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Oralidade: É aquilo que é falado; é feito apenas verbalmente e oralmente; é a língua oral como
prática social;
Na produção textual, tanto a escrita quanto a oralidade precisam ser estudadas nas atividades
escolares.
A oralidade e a escrita estão ligadas, pois as comunicações orais ocorrem dentro de uma cultura
letrada – e não apenas uma cultura oral. Por isso, é possível trabalhar gêneros orais a partir de
atividades de escrita e produzir textos escritos a partir da oralidade.
O texto verbal pode ser escrito e oral, podendo resultar em diferentes gêneros textuais escritos ou
orais.
Perceba que é mais provável que um gênero oral formal se dê em um ambiente público, como
recintos do mundo profissional ou acadêmico. Já os gêneros mais informais acabam prevalecendo
em ambientes privados e situações mais pessoais.
OBS.: Elementos linguísticos: São os elementos que estão relacionados à fala, ou seja, ao código
linguístico (Ou seja, são os elementos verbais que estão presentes na comunicação); elementos
extralinguísticos: São os elementos que estão além da língua e da fala, como a expressão
fisionômica, o gestual, a respiração, a qualidade da voz, entre outros elementos não verbais (Ou
seja, são os elementos não verbais que estão presentes na comunicação).
. Fala: Interação face a face; Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à produção; Criação
coletiva: administrada passo a passo; Criação coletiva: administrada passo a passo; Sem condições
de consulta a outros textos; A reformulação pode ser promovida tanto pelo falante como pelo
interlocutor; Acesso imediato às reações do interlocutor; O falante pode processar o texto,
redirecionando-o a partir das reações do interlocutor; O texto mostra todo o seu processo de
criação.
Um fator para produzir bons textos escritos e orais é não escrever textos formais com marcas de
oralidade.
1. Fragmentação: O texto vai sendo falado por partes, ou seja, fragmentado, porque ele vai
sendo planejado passo a passo, enquanto é falado, com quebras nas frases ou nas
sequências, tendo hesitações, truncamento, ruptura e repetições;
3. Reiteração: É a repetição do discurso por meio de paráfrases. Como não há registro visual
do que se acabou de dizer, há a necessidade de reforçar e voltar nos assuntos falados na
conversa.
Fatores que constituem o texto oral:
. Nível local: O nível local fala sobre os turnos nas conversas. Em uma conversa, os interlocutores
falam em turnos (desenvolvem suas falas um após o outro e se alternam). Os turnos ou a
alternância da fala entre os interlocutores se estruturam em pares, como, por exemplo,
pergunta-resposta, convite-aceitação, convite-recusa e saudação-saudação.
OBS.: Em uma situação ideal, cada um falaria no seu turno, embora saibamos que são comuns as
hesitações, a sobreposição de turno (mais de uma pessoa falando ao mesmo tempo) e o assalto ao
turno (um interlocutor interrompe a fala do outro em momento inapropriado).
. Nível global: O nível global fala sobre o tópico discursivo, ou seja, o assunto.
Manifestações da coesão: Palavras escolhidas ou utilizadas; Ordem das palavras e suas relações
nas frases; Articulação entre as frases; Relações de sentido estabelecidas no texto; e paráfrase:
Quando o interlocutor fala o que outra pessoa já disse com outras palavras, mas mantém o
mesmo sentido.
Um recurso coesivo muito comum no texto oral informal, como a conversação, é o uso da
reiteração. As repetições nesse tipo de texto, usando as mesmas palavras ou expressões,
constituem uma forma de retomar o tópico ou o assunto sobre o qual se está falando, dando
sequência e organização à fala.
. Coerência: Estuda o sentido do texto. A coerência estabelece uma ligação lógica entre as ideias,
de forma que uma complemente a outra e, juntas, garantam o sentido do texto. Coerência: Ideias
que garantem o sentido do texto. Está voltada para as ideias.
OBS.: A coesão está ligada às frases e palavras que mantém a unicidade e o sentido do texto, mais
voltada à parte gramatical. já a coerência está voltada para as ideias que formam o sentido do
texto. Logo, coesão: Frases e palavras que unem o texto; coerência: Ideias que garantem o sentido
do texto.
Diferença entre coesão e coerência: A coesão é responsável por assegurar a “amarração” do texto
em nível microtextual, com o auxílio de mecanismos linguísticos (pronomes, verbos, numerais,
entre outros). Já a coerência opera em nível macrotextual, não se reduz à dimensão
morfossintática do texto ou aos seus mecanismos gramaticais, pois está ligada às ideias do texto.
. Turno: O turno corresponde à fala ou à intervenção de um dos interlocutores. Cada um deve falar
no seu turno: um interlocutor falar ao mesmo tempo que outro tem de ser a exceção ou algo
muito breve. Quanto mais informal for o diálogo ou a participação dos interlocutores, mais
flexíveis serão a ordem e o tamanho dos turnos.
. Tópico discursivo (assunto): Nas conversações mais formais, esse tópico discursivo, em geral, é
estabelecido previamente e se torna explícito. Já nas mais informais, esse tópico pode estar
implícito ou ser negociado durante a conversação. Em situações mais formais de comunicação oral,
não é adequado abandonar ou desviar-se do tópico discursivo.
. Marcadores convencionais: Em uma conversação, há elementos verbais (“aí”, “então”, “eu acho”,
“claro”, “certo”, “ahn” e “né?”, entre outros exemplos) e prosódicos ou não verbais (pausas,
velocidade, ritmo, tonalidade, riso, olhar, gesticulação etc.). Estabelecem uma função interacional,
mantêm e regulam o contato entre os participantes e promovem a articulação e o encadeamento
no texto falado, promovendo a condução e a manutenção do tópico discursivo. Alguns dos
marcadores que contribuem para o desenvolvimento do diálogo ou de uma interação
bem-sucedida são: Nosso tom de voz, nossa fisionomia e as expressões verbais que dão abertura
para o outro falar ou demonstram nosso interesse em relação ao que ouvimos.
Produção do texto escrito: Quando escrevemos, é indispensável levarmos em conta que nosso
texto será lido. Por isso, devemos escrever tendo em conta que os elementos do texto devem
contribuir para que seu sentido seja produzido no processo de leitura. Dessa forma, um fator que
coopera para a produção de um bom texto escrito é garantir que os recursos linguísticos utilizados
ajudem o leitor a compreender o sentido e o propósito do texto.
Desse modo, precisam ser aceitáveis: O assunto que o texto aborda; a forma como esse texto trata
de tal assunto; a intencionalidade embutida nesse texto. Exemplo: Não é aceitável escrever um
texto cheio de incorreções gramaticais, vícios de linguagem e um tom prepotente e arrogante ao
se apresentar para uma vaga de emprego.
Parágrafo: O parágrafo pode ter um ou mais períodos articulados em torno de uma ideia. Desse
modo, um fator para escrever bons textos é não misturar ou sobrepor em um mesmo parágrafo
ideias ou tópicos diferentes. Essa recomendação não implica o estabelecimento de uma extensão
rígida para o parágrafo. Assim, dependendo do gênero textual, ele pode ser menos ou mais
extenso. Seja um parágrafo curto seja um extenso, o importante é que ele reúna uma única ideia
central. Já as ideias secundárias devem formar uma unidade com a ideia central do parágrafo.
Do mesmo modo que o texto é um todo orgânico que produz sentido, o parágrafo também deve
ser coeso e coerente. Em parte, essa coesão é dada pela unidade do parágrafo caracterizada pela
centralidade de uma única ideia. A coesão, no entanto, também se dá pelos diversos recursos
linguísticos que: Mantêm a sequência e a progressão do parágrafo; articulam as orações de um
período e os períodos entre si. A coerência do parágrafo e do próprio texto como um todo é dada
pela sua forma de organização, evidenciando o que é central ou principal no parágrafo. Por isso,
deve haver “relacionamento de sentido entre a ideia principal e as ideias secundárias
desenvolvidas no texto” (é preciso que a ideia principal e as ideias secundárias façam sentido entre
si).
E mais: um texto claro tende a se bastar, pois há rigor na apresentação das informações e nas
escolhas dos termos, de modo a não dar margem a incompreensões, sobretudo ao conteúdo mais
relevante.
Nem sempre o texto claro é um texto fácil de ler ou interpretar. Na verdade, cada gênero de texto
será claro conforme as exigências da sua natureza. Em alguns casos, poderá inclusive parecer
obscuro e com pontos difíceis de se interpretar. Alguns textos podem conter trechos que exijam
maior esforço de interpretação ou conhecimentos específicos.
A boa leitura, tal como a escrita, é uma construção que exige empenho e algum conhecimento
prévio, ainda que o texto seja simples. Desse modo, sobre o receptor do texto recaem também
algumas responsabilidades. A decodificação de uma mensagem não depende, portanto, apenas do
texto claro e do domínio do código, mas também do repertório do leitor. Por isso, é importante,
sempre que possível, sabermos quem é o receptor do texto para o qual estamos escrevendo.
. Frase curta: Reorganizar o conteúdo, optando por frases mais curtas, é outro procedimento que
torna o texto mais claro e, como consequência, a leitura menos cansativa, além de reduzir as
chances de o redator cometer erros de pontuação e de concordância verbal.
. Inversão desnecessária (Inverter as frases e sair da ordem direta): As inversões fazem parte de
um estilo mais erudito do uso da língua. Todavia, as inversões podem tornar o texto menos claro:
Encaminhamos anexas, para conferência das assinaturas, às respectivas coordenações de curso, as
pautas das últimas reuniões de colegiado.
Reordenação dos termos: Encaminhamos anexas as pautas das últimas reuniões do colegiado de
curso às respectivas coordenações para a conferência das assinaturas. Perceba que, com a
reordenação dos termos, a mensagem do e-mail pode ficar mais clara. Desse modo, a estrutura da
frase ficou assim: Sujeito oculto (nós) + verbo transitivo direto e indireto (encaminhamos) +
complemento objeto direto e indireto (as pautas/ às coordenações).
Há figuras de sintaxe que dão conta de especificar os fenômenos de inversão. São elas: Hipérbato;
anástrofe; e anacoluto.
. Sujeitos distantes do verbo: Outro empecilho à clareza são as construções cujos sujeitos estão
muito distanciados do verbo. Ex.: O requerimento de simples guarda dos registros de acesso a
aplicações de internet ou registros de conexão por prazo superior ao legal, feito por autoridade
policial, administrativa ou Ministério Público, necessita de prévia autorização judicial.
Saber identificar o sujeito e o seu núcleo é fundamental tanto para a construção frasal em ordem
direta quanto para não comprometer a concordância verbal, uma vez que a regra geral de
concordância é que o núcleo do sujeito concorde com o verbo, independentemente da distância
que haja entre eles.
. Parágrafos longos: É provável que você conheça a orientação de que um parágrafo deve conter
apenas uma ideia-núcleo. Mas devemos levar em conta que nem sempre uma ideia-núcleo será
muito diferente de outra ideia-núcleo. As ideias-núcleo em um texto podem e devem decorrer
umas das outras, pois todas convergem ao tema central. Convém pontuar que parágrafos extensos
são possíveis, mas, se o objetivo for a clareza, é melhor construir parágrafos mais curtos.
. O código aberto: Deixar o código aberto significa ser genérico. Isso vale tanto para textos orais
quanto escritos. Expressões e palavras sem precisão, em geral, confundem o leitor e podem
produzir reações imprevistas que surpreenderão o emissor. Ex.: O uso de 8h em vez de 20h para
designar o período noturno. Diante da necessidade de uma comunicação clara, o ideal é fechar ao
máximo o código, para se evitar a comunicação sem eficácia. De modo algum significa dizer que a
codificação aberta não tem o seu contexto de uso. Quando se quer produzir uma incerteza ou
adiar uma resposta, fazer uma promessa falsa ou impressionar com frases labirínticas ou de efeito,
a codificação aberta pode ser fundamental. Ex.: “Em breve comunicaremos o resultado.”
No entanto, trata-se de um alerta que só serve a quem domina a variante padrão da língua. Tal
dica em nada auxiliará o indivíduo com pouco conhecimento formal da língua. Do mesmo modo
que a incorreção em certos contextos de produção textual levanta suspeitas sobre a autenticidade
da empresa; em outros contextos de comunicação, ocorre o oposto: é justamente a ausência de
incorreções que apontará para uma possível falsidade ideológica. Ex.: Um tipo textual muito
produzido e muito lido nos sites de compras são as avaliações dos consumidores sobre os produtos
adquiridos. Para que o consumidor se proteja de comentários falsos, uma das dicas dadas por
especialistas em segurança da informação é observar o estilo de escrita apresentada nos
comentários. Se forem todas corretas linguisticamente, com o padrão muito semelhante de
construção, de pontuação e sempre apresentarem avaliações positivas, há que se ficar atento, pois
autores diversificados não produzem textos uniformes.
Para que haja a uniformidade textual, deve-se escolher a classe gramatical que iniciará cada tópico.
