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Grupo nº 02
LUANDA-2024
A PROBLEMATICA DA MORFOSINTAXE EM ANGOLA
Integrantes
2º ano
Sala:
Período: Manhã
Docente:
DEDICATÓRIA
Agradecemos ao Eterno em primeira instância pela bênção da vida, aos nossos pais pelo
apoio financeiro e moral assim como ao querido professor pela oportunidade concedida
afim de partilhar a nossa pesquisa.
RESUMO
Procura dar conta do facto de, em Angola, o ideal linguístico ser a norma padrão
europeia, embora esta não seja atingida pela maior parte de falantes no referido
contexto, uma vez que, neste, vai emergindo uma variedade que,
tendencialmente, se diferencia da norma ideal. Confirma-se, por isso, um estado
de crise normativa em relação ao português.
Como suporte das considerações teóricas feitas acima, recorrendo aos métodos
de transcrição oral, são expostos e explicados, do ponto de vista morfossintáctico,
exemplos autênticos de expressões e frases que se revelam desviantes em
relação à norma europeia e que constituem o corpus deste trabalho.
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ 4
RESUMO .............................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 27
BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 28
INTRODUÇÃO
1.3 Objectivos
H1 –
H2 –
2.1.1. Morfologia
Numa linguagem bem simples pode-se dizer que a Morfologia tem por obcjeto
ou objetivo de estudo, as palavras dentro da nossa Língua, as quais são
agrupadas em classes gramaticais ou classes de palavras. Em outras palavras,“é
o estudo da estrutura e dos processos de flexão e formação dos vocábulos, bem
como a classificação dos mesmos” (ALMEIDA, 1983, p. 80).
Segundo Rosa (2000, p. 15) o termo forma pode ser tomado, num sentido
amplo, como sinônimo de plano de expressão, em oposição a plano de conteúdo.
Nesse caso, a forma compreende dois níveis de realização: os sons, destituídos
de significados, mas que se combinam e formam unidades com significado; e as
palavras, as quais, por sua vez, têm regras próprias de combinação para a
composição de unidades maiores.
Segundo Ilari e Basso (2006, p. 108) o estudo das classes de palavras nos dá
a constatação de que há em toda língua, conjuntos numerosos de palavras que
possuem as mesmas propriedades morfológicas e sintáticas e, portanto, podem
ser descritas da mesma maneira. Nesse sentido, os gramáticos que tratam das
classes de palavras, propõem uma exposição em dois momentos: primeiro, ele
caracteriza a classe por sua morfologia (dizendo que os substantivos são simples,
compostos, primitivos ou derivados e que variam em gênero, número e grau)
depois ele fala de funções sintáticas (dizendo, por exemplo, que a principal função
do substantivo é constituir o núcleo do sujeito, do objeto e de outros sintagmas
nominais).
2.1.2. Sintaxe
Uma vez que a sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das
palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases
entre si, ao emitir uma mensagem verbal, o emissor deve procurar transmitir um
significado completo e compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e
combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio
satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e
orações.
As frases da língua são um todo composto por partes. Estas partes, por
sua vez, condicionam-se mutuamente e dispõem-se de modo a «solidarizarem-
se» umas com as outras para formarem um todo portador de sentido. Daí o termo
estrutura que empregamos no título desta dissertação, não pressupondo estarmos
necessariamente sob a égide da linguística estrutural, cuja definição tem recebido
diferentes interpretações. Por exemplo, sob o nome de estrutura, um
«bloomfieldiano» descreverá uma organização de facto, que segmentará em
elementos constitutivos, e definirá cada um destes em conformidade com o lugar
que ocupar no conjunto e em conformidade com as variações e as substituições
possíveis nesse mesmo lugar. (cf. Benveniste, 2005[1966]:9)
Com efeito, Villalva reconhece, por exemplo, que, por um lado, todas as
palavras pertencem a uma categoria sintáctica; por outro, as propriedades de
natureza estritamente morfológica identificam subcategorias morfológicas e,
finalmente, as propriedades envolvidas em mecanismos de concordância
sintáctica integram as palavras em categorias morfossintácticas. (cf. Villalva,
2000:185)
Na verdade, a relação entre morfologia e sintaxe é tão estreita que, não
raro, se torna difícil descrever uma estrutura frásica sem recorrer a ambas as
áreas. Veja-se, a título exemplificativo, a seguinte frase:
*Foi comprados
Estados Unidos
Um predicado no plural implica um sujeito igualmente no plural:
01 ovimbundu umbundu
02 ambundu kimbundu
03 tucokwe cokwe
04 bakongo kikongo
05 vangangela ngangela
06 ovanyaneka-khumbi olunyaneka
07 ovahelelo oshihelelo
08 ovambo oshikwanhama
oschindonga
O país conta ainda com outros grupos, nomeadamente, grupos
etnolinguísticos não bantu, como se espelha no quadro abaixo:
ovakwepe (ou
kwepe)
2.4.1. Concordâncias
(17) a. A reitoria
convocou todos os
estudantes faltosos.
