cerebral, como de fato acontece a aquisição da
linguagem.

Correntes teóricas ligadas à neurociência, tal como o Neuroconstrutivismo


(KARMILOFF-SMITH, 1998, 2006, 2009, 2010), que aproveita noções do construtivismo
como o papel ativo da criança na sua aprendizagem e o fato de que as estruturas
cognitivas são emergentes, e não inatamente especificadas, afirmam que a
linguagem não é lateralizada desde o nascimento, mas torna-se especializada e
localizada com o tempo. Um estudo de Mills, Coffey-Corins e Neville (1997) indica que
a compreensão de palavras vai do processamento.

Teoria da Argumentação
A Teoria da Argumentação da Língua proposta por Oswald Ducrot tem como seus
alicerces a teoria de Saussure e a teoria de Benveniste. Na teoria saussureana, Ducrot
busca as noções de língua, fala e valor. Saussure criou a linguística a partir dos
conceitos de linguagem, língua e fala.

A linguagem, para ele, está no âmbito antropológico, ou seja, seria a capacidade do


ser humano de se comunicar; nela, estaria a língua e a fala. Língua, para Saussure
(1969), é uma instituição social, uma convenção, um sistema compartilhado por todos;
a fala é o uso da língua, considerada individual. Assim, Saussure, que precisava ter um
objeto de estudo definido e bem delimitado para conseguir tentar fundar sua ciência,
elegeu como seu objeto de estudo a língua (o que não o faz descartar a fala). Por valor
(linguístico), entende-se o sentido que deriva das relações entre as palavras, isto é,
relações associativas e sintagmáticas.

Os valores correspondem a conceitos puramente diferenciais, os quais são definidos


negativamente por suas relações. Isso significa que uma coisa só é por sua
negatividade, ou seja, que uma coisa só é o que outra não é.

Com relação à teoria proposta por Benveniste, dois conceitos importantes para
Ducrot são o locutor e o interlocutor, representados pelo eu e o tu.

Para Benveniste (1989), não há possibilidade de haver um discurso sem a presença de


um eu e de um tu, já que o sentido só é criado pela participação dos dois. Além disso,
o locutor sempre aparece no enunciado, visto que é o centro de referência interno,
isto é, do sentido, e deixa marcas linguísticas em sua fala. No entanto, esse locutor não
traz somente marcas referentes ao eu, mas também traz referentes ao tu, a quem
direciona sua fala. Outra noção importante envolvendo essas duas pessoas do
discurso é a reversibilidade, pois toda vez que alguém toma a palavra, este se
transforma em um eu e a quem se dirige um tu; porém, quando um tu toma a
palavra, deixa de ser tu e passa a ser um eu (são os turnos conversacionais).
A Teoria da Argumentação na Língua,
com a proposta atual da Teoria dos
Blocos Semânticos, propõe, antes de
tudo, a noção de que o discurso é o
único portador de sentido 2, sendo
este organizado pelos
encadeamentos argumentativos,
estabelecendo entre eles relações
semânticas.

A ideia central é a de que o sentido


próprio de uma expressão seja dado
pelos discursos argumentativos que
podem ser encadeados a partir dessa
expressão. A argumentação seria,
portanto, o que constitui o sentido,
não o que se agrega ao sentido.
Veremos mais detalhes sobre essa
teoria na unidade III deste material.

@freepik

Teoria da Informação
É uma teoria matemática que trata de três conceitos básicos: a medida da
informação, a capacidade de um canal de comunicação transferir a informação e a
codificação, como meio de utilizar os canais com toda a sua capacidade.

Esses três conceitos, estão ligados pelo teorema fundamental da teoria da informação
(de Shannon). Dada uma fonte de informação e um canal de comunicação, existe
uma técnica de codificação tal que a informação pode ser transmitida através do
canal e com uma frequência de erros arbitrariamente pequena apesar da presença
do ruído. Veremos mais detalhes sobre essa teoria na unidade III deste material.

Teoria dos atos da fala


A teoria dos atos de fala foi elaborada inicialmente por John L. Austin (1911-1960) e
desenvolvida posteriormente por J.R. Searle. Austin parte da teoria pragmática de
Wittgenstein de que é o uso das palavras em diferentes interações linguísticas que
determina o seu sentido. Esse sentido, porém, não se reduz apenas ao das
proposições declarativas do tipo: "a parede é azul".
Diferentes tipos de atos de fala
Chamamos de ato de fala, portanto, a toda ação que é realizada através do dizer. As
ações que se realizam através dos atos de fala podem ser muito diferentes. Daí a
necessidade de distinguir as diversas dimensões que um ato de fala possui. Falamos
em dimensões porque em uma única locução podemos realizar diferentes atos de
fala. Por exemplo, na frase: "o senhor está pisando no meu pé", realizo ao mesmo
tempo três atos de fala.

O primeiro deles é o ato locucionário, ou seja, o ato de dizer a frase. O segundo ato é
o que Austin chama de ilocucionário, o ato executado na fala, ou seja, ao proferir um
ato locucionário. Nesse caso, ao dizer "o senhor está pisando no meu pé" não tive a
simples intenção de constatar uma situação, mas a de protestar ou advertir para que
a outra pessoa parasse de pisar no meu pé.

Por fim, há ainda um terceiro ato, chamado de perlocucionário, que é o de provocar


um efeito em outra pessoa através da minha locução, influenciando em seus
sentimentos ou pensamentos. Na situação descrita, para que o outro tire o pé de
cima do meu.

Temos assim o ato locucionário de dizer algo, o ato ilocucionário que realiza uma ação
ao ser dito e o perlocucionário quando há a intenção de provocar nos ouvintes certos
efeitos (convencer, levar a uma decisão etc.).

É claro que nem todas as expressões são dotadas dessas três dimensões, pois isso
depende da força ilocucionária de um ato de fala. A força ilocucionária é algo bem
diferente do significado puro e simples da frase, pois ela está diretamente ligada às
interações sociais que se estabelecem entre os falantes, relações que podem ser de
autoridade, cooperação etc. Veremos mais detalhes sobre essa teoria na unidade III
deste material.

Tipos de expressão
Destacamos no estudo cinco grupos de expressões classificadas por Austin de acordo
com a força ilocucionária de cada uma delas.

1) Expressões veridictivas: que dão um veredicto sobre determinado assunto, podem


ser feitas por um juiz, um médico falando sobre uma doença, ou mesmo em
situações cotidianas em que sustentamos algo com base em valores ou provas.

2) Expressões exercitivas: consistem em tomar uma decisão a favor ou contra


determinado comportamento. Diferenciam-se da situação anterior por não serem
apenas juízo, mas decisão. Exemplos: proibir, estimar, confiar, prescrever, conceder,
exigir, propor etc.

3) Expressões comissivas: aquelas que comprometem o falante com o cumprimento


de algo. Exemplos: jurar, garantir, provar, combinar etc.
4) Expressões conductivas: trata-se de uma reação em relação ao destino ou
conduta de outros. Exemplos: felicitar, criticar, saudar, desejar, lamentar, queixar-se
etc.

5) Expressões expositivas: sua intenção é tornar claro como a expressão do falante


deve ser considerada para permanecer fiel ao seu pensamento. Exemplos: comunicar,
relatar, testemunhar, reconhecer, corrigir etc.
A linguística
Primeiro vamos falar da linguística e da filologia.

Filologia
Vejamos o que Melo (1984, p. 7) aponta:

A Linguística é o estudo da linguagem articulada ou a aplicação de seu


método e de suas conclusões a uma língua particular, a um dialeto ou  a
uma família de línguas, enquanto a Filologia se preocupa com a fixação
do texto fidedigno, sua explicação e com comentários de variadas
naturezas que lhe atribuirão o sentido exato.

Segundo Melo (1984, p. 8), a Filologia é uma ciência aplicada, a sua finalidade
específica é fixar, interpretar e comentar os textos. Ao passo que a Linguística (ou
Glotologia) é uma ciência especulativa. O seu objeto formal é a língua em si mesma, a
língua como fato social da linguagem.

O dicionário Houaiss (2001) da Língua Portuguesa define filologia como “o estudo


científico do desenvolvimento de uma língua ou de famílias de línguas, em especial a
pesquisa de sua história morfológica e fonológica baseada em documentos escritos e
na crítica dos textos redigidos nessas línguas (p.ex., filologia latina, filologia germânica
etc.); gramática histórica”.

CONCEITUANDO

A palavra tem origem no idioma grego da antiguidade e significa amor à


instrução e ao estudo. Portanto, filologia, em um sentido amplo, é a
ciência que tem por objetivo estudar uma língua, civilização, cultura ou a
literatura em determinada posição histórica e para isso faz uso dos
documentos escritos que são encontrados dentro do recorte escolhido.

Apesar disso, o enfoque científico no estudo do desenvolvimento de determinada


língua, família de línguas, pesquisa da morfologia ou fonologia, acabou tornando-se
uma ciência chamada Linguística Histórica.   Com isso, a filologia associa-se mais ao
estudo de materiais críticos e textos.
A importância da filologia pode ser representada por diversos filólogos importantes
como Eduard Schwartz, Ernst Robert Curtius, Friedrich August Wolf, Ulrich von
Wilamowitz-Moellendorff, Wolfgang Schadewaldt, Martin Litchfield West, Eduard
Fraenkel, Franz Bopp , Jacqueline de Romilly, entre outros.

De forma geral, a filologia trata da localização, edição de textos e problemas de


datação. Como apoio, utiliza outros campos de estudo como a História, Estilística,
Gramática e Linguística. A filologia também pode ser definida como o estudo
histórico-literário de uma determinada língua, compreendida e contextualizada no
contexto cultural da época analisada.

Assim, a filologia também compreende a retórica, interpretação da obra de autores,


gramática, tradições e críticas literárias relativas a determinado idioma. Quando se
trata do sentido mais restrito da linguística histórica, considera-se a filologia como
uma ciência pioneira do século XX. Isso se deve à grande influência de Ferdinand de
Saussure, um linguista e filósofo suíço cujas ideias tornaram o desenvolvimento da
linguística enquanto ciência autônoma.

Para concluir, destacamos o parecer de Saussure (1969, p. 7-8) sobre o assunto:

A língua não é o único objeto da Filologia, que quer, antes de tudo, fixar,
interpretar, comentar os textos; este primeiro estudo a leva a se ocupar
também da história literária, dos costumes, das instituições, etc.; em toda
parte ela usa seu método próprio, que é a crítica. Se aborda questões
linguísticas, fá-la, sobretudo, para comparar textos de diferentes épocas,
determinar a língua peculiar de cada autor, decifrar e explicar inscrições
redigidas numa língua arcaica ou obscura.

Não pretendíamos neste estudo esgotar o assunto ou refutar teorias. Somente


intencionávamos mostrar que o problema das variadas terminologias gera
imprecisões. Os caminhos da Filologia ora se encontram, ora se distanciam.

A pragmática
A Pragmática analisa a linguagem considerando a influência do contexto
comunicacional, extrapolando assim a visão da Semântica e da Sintaxe.

Existem palavras que parecem adormecidas no léxico de uma língua, mas que de
repente despertam e caem no vocabulário dos falantes. A palavra pragmática é um
bom exemplo e, ainda que não seja comum para a maioria dos usuários da língua
portuguesa, é cada vez mais habitual ouvi-la nos mais variados discursos.
Mas você sabe o que é Pragmática? Trata-se do ramo da linguística que analisa o uso
concreto da linguagem pelos falantes da língua em seus variados contextos. A
Pragmática extrapola a significação dada às palavras pela semântica e pela sintaxe,
observando o contexto.

Segundo a Pragmática, o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático que os


atos de fala podem gerar. Para ela, o que realmente importa é a comunicação e o
funcionamento da linguagem entre os usuários, concentrando-se nos processos de
inferência pelos quais compreendemos o que está implícito. A pragmática é o ramo
da linguística que estuda o uso concreto da linguagem pelos falantes da língua nos
seus diversos contextos, ou seja, estuda a relação existente entre o significado das
palavras, os interlocutores e o contexto.   Vai além do significado das palavras
estudado pela semântica e da construção frásica estudada pela sintaxe, explorando a
significação das palavras mediante o contexto extralinguístico em que ocorrem (o
contexto discursivo, o contexto situacional, o contexto social,…) e a intenção
comunicativa dos interlocutores.

Exemplos:

A pergunta “É muito tarde?” Em um contexto pode se referir a um


pedido de informação sobre as horas e em outro contexto pode se referir
a uma interrogação sobre ter chegado atempadamente ou não.

Para formular um agradecimento, podemos dizer: “Valeu!”, “Muito


obrigada!”, “Fico muito grata!”, entre outros, mediante o conhecimento
do contexto mais formal ou informal em que a mensagem é transmitida,
bem como os diferentes interlocutores envolvidos no processo
comunicativo.

Podemos até fazer um comparativo da estrutura de Saussure em que ele


deixa de lado a fala e parte do pressuposto que a fala tem motivação,
fatores internos do falante e que vai influenciar no modo de dizer, aqui o
desempenho é um modo de dizer do falante é também deixado de lado.

Outro ponto do gerativismo é a gramaticalidade e a aceitabilidade. A gramaticalidade


tem a ver com sentido de construir sentenças de acordo com a gramática
internacionalizada que temos, ou seja, é ter a noção de falar o que é aceitável ou não
dentro daquilo que você está acostumada a dizer, e isso tem a ver com o
conhecimento inconsciente, implícito, é aquele que você naturalmente sabe como é
como são construídas as frases da sua língua nativa, diferente da gramática
normativa que é aquela aprendida na escola com todas as concordâncias, regências,
classes gramaticais.
Ou seja a gramaticalidade tem a ver com conhecimento implícito, você fala
naturalmente as frases porque você já tem uma gramática interna que é responsável
por dar as ferramentas para construção dos diálogos, das falas e das frases; já
aceitabilidade é você aceitar ou não algumas características da sua língua, por
exemplo, na língua portuguesa, temos a ordem natural: sujeito verbo e complemento.

Por exemplo, na frase “Eu tenho um carro vermelho” é aceitável eu falar


isso na língua portuguesa, dentro de uma ordem, tenho sujeito verbo
complemento. Se eu disser “eu carro tenho vermelho” seria inaceitável
naturalmente pela nossa gramática internalizada, pois sabemos que não
é o uso comum, não é a construção da frase correta, ela está errada e
dentro dessa aceitabilidade o próprio falante tem uma intuição
linguística, pois ele consegue julgar se é aceitável ou não aquela
construção de acordo com a sua a gramática internalizada da sua língua
nativa.

Para Chomsky a estrutura das línguas é uniforme e variante dado pelos princípios, e
por parâmetros que são os conceitos e as características que tornam as línguas
particulares, o gerativismo tem um modelo explicativo, ou seja, tudo que acontece
naquela língua é explicado por meio das leis gerais.

A limitação do gerativismo é parecida com o estruturalismo Saussure em partes, no


gerativismo há um conceito de falante ideal numa comunidade de língua
homogênea deixando de lado a situação do falante o contexto assim como lá no
estruturalismo também.

Segundo a Pragmática, o contexto no qual a comunicação está inscrita é essencial


para a compreensão do enunciado emitido. Claro que, quanto maior o domínio da
linguagem, maior será a capacidade do falante de compreender enunciados
implícitos.

Embora existam muitas definições para a palavra pragmática, linguisticamente, a que


mais nos interessa diz respeito ao estudo da linguagem do ponto de vista de seus
usuários, analisando as escolhas lexicais feitas, as restrições encontradas no uso da
linguagem em determinadas interações sociais e, principalmente, os efeitos que o
uso da linguagem tem sobre os outros participantes no ato da comunicação. Sendo
assim, a Pragmática pode ser considerada o ponto de convergência entre o uso
linguístico e o uso comunicativo, comprovando a intrínseca relação entre a
linguagem e a situação comunicativa em que ela está sendo empregada.
REFLITA

A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita


precisão.

Francis Bacon

Linguística e lexicografia
O conjunto das palavras e expressões de uma língua é denominado léxico. A noção de
léxico é abstrata, porque não é possível saber o total de palavras em uso. Como a
língua está em constante mudança, ora surgem palavras novas, ora palavras caem
em desuso. Logo, nem mesmo os dicionários padrão, por maiores que sejam,
conseguem registrar essa dinâmica lexical.

Nas práticas discursivas diárias, os falantes fazem uso de apenas uma parte do léxico,
ou seja, de um subconjunto desse total de palavras, denominado vocabulário (ou
repertório lexical). Assim, vocabulário é o conjunto de palavras (ou vocábulos) e
expressões efetivamente utilizados, seja por uma pessoa em textos orais ou escritos,
seja por um grupo de pessoas de uma determinada faixa etária, de uma certa região
ou de uma época específica. Pode-se falar, por exemplo, no vocabulário infantil, no
vocabulário da região Norte, no vocabulário de Guimarães Rosa, ou no vocabulário
empregado em um poema, uma lenda, uma receita, uma propaganda etc. Quando o
vocabulário é técnico, no caso das áreas especializadas do conhecimento, como
Matemática, Gramática, Linguística, Biologia, Química, Filosofia etc., as palavras que
particularizam uma determinada área formam a terminologia dessa área. Nesse caso,
em lugar de vocábulos ou palavras, fala-se em termos.

Assim como o léxico geral de uma língua está registrado nos dicionários
padrão, os vocabulários costumam ser registrados em glossários, a
exemplo deste Glossário de termos de Alfabetização, Leitura e Escrita
para educadores. Há autores, no entanto, que empregam o termo
vocabulário como sinônimo de glossário.
Situações de comunicação vivenciadas pelos falantes, como as relações familiares e
sociais, as experiências escolares e profissionais, permitem uma constante ampliação
do repertório lexical. Em cada contexto comunicativo, o falante expressa sentidos e
constrói discursos ao mesmo tempo em que compreende e assimila novos itens
lexicais (isto é, novas palavras). Assim como o léxico de uma língua é revelador de uma
cultura, de uma visão de mundo, o vocabulário de um falante é revelador de suas
vivências. Quanto mais experiências diversificadas tiver, mais amplo será seu
repertório lexical.
Livro

Filme
Argumentação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Sumário
Introdução

1 - Análise Retórica da Argumentação

2 - Tipos de Argumentação

3 - O Papel da Linguística na Argumentação

4 - O Papel da Linguística na Estruturação da Língua

5 - A Teoria da Argumentação na Língua

6 - Linguística e Semântica

7 - Descrição e Prescrição

Considerações Finais

Introdução
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer a Argumentação atrelados ao
conhecimento de linguística e como ela funciona na prática.

Além disso, veremos também os Estudos da Retórica da argumentação até chegar ao


surgimento do ensino prescritivo e descritivo da língua portuguesa.

Esperamos que esta unidade venha contribuir para seus estudos da língua e
enriquecer seu conhecimento.

Bons estudos!

Plano de Estudo:
1. Análise retórica da argumentação
2. Tipos de argumentação
3. O papel da linguística na argumentação
4. O papel da linguística na estrutura da língua
5. A teoria da argumentação na língua
6. Linguística e Semântica
7. Descrição e Prescrição
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer os conceitos e características da argumentação.
2. Compreender a linguística e a semântica.
3. Entender como se dá o processo de estudo da linguagem sob os conceitos de
descrição e prescrição.
Análise Retórica da
Argumentação
A retórica clássica surgiu na Grécia, durante o século VI a.C, por meio da constituição
de um novo estado após os dominadores tiranos serem expulsos. Nisso, os cidadãos -
agora livres do regime autoritário - sentiram a necessidade de reivindicar seus bens,
dos quais haviam sido tomados pelos tiranos. Esse momento de petição era realizado
na frente de um público ouvinte e de um juiz; através disso, foram elaboradas
técnicas para a organização argumentativa desses discursos. Assim, a retórica nasceu
por causa da necessidade prática e foi apregoada primeiramente como retórica
judiciária.

