Esta unidade inicia-se com uma referência ao Dicionário - o
“pai dos inteligentes”. Portanto, deixa claro que, mais do que uma atividade auxiliar da leitura, a consulta ao dicioná- rio é imprescindível quando se produz um texto.
Para conseguirmos a comunicação desejada, devemos ter um bom domí-
nio do vocabulário. Ao conjunto de palavras que normalmente utilizamos, cujos sentidos e empregos dominamos, dá-se o nome de vocabulário ati- vo. Por outro lado, ao conjunto de outras palavras que não costumamos usar, mas cujos sentidos conhecemos (mesmo que não os saibamos com precisão), ou dos quais temos uma noção, dá-se o nome de vocabulário passivo.
Reforça que a consulta ao dicionário não é o único caminho para a amplia-
ção do nosso vocabulário, é necessário ler jornais, revistas, livros, assistir a filmes, palestras, debates, prestar atenção às letras de músicas de bons autores. A produção de textos é um meio eficaz para o enriquecimento do vocabulário (passar do vocabulário passivo para o ativo).
Abordamos, também, nesta unidade:
• léxico - conjunto das palavras de uma língua.
• famílias etimológicas - conjunto das palavras que têm um mesmo ra-
dical (parte invariável de uma palavra, em torno da qual gira o seu sentido principal).
• famílias ideológicas (alguns estudiosos chamam as “famílias ideológi-
cas” de campo semântico) - palavras que se agrupam por sua afinidade de sentido. O campo semântico, na verdade, é determinado pelo contexto em que as palavras aparecem.
Esse contexto pode ser extratextual, isto é, a situação em que a palavra
foi usada. Na atribuição de sentidos às palavras, há ainda um outro, e fundamental, contexto: o próprio texto em que elas estão inseridas (que poderíamos chamar de contexto intratextual). Assim, o significado de uma mesma palavra está na dependência das outras com que se relaciona em UNIMES VIRTUAL 78 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO determinada frase. Ao fato de as palavras poderem assumir vários signifi- cados dá-se o nome de polissemia.
Há situações particulares de uso (o contexto) em que as palavras adqui-
rem um outro significado a partir de uma extensão de seu sentido literal – é o sentido figurado.
Quando uma palavra é usada em seu sentido literal, dizemos que ela tem valor denotativo; quando usada em sentido figurado, dizemos que ela tem valor conotativo.
Não podemos esquecer dos vários níveis de linguagem e, portanto, de
vocabulário:
• coloquial é aquele que utilizamos no dia-a-dia, com nossos familiares e
amigos, em conversas, bilhetes, e mesmo em cartas pessoais, isto é, em situações que não exigem formalidade.
• culto é o “oficial”, prescrito pela Nomenclatura Gramatical Brasileira,
que utilizamos em situações mais formais, em textos acadêmicos, oficiais, profissionais.
• técnico agrupa os termos específicos de uma área do conhecimento,
como a Medicina, a Lingüística, o Direito, a Pedagogia, e está, em geral, intimamente integrado ao de nível culto. Esses termos específicos com- põem subgrupos dentro do léxico da língua – são os campos lexicais.
Podemos concluir que, de um modo espontâneo e natural, conseguimos
variar nosso nível de linguagem de acordo com os interlocutores e com as diferentes situações em que vivemos no nosso dia-a-dia. Dizemos, en- tão, que adequação é o ajustamento de uma coisa a outra. Vários fatores, sozinhos ou combinados, nos levam a adequar nossa lin- guagem quando nos dirigimos a alguém, oralmente ou por escrito. Dentre eles, destacam-se: o receptor, o assunto e o ambiente. Outro aspecto importante na adequação da linguagem é a uniformidade no nível de linguagem – é uma falha grave iniciar um texto empregando um nível rigorosamente formal e depois passar para um nível pouco formal (ou mesmo informal), ou vice-versa. Na aula 13, foi apresentada a obra de Marcos Bagno - Preconceito lin- güístico: o que é, como se faz, cuja conclusão sugere aos professores que vejam antes de tudo, no texto do aluno, aquilo que ele está querendo comunicar, a coerência, a originalidade das idéias, os princípios éticos, o espírito crítico... UNIMES VIRTUAL LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO 79 Nas aulas seguintes, vimos que clareza, concisão e objetividade são carac- terísticas da linguagem de textos acadêmicos, administrativos, técnicos e científicos e que um dos principais responsáveis pela falta de clareza em um texto (ou um trecho) é a ambigüidade (quando o leitor vacila diante de mais de uma possibilidade de entendimento do que foi dito). Nesse caso, a ambigüidade é um defeito que deve ser evitado.
A ambigüidade pode ser, ainda, um recurso estilístico utilizado pelo autor
para alcançar seu objetivo.
O objetivo do texto, seu receptor, as circunstâncias em que é escrito cons-
tituem fatores determinantes da linguagem a ser utilizada.
Pudemos depreender que, nos textos, sejam eles orais ou escritos, em
linguagem verbal ou não verbal, há informações que são transmitidas ex- plicitamente e outras que o são implicitamente – estão pressupostas ou subentendidas. Por isso, uma leitura eficiente é aquela que consegue cap- tar tanto as informações explícitas quanto as implícitas.
Referências Bibliográficas
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. S. P.:
Edições Loyola, 1999.
CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário Etimológico. Nova Fronteira da
Língua Portuguesa. 2ª ed., 8ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
D’ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. 2ª ed. S.P.:
Atlas, 2000.
FIORIN, José Luiz, PLATÃO SAVIOLI, Francisco. Para Entender o texto:
Leitura e Redação. São Paulo: Ática, 1997.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de Redação: o que é preciso
saber para bem escrever. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. SP: Companhia das Letras,
1997.
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua: análises lingüísticas de pia-
das. Campinas: Mercado de Letras, 1998, p.83. UNIMES VIRTUAL 80 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO