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Erodia Ussene

Lúcia Inácio Omar


Omar Abasse Mastala
Rocha Carlos Sandifolo
Vanila Teodósio

Elementos Formais de Um Texto

(Licenciatura em Ensino de Português)

Universidade Rovuma
Lichinga
2022
Erodia Ussene
Lúcia Inácio Omar
Omar Abasse Mastala
Rocha Carlos Sandifolo
Vanila Teodósio

Elementos Formais de Um Texto

Trabalho de Língua Portuguesa V a ser apresentado ao


Departamento de Ciências de Linguagem Comunicação e
Artes, para fins avaliativos. Sob orientação da MSC:
Lucinda Miguel Manhiça

Universidade Rovuma
Lichinga
2022

Índice
1. Introdução...........................................................................................................................3

2. Objectivos...........................................................................................................................3

2.1. Gerais...........................................................................................................................3

2.2. Específicos...................................................................................................................3

3. Elementos Formais de Um Texto.......................................................................................4

3.1. Elemento Essências para a Elaboração ou Produção de um Texto..............................4

3.2. A Coerência Textual.....................................................................................................4

3.4. Tipos de Coesão...............................................................................................................6

3.4.1. Coesão Frásica..........................................................................................................6

3.4.2. Coesão Interfrásica...................................................................................................7

3.4.3. Coesão Temporal......................................................................................................7

3.4.4. Paralelismo Estrutural...............................................................................................8

3.4.5. Coesão Referencial...................................................................................................8

3.4.6. Coesão lexical...........................................................................................................8

4. A Intencionalidade...........................................................................................................9

4.1. A Aceitabilidade...........................................................................................................9

4.2. A Informatividade......................................................................................................10

4.3. A Relevância..............................................................................................................10

5. O Conceito de Texto.........................................................................................................11

6. Textualidade......................................................................................................................12

7. Processos de Valorização da Linguagem..........................................................................12


7.1. Linguagem Literária...................................................................................................12

7.3. Exemplo das Tipologias Textuais Não Literários......................................................14

7.4. A denotação................................................................................................................14

8. Classificação dos textos....................................................................................................14

9. Conclusão..........................................................................................................................17

10. Referencia Bibliográfica................................................................................................18


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1. Introdução
O presente trabalho aborda assuntos inerentes a Elementos Formais de Um Texto. Neste
sentido, a compreensão e a produção de textos orais e escritos, nos mais variados géneros em
uso nas escolas, envolvem muitos elementos preponderantes na composição ou produção de
uns textos. O texto, fundamentado a partir da textualidade, que é o conjunto de características
que possibilita conhecê-lo, e cujos sentidos estão na interacção que se estabelece entre o
leitor, o texto e o seu autor, deve ser a base norteadora para trabalhar os elementos
linguísticos, a leitura, a compreensão e a produção textual, tanto na modalidade oral, quanto
na escrita. Desta feita, o trabalho esta organizado da seguinte forma: elementos pré-textuais,
elementos textuais, e elementos pois-textuais.

2. Objectivos

2.1. Gerais
 Conhecer os elementos preponderantes na elaboração de um texto.

2.2. Específicos
 Identificar os elementos que possibilitam a produção de um texto;
 Mencionar os factores ou elementos predominantes para a elaboração de um texto;
 Analisar os vários textos e as suas diferenciações.
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3. Elementos Formais de Um Texto

Para muitas pessoas, produzir um texto não é tarefa fácil. E lê-lo não se restringe
apenas à decodificação dos seus sinais gráficos, pois envolve algo mais dinâmico, profundo e
complexo, que é a sua compreensão.

Os processos que envolvem o acto de compreender o texto e obter os seus sentidos


dependem dos tipos de conhecimentos que foram adquiridos pelo leitor ao longo de sua vida.
Assim, podemos citar:

 O conhecimento linguístico: que envolve tudo o que se sabe sobre a língua, como as
regras morfológicas e sintácticas, o uso do léxico;
 O conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo: que é constituído por
todos os saberes adquiridos, formal ou informalmente, durante a vida do leitor e
armazenados em sua memória;
 E o conhecimento interacional: que consiste na mobilização dos saberes
relacionados às formas de interacção para podermos interagir por meio da linguagem,
o que nos possibilita realizar certas formas de comunicação. É preciso que o texto
esteja inserido na cultura dos leitores/ouvintes e seja escrito na língua que eles
dominam para que produza os sentidos, os efeitos desejados pelo escritor/falante. “O
domínio da língua é também uma condição da produção de um texto."
(MARCUSCHI, 2008).

3.1. Elemento Essências para a Elaboração ou Produção de um Texto

Os elementos formais de produção de um texto são os seguintes: coerência, coesão,


intencionalidade, aceitabilidade, informatividade e relevância. Abaixo faremos a descrição de
cada elemento.

3.2. A Coerência Textual

É o factor relacionado aos sentidos do texto. É importante para o seu entendimento, para a sua
compreensão.

De acordo com CAVALCANTE, (2011) assevera, quando um texto é produzido, o seu autor
tem em mente o(s) possível(is) destinatário(s) e, é claro, deseja ser compreendido por ele(s).
“Todo texto tem, portanto, a sua coerência”.
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Para se alcançar a compreensão textual, devem-se levar em consideração alguns aspectos


como o pragmático, o semântico-conceitual e o formal.

A coerência não é um ente concreto, que pode ser visualizado, sublinhado ou apontado no
texto. É algo subjectivo que o leitor capta com base em um conjunto de elementos a partir do
contexto e levando-se em consideração o contexto, a situação comunicativa, os seus
conhecimentos sociocognitivos e internacionais, além do material linguístico. Vale lembrar
que se entende por contexto a superfície de um texto.

Existem alguns textos que apresentam algumas inadequações em relação à coerência.


Para detectá-las, o professor de Língua Portuguesa, em uma de suas muitas atribuições que é a
correcção textual, deve estar atento às chamadas meta regras, que são ferramentas que
auxiliam na análise e avaliação das falhas na coerência de um texto.

Assim, são meta regras:

 A continuidade: É a retomada das ideias que acontecem no decorrer de um texto. Em


outras palavras, é o conjunto de elementos constantes, repetidos de forma que não
interfiram na elegância textual (estado agradável de ler o texto, tanto no que se refere
ao seu conteúdo, quanto à sua forma) e nem canse o leitor, que proporcionam a
determinação do texto como um todo único.
 A progressão: Essa meta regra consiste no acréscimo de informações novas aos
elementos que foram retomados no texto, fazendo com que o seu sentido progrida,
evolua.
 Não contradição: Relaciona-se ao sentido do texto, de forma que aquilo que está
sendo mencionado nele não pode se contradizer.
 A articulação: É o modo como aquilo que está sendo dito no texto se relaciona entre
si, havendo, às vezes, a necessidade da utilização de conectivos adequados.
3.3. A Coesão Textual

Denomina-se coesão textual o sistema formado por elementos linguísticos dispostos na


superfície do texto, com o objectivo de estabelecer uma ligação entre as palavras, frases e
períodos, contribuindo, assim, para a organização dos seus parágrafos e para a compreensão
do leitor (na modalidade escrita) ou ouvinte (na modalidade oral).
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Segundo Xavier (2011), de acordo com as concepções da Linguística Textual, a coesão não é
um factor necessário para que se considere uma produção oral ou escrita como texto, pois a
sua ausência não chega a comprometer o seu sentido.

Koch (1994) divide a coesão em duas grandes modalidades que são a coesão
referencial e a coesão sequencial. Assim se expressa a autora:

Chamo, pois, de coesão referencial aquela em que um componente da


superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo
textual. Ao primeiro, denomino forma referencial ou remissiva e ao
segundo, elemento de referência ou referente textual. A coesão
sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos
quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de
enunciados, parágrafos e mesmo sequências textuais), diversos tipos de
relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto
progredir. (KOCH, 1994, p. 49).