Desde o fundamento a retórica clássica tinha suma importância na educação; além


de estarem presentes nas atividades políticas e nos tribunais, e, posteriormente,
integrada dentro dos discursos religiosos.

Por volta do século XVI, com o acontecimento do humanismo, a retórica clássica caiu.
Após esse período, a retórica clássica começou a ser vista com negatividade; uma vez
que levantou sua fama em meio aos discursos vazios e enganadores; principalmente,
dentro dos discursos religiosos; os sermões ditos eram cheios das artimanhas da
retórica, os textos elaborados eram capazes de captarem e manterem éis aos
primórdios religiosos.

Logo depois, houve o ressurgimento da nova Retórica. A nova retórica era


fundamentada no fornecimento de instrumentos para análise dos discursos
argumentativos, tais como: discursos religiosos, políticos, publicitários, en m, de
todos os discursos que buscam a adesão de uma ideia - religioso e político - ou
adesão de um produto - publicitário.

Na visão de Aristóteles a retórica tem papel importante para ser utilizado no mundo
jurídico, na literatura, na educação e na loso a, em contrapartida Aristóteles
também acredita que a retórica instrumentada nela mesma é dispensável; servindo
dois caminhos: o bem e o mal. Segundo ele, a retórica é algo bom mas que pode ser
usada para o proveito ou a destruição dos seres humanos. O ensino da retórica é
considerado importante, uma vez que oportuniza ao cidadão um método de defesa
de ponto de vista hábil para argumentar suas ideias sobre qualquer assunto na
presença de qualquer pessoa.
Tipos de Argumentação
Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996) classi cam os argumentos usados nos textos em
duas grandes classes:

a) argumentos quase-lógicos

b) argumentos baseados na estrutura real.

A diferença entre ambos é expressa em:

Enquanto os argumentos quase-lógicos têm pretensão a certa validade


em virtude de seu aspecto racional, derivado da relação mais ou menos
estreita existente entre eles e certas fórmulas lógicas ou matemáticas, os
argumentos fundamentados na estrutura do real valem-se para
estabelecer uma solidariedade entre juízos admitidos e outros que se
procura promover. (PERELMAN;OLBRECHT-TYTECA, 1996, p. 297).

Os argumentos-quase lógicos procuram se aproximar do raciocínio formal, lógico ou


matemático; tratando apenas de semelhança que dá argumentos a aparência de
demonstração, sem haver uma mudança dos raciocínios formais, apelando para
comparação e probabilidade, por exemplo.

Já os argumentos baseados na estrutura real levam em conta situações práticas:


exemplos, ilustrações, fatos reais, entre outros.

Breton (2003) estipula três tipos de argumentos que têm por objetivo enquadrar o
real: a rmação pela autoridade, o apelo a pressupostos comuns e reenquadramento
do real.

A a rmação pela autoridade:

A natureza da autoridade se subdivide em competência, experiência e testemunho.


A competência é quando os argumentos que conjecturam uma competência
cientí ca, moral ou pro ssional que irão validar uma determinada opinião. A
experiência é quando há argumentos baseados em uma situação vivenciada por
quem está argumentando. E o testemunho lida com aqueles argumentos voltados
para uma dada experiência que foi vivenciada por alguém que não é o enunciador.

O apelo a pressupostos comuns:

Têm o intuito de intensi car um pensamento comum que disponibilizará um vínculo


com a opinião proposta. Normalmente trata-se de um ponto de vista que gera um
elo.

O reenquadramento do real:

É importante começar informando que um reenquadramento só vai existir se for


colocado num quadro de pessoas que desejam modi car os seus valores.

Breton (2003, p. 176) adverte que:


A argumentação não pode ser reduzida a uma técnica e necessita de
pilares éticos: a liberdade de aderir à opinião proposta, a autenticidade
dos argumentos usados e a relatividade das ideias que defendemos, que
são, no nal das contas, apenas opiniões.

Os argumentos de enquadramento, para Breton (2003), são a primeira parte do


acordo prévio com o outro, entretanto, não é su ciente para convencer. Sendo
necessário a união deste enquadramento a argumentos de ligação, que geram
vínculo através dos argumentos: dedutivos e analógicos (de comparação, metáfora,
etc).
O Papel da Linguística na
Argumentação
“Não saber tomar a palavra para convencer não seria, no nal das contas,
uma das grandes causas de exclusão? Uma sociedade que não propõe a
todos os seus membros os meios para serem cidadãos, isto é, para terem
uma verdadeira competência ao tomar a palavra, seria verdadeiramente
democrática?” (BRETON, 2003, p. 19).

Se um texto é elaborado é porque há - implícito ou explícito - uma intenção. Os textos


sempre são motivados por uma intencionalidade, conforme pressuposto por
Beaugrande (1997).

Sandig (2009 p. 57) salienta que “os textos, sendo geralmente unidades complexas,
são usados em situações (situacionalidade) para resolver problemas na sociedade
(intencionalidade/função textual)”.

Seja através de textos falados ou escritos, a arte de argumentar consiste na aspiração


do autor em disponibilizar ao interlocutor a crença ou a ação daquilo que é dito
através das palavras.

O papel da linguística na argumentação ca claro na efetividade da responsabilidade


enunciativa do locutor juntamente com os mecanismos coesivos e no ato de fala
completo, feito em um enunciado típico, consistindo na entrega do conteúdo no qual
o orador promete, a rma ou sugere.

Ao contrário da Nova Retórica, a linguística não lida com o fundamento de um sujeito


soberano, mas leva em consideração a intenção do sujeito e a liberdade para
expressar seus posicionamentos no discurso.
O Papel da Linguística na
Estruturação da Língua
Ao falar da estruturação da língua, automaticamente, é lembrado da gramática desta.
A respeito da língua portuguesa, não ca longe o quão a linguística tem seu papel
dentro dela. Segundo Saussure é do diacrônico tudo sobre as evoluções da língua e
da ordem da sincronia, tudo que está relacionado com o aspecto estático da língua.
Ou seja, sincronia está para “um estado de língua”, enquanto que diacronia está “para
uma fase de evolução” (CLG, 2002, p. 96).

Partindo do pressuposto que há: Gramática descritiva ou sincrônica e a Gramática


normativa ou diacrônica fazer algumas análises a seguir:

A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada - de como ela


é usada no cotidiano - enquanto a gramática normativa prescreve dentro dos padrões
das normas. Logo, entende-se que a gramática descritiva faz parte da linguística.

Em contrapartida a linguística não é uma via sem regras - se assim podemos dizer - a
linguística tem ao seu lado uma disciplina normativa, na qual é chamada de
Linguística Aplicada, na qual estuda o comportamento social.

A gramática normativa depende da linguística sincrônica - gramática descritiva - para


não ser prejudicial exorbitando em regras que fogem da realidade. Assim, entende-se
que a diacrônica tem o seu lugar e não se anula diante da outra.

a verdade sincrônica parece ser a negação da verdade diacrônica e,


vendo as coisas super cialmente, parecerá a alguém que cumpre
escolher entre as duas; de fato, não é necessário; uma das verdades não
exclui a outra” (CLG, 2002, p. 112).

Por isso, consentimos que são lugares diferentes, duas disciplinas - mesmo que
interligadas - independentes. Ambas fundamentais para a estruturação da língua.

Compreende-se que saber uma língua, no sentido escolar, é, portanto, distinto do


saber o uso da língua, de fato; ou seja, saber gramática diverge de dizer e entender
frases; saber uma língua é saber mais de si mesmo e da sua própria cultura.
A Teoria da Argumentação na
Língua
A Teoria da Argumentação na Língua – TAL – é uma teoria semântica de interpretação
do sentido dos enunciados. Está estritamente ligada à intenção dos autores em
elaborar uma teoria que fosse de encontro à teoria tradicional do sentido, ou seja,
para Ducrot (2004) uma teoria que a rma ter o sentido do discurso tem três tipos de
indicações:

Objetivo: a fala do mundo exterior com imparcialidade.


Subjetivo: a posição que o locutor assume diante daquilo de que trata.
Intersubjetivo: a relação mantida pelo o locutor com o seu interlocutor.

Segundo Ducrot (2004), enquanto a argumentação retórica baseia-se na organização


textual necessitando, assim, de um esforço verbal para fazer efeito no ouvinte, a
argumentação linguística pode ser um meio verbal direto.

Ducrot adverte sobre a importância de ‘relação’ e de ‘língua e fala’. Barbisan


(BARBISAN, 2005, p. 25). A rma sobre a teoria de Ducrot: “Na Teoria da Argumentação
na Língua, a noção de relação se encontra nas relações sintagmáticas que de nem os
encadeamentos discursivos. Um único tipo de encadeamento é escolhido: o
argumentativo”.

Entretanto, é possível notar que a utilização persuasiva dentro da argumentação


requer do orador tomadas de decisões; nisto, ressalta o papel da argumentação
linguística.

No entanto, conforme esclarecem Ducrot et al. (1980), as análises referentes aos


conceitos da Teoria da Argumentação na Língua, veri cam o valor das palavras não
em frases isoladas.

A Teoria da Argumentação dedica-se entre o locutor e a situação, ou que orientem a


direção argumentativa dos enunciados.
Linguística e Semântica
Segundo o Dicionário Online de Português, a semântica é “Parte da linguística que se
dedica ao estudo do signi cado das palavras e da interpretação das frases ou dos
enunciados. Análise da signi cação nas línguas naturais, sendo ela sincrônica, tendo
em conta a evolução da língua, ou diacrônica, num tempo passado.”

A semântica constitui um dos domínios da Linguística, uma vez que se dedica ao


conhecimento e ao compreendimento dos signi cados das palavras, frases ou
expressões dentro de um determinado contexto.

