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CEI-PGE/PGM 2ª EDIÇÃO

6ª RODADA - 18/07/2016

CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO

6ª RODADA - 18/07/2016
DURAÇÃO

26/05/2016 A 14/09/2016

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.

30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.

1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016

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PROFESSORES

Jorge Maffra Ottoni - Coordenador do curso, professor de Direito Constitucional e Empresarial.


Procurador do Município de Niterói. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador da Assembleia Legislativa de
Goiás (1º colocado). Procurador Especial junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (2º colocado – aguardando
apuração de títulos). Procurador do Município de São Paulo. Procurador do Banco Central. Procurador
Federal (AGU). Procurador da Câmara do Município de São Paulo. Procurador do Município de Atibaia
(2º colocado). Procurador do Município de Limeira (1º colocado). Procurador do Município de
Jundiaí. Procurador do Município de Taboão da Serra (1º colocado antes dos títulos). Procurador
do Município de Araras (2º colocado). Advogado da Companhia Paulista de Obras e Serviços.
Advogado SP Urbanismo (3º colocado). Procurador Instituto de Previdência de Ilhabela (1º
colocado). Advogado Dataprev. Procurador Geral da Câmara de Caieiras. Bacharel em Direito
pela USP.

Natalia Maia – Direito Civil, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.


Procuradora do Estado de Goiás. Aprovada no concursos da PGE-BA e da PGE-RN. Pós-graduanda
em Direito Processual pela PUC-MG. Bacharel em Direito pela UFC.

Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.

Rodolfo Cursino – Direito Tributário e Ambiental.


Procurador da Fazenda Nacional. Especialista em Direito Público pela UBC/SP. Pós-graduado em Direito
Processual pela PUC/MG. Bacharel em Direito pela UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Coautor do
livro “Questões Discursivas Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, Juspodivm/2015.
Colaborador do Blog Foca no Resumo. Aprovado, ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal
Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/
PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda
Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

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José Américo – Direito Civil, Penal e Direito Processual Penal.


Procurador do Estado do Piauí. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador de Contas do
TCE-CE (3o Colocado). Procurador Especial junto ao TCM-RJ (5º Colocado – aguardando apuração de
títulos). Procurador do Estado do Piauí (6º colocado). Procurador de Contas do TCE-PB (7º Colocado).
Procurador do Estado do Paraná (14º Colocado). Procurador do Estado do RN. Procurador da Câmara
Municipal de Porto Alegre-RS (2º Colocado). Procurador do Município de Cuiabá (3º Colocado).
Assessor Jurídico do TCE-PI (6º Colocado). Procurador do Estado do Acre. Advogado da CEF e
Advogado do BNB.

Gustavo Carminatti – Direito Administrativo e Direito Financeiro-Econômico.


Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (Aprovado em 9º lugar). Foi Procurador
do Estado de Goiás. Aprovado em 1º lugar na Procuradoria do Município de Cuiabá. Aprovado na
Procuradoria do Município de São Paulo. Aprovado na Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.
Especialista em Direito Constitucional e Direito Eleitoral.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Caros alunos,

para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:

1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.

2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.

3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.

4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.

5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.

6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com

Vamos em frente, rumo à aprovação nos concursos das Advocacia Pública!

JORGE MAFFRA OTTONI


PROFESSOR E COORDENADOR DO CEI-PGE/PGM 2ª ED.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................6


DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.............................................................6
DIREITO CIVIL.......................................................................................................................................... 7
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL...................................................................... 10
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................ 12
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 15
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 16
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................. 18
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO............................................................................................. 19
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 21
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................22
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.................................................................................................. 24
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................25
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO...........................................................25
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................33
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL..................................................................... 44
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................53
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................70
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................77
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................82
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO.............................................................................................88
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 91
DIREITO EMPRESARIAL....................................................................................................................105
QUESTÕES DISSERTATIVAS........................................................................................................................112
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................112
DIREITO EMPRESARIAL.....................................................................................................................112
PEÇA PROFISSIONAL....................................................................................................................................113
DIREITO TRIBUTÁRIO.........................................................................................................................113

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Considerando a jurisprudência do TST em relação à duração do trabalho e ao controle de


jornada, é correto afirmar:

a) O intervalo intrajornada dos empregados domésticos poderá ser reduzido para 30 (trinta)
minutos, mediante simples acordo escrito entre empregado e empregador, dispensando-se
a negociação coletiva.

b) Ultrapassado o limite máximo de 10 (dez) minutos diários, será considerada como


extra a totalidade do tempo que exceder à jornada normal, a menos que as atividades
desenvolvidas pelo empregado durante o tempo residual, a exemplo do que ocorre com a
troca de uniforme, lanche e higiene pessoal, não se caracterizem como tempo à disposição
do empregador.

c) O intervalo intrajornada do motorista ou ajudante, quando gozado dentro do próprio


veículo, será computado na jornada de trabalho, ensejando o pagamento da respectiva
remuneração.

d) Será computado como extra apenas o tempo que exceder ao período máximo de 10
(dez) minutos despendidos pelo empregado no deslocamento entre a portaria e o local de
trabalho.

e) O art. 384 da CLT, que estipula a obrigatoriedade da concessão de intervalo de 15


(quinze) minutos antes do início do período extraordinário de trabalho da mulher, não foi
recepcionado pela CF/88.

2. Qual das hipóteses abaixo contém uma alternativa correta no que tange aos tipos de prova e
à distribuição do respectivo ônus no âmbito laboral?

a) O fato de a testemunha estar litigando ou ter litigado contra o mesmo empregador já a


torna suspeita, nos termos do art. 829 da CLT.

b) Não admite prova em contrário a presunção de veracidade da jornada de trabalho,


quando prevista em instrumento normativo.

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c) As pessoas jurídicas de direito público estão dispensadas de reputar autênticos os


documentos que apresentarem nos autos em fotocópias não autenticadas.

d) É ônus do empregado comprovar, como condição ao seu recebimento, que satisfaz os


requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte e que pretende fazer uso do
benefício.

e) Por ter fácil acesso ao extrato de sua conta vinculada, incumbe ao próprio empregado
comprovar a alegação de irregularidade dos depósitos de FGTS.

3. Sobre as hipóteses de término do contrato de trabalho e a tutela das verbas rescisórias, assinale
a alternativa correta:

a) O empregador só estará obrigado ao pagamento de remuneração de férias proporcionais


ao empregado, por ocasião da extinção do contrato de trabalho, se esta ocorrer após o
término do período aquisitivo de 12 (doze) meses.

b) O ato que concede o benefício de aposentadoria a empregado que não completou 35


(trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou 30 (trinta), se mulher, importa em extinção
do vínculo empregatício.

c) Para o STF, a transação extrajudicial que resulta na rescisão do contrato de trabalho em


virtude da adesão do empregado a plano de demissão voluntária (PDV) implica quitação
exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo correspondente.

d) O STF e o TST convergem quanto ao entendimento de que empregado público celetista


de empresa pública ou sociedade de economia mista pode ser dispensado sem justa causa,
independentemente de motivação, ainda quando devidamente admitido por concurso
público.

e) A nulidade dos contratos de trabalho celebrados com a Administração Pública após a


CF/88, sem prévio concurso público, configura hipótese de rescisão do contrato de trabalho.

DIREITO CIVIL

4. Considerando as regras especiais de pagamento estabelecidas no Código Civil de 2002, é


correto afirmar:

a) Havendo novação e sendo o credor evicto da coisa recebida, ficará sem efeito a quitação
dada, restabelecendo-se a obrigação primitiva, ressalvados os direitos de terceiros de boa-
fé.

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b) A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, sendo plenamente possível
a compensação dos honorários advocatícios quando houver sucumbência recíproca.

c) A menos que haja violência ou dolo, havendo dois ou mais débitos líquidos e vencidos
de mesma natureza, caberá ao credor escolher em qual deles o pagamento oferecido pelo
devedor será imputado.

d) A remissão ou o perdão concedido a um dos codevedores extingue a dívida na parte


a ele correspondente, devendo o credor, ao cobrar a dívida do devedor solidário, abater a
quota do devedor que foi perdoado.

e) A confusão imprópria operada na pessoa do devedor solidário extingue a solidariedade


também em relação aos demais devedores.

5. Sobre os vícios dos negócios jurídicos, NÃO é correto afirmar:

a) O dolo do representante legal de uma das partes obriga o representado a responder


solidariamente com ele pelas perdas e danos causados.

b) A configuração da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do


negócio jurídico.

c) Independente de ser escusável ou não, o erro substancial quanto à qualidade essencial


da pessoa, desde que tenha influído de modo relevante na declaração da vontade, torna
anulável o negócio jurídico.

d) Em caso de remissão de dívida, a caracterização de fraude contra credores independe da


presença de concilium fraudis.

e) A execução voluntária do negócio anulável pela parte, quando ciente do vício que o
inquinava, importa a extinção de todas as ações ou exceções de que contra ele dispusesse
o devedor, salvo direito de terceiro.

6. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os vícios redibitórios, evicção e temas
correlatos:

a) Como regra, o doador não responde pela evicção, nem mesmo pelo vício redibitório,
contudo, nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará
sujeito à evicção, considerando-se não escrita a convenção em contrário. Já nos casos de
vício ou defeito da coisa, pagará apenas as perdas e danos, se o conhecia; se não o conhecia,

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restituirá somente as despesas do contrato.

b) Constatada a evicção, o alienante deve restituir em dobro o valor pago, a título de


sanção civil, quando contratualmente prevista, inexistindo vedação legal;

c) Sobre a tutela da evicção no Código Civil, é correto afirmar que se o adquirente tiver
auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, tais valores
não serão deduzidos da quantia que lhe houver de dar o alienante, além de que não pode
o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa;

d) As benfeitorias, sejam elas necessárias, úteis ou voluptuárias, não abonadas ao que


sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante;

e) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta mais perdas e danos, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942)
e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:

a) Tendo os nubentes domicílios diversos, regerá os casos de invalidade do matrimônio


a lei do último domicílio conjugal, sendo que o regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do
primeiro domicílio conjugal.

b) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora do território
nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando esta for mais favorável
ao cônjuge e aos filhos brasileiros, desde que todos os bens estejam localizados no Brasil.

c) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados, no entanto, aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para
outros lugares, e, em relação ao penhor, aplica-se a lei do local em que firmada a obrigação
de garantia.

d) A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o


proponente, aplicando-se a lei do país em que constituída, como regra, para qualificar e
reger as obrigações. De outro modo, destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil
e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.

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e) Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles


tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir
no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação, incluindo os que sirvam de sede
dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta sobre provas no Direito Processual Penal:

a) Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto,


farão a prova em conjunto, sendo possível a comunicação entre elas exclusivamente quanto
ao objeto da prova, similarmente à acareação, a qual será admitida entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre
que divergirem, em suas declarações, a respeito de fatos ou circunstâncias relevantes.

b) O STF entende que o art. 1º da Lei 9.296/1996 (“A interceptação de comunicações


telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente
da ação principal, sob segredo de justiça”) não fixa regra de competência, mas sim reserva
de jurisdição para quebra de sigilo.

c) Conforme o entendimento pacificado do STJ, há necessidade de degravação dos


diálogos objeto de interceptação telefônica em sua integralidade, uma vez que, embora a
Lei 9.296/96 não faça qualquer exigência nesse sentido, pode haver severo comprometido
do direito à ampla defesa por eventual transcrição parcial e manipulação do contexto fático
probatório, com potencial de induzir o órgão julgador a erro.

d) Deve ser anulado o depoimento de testemunha que, após a sequência da instrução


processual, vira réu, por superveniente descoberta de sua participação no esquema
criminoso.

e) De acordo com o CPP, a confissão do réu pode suprir o exame do corpo de delito,
quando a infração deixar vestígios, desde que em conjunto com a colheita de depoimentos
de testemunhas.

9. Em relação a crimes contra a administração pública em geral e temas correlatos, assinale a


alternativa incorreta:

a) O crime de falsa perícia admite a tentativa e a coautoria, ao passo que o crime de falso
testemunho, previsto no mesmo tipo penal, não admite, segundo a doutrina majoritária, a

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coautoria, admitindo apenas a participação.

b) Constitui crime o recrutamento de trabalhadores, mediante ardil, com o fim de levá-


los para território estrangeiro, desde que em número superior a dois trabalhadores e que
inexista vantagem econômica para os aliciados.

c) Os prefeitos podem incorrer na prática de peculato de uso, em razão do disposto no art.


1º, II, do Decreto-lei 201/1967.

d) Configura-se crime contra Administração da Justiça tirar, suprimir, destruir ou danificar


coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou até mesmo
convenção.

e) Não caracteriza o delito de desobediência (CP, art. 330) a conduta do agente, que,
embora não atendendo a ordem judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal
insubmissão, ao pagamento de multa diária (‘astreinte’) fixada pelo magistrado com a
finalidade específica de compelir, legitimamente, o devedor a cumprir o preceito.

10. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a


legislação penal, assinale a alternativa correta sobre crimes contra a fé pública e a administração
pública em geral:

a) O dentista, o médico ou o psicólogo que, no exercício da profissão, dão atestado


falso, incorrem nas penas previstas para o crime de falsidade ideológica, ao passo que o
trabalhador que utiliza o atestado falso, emitido por dentista, médico ou psicólogo, comete
crime de uso de documento falso.

b) O indivíduo que falsifica, para posterior utilização, bilhete ou passe de trânsito


concedido por empresa de transporte coletivo municipal pratica os crimes de falsificação
de documento público e de uso de documento falso, em concurso material. Já o agente
que faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou símbolos identificadores de órgãos da
administração pública comete crime de falsificação de selo ou sinal público.

c) Segundo o Código Penal, o crime intitulado fraudes em certames de interesse público,


atentatório contra a administração pública, consiste na conduta de utilizar ou divulgar,
indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade
do certame, conteúdo sigiloso de concurso público; avaliação ou exame públicos; processo
seletivo para ingresso no ensino superior; ou, exame ou processo seletivo previstos em lei.
Comete a mesma infração penal quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de
pessoas não autorizadas às informações mencionadas acima.

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d) Não configura desacato a ofensa dirigida a funcionário público, em razão de suas


funções, se não estiver no exercício dessas funções no momento da ofensa.

e) Caracteriza falsificação de documento público, por equiparação, a alteração de


testamento particular, ações de sociedade comercial, título ao portador ou transmissível
por endosso, livros mercantis e o documento emanado de entidade paraestatal, não se
inserindo em tal conceito a nota fiscal emitida por particulares.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Afirma-se que o ponto de maior destaque do Novo Código de Processo Civil é o sistema de
precedentes vinculantes por ele instituído. Acerca da definição e dos elementos constitutivos do
precedente, assinale a única alternativa CORRETA:

a) Nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma decisão judicial.

b) Os conceitos de precedente judicial e súmula se confundem, podendo ser intercambiados


sem nenhum prejuízo semântico.

c) O precedente judicial é composto por um elemento nuclear, chamado obter dictum, e de


elementos acessórios, denominados obter dicta.

d) A ratio decidendi do precedente judicial é facilmente extraível da fundamentação da


decisão, não exigindo maiores esforços intelectivos do hermeneuta.

e) Apenas decisões colegiadas têm o condão de se tornar um precedente judicial.

12. Determinado Estado promoveu concurso público para o provimento de cargos de nível médio
e fundamental. João da Silva, que há pouco perdeu o emprego no cenário de crise econômica
em que se encontra o país, após estudar com muito afinco, foi aprovado nas provas para ocupar
o cargo de assistente administrativo da Secretaria da Educação, em vaga reservada a portadores
de necessidades especiais. O candidato tem a visão do olho esquerdo comprometida. Ao ser
submetido a exame médico, João foi excluído do certame, por não ser considerado portador
de necessidades especiais. Irresignado, o candidato impetrou mandado de segurança contra a
decisão administrativa que promoveu sua exclusão do certame, invocando súmula do Superior
Tribunal de Justiça que afirma: “o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes”. A autoridade coatora foi instada a
prestar informações, e seu órgão de representação judicial ingressou no feito para defesa do
ato. Considerando esse cenário fático hipotético e colocando-se no papel de Procurador do
Estado envolvido, assinale a única alternativa CORRETA a respeito das técnicas de confronto,
interpretação e aplicação dos precedentes judiciais:

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a) O precedente só se aplica a um julgamento quando há absoluta similitude entre o caso


que lhe deu origem e aquele em análise, de modo que, para apresentar sua manifestação,
o Procurador do Estado deverá cotejar os respectivos elementos fáticos.

b) Se se demonstrar que o candidato, por alguma peculiaridade, não se enquadra no


conceito técnico de “portador de visão monocular”, ter-se-á um distinguishing-resultado
com efeitos negativos.

c) A não aplicação do entendimento sumulado ao caso, em virtude do distinguishing,


significa que o precedente está equivocado.

d) O representante judicial do Estado deve considerar que o distinguishing só se opera


quando um precedente não é aplicado ao caso em julgamento.

e) Deve o Procurador do Estado alegar que a súmula, por não ser vinculante, não precisar
ser necessariamente seguida no caso concreto, ainda que a ratio decidendi nela exposta
seja aplicável à hipótese fática.

13. A superação do precedente é pressuposto básico de um sistema de precedentes vinculantes,


de modo a impedir a estagnação do Direito e, ao mesmo tempo, propiciar sua harmonização às
mudanças e aos novos anseios sociais. A respeito da superação do precedente judicial assinale a
única alternativa INCORRETA:

a) Enquanto o overruling se refere à superação total de um precedente, o overriding


ocorre quando o precedente não mais se aplica a determinados casos, configurando uma
superação parcial.

b) Por meio do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação
do precedente.

c) A decisão que superar precedente observará a necessidade de fundamentação adequada


e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e
da isonomia.

d) O overruling pode se dar de maneira difusa ou concentrada.

e) O procedente vinculante não será necessariamente superado quando revogada a lei que
lhe fundamenta, porquanto hierarquicamente superior a ela.

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14. Considerando a sistemática do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações
da Lei n. 13.256/16), julgue as seguintes assertivas a respeito dos efeitos dos precedentes judiciais:

I. Têm efeito vinculante as razões de decidir fixadas em acórdãos de incidente de


assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e de julgamento de
recursos extraordinário e especial repetitivos.

II. Não há precedentes com efeito meramente persuasivo.

III. O efeito vinculante dos precedentes é sempre vertical, mas não horizontal.

IV. A teoria do stare decisis vai de encontro à força vinculante dos precedentes.

V. A nova legislação encampou a objetivação do recurso extraordinário, de modo que a


decisão do Supremo Tribunal Federal em controle difuso de constitucionalidade tem efeito
vinculante.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) I e V.

b) II e V.

c) II e III.

d) I.

e) I e III.

15. O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu o que a doutrina denomina de “microssistema de
formação concentrada de precedentes obrigatórios”, um plexo de normas processuais dedicadas,
em especial, ao julgamento de casos repetitivos e ao incidente de assunção de competência.
Acerca desse assunto, assinale a única alternativa CORRETA:

a) No julgamento de recurso extraordinário e especial repetitivos, o relator determinará


a suspensão de todos os processos pendentes em território nacional afetos à questão em
julgamento, não sendo dado à parte demonstrar a distinção de sua causa, de modo a
escapar da suspensão.

b) É cabível a instauração de incidente de assunção de competência quando houver efetiva


repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente
de direito.

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c) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese jurídica fixada em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de
competência.

d) A tese jurídica definida no incidente de demandas repetitivas será aplicada a todos


os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito que
tramitem na área da jurisdição do respectivo tribunal, mas não àqueles que tramitem nos
juizados especiais do respectivo Estado ou região, porquanto estes constituem microssistema
próprio e independente.

e) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese fixada no julgamento de
recurso extraordinário e recurso especial repetitivos mesmo se não esgotadas as instâncias
ordinárias.

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre a responsabilidade civil por danos ambientais, assinale a alternativa errada:

a) A responsabilidade por danos ambientais, além de objetiva, é solidária, de forma que


todos os responsáveis diretos ou indiretos pelo dano causado ao meio ambiente respondem
pela obrigação.

b) A doutrina majoritária entende que a responsabilidade civil por danos ambientais advém
da teoria do risco integral, segundo a qual não se admite excludentes de responsabilidade,
tais como o caso fortuito ou força maior.

c) Conforme expressa previsão legal, o Poder Público também pode ser considerado
poluidor, respondendo, de forma objetiva, por danos causados por atos comissivos, e de
forma subjetiva, por atos omissivos.

d) Tratando-se de verdadeiro direito fundamental, o direito de reparação dos danos


ambientais é imprescritível.

e) Em algumas situações específicas, como no caso de imóvel rural ambientalmente


degradado, o Superior Tribunal de Justiça já dispensou a comprovação do nexo causal,
bastando a existência do dano para condenação do proprietário do imóvel.

17. Sobre a classificação dos recursos naturais como bens públicos, assinale a alternativa correta:

a) No que tange ao critério de destinação, os bens naturais são considerados como bens
de uso comum do povo, de forma que não podem ser classificados como bens de uso

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especial ou dominicais, dado o caráter transindividual que possuem.

b) A consequência de os recursos serem tratados como bem de uso comum do povo é a


possibilidade de, em determinadas situações, serem passíveis de desafetação.

c) Na classificação dos cursos de água, a Constituição Federal optou por se guiar através
dos critérios de extensão e de segurança nacional, de forma que são bens da União, dentre
outros, os lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres, praias marítimas e as ilhas oceânicas e costeiras,
desde que sirvam de limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou
dele provenham, ou banhem mais de um Estado.

d) As terras devolutas, tradicionalmente, são enquadradas como bens públicos dominicais,


na medida em que não possuem qualquer destinação pública. No entanto, por previsão
expressa da Constituição Federal de 1988, as terras devolutas necessárias à preservação
ambiental ou à proteção de ecossistemas naturais sãos bens da União considerados
indisponíveis.

e) São bens do Estado, dentre outros, todas as águas superficiais ou subterrâneas, ilhas
fluviais e lacustres, e ilhas oceânicas e costeiras, desde que localizadas dentro do seu
território.

DIREITO TRIBUTÁRIO

18. Sobre a vigência, aplicação e interpretação da legislação tributária, assinale a alternativa


correta:

a) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas


complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos, e
entram em vigor, em regra, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação.

b) É possível afirmar que a lei tributária apenas não se aplica aos fatos geradores
consumados.

c) Além da lei com finalidade interpretativa, aplica-se a lei a fato ou ato pretérito quando
um ato, ainda que definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

d) Admite-se a aplicação da analogia e da equidade no Direito Tributário, desde que não


sejam utilizadas com a finalidade de dispensa do pagamento de tributo devido.

e) De acordo com o Código Tributário Nacional, deve-se interpretar literalmente a

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legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção, extinção ou exclusão do


crédito tributário.

19. Sobre as imunidades tributárias, assinale a alternativa errada:

a) A imunidade recíproca, na medida em que impede os entes de instituir impostos sobre


o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, consiste em imunidade classificada como
subjetiva.

b) A imunidade prevista para as instituições de educação e assistência social sem fins


lucrativos é um exemplo de imunidade condicionada.

c) Em que pese a Constituição Federal de 1988 ter se referido, expressamente, à imunidade


de templos de qualquer culto, o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal é
que ela não se limita ao templo fisicamente considerado, mas abrange todo o patrimônio,
renda e serviços relacionados com a finalidade da entidade.

d) Conforme entendimento firmado no Supremo Tribunal Federal, sendo a entidade imune,


presume-se que seus imóveis, ainda que vazios, gozam da imunidade do IPTU, cabendo
à Fazenda demonstrar que seu uso não está de acordo ou revertendo às finalidades da
entidade.

e) A imunidade tributária cultural, classificada como imunidade objetiva, abrange não


só a incidência de impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinados à sua
impressão, como os rendimentos percebidos pela livraria, conforme entendimento firmado
pelo Supremo Tribunal Federal.

20. Sobre as contribuições especiais, assinale a alternativa errada.

a) As contribuições sociais são divididas em contribuições sociais, contribuições de


intervenção no domínio econômico (CIDE) e contribuições de interesse de categorias
profissionais ou econômicas (corporativas), todas de competência da União.

b) A Constituição Federal de 1988 previu a possibilidade de Estados, Distrito Federal e


Municípios instituírem contribuições previdenciárias.

c) É permitida à União a instituição de novas contribuições sociais de financiamento da


seguridade social, desde que o faça por meio de lei complementar, não sejam cumulativas
e haja inovação quanto às bases de cálculo e fatos geradores.

d) A Constituição Federal de 1998 não abriu a possibilidade de criação de novas contribuições

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de intervenção no domínio econômico (CIDE), apenas prevendo a sua incidência nas


atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados e álcool combustível.

e) As contribuições corporativas correspondem à típica hipótese de tributo com finalidade


parafiscal.

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Tratando dos bens públicos e do regime jurídico a eles aplicável, marque a alternativa correta:

a) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, será precedida de avaliação, e quando imóveis, dependerá
de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação
prévia e, via de regra, de licitação na modalidade de concorrência.

b) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, quando móveis, dependerá apenas de licitação.

c) As terras devolutas não são bens dominicais.

d) Segundo o STF, ao Tribunal de Contas da União não compete julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos de sociedade
de economia mista.

e) A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de


obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, denomina-se reversão.

22. Acerca da Lei nº 8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação
de serviços públicos, assinale a alternativa correta:

a) A permissão de serviço público é a construção, total ou parcial, conservação, reforma,


ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta
e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.

b) Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo


da concessão, por motivo de inadimplência da concessionária, mediante ato administrativo

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específico e após prévio pagamento da indenização.

c) A rescisão do contrato, que só pode ocorrer mediante ação judicial, é forma de extinção
de que se vale a concessionária em caso de descumprimento por parte do Poder Público
de seus deveres no âmbito do contrato, ao passo que a caducidade é a forma de extinção
derivada da inadimplência da concessionária.

d) A intervenção na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do


serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais
pertinentes, far-se-á por lei autorizativa do ente concedente, que conterá a designação do
interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

e) É vedada a transferência de concessão ou do controle societário da concessionária


enquanto perdurar a concessão.

23. Tratando do controle dos atos administrativos, assinale a alternativa correta:

a) Os recursos hierárquicos próprios, que são aqueles que tramitam na via interna de
órgãos ou pessoas administrativas, dependem de previsão legal.

b) Recursos hierárquicos impróprios são aqueles em que o recorrente dirige a autoridades


ou órgãos estranhos àquele de onde se originou o ato impugnado, sendo que entre o
órgão controlado e o controlador existe relação de vinculação, havendo necessidade de
previsão legal.

c) Segundo o STF, a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas, com
base em legislação estadual, somente pode ser ajuizada pelo Estado respectivo.

d) Segundo o STF, se insere na competência do Tribunal de Contas a aptidão para examinar,


previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder Público.

e) Excepcionalmente, pode o Ministério Público - atuante ou não junto às cortes de contas,


seja federal, seja estadual -, na proteção do patrimônio público, propor a ação de execução
das multas ou débitos imputados pelos tribunais de contas.

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Acerca das normas constitucionais que cuidam da despesa com pessoal, marque a alternativa
correta:

a) A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,

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empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou


contratação de pessoal, a qualquer título, só poderão ser feitas se houver autorização
específica na lei de diretrizes orçamentárias, incluídas as empresas públicas e as sociedades
de economia mista.

b) Decorrido o prazo para a adaptação aos limites previstos na Lei de Responsabilidade


Fiscal para despesas com pessoal, não será permitida a suspensão dos repasses de verbas
estaduais aos Municípios que não observarem os referidos limites.

c) Para o cumprimento dos limites estabelecidos previstos na Lei de Responsabilidade


Fiscal para despesas com pessoal, os Estados e os Municípios adotarão a redução em pelo
menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e a
exoneração dos servidores não estáveis.

d) Para fins de adequação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não será permitida
a perda do cargo por servidor estável.

e) O servidor não estável que perder o cargo para atendimento dos limites das despesas
com pessoal fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de
serviço.

25. Tratando do controle da despesa total com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal,
assinale a alternativa correta:

a) É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos
cento e vinte dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder.

b) Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão ultrapassar os limites definidos na LRF,
o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois trimestres seguintes, sendo pelo menos
metade no primeiro.

c) Ultrapassado o limite com despesas de pessoal, a redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança pode se dar pela redução dos valores a eles atribuídos, bem
como pela redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova
carga horária.

d) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite para
despesa com pessoal, é permitido ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso a
criação de cargo, emprego ou função, pois a mera criação não implica em aumento de despesa.

e) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite para

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despesa com pessoal, é vedado ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso a
concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título,
ressalvada a revisão geral anual.

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. Considerando as disposições constitucionais relativas ao estado de defesa e ao estado de sítio,


marque a alternativa incorreta:

a) O controle político, no estado de defesa, manifesta-se nas formas imediata, concomitante


e a posteriori. Ao contrário do que ocorre no estado de sítio, não há, no estado de defesa,
controle político prévio.

b) Tanto no estado de defesa quanto no estado de sítio, os pareceres do Conselho da República


e do Conselho de Defesa Nacional não são vinculantes.

c) Tanto no estado de defesa como no estado de sítio, o decreto que determina o início da
medida deverá definir áreas abrangidas.

d) No caso de comoção grave de repercussão nacional ou da ineficácia das medidas tomadas


durante o estado de defesa, a duração do estado de sítio poderá ser prorrogada sucessivamente,
por ilimitadas vezes enquanto perdurar a situação de anormalidade.

e) Caso a decretação de estado de sítio por declaração de estado de guerra tenha observado os
requisitos exigidos pela Constituição Federal, em tese, qualquer garantia constitucional poderá
ser suspensa durante a sua vigência.

27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Executivo, bem como o
entendimento do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:

a) Constituição Estadual pode estender a imunidade formal relativa à prisão e a cláusula de


irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República aos governadores dos estados.

b) Em caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República nos últimos


dois anos do mandato presidencial, deve ser realizada eleição direta no prazo de 30 (trinta) dias
da abertura da última vaga.

c) Competências privativas atribuídas ao Presidente da República pela Constituição Federal


podem ser delegadas apenas para os Ministros de Estado.

d) Em caso de admissão, pela Câmara dos Deputados, da acusação contra o Presidente da

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República por crime de responsabilidade, o julgamento será feito pelo Senado Federal, em
sessão presidida pelo Presidente do STF, e a condenação dependerá do voto de dois terços dos
membros do Senado Federal.

e) Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por


prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação
daquele exercício.

28. Em atenção às normas constitucionais e infraconstitucionais, bem como ao entendimento do STF


sobre os remédios constitucionais, marque a alternativa incorreta:

a) É de competência da Justiça Federal o julgamento de mandado de segurança que tenha


como autoridade coatora dirigente de sociedade de economia mista federal.

b) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato emanado do poder público como
contra ato de particular sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção.

c) O mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI da CF/88, é autoexecutável, não necessitando,
para ser aplicado, de norma regulamentadora.

d) Se, no curso do mandado de injunção, sobrevier lei regulamentadora, não restará prejudicado
o mandado de injunção.

e) Caso um cidadão, tendo demonstrado os fins e as razões de seu pedido, tenha negada por
autoridade pública a emissão de certidão com informações não sigilosas necessárias à defesa
de direito seu, o remédio constitucional cabível será o habeas data.