Para Koch (1994), a coesão referencial é aquela em que um determinado elemento do texto
refere-se a outro do mesmo texto. O primeiro elemento, ela chama de forma referencial e o
segundo, de referente textual. Já a coesão sequencial é aquela que se refere às questões
linguísticas que estão dispostas em uma determinada sequência no interior do texto, entre as
quais são estabelecidas as relações semânticas e também as pragmáticas.

Em outras palavras, a coesão referencial é aquela que se realiza por meio de aspectos
semânticos, enquanto a sequencial se realiza por meio de elementos conectivos.

3.4. Tipos de Coesão

3.4.1. Coesão Frásica

A coesão frásica assegura a ligação significativa entre os elementos que ocorrem ao nível da
frase:

 Fenómenos de concordância entre elementos de um grupo nominal ( em numero e


género);
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 Fenómenos de concordância entre sujeito e verbo (em pessoa e número), entre sujeito
e predicativo do sujeito e entre complemento directo e complemento directo e
predicativo do complemento directo (em género e numero).

3.4.2. Coesão Interfrásica

Tem a ver com interligação semântica das frases que ocorrem no texto. Esta forma de coesão
é assegurada por diferentes tipos de conectores, cujos valores (causa, consequência, contraste,
adição…) especificam o tipo de ligação entre as frases, dando pistas essenciais para a
interpretação do texto.

Principais Conectores e Respectivos Valores Semântico

 Adição ou Listagem: adicionalmente, ainda, além disso, igualmente, também, do


mesmo modo, pela mesma razão, seguidamente, depois finalmente, em primeiro lugar,
em segundo lugar, em seguida, por um lado por outro lado, continuando, para começar
e para terminar;
 Síntese: assim, deste modo, neste sentido, em conclusão, em resumo, em síntese, em
suma, concluindo, resumindo e para terminar;
 Explicitação ou Particularização: especificamente, nomeadamente, isto é, quer
dizer, ou seja, por exemplo, em particular e por outras palavras;
 Sequencia Temporal: durante, entretanto, antes, depois, em seguida e então;
 Inferência: assim, dai, então, consequentemente, em consequência, logo, pois, por
conseguinte, portanto, por esta razão, por isso e deste modo;
 Contraste: contrariamente, em vez de, pelo contrario, por oposição, ainda assim,
mesmo assim, apesar de, contudo e no entanto;
 Disjunção: alternativamente, em alternativa e opcionalmente;
 Confirmação: efectivamente, com efeito, de facto e na realidade.

3.4.3. Coesão Temporal

Um texto é coeso se a informação sobre a localização temporal coincidir com o conhecimento


que temos acerca da ordenação temporal típica das situações no mundo.

Factores da Coesão Temporal

 A utilização correlativa de certos tempos verbais:


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EX1: Quando entrámos em casa, ouvimos barrulhos estranhos.

EX2: Quando entrámos em casa, ouviremos barrulhos estranhos.

 A utilização de expressões de valor temporal e de expressões que indicam a ordenação


dos elementos de um conjunto: O próximo capítulo será ainda mais surpreendente do
que os anteriores.

3.4.4. Paralelismo Estrutural

Este mecanismo de coesão textual tem a ver com a presença, no texto, de traços gramaticais
comuns, da mesma ordem de palavras ou da mesma estrutura frásica em partes do texto
próximas.

EX: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Nesta frase complexa, a construção sintáctica é paralela, apresentando as três orações a


mesma ordem (sujeito verbo).

3.4.5. Coesão Referencial

Em qualquer texto ocorrem expressões que são referencialmente dependentes, ou seja, cuja
interpretação depende de outras expressões anteriores ou posteriores a elas. Ao conjunto
destas expressões designamos cadeia referencial.

3.4.6. Coesão lexical

A coesão lexical caracteriza-se pela presença de traços semânticos (total ou parcialmente)


idênticos ou opostos entre expressões linguísticas presentes num texto. A reiteração e a
substituição são processos de coesão lexical.

 Reiteração: traduz-se na repetição da mesma expressão linguística;


 Substituição: pode ser realizada através de sinonímia, antonímia, hiperonímia,
hiponímia, holonimia ou meronimia.
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4. A Intencionalidade

A intencionalidade é a intenção do autor do texto oral ou escrito de produzir uma


manifestação linguística com coesão e coerência, com a finalidade de alcançar algum
objectivo.

O leitor/ouvinte deve compreender o objectivo do ato de fala do emissor, do enunciado


ou do texto produzido. E isso acontece com base na intencionalidade, que é o elemento formal
de um texto relacionado à pretensão do produtor do texto, o que ele realmente deseja que o
leitor/ouvinte faça, realize.

Ao produzir um texto oral ou escrito, o autor tem uma finalidade, possui certas
intenções que devem ser identificadas, compreendidas. E isso é importante para o processo da
textualização. Além dele, o leitor/ouvinte também tem suas intenções. Principalmente no que
diz respeito à produção escrita, existe certa intenção no ato de ler.

Segundo Marcuschi (2008,): “É difícil identificar a intencionalidade porque não se


sabe ao certo o que observar. Também não se sabe se ela se deve ao autor ou ao leitor, pois
ambos têm intenções.”

A intencionalidade concerne ao empenho do produtor em


construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os
objectivos que tem em mente numa determinada situação
comunicativa. A meta pode ser informar, ou impressionar, ou
alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender, entre outros., e é
ela que vai orientar a confecção do texto. (Costa Val, 2006
p.10;11).

4.1. A Aceitabilidade
A aceitabilidade é o elemento formal de um texto relacionado à recepção do texto pelo
leitor/ouvinte, considerando-o como uma configuração aceitável, coerente e coesa, isto é,
carregada de significado e, portanto, compreensível.
Para a Linguística Textual, a aceitabilidade não se limita apenas ao plano das formas, pois se
estende, de maneira mais ampla, ao plano do sentido. Isso significa dizer que um texto,
mesmo apresentando falhas gramaticais, pode ser aceitável desde que tenha sentido.
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A aceitabilidade refere-se, portanto, ao fato de o leitor/ouvinte aceitar as intenções


pretendidas pelo produtor do texto oral ou escrito.

4.2. A Informatividade
Esse elemento, refere-se às informações transmitidas pelo texto.

Quando um texto apresenta coerência, logicamente possui conteúdos. Portanto, o


leitor/ouvinte deve ser capaz de perceber a mensagem transmitida pelo texto, captar as suas
informações.

Segundo Marcuschi (2008, s/p):

O certo é que ninguém produz textos para não dizer


absolutamente nada. Contudo, não se pode confundir informação com
conteúdo e sentido. A informação é um tipo de conteúdo apresentado ao
leitor/ouvinte, mas não é algo óbvio. Perguntar pelos conteúdos de um
texto não é o mesmo que perguntar pelas informações por ele trazidas.

Todo texto comunica algo. É importante ressaltar que o leitor/ouvinte não deve confundir
informação com conteúdo e sentido, pois apresentam conceitos distintos. Se alguém perguntar
a um leitor pelo conteúdo do texto que ele acabou de ler, por exemplo, não significa a mesma
coisa que perguntar pelas informações nelas contidas. Para tornar essa afirmação mais clara, o
texto pode estar falando sobre violência numa determinada cidade (conteúdo) e trazer uma
série de informações bastante abrangentes sobre o assunto, inclusive dados estatísticos que
comprovem o que o autor afirmou, e até omitir certas informações consideradas não
relevantes. Outro texto pode falar sobre o mesmo conteúdo, porém trazer informações
diferentes. Isso demonstra que conteúdo e informação não são a mesma coisa. Já os sentidos
do texto vão sendo construídos pelo leitor no ato da leitura e, logicamente, pelo ouvinte no
caso específico do texto oral.