Há divergências presentes que devem ser mencionadas, tais como: a semântica


linguística e linguística semiótica, este estuda a signi cação dos sistemas sígnicos
secundários, aquele estuda forma de conteúdo das "línguas naturais”.

De acordo com Alan Rey (1969. 7), a "semântica linguística" deve


abranger:

a) o estudo léxico

b) o estudo das estruturas gramaticais (morfologia e sintaxe).

Já Saussure assumiu o signo como ponto de partida da estrutura linguística. Cada


signo linguístico desdobra-se em signi cado e signi cante. O primeiro é o conceito
que é mentalmente assimilado quando essa palavra é lida ou ouvida, já o segundo é a
maneira semântica e fonética da palavra.

Para Saussure, um elemento linguístico é um valor enquanto o seu signi cado ca


interligado ao sintagmático e ao pragmático. Sintagmático quando discerne na
comparação entre elementos discretos e o pragmático quando discerne nas
oposições instauradas nos membros da mesma classe.

Como seria a análise do sentido, recomendada por Saussure? Seguindo as palavras:

Homem: touro

Mulher: vaca

Criança: cria
Do ponto de vista semântico, homem, mulher e criança é um grupo, touro, vaca e cria
é outro, possuem alguma coisa em comum; além disso, touro e homem possuem
alguma coisa em comum que não é nem por vaca e mulher, nem cria e criança; da
mesma forma, vaca e mulher têm algo em comum não compartilhado pelos dois
outros pares.
Descrição e Prescrição
Todos já vivenciamos, ou ouvimos falar, onde um falante português do Brasil inicia o
seu próprio discurso gerando negatividade mediante a sua fala com justi cativa de
não saber falar português; levando o próprio falante de que sua língua é muito difícil.
Ou até dizer que na “favela” não se sabe falar português direito.

Embora a gramática ainda seja muito valorizada e nunca deve ser menosprezada, a
língua não serve apenas para estudiosos. A língua é bem comum a toda comunidade;
e, como composição dela há diversas camadas sociais, sejam elas escolarizadas ou
não. Devido a situações expressas neste primeiro parágrafo é que as aplicações da
gramática tradicional se tornam perigosas. Perigosas para especialistas da área -
professores e gramáticos - que exigem a forma padrão a todos, sem a análise e a
consideração do nível escolar. Estes especialistas focam apenas na análise prescritiva
da língua, ou seja, eles querem impor a norma gramatical à língua falada.

No entanto, não pode difundir as duas gramáticas. Elas são existentes em suas
particularidades; tanto a Gramática Normativa e Gramática Descritiva.

Para alguns estudiosos, o elo entre essas duas gramáticas é que a Gramática
Normativa é a pedagogização da Gramática Descritiva, ou seja, a própria Gramática
Descritiva utilizada com ns didáticos no intuito de controlar os desvios da língua-
padrão. Segundo a Gramática Fundamental da Língua Portuguesa (GFLP, 1968):

O que é Gramática Normativa? É a própria Gramática Descritiva, utilizada


com intenção didática, com a nalidade de corrigir os desvios da língua-
padrão, ou melhor, as in uências, na língua-padrão, das linguagens
locais e das diversas formas de linguagem coloquial. Nas escolas ensina-
se a Gramática, não apenas descrevendo os fatos, mas também
chamando a atenção para as distorções [sic], as contaminações, os erros.
[...] Portanto, Gramática Normativa não é algo de diferente da Gramática
Descritiva, é uma “atitude” da Gramática Descritiva, atitude didática,
atitude com nalidade prática. (GFLP, 1968, p. 11).

O domínio da língua materna é natural, não se apoia em ensino-aprendizagem. Já no


domínio de gramáticas normativas, este, sim, é necessário adquirir.

Em alguns episódios da gramática de Chaves de Melo realiza uma apresentação dos


diferentes usos linguísticos, por exemplo:
Há a conversa da gente do povo, povo da cidade, ou povo dos campos;
há a conversa das crianças, entre si ou com os adultos. Cada uma dessas
situações linguísticas produz um uso linguístico peculiar. [...] é possível
fazer uma gramática para cada uso linguístico, isto é, procurar descrever,
sistematizar, ordenar os fatos contemporâneos de um determinado uso
linguístico. Assim, por exemplo, podemos escrever a gramática da língua
portuguesa popular, como se ouve na zona rural do sul de Minas ou na
zona rural do Cariri, no Ceará, ou na campanha gaúcha. [...] E assim por
diante. Mas a única gramática que interessa a todos é a gramática da
língua culta, da língua-padrão, da língua literária. (GFLP, 1968, p. 9 - 10).

Entende-se a norma linguística como o conjunto de usos e atitudes comuns a


determinados grupos sociais. Em sociedades diversi cadas como o Brasil, então,
existem várias normas: a norma linguística dos descendentes europeus, a norma
linguística dos moradores de favela, a norma linguística de cada região, e assim por
diante.

A comunidade de fala não se de ne por nenhum acordo marcado


quanto ao uso dos elementos da língua, mas sobretudo pela
participação num conjunto de normas compartilhadas; tais normas
podem ser observadas em tipos de comportamento avaliativo explícitos
e pela uniformidade de padrões abstratos de variação que são
invariantes em relação a níveis particulares de uso. (LABOV, 1972, p.120 -
121)

Assim, diversos grupos de fala, apresentam diferentes normas linguísticas ou dialetos.


SAIBA MAIS

O cinema não é apenas entretenimento e diversão, os lmes são capazes


de fornecer valiosas lições, principalmente para estudantes de
Comunicação, Direito e Educação que têm como principal instrumento
de trabalho as diferentes formas de linguagem e a criatividade. Por isso,
separamos algumas dicas de lmes que abordam a temática estudada
nesta unidade. São eles:

O Discurso do Rei: os discursos do Rei George VI;


Bom dia, Vietnã: um radialista no exército americano;
A Rede Social: a trajetória de Mark Zuckerberg
Uma Manhã Gloriosa: novos desa os pro ssionais na comunicação;
Spotlight: Segredos Revelados: investigação de crimes de abuso
sexual;
Obrigado por Fumar: boa argumentação e marketing.

Tire um tempo para conhecer essas histórias e como a argumentação e a


linguagem são abordadas em cada um delas. Vale a pena!

Fonte: a autora.

REFLITA

A Retórica é a arte do discurso, do bem falar, como indica a própria


etimologia da palavra. Mas, além disso, é também a teoria acerca dos
recursos verbais, sejam orais ou escritos, que são capazes de tornar um
argumento persuasivo.

João Henrique Pickcius Celant


Livro

Filme
Teoria da Informação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Sumário
Introdução

1 - Teoria da Informação

2 - Teoria dos Atos de Fala

3 - As Máximas Conversacionais

4 - Conceitos Básicos da Análise do Discurso

5 - Análise do Discurso Empregada a Textos

6 - Linguística e Estilística

7 - Linguística e Terminologia

Considerações Finais

Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, vamos conhecer a teoria da informação e dos atos
de fala.

Também veremos sobre as máximas conversacionais e os conceitos básicos da


análise do discurso, inclusive aplicada em textos.

Aprenderemos ainda sobre as relações da linguística com a estilística e suas


terminologias.

Esperamos que esta unidade seja bastante proveitosa e possa contribuir de forma
signi cativa para os seus estudos sobre a língua.

Bons estudos!

Plano de Estudo:
1. Teoria da informação;
2. Teoria dos atos de fala;
3. As máximas conversacionais;
4. Conceitos básicos da análise do discurso;
5. Análise do discurso aplicado a textos;
6. Linguística e estilística;
7. Linguística e terminologia.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer os conceitos e as características da teoria da informação e dos atos de
fala;
2. Compreender sobre a análise do discurso;
3. Entender sobre os processos de linguística e suas relações com a estilística e
com a terminologia.
Teoria da Informação
Uma das principais funções da linguagem é a comunicação. O ato de comunicar já foi
objeto de estudo de teóricos como Saussure, para o qual a língua é
fundamentalmente um instrumento utilizado para que as pessoas possam se
comunicar umas com as outras.

De maneira simplista, podemos de nir a comunicação como o processo pelo qual as


pessoas transmitem as suas ideias ou sentimentos. Ela não necessariamente precisa
ser falada ou verbalizada, ou seja, também é possível se comunicar de forma escrita,
por meio de códigos, por gestos que são culturalmente identi cados pelo outro etc.

É por conta disso que os grandes linguistas partem das teorias da informação e da
comunicação para abordar os fenômenos da linguística. Como bem coloca Barros
(2004, p. 26):

Para o exame da comunicação à luz da Linguística, vamos tomar como


ponto de partida, tal como zeram os linguistas que inicialmente se
preocuparam com a comunicação, alguns dados que não provêm dos
estudos linguísticos propriamente ditos, mas da teoria da informação e
da comunicação. A teoria da informação exerceu, sobretudo nos anos
1950, forte in uência na Linguística.

A partir dos estudos dos comunicólogos, a situação que de ne comunicação conta


com, pelo menos, dois elementos: o locutor e o interlocutor. Além disso, também
podem estar envolvidos outros objetos, como o tempo e o espaço do enunciado, que
formam o contexto da situação.

Tipos De Comunicação e seus Elementos


Na linguística, se trabalham com dois tipos básicos de comunicação, a unilateral e a
bilateral, Palma (2002, p. 119)  explica a diferença entre os modelos:

Se se toma como referencial a troca de turnos entre os participantes,


tem-se a comunicação unilateral e a bilateral. Na primeira, apenas a
subjetividade emissora detém o uso da palavra, não abrindo espaço para
a interlocução. Aulas expositivas e conferências são exemplos desse tipo
de comunicação. Também aquela veiculada pela televisão caracteriza-se
como unilateral, pois não permite a resposta imediata dos
telespectadores. Hoje, tentando fugir dessa unilateralidade existem os
programas interativos, como o Você Decide, por exemplo. A segunda
marca-se pela alternância na locução, ou seja, os envolvidos na troca
comunicativa assumem igualmente o papel de locutores. O diálogo é o
melhor exemplo desse tipo de comunicação.      
Em ambos os tipos de comunicação, é preciso que existam elementos para que o
fenômeno ocorra. Wolf (1999), analisa os elementos do processo comunicativo, a partir
de diferentes teorias.