DIREITO EMPRESARIAL

29. Sobre o cheque, analise os seguintes itens:

I. Na ação monitória é imprescindível a discussão da causa debendi, ou seja, da causa que


deu origem à emissão do cheque.

II. O prazo prescricional de cinco anos para a cobrança de cheque sem força executiva por
meio de ação monitória conta-se da data da assinatura do título.

III. O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos
(CCF), não tem a responsabilidade de notificar o devedor previamente sobre a sua inscrição no
CCF, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos fundadas na ausência

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de prévia comunicação.

IV. A pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no
campo específico da cártula.

As alternativas corretas são:

a) I e II.

b) II e III.

c) Apenas III.

d) III e IV.

e) I e IV.

30. Quanto às sociedades anônimas, analise os itens a seguir:

I. A sociedade estrangeira pode ser acionista de sociedade anônima brasileira.

II. Nas sociedades anônimas existe responsabilidade solidária dos sócios pela integralização
do capital social.

III. É vedada, em qualquer caso, a criação de sociedade anônima unipessoal.

IV. A totalidade da integralização não precisa ser efetivada no momento da constituição de


uma sociedade, podendo o ato constitutivo estabelecer que ela se dará posteriormente, porém,
na S.A. 10% do valor do capital deve ser integralizado à vista e em dinheiro para que se possa
garantir a viabilidade da companhia.

São corretos apenas os itens:

a) I e II.

b) II e III.

c) Apenas III.

d) III e IV.

e) I e IV.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA E

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: NATALIA MAIA


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Considerando a jurisprudência do TST em relação à duração do trabalho e ao controle de


jornada, é correto afirmar:

a) O intervalo intrajornada dos empregados domésticos poderá ser reduzido para 30 (trinta)
minutos, mediante simples acordo escrito entre empregado e empregador, dispensando-se
a negociação coletiva.

b) Ultrapassado o limite máximo de 10 (dez) minutos diários, será considerada como


extra a totalidade do tempo que exceder à jornada normal, a menos que as atividades
desenvolvidas pelo empregado durante o tempo residual, a exemplo do que ocorre com a
troca de uniforme, lanche e higiene pessoal, não se caracterizem como tempo à disposição
do empregador.

c) O intervalo intrajornada do motorista ou ajudante, quando gozado dentro do próprio


veículo, será computado na jornada de trabalho, ensejando o pagamento da respectiva
remuneração.

d) Será computado como extra apenas o tempo que exceder ao período máximo de 10
(dez) minutos despendidos pelo empregado no deslocamento entre a portaria e o local de
trabalho.

e) O art. 384 da CLT, que estipula a obrigatoriedade da concessão de intervalo de 15


(quinze) minutos antes do início do período extraordinário de trabalho da mulher, não foi
recepcionado pela CF/88.

COMENTÁRIO

O intervalo intrajornada é o período, dentro da jornada de trabalho, destinado ao descanso e refeição


do empregado, possibilitando seu restabelecimento físico e mental. Por ter como objetivo preservar a
saúde e o bem-estar do trabalhador, é considerada norma de indisponibilidade absoluta, de modo que
sua flexibilização, ainda que mediante negociação coletiva, só é admitida em hipóteses excepcionais,
resguardadas pela própria legislação. Esses intervalos de descanso, em regra, não são computados

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na duração do trabalho, ou seja, não são remunerados pelo empregador, configurando hipótese de
suspensão do contrato de trabalho.

Alternativa (A): correta. O art. 71 da CLT estabelece a obrigatoriedade da concessão de intervalo para
repouso e alimentação, no mínimo de uma e no máximo de 2 (duas) horas, em qualquer trabalho
contínuo cuja duração exceda de 6 (seis) horas. É admitida a flexibilização desse limite máximo de 2
horas mediante acordo escrito ou contrato coletivo. O §3º do art. 71 do mesmo diploma também admite
a redução ou fracionamento do intervalo mínimo de 1 hora, em relação aos trabalhadores em geral,
desde que sejam preenchidos determinados requisitos. São eles: a) o estabelecimento deve atender
integralmente às exigências acerca de refeitórios; b) os empregados não podem estar prestando horas
extraordinárias; c) deve haver prévia autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, que terá duração
máxima de dois anos. Além desses requisitos, de acordo com a Portaria nº 1.095/2010 do MTE, também
deve haver negociação coletiva especificando o período do intervalo intrajornada reduzido, não inferior
a 30 (trinta) minutos, sendo vedada a sua supressão, diluição ou indenização.

Ocorre que, especificamente em relação aos empregados domésticos, a Lei Complementar nº. 150, de
2015, autoriza a redução do intervalo para repouso ou alimentação a 30 (trinta) minutos, mediante
simples acordo prévio e escrito entre empregador e empregado. Logo, por expressa previsão legal,
em relação a essa categoria, a redução não está condicionada ao atendimento dos demais requisitos
previstos no §3º do art. 71 da CLT.

Alternativa (B): incorreta. Súmula Nova: o art. 4º da CLT define como tempo de serviço efetivo todo
o período em que o empregado está à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens,
salvo disposição especial expressamente consignada. Esse período de serviço efetivo deve observar, como
regra, as limitações previstas no art. 7º, inciso XIII, da CRFB, que estabelece como duração normal do
trabalho 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais. O §1º do art. 58, da CLT, inserido
pela Lei nº 10.243/2001, prevê que as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco
minutos não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária, desde que observado o
limite máximo de dez minutos diários.

Por outro lado, conforme prevê a Súmula nº. 366, que teve sua redação alterada em 18/5/2015, uma
vez que seja ultrapassado esse limite, o empregado fará jus à remuneração da totalidade do período
trabalhado a maior (e não apenas do período que exceder os dez minutos) como extra, sendo
irrelevante a natureza das atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual.
Assim, para esse efeito, mesmo atividades como troca de uniformes, lanche e higiene pessoal deverão
ser consideradas como tempo à disposição do empregador, sendo remuneradas. Isso porque, para a
Corte, estando o empregado no ambiente interno da empresa, encontra-se sob o poder de comando e
disciplinar do empregador, ainda que não esteja, naquele momento, executando qualquer tarefa.

Alternativa (C): incorreta. Novidade Legislativa: a Lei nº. 12.619, de 2012, alterou a CLT, para regular
e disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional. O art. 235-E, §10º,

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inserido por essa lei na CLT, previa que “não será considerado como jornada de trabalho nem ensejará o
pagamento de qualquer remuneração o período em que o motorista ou o ajudante ficarem espontaneamente
no veículo usufruindo do intervalo de repouso diário ou durante o gozo de seus intervalos intrajornadas”.
Posteriormente foi editada a Lei nº. 13.103, de 2015, a qual, dispondo sobre o exercício da profissão dos
motoristas, alterou novamente a CLT e revogou alguns dos dispositivos da Lei nº. 12.619, de 2012, dentre
os quais o próprio art. 235-E, §10, da CLT. Contudo, o §4º do art. 235-D, da CLT, com redação conferida
pela Lei 13.103/2015, manteve a previsão, apenas excluindo, propositalmente, a expressão “usufruindo do
intervalo de repouso diário”.

Alternativa (D): incorreta. Embora não haja previsão em lei nesse sentido, o TST, em entendimento
cristalizado na Súmula nº. 429, passou a prever, com fundamento no princípio da razoabilidade, que
o tempo de deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, quando
ultrapassar o limite de 10 (dez) minutos diários, deverá ser considerado tempo à disposição do empregador,
conferindo direito à remuneração extra. Cumpre observar que, uma vez ultrapassado esse limite, deverá
ser considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, e não apenas
os minutos que excederam ao décimo. Dito de outro modo, se a jornada for ultrapassada em até 10
(dez) minutos, o empregado não terá, pelo menos por esse motivo, direito a horas extras. Por outro lado,
se a jornada for ultrapassada em, por exemplo, 12 (doze) minutos, todos esses 12 minutos deverão ser
devidamente remunerados com o acréscimo relativo ao labor extraordinário.

Alternativa (E): incorreta. O art. 384 da CLT estabelece que, em caso de prorrogação do horário normal,
será obrigatório um descanso de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, antes do início do período extraordinário
do trabalho. Esse intervalo excepcional, vale dizer, é devido apenas às mulheres e aos menores de 18
(dezoito) anos, e apenas para o caso de prorrogação da jornada de trabalho. No julgamento do RE
nº. 653.312/SC (Relator: Min. Dias Toffoli, j. 27/11/2014), o STF, sob a sistemática da repercussão geral,
decidiu que o art. 384 da CLT foi recepcionado pela CF/88 e que a norma se aplica a todas as mulheres
trabalhadoras. Em seu voto, o Ministro relator argumentou que o tratamento diferenciado se justifica em
face da histórica exclusão da mulher do mercado de trabalho, do componente orgânico, relacionado
à menor resistência física da mulher, e do componente social, referente ao comum acúmulo, pela
mulher, de atividades no lar e no ambiente de trabalho. Obs.: embora o julgamento desse RE tenha sido
recentemente anulado, em decorrência de vício formal, suas conclusões continuam sendo aplicadas, na
medida em que o julgado apenas manteve entendimento que há muito vinha sendo adotado pelo TST,
além de ter deixado evidente o entendimento meritório da Corte Suprema sobre o assunto.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

2. Qual das hipóteses abaixo contém uma alternativa correta no que tange aos tipos de prova e
à distribuição do respectivo ônus no âmbito laboral?

a) O fato de a testemunha estar litigando ou ter litigado contra o mesmo empregador já a

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torna suspeita, nos termos do art. 829 da CLT.

b) Não admite prova em contrário a presunção de veracidade da jornada de trabalho,


quando prevista em instrumento normativo.

c) As pessoas jurídicas de direito público estão dispensadas de reputar autênticos os


documentos que apresentarem nos autos em fotocópias não autenticadas.

d) É ônus do empregado comprovar, como condição ao seu recebimento, que satisfaz os


requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte e que pretende fazer uso do
benefício.

e) Por ter fácil acesso ao extrato de sua conta vinculada, incumbe ao próprio empregado
comprovar a alegação de irregularidade dos depósitos de FGTS.

COMENTÁRIO

O art. 818 da CLT estabelece que a prova das alegações incumbe à parte que as fizer. A respeito do
assunto, o Novo CPC incumbe o autor do ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito, e
o réu, da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Essa distribuição
inicial pode ser modificada, pelo juiz, em decisão fundamentada, em casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
nos termos ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, desde que a decisão não
gere situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
Nesse caso, o juízo deve dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. O
dispositivo que contém essa previsão (art. 373, incisos I e II e §§1º e 2º do NCPC) é também aplicável ao
processo do trabalho, conforme já reconhecido pelo TST (art. 3º, VII da IN 39/2016).

Alternativa (A): incorreta. O art. 829 da CLT estabelece que a testemunha que for parente até o terceiro
grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento
valerá como simples informação. Para o TST, o simples fato de achar-se a testemunha em litígio com o
mesmo réu não permite inferir a existência de inimizade capital entre esta e o réu. Assim, a testemunha
que está demandando ou já demandou contra o mesmo empregador não pode ser considerada suspeita
só com base nessa circunstância. É nesse sentido a previsão da Súmula nº. 357/TST.

Alternativa (B): incorreta. Na justiça do trabalho, prevalece o princípio da primazia da realidade, o que
significa dizer que a realidade deve prevalecer sobre os aspectos formais. Assim, a força normativa dos
instrumentos coletivos, conferida pelo art. 7º, XXVI da CRFB, não tem o condão de transformar eventual
cláusula prevendo que os registros de pontos são verdadeiros em presunção absoluta, cabendo prova em
sentido contrário. Dito de outro modo, o simples fato de ter sido pactuada, mediante negociação coletiva,
a adoção de folhas individuais de presença, para registro da jornada de trabalho dos empregados, não

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afasta a possibilidade de aferição, pelo Judiciário, da veracidade do conteúdo das informações lançadas
nestes controles de frequência. É o que prevê o item II da Súmula nº. 338 do TST.

Alternativa (C): correta. O antigo art. 830 da CLT determinava a apresentação, na justiça obreira, de
documentos originais, autenticados ou conferidos pelo próprio juiz. Com a edição da L. nº. 11.925, de
2009, a redação do dispositivo foi alterada, de modo a possibilitar que o documento em cópia oferecido
para prova seja declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal, somente
devendo a parte apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original em caso de impugnação de
sua autenticidade pela parte adversa. Contudo, antes mesmo do advento dessa lei, a Medida Provisória
nº. 1.360/96, a qual, após inúmeras reedições, foi convertida no atual art. 24 da Lei nº. 10.522/02, passou a
dispensar as pessoas jurídicas de direito público da exigência de autenticar os documentos apresentados
em cópia em juízo. Isso ocorre em razão da fé pública inerente a esses órgãos. Em face da especialidade do
dispositivo, as pessoas jurídicas de direito público são dispensadas até mesmo de reputar tais documentos
autênticos. Confira o teor da OJ nº. 134 da SDI-1 do TST:

134. AUTENTICAÇÃO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. DISPENSADA. MEDIDA


PROVISÓRIA Nº 1.360, DE 12.03.1996. São válidos os documentos apresentados, por pessoa
jurídica de direito público, em fotocópia não autenticada, posteriormente à edição da Medida
Provisória nº 1.360/96 e suas reedições.

Alternativa (D): incorreta. Súmula Nova: o artigo 7º, incisos I e II, do Decreto nº 95.247/87 estabelece
como condição de exercício do vale-transporte que o empregado informe por escrito a seu empregador
seu endereço residencial e a linha de transporte utilizada em seu trajeto de ida e volta do trabalho
(exigência, aliás, não prevista na própria Lei nº 7.418/87, ao instituir esse benefício). Contudo, isso não
autoriza o empregador a alegar em Juízo, sem comprovar, que os seus empregados não se interessaram
pelo recebimento daquela vantagem. Em verdade, a presunção é no sentido de que o exercício do direito
é do interesse de todo e qualquer trabalhador. Por ser parte hipossuficiente, não se pode atribuir ao
empregado o ônus de comprovar o cumprimento do requisito meramente formal exigido para a fruição
do direito. Diante disso, o C. TST concluiu, com a edição da Súmula nº. 460, em 3/6/2016, com base no
princípio da aptidão da prova, que cabe ao empregador comprovar que o empregado não preenchia os
requisitos legais ou não tinha interesse na percepção do vale-transporte.

Alternativa (E): incorreta. Súmula Nova: a definição, pelo empregado, do período em que não houve
depósito, ou no qual houve em valor inferior ao efetivamente devido desloca o ônus da prova ao
empregador, uma vez que, além de o CPC atribuir ao réu o ônus de comprovar o fato extintivo do direito
do autor (no caso, o recolhimento correto da verba), partindo-se do princípio da aptidão para a prova, o
empregador, que é quem procede ao recolhimento dos valores relativos ao FGTS na conta vinculada do
empregado, tem maior facilidade de acesso aos respectivos comprovantes, devendo juntá-lo aos autos.
Não o fazendo, a condenação se impõe. Nesse sentido, em 3/6/2016, o TST editou a Súmula nº. 461,
prevendo que: “É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois
o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015)”.