4.3. A Relevância

A relevância é o elemento de um texto que exerce certa exigência para que todos os
enunciados que formam o texto sejam passíveis de interpretação e compreendidos como
falando a respeito de um mesmo assunto.
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5. O Conceito de Texto

Segundo Cavalcante (2011), entende-se por texto toda e qualquer unidade de


linguagem dotada de sentidos, que realiza uma função comunicativa destinada a certo grupo
de pessoas, levando-se em consideração as especificações de uso, a época e os aspectos
culturais dos envolvidos no processo de enunciação.

Jota att all (1981, sp) assevera que, texto é qualquer tipo de enunciado analisável, seja
um simples monossílabo, seja todo o material linguístico de uma comunidade. Para quem o
texto significava qualquer enunciado, mesmo que formado por apenas um monossílabo,
contanto que dotado de significação, como por exemplo, ai!, oi!, passível de análise, até
exemplos mais complexos que compõem todo o acervo linguístico de uma comunidade de
fala.

Cavalcante (2011) menciona o fato de que a Linguística Textual já defendeu várias


concepções de texto, das quais cita as três básicas que são:

 O Artefato lógico do pensamento, pois se concebia o texto como um simples


artefato lógico do pensamento do seu autor;
 A Decodificação das ideias, em que o texto é considerado um produto em que
há um emissor que codifica a ideia e um receptor que a decodifica, sendo
necessário apenas o domínio do código linguístico para a compreensão da
mensagem;
 E o Processo de interação, que é a concepção aceita atualmente, pois entende o
texto como um evento da interação social, uma vez que considera o contexto
sociocomunicativo, histórico e cultural dos sujeitos no processo de construção
dos sentidos.

Na realidade, é na interacção entre o locutor e o locutário (interlocutores), dentro de um


determinado contexto, e logicamente levando-se em consideração os elementos linguísticos,
que estão os sentidos de um texto. O contexto nada mais é do que tudo o que leva à
construção desses sentidos. E, durante o ato de interacção, o sujeito é um agente importante e
todos os conhecimentos por ele adquiridos ao longo da vida são essenciais para a
compreensão textual.
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Conforme Koch (2010), os sentidos do texto não estão em si próprio e, por isso, devem ser
construídos utilizando-se os elementos textuais fornecidos pelo autor, juntamente com os
conhecimentos do leitor, durante a atividade da leitura.

6. Textualidade

Sabemos que intrínsecos a uma construção textual estão elementos discursivos e textuais
que são fundamentais à construção dos sentidos do texto. Entende-se por textualidade um
conjunto de características que nos possibilita conhecer um texto.

Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um texto seja considerado
como tal,e não como um amontoado de palavras e frases.

7. Processos de Valorização da Linguagem

De acordo com uma teoria pitagórica, existem duas modalidades de expressão: uma é mais
corrente, apresenta-se “nua” desprovida de figuras e de qualquer recurso técnico – estilísticos;
outra caracteriza-se pelo ornato, pelo vocabulário escolhido e pelo uso de figuras estilísticas.

Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a linguagem utilizada. A


linguagem de um texto está condicionada à sua funcionalidade: se a intenção é informar, a
escolha vocabular deve estar de acordo com essa finalidade; se a intenção é artística, outros
recursos linguísticos mais apropriados devem ser utilizados.

Quando pensamos nos diversos tipos e géneros textuais, devemos pensar também na
linguagem adequada a ser adoptada em cada um deles. Por isso existem a linguagem literária
e a linguagem não literária.

7.1. Linguagem Literária

A linguagem literária apresenta algumas singularidades, entre elas a complexidade e a


multissignificação, responsáveis por diferenciá-la da chamada linguagem não literária.

Distinguir linguagem literária da não literária não é tão difícil. Apesar de haver
aspectos convergentes nos dois tipos de discurso.

Domício Filho (2001) Definiu algumas particularidades que somente são observadas
em um texto literário. São elas:
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 Complexidade: é uma das características do discurso literário. Talvez seja por esse
motivo que muitos leitores ainda encontrem certa resistência aos textos literários, já
que a Literatura não tem compromisso em dar às palavras seus exactos sentidos, o que
certamente pode ser um entrave linguístico. Nos textos literários, a semântica é
subvertida, bem como as regras da gramática normativa.
 Multissignificação: diz respeito às variadas interpretações que um texto literário
permite. A subjectividade e o emprego de recursos estilísticos são responsáveis por
essa variação de sentidos. Cada leitor, de acordo com seu senso estético e repertório
cultural, pode fazer uma leitura diferente para um poema, um conto, uma crónica e
demais textos literários."

Linguagem literária subverte a semântica e a gramática normativa: é preciso sensibilidade e


apuro estético para compreendê-la

 Conotação: O emprego da conotação é uma das principais características do discurso


literário, pois ela permite que ideias e associações extrapolem o sentido original da
palavra, assumindo assim um sentido figurado e simbólico. Por isso o emprego de
tantas figuras de linguagem e figuras de sintaxe, elementos inerentes à linguagem
literária.
 Liberdade na criação: O artista não possui compromisso apenas com o objecto
linguístico. A literatura tem um forte apelo estético, e por esse motivo quem escreve
utilizando o discurso literário pode afastar-se dos padrões convencionais da língua,
inventando assim novas maneiras de expressão.
 Variabilidade: Na linguagem literária, assim como na língua, ocorrem mudanças
culturais que podem ser observadas no discurso individual e no discurso cultural.

A linguagem literária pode ser encontrada em vários géneros, como na prosa, nas
narrativas de ficção, na crónica, no conto, na novela, no romance e nos poemas. Compreendê-
la de cuidado e aguçado senso estético para interpretar e analisar esse tipo de discurso que
foge das convenções e oferece o que a arte da literatura tem de melhor.

7.2. Textos Não Literários

Diferentemente do que acontece com os textos literários, nos quais há uma


preocupação com o objecto linguístico e também com o estilo, os textos não literários
apresentam características bem delimitadas para que possam cumprir sua principal missão,
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que é, na maioria das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns


elementos devem ser elevados, como a objectividade, a transparência e o compromisso com
uma linguagem não literária, afastando assim possíveis equívocos na interpretação de um
texto.

7.3. Exemplo das Tipologias Textuais Não Literários

"Notícias, os artigos jornalísticos, os textos didácticos, os verbetes de dicionários e


enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, as receitas culinárias e os
manuais são exemplos de géneros textuais que empregam a linguagem não literária. No
discurso não literário deve predominar uma linguagem objectiva, clara e concisa a fim de que
a informação seja repassada de maneira eficiente, livre de possíveis dificuldades que
prejudiquem o entendimento do texto".

7.4. A denotação
É, pois a representação intelectual do objecto, isto é, o seu sentido próprio, ou primeiro
sentido;

Há palavras em que o sentido próprio predomina de tal forma que quase não se vêem
possibilidades de conotação, como, por exemplo, casaco, erva, garrafa; outras, porém,
impõem-se pelos sentidos conotativos, aponto de dificilmente se poderem concretizar as suas
denotações: janota, tarado, idiota… podem ainda citar signos em que a conotação e denotação
se equilibram, palavras que denotam objectos (mundos reais), mas que se abrem à
imaginação, sobretudo dos poetas: lua, estrela, olhos, céu, coração, entre outros.

8. Classificação dos textos


Os géneros textuais possuem características específicas que diferenciam um texto do
outro. Porém, os textos não são, necessariamente, exclusivos de um género específico. Por
isso, ao analisar um texto se faz necessário observar as características predominantes, para
assim identificar qual o género. Cabe ressaltar que o género textual não exclui o tipo textual,
pelo contrário, as características dos tipos textuais são apresentadas de forma mais ampla, pois
elas passam a ser analisadas com base no contexto nas quais são usadas.
 Texto argumentativo: esse tipo textual é usado com o objectivo de abordar um tema
utilizando argumentações, ou seja, é um texto caracterizado por defesas de ponto de
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vista. Sua estrutura é formada por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os


artigos de opinião, os abaixo-assinados e manifestos são exemplos de géneros textuais
que pertencem aos textos argumentativos.
Elementos Obrigatórios Desse Texto
 A tese: apresentação clara do ponto de vista que se pretende defender ou refutar;
 Os argumentos: conjunto de provas ou justificações que suportam a tese, como por
exemplo: estatísticas, comparações, dados históricos, descrições;
 A conclusão: demostração precisa e objectiva da tese defendida ou refutada.
Principais Marcas linguísticas
 Predomínio de frases declarativas e interrogativas;
 Utilização do presente do indicativo;
 Presença de verbos declarativos, tais como, considerar, pensar, afirmar, declara...;
 Presença de conectores, geralmente com valor de adição, confirmação,
explicitação/particularização, contraste e inferência;
 Texto Narrativo: relata uma sucessão de acontecimentos reais ou ficcionadas, de
acordo com uma estrutura interna própria. Assim, numa narrativa há sempre:
 Uma situação inicial (em que geralmente se descrevem os intervenientes na acção, o
espaço e o tempo onde esta se desenrolar);
 Um acontecimento ou elemento desencadeador (que vem complicar a situação inicial);
 A resolução desse problema ou conflito que conduz a situação final (em é resposta o
equilíbrio inicial).
Para além de ter uma estrutura discursiva própria, o texto narrativo distingue-se de outras
tipologias pela presença de categorias da narrativa: o tempo, o espaço as personagens (em se
pode incluir, ou não, o narrador), a acção.
Principais Marcas Linguísticas
 Predominância de tempos verbais no presente e no pretérito perfeito do indicativo;
 Predominância de verbos que designam acções;
 Recursos a conectores temporais;
 Utilização de advérbios/locuções adverbiais e preposições/locuções prepositivas com
valor temporal ou locativo.

 Texto expositivo-explicativo: é um texto não ficcional, cujos objectivos são expor,


explicar e transmitir informação sobre determinada situação.
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Principais Marcas Linguísticas


 Utilização de frases declarativas;
 Predomínio do presente do indicativo com valor universal e intemporal;
 Omissão de marcas enunciativas de primeira pessoa, assim como de expressões
indicadoras de juízos pessoais (na minha opinião, julgo, creio…);
 Recursos a estruturas impessoais e passivas;
 Uso do vocabulário específico;
 Uso de conectores, geralmente com valor de confirmação,
explicitação/particularização e inferência.

 Texto Dissertativo: Neste tipo de texto há posicionamentos pessoais e exposição de


ideias. Tem por base a argumentação, apresentada de forma lógica e coerente a fim de
defender um ponto de vista.
Está estruturada basicamente assim:
 Ideia principal (introdução);
 Desenvolvimento (argumentos e aspectos que o tema envolve);
 Conclusão (síntese da posição assumida).
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9. Conclusão
Chegado ao fim do nosso trabalho, concluímos que a textualidade é o resultado das
características que fazem com que possamos diferenciar um amontoado de frases de um texto
e, existem factores ou elementos que o caracteriza: a coerência e a coesão (de natureza
linguística e conceitual); e a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a
informatividade (de natureza social e pragmática).
Portanto, para o estudo relacionado aos elementos formais de um texto, existe uma
extrema diferença entre a coesão e a coerência, e ela reside no âmbito de que:
A coesão é o mecanismo relacionado com os elementos que asseguram a ligação entre
palavras e frase, de modo a interligar as diferentes partes de um texto.
Quanto que, a coerência é responsável por estabelecer a ligação lógica entre ideias, para que,
juntas, garantam que os tenha sentido.
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10. Referencia Bibliográfica

ANTUNES, Irandé. Análise de textos. Fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial,
2010.

CAVALCANTE, Mônica M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2011.

KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 7 ed. São Paulo: Contexto, 1994.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São


Paulo: Parábola editorial, 2008.

SILVA, V. M. de Aguiar e. Teoria de Literatura. Coimbra, Almedina, 8ª Edição, 1990; 2.


WELLEK, René e WARREN, Austin. Teoria da Literatura. Publicações Europa- América, 4a
edição (S.d).

XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Como se faz um texto: a construção da dissertação
argumentativa. 5 ed. Catanduva: Rêspel, 2011.

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