Você está na página 1de 7

Semana 2 Língua Portuguesa

2 1.2 Ruídos na comunicação

Você já sabe que a comunicação serve para integrar


os seres humanos e que, na atualidade, diferentes áreas de
estudo, especialmente utilizando novas tecnologias, trabalham
para potencializar o processo de produção, envio e recepção
das mensagens.
Não pensamos muito a respeito da comunicação, em
termos de seus elementos e composição, porque ela é tão
natural para nós quanto respirar. Para Juan E. Díaz Bordenave
(1986), só percebemos a importância essencial dela quando, por
acidente ou doença, perdemos a capacidade de nos comunicar.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 1

License-443486-2858-0-6
1.2.1 Os significados na linguagem

Paulo Freire, em sua obra A importância do ato de ler:


em três artigos que se completam (1997), afirma que nenhum
homem é ignorante, mesmo que não saiba ler ou escrever, pois
antes de conhecer as letras (os signos, símbolos) e as palavras
que elas criam, um pedreiro, por exemplo, sabe erguer uma
casa. Em seu método alfabetizador, Freire defendia que não
existem pessoas mais ou menos cultas, mas sim culturas
paralelas, distintas, que se complementam na vida e nas
relações sociais de cada indivíduo.
Esses conceitos, somados aos de Bakhtin, de que as
palavras possuem multissignificados, desenvolvidos e criados
no interior de cada ser humano, nos levam a refletir sobre a
necessidade da comunicação em seus diferentes contextos.

Nos primórdios da humanidade, o homem sentiu


necessidade de se comunicar a fim de perpetuar a espécie,
desenvolvendo a linguagem, elaborando sons que expressassem
os anseios dele. Ao transmitir sua experiência para a tribo,
acreditava estar repassando o conhecimento adquirido pelos
anciões da comunidade, mas também alertando sobre os
perigos que os cercavam.
O código linguístico determinado por aquele grupo
garantia a comunicação e a perpetuação do que lhe era
próprio. Entretanto, por diferentes motivos, as tribos se
encontraram, e para a sobrevivência de todos, os pequenos
grupos foram obrigados a conviver, dando origem a outros
códigos linguísticos, amalgamados com base em símbolos que
antes pertenciam apenas a uma minoria.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 2

License-443486-2858-0-6
Não foram apenas os códigos, os símbolos, as palavras
que se fundiram, formando novos elementos de comunicação,
mas também as ideias, as experiências de vida trazidas de
diferentes lutas de sobrevivência. Ainda hoje fazemos isso.
Trazemos, para determinado grupo, conceitos, experiências
e até palavras contextualizadas que nos são próprias e
aprendemos novos conceitos, novas experiências e novas
palavras, dependendo do caminho profissional que escolhemos.
Você pode fazer parte do grupo que fala “economês”, ou
do que fala “marquetês’ ou ainda do que fala TI. Mas, para
além dos jargões de cada profissão, há posturas e regras
que determinam seu discurso oral ou escrito em diferentes e
distintos grupos de sua convivência.

Toda enunciação é de natureza social.

A palavra é o privilegiado material da consciência,


e é por meio da consciência que o homem elabora sua
concepção de mundo, seu entendimento de si e dos
outros.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 3

License-443486-2858-0-6
1.2.2 Fala e escrita

Na comunicação, fala e escrita, apesar de terem


propriedades diferentes, se completam. Não são modalidades
destituídas de pontos de integração, e, embora apresentem
formas superficiais diferentes, possuem igual estrutura
semântica, pois utilizam o mesmo sistema léxico-semântico.
Desse modo, o texto pode apresentar-se de diferentes
maneiras, aproximando-se, em um momento, da fala (bilhetes
domésticos, bilhetes que entre si trocam os casais, cartas
familiares e textos de humor, entre outros) e, em outros, da
escrita (discursos de posse de cargo, conferências, entrevistas
formais e outros).