Para o autor, basicamente, os elementos da comunicação são os seguintes:

Emissor: é o responsável pela codi cação da mensagem. Ele pode utilizar


palavras, gestos, desenhos, fala, entre outras formas para se comunicar;
Receptor: é o responsável pelo recebimento e pela decodi cação da
mensagem. A comunicação só se efetiva quando o receptor compreende a
mensagem do emissor;
Mensagem: é o conteúdo das informações, formadas por uma ou mais unidades
de signos;
Código: são os elementos que possibilitaram que a comunicação se efetivasse,
como a fala ou a escrita, por exemplo;
Referente: é de nido como o objeto ou situação a que a mensagem se refere;
Canal: trata-se do meio pelo qual o emissor conduziu a mensagem que foi
direcionada ao receptor. Ex: a fala, um livro, a televisão, o rádio etc.

Há ainda outros fatores que podem interferir na comunicação. Entre eles, estão os
atos de fala, sobre os quais falaremos no tópico a seguir.
Teoria dos Atos de Fala
A Teoria dos Atos de Fala foi uma das de maior importância para o estudo da
pragmática. Ela teve como precursor John Austin, que contribuiu para os conceitos
de performativos e os atos locucionário, ilocucionário e perlocutório.

De acordo com essa teoria, as frases são ações que agem sobre o mundo, sob o real.
 Ou seja, o signi cado de uma palavra,  não é o objeto que ela nomeia, mas sim o uso
que se faz dela.

Os atos de fala, portanto, podem ser de nidos como toda a ação que é realizada por
meio do dizer. Tais ações podem ser muito diferentes e é por isso que se faz
necessário distinguir as diversas dimensões que um ato de fala tem.

Nos referimos a dimensões porque uma única locação pode realizar diferentes atos
de fala: o locucionário, o ilocucionário e o perlocutório. Guimarães (2015, p. 113), explica:

O ato locucionário é o ato linguístico em si, a ação de proferir as palavras


uma a uma a m de formar a frase. O ato ilocucionário é aquele que se
realiza na linguagem. Por exemplo, se digo “Ordeno que saia”, estou
praticando o ato ilocucionário de dar uma ordem. Por m, o ato
perlocucionário é aquele que se realiza pela linguagem: meu
interlocutor pode ou não acatar minha ordem; se ele a acatar e sair do
recinto, esse resultado terá sido obtido por meio da linguagem e será,
portanto, um ato perlocucionário.

Podemos compreender, portanto, que o ato locucionário se caracteriza por dizer algo,
o ato ilocucionário por realizar uma ação ao ser dito e o perlocucionário por ter o
desejo de provocar determinados efeitos nos ouvintes.

Apesar disso, nem todas as expressões se encaixam nessas três dimensões, uma vez
que isso está relacionado com a força ilocucionária de cada ato.

Nesse sentido, podemos entender a força ilocucionária como algo bem diferente do
signi cado simples ou puro das frases. Há uma ligação direta com as interações
sociais, intenções e a cultura. Marcondes (2005, p. 11) explica:

Austin caracteriza em seguida as condições pressupostas para a


realização dos atos de fala, que consistem em uma combinação de
intenções do falante e convenções sociais com diferentes graus de
formalidade. A satisfação dessas condições é o critério do sucesso ou
fracasso na tentativa de realização do ato. As intenções são consideradas
como psicológicas e, portanto, subjetivas, embora em última análise
também se originem de práticas sociais.

Silva vai mais além e apresenta os cinco grupos de expressões criados por Austin, de
acordo com a força ilocucionária de cada uma delas. São elas:
Expressões veriditivas: que dão um veredito sobre um determinado assunto.
Ex: ordem de um médico ou de um juiz de Direito;
Expressões exercitivas: tomam uma decisão a partir de determinado
comportamento. Ex: proibição de realizar determinada atividade;
Expressões comissivas: comprometem o falante a cumprir algo. Ex: juramento
pro ssional realizado em uma cerimônia de formatura;
Expressões conductivas: se refere a uma relação à conduta de outras pessoas.
Ex: felicitação por um feito de um amigo;
Expressões expositivas: considera o pensamento do falante. Ex: o testemunho
de um fato ocorrido
As Máximas Conversacionais
As máximas conversacionais foram desenvolvidas por Grice e, assim como os atos de
fala, fazem parte dos estudos da pragmática. Trata-se de um conjunto de regras que
deve conduzir o ato conversacional, concretizando o princípio da cooperação.

Esses princípios são descritivos do comportamento linguístico dos falantes de uma


língua e trazem normas especí cas da conduta linguística. Em outras palavras, as
máximas conversacionais servem para descrever os pensamentos que os alocutários
fazem para que os enunciados dos locutores possam ser interpretados.

As máximas conversacionais, de acordo com Grice, são quatro: quantidade, qualidade,


relação e modo. Aquino (2009, p. 122) explica cada uma delas:

A máxima de quantidade de ne que o falante deve ser tão informativo


quanto necessário e não mais do que isso; a máxima de qualidade
garante que o falante seja verdadeiro, não diga coisas que acredita
serem falsas; a máxima de relação estabelece que a contribuição deve
ser relevante para a conversação; e a máxima de modo diz que o falante
deve ser claro, conciso e apresentar suas ideias de forma ordenada, de
modo a não causar confusões.

A partir dessa explicação, podemos analisar cada uma das máximas conversacionais
apresentadas por Grice. A máxima da quantidade, como você pode perceber, parte
do pressuposto de que as respostas são bastante objetivas.

Se uma pessoa perguntar a um amigo qual é a sua cor preferida e a resposta for
apenas “Azul”, por exemplo, temos uma máxima de quantidade. Para ela ser violada, o
respondente precisaria ser mais abrangente em sua resposta, incluindo informações
além da solicitada. Ele poderia responder algo como “Minha cor preferida é azul,
porque ela é a cor do céu e sempre a achei muito bonita”.

A máxima da qualidade parte do pressuposto de que o falante somente fala a


verdade. Se uma pessoa falar “São Paulo é a capital do Brasil?” e a outra responder
“Sim, é”, por exemplo a teoria é violada.

A máxima de relação, por sua vez, estabelece uma contribuição importante para a
conversação, estabelecendo uma ligação entre os enunciados. Um exemplo acontece
quando alguém fala “Amanhã vou ao cinema. Quer ir comigo?” e a resposta for algo
como “Sim, mas antes preciso estudar”.

Finalmente, a máxima de modo prega que as conversações sejam claras e


organizadas. Frase simples como “Tenho cinco sapatos”, é um exemplo desse tipo de
máxima.
Conceitos Básicos da Análise do
Discurso
Ferdinand de Saussure foi o teórico responsável por estabelecer a linguística como
uma ciência autônoma. Isso aconteceu porque ele instaurou uma dicotomia de
língua/fala. Na visão dele, a língua só poderia ser estudada se fossem deixados de lado
os fatores externos a esses.

Émile Benveniste, por sua vez, propôs que a linguagem é constituída da natureza do
ser humano, por meio do processo de enunciação.

Tais teóricos foram muito relevantes para que a análise do discurso se desenvolvesse.
Porém, é preciso lembrar que essa técnica não envolve apenas a linguística, mas
também outras disciplinas, como o Materialismo Histórico e a Psicanálise.

Ao estudar a análise do discurso, o primeiro ponto que deve ser observado é o sujeito,
que tem, pelo menos, duas concepções: a de Foucault e a de Pêcheux. Medeiros
(2016, p. 5) explica cada uma delas:

Para Foucault, o sujeito é um lugar determinado e vazio, com


potencialidade para ser ocupado por indivíduos diferentes;
Para Pêcheux, com in uência de Althusser, o sujeito é o indivíduo
interpretado pela ideologia e afetado pelo inconsciente.

Os mesmos teóricos também trabalham com concepções diferentes para o discurso.


Medeiros (2016, p. 5) explana:

Para Foucault, o discurso é uma forma de poder, um poder do qual


desejamos nos apoderar, e está sujeito a modos de legitimação e de
interdição;
Para Pêcheux, o discurso é um efeito de sentido entre
interlocutores, ou melhor, entre suas representações, determinadas
pelo estado da luta de classes.
As condições de produção, por sua vez, dizem respeito ao fato dos discursos sempre
serem produzidos em condições especí cas. Elas estão associadas às relações de
força, que se estabelecem entre esses discursos.

Na análise do discurso, outro elemento importante é a ideologia que, de acordo com


Medeiros (2016, p. 8), “tem suas bases na teoria marxista, que pressupõe uma relação
entre os modos de produção dos sujeitos e suas realidades histórica e social”.

Em resumo, podemos dizer que a análise do discurso é uma ciência que analisa a
estrutura dos textos e, a partir disso, compreende as construções ideológicas que ele
possui.

Tendo esse conhecimento sobre os princípios básicos da análise do discurso, você


está pronto para se aprofundar sobre como ela é trabalhada em textos.
Análise do Discurso Empregada a
Textos
Na análise do discurso de um texto, podem ser observadas as projeções das
enunciações nos enunciados. Ao realizar esse trabalho, se observam ainda os recursos
de persuasão que são utilizados para construir aquilo que se quer passar como
verdade no conteúdo textual.          

Um exemplo de análise que pode ser realizada é o uso das categorias de pessoa,
tempo e espaço, que no discurso não são necessariamente as mesmas da
enunciação.

Em um romance literário, em que o personagem principal é o narrador da história,


por exemplo, o autor está fabulando, assumindo outra identidade. Não se pode
atribuir às falas do personagem como um pensamento concreto de quem o escreveu.

