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Semana 3 Língua Portuguesa

3 2.3 Funções da Linguagem Oral e Escrita

Você já tomou conhecimento, na Unidade de


Aprendizagem 1, que a Língua Oral e a Língua Escrita possuem
particularidades e diferenças devido à condição de produção.
Essas particularidades e diferenças são elementos exclusivos
de cada uma delas.
Na linguagem oral, por exemplo, os gestos possuem um
caráter relevante, pois podemos dizer uma única palavra que,
acompanhada de um determinado gesto, representa toda a
mensagem que se deseja comunicar naquele momento. “O
que você achou do restaurante?” “É bom”. Essa resposta,
acompanhada de um aceno de cabeça e uma torção de lábios
indica que, na verdade, as palavras utilizadas na resposta
representam uma pequena parcela da mensagem que se
deseja transmitir em relação à experiência vivida na situação
em questão.

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Já na linguagem escrita, uma particularidade é a
possibilidade de revisão, de reedição do texto, apagando-se
o texto anterior que, numa segunda leitura, percebeu-se não
refletir, com clareza, a mensagem que se deseja transmitir.
Não há duvida de que as pessoas não escrevem
exatamente da mesma maneira como falam, pois cada uma
dessas modalidades representa um processo diferente de
produção, para usos diferentes, com diferentes intenções. Aqui
importam fatores como: contexto, intenção do falante ou do
escritor e a temática ou tópico do que se diz ou escreve. Esses
elementos são responsáveis pelas diferenças entre a linguagem
oral e a linguagem escrita, mas o importante é lembrar que
essas modalidades não são estanques, nem excludentes.

A escolha da linguagem apropriada é o caminho certo para o sucesso.

A linguagem é simultaneamente um processo


individual e um processo social.

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2.3.1 Variedade e Nível do Vocabulário

Vimos que as palavras carregam um sentido que podem


ir além da sua denotação, ou do seu significado objetivo. Mas
também percebemos que, na fala, a entonação, assim como a
gesticulação, possuem a característica de oferecer significado
(ou significados) ao texto falado.
Podemos inferir, então, que tanto falantes quanto
escritores fazem, assim, uma seleção das palavras e expressões
que melhor irão transmitir a mensagem que carrega seus
pensamentos e sentimentos. Neste sentido, ambos podem
produzir um texto de caráter mais ou menos formal ou mais
ou menos coloquial, com base na seleção das palavras e
expressões. Segundo Garcia (2006, p. 198), todo indivíduo
culto possui quatro tipos de vocabulário: “[...] o da língua
falada ou coloquial, o da linguagem escrita, o da leitura e o de
simples contato”.

É importante ressaltar que não há uma relação perfeita


entre o que pensamos e a linguagem utilizada para a expressão
desse pensamento. Quantas vezes você precisou utilizar a
expressão: “não era isso o que eu queria dizer.”? Para que
esta aproximação seja a melhor possível, é preciso um bom
conhecimento da linguagem.
A linguagem é simultaneamente um processo individual
e um processo social, pois, por meio dela, o indivíduo consegue
expor o seu pensamento, comunicar suas necessidades
e ideias e, com isso, distinguir-se de outros seres vivos.
Halliday (1994 apud VIVAN, 2010), por exemplo, afirma
que a linguagem deve ser encarada como um fenômeno
social e não individual, pois se desenvolve para atender às
necessidades socioculturais da comunicação.

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O vocabulário da fala é inovador e flutuante, enquanto o
vocabulário da escrita é, em geral, conservador. Entretanto,
embora os vocabulários de cada modalidade possuam
características diferenciadas, algumas palavras, mais ou menos
formais ou coloquiais, podem ser utilizadas pelo falante e pelo
escritor, sempre que lhe for conveniente. Afinal, a intenção na
comunicação parte do emissor, que determina o que deseja
transmitir, seja no texto oral ou escrito, e como deseja fazê-lo.
Cabe ao emissor definir como deseja que seus pensamentos
sejam efetivados na comunicação.
Pensamento e Linguagem estão diretamente relacionados,
em um processo condicionado de dependência para que o ato de
comunicação seja efetivado, ou seja, a escolha do vocabulário
e, consequentemente, o nível de linguagem utilizado, estão
diretamente relacionados. Através do significado de cada
palavra é possível encontrar respostas no que se refere ao
pensamento e a fala. A Linguagem possui papel essencial na
construção do pensamento e do caráter do individuo. É no
significado da palavra que o pensamento e a fala se unem em
pensamento verbal.

Pensamento e Linguagem: bases para a comunicação.

O grau de coloquialismo ou formalismo envolve


decisões estilísticas e de domínio do léxico que
podem transferir-se de um modo de produção para o
outro com muita facilidade e propriedade.