Quando for escolhida, deverá ser mantida até o último tópico.
Os tópicos a seguir começam com verbos no imperativo, também poderiam começar com os
verbos no infinitivo (indicados como opção entre colchetes), mas nunca alternando ambos
inadvertidamente:
Observe que os tópicos ficaram regulares, coerentes com a opção formal feita desde o primeiro
tópico. Houve, porém, uma ligeira quebra na regularidade no quarto tópico. Em vez de ser iniciado
por um verbo no imperativo, o tópico foi iniciado pela expressão “Se for o caso”. Do ponto de vista
da uniformidade textual, o quarto tópico ficaria melhor se fosse redigido deslocando a expressão
inicial. Mencione [mencionar], se for o caso, as lacunas na pesquisa sobre o tema do seu trabalho.
Ao optar por tópicos, deve-se lembrar de padronizá-los para assegurar o efeito de unidade.
Já quando escrevemos os parágrafos, o oposto deve ocorrer. Não se deve iniciar todos os
parágrafos com a mesma seleção vocabular. Pelo contrário, se dois parágrafos iniciarem do mesmo
modo, pode-se comprometer o estilo do texto, sobretudo se forem seguidos.
Deve-se prestar atenção aos verbos que possuem mais de uma concordância verbal. Ex.: Partitivos.
Partitivos:
Nos sujeitos em que há partitivos como núcleo (a maior parte de, a minoria de, grande parte de,
boa parte de), tanto é possível estabelecer a concordância verbal com o núcleo do sujeito, que são
as expressões partitivas, quanto com a referência ao núcleo. Observe os exemplos a seguir, nos
quais apresentamos duas possibilidades de concordância:
. Com o núcleo do sujeito (grande parte – verbo no singular): Grande parte dos professores da rede
de ensino municipal aderiu às manifestações contra a violência escolar.
. Com a referência ao núcleo (professores – verbo no plural): Grande parte dos professores da rede
de ensino municipal aderiram às manifestações contra a violência escolar.
Outro exemplo de concordância verbal e expressão partitiva: Supondo que, em um mesmo texto,
outro uso do partitivo precisasse ser feito, a opção deveria manter-se a mesma, em nome da
uniformidade textual: “A minoria dos professores está intimidada com as ameaças e afirmou que
não irá às ruas no próximo feriado estadual.” Nesse caso, houve também necessidade de fazer a
concordância nominal no feminino (“a minoria está intimidada”) e estabelecer a concordância
verbal no singular com as orações seguintes (afirmou/irá). Não basta fazer a opção da
concordância dos partitivos. É preciso também manter a coerência com as demais concordâncias
que deverão ser estabelecidas ao longo da frase e do texto, pois isso é fundamental à
uniformidade textual.
Importante: Os sertões, Os Maias, Os Lusíadas são substantivos no plural determinados por artigo
definido. Como são títulos de obras, a concordância verbal pode ser feita também no singular. No
entanto, novamente em nome da uniformidade textual, não convém que a concordância ao longo
de um mesmo texto oscile de singular a plural ou vice-versa.
As palavras de dupla grafia: Devemos manter a uniformidade textual diante de palavras que
aceitam dupla grafia ou até mais. Ao se optar por uma, ela deverá ser mantida até o fim do texto
ou do conjunto de textos, como é o caso da edição de um jornal.
Curiosidade: Eça de Queiroz ou Eça de Queirós? Os dois são possíveis, mas desde a reforma
ortográfica feita por Portugal, a forma correta é a com “s” e com acento gráfico: “Queirós”. No
entanto, ambas as grafias coexistem, uma vez que os nomes registrados antes de 1945 podem
continuar sendo escritos na grafia antiga.
Em um trabalho acadêmico, como o TCC, não convém usar diferentes grafias do nome de um
autor, um fenômeno ou uma corrente teórica ao longo do texto. Por exemplo: Se alguém escreve
um trabalho sobre a narrativa de Eça de Queirós, não deve oscilar entre as duas grafias.
Assim, ao se adotar uma determinada grafia, deve-se mantê-la até o fim em nome da
uniformidade textual.
A voz e a adequação do pronome à pessoa gramatical: A escolha da voz de um texto também deve
ter a marca da uniformidade. A voz é a instância que organiza o discurso e precisa ser um guia
confiável ao leitor.
Se a voz do texto escolheu utilizar a terceira pessoa, por exemplo, deve-se manter a terceira
pessoa do início até o final do texto. Não é correto trocar, em função da uniformidade textual.
Ao se escolher uma voz para dizer o texto, é necessário se lembrar de que existem os pronomes
que lhe são correspondentes. Ex.: Se optamos pela primeira pessoa do plural (Nós), usamos os
pronomes e as flexões verbais que lhe são correspondentes.
Exemplo de ROMPIMENTO da uniformidade pessoal devido à troca da pessoa: Ilustra-se com este
exemplo algo muito relevante: que nós não devemos romper a uniformidade textual.
Geralmente, um texto acadêmico está na terceira pessoa do singular, que é a voz menos marcada,
mais impessoal possível. Esse tipo de opção, por quem escreve um trabalho acadêmico, deve ser
feito desde o início, ainda na introdução ou mesmo no resumo.
Pontuação: A ordem direta não pede por muitas pontuações, pois não é correto adicionar vírgulas
entre nenhum dos elementos da sequência: Sujeito + Verbo + Complemento (ou seja, nada de
vírgulas entre esses termos). Todavia, pela clareza, é preciso colocar informações extras na ordem
direta e nesses casos, a vírgula é necessária para sinalizar que algumas informações foram
encaixadas.
Ordem direta + informações extras: Naquela mesma temporada, Goran Pancev, o maior craque da
Macedônia do Norte, arrematou a Chuteira de Ouro, prêmio entregue ao maior artilheiro de ligas
nacionais da Europa.
Nesse exemplo, são três as informações extras que se intercalam: Quem é o jogador, o que é
Chuteira de Ouro e quando se deu o arremate da Chuteira de Ouro por Goran Pancev.
A locução adverbial de tempo (“naquela mesma temporada”) é o primeiro elemento a ser isolado.
Embora possua bastante mobilidade de posição numa frase, as locuções adverbiais só não
precisarão de vírgulas se ficarem na última posição da frase. Caso contrário, devem ser separadas
por vírgula.
Um texto mal pontuado causa muitos equívocos, que vão da ausência completa de sentido a
interpretações imprecisas ou duplas, como as geradas pela ambiguidade.