Já no texto jornalístico, é bem comum que seja utilizada uma linguagem em terceira
pessoa. Os jornalistas usam essa técnica para não tomar partido no discurso e manter
a imparcialidade ao publicar as notícias.

Na linguagem jornalística, como explica Gregolin (1995, p. 19), “os recursos utilizados
são o uso da 3ª pessoa, no tempo do ‘então’ e no espaço do ‘lá’, e o uso do discurso
direto para garantir a verdade”.

O oposto também acontece, como nos casos de autobiogra as. Nesse tipo de
situação, se costuma usar uma linguagem em primeira pessoa, com o objetivo de
aproximar o leitor, assim como trazer o tempo para o “agora” e o espaço para o “aqui”.

Na análise do discurso aplicada a textos, também é possível veri car se o autor quis
deixar alguma ideia subentendida, se ele quis “dizer sem dizer”, por exemplo.

Isso é bastante comum de ser visto em letras de músicas, poemas e outros estilos
literários. A canção “Cálice”, por exemplo, escrita em 1973 por Chico Buarque e
Gilberto Gil traz metáforas e duplos sentidos para tratar a repressão que os artistas
passavam na época da ditadura militar no Brasil.

Os sentidos subentendidos só são compreendidos, no entanto, quando o enunciador


e o enunciatário têm conhecimentos partilhados. Gregolin (1995, p. 20) comenta que
“esse conhecimento de mundo envolve o contexto sócio-histórico a que o texto se
refere”.

A análise do discurso textual ganha relevância por explicar os sentidos dos textos e
como eles se articulam na sociedade. Ela serve para que o leitor possa re etir e
entender com mais clareza as mensagens que são passadas.
Linguística e Estilística
Ao estudar gramática, há uma preocupação com a norma culta da língua. Isso não
acontece com a estilística, que tem foco na função expressiva da linguagem.

Lyons, (2013, p. 238) apresenta uma de nição generalista da estilística: “estilística é o


estudo da variação estilística nas línguas e nas maneiras como tal variação é
explorada pelos usuários”.

Diana (2019) simpli ca e explica que “a estilística estuda a linguagem e a sua


capacidade de tornar as mensagens mais emotivas e bonitas”.

Há diferentes campos que podem ser estudados na estilística. Apresentaremos, a


seguir, os principais deles!

Estilística Fônica
Na estilística fônica, os sons contribuem para que os textos tenham uma sonoridade
harmônica.

Exemplo disso pode ser visto quando as consoantes são usadas para marcar o ritmo
dos textos, como no verso “O rato roeu a roupa do rei de Roma”.

Estilísticas Morfológica
No campo morfológico, a estilística se preocupa em exprimir emoções ao texto, por
meio de recursos como o uso de diminutivos e aumentativos.

Quando um casal de namorados chama um ao outro de “amorzinho”, por exemplo,


está adotando uma estilística morfológica para tratar o parceiro com carinho.

Estilística Sintática
A estilística sintática se caracteriza por recorrer a uma série de recursos para
reproduzir efeitos estéticos nos textos. Uma das ações que podem ser realizadas é
retirar os conectivos de uma oração, para que o ritmo seja desacelerado.

Estilística Semântica
No campo semântico, a estilística se caracteriza por levar emoção aos textos por meio
das guras de linguagem, como as metáforas e metonímias.
Ao falar que “Maria tem coração de pedra”, por exemplo, se expressa a emoção de que
essa pessoa é insensível ou desprovida de sentimentos.
Linguística e Terminologia
A terminologia não pode ser identi cada apenas como uma nomenclatura técnico-
cientí ca, tendo em vista que se modi ca conforme determinadas ações são
executadas.

Waquil, (2017) apresenta os três objetos de estudos da terminologia: o termo, a


fraseologia e a de nição.

No que se refere ao termo, a autora o entende como unidade  linguística que passa
por variações e que podem ter diferentes signi cados, de acordo com o contexto em
que são empregados. Ela exempli cam:

Quando falamos a
frase “Ela comeu uma
manga”, um falante
pro ciente da língua
portuguesa consegue
distinguir a palavra
“manga” de   forma
diferente daquela
utilizada na frase “A
manga da camisa
estava curta”. Da
mesma forma, um
arquiteto (e até
mesmo um leigo)
entende o termo
“planta” na frase “A
planta estava mal
de nida e causou
problemas na
execução do projeto”
de forma peculiar e
diferente da
signi cação dada pela
mesma unidade na
frase “Aquela planta
precisa ser regada”.
(WAQUIL, 2017, p. 98).

@freepik

Já a fraseologia é de nida pela autora como “o conjunto de ‘frases’ que são


frequentes, recorrentes e habitualmente utilizadas em comunicações de um
determinado campo do saber” (WAQUIL, 2017, p. 99).
Um bom exemplo da aplicação da fraseologia é a frase “Eu vos declaro marido e
mulher”, muito repetida pelos padres em cerimônias de casamento.

A de nição, por sua vez, se refere, de acordo com Waquil, como “uma comunicação
especializada e ciente e responsável pela identi cação de conhecimentos, conceitos,
objetos, processos, valores e quaisquer outros aspectos fundamentais dentro de cada
especialidade”. (2017, p. 103).

Os estudos da de nição são realizados pelos linguistas para que os signi cados das
palavras sejam desenvolvidos para um dicionário, por exemplo.

SAIBA MAIS

A partir do surgimento da linguística como ciência moderna, no início do


século XX, desenvolveu-se uma concepção muito clara sobre a
necessidade de a Linguística rmar se como uma ciência autônoma no
quadro geral das ciências sociais. Não por acaso o lema do I Congresso
de Linguistas, realizado em Haia em 1928, era “a autonomia da
linguística". No entanto, a autonomia da linguística como ciência não a
isola das outras áreas do conhecimento. Apesar do papel basilar que a
linguagem desempenha no quadro das ciências sociais, é preciso admitir
outros modos de ver o fenômeno linguístico e buscar interpretá-los em
termos de complementaridade interdisciplinar.

Fonte: RAMOS, André Gonçalves. AS DIFERENTES FUNÇÕES DA


LINGUAGEM: CONTRIBUIÇÕES DE JAKOBSON E VYGOTSKY. REVISTA
MEMENTO. V.4, n.1, jan.-jun. 2013.

REFLITA

A Linguística não é capaz de dar conta de todas as questões do campo


da linguagem. Sua autonomia como ciência não a isola das outras áreas
do conhecimento

André Gonçalves Ramos


Livro
Filme
Sujeito e Discurso

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Sumário
Introdução

1 - O Sujeito Na Análise Do Discurso

2 - Exemplos de Análises do Discurso

3 - Estilos de Linguagem

4 - Regionalismo e Linguagem

5 - Preconceito Linguístico

6 - Linguística Histórica

7 - Principais Escolas

8 - Estudos Brasileiros sobre a Linguística

Considerações Finais

Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, vamos conhecer sobre o sujeito no discurso.

Também falaremos sobre os diferentes estilos de linguagem, o regionalismo e o


preconceito linguístico.

Ainda aprenderemos sobre a linguística histórica e as principais escolas e estudos


sobre a disciplina que estamos estudando.

O nosso desejo é que esta unidade seja de muita utilidade para que você possa se
aprofundar em seus estudos sobre a língua.

Bons estudos!

Plano de Estudo:
1. O sujeito na análise do discurso;
2. Exemplos de análises do discurso;
3. Estilos de linguagem;
4. Regionalismo e linguagem;
5. Preconceito linguístico;
6. Linguística histórica;
7. Principais escolas;
8. Estudos brasileiros sobre linguística.

Objetivos de Aprendizagem:
1. Compreender sobre o sujeito na análise do discurso;
2. Entender sobre os diferentes estilos de linguagem;
3. Analisar o regionalismo e o preconceito na linguística;
4. Aprender sobre a linguística histórica e as principais escolas e estudos da
disciplina.
O Sujeito na Análise do Discurso
Quando falamos em análise do discurso, é preciso ter em mente que o termo “sujeito”
não tem o mesmo signi cado que encontramos nos estudos na enunciação. Essa
consciência é necessária para evitar equívocos.

Também é necessário compreender que, como a análise do discurso é uma disciplina


heterogênea, os autores têm uma visão diferente sobre o papel e o conceito de
sujeito.

Os dois principais autores que desenvolveram conceitos para o sujeito na análise do


discurso são Foucault e Pêcheux. Veja, a seguir, as teorias por eles desenvolvidas.

O Sujeito Para Foucault


Foucault de ne o discurso como algo que é controlado por muitas regras, que
de nem quem pode ter acesso às informações ou entrar na ordem do discurso.

Dessa forma, para Foucault, a constituição do sujeito acontece por conta de jogos que
ocorrem entre o desejo de apresentar uma verdade e ter o poder de a rmá-la.
Medeiros (2016, p. 16) mostra como esse conceito é aplicado por meio de um exemplo
interessante:

Pense, por exemplo, no enunciado “É preciso escovar os dentes após


cada refeição”. Você pode escutar isso de um dentista e di cilmente vai
contestá-lo, a nal, a pro ssão dele confere ao seu discurso a
legitimidade sobre alguns discursos, reproduzidos e aceitos como
verdades. Mas e se esse mesmo enunciado vier de um paciente
diagnosticado com Transtorno Obsessivo Compulsivo, que escova os
dentes quinze vezes por dia? E se vier de um representante de uma
marca de produtos para higiene bucal?

Para Foucault, portanto, o sujeito não é uma pessoa, mas sim uma posição assumida
em determinada situação. Isso pode acontecer por diversos motivos, como o do
dentista apresentado no exemplo. A nal, por ser especialista nos cuidados com os
dentes, ninguém contestaria a opinião pro ssional desse indivíduo.

O Sujeito Para Pêcheux


Pêcheux, por sua vez, tem um pensamento com base marxista-althusseriana. Para
ele, o sujeito tem um efeito ideológico, tendo sustentação na constituição do sentido.