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2.3.2 Construção de textos

A linguagem é mais do que um conjunto de palavras


e expressões combinadas. Elas expressam significados e
sentidos e, portanto, a forma como as palavras e expressões
combinam-se na formação da mensagem a ser transmitida é
também importante. Veja, por exemplo, que na fala usamos,
às vezes em excesso, a conjunção “e”, na ligação das orações.
Isto porque, quando falamos, produzimos sequencias simples
de orações. Este mesmo processo não ocorre no texto escrito,
quando buscamos uma sintaxe mais elaborada, com formações
mais próprias da norma culta da língua.

Observe a sequência oral a seguir: “Eu encontrei com


eles no restaurante e de lá a gente foi pra casa da Marcia, só
que o carro parou no meio do caminho.... tava sem gasolina
e a gente teve que pegar um taxi.” Ela poderia ser escrita da
seguinte forma: “Encontrei-os no restaurante, como havíamos
combinado, para de lá irmos juntos até a casa da Marcia.
Acabamos tendo que pegar um taxi no meio do caminho,
porque o carro ficou sem gasolina”.
O texto oral pode conter idas e vindas quanto às
informações transmitidas, prevalecendo de entonação de
voz e gestos que auxiliem na compreensão do conteúdo. O
texto escrito é construído com mais planejamento e atenção
à seleção das palavras e construções. Alguns estudiosos
afirmam que esta situação atribui diferenças específicas para
cada um dos dois processos. Na fala, há rapidez na produção,
mas o texto se esvazia com a mesma rapidez e facilidade,
em oposição à cautela e à possibilidade de edição da escrita,
oferecendo durabilidade ao texto produzido.

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Mas uma diferença importante entre a fala e a escrita
diz respeito ao relacionamento entre emissor e receptor.
Na fala, o receptor, na maioria das vezes, não apenas está
presente, mas pode também participar do processo de
produção da mensagem. A fala propicia o diálogo imediato. O
diálogo é uma forma de fazer circular sentidos e significados.
Na discussão e no debate, por exemplo, a fala torna-
se um instrumento que busca levar as pessoas a defender
e manter suas posições. Nem sempre o receptor participa
deste processo como igual, uma vez que o emissor pretende,
primeiramente, reforçar o conteúdo da mensagem emitida.

No diálogo, ao contrário, a fala pretende estabelecer e


fortalecer vínculos e ligações, formar redes de conversação,
identificar, explicitar e compreender os conteúdos que
podem estar dificultando a percepção dos significados que
o outro deseja emitir. O diálogo propicia reflexão conjunta
de experiências, geração de ideias, educação mútua, numa
produção compartilhada de significados e sentidos.
Assim, a linguagem falada permite um envolvimento do
emissor com o receptor (ou receptores) consigo mesmo e com
a realidade concreta do tema que compõe a mensagem. Já a
linguagem escrita carece de qualquer um desses aspectos. A
produção do texto escrito é um ato individual e, muitas vezes,
solitário. Esse contexto de produção textual pode promover
um distanciamento do emissor com o receptor, ou até um
distanciamento consigo mesmo e com realidade.

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Por ser uma forma de comunicação em que o emissor e o
receptor estão distantes e são, em muitos casos, desconhecidos
um do outro, a objetividade, a clareza e a concisão tornam-
se características particulares e imprescindíveis da linguagem
escrita. A correção gramatical, assim, é a particularidade de
maior importância da escrita.

O diálogo define, estimula e constrói relacionamentos.

Fala e Escrita possuem características distintas.


Muitos textos escritos não são apreciáveis na
fala, assim como a fala não existe para ser escrita. A
transposição de uma a outra necessita de adaptações
que facilitem a troca de informações entre emissor e
receptor.

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Referências:

CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. São Paulo:


Editora Ática, 2003.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo,
Cultrix, 1969. In:
GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna:
aprenda a escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro: FGV,
2006.
HALLIDAY, Michael A.K. An introduction to funcional grammar.
2ªed. London: Edward Arnold, 1994. In: VIVAN, Élide Garcia
Silva. Principais usos de processos verbais e metáforas
interpessoais em artigos de Linguística Aplicada. (Tese
de doutorado). PUC - São Paulo, 2010.
SANGALO, Ivete. A Lua que te dei. Compositor: Herbert
Vianna. Álbum Beleza Rara. Gravadora Universal, 2000.
SANTANA, Luan. Amar não é pecado. Álbum Ao Vivo no Rio.
Gravadora Som Livre, 2011.
Combate à dengue. Disponível em: <http://www.todamateria.
com.br/texto-informativo/>. Acesso em: 12 jan. 2016.

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