. A hipercorreção ou ultracorreção:
Correção: Houve casos novos da covid-19 em lugares em que a epidemia já tinha sido controlada.
Em ambos os exemplos, os verbos fazer e haver são impessoais, ou seja, devem permanecer na
terceira pessoa do singular. São casos de concordâncias especiais.
A concisão nem sempre nasce espontaneamente com o texto. Pelo contrário, o mais comum é que
ela seja produto do processo de revisão.
Após concluída a árdua tarefa de escrever um texto, a revisão é o momento oportuno para que os
trechos desnecessários sejam eliminados e as escolhas vocabulares que pouco ou nada
comuniquem sejam retiradas ou substituídas por outras mais expressivas.
A etimologia (origem) da palavra concisão é latina, do termo latino concisĭo, ōnis, que significa
“ação de cortar”.
Textos que não se concentram no fundamental levam os seus leitores à deriva. A concisão traz
relevância a cada palavra escolhida e muda a postura da recepção pela leitura, pois, em tese, eleva
o leitor ao melhor nível de atenção possível.
Os textos concisos podem ser por escrito ou orais, como os que encontramos nos telejornais.
OBS.: Léxico de forma mais geral: é o conjunto das palavras e expressões de uma língua; conjunto
dos vocábulos de uma língua, dispostos em ordem alfabética e com as respectivas significações.
No entanto, saber a diferença entre léxico e vocabulário pode contribuir de que forma para a
concisão? A resposta é simples, o léxico e o vocabulário são fontes de precisão linguística e a
concisão exige a melhor escolha vocabular possível. Palavras ou expressões genéricas são pobres
de valor informativo. (Ou seja, você vai utilizar o vocabulário e o léxico para encontrar a melhor
escolha de palavras possível, de modo que sejam claras e precisas).
Ex.: Escolher um título é um exercício de concisão. O título precisa dizer muito em poucas palavras
ou em apenas uma.
Um texto conciso não precisa nem deve ser ríspido. A língua é suficientemente rica em opções
vocabulares sutis que podem suavizar a mensagem. O cuidado com o léxico confere um estilo ao
texto e, por isso, pertence à estilística léxica.
Ampliar o vocabulário individual pelo léxico da língua é uma das maneiras de aumentar o
desempenho na produção textual, pois amplia a capacidade de permutar palavras, considerando,
inclusive, os seus aspectos afetivos.
A concisão pelo léxico e a coesão lexical: Um dos tipos de coesão é justamente a lexical. A coesão
lexical ocorre quando um termo é substituído por outro em um texto, a fim de fazer a remissão das
mesmas ideias com expressões diferentes.
Dessa forma, as repetições, que tendem a enfraquecer o texto, são cortadas e substituídas por
expressões correspondentes, porém novas.
Esse tipo de coesão se vale de recursos como as relações de sinonímia e antonímia, hiponímia ou
hiperonímia existentes no léxico de toda língua.
1. Redução extensiva: Substitui vocábulos por outras palavras de mesmo significado e que são mais
curtas. Ex.: O bombardeio na Ucrânia foi cessado porque assim pediram todos os líderes mundiais.
-> O bombardeio na Ucrânia foi cessado a pedido de todos os líderes mundiais.
O uso excessivo de quês, locuções adjetivas ou o uso da voz passiva pode ser substituído pelo uso
de substantivos, adjetivos e verbos exceto nos casos em que a opção pela voz passiva se dá com a
intenção de se indeterminar o sujeito).
Ex.: Espero que me pagues a fim de que se encerrem as dívidas que dizem respeito à herança que
foi contestada. -> Espero o seu pagamento a fim de encerrar as dívidas a respeito da herança
contestada. Os cursos que se iniciam em abril terminarão em setembro. -> Os cursos iniciados em
abril terminarão em setembro. A emenda constitucional foi promulgada pelo Congresso. -> O
Congresso promulgou a emenda constitucional.
- Sigla, abreviação e abreviatura: Usar siglas, abreviações e abreviaturas são maneiras imediatas e
econômicas de se fazer referências em um texto. Elas são amplamente usadas em texto
acadêmicos, científicos e jornalísticos. Ex.: SUS, AIDS, CEP e DDD, foto, moto, km ou kg.
Siglas: São reduções a partir das letras iniciais das palavras que as formam, sobretudo as de
instituições. Observe os exemplos abaixo: MEC (Ministério da Educação e Cultura); ONU
(Organização das Nações Unidas); ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); OMS
(Organização Mundial da Saúde).
Embora as siglas contribuam para a concisão textual, devemos explicitá-ls por extenso em sua
primeira menção no texto. Pressupor que todos as conheçam é comprometer a clareza textual em
nome da concisão. Ex.: "A Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) tem a
satisfação de anunciar..."
Prolixo vem do latim prolixĭtas, ātis, que significa longura, extensão, longura de tempo.
. Verbosidade ou Verborragia: Trata-se de escrever ou falar de forma complexa e/ou com muitas
palavras o que poderia ser dito ou escrito de forma mais simples e direta.
. Dificuldade em sintetizar: Neste caso, não é por falta de domínio do tema, mas por dificuldade de
estabelecer os traços mínimos que delimitam qualquer matéria a ser escrita. As técnicas e dicas de
concisão devem ser exercitadas justamente por quem apresenta tais dificuldades.
Interação pela linguagem: A linguagem é uma forma de ação e interação entre sujeitos. O uso que
os falantes fazem da linguagem não acontece está vinculado a um contexto (A linguagem é uma
forma de interação entre sujeitos. O uso da linguagem está vinculado a um contexto).
Parâmetros da comunicação:
. As pessoas (falante/ouvinte);
. O espaço;
. O tempo;
Mas, contrariamente ao que se pode pensar, o falante não possui total liberdade para se
comunicar. Ao se adaptar ao receptor, o falante obedece, de forma mais ou menos espontânea, a
certos padrões de uso da linguagem, que adquirem forma e acabamento nos gêneros textuais (Ou
seja, dentro de qualquer texto – seja oral ou escrito - estão presentes os gêneros textuais).
É possível que em determinado gênero textual alguém precise se ater mais rigorosamente à língua
padrão e a formatos específicos na organização do texto, enquanto em outro gênero textual
prevaleça a informalidade ou mesmo um tom jocoso ou bem-humorado dadas as exigências
daquele gênero em função de seu contexto e finalidade (como fazer rir, por exemplo).
Portanto, para se definir os gêneros textuais, é preciso conceber a linguagem humana como
Atividade entre sujeitos (uma interação), em suas diferentes dimensões e finalidades.