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GABARITO: ALTERNATIVA (C)

3. Sobre as hipóteses de término do contrato de trabalho e a tutela das verbas rescisórias, assinale
a alternativa correta:

a) O empregador só estará obrigado ao pagamento de remuneração de férias proporcionais


ao empregado, por ocasião da extinção do contrato de trabalho, se esta ocorrer após o
término do período aquisitivo de 12 (doze) meses.

b) O ato que concede o benefício de aposentadoria a empregado que não completou 35


(trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou 30 (trinta), se mulher, importa em extinção
do vínculo empregatício.

c) Para o STF, a transação extrajudicial que resulta na rescisão do contrato de trabalho em


virtude da adesão do empregado a plano de demissão voluntária (PDV) implica quitação
exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo correspondente.

d) O STF e o TST convergem quanto ao entendimento de que empregado público celetista


de empresa pública ou sociedade de economia mista pode ser dispensado sem justa causa,
independentemente de motivação, ainda quando devidamente admitido por concurso
público.

e) A nulidade dos contratos de trabalho celebrados com a Administração Pública após a


CF/88, sem prévio concurso público, configura hipótese de rescisão do contrato de trabalho.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. A CRFB estabelece, como direito dos trabalhadores, o gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Esse direito é adquirido após
cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, integrando-se ao patrimônio
do empregado, de modo que, na cessação da relação empregatícia, qualquer que seja a sua causa,
ele terá direito à remuneração correspondente. Quando ultrapassados os doze meses, o empregado
também terá direito ao período incompleto de férias, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês
ou fração superior a 14 (quatorze) dias de serviços prestados. A única exceção a essa regra consiste na
hipótese de dispensa do empregado por justa causa.

E o que acontece se o contrato de trabalho for encerrado antes de o empregador completar o primeiro
período aquisitivo de férias? Dito de outro modo, o que ocorre quando o contrato é extinto após menos
de doze meses de labor?

O art. 147 da CLT prevê que: “o empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de

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trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito
à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior”.
Perceba que o dispositivo se omite no que concerne à extinção do contrato de trabalho por iniciativa
do próprio empregado, permitindo concluir, em uma interpretação literal, que não teria assegurada
a remuneração das férias proporcionais o empregado que pedisse demissão em menos de 12 (doze)
meses de vigência contratual. Contudo, para o TST, conforme previsto nas Súmulas nº. 171 e 261, também
o empregado que toma a iniciativa do desligamento será remunerado pelas férias proporcionais, ainda
que não tenha completado o período de 12 (doze) meses, somente perdendo esse direito se for
dispensado por justa causa.

Alternativa (B): incorreta. O §2º do art. 453 da CLT prevê que o ato de concessão de benefício de
aposentadoria a empregado que não tiver completado 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou
30 (trinta), se mulher, importa em extinção do vínculo empregatício. Dito de outro modo, o dispositivo
estabelece que a aposentadoria espontânea do empregado configura causa de extinção automática
do vínculo empregatício. Só que o STF, no julgamento das ADIs 1.770-4/DF e 1.721-3/DF, declarou esse
parágrafo inconstitucional, por entender que ele acabou criando modalidade de despedida arbitrária/
sem justa causa sem indenização, o que não poderia ter feito sem ofensa ao art. 7º, inciso I, da CRFB, o
qual estabelece uma indenização compensatória como forma de proteção contra esse tipo de dispensa.
Diante disso, a SBDI-1 do TST editou a OJ nº. 351, prevendo que a aposentadoria não é incompatível com
a permanência do empregado no emprego, não implicando a extinção do contrato de trabalho. Assim,
se o empregador optar por colocar fim ao contrato de trabalho na aposentadoria, estará configurada
dispensa sem justa causa, ensejando o pagamento ao empregado da multa de 40% do FGTS.

Alternativa (C): incorreta. O §1º do art. 477, da CLT, estabelece que o pedido de demissão ou recibo
de quitação do contrato de trabalho, em relação a empregado com mais de um ano de serviço (bem
como a empregado estável), somente será válido quando feito com assistência do respectivo sindicato,
ou perante autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego. Com ou sem assistência, o recibo de
quitação deverá especificar a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminar o seu valor. A
quitação dada com a devida assistência dos órgãos mencionados confere eficácia liberatória em relação
às parcelas expressamente previstas no recibo, de modo que somente serão passíveis de discussão no
Judiciário, via de regra, aquelas que houverem sido objeto de ressalva expressa. Nesse sentido, o item I
da Súmula nº. 330 do TST prevê que a quitação não abrange as parcelas não consignadas no recibo e, via
de consequência, também seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas últimas constem do recibo.
O entendimento do TST é análogo em relação ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), por meio
do qual o empregador, objetivando reduzir os quadros da empresa, concede uma vantagem pecuniária
ao empregado que optar por se desligar do trabalho voluntariamente. Nesse sentido, a OJ nº. 270, da
SDI-1, prevê que “a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão
do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores
constantes do recibo”.

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Ocorre que, em abril de 2015, o plenário do STF, no julgamento do RE nº. 590415/SC, submetido à
sistemática da repercussão geral (Rel. Min. Roberto Barroso, j. em 30/04/2015), adotou posição contrária
à do TST, decidindo pela validade da quitação geral, ampla e irrestrita das verbas trabalhistas
decorrentes do contrato de trabalho, desde que prevista expressamente no acordo coletivo que
aprovou o plano e nos demais instrumentos assinados pelo empregado. Isso porque, para a excelsa
Corte, a incidência da proteção nas relações individuais de trabalho é diversa da sua incidência nas
negociações coletivas, em que o poder econômico do empregador é contrabalanceado pelo poder dos
sindicatos que representam os empregados.

Alternativa (D): incorreta. Os empregados das pessoas jurídicas de direito privado componentes da
administração indireta dos entes federados, assim como ocorre em relação às pessoas jurídicas de direito
público, somente podem ingressar no serviço público mediante prévia aprovação em concurso público,
em decorrência da exigência estabelecida no art. 37, II, da CRFB. Não obstante, o TST vinha entendendo
que essas entidades deveriam observar, para a dispensa de seus empregados, apenas o que estabelece
a CLT e a legislação complementar, com fundamento no art. 173, §1º, da CF/88, que determina a sujeição
das empresas públicas e sociedade de economia mista ao regime próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas. Nesse sentido, a OJ nº. 247 da SDI-1 estabelece que a despedida de
empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista, mesmo admitidos por concurso
público, independe de ato motivado para sua validade. Ocorre que, em 2013, o excelso STF, em julgamento
realizado sob a sistemática da repercussão geral (RE 589998/PI, rel. Min. Ricardo Lewandowski), decidiu
que: “servidores de empresas públicas e sociedades deeconomia mista, admitidos por concurso público, não
gozam da estabilidade preconizada no art. 41 da CF, mas sua demissão deve ser sempre motivada”.
Diante disso, algumas turmas do TST passaram a concluir pela necessidade de motivação na dispensa do
empregado público, o que, em breve, deverá levar ao cancelamento da OJ 127 (a qual, no entanto, ainda
permanece vigente).

Alternativa (E): correta. Em sua obra, Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho, 2016, pg.
1252) menciona classificação construída pela doutrina para tratar das diferentes modalidades extintivas do
contrato de trabalho, envolvendo as hipóteses de (1) resilição, (2) resolução e (3) rescisão contratual.
Há também um quarto grupo, inominado, que alberga os demais tipos existentes de ruptura do pacto
laborativo. Nessa classificação, o termo “resilição” se refere às modalidades de ruptura decorrentes do
exercício lícito da vontade das partes, abrangendo o pedido de demissão, a demissão sem justa causa e
o distrato. Já a “resolução” corresponde às hipóteses de ruptura do contrato por descumprimento faltoso
do pacto, mediante o cometimento de infrações, seja por parte do empregado, do empregador, ou de
ambos (demissão por justa causa, resolução indireta e resolução por culpa recíproca). Por fim, o termo
“rescisão” é utilizado para se reportar à ruptura do contrato de trabalho em face da existência de alguma
nulidade no contrato.

São considerados nulos, ensejando a rescisão contratual, tanto os contratos que concretizam atividade
ilícita (ex.: contrato de trabalho envolvendo atividades relacionadas ao jogo do bicho), quanto os contratos

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celebrados pela Administração, após o advento da CRFB/88, sem a observância do requisito da prévia
aprovação em concurso público. Sobre essa última situação mencionada, veja o que diz a Súmula nº. 363
do TST:

CONTRATO NULO. EFEITOS. A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe
conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de
horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos
depósitos do FGTS.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

PROFESSORES: NATALIA MAIA E JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com | profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO CIVIL

4. Considerando as regras especiais de pagamento estabelecidas no Código Civil de 2002, é


correto afirmar:

a) Havendo novação e sendo o credor evicto da coisa recebida, ficará sem efeito a quitação
dada, restabelecendo-se a obrigação primitiva, ressalvados os direitos de terceiros de boa-
fé.

b) A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, sendo plenamente possível
a compensação dos honorários advocatícios quando houver sucumbência recíproca.

c) A menos que haja violência ou dolo, havendo dois ou mais débitos líquidos e vencidos
de mesma natureza, caberá ao credor escolher em qual deles o pagamento oferecido pelo
devedor será imputado.

d) A remissão ou o perdão concedido a um dos codevedores extingue a dívida na parte


a ele correspondente, devendo o credor, ao cobrar a dívida do devedor solidário, abater a
quota do devedor que foi perdoado.

e) A confusão imprópria operada na pessoa do devedor solidário extingue a solidariedade


também em relação aos demais devedores.

COMENTÁRIO

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Alternativa (A): incorreta. A novação consiste em uma forma de pagamento indireto, disciplinada nos
artigos 360 a 367 do Código Civil de 2002, que tem como principal efeito extinguir a dívida, em regra,
com todos os seus acessórios e garantias. Nela, há um negócio jurídico ensejando a substituição de uma
obrigação anterior criada pelas partes por uma nova, sendo o chamado animus novandi (intenção de
novar) elemento decisivo para a sua caracterização. Ressalvadas as obrigações anuláveis, não podem ser
objeto de novação as obrigações nulas ou extintas.

A evicção se caracteriza quando a pessoa que adquiriu um bem vem a perder a sua posse ou propriedade
em decorrência de decisão judicial ou ato administrativo que reconhece que esse bem não poderia ter
sido alienado, porque um terceiro possuía direitos anteriores sobre ele. A configuração da evicção implica
o restabelecimento da obrigação primitiva, tornando sem efeito a quitação dada, somente na dação em
pagamento (art. 359, CC/02), em que não ocorre a substituição de uma obrigação por outra, mas apenas
do objeto da prestação, de modo que os demais elementos do vínculo obrigacional são mantidos. Em
se tratando de novação, por outro lado, a evicção da coisa dada não faz reviver a prestação primitiva.

Alternativa (B): incorreta. A compensação se configura quando duas ou mais pessoas se tornam,
ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra, implicando a extinção das obrigações até o
ponto em que se compensarem, quando se referirem a dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
A diferença na causa das dívidas, como regra, não impede a compensação. A exceção concerne às
situações tratadas nos incisos I a III do art. 373, do CC/02, dentre as quais consta a hipótese de uma
delas se originar de comodato, depósito ou alimentos. No mesmo sentido, também o art. 1.707, do
CC/02, prevê que os alimentos não podem ser objeto de compensação. Como o Novo CPC reconheceu
expressamente a natureza alimentar honorários advocatícios, passou-se a vedar a sua compensação em
caso de sucumbência parcial (art. 85, §14, do CPC/2015). Assim, foi superado o entendimento da Súmula
nº. 306 do STJ, segundo a qual “os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver
sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte”.

Alternativa (C): incorreta. É possível que um devedor possua dois ou mais débitos da mesma natureza,
referentes a dívidas líquidas e vencidas, em face de um mesmo credor. Se, nessa hipótese, o devedor
somente dispuser de quantia suficiente para sanar parte desses débitos, aplica-se a imputação do
pagamento, prevista nos artigos 352 a 355 do Código Civil. O regramento conferido ao instituto tem
por objetivo favorecer o devedor, possibilitando que escolha o débito que pretende extinguir (art. 352, do
CC/02). Apenas se o devedor não fizer qualquer declaração, e, além disso, não houver violência ou dolo
por parte do credor, é que a ele será transferido o direito de escolha, nos termos do art. 353, do CC/02.

Alternativa (D): correta. A remissão também é forma de pagamento indireto, que extingue a obrigação
por meio de um negócio jurídico bilateral (uma vez que deve ser aceita pelo sujeito passivo). Pode ser
total, quando recai sobre a dívida inteira, ou apenas parcial. Havendo pluralidade de devedores solidários,
a remissão concedida a apenas um deles somente extingue a dívida na parte a ele correspondente,
mantendo-se a solidariedade para todos os efeitos. Contudo, o credor não poderá cobrar a dívida em

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relação aos demais devedores sem abater a quota da dívida que foi objeto de remissão. O mesmo,
entretanto, não ocorre na renúncia da solidariedade, já que, nessa hipótese, o credor só abre mão
da garantia que tem de demandar um ou alguns dos devedores por parte da dívida toda, mas não há
diminuição do valor do débito. A respeito do assunto, veja o enunciado nº. 350 da JDC:

“A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão em que o devedor fica inteiramente


liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual co-
devedor insolvente, nos termos do artigo 284”.

Alternativa (E): incorreta. A confusão é a forma de pagamento indireto que se opera quando uma
mesma pessoa, em decorrência de ato inter vivos ou mortis causa, passa a reunir as qualidades de credor
e devedor. Chama-se de total ou própria a confusão que extingue a totalidade da dívida, e de parcial ou
imprópria a confusão que somente se verifica quanto a parte dela. Em relação a essa última hipótese,
prevê o art. 383, do CC/2002, que “a confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só
extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto
ao mais a solidariedade”. Assim, em se tratando de obrigação solidária, a confusão operada apenas em
relação a parte da dívida (imprópria) não extingue a solidariedade em relação ao remanescente.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

5. Sobre os vícios dos negócios jurídicos, NÃO é correto afirmar:

a) O dolo do representante legal de uma das partes obriga o representado a responder


solidariamente com ele pelas perdas e danos causados.

b) A configuração da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do


negócio jurídico.

c) Independente de ser escusável ou não, o erro substancial quanto à qualidade essencial


da pessoa, desde que tenha influído de modo relevante na declaração da vontade, torna
anulável o negócio jurídico.

d) Em caso de remissão de dívida, a caracterização de fraude contra credores independe da


presença de concilium fraudis.

e) A execução voluntária do negócio anulável pela parte, quando ciente do vício que o
inquinava, importa a extinção de todas as ações ou exceções de que contra ele dispusesse
o devedor, salvo direito de terceiro.

COMENTÁRIO

Como explica Flávio Tartuce, os vícios ou defeitos do negócio jurídico que o tornam passível de ação

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anulatória ou declaratória de nulidade dividem-se em vícios de consentimento e vícios sociais, na


medida em que atingem a vontade externada em sua formação ou geram uma repercussão social. São
vícios de consentimento o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. Já os vícios sociais, que
somente passaram a ser previstos a partir do Código Civil de 2002, são a fraude contra credores e a
simulação. Frise-se que, em relação a este último, há debate doutrinário quanto o seu enquadramento
ou não como vício social. Vejamos alguns desses vícios ou defeitos do negócio jurídico.

Alternativa (A): incorreta, devendo ser assinalada. O dolo que vicia a vontade se configura quando
uma pessoa se utiliza de artifícios maliciosos pra enganar outra, levando-a, com o objetivo de obter
vantagem, a praticar ato que não praticaria normalmente. O dolo capaz de ensejar a anulação do
negócio jurídico, vale dizer, é aquele que constitui a própria causa de sua celebração (dolus causam),
também chamado de dolo essencial, substancial ou principal (art. 149, do CC/02). Esse dolo que gera
a anulabilidade do negócio jurídico pode ser tanto do próprio negociante quanto de terceiro, desde
que a pessoa que dele obtiver vantagem (parte no negócio formado pelo dolo) tivesse ou devesse ter
conhecimento da situação. Se não for esse o caso, ou seja, se o beneficiário do dolo não sabia nem tinha
como saber da prática, o negócio jurídico subsistirá, e o próprio terceiro que o praticou, embora em
benefício alheio, responderá por todas as perdas e danos suportadas pelo negociante enganado. Por
fim, o art. 149, do CC/02, diferencia os efeitos do dolo do representante em decorrência da natureza da
representação: se legal ou convencional. No primeiro caso (representação legal), o representado somente
será obrigado a responder civilmente até a importância do proveito que obteve. Já se a representação
decorrer de convenção, representante e representado serão solidariamente responsabilizados pelos
prejuízos advindos da prática.