Ainda com base nos autores citados, emprega-se o modo indicativo quando
se considera o facto expresso pelo verbo como certo, real, seja no presente, seja
no futuro. O modo conjuntivo emprega-se quando se encara a existência ou não
existência do facto como uma coisa incerta, duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal
(cf. Cunha e Cintra, 1999:463,464).
1
Cf. José Luandino Vieira apud Fonseca e Marçalo (2010): não percebia estar magoar-lhe lá dentro vs. não
percebia estar a magoar-lhe lá dentro.
2.4.3. Regência verbal
Substituição de preposições
Convém, em primeiro lugar, reconhecer que esta é uma das áreas mais críticas
da língua portuguesa em geral. Todavia, tal crise é ainda mais profunda em
Angola. ocorrem, no português falado em Angola, fenómenos de substituição de
preposições, de inserção supérflua de preposições e, também, de supressão de
preposições . Estes casos, ocorrem não apenas no discurso de falantes pouco
escolarizados, mas também no de falantes cultos. Note-se que os estudos de
Adriano (2014) e Cabral (2005) dão conta de todos os fenómenos acima descritos
também no português escrito.
2.4.4. Cliticização
1.ª singular me me me
2.ª singular te te te
2
A Gramática do Português, I Volume, organizada por Eduardo B. P. Raposo et al. acrescenta os pronomes
de forma genitiva, uma vez que considera os pronomes possessivos como uma forma dos pronomes
pessoais (cf. Raposo, 2013:902).
um enunciado normal, sendo estruturalmente dependente da
palavra. vizinha na construção. (Crystal, 1997:49-50)
A tradição gramatical prevê três posições possíveis dos clíticos: (i) antes
do verbo (próclise), intercalado ao verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise),
sendo que esta última, a ênclise, é considerada como sendo a posição normal
lógica (cf. Cunha e Cintra, 2008 [1983]:323). Brito, Duarte e Matos, quando se
referem à tradição gramatical luso-brasileira no que respeita à colocação dos
clíticos, afirmam que, na referida bibliografia o que se defende é que «A posição
enclítica é o padrão básico, não marcado, e que a posição proclítica é induzida
por factores de natureza sintáctico-semântica ou prosódica.» (Brito, Duarte e
Matos, 2003:849-850) Assim, daqui se pode inferir que a distribuição dos clíticos
na frase não se traduz, na maioria dos casos, em variação livre. Obedece a
critérios específicos que não nos ocupam aqui em pormenor, embora façamos
rápidas alusões às mesmas à medida que descrevemos os dados gravados e
transcritos. Empregamos o termo proclisadores para designar os elementos
atractores ou indutores da próclise e temos sempre em conta a pausa oral entre
o proclisador e o verbo, pois esta afigura-se como um factor determinante na
alteração do padrão de colocação dos clíticos pronominais.
28
Antónia Coelho da, SEGURA, Luísa e MENDES, Amália (Orgs.), Gramática do
Português, Volume II, Coimbra:Fundação Calouste Gulbenkian (1155-1354).
LUFT, Celso Pedro (2011 [1975]), Dicionário Prático de Regência Verbal, Rio de
Janeiro: Ática.
29