O caráter heterogêneo da linguagem: A linguagem humana pode ser verbal (por meio de palavras)
ou não verbal (gestos, expressões faciais, cores, formas, texturas etc.)
. Sociolinguístico: Conhecimento das normas sociais que se refletem nos usos da língua;
. Genérico: Saber relacionado às formas prototípicas dos textos, isto é, os aspectos que
caracterizam a forma de determinado gênero textual (Saber as características de um gênero
textual);
Gêneros textuais (Gêneros do discurso): São ferramentas utilizadas para a comunicação. São tipos
de textos que exercem uma função social específica.
O campo de atividade humana e o contexto comunicativo são fatores essenciais para a definição e
compreensão dos gêneros textuais.
Essa categorização dos textos, com base em seu regime genérico, é, em boa parte, responsável
pela construção do sentido do texto por parte do receptor. Ex.: Em um site de notícias, a
diversidade de textos publicados não impede que o leitor se situe e adote um certo
comportamento, tendo em vista a denominação que cada texto recebe: notícia, reportagem, artigo
de opinião, editorial, entrevista.
Na comunicação oral, observa-se a mesma realidade. Ex.: Uma aula, um telefonema, um seminário
acadêmico, uma palestra, um pronunciamento do Presidente da República, dentre outros gêneros
textuais orais, são facilmente reconhecidos a partir de sua denominação.
Entretanto, ainda que a denominação dos gêneros textuais seja de grande auxílio para seu
reconhecimento e conservação, por outro lado, há textos que fogem a essa lógica. No campo da
Literatura, muitas obras são intituladas pela denominação de outros gêneros textuais. Ex.: O diário
de Anne Frank (1942), de Anne Frank: Não se trata de um diário, mas sim de outro gênero textual.
Gêneros emergentes: Novos gêneros textuais que estão surgiram e não possuem denominações e
definições claras. Ex.: A comunicação em massa nos ambientes digitais dá origem, ainda, a novos
gêneros textuais. Ex.: Meme
O gênero textual se define mais pelo campo de atividade humana em que ele é produzido e pelo
contexto comunicativo em que ele circula. Ou seja, ele é definido mais pelos seus aspectos
funcionais do que pelos seus aspectos formais. Os aspectos formais não são suficientes para
compreender os gêneros textuais. Apesar de os gêneros textuais apresentarem uma denominação
e um conjunto de propriedades formais, tais aspectos são superados pela dimensão funcional dos
gêneros, isto é, seu contexto de produção (campo de atividade humana), circulação (suporte) e
recepção (contexto comunicativo). Um livro intitulado “Diário” não deixará de ser uma obra de
ficção autobiográfica somente em razão de sua denominação. Ou ainda, um anúncio publicitário
em forma de fábula não deixa de ser um anúncio simplesmente porque coloca em cena
personagens não humanos ou fantásticos em torno de um enredo. Por isso, diz-se que os gêneros
textuais se definem menos por sua forma do que por sua função em dado contexto.
Enunciados de gêneros do discurso, para Bakhtin: Petição jurídica (É um gênero típico do campo
judiciário), e-mail institucional (Circula entre pessoas da mesma instituição), fichamento (É um
gênero característico do campo acadêmico), ditado (Assim como o fichamento, o ditado circula no
campo escolar) e debate político (Gênero proferido no campo da política).
Regimes genéricos: São os graus de variação dos gêneros textuais segundo os campos de atividade
humana:
1. Categoria 1 – Gêneros estáveis: Geralmente, são sem autoria, produzidos nos campos de
atividade humana mais institucionalizados, na esfera pública e privada, a exemplo de
documentos públicos, correspondência comercial, fichas administrativas, entre outros. São
textos mais padronizados e controlados. Ex.: Ficha de inscrição. Esse gênero não muda e
não tem o costume de exigir a assinatura do produtor de texto, pois trata-se de um campo
de atividade humana relacionado a uma instituição. Nesta categoria de gêneros textuais,
os leitores podem antecipar o tema, pois há uma expectativa sobre as informações
solicitadas.
OBS.: Na concepção bakhtiniana, a linguagem é o produto da interação verbal entre pelo menos
dois falantes, e sua unidade é o conjunto de enunciados que compõem um dado gênero textual.
Qual é a diferença entre o tema e o assunto do texto? O assunto de uma redação consiste em um
termo mais amplo, podendo englobar uma série de temas. Já o tema é um recorte do texto,
tratando-se de recortar uma parte contida no assunto. O tema é um recorte desse assunto mais
abrangente. Ou seja, o tema está contido dentro do assunto da redação — às vezes, inclusive,
dentro de mais de um assunto. Ex.: Tema: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.
Assunto(s): cultura, democracia, igualdade social.
Estilo verbal: Diz respeito aos elementos linguísticos mais recorrentes em um dado gênero textual,
em nível gramatical (ortografia, pontuação, morfologia), lexical (vocabulário) e sintático
(construção de frases e orações). A segunda propriedade dos gêneros textuais é o estilo verbal,
que, assim como o tema, constitui uma garantia para a comunicação e reflete o funcionamento de
determinado campo de atividade humana. (São as características de um gênero textual). “Onde há
estilo, há gênero”, ou seja, o estilo é predeterminado pelo gênero textual, que, como vimos, é
orientado pelo campo de atividade humana em que ele é produzido.
Assim como acontece com o tema, o estilo verbal também está sujeito aos regimes adotados por
um gênero textual. Quanto mais ou menos normativo for o gênero textual, mais ou menos
normativo será seu estilo. Em outras palavras, a liberdade do estilo verbal empregado será menor
nos gêneros textuais mais controlados (categorias 1 e 2) e maior nos gêneros originais ou autorais
(categorias 3 e 4)
. O estilo verbal em gêneros estáveis: O artigo de lei. Ex. de artigo de lei: Artigo 208 da Constituição
Federal do Brasil de 1988. Dentre os recursos linguísticos do gênero textual “artigo de lei”,
destacam-se: A impessoalidade, observável no emprego da terceira pessoa e do sujeito
indeterminado, como em “Compete ao Poder Público recensear [...]”. A nominalização, isto é,
emprego de formas substantivadas, como em “educação básica”, “acesso”, “oferta”,
“atendimento”. Formas verbais dos tempos Presente e Futuro do Indicativo, indicando que a lei
passa a vigorar plenamente a partir da promulgação do artigo. São exemplos: “O dever do Estado
com a educação será efetivado mediante a garantia de [...]” e “O acesso ao ensino obrigatório e
gratuito é direito público subjetivo”. O emprego da norma padrão da língua portuguesa, com
observância de flexões de gênero e número (“as etapas da educação”), regência nominal (“ensino
obrigatório”) e verbal (“atendimento ao”, “compete ao”). O emprego de vocabulário técnico
característico de textos de lei, como em “autoridade competente”, “direito público subjetivo”,
“educando”, “recensear”. Esse conjunto de características estilísticas permite-nos situar o gênero
textual “artigo de lei” na categoria 1, tendo em vista dois principais aspectos: linguagem
padronizada e autoria coletiva.