Alternativa (B): correta. A lesão ocorre, nos termos do art. 157, do CC/02, quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta. Essa desproporção, diferentemente daquela que enseja a revisão/extinção
do negócio por fato superveniente (arts. 317 e 478 do CC/02), é apreciada com base nos valores
ajustados verificados já no momento da formação do negócio jurídico. O §2º do art. 157, do CC/02,
prevê a possibilidade de se afastar a anulação do negócio jurídico quando for oferecido suplemento
suficiente ou quando houver redução do proveito, mediante concordância da parte favorecida. A
interpretação conferida pela doutrina a esse dispositivo, vale dizer, é no sentido de privilegiar o princípio
da conservação dos contratos, entendendo que a regra, em face da lesão, deverá ser a revisão do
negócio jurídico, e não a sua anulação. Assim, admite-se que o lesionado deduza, desde logo, pretensão
com vistas à revisão do negócio, mediante redução do proveito do lesionador ou complemento do preço.
Também visando a esse objetivo, deverá o juiz incitar as partes a convencionar uma dessas possibilidades,
de modo a conservar o negócio jurídico celebrado (enunciados nº. 149 e 291 do CJF/STJ).

Alternativa (C): correta. A declaração de vontade viciada por erro substancial torna anulável o negócio
jurídico, conforme prevê o art. 138, do CC/02, na hipótese em que o erro poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Dito de outro modo, pela redação

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do artigo, é irrelevante, na configuração do erro capaz de anular o negócio jurídico, que ele seja ou
não “escusável”, uma vez que a sistemática do Código Civil atual adotou o princípio da confiança,
valorizando a eticidade (Enunciado nº. 12 da I Jornada de Direito Civil). O erro é considerado substancial
quando encerra qualquer das hipóteses elencadas no art. 139, do CC/02. Dentre elas, qualifica-se como
substancial o erro quanto à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração
de vontade, sempre que nela houver influído de maneira relevante. Em suma, a possibilidade de anular o
negócio por erro substancial quanto à pessoa ocorre quando se constata que a noção de sua identidade
ou de qualidade a ela essencial que deu causa à manifestação da vontade, na verdade, decorreu de um
engano, de uma falsa percepção.

Alternativa (D): correta. A conduta do devedor que, sabendo que está insolvente ou prestes a se
tornar insolvente, resolve dispor de seus bens, de forma gratuita ou onerosa, objetivando se esquivar de
responder, com seu patrimônio, por obrigações anteriormente assumidas, caracteriza o vício da fraude
contra credores. Essa anterioridade do crédito é aferida pela data da conduta que o originou, ou seja,
pela data da sua causa, independentemente de prévio reconhecimento judicial da obrigação. O negócio
que caracteriza fraude contra credores pode ser anulado, em até 4 (quatro) anos após a sua celebração,
mediante o ajuizamento da chamada ação pauliana. O CPC de 2015, vale dizer, manteve a premissa
de que a fraude contra credores é causa de anulabilidade do negócio jurídico, como se pode verificar
do teor do art. 790, inciso IV, o qual prevê que estão sujeitos à execução os bens “cuja alienação ou
gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude
contra credores”. Pois bem. Em regra, na fraude contra credores, verifica-se, além do elemento objetivo,
concernente à própria atuação prejudicial do devedor, também um elemento subjetivo, consistente na
intenção, na vontade de prejudicar, também chamada de consilium fraudis. Em relação aos casos de
disposição gratuita de bens ou remissão de dívidas, contudo, o art. 158 do CC/02 dispensa esse elemento
subjetivo na caracterização do vício social, ao estabelecer que tais negócios poderão ser anulados se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore.

Alternativa (E): correta. Ao prever a possibilidade de o negócio anulável ser confirmado pelas partes,
salvo direito de terceiro, o art. 172, do CC/2002, trata do que se convencionou chamar de “convalidação
livre da anulabilidade”. Para atingir o fim a que se propõe, ou seja, para que tenha aptidão para conservar
o negócio jurídico, o ato de confirmação, em regra, deve ser qualificado por um elemento objetivo (conter
a substância do negócio jurídico celebrado), associado a um elemento subjetivo (vontade expressa de
mantê-lo). Entretanto, a confirmação expressa consubstanciada por esse ato deixa de ser necessária
quando o devedor, já ciente do vício que inquinava o negócio jurídico, dá início ao seu cumprimento.
Expressa ou tácita, fato é que a confirmação é irrevogável, importando, consoante prevê o art. 175, do
CC/2002, a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

6. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código

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Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os vícios redibitórios, evicção e temas
correlatos:

a) Como regra, o doador não responde pela evicção, nem mesmo pelo vício redibitório,
contudo, nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará
sujeito à evicção, considerando-se não escrita a convenção em contrário. Já nos casos de
vício ou defeito da coisa, pagará apenas as perdas e danos, se o conhecia; se não o conhecia,
restituirá somente as despesas do contrato.

b) Constatada a evicção, o alienante deve restituir em dobro o valor pago, a título de


sanção civil, quando contratualmente prevista, inexistindo vedação legal;

c) Sobre a tutela da evicção no Código Civil, é correto afirmar que se o adquirente tiver
auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, tais valores
não serão deduzidos da quantia que lhe houver de dar o alienante, além de que não pode
o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa;

d) As benfeitorias, sejam elas necessárias, úteis ou voluptuárias, não abonadas ao que


sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante;

e) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta mais perdas e danos, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

COMENTÁRIO

Cobramos nessa questão os temas da evicção e dos vícios redibitórios, que são assuntos extremamente
recorrentes em provas objetivas das principais bancas, constituindo-se em matéria de obrigatório
conhecimento pelos candidatos. Vamos conceituar brevemente os institutos e, após, comentar as
assertivas. Novamente, recomenda-se atenta leitura dos dispositivos legais pertinentes.

Evicção: segundo Cristiano Vieira Sobral Pinto, (in Direito Civil Sistematizado, 5ª Edição, 2015, Editora
Método), a “evicção se dá pela perda da coisa, adquirida em contrato oneroso, por força de decisão judicial,
ou apreensão administrativa, mesmo se a aquisição for em hasta pública. O entendimento anterior era a
adoção da evicção somente nos casos de sentença judicial, mas hoje vigora o conceito acima”.

Vícios redibitórios: Segundo Cristiano Vieira Sobral Pinto, (in op. citada), “são vícios que geram a
impropriedade do bem, tornando o mesmo inadequado ao fim destinado ou diminuindo o seu
valor. Tal vício é o conhecido como vício oculto. Note-se que o Código Civil só deu proteção ao vício
oculto. De forma diversa o Código de Defesa do Consumidor, que, além de defender o adquirente
em face dos vícios ocultos, também o protegeu na ocorrência de vícios aparentes ou de fácil
constatação. Os mesmos aplicam-se aos contratos bilaterais, onerosos; da mesma forma, têm aplicação

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nas doações onerosas (doação remuneratória e modal),bem como nos contratos comutativos”.

Alternativa (A): incorreta. De fato, como regra, as chamadas doações puras não se submetem à evicção
e aos efeitos dos vícios redibitórios, ao passo que, como exceção, nas doações para casamento com certa
e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.

Nesse sentido é o que dispõe o Art. 552, do Código Civil de 2002: “O doador não é obrigado a pagar
juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para
casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção
em contrário”. Portanto, é possível convencionar a exclusão da garantia da evicção, em caso de doação
para casamento com certa e determinada pessoa.

Saliente-se que, nas demais doações com encargo, segundo a doutrina, haverá responsabilidade
por evicção ou vícios redibitórios, sendo esta proporcional ao serviço prestado ou ao encargo.

Por fim, o outro erro da assertiva está em não apontar, expressamente, a necessidade de restituição
do valor da coisa, em caso de vícios ou defeitos ocultos: “Art. 443, CC/2002. Se o alienante conhecia
o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-
somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato”.

Alternativa (B): correta. Tratando-se de direito disponível, a garantia pelos riscos da evicção
pode ser aumentada (com estipulação de cláusula penal, fiança ou restituição em dobro, por
exemplo), diminuída (retirando-se a indenização pelos frutos, por exemplo) ou ainda excluída. Tais
possibilidades podem ocorrer somente se houver cláusula expressa, não existindo qualquer vedação legal
para o reforço da garantia até o dobro do valor da prestação, conforme deixa transparecer o Art. 448,
do Código Civil: “Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção”.

Ressalte-se, por oportuno, que a exclusão integral necessita de mais requisitos. Além da cláusula
que a preveja, o adquirente deve ser informado dos riscos que ameaçam a coisa e assumi-los. Se
não estiverem presentes todas estas exigências a exclusão não será total, cabendo ao alienante a
responsabilidade sobre o valor da coisa ao tempo da evença.

Há ainda a exclusão prevista legalmente (Art.457 do CC), em que será afastada a garantia completamente
em situações que o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, primando pelo princípio da boa-
fé objetiva. Em hipóteses de exclusão integral da garantia, os contratos irão adquirir natureza aleatória,
não atendendo mais ao princípio da equivalência das prestações, norteador das obrigações comutativas.

Alternativa (C): incorreta. A questão vai de encontro ao que dispõe o Art. 452, do CC/2002: “Se o
adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor
das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante”. Tal dispositivo legal é
melhor interpretado quando conjugado com o Art. 451 do CC/2002: “Subsiste para o alienante esta
obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente”.

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O que tais dispositivos legais intencionam dizer, segundo Flávio Tartuce (in Manual de Direito Civil, v.
único, 5ª Ed., 2015, Editora Método), é que:

“(...) a responsabilidade do alienante pela evicção total ou parcial permanece ainda que
a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Exemplificando,
não poderá o adquirente haver a coisa deteriorada para si sabendo do vício e depois se insurgir,
pleiteando o que consta do art. 450 do CC. Mas, se o evicto (adquirente) tiver auferido vantagens
das deteriorações e não tiver sido condenado a pagar tais valores ao evictor (alienante), o valor
dessas vantagens deverá ser deduzido da quantia pleiteada do alienante (art. 452 do CC), regra
sintonizada com a vedação do enriquecimento sem causa”.

Por fim, está correta a parte final da questão, quando afirma que não pode o adquirente demandar pela
evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, por retratar exatamente o que consta no Art. 457 do
CC/2002, regra essa que está em estrita consonância com a principiologia do Código, que prestigia a
boa-fé nas relações jurídicas.

Alternativa (D): incorreta. O Art. 453 do CC/2002 não menciona as benfeitorias voluptuárias, como
indenizáveis pelo evictor: “As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,
serão pagas pelo alienante”. Flávio Tartuce (in op. citada), por outro lado, aponta que as benfeitorias
abonadas ao que sofreu a evicção, se tiverem sido feitas pelo alienante, o valor destas deverá ser levado
em conta na restituição devida (art. 454 do CC).

Ressalte-se que, quanto às benfeitorias voluptuárias, por inexistir previsão específica no capítulo
sobre o instituto da evicção devem ser aplicadas as regras do Art. 1.219 do CC/2002, em caso de
posse de boa-fé (“O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e
úteis”) ou do art. 1.220, em caso de posse de má-fé (“Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias”).

Alternativa (E): incorreta. A assertiva está incorreta apenas por afirmar que o evicto terá direito
à indenização por perdas e danos, pois o art. 449 do CC/2002 garante apenas a devolução do que
foi pago, nos casos em que o adquirente não soube do risco ou, dele informado, não o assumiu: “Não
obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o
preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu”.

Saliente-se que, nesses casos, na restituição ao evicto incluem-se também os valores previstos no art. 450
do CC/2002: indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; indenização pelas despesas dos
contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; e às custas judiciais e aos honorários
do advogado por ele constituído.

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GABARITO: ALTERNATIVA (B)

Gabarito: “B”

7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942)
e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:

a) Tendo os nubentes domicílios diversos, regerá os casos de invalidade do matrimônio


a lei do último domicílio conjugal, sendo que o regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do
primeiro domicílio conjugal.

b) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora do território
nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando esta for mais favorável
ao cônjuge e aos filhos brasileiros, desde que todos os bens estejam localizados no Brasil.

c) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados, no entanto, aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para
outros lugares, e, em relação ao penhor, aplica-se a lei do local em que firmada a obrigação
de garantia.

d) A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o


proponente, aplicando-se a lei do país em que constituída, como regra, para qualificar e
reger as obrigações. De outro modo, destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil
e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.

e) Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles


tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir
no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação, incluindo os que sirvam de sede
dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

COMENTÁRIO

O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, já que a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB), antiga Lei de Introdução ao Código Civil (modificação de nomenclatura jurídica
foi operada através da Lei n. 12.376/2010) é considerada verdadeira norma de sobredireito, em razão de
sua abrangência, pois, segundo Flávio Tartuce (in op. citada), os seus:

“(...) artigos que trazem em seu conteúdo regras quanto à vigência das leis (arts. 1.º e 2.º), a

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respeito da aplicação da norma jurídica no tempo (arts. 3.º a 6.º), bem como no que concerne
à sua subsistência no espaço, em especial nas questões de Direito Internacional (arts. 7.º a 19)”.

Segue o mesmo afirmando que:

“Ademais, atribui-se à Lei de Introdução o papel de apontar as fontes do Direito Privado


em complemento à própria lei. Não se pode esquecer que o art. 4.º da Lei de Introdução
enuncia as fontes formais secundárias, aplicadas inicialmente na falta da lei: a analogia, os
costumes e os princípios gerais do Direito”.

As provas objetivas sobre o tema costumam cobrar apenas a literalidade desse ato normativo, razão pela
qual foi esse o foco da questão, que procurou condensar os principais dispositivos legais cobrados pelas
bancas. Sobre esse assunto, é essencial que o aluno sempre procure ler os dispositivos legais da LINDB,
notadamente os destacados nos comentários.

Alternativa (A): incorreta. A assertiva aborda situação que enseja a aplicação do disposto no Art. 7º,
§ 3º, c/c § 4º, e o erro do enunciado consiste no fato de apontar como domicílio para aferição
da invalidade do matrimônio o do último domicílio conjugal, quando, na verdade, será o do
primeiro domicílio do casal. Segue o texto legal:

Art. 7º, § 3º: “(...) Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4º. O regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro
domicílio conjugal”.

Alternativa (B): incorreta. O erro do enunciado é sutil, pois a aplicação da lei brasileira ou estrangeira,
quando mais benéfica ao cônjuge ou filhos brasileiros, se restringe apenas aos bens situados no
país. Vejam o que dispõe o art. 10 da LINDB:

“A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de
bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
regula a capacidade para suceder”.

Alternativa (C): incorreta. O enunciado cobrou o art. 8º da LINDB, estando errado, afirma que o penhor
regula-se pela lei do local onde firmada a garantia, uma vez que é aplicável a legislação do domicílio
que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa dada em penhor. Confiram a redação do Art. 8º em
comento:

“Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em
que estiverem situados. § 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário,
quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. §

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2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a
coisa apenhada”.

Portanto, sobre os bens, temos as seguintes normas de conexão para qualifica-los e regular suas relações:
1º) Lei do país em que estiverem situados; 2º) Lei do domicílio do proprietário, quanto aos bens
moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares; 3º) Quanto ao penhor:
lei do domicílio da pessoa que esteja na posse do bem empenhado.

Alternativa (D): correta. O enunciado está em ampla consonância com o disposto no art. 9º da LINDB:

“Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. § 1º.
Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será
esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos
do ato. § 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir
o proponente”.