O teórico também acredita na noção de forma-sujeito, que reúne os principais


saberes de uma Formação Discursiva, que tem uma linha de pensamento com a qual
o sujeito se identi ca.
Pêcheux acredita ainda que essa identi cação não ocorre sempre da mesma forma.
Por isso, ele apresenta diferentes modalidades para que a posição do sujeito seja
identi cada. Medeiros (2016, p.18) as apresenta:

A identi cação plena caracteriza o discurso do bom sujeito, que


reúne os saberes da Formação Discursiva sem questioná-los.
A contraidenti cação caracteriza o discurso do mau sujeito, que
contesta, dúvida e se afasta dos saberes da Formação Discursiva
com a qual está identi cado.
A desidenti cação acontece quando o sujeito se desloca de uma
Formação Discursiva a outra, deixando de se identi car com os
saberes da antiga para se identi car com os da nova.

O sujeito, na visão de Pêcheux, portanto, está sempre relacionado a uma forma


discursiva. De tal maneira, se ele deixar de se identi car com uma delas,
necessariamente deverá se identi car também com a outra.
Exemplos de Análises do Discurso
Para desenvolver um trabalho e análise do discurso, Orlandi (1987, p. 57-58) orienta a
seguir o seguinte percurso: “análise de palavras; análise de construções; construção
de uma rede semântica, intermediária entre o social e o gramatical; consideração da
produção social do texto como constitutiva de seu sentido”.

Assim sendo, de acordo com a autora, o analista precisa associar a gramática com a
sua aplicação no discurso e no cenário ou contexto social em que ele está inserido.

Um exemplo disso pode ser visto no relançamento de obras do autor Monteiro


Lobato, que foram editadas por sua bisneta, Cleo Monteiro Lobato.

A escritora acredita que algumas frases e trechos das obras do bisavô, embora não
tenha sido essa a intenção, podem ser interpretadas como racistas nos dias de hoje.

Em entrevista à CNN, Cleo Monteiro Lobato declarou: “Alterei algumas frases. Em vez
de chamar a negra, a negra tem nome: Tia Nastácia. Em vez de dar risada com beiço,
troquei. Se fosse um tratamento equivalente ao da Dona Benta, eu deixava”.

Tais mudanças na obra de Lobato ocorreram por conta de uma análise do discurso
realizada nos dias atuais. Por estar inserido em uma outra época, em que questões
como o racismo estrutural ainda eram pouco debatidas, o autor passou ileso às
críticas quando as obras foram originalmente publicadas, há mais de 100 anos.

Isso mostra, como propõe Orlandi (1987), como o sentido do texto ocorre não apenas
pela gramática, mas também pelo contexto social em que ele se insere.
Estilos de Linguagem
Os estilos de linguagem são estudos pela estilística, ramo da linguística que estuda as
expressões em seus sentidos de expressividade. Martino (2018, p. 278) explica:

A estilística visa ao lado estético emocional da atividade linguística, em


oposição ao aspecto intelectivo e cientí co. Ela trata do estilo, dos
diversos processos expressivos próprios para despertar o sentimento
estético. Esses processos resumem-se no que chamamos de guras de
linguagem.

O autor ainda classi ca as guras de linguagem em: guras de som, guras de


construção ou de sintaxe, e guras de pensamento. A seguir, você aprenderá mais
sobre cada uma delas.

Figuras De Som
Martino (2018, p. 278) explica que as guras de som são aquelas que “destacam o som
das palavras”. São elas: a aliteração e a onomatopeia.

A aliteração é de nida pela repetição de fonemas consonantais num enunciado. Isso


pode ser visto, por exemplo, no verso da canção de Jorge Ben Jor que diz “Chove
chuva, chove sem parar”.

A onomatopeia, por sua vez, é a inserção de palavras que imitam sons no discurso. Ex:
“O tic-tac do relógio me irrita”.

Figuras De Construção Ou De Sintaxe


As guras de construção são de nidas por Martino (2018, p. 278) como aquelas que
“trabalham a construção da frase”. São elas: o anacoluto, a anáfora, o apóstrofe, o
assíndeto, a elipse, o hipérbato, o pleonasmo, o polissíndeto, a silepse e a zeugma.

O anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase. Ex: “Eu, parece que estou
cando um pouco tonto”.

A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular. Ex: “Na empresa,
estamos com falta de funcionários, falta de materiais, falta de gestão…”.

O apóstrofe é a interpelação feita com ênfase. Ex: “Senhor, tende piedade de nós”.

O assíndeto é a representação da omissão de conectivos, sendo o contrário do


polissíndeto. Ex: “A barca vinha perto, chegou, atracou, embarcamos (Machado de
Assis)”.
A elipse se caracteriza por omitir uma palavra que se identi ca de forma fácil. Ex: “Na
aula, apenas quatro alunos” (omissão do verbo haver).

O hipérbato ocorre quando há alteração na ordem direta de uma oração. Ex: “Ele,
parece que não está bem”.
O pleonasmo é de nido pela repetição de uma palavra ou ideia contida nela para que
o signi cado seja intensi cado. Ex: “Chovia uma triste chuva de resignação (Manuel
Bandeira)”.

O polissíndeto é a gura de linguagem em que os conectivos são usados de forma


repetida. Ex : “As ondas vão e vêm, e vão e são como o tempo (Lulu Santos)”.

A silepse é uma concordância com o que se entende e não com o que está implícito
no texto. Ex: “O povo se uniu e gritavam alto na manifestação”.

Finalmente, a zeugma é de nida como a omissão de uma palavra, pelo fato dela já
ter sido usada anteriormente. Ex: “A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro
temível (Érico Veríssimo).

Figuras de Pensamento
As guras de pensamento são classi cadas por Martino (2018, p. 278) como aqueles
que “trabalham as palavras do ponto de vista dos seus signi cados”. São elas: a
antítese, a antonomásia, a catacrese, a comparação, o eufemismo, a gradação, a
hipérbole, a ironia, a metáfora, a metonímia, a prosopopeia e a sinestesia. Veja, a
seguir, o conceito e exemplos de cada uma delas.

A antítese se caracteriza pelo uso de termos com sentidos opostos. Ex: “O que o berço
dá só a cova tira (Machado de Assis)”.

A antonomásia ocorre quando há a substituição de uma palavra por outra que possa
a identi car. Ex: “O país do futebol (Brasil) não conquistou nenhum troféu nessa
Copa”.

A catacrese se caracteriza pelo emprego de uma palavra de forma imprópria, pelo


fato de não existir um termo mais especí co. Ex: “Cuidado para não se queimar na
boca do fogão”.

A comparação acontece quando são usados conectivos para comparar duas coisas
de forma direta e explícita. Ex: “Os seus olhos são como duas lagoas de água
cristalina”.

O eufemismo é utilizado em situações em que é preciso suavizar o discurso. Ex: “Ele


não está mais entre nós”.

A gradação é a gura de linguagem que apresenta ideias que progridem de forma


crescente ou decrescente. Ex: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada. (Monteiro
Lobato)”.

A hipérbole representa um exagero intencional nas expressões. Ex: “Quase morri de


tanto trabalhar”.
A ironia ocorre quando se fala o contrário daquilo que se a rma. Ex: “Fale mais alto,
não dá pra ouvir lá na esquina”.

A metáfora é uma comparação de signi cados diferentes com termos


subentendidos nas frases. Ex: “Ele é um gato”.

A metonímia acontece quando há a transposição de signi cados considerando parte


como o todo. Ex: “Costumava ouvir Beatles”.

A prosopopeia ocorre quando atribuímos a seres irracionais, os sentimentos ou


qualidades dos humanos. Ex: “A oresta gesticulava nervosamente diante da serra”.

A sinestesia acontece quando há a associação de sensações por órgãos de sentidos


diferentes. Ex: “O cheiro doce da infância estava naquele local”.
Regionalismo e Linguagem
É bem provável que você já tenha conversado com pessoas de outros estados e
percebido que um mesmo objeto pode ter nomes diferentes, de acordo com a região
em que o falante vive. A fruta tangerina, por exemplo, é conhecida como bergamota
no Rio Grande do Sul e mexerica no Espírito Santo.

Essa variação, em nosso país, é bem maior do que imaginamos em um primeiro


momento. Barcelos (2016, p. 20) explica:

No Brasil, existem por volta de 250 línguas em uso, a maioria desses


idiomas é indígena. A diversidade linguística brasileira é tão grande,
apesar da maioria dos brasileiros achar que vive em um país
monolíngue, que no ano de 2010 foi lançado o Decreto nº 7.387,
instaurando o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL)
como instrumento o cial de preservação desse patrimônio cultural: a
língua. O INDL tem por função identi car, documentar, reconhecer e
valorizar diversas línguas faladas no território brasileiro. Além da língua
portuguesa e suas variedades, são consideradas, também, as línguas
indígenas, a língua de sinais, as línguas crioulas, afro-brasileiras e dos
imigrantes que compõem nossa sociedade.

Esse fenômeno ocorre porque o nosso país tem uma diversidade cultural muito
grande. Os sotaques e diferentes expressões em cada região existem porque
diferentes fenômenos acontecem em cada localidade, como as heranças da
colonização, por exemplo.

Até mesmo os fatores climáticos e geográ cos de uma região podem interferir na
formação da língua. Uma reportagem publicada pelo portal G1 traz um case
interessante.

Nela é contado sobre uma pesquisa realizada pela Universidade de Glasgow, que
reuniu 412 termos para dominar a palavra “neve” no idioma francês. Isso acontece
porque lá é comum nevar e cada variação do gelo recebe um nome por conta disso.

Em países como o nosso, em que a neve é pouco comum, apenas uma palavra é
su ciente para nomear o gelo que cai do céu em dias frios.

O regionalismo na formação da língua acaba gerando, em determinados casos,


situações de preconceito linguístico. No próximo tópico, falaremos mais sobre isso!
Preconceito Linguístico
Bagno (1999) de ne o preconceito linguístico como todo o juízo de valor negativo às
variedades linguísticas com menor prestígio social. Para o autor, o prejulgamento
acontece, quase sempre, contra as classes menos favorecidas e que geralmente têm
pouco acesso à educação.

Esse autor ainda a rma que o preconceito linguístico ocorre por conta de três
elementos, aos quais ele chama de Santíssima Trindade do Preconceito. São eles: a
gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos.

Bagno pensa que o preconceito linguístico existe porque as pessoas que estudam a
norma culta da língua se esquecem de que nem todos tiveram acesso ao mesmo
modelo de educação.

Além disso, também podem associar outros tipos de preconceito à língua. É o caso,
por exemplo, das linguagens e códigos especí cos de determinadas comunidades,
como o pajubá, dialeto criado pela comunidade LGBT.

O preconceito que algumas pessoas


têm com homossexuais, nesse caso,
impacta também na variante
linguística criada por essa
comunidade.   O mesmo acontece
com palavras de matriz africana,
como “macumba”, que geralmente é
associado a algo ruim, como o
satanismo, mesmo que tenha outro
signi cado no contexto original.

@freepik

Para que o preconceito linguístico deixe de existir, na visão de Bagno, será necessário
desenvolver uma nova gramática. Nas palavras do autor:
É preciso escrever uma gramática da norma culta brasileira em termos
simples (mas não simplistas), claros e precisos, com um objetivo
declaradamente didático-pedagógico, que sirva de ferramenta útil e
prática para professores, alunos e falantes em geral. Sem essa gramática
que nos descreva e explique a língua efetivamente falada pelas classes
cultas, continuaremos à mercê das gramáticas normativas tradicionais,
que chamam erradamente de norma culta uma modalidade da língua
que não é culta, mas sim cultuada: não a norma culta como ela é, mas a
norma culta como deveria ser, segundo as concepções antiquadas dos
perpetuadores do círculo vicioso do preconceito linguístico. (BAGNO,
1999, p. 113-114).

Para que o preconceito linguístico deixe de existir, é necessário fazer uma mudança
na forma de ensino da língua portuguesa nas escolas. Deve-se buscar compreender
diferentes formas de falar e como a cultura impacta na fala, entendendo que a
própria norma culta pode sofrer variações, uma vez que a língua é viva.
Linguística Histórica
A linguística histórica é a disciplina que volta os seus estudos para o desenvolvimento
histórico de uma língua. Maurer Jr. (1967, p. 20) explica esse conceito fazendo uma
analogia à geologia:                

Onde há mudança deve haver história; do contrário nos conhecimento


do fato permanece incompleto. Não há história do outro, pelo menos no
sentido de metal que se transforma, porque admitimos que o ouro
sempre foi outro. Mas há uma Paleontologia, isto é um estudo da vida
antiga. Há uma Geologia História ao lado Geologia Descritiva, porque
todos sabemos que a terra nem sempre foi aquilo que é hoje; do mesmo
modo e pela mesma razão, inevitavelmente tem de haver uma
Linguística Histórica. Porque nós sabemos que as línguas do passado
não foram iguais ao que são hoje. Elas se transformaram e evoluíram.
Querer fazer ciência da linguagem sem o estudo desse aspecto seria
renunciar a metade da ciência. O que importa é o fato da transformação.
Não discutimos as teorias, as especulações e as escolas que muitas vezes
surgiram no passado e continuam a surgir, numerosas, no presente com
a intenção de explicar esses fatos. Eis um exemplo disso, apesar de
corriqueiro: quando lemos textos dos séculos XIV ou XV, em vez de amais
encontramos amades, que se liga a uma forma mais antiga ainda, a
latina amatis.

Para entendermos uma língua como ela é hoje, portanto, é preciso fazer uma
pesquisa minuciosa sobre como ela se comportava em tempos mais antigos. Isso
pode ser feito analisando livros e demais publicações antigas.

Nos estudos da linguística histórica, se trabalha com dois eixos, propostos por
Saussure: o das simultaneidades e o das sucessões.

De acordo com esse teórico, a linguística se desenvolve não com relações entre os
termos coexistentes de um estado de língua, mas entre os termos sucessivos que os
substituem como o passar do tempo.

É o caso dos termos “amais”, “amades” e “amatis”, apresentados como exemplo na


citação de Maurer. Jr.
Principais Escolas
Os estudos da linguística versam sobre diferentes correntes, também chamadas de
escolas. O conceito da disciplina pode ser analisado a partir de três óticas: o
estruturalismo, o gerativismo e o funcionalismo. A seguir, apresentaremos cada um
deles brevemente.

Estruturalismo
O estruturalismo parte do conceito proposto por Saussure de que a língua é um
sistema de signos. De tal forma, o interlocutor é visto como um fator constituinte do
ato de fala.

Simões (2017, p. 28) apresenta algumas características da língua, para a corrente


estruturalista: “ela é a parte social da linguagem, por pertencer à comunidade, e é
exterior ao indivíduo, que não pode modi cá-la”.

Gerativismo
Para o relativismo, os princípios linguísticos estão radicados na mente humana.
Criada por Chomsky, essa teoria considera a língua por meio do seu aspecto biológico,
como se fosse um órgão, que se desenvolve com o tempo.

Simões (2017, p. 30) explica a visão de Chomsky, ao comentar que “as línguas naturais
são adquiridas e faladas espontaneamente apenas pelos membros da espécie
humana, o que constitui um dos motivos do sucesso evolutivo de nossa espécie”.

Funcionalismo
Muito defendida por linguistas de renome, como Maria Helena de Moura Neves, a
teoria funcionalista observa a evolução da língua a partir da forma como ela é
empregada.

De tal maneira, as falas são constituídas de escolhas que são feitas pelo falante.
Simões (2017, p. 31) explica:

De acordo com esse conceito, o falante constrói seus enunciados


escolhendo entre várias alternativas proporcionadas pelo sistema
linguístico (ao produzir qualquer frase escolhermos simultaneamente as
palavras, as construções gramaticais, os contornos entonacionais, etc).
Entender o sentido de uma sentença equivale, então, a entender porque
certas alternativas foram escolhidas e outras descartadas.
Todas as escolas da linguística são relevantes para o estudo e o desenvolvimento
dessa ciência. Apesar de terem diretrizes diferentes, elas convergem em relevância,
no que se refere ao entendimento da forma como as línguas se constituem.
Estudos Brasileiros sobre a
Linguística
De acordo com Castilho (1962), os principais estudos de língua no Brasil ocorreram em
duas épocas, entre os anos de 1934 e 1939. Sobre a primeira época, que se xou na
Faculdade de Filoso a de São Paulo, o autor disserta:

A primeira época compreende recrutados entre professores secundários


e diletantes. Predomina o tom normativo que reduziu as primeiras
gramáticas e repositórios de regras desprendidas dos “bons escritores”
dos séculos XVI e XVII, aos quais se acrescentavam Felinto Elísio, Antônio
Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e
Machado de Assis. Era grande a preocupação com a análise lógica e com
a lologia dos textos clássicos. Segundo Matoso Câmara Jr., duas eram
as atitudes assumidas pelos estudiosos da época: aceitação os não das
normas para a língua escrita oriundas de além-mar. (CASTILHO, 1962, p.
135).

A segunda fase dos estudos linguísticos no Brasil iniciou por volta de 1939. Castilho
(1962, p. 140) comenta que nessa fase os estudos passaram a ser mais cientí cos, “[...]
cessando paulatinamente a improvisação e a ausência de método na pesquisa
linguística”.

De lá para cá, os estudos da linguística seguem sendo desenvolvidos no Brasil por


diversos pesquisadores, em universidades e institutos. Como a língua é viva e se
desenvolve conforme a sociedade avança, sempre há material ou vertente para novos
estudos na área.

SAIBA MAIS

A Linguística é construída a partir de uma divisão, já que ela é conhecida


como ciência da língua (enquanto sistema de signos e conjuntos lógicos)
e das línguas (idiomas históricos falados por outros povos). Assim sendo,
na história da linguística, nenhuma questão é de nitivamente
respondida e nem posta de lado. Após car certo tempo deslocada, volta
à cena. É importante mencionar que existem inúmeras tendências e
abordagens no campo da Linguística atualmente. Abordagens como a
Linguística Cognitiva e a Sociolingüística oferecem uma gama
diversi cada de estudos e possibilidades de se pensar a língua.
(ORLANDI, 2009).
REFLITA

Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a
mentira e a verdade.

Florbela Espanca
Livro
Filme
Conclusão

Prezado(a) aluno(a),

Neste material busquei trazer a você informações e conceitos acerca dos estudos da
Linguística.

Na unidade I zemos uma  análise da fala e da conversação, conceitos fundamentais


para a análise da conversação e a estratégia de organização do diálogo.

Além disso, vimos também a aquisição da linguagem, linguística e lologia,


linguística pragmática e linguística e lexicogra a.

Na unidade II conhecemos mais sobre a Argumentação atrelada ao conhecimento


de linguística e como ela funciona na prática. Conhecemos também os Estudos da
Retórica da argumentação até chegar ao surgimento do ensino prescritivo e
descritivo da língua portuguesa.

Na unidade III investigamos mais sobre a teoria da informação e dos atos de fala,
além de conhecermos mais sobre as máximas conversacionais e os conceitos
básicos da análise do discurso, inclusive aplicada em textos.

Aprenderemos ainda sobre as relações da linguística com a estilística e suas


terminologias.

Para encerrar, na unidade IV, estudamos os conceitos de  Sujeito e discurso, e vimos


o sujeito na análise do discurso, além de exemplos de análises do discurso. O estilo
de Linguagem também foi assunto importante nessa unidade e os estudos sobre
Regionalismo e linguagem, Preconceito linguístico, Linguística histórica e as
principais escolas linguísticas também foram abordados ainda nessa unidade.

A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente e
aplicar os estudos até aqui realizados com mais discernimento e paixão por essa
ciência tão viva!

Até uma próxima oportunidade. Muito obrigada!

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