. O estilo verbal em gêneros instáveis: As tirinhas. Em uma tirinha do Chico Bento, é possível
encontrar desvios da oralidade, diminutivo, desvios da norma padrão da língua portuguesa em
nível morfológico, interjeições, prosódia caipira e pronúncia caipira. A partir desse exemplo,
nota-se que o gênero textual “tirinha” manifesta uma instabilidade do ponto de vista estilístico. Em
outras tirinhas, o estilo verbal empregado será diferente, pois, como vimos, os gêneros da
categoria 3 são autorais e buscam a inovação e a criatividade.
Relembrando: É importante lembrar dois aspectos fundamentais dos gêneros textuais: eles são
heterogêneos e relativamente estáveis, como disse Bakhtin. Não se pode conceber um gênero
textual sem relacioná-lo a seu campo de atividade humana e ao contexto comunicativo como um
todo.
A construção composicional: Está relacionada ao modo como o texto se organiza em suas partes
internas. Diz respeito à forma composicional de um gênero, quando este se materializa em texto,
no interior de um campo de atividade humana e de um contexto comunicativo preciso. A
propriedade da construção composicional dos gêneros textuais está relacionada ao modo como os
gêneros se estruturam. A construção composicional ou aspecto formal do texto, se refere ao tipo
de estruturação e conclusão de um todo.
OBS.: O gênero textual possui três propriedades: O tema, o estilo verbal e a construção
composicional.
OBS.: A construção composicional é afetada quando o suporte de veiculação do gênero textual é
alterado. A título de exemplo, uma receita culinária ou um diário, quando escritos em um caderno,
sofrem alterações quando transportados para o ambiente digital. Isso porque, neste suporte, há
um enriquecimento do texto com o acréscimo de imagens e hiperlinks, que, ao remeterem a
outros conteúdos da web, instituem um novo modo de ler os textos, isto é, novos letramentos ou
letramentos digitais.
Gêneros textuais em sala de aula: O trabalho com os textos em sala de aula deve ser marcado pela
diversidade de tipos de texto e de gêneros textuais. Usar diversos tipos de texto implica
desenvolver práticas de leitura e de escrita com textos narrativos, descritivos, dissertativos e
injuntivos ou instrucionais. A diversidade em relação aos gêneros textuais deve abranger tantos os
gêneros orais quanto escritos. Assim, é preciso transitar entre gêneros textuais orais e escritos
como o e-mail, o debate, a entrevista, a propaganda, o resumo, a charge, o conto, o bilhete, a bula
de remédio, a receita culinária, a lista de compras etc. Além de identificar as características e
propriedades de cada gênero, é importante buscar os sentidos de cada texto ou discurso e
desenvolver atividades de produção textual.
Fatores da textualidade (Fatores ou critérios para que algo seja considerado um texto) (7):
.Coesão (microtextual);
. Coerência (macrotextual);
Exemplo 1: João foi à igreja. Ele não ia àquele local desde a morte de sua mãe. Em negrito, estão
os termos que operam a coesão referencial do enunciado: o pronome pessoal “ele”, o pronome
demonstrativo “àquele” e o pronome possessivo “sua”. Por meio desses pronomes, denominados
anáforas pronominais, é possível não somente retomar termos do enunciado, a fim de evitar a
repetição (João/ele/sua e igreja/ àquele local), como também acrescentar novas informações ao
texto, assegurando sua informatividade, coerência e progressão textual.
Exemplo 2: Os ingredientes do bolo são estes: ovo, manteiga, leite, fubá, açúcar e fermento.
Trata-se de coesão referencial por antecipação. O pronome demonstrativo “estes” anuncia os
ingredientes do bolo, ou seja, introduz uma informação nova ao texto. O efeito da catáfora consiste
em provocar a surpresa, ao anunciar algo que só será explicitado posteriormente.
Ou seja: Anáfora vem depois do referente com o papel de retomá-lo; já a catáfora vem antes do
referente.
OBS.: Para além da questão puramente morfológica das anáforas, devemos observar que a coesão
referencial também opera em nível lexical, por meio de sinônimos, hiperônimos e hipônimos. Ex.:
Pedrinho era uma criança quando o vi da última vez. O menino se tornou um belo rapaz
(sinônimos).
. Coesão sequencial: Obtida por mecanismos linguísticos que promovem a progressão do texto por
meio da articulação entre as partes que compõem o texto.
Em (a), por exemplo, a locução adverbial “assim que” une duas proposições: “o avião aterrissou” e
“eu comecei a ficar emocionado”. Além desse fator de economia e produtividade do enunciado, o
referido conectivo instala a ideia de simultaneidade, o que confere ainda mais emoção ao
momento vivenciado.
. Inferência: Trata-se de uma operação lógica que consiste em ativar conhecimentos implícitos;
. Genericidade: Referente às regras mais ou menos explícitas e estáveis do gênero discursivo a que
o texto pertence. A genericidade é uma propriedade global dos textos, e deve ser analisada como
um todo significativo. Na notícia, o conhecimento sobre os elementos do gênero notícia
jornalística deve ser suficiente para que o leitor ative conhecimentos como: o tema, as escolhas
linguísticas, a organização textual (composição), o suporte de veiculação, a intencionalidade do
produtor do texto, a expectativa do leitor, entre outros. Ex.: O emprego da terceira pessoa na
notícia faz parte das regras estilísticas desse gênero.
Parágrafo:
. Do ponto de vista gráfico: O parágrafo é uma unidade do texto geralmente composta por mais de
um enunciado e demarcada pela mudança de linha, com ou sem recuo.
. Do ponto de vista conceitual: O parágrafo introduz uma ideia central e a desenvolve, daí a
necessidade de se delimitar sua extensão, pois o acréscimo de uma nova ideia central requer a
composição de um novo parágrafo.
É uma unidade do texto definida por dois critérios: Formais (gráficos e conceituais) e funcionais
(regime genérico e tipologia do texto).
. Gêneros de tipo descritivo: De média a longa extensão, geralmente encontrados nos gêneros de
prosa literária de ficção, como novelas, crônicas etc.