Portanto, sobre as obrigações são, basicamente, duas regras: 1º) Qualificam e as regem a lei do
país em que se constituírem; 2º) Quando a obrigação for ser executada no Brasil, a lei estrangeira
poderá ser aplicada em relação aos requisitos extrínsecos do ato.

Alternativa (E): incorreta. De início, é correto afirmar que:

“Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptiveis de desapropriação” (Art. 11, § 1º, da LINDB).

O erro do enunciado reside na afirmação de que os Governos Estrangeiros não podem adquirir
suas próprias sedes, já que, segundo o art. 11, § 3º, da LINDB, “Os Governos estrangeiros podem adquirir
a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares”.

Destaque-se, por oportuno, que a vedação a que organismos ou governos estrangeiros adquiram bens
imóveis no Brasil decorre de regra que objetiva preservar a soberania nacional, uma vez que a propriedade
de bens imóveis estratégicos poderiam, de outro modo, residir em mãos de interesses estrangeiros,
afetando a prestação de serviços públicos, fiscalização de fronteiras, etc.

OBS: não confundam essa vedação com outras presentes na Constituição e Lei esparsas, quanto
à aquisição, por exemplo, de imóveis rurais, que encontra limitações para pessoas físicas ou jurídicas
estrangeiras, como na Lei n. 5.709/1971.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

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PROFESSOR: JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta sobre provas no Direito Processual Penal:

a) Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto,


farão a prova em conjunto, sendo possível a comunicação entre elas exclusivamente quanto
ao objeto da prova, similarmente à acareação, a qual será admitida entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre
que divergirem, em suas declarações, a respeito de fatos ou circunstâncias relevantes.

b) O STF entende que o art. 1º da Lei 9.296/1996 (“A interceptação de comunicações


telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente
da ação principal, sob segredo de justiça”) não fixa regra de competência, mas sim reserva
de jurisdição para quebra de sigilo.

c) Conforme o entendimento pacificado do STJ, há necessidade de degravação dos


diálogos objeto de interceptação telefônica em sua integralidade, uma vez que, embora a
Lei 9.296/96 não faça qualquer exigência nesse sentido, pode haver severo comprometido
do direito à ampla defesa por eventual transcrição parcial e manipulação do contexto fático
probatório, com potencial de induzir o órgão julgador a erro.

d) Deve ser anulado o depoimento de testemunha que, após a sequência da instrução


processual, vira réu, por superveniente descoberta de sua participação no esquema
criminoso.

e) De acordo com o CPP, a confissão do réu pode suprir o exame do corpo de delito,
quando a infração deixar vestígios, desde que em conjunto com a colheita de depoimentos
de testemunhas.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Segundo o Professor Renato Brasileiro, o reconhecimento de pessoas ou coisas
é “(...) meio de prova por meio do qual alguém identifica uma pessoa ou coisa que lhe é mostrada com
pessoa ou coisa que já havia visto, ou que já conhecia, em ato processual praticado perante a autoridade

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policial ou judiciária, segundo o procedimento previsto em lei”.

Na espécie, cobrou-se o conhecimento do disposto no Art. 228 do Código de Processo Penal – CPP,
o qual aponta que “Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas”. A
intenção da norma é clara, de evitar que as testemunhas do fato “contaminem” o reconhecimento a ser
efetuado por outras, tal como ocorre no depoimento em Juízo.

Por outro lado, Renato Brasileiro (in op. citada), citando Mirabete, aponta que “acarear (ou acoroar) é pôr
em presença uma da outra, face a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A acareação é, portanto
o ato processual consistente na confrontação das declarações de dois ou mais acusados, testemunhas ou
ofendidos, já ouvidos, e destinado a obter o convencimento do juiz sobre a verdade de algum fato em que
as declarações dessas pessoas forem divergentes”.

Portanto, está correta a parte final da questão, na medida em que a acareação pode ocorrer entre
testemunhas e na presença simultânea de ambas, com o intuito de esclarecer a divergência de
depoimentos, conforme ressalta o Art. 229 do CPP:

“A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes”.

Alternativa (B): correta. Confiram o Informativo 816 do STF:

“É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de
Central de Inquéritos Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura
ação penal que será proposta. Não há, neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação
ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, considerando que este dispositivo não fixa regra de competência,
mas sim reserva de jurisdição para quebra do sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele
não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve ser
decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). Admite-se a divisão de tarefas entre juízes
que atuam na fase de inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuar
na fase pré-processual decretando medidas que dependam da intervenção do Poder
Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o competente para
julgar a ação penal que será proposta posteriormente”. (STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016).

Alternativa (C): incorreta. Esse tema é reiteradamente cobrado nas fases objetivas de concursos. É
pacífica a jurisprudência do STF e do STJ em sentido contrário ao do enunciado, ou seja, pela
desnecessidade de transcrição integral dos diálogos captados via interceptação telefônica. Não
há qualquer comprometimento ao direito de defesa, uma vez que os acusados tem acesso à integra das
mídias e podem, com isso, transcrever os trechos de seu interesse, a fim de subsidiar sua defesa.

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Confiram julgado pertinente ao tema:

“A Corte local assentou de forma expressa que foi franqueado o acesso a todas as mídias.
Ademais, a alegação no sentido de que deveriam ter sido degravadas todas as conversas
interceptadas, não merece prosperar pois, “de acordo com a jurisprudência consolidada
deste Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de degravação dos diálogos
objeto de interceptação telefônica em sua integralidade, visto que a Lei 9.296/96 não faz
qualquer exigência nesse sentido” (STJ, HC 284.574/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, 5ª Turma, julgado em 03/05/2016).

Alternativa (D): incorreta. Também no Informativo n. 816 do STF, a Suprema Corte afirmou:

“não prosperar a alegação de nulidade do depoimento prestado pela denunciada


perante o Ministério Público, ao argumento de que teria sido ouvida como testemunha
e não como investigada, o que comprometeria o direito de não autoincriminação.
Isso porque, embora ela tivesse sido ouvida na condição de testemunha e assumido
o compromisso de dizer a verdade, constaria do termo de depoimento que ela teria
sido informada de que estariam ressalvadas daquele compromisso “as garantias
constitucionais aplicáveis” (Inq 3983/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 2 e 3.2016).

Portanto, não há prejuízo ao depoimento prestado na condição de testemunha, quando, após, esse
sujeito vira réu no processo, pois, mesmo naquela condição, a garantia da não autoincriminação
estaria plenamente assegurada.

Alternativa (E): incorreta. De início, é preciso destacar que a confissão não pode suprir o exame de corpo
de delito, quando a infração deixar vestígios. Nesse sentido é o que prescreve o art. 158 do CPP:

“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”. Por outro lado, observem o que
prescreve o Art. 167 do CPP: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”.

Sobre o tema, Renato Brasileiro (Manual de Direito Processual Penal, op. já citada) aponta que:

“A despeito da disposição expressa do art. 158 do CPP, o STJ tem emprestado valor
probatório à confissão em relação ao corpo de delito, notadamente quando a ela se
somam outros elementos probatórios. Na visão da 5ª Turma do STJ, “no processo penal
moderno, é possível a supressão do exame de corpo de delito pela confissão do acusado e por
outras provas para a configuração da qualificadora no furto, uma vez que não há hierarquia
entre as provas, e tudo que for lícito será usado na busca da verdade real. In casu, estão acostados
o auto de verificação e descrição do local do delito, a confissão do acusado e depoimento da
vítima”.

Portanto, a literalidade do CPP torna incorreta a primeira parte da assertiva, no entanto, a jurisprudência

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tende a mitigar o rigor do texto legal, quando existente forte conjunto probatório que permita
a produção do chamado corpo de delito “indireto” – ou seja, por meio de testemunhas e confissão.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

9. Em relação a crimes contra a administração pública em geral e temas correlatos, assinale a


alternativa incorreta:

a) O crime de falsa perícia admite a tentativa e a coautoria, ao passo que o crime de falso
testemunho, previsto no mesmo tipo penal, não admite, segundo a doutrina majoritária, a
coautoria, admitindo apenas a participação.

b) Constitui crime o recrutamento de trabalhadores, mediante ardil, com o fim de levá-


los para território estrangeiro, desde que em número superior a dois trabalhadores e que
inexista vantagem econômica para os aliciados.

c) Os prefeitos podem incorrer na prática de peculato de uso, em razão do disposto no art.


1º, II, do Decreto-lei 201/1967.

d) Configura-se crime contra Administração da Justiça tirar, suprimir, destruir ou danificar


coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou até mesmo
convenção.

e) Não caracteriza o delito de desobediência (CP, art. 330) a conduta do agente, que,
embora não atendendo a ordem judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal
insubmissão, ao pagamento de multa diária (‘astreinte’) fixada pelo magistrado com a
finalidade específica de compelir, legitimamente, o devedor a cumprir o preceito.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): correta. Sobre os crimes de mão própria, que são os que somente podem ser praticados
pelo sujeito expressamente indicado pelo tipo penal, como os de falso testemunho e de falsa perícia, eles
são, via de regra, incompatíveis com a coautoria.

No entanto, segundo Cléber Masson, existe somente uma exceção a esta regra, relativa ao crime
de falsa perícia (art. 342 do CP) praticado em concurso por dois ou mais peritos, contadores,
tradutores ou intérpretes, como na hipótese em que dois peritos subscrevem dolosamente o mesmo
laudo falso. Trata-se de crime de mão própria cometido em coautoria.

Já sobre a tentativa, o mesmo autor afirma que:

“Na hipótese de falsa perícia, na qual a falsidade se exterioriza na entrega do laudo

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à autoridade, é cabível o conatus. No tocante ao falso testemunho, duas situações devem


ser separadas. Na conduta de “calar a verdade”, conhecida como reticência, é indiscutível a
inaceitabilidade da tentativa, pois a natureza unissubsistente do crime é incompatível com
o fracionamento do iter criminis (crime omissivo próprio ou puro). Em relação às condutas
típicas “fazer afirmação falsa” e “negar a verdade” há três posições acerca da viabilidade
da tentativa: 1) Não se admite a tentativa, pois antes do encerramento do depoimento
há meros atos preparatórios, e após a assinatura do termo pela testemunha o crime está
consumado. É, entre outros, o pensamento de Magalhães Noronha, e dominante na seara
doutrinária; 2) É cabível a tentativa na hipótese em que, por circunstâncias alheias à
vontade do agente, o falso testemunho não se consuma. É o entendimento adotado, entre
outros, por Nélson Hungria; 3) Somente se admite o conatus em relação ao depoimento
prestado pela forma escrita, nos termos do art. 221, § 1º, do CPP, pois nesse caso o crime é
plurissubsistente. É o raciocínio de Cezar Roberto Bitencourt”.

Portanto, majoritariamente, a doutrina recusa a possibilidade de tentativa no falso testemunho,


consentindo, por outro lado, nos casos de falsa perícia, pela possibilidade, em tese, de
fracionamento da conduta quanto a esta última infração.

OBS: Em que pese o posicionamento pela vedação de coautoria, o Superior Tribunal de Justiça, assim
como o Supremo Tribunal Federal, manifestam o entendimento pacífico quanto à possibilidade de
participação do advogado que, ilicitamente, instrui a testemunha no crime de falso testemunho
– confiram o julgado do STJ HC 45.733/SP, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa.

Alternativa (B): incorreta. A lei não afasta a tipificação do crime de “Aliciamento para o fim de emigração”
em caso de benefício econômico para o trabalhador, conforme é possível atestar pelo disposto no art. 206
do Código Penal: “Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território
estrangeiro”.

Ademais, segundo Masson, o núcleo do tipo é “recrutar”, aliciar, no sentido de seduzir, atrair interessados,
sendo imprescindível que o recrutamento efetive-se mediante fraude, isto é, com emprego de
artifício, ardil ou de qualquer outro meio fraudulento.

Por fim, a lei fala em “trabalhadores”, razão pela qual o referido Autor defende que devem existir,
no mínimo, três pessoas, pois quando o Código Penal deseja somente duas pessoas ou então ao
menos quatro indivíduos ele o faz expressamente.

Alternativa (C): correta. Sobre o tema, imperioso trazer os ensinamentos de Cléber Masson (in Código
Penal Comentado, 2ª Edição, 2014, Editora Método), que esgota o assunto:

“Peculato de uso: Dá-se na hipótese em que o funcionário público apropria-se, desvia,


subtrai bem móvel, público ou particular que se encontra sob a custódia da Administração
Pública, para posteriormente restituí-lo. A doutrina diverge sobre a possibilidade de

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admitir-se a figura do peculato de uso.

Uma primeira corrente entende que a intenção (falsa ou verdadeira) de restituir o bem
móvel de que o agente apropriou-se, desviou ou subtraiu não exclui o peculato doloso,
pouco importando se o funcionário público possui recursos financeiros para tanto, bem como se
a coisa era fungível ou infungível. Não admite, portanto, a figura do peculato de uso. Também
não se afasta o crime com a prova de que se produziu alguma vantagem para a Administração
Pública, pois a vantagem indevida não deve aproveitar ao Estado. Se a coisa móvel é utilizada
em fim diverso daquele a que era destinado, desde que o agente vise a proveito próprio ou
alheio, apresenta-se o peculato na modalidade desvio.

Por outro lado, há quem admita o peculato de uso, considerando-o fato irrelevante. Para
os partidários dessa linha de pensamento, é atípico o fato relacionado ao uso momentâneo de
coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido
da sua integral restituição a quem de direito. Os dispositivos em estudo (art. 312, caput e § 1º)
são peremptórios ao exigirem a apropriação, o desvio ou a subtração de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular. No entanto, mesmo para os defensores desta
posição, caracteriza-se o crime de peculato no tocante aos bens fungíveis, dos quais o dinheiro
é o exemplo por excelência. E, em relação aos bens fungíveis, pode surgir a figura do peculato
de quantidade, ou desfalque de caixa, expressões empregadas para indicar a apropriação
ou o desvio de coisas fungíveis quando o desfalque seja encoberto pelo estorno de outras
coisas fungíveis. Vale destacar que o simples uso do bem caracteriza ilícito de outra natureza,
consistente em ato de improbidade administrativa (art. 9º, IV, da Lei 8.429/1992).

Independentemente da teoria adotada acerca do peculato de uso, se o sujeito ativo


for Prefeito, e somente para esta pessoa, o uso de bens, rendas ou serviços públicos
configura o crime delineado pelo art. 1º, II, do Decreto-lei 201/1967”.

Alternativa (D): correta. É o que consta do art. 346 do Código Penal, inserido no mesmo capítulo do
crime de “Exercício Arbitrário das Próprias Razões”, embora como tipo próprio: “Tirar, suprimir, destruir
ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena
- detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.

Sobre essa infração penal, Masson (in op. citada) aponta que o legislador não atribuiu nomen iuris à conduta
de “tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação
judicial ou convenção”, porém, a doutrina, levando em conta a descrição típica, convencionou chamar este
crime de “subtração ou dano de coisa própria em poder de terceiro”. “furto ou dano de coisa própria em
poder de terceiro”, “subtração, supressão ou danificação da coisa própria no legítimo poder de terceiro”
(terminologia adotada pelo CP/1969, revogado durante seu período de vacatio legis), “inovação sobre
coisa própria” ou “modalidade de exercício arbitrário das próprias razões” (nomenclatura já utilizada
pelo STJ no HC 128.937/SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 02.06.2009, noticiado no

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Informativo 397), embora mais severamente punida.

Alternativa (E): correta. O crime de desobediência está previsto no Art. 330 do Código Penal:

“Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis
meses, e multa”.

Segundo Masson (op. citada), a doutrina e a jurisprudência firmaram-se no sentido de que, quando
alguma lei comina determinada sanção civil ou administrativa para o descumprimento de ordem
legal de funcionário público, somente incidirá o crime em análise se a mencionada lei ressalvar
expressamente a aplicação cumulativa do delito de desobediência. Incide na espécie o princípio da
independência das instâncias civil, administrativa e penal.

