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AULA TEÓRICA

Plano De Aula nº 05

Disciplina: Técnicas de Comunicações em Língua Portuguesa

Docente: Me. Danifo Chutumiá (dchutumia2010@hotmail.com)

Curso: Contabilidade & Auditoria (1º ano)


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27.04.2020

“A primeira aula não se dá e a última não se recebe”

Tema: Língua, Fala e Discurso


Texto I (falado)
“Ela tava ali, lindinha e nos conformes, cara... Fiquei olhando, imaginando um jeito de dizer! bem, você sabe, né? De
dizer aqueles negócios que fico pensando sem ela. Era hora, agora, vou lá, dou uma chavecada nela, buzino umas
no ouvidinho dela, tá na minha... Bom, tava faltando coragem, puxa, foi me dando um frio, uma coisa, um estado...
Virei as costas, meu irmão, e me mandei...”

Texto II (escrito)
“Digo a você que ela estava lá, diante dos meus olhos. Perfeita. Olhei-a, imaginando um jeito de dizer o quanto era
importante para mim, dizer o que pensava dela quando estava a sós comigo mesmo. Pensei ser a hora certa,
conversar: Mas me faltou coragem. Fugi.”

Para Oliveira (2003), a comunicação pode ser encarada sob dois planos de realização: o plano oral e
escrito, ou ainda, código oral e código escrito. Sabemos, naturalmente, que o meio de expressão de
todas as línguas humanas é o som, mas a maior parte delas, no entanto, possui um segundo meio de
expressão: a escrita.

1. Plano de Leccionação
- Definições de Texto Oral
- Características da Fala e da Escrita
- Diferenças entre Código Oral e Código Escrito
- Linguagem Verbal e Não-Verbal

1.1. Definições de Texto Oral


 O texto oral é fruto de conversação e, daí, o diálogo, isto é, trata-se de uma comunicação
bilateral. Para Castilho, pode ser definido como “actividade linguística básica que pertence às
práticas diárias de qualquer cidadão, independentemente de seu nível sociocultural. Ela
representa o intercurso verbal em que duas ou mais pessoas se alternam, discorrendo
livremente sobre as questões propiciadas pela vida diária” (CASTILHO, 1986: 21).

Um equívoco bastante comum: a fala não tem regras, é informal; já a escrita tem regras, é formal.
Incorreções como essas decorrem do facto de se associar a fala a um dos níveis de uso da linguagem,
ou seja, toma-se a fala como sinónimo de informalidade. Na verdade, tanto a fala como a escrita
abarcam um continuum que vai do nível mais informal ao mais formal, passando por graus
intermediários. Assim, um mesmo indivíduo apresenta desempenhos diversificados quanto ao grau
de formalidade/ informalidade, variando sua fala e/ou escrita conforme as condições de produção
para a elaboração de seu texto.

Para se estabelecer as relações que diferem as duas modalidades da língua (falada e escrita), sem
que haja distorção do que realmente ocorre, é necessário considerar as condições de produção. São
essas condições que possibilitam a efectivação de um evento comunicativo e são distintas em cada
modalidade.

1.2. Características da Fala e da Escrita

A fala apresenta as seguintes características:


 Interação face a face;
 Impossibilidade de apagamento;
 Ampla possibilidade de reformulação: esta pode ser feita por qualquer um dos interlocutores;
 Acesso imediato ao feedback do interlocutor;
 O falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das reações do ouvinte.

A escrita, por sua vez, pauta-se por meio dos seguintes traços:
 Interação à distância (espácio-temporal);
 Possibilidade de revisão para operar correções;
 A reformulação pode ser apenas reservada ao escritor;
 Sem feedback imediato (exceptuando-se as plataformas digitais em que o diálogo (retorno)
‘escrito’ é quase imediato).

Essas condições de produção irão determinar formulações linguísticas que apresentam aspectos
específicos, conforme o tipo de texto produzido:
Oral: conversação espontânea, debate, entrevista, conferência, etc.
Escrito: carta familiar, editorial, artigo para revista científica, etc.

Em síntese, pode-se dizer que do ponto de vista linguístico a fala apresenta:


 Maior liberdade de estruturação sintáctica, tanto no que se refere ao carácter local (unidade
sintáctica), como ao global (a nível de inter-relacionamento de tópicos);
 Maior uso de elementos contractualizadores;
 Maior frequência de marcadores conversacionais.

1.3. Diferenças entre Código oral e Código Escrito

Resumidamente, o exposto anterior pode ser representado no seguinte quadro:


Código Oral Código Escrito

 Emissão e recepção são sucessivas  O espaço entre o emissor e o receptor é


longo

 Contém poucas descrições  Apresenta descrições em maior número

 Emprega pausas e entoações  Sinais de pontuação em substituição das


pausas

 Emprega gestos, expressões  Recorre a descrições para suprimir estas


faciais, acentos de intensidade

 É menos extenso  É mais extenso

 É menos reflectido, mais  Mais reflectido, menos espontâneo


espontâneo,

 Mais desvios em relação à norma  Tendência a eliminar os desvios


linguística

A ocorrência das diferenças entre língua falada e escrita são decorrentes das condições de produção,
não sendo legítimo afirmar que uma seja mais complexa, mais bem elaborada, mais explícita ou
autónoma que a outra. Sabe-se de antemão que a fala, enquanto manifestação da prática oral, é
adquirida nas relações sociais em diversas situações do quotidiano. Por outro lado, a escrita,
enquanto manifestação formal do letramento, é adquirida, em geral, na escola.

1.4. Linguagem Verbal e Não-verbal

Linguagem Verbal – as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus


distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas
mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar
as palavras).

Linguagem Não-Verbal – as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos


faciais e corporais, as cores, os desenhos, a dança, os sons, os gestos, os olhares, a entoação
são importantes: são os elementos não-verbais da comunicação.

NOTA: Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma cultura para
outra e de época para época.

Alguns psicólogos afirmam que os sinais não-verbais tem as funções específicas de regular e
encadear as interações sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais.
 Expressão facial – os rostos transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas
pessoas tentam inibir a expressão emocional.
 Movimento dos olhos – desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar
fixo pode ser entendido como prova de interesse, mas noutro contexto pode significar
ameaça ou provocação. Desviar o olhar quando o emissor fala tanto pode significar a ideia de
submissão como a de desinteresse.
 Movimentos da cabeça – tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens.

 Postura e movimento do corpo – os movimentos corporais podem fornecer pistas mais


seguras do que a expressão facial para se detectar determinados estados emocionais.
 Comportamentos não-verbais da voz – a entoação (qualidade, velocidade e ritmo da voz)
revela-se importante no acto comunicativo. Uma voz calma geralmente transmite mensagens
mais claras que uma voz agitada.
 Aparência – a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o tipo de imagem que ela
gostaria de passar. Através do vestuário, penteado, maquiagem, apetrechos pessoais,
postura, gestos, modo de falar, as pessoas criam uma projecção de como são ou gostariam
de ser tratados.

PS. Na interacção pessoal, tanto os elementos verbais como os não-verbais são importantes para
que a comunicação seja eficaz.

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