Tópico frasal: As informações mais relevantes de um fato. “Uma frase sintética que traça a direção
que o desenvolvimento deve seguir. Ele indica ao autor os limites das ideias que pode explanar no
parágrafo”.
O tópico frasal constitui uma metodologia de elaboração do parágrafo, em que fatores como a
coesão e a coerência desempenham um papel importante.
Vantagens de utilizar o tópico frasal: Confere unidade temática ao texto; Orienta sua intepretação;
Organiza as partes do texto.
. Tópico frasal baseado em enumerações: Organização de ideias no interior do parágrafo, por meio
de marcadores discursivos;
OBS.: Os tópicos frasais baseados em relações de causa e efeito são frequentes em textos da
tipologia argumentativa, na medida em que fornecem argumentos para convencer/persuadir o
receptor, além de serem eficazes para estruturar o texto, conferindo-lhe a lógica necessária para
justificar e explicar o tema desenvolvido.
Tipologia textual:
. Tipo textual narrativo: O tipo textual narrativo é prototípico dos gêneros de ficção literária, além
de biografias, cartas, histórias em quadrinhos, interações orais, canções, dentre muitos outros.
- Atores (Narrador e personagem): Os atores são assim definidos por se tratar de diferentes
instâncias enunciativas, ou vozes, que ocupam diferentes posições na narrativa. Desse modo, o
texto narrativo é conduzido por um narrador, que delega voz a outras instâncias, que podemos
denominar de personagens.
OBS.: Nos gêneros de ficção literária, é muito comum encontrar personagens não humanas, a
exemplo de animais, plantas, objetos, entre outros, ainda que sejam retratadas com características
humanas.
OBS.: Um texto pode ter mais de um tipo de sequência ao mesmo tempo, por exemplo: Pode
haver as sequências textuais narrativa, argumentativa e dialogal dentro de um único texto; ainda
assim, ele será considerado narrativo se suas características predominantes forem do tipo textual
narrativo, como totalidade, o texto em questão coloca em cena personagens, tempos e espaços
em torno de um conflito, características pertencentes à narração. “Assim, dizemos que um texto
pode apresentar um ou mais tipos textuais, sendo um deles predominante, de acordo com o
gênero discursivo que o manifesta.”
É preciso saber, porém, que nem toda narrativa apresenta uma sucessão cronológica de
acontecimentos; na realidade, os textos ficcionais gozam de uma liberdade em seu modo de
narrar, pelo fato de serem textos fundadores e originais.
OBS.: No texto narrativo, há uma sequência de fatos ou eventos, e o texto é caracterizado pela
mudança de situação, por uma transformação. Assim, a narrativa pode ser definida como “uma
mudança de estado operada pela ação de uma personagem”, mesmo “que essa personagem não
apareça no texto”, pois ela poderá estar implícita.
Que procedimentos ou estratégias são recomendados ao elaborar um texto narrativo?
Nas narrativas ficcionais, é recomendado que você dê atenção à construção dos personagens e
trabalhe muito bem o conflito da história. Apresente ou introduza sua história oferecendo
informações sobre o personagem, aspectos do tempo e do espaço que podem informar e
despertar o interesse do leitor. Desenvolva a história a partir de uma situação conflitante, a partir
de um elemento que envolva as personagens em uma tensão que exija algum tipo de clímax ou
desfecho. Finalize sua narrativa oferecendo solução para o conflito proposto ou mesmo deixando a
situação conflitante em aberto, para que o leitor imagine possíveis soluções. Resumindo: Crie uma
expectativa para a personagem ou para o leitor; Quebre essa expectativa, criando um conflito para
a personagem; Apresente uma resolução ou tentativa de resolução do conflito; Elabore o desfecho
a partir da busca da resolução do conflito, considerando que o desfecho marca a narrativa como de
sucesso ou de fracasso; Proponha ou sugira uma avaliação, que pode ser na forma de uma lição de
moral, uma lição de vida, um ensinamento explícito ou implícito.
Nas narrativas presentes em relatórios e outros textos mais técnicos, há alguns procedimentos que
podem ajudar a elaborar um bom texto narrativo que capte a atenção do leitor: Elabore parágrafos
curtos e sem muitos pormenores; Prefira orações coordenadas, em vez de subordinadas, para ser
mais claro e direto; Trate somente do que você conhece bem; Junte apenas o que é significativo;
Sugira soluções, mais do que explicar acontecimentos; Mantenha o leitor interessado,
apresentando os fatos em um crescendo, até chegar ao clímax; Divida as ações ou ocorrências em
partes; Tenha sempre em mente o objetivo da narração.
OBS.: A descrição não é facultativa dentro de uma narrativa, pois é necessário que haja uma
descrição apropriada dos personagens, situações, tempo e espaço para agradar o receptor.
. Tipo textual descritivo: O texto descritivo é aquele que, de forma predominante, apresenta uma
sequência de aspectos e tem como característica fundamental “a inexistência de progressão
temporal”, ou seja, há uma simultaneidade no texto descritivo – Todo o texto fica num só tempo
verbal), a enumeração e qualificação de propriedades; e a organização vertical do texto.
- Simultaneidade temporal: Todo texto fica num só tempo verbal. Desse modo, não temos no texto
descritivo “relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados”, pois as ações não
estão em movimento. Predominam nos textos descritivos os seguintes tempos verbais: Presente
(Expressando concomitância quanto ao momento da fala) e Pretérito imperfeito (Expressando
concomitância quanto a determinado marco temporal pretérito instalado no enunciado).
. Tipo textual injuntivo: Os gêneros injuntivos se caracterizam pela instrução ou por algum tipo de
ordem, como por exemplo: A bula de remédios; O manual de instruções; a receita culinária; A
propaganda de tipo “reclame”; a receita médica etc. O texto injuntivo tem por finalidade levar o
receptor (leitor ou ouvinte) a seguir instruções (recomendações, conselhos, prescrições), de
acordo Injunções utilizadas com um método (etapas ordenadas), a fim de realizar uma tarefa (tirar
um visto de viagem, preparar uma receita culinária, montar um móvel, tomar um medicamento,
adquirir um produto etc.).
O estilo verbal desses gêneros é caracterizado pelo emprego de formas linguísticas de interpelação
do receptor em uma linguagem didática, clara e direta. Com relação à sua organização textual, os
gêneros injuntivos são visualmente estruturados, em geral, sob a forma de tópicos. Trata-se de
gêneros produzidos em esferas de atividade humana mais estáveis, sendo, portanto, pouco
sujeitos à variação ou à criatividade.
Significado de injunção: Imposição social, pressão das circunstâncias (injunções sociais). 2. Ordem
expressa e formal.
Observemos que um passo a passo apresenta uma ordem e apresenta uma organização textual
sob a forma de tópicos ou etapas, que obedecem à ordem temporal.
Organização do texto injuntivo:
. Verbos modalizadores: Formas verbais que expressam a atitude de quem fala ou escreve em
relação ao conteúdo que a própria pessoa está enunciando. Por exemplo, um verbo modal pode
expressar um desejo, um fato, uma possibilidade, uma necessidade etc. Ex.: Tom prescritivo: Usos
dos verbos modalizadores “dever” (“deve comparecer”) e “ser” (“são dispensados”). Ex.2: Tom de
advertência: Emprego do verbo modalizador “poder”, como em “podem ser convocados. Ex.3: Tom
de aconselhamento: Emprego de formas infinitivas, como em “manter a calma”, e do modo
Imperativo em “fique tranquilo”.
. Verbos imperativos.
OBS.: Dizemos que a estabilidade dos gêneros discursivos é relativa porque há gêneros mais
estáveis, como uma bula de remédios, enquanto outros são mais propensos à variação, como uma
canção ou um texto literário. Essa relativa estabilidade tem a ver com a esfera de atividade
humana em que os gêneros são produzidos, isto é, seu contexto de produção. O contexto de
produção do gênero é, portanto, o que predefine: As finalidades pragmáticas (a intenção do texto).
O tema; e as características formais (estilo verbal e organização textual).
OBS.: Não confunda exposição com descrição! O texto expositivo tem por finalidade pragmática
apresentar um fenômeno da realidade natural ou social, desenvolvendo e explicando suas
particularidades, com vistas à construção de um dado conhecimento. Ele não apenas descreve.
Os textos descritivos visam conceituar um dado fenômeno, seja ele natural ou social. Os gêneros
discursivos relacionados à tipologia textual expositiva são oriundos, preferencialmente, do discurso
científico, em sua versão teórica pura, aplicada ou com vistas à divulgação de saberes de
referência. Vejamos, a seguir, alguns exemplos, que geralmente estão associados ao universo de
sentido dos conhecimentos cientificamente verificados e/ou construídos: Tese, dissertação, artigo
científico, verbete de dicionário, verbete de enciclopédia, artigo de divulgação científica, entre
outros.
. Verbo modalizador: É comum encontrarmos o verbo modalizador “poder”, que cria um efeito de
sentido de precaução, comum no discurso científico, na medida em que os saberes de referência,
isto é, cientificamente validados em determinado momento da história, estão sujeitos a novos
estudos e resultados.
. Parênteses: Funciona como um reformulador discursivo de dizeres prévios. No mesmo
movimento em que explica algo que fora afirmado, constituindo uma reformulação discursiva, os
parênteses também introduzem uma nova informação ao texto; nesse caso, o termo especializado
empregado para confrontos no interior de um mesmo país.
- Conectivos lógicos e marcadores discursivos: Articulação entre partes do texto, a fim de conferir
um aprofundamento ao tema tratado.
OBS.: O verbo “dever” não é frequente nos textos expositivos. Inclusive, é recomendável evitá-lo
nos textos científicos, tendo em vista que sua finalidade pragmática não é instruir ou prescrever
uma ou mais ações, mas desenvolver um raciocínio ordenado sobre um fenômeno da realidade
natural ou social.
. Tipo textual argumentativo:
A argumentação pode ser definida de dois pontos de vista: Pragmático (Do ponto de vista
pragmático, relacionado à intencionalidade do locutor, argumentar significa buscar a adesão do
outro receptor, fazendo-lhe crer naquilo que é dito, e mais ainda, provocando uma reação, da
ordem do “fazer”) ou Linguístico (Ou restrito,
Nesse sentido, todo texto é argumentativo, porque todos são, de certa maneira, persuasivos.
Todavia, isso não significa que todo texto é intrinsecamente argumentativo.
Na concepção clássica, herdada dos gregos, argumentar significa raciocinar a partir do esquema
geral: Dado (premissa maior/premissa menor) X Conclusão. Esse esquema geral é detalhado a
partir de informações omitidas no discurso, mas necessárias à compreensão, ao saber, à inferência.
Ex.: Premissa maior – P1: Todo homem é mortal. Premissa menor – P2: Sócrates é homem.
Inferência – I: Se todo homem é mortal e Sócrates é homem, logo... Conclusão – C: Sócrates é
mortal.
O esquema acima foi um silogismo. Silogismo: Tipo de raciocínio que tem como base a dedução ou
inferência.
Nesse silogismo, o dado é composto por duas premissas, que levam o receptor a deduzir a
conclusão, por meio de uma inferência (oculta), que poderia ser assim enunciada: Se todo homem
é mortal (P1), e se Sócrates é homem (P2), logo, Sócrates é mortal (C).
Como você pode notar, na argumentação lógica, as premissas devem ser verdadeiras para que o
receptor seja capaz de deduzir sua conclusão “lógica”, como dizemos ordinariamente.
Mas, em se tratando da comunicação humana, nem sempre lidamos com argumentos lógicos. Essa
constatação não passou despercebida dos gregos, e foi Aristóteles quem se celebrizou pelo estudo
da argumentação como uma forma de discurso, ou melhor, de persuasão pela linguagem. Estamos
falando da argumentação retórica.
A argumentação não lida apenas com argumentos lógicos, mas também lança mão dos chamados
argumentos não técnicos: O ethos, ou imagem de si (O ethos (“caráter moral”) diz respeito à
imagem que o orador (locutor) cria de si mesmo no discurso.); O pathos, ou emoções (O pathos é
outro tipo de argumentação retórica, isto é, persuasiva. O termo grego significa “paixão”, em
referência aos sentimentos provados pelo auditório (leitor/ouvinte), como efeito do discurso
proferido pelo orador).
Nem todo discurso político é tão explicitamente persuasivo quanto esse que acabamos de analisar.
Há, certamente, um grau de subjetividade em cada discurso proferido pelos homens políticos,
porém, o maior ou menor grau de paixão imprimida ao discurso não depende exclusivamente do
caráter do orador, e sim da esfera de atividade humana.
OBS.: Epidítico Busca enfatizar o que é bom ou mal, belo ou feio etc., por meio de elogios ou
censura. Corresponde, nos dias atuais, às mídias de informação e opinião.
Essas características se aplicam globalmente aos gêneros argumentativos, que têm a finalidade
explícita de provocar a adesão do auditório.