Em consonância com esse entendimento, segundo o STF:

“Não se reveste de tipicidade penal – descaracterizando-se, desse modo, o delito de


desobediência (CP, art. 330) – a conduta do agente, que, embora não atendendo a ordem
judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal insubmissão, ao pagamento
de multa diária (‘astreinte’) fixada pela magistrado com a finalidade específica de
compelir, legitimamente, o devedor a cumprir o preceito” (STF: HC 86.254/RS, rel. Min.
Celso de Mello, 2ª Turma, j. 25.10.2005).

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

10. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a


legislação penal, assinale a alternativa correta sobre crimes contra a fé pública e a administração
pública em geral:

a) O dentista, o médico ou o psicólogo que, no exercício da profissão, dão atestado


falso, incorrem nas penas previstas para o crime de falsidade ideológica, ao passo que o
trabalhador que utiliza o atestado falso, emitido por dentista, médico ou psicólogo, comete
crime de uso de documento falso.

b) O indivíduo que falsifica, para posterior utilização, bilhete ou passe de trânsito


concedido por empresa de transporte coletivo municipal pratica os crimes de falsificação
de documento público e de uso de documento falso, em concurso material. Já o agente
que faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou símbolos identificadores de órgãos da
administração pública comete crime de falsificação de selo ou sinal público.

c) Segundo o Código Penal, o crime intitulado fraudes em certames de interesse público,


atentatório contra a administração pública, consiste na conduta de utilizar ou divulgar,
indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade

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do certame, conteúdo sigiloso de concurso público; avaliação ou exame públicos; processo


seletivo para ingresso no ensino superior; ou, exame ou processo seletivo previstos em lei.
Comete a mesma infração penal quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de
pessoas não autorizadas às informações mencionadas acima.

d) Não configura desacato a ofensa dirigida a funcionário público, em razão de suas


funções, se não estiver no exercício dessas funções no momento da ofensa.

e) Caracteriza falsificação de documento público, por equiparação, a alteração de


testamento particular, ações de sociedade comercial, título ao portador ou transmissível
por endosso, livros mercantis e o documento emanado de entidade paraestatal, não se
inserindo em tal conceito a nota fiscal emitida por particulares.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Observem o que prescreve o art. 302 do Código Penal: “Dar o médico, no
exercício da sua profissão, atestado falso: Pena — detenção, de um mês a um ano”. Portanto, como se
pode extrair da própria redação do artigo, o crime em análise pressupõe que um profissional da medicina
forneça um atestado médico falso a alguém.

Sobre isso, explica Masson (in Código Penal Comentado, op. já citada): “O crime é próprio ou especial,
pois somente pode ser cometido pelo médico. Sua área de especialização é irrelevante. Admite-se o
concurso de pessoas (coautoria e participação). Excluem-se os dentistas, psicólogos e fisioterapeutas,
entre outros. E, nesse ponto, o legislador criou uma situação contraditória, pois o fornecimento de
atestados falsos por tais profissionais configura o delito de falsidade ideológica (art. 299 do CP), cuja
pena é sensivelmente mais grave. E, além de ser profissional da medicina, o agente deve dar o falso
atestado “no exercício da sua profissão”, isto é, a afirmação há de relacionar-se com o estado de saúde do
solicitante. O beneficiário do atestado médico falso que o utiliza, ciente da sua origem, comete o crime
de uso de documento falso (art. 304 do CP)”.

Portanto, o crime só se caracteriza quando o conteúdo do atestado refere-se às funções típicas dos
médicos: existência de certa doença, necessidade de repouso para convalescência, atendimento de
pessoa em consulta médica, atestado de óbito, etc. Cuida-se de crime próprio, pois só pode ser
cometido por médico. Admite-se, porém, a participação de terceiro.

Se o particular, autor do atestado falso, é dentista, veterinário ou qualquer outro profissional que não
seja da área médica, não estará configurado o crime em tela, e sim o de falsidade ideológica, do art. 299.

OBS: Por outro lado, quem não é médico e falsifica atestado médico comete o crime do art. 301, § 1º, do
Código Penal:

“Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância
que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou

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qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 1º - Falsificar, no todo
ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a
dois anos”.

OBS2: quando o médico fornece o atestado no desempenho de função pública (por trabalhar em hospital
público, por exemplo), comete o crime do art. 301, caput, do Código Penal, que é mais grave.

Alternativa (B): incorreta. No caso da conduta do indivíduo que falsifica, para posterior utilização, bilhete
ou passe de trânsito concedido por empresa de transporte coletivo municipal, é pacífico na doutrina e
jurisprudência que o agente que pratica tais condutas de falsificar documento e, em seguida, de
usar o documento falsificado, deve responder por apenas um delito. A divergência está em saber
em que tipo penal – se falsificação de documento público ou uso de documento falso – estará ele incurso.

O entendimento sufragado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal
de Justiça é de que se o mesmo sujeito falsifica e, em seguida, usa o documento falsificado, responde
apenas pela falsificação, conforme expõe o HC 150.242⁄ES, cuja Relatora é a Ministra Maria Thereza de
Assis Moura, julgado no âmbito do STJ.

Por sua vez, está correta a segunda parte da questão, que cobrou o conhecimento do crime de “Falsificação
do selo ou sinal público”, previsto no Art. 296 do CP:

“Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: (...) III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos
ou entidades da Administração Pública”.

Alternativa (C): incorreta. O único erro da assertiva é que o crime mencionado, previsto no art. 311-A e
incisos do CP, não é atentatório contra à administração pública, mas, sim, trata-se de crime contra a “Fé
Pública”, inserido no Título X do CP. Portanto, segundo a posição topográfica, o bem jurídico protegido
é a fé pública.

Alternativa (D): incorreta. Sobre o crime de Desacato, está previsto no Art. 331 – do CP: “Desacatar
funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
ou multa”.

Segundo explica Cléber Masson, o crime de desacato pode ser praticado no exercício da função (desacato
in officio) ou em razão da função pública (propter officium). Nesse, o funcionário público está fora da
repartição pública e não desempenha nenhum ato de ofício, mas a ofensa contra ele proferida vincula-
se à sua função pública. Naquele o funcionário público encontra-se desempenhando sua função, isto é,
realizando atos de ofício.

Portanto, o desacato ocorrerá ainda que o funcionário público não esteja no efetivo exercício de
suas funções, mas desde que a estas se refira.

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Alternativa (E): correta. A Falsificação de documento público está prevista no art. 297 do CP:

“Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:


Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa”.

Observem que o § 2º desse artigo estabelece os documentos que se equiparam a documento público,
para fins penais:

“Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade


paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
comercial, os livros mercantis e o testamento particular”.

Vejam que a nota fiscal não está inclusa nesse rol. Isso porque o referido documento é considerado
particular, como entende a jurisprudência:

“A nota fiscal, para fins de direito penal, é considerada pela doutrina e jurisprudência
como documento particular” (STJ, HC 27122 MG, Relator Ministro PAULO MEDINA,
Julgamento: 09/11/2006, Sexta Turma).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

PROFESSOR: KAOYE GUAZINA OSHIRO


E-mail: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Afirma-se que o ponto de maior destaque do Novo Código de Processo Civil é o sistema de
precedentes vinculantes por ele instituído. Acerca da definição e dos elementos constitutivos do
precedente, assinale a única alternativa CORRETA:

a) Nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma decisão judicial.

b) Os conceitos de precedente judicial e súmula se confundem, podendo ser intercambiados


sem nenhum prejuízo semântico.

c) O precedente judicial é composto por um elemento nuclear, chamado obter dictum, e de


elementos acessórios, denominados obter dicta.

d) A ratio decidendi do precedente judicial é facilmente extraível da fundamentação da


decisão, não exigindo maiores esforços intelectivos do hermeneuta.

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e) Apenas decisões colegiadas têm o condão de se tornar um precedente judicial.

COMENTÁRIO

Não se poderia compreender a dinâmica de precedentes estabelecida pelo Código de Processo Civil de
2015 sem que, antes, fosse fixada a ideia do que é um precedente. Com efeito, é necessário ter em mente
que esse sistema de precedentes vinculantes busca garantir acima de tudo a coerência da ordem jurídica,
prestando-se ao aperfeiçoamento dos princípios da isonomia e da segurança jurídica. Nesse sentido,
respectivamente:

Embora deva ser no mínimo indesejável, para um Estado Democrático, dar decisões desiguais
a casos iguais, estranhamente não há qualquer reação a esta situação na doutrina e na
praxe brasileiras. É como se estas decisões não fossem vistas ou fossem admitidas por serem
inevitáveis. A advertência de que a lei é igual para todos, que sempre se viu escrita sobre
a cabeça dos juízes nas salas do civil law, além de não mais bastar, constitui piada de mau
gosto àquele que, em uma das salas do Tribunal e sob tal inscrição, recebe decisão distinta a
proferida – em caso idêntico – pela Turma cuja sala se localiza metros mais adiante, no mesmo
longo e indiferente corredor do prédio que, antes de tudo, deveria abrigar a igualdade de
tratamento perante a lei. (MARINONI, Luiz Guilherme – Coordenador. BARBOSA, Adriano et
al. A força dos Precedentes. 2ª ed., revisada, ampliada e atualizada. Salvador: Juspodvm, 2012,
p. 11).

Sucede que não é apenas em relação ao passado que se mostra necessário garantir
estabilidade. O indivíduo, muita vez, termina por pautar a sua conduta presente com base num
comportamento adotado por outro indivíduo ou, o que mais nos interesse aqui, pelo Estado.
Dentro dessa dimensão pública, é natural que as soluções dadas pelo Poder Judiciário às
situações que lhe são postas para análise sejam levadas em consideração pelo indivíduo para
moldar a sua conduta presente. Isso se verifica ainda mais quando se observa a importância
que os precedentes judiciais vêm ganhando em nosso ordenamento. Ao conferir-lhes os mais
diversos efeitos jurídicos, o legislador brasileiro visa a garantir certa previsibilidade quando à
atuação do Estado-juiz (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova,
Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos
Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 397).

Nos comentários seguintes poder-se-á, ainda que em linha gerais, extrair mais informações que concorram
para sedimentação da noção de precedente judicial.

Alternativa (A): correta. Nas palavras de Karl Larenz, o precedente judicial define-se como “resoluções
em que a mesma questão jurídica, sobre a qual há que decidir novamente, foi já resolvida por um tribunal
noutro caso” (LARENZ, Karl, apud DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova,
Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da
Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 387). Mas não só. O precedente é uma decisão judicial

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qualificada, detentora de um aspecto positivo e outro negativo. Para que a decisão judicial se revista
da qualidade de precedente, deverá necessariamente decidir questão de direito em sua ratio decidendi
(condição positiva), não se configurando como tal se se cingir a afirmar a letra da lei (condição negativa),
hipótese em que sequer há significativa atividade cognitiva na decisão (MARINONI, Luiz Guilherme.
Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 214).

É possível dizer, pois, que todo precedente judicial deriva de uma decisão, mas nem toda decisão
configura precedente. A última é gênero do qual o primeiro é espécie. Dessa forma, pode-se ilustrar a
relação entre precedente judicial e decisão como sendo ambos dois círculos concêntricos, tendo o último
maior espectro de abrangência:

Daí fica claro que, de fato, nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma
decisão judicial.

Alternativa (B): incorreta. Conquanto o denominado sistema de “precedentes” vinculantes brasileiro


tenha dado acentuado destaque às súmulas, elas não são precedentes, na concepção técnica do termo.
Logo, não se trata de conceitos sinônimos e intercambiáveis.

O precedente, como decisão judicial que é, veicula norma individual e concreta que, dando solução
à questão incidente ou ao litígio em si, obrigará as partes (DIDIER JR, Fredie. et al. Curso de Direito
Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada
e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 288). A súmula, de seu turno,
veicula norma geral e abstrata, possuindo características mais semelhantes às de lei em sentido material
do que às de decisão judicial. Os institutos, a rigor, têm natureza jurídica distinta (SIFUENTES, Mônica.
Súmula Vinculante. Um estudo sobre o poder normativo dos tribunais. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 275).
Nesse sentido:

O enunciado sumular, vinculante ou não, não importa de qual tribunal, não é verdadeiramente
um precedente judicial. Como afirmado anteriormente, o precedente judicial relaciona-se
a uma decisão judicial que contém elementos suficientes e similares a de outras situações
futuras e que, por isso, é capaz de exercer alguma espécie de persuasão sobre o julgador.
(LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 197).

(...) súmula vinculante não pode ser confundida com o precedente do common law. (DANTAS,
Bruno et al – Coordenadores. ABBOUD, Georges et al. Novas Tendências do Processo Civil.
Salvador: Juspodvm, 2013, p. 136).

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As súmulas, no direito brasileiro – se não foram idealizadas – foram compreendidas como


mecanismos voltados a facilitar a resolução de casos fáceis que se repetem. Certamente
não tiveram preocupação em garantir a coerência da ordem jurídica ou a igualdade e a
previsibilidade. (...) afora o grave e principal problema de o instituto da súmula não ter sido
atrelado à afirmação da coerência da ordem jurídica e à garantia da segurança jurídica e da
igualdade, as súmulas foram vistas como normas gerais e abstratas, tentando-se compreendê-
las como se fossem autônomas em relação aos fatos e aos valores relacionados com os
precedentes que as inspiraram (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 480-482).

Em abordagem mais pragmática, Didier Jr. afirma que “a súmula é o enunciado normativo (texto) da
ratio decidendi (norma geral) de uma jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente.
Há, pois, uma evolução: precedente jurisprudência súmula. São noções distintas, embora umbilicalmente
ligadas”. (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 487).

Essas constatações não infirmam o sistema no Novo Código de Processo Civil, mas evidenciam que
nossa dinâmica de “precedentes” obrigatórios, como a jabuticaba, é tipicamente brasileira e dessa forma
deve ser compreendida a aplicada. Afinal, “temos uma tradição jurídica própria e bem peculiar, que,
como disse um aluno em sala de aula, poderia ser designado, sem ironia ou chiste, como brazilian law”
(DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de
Conhecimento. V. 1. 13ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 43). A nosso sentir, a súmula deve ser concebida
como um enunciado judicial que evidencia a ratio decidendi de precedentes que devem ser seguidos.

Alternativa (C): incorreta. De fato, os precedentes são compostos por um elemento nuclear e um
elemento acessório. Ocorre que aquele é a ratio decidendi e este o obter dictum. Os obter dicta, referidos
na questão, nada mais são que o plural de obter dictum.

Como se sabe, “a ratio decidendi (...) constitui a essência da tese jurídica suficiente para decidir o caso
concreto (rule of law). É essa a regra de direito (e, jamais, de fato) que vincula os julgamentos futuros
inter alia” (TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente Judicial como Fonte do Direito. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2004, p. 175.) Ademais, “o obter dictum (...) consiste nos argumentos que são
expostos apenas de passagem na motivação da decisão, consubstanciando juízos acessórios, provisórios,
secundária, impressões ou qualquer outro elemento que não tenha influência relevante e substancial
para a decisão (...) Normalmente é definido de forma negativa: é obter dictum a proposição ou regra de
Direito que não compuser a ratio decidendi. É apenas algo que se fez constar ‘de passagem’ não podendo
ser utilizado com força vinculativa por não ter sido determinante para a decisão. (DIDIER JR, Fredie. et
al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão
Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 388).

Alternativa (D): incorreta. Primeiramente, “é preciso sublinhar que a ratio decidendi não tem

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correspondência no processo civil adotado no Brasil, pois não se confunde com a fundamentação e
com o dispositivo. Assim, quando relacionada aos chamados requisitos imprescindíveis da sentença,
ela certamente é ‘algo a mais’” (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013, p. 220).