Já vimos a diferença básica entre as gramáticas


normativa e descritiva. Na maioria das gramáticas normativas,
os parâmetros adotados são o da escrita formal, e a fala é
associada ao nível informal da língua – essa posição fortalece a
polarização entre essas modalidades. Já para os sociolinguistas,
tanto a fala como a escrita possuem níveis formais e informais,
passando por graus intermediários entre eles. A produção do
texto, seja oral, seja escrito, possui uma relação estreita com
o contexto, com o tipo de processamento da informação e com
as condições de interação com os interlocutores.
Discorrer sobre a fala e a escrita, suas proximidades e
divergências, tem sido objeto de estudo de muitos profissionais
da linguagem, porque de fato o assunto é complexo e ainda
possui mais perguntas do que respostas. O importante a
considerar é que falar e escrever são, na verdade, diferentes
formas de expressar significados construídos na linguagem e
pela linguagem.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 4

License-443486-2858-0-6
A analogia sustentada entre elas, no entanto, pode ser
assim considerada: a escrita não incorpora todos os potenciais
de significação da fala, pois não considera questões de
prosódia (a correta pronúncia das palavras); a fala, por sua
vez, não apresenta os limites da sentença e do parágrafo que
necessitam ser obedecidos pela escrita. A escrita cria o mundo
das coisas/objetos, e a fala, o mundo dos acontecimentos.
Assim, cada modalidade serve a uma finalidade específica,
sem perder a característica fundamental a ambas que é a de
ser linguagem. A fala e a escrita são, dessa maneira, formas
possíveis de se olhar para o mesmo objeto de conhecimento
que é a experiência humana.

Falar e escrever: diferentes formas de expressar significados.

O ser humano aprende ouvindo e falando, lendo e


escrevendo. Aprender se traduz no processo de construir
significados.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 5

License-443486-2858-0-6
1.2.3 Interferências no processo de comunicação

Chamamos de ruídos na comunicação qualquer elemento


que interfira no processo de transmissão de uma mensagem
entre um emissor e um receptor, qualquer distúrbio ou
perturbação que leve à perda de informação.
Identificam-se quatro tipos comuns de ruídos de
comunicação: físico, fisiológico, psicológico e semântico.

Ruído físico - Esse tipo de interferência tem origem


externa, como sons fora do ambiente onde ocorre a
comunicação que invadem o espaço e prejudicam a
transmissão da mensagem. Se você está tentando ter
uma conversa em uma sala e, na sala ao lado, o som
de uma música está muito alto, este pode ser um ruído
físico que perturba o processo de comunicação.
Ruído fisiológico - Aspectos fisiológicos, como uma dor
de cabeça, uma doença ou algo semelhante, também
podem bloquear ou perturbar a comunicação. Sua atenção
desvia-se para outra coisa – no caso o local do corpo onde
dói, por exemplo. Sem perceber, você perde elementos
importantes da mensagem e pode interpretar de modo
incorreto o que o emissor está tentando transmitir.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 6

License-443486-2858-0-6
Ruído psicológico - Considera-se um ruído psicológico
aquele presente na mente do comunicador. Pode, por
exemplo, ser um momento de divagação no qual a
mente, mesmo que por segundos, “viaja” para outro
contexto. Isso pode ocorrer também com o receptor, e
esse “exercício” torna difícil concentrar-se no conteúdo
da mensagem.
Ruído semântico - Esse tipo de ruído de comunicação
ocorre quando a mensagem possui muitos termos
técnicos, terminologias que o receptor desconhece,
prejudicando o entendimento do conteúdo transmitido
pelo conhecimento limitado do assunto.

Ruídos na comunicação prejudicam a compreensão da mensagem.

Fonte: Elaborada pela autora, 2016.

Qualquer elemento que interfira, perturbe ou provoque


um distúrbio na compreensão da mensagem é definido
como ruído na comunicação.

© DeVry Brasil/Fanor. Todos os direitos reservados. Página 7

License-443486-2858-0-6

Você também pode gostar