Nessa linha, a compreensão da ratio decidendi demanda acentuada atividade intelectiva que, partindo
dos elementos da decisão, extraia seu conteúdo. Tal atividade se assemelha à do hermeneuta que, diante
de dispositivos legais, busca a norma neles contida, de modo que é possível afirmar que a compreensão
da ratio decidendi está para a decisão assim como a compreensão da norma está para os dispositivos de
lei (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 178).

A doutrina estrangeira concebeu teorias que auxiliam o jurista na identificação da raz, das quais destacam-
se duas: a de Eugene Wambaugh e a de Arthur Goodhart. Em linhas gerais, no “teste de Wambaugh,
invertendo-se o sentido da proposição tomada em conta pelo tribunal, a sua decisão não pode ser a
mesma para que a proposição constitua ratio decidendi. A proposição com sentido invertido – portanto,
outra proposição – faria com que o caso fosse decidido de outra maneira. Se a nova proposição gera igual
decisão, a proposição original, em vez de constituir ratio decidendi, representa obter dictum” (MARINONI,
Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 222). Na teoria
de Goodhart, por outro lado, propõe-se que “a ratio decidendi seja extraída a partir do exame dos fatos
fundamentais (material facts) considerados pelo julgador e da conclusão jurídica advinda da análise dos
referidos fatos” (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p.
179).

Alternativa (E): incorreta. Como deflui das ideias expostas na alternativa “(A)”, toda e qualquer decisão,
de mérito ou terminativa, singular ou colegiada, em qualquer grau de jurisdição, têm o condão de se
tornar precedente judicial. Basta, para tanto, que o pronunciamento judicial decida questão de direito
em sua razão de decidir, não se limitando a afirmar a letra da lei. O conceito de precedente não pode ser
confundido com seus efeitos, que, no Novo Código de Processo Civil, só são vinculantes em relação aos
pronunciamentos de órgãos colegiados (art. 927).

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

12. Determinado Estado promoveu concurso público para o provimento de cargos de nível médio
e fundamental. João da Silva, que há pouco perdeu o emprego no cenário de crise econômica
em que se encontra o país, após estudar com muito afinco, foi aprovado nas provas para ocupar
o cargo de assistente administrativo da Secretaria da Educação, em vaga reservada a portadores
de necessidades especiais. O candidato tem a visão do olho esquerdo comprometida. Ao ser
submetido a exame médico, João foi excluído do certame, por não ser considerado portador
de necessidades especiais. Irresignado, o candidato impetrou mandado de segurança contra a
decisão administrativa que promoveu sua exclusão do certame, invocando súmula do Superior
Tribunal de Justiça que afirma: “o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em

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concurso público, às vagas reservadas aos deficientes”. A autoridade coatora foi instada a
prestar informações, e seu órgão de representação judicial ingressou no feito para defesa do
ato. Considerando esse cenário fático hipotético e colocando-se no papel de Procurador do
Estado envolvido, assinale a única alternativa CORRETA a respeito das técnicas de confronto,
interpretação e aplicação dos precedentes judiciais:

a) O precedente só se aplica a um julgamento quando há absoluta similitude entre o caso


que lhe deu origem e aquele em análise, de modo que, para apresentar sua manifestação,
o Procurador do Estado deverá cotejar os respectivos elementos fáticos.

b) Se se demonstrar que o candidato, por alguma peculiaridade, não se enquadra no


conceito técnico de “portador de visão monocular”, ter-se-á um distinguishing-resultado
com efeitos negativos.

c) A não aplicação do entendimento sumulado ao caso, em virtude do distinguishing,


significa que o precedente está equivocado.

d) O representante judicial do Estado deve considerar que o distinguishing só se opera


quando um precedente não é aplicado ao caso em julgamento.

e) Deve o Procurador do Estado alegar que a súmula, por não ser vinculante, não precisar
ser necessariamente seguida no caso concreto, ainda que a ratio decidendi nela exposta
seja aplicável à hipótese fática.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Com a técnica da distinção, o distinguishing, busca-se demonstrar que o caso
em julgamento não possui base fática análoga à do caso que fez surgir o precedente, elidindo, pois, a
aplicação da respectiva ratio decidendi. Entretanto, a mera similitude fática é o objeto de análise quando
da aplicação do distinguishing, e não uma absoluta similitude, visto que “muito dificilmente haverá
identidade absoluta entre as circunstâncias de fato envolvidas no caso em julgamento e no caso que deu
origem ao precedente. Sendo assim, se o caso concreto revela alguma peculiaridade que o diferencia
do paradigma, ainda assim é possível que a ratio decidendi (tese jurídica) extraída do precedente lhe seja
aplicada” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 491).

Alternativa (B): correta. Realmente, quando, por alguma peculiaridade fática, um precedente não se
aplica a um dado caso em julgamento, quando deveria fazê-lo, tem-se um distinguishing-resultado com
efeitos negativos.

É que se pode “utilizar o termo ‘distinguish’ em duas acepções: (i) para designar o método de comparação
entre o caso concreto e o paradigma (distinguish-método); (ii) e para designar o resultado desse confronto,

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nos casos em que se conclui haver entre eles alguma diferença (distinguish-resultado)”. (DIDIER JR, Fredie.
et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão
Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p.
403). E, quando o distinguishing-método conduz a um distinguishing-resultado em que são se aplica o
precedente, diz-se que ele tem efeitos negativos; se o oposto ocorre, fala-se em efeitos positivos.

A fim de bem entender essa diferenciação, deve-se ter em mente que o operador do direito se vale
invariavelmente da técnica do distinguishing, compreendido como método. Todo e qualquer cotejo
entre casos demanda a utilização dessa técnica. Assim, “ainda que de forma inconsciente, a técnica de
confrontação jurisprudencial é realizada pela comunidade jurídica no Brasil. É, destarte, mais corriqueira
do que se poderia imaginar. A crescente valorização da autoridade do Direito judicado, indubitavelmente,
contribuiu para que o estudo de casos e o confronto entre ele se tornassem, ainda que de maneira
impensada, um hábito dos magistrados, dos advogados públicos e privados, dos membros ministeriais e
até mesmo das partes (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 212).

Alternativa (C): incorreta. Como já assentado, o distiguishing repousa no cotejo fático entre o caso
paradigma e aquele em julgamento, de modo que, não havendo bases fáticas similares em ambos, não
há aplicação do precedente. Assim, a “não adoção do precedente, em virtude do distinguishing, não quer
dizer que o precedente está equivocado ou deve ser revogado. Não significa que o precedente constitui
bad law, mas somente inapplicable law” (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 162) – g.n.

Alternativa (D): incorreta. Tal qual afirmado anteriormente, a técnica da distinção, o distinguishing, faz-
se presente não só quando não se aplica um precedente a um caso em julgamento (distinguishing-
resultado), mas em todo cotejo fático entre casos (distinguishing-método).

Alternativa (E): incorreta. Embora, no caso, a súmula em questão seja ordinária, é dizer, não vinculante,
ela deve ser necessariamente seguida no caso narrado.

Isso porque, conforme expressa disposição do art. 927, IV, do Código de Processo Civil de 2015, “os
juízes e tribunais observarão (...) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; (...)” (g.n.). Nessa mesma
linha vai o enunciado n. 314 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

As decisões judiciais devem respeitar os precedentes do Supremo Tribunal Federal, em matéria


constitucional, e do Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional federal.

Os efeitos dos precedentes serão apreciados em momento oportuno.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

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13. A superação do precedente é pressuposto básico de um sistema de precedentes vinculantes,


de modo a impedir a estagnação do Direito e, ao mesmo tempo, propiciar sua harmonização às
mudanças e aos novos anseios sociais. A respeito da superação do precedente judicial assinale a
única alternativa INCORRETA:

a) Enquanto o overruling se refere à superação total de um precedente, o overriding


ocorre quando o precedente não mais se aplica a determinados casos, configurando uma
superação parcial.

b) Por meio do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação
do precedente.

c) A decisão que superar precedente observará a necessidade de fundamentação adequada


e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e
da isonomia.

d) O overruling pode se dar de maneira difusa ou concentrada.

e) O procedente vinculante não será necessariamente superado quando revogada a lei que
lhe fundamenta, porquanto hierarquicamente superior a ela.

COMENTÁRIO

Deve-se ter em mente, inicialmente, que a “possibilidade de mudança do entendimento é inerente ao


sistema de precedentes judiciais. O dever de estabilidade da jurisprudência não impede a alteração do
entendimento; ele impede a alteração injustificada desse entendimento. A modificação do entendimento
pode revelar-se um imperativo de justiça. Este é o ponto” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito
Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória.
v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 495).

Alternativa (A): correta. De fato, o “overruling é a técnica através da qual um precedente perde a sua
força vinculante e é substituído (overruled) por um outro precedente” (DIDIER JR, Fredie et al. Curso de
Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa
Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p 405). Trata-se, nada
mais, da revogação total do precedente por outro mais afinado ao direito.

Revogar um precedente significa dizer, na maioria das vezes, que a decisão proferida por
determinado juiz ou determinada corte estava errada, e precisa ser corrigida. Não se trata
do reexame da causa provocado pelas partes interessadas, mas sim no reexame da regra de
direito elaborada pela corte quando do julgamento de determinada questão, cujo erro reside,
geralmente, no excesso à discricionariedade praticado pela corte prolatora. (MARINONI, Luiz
Guilherme – Coordenador. BARBOSA, Adriano et al. A força dos Precedentes. 2ª ed., revisada,

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ampliada e atualizada. Salvador: Juspodvm, 2012, p. 189).

Se o overruling é a ab-rogação do precedente, o overriding é sua derrogação. Ocorre o overriding


quando o órgão jurisdicional apenas limita o âmbito de incidência de um precedente, em função da
superveniência de uma regra ou princípio legal:

O overriding apenas limita ou restringe a incidência do precedente aproximando-se, neste


sentido, de uma revogação parcial. (...) Mediante este expediente, a Corte deixa de adotar
precedente em princípio aplicável, liberando-se da sua incidência. (...). O overriding se baseia
na necessidade de compatibilização do precedente com um entendimento posteriormente
formado (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2013).

Inequívoco, pois, que, enquanto o overruling se refere à superação total de um precedente, o overriding
ocorre quando o precedente não mais se aplica a determinados casos, configurando uma superação
parcial.

Alternativa (B): correta. O signaling é, em suma, um sinal da iminência do overruling. Por meio dessa
técnica, reconhece-se a necessidade de superação do precedente a ser aplicado, mas, por razões de
segurança jurídica, posterga-se a efetiva superação para momento ulterior. Em outros termos, por meio
do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação do precedente. A esse
respeito:

Objetiva-se comunicar que o precedente, que até então orientava a atividade dos jurisdicionados
e a estratégia dos advogados, será revogado, evitando-se, com isso, que alguém atue em
conformidade com a ordem estatal e, ainda assim ou por isso mesmo, seja prejudicado em
seus negócios ou afazeres ou, em suma, em sua esfera jurídica. Frise-se que os litigantes,
no caso concreto em que se faz a sinalização, não são pegos de surpresa, já que a decisão
é orientada pela ratio decidendi em vias de revogação, tudo em respeito à confiança na
autoridade dos precedentes judiciais (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios.
3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 162).

O signaling tem fundamento no texto no Novo Código de Processo Civil:

Art. 927 (...).

§3º. Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e


dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver
modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

E, a propósito da disposição legal, interessa destacar o seguinte:

Com o advento do art. 927, §3º, CPC, conta-se com previsão expressa e genérica da
possibilidade de modulação dos efeitos da decisão que altera a jurisprudência dominante dos

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tribunais superiores – o que deve se estender, obviamente, àquela que tenha sido sumulado,
bem como do precedente oriundo do julgamento de casos repetitivos e de assunção de
competência, em nome da proteção do interesse social e da segurança jurídica (...). Uma
interpretação constitucional e sistemática dessa regra, com base na própria segurança jurídica
e na boa-fé, impõe admitir que esse poder de modular a eficácia da decisão de overruling
seja exercido quando estiver em jogo a alteração de qualquer precedente, jurisprudência ou
enunciado de súmula, de qualquer tribunal, desde que tenha eficácia normativa (DIDIER JR,
Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do
Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed.
Salvador: Juspodvm, 2011, p 502-503).

Alternativa (C): correta. A afirmativa reproduz integralmente o quanto disposto no art. 927, §4º, do
Novo Código de Processo Civil. Com essa disposição, positiva-se a ideia de que “a decisão que implica
overruling exige como pressuposto uma carga de motivação maior, que traga, que argumentos até
então não suscitados e a justificação complementar da necessidade de superação do precedente. A
manutenção dos precedentes vigentes, de forma a gerar previsibilidade e garantir a isonomia na aplicação
do direito, exige um maior esforço argumentativo tanto à parte que litiga em face de precedente em
sentido contrário, como ao órgão julgador que atue nessa revogação (...)” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso
de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela
Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 497).

Alternativa (D): correta. Em regra, como sói acontecer nos países de tradição common law, a superação
dos precedentes se dá de forma difusa, isto é, ocorre em qualquer processo julgado pelo órgão
jurisdicional prolator do precedente paradigma. Nessa dinâmica difusa há a grande vantagem de permitir
que qualquer pessoa possa contribuir para a revisão de um entendimento jurisprudencial. Por outro lado,
há no Brasil um microssistema concentrado de formação e revisão de precedentes (ainda aqui abordado).
Também nesse sistema é possível a efetivação do overrruling, mas de forma concentrada (DIDIER JR.
Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente,
Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 491). Também nesse sentido
está o enunciado n. 321 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

A modificação do entendimento sedimentado poderá ser realizada nos termos da Lei nº


11.417, de 19 de dezembro de 2006, quando se tratar de enunciado de súmula vinculante; do
regimento interno dos tribunais, quando se tratar de enunciado de súmula ou dominante; e,
incidentalmente, no julgamento de recurso, na remessa necessária ou causa de competência
originária do tribunal.

Evidente, pois, que no Brasil o overruling pode se dar de maneira difusa ou concentrada.

Alternativa (E): incorreta. A afirmativa está equivocada, sobretudo, porque não há hierarquia entre lei
e precedente. A criação legislativa e a judicial do Direito devem ser compreendidas como produto do

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sistema de distribuição orgânica das funções estatais, realizadas em simbiose por todos os “poderes” e à
luz do sistema de freios e contrapesos (checks and balances). Acerca dessa abordagem:

(...) o Judiciário, muito mais do que fixar interpretação da lei, tem o poder de, a partir da
Constituição, negar a lei, alterá-la ou mesmo criá-la diante de omissão ou insuficiência
capaz de inviabilizar a tutela de direito fundamental. Ora, não é preciso muito esforço para
entender que se o juiz, singularmente, pode controlar a constitucionalidade da lei, os tribunais
superiores evidentemente podem decidir com força obrigatória sobre todos os membros
do Poder Judiciário (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013, p. 202).

Demais disso, a revogação de lei que dá sustentação ao precedente configura hipótese típica de necessária
superação do precedente (overruling). Isso porque o precedente dá contorno à lei, interpretando-a; com
a supressão ou alteração desta, há a supressão ou alteração daquele. “Neste caso o precedente precisa
passar por um processo de adequação (tese) à nova realidade normativa, podendo ceder diante de
uma incompatibilidade, cabendo ao próprio Tribunal que elaborou o precedente fazer o referido teste”
(NOGUEIRA, Gustavo Santana. Precedentes vinculantes no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador:
Juspodvm, 2013, p. 200). Nesse sentido o enunciado n. 322 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis:

A modificação de precedente vinculante poderá fundar-se, entre outros motivos, na revogação


ou modificação da lei em que ele se baseou, ou em alteração econômica, política, cultural ou
social referente à matéria decidida.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

14. Considerando a sistemática do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações
da Lei n. 13.256/16), julgue as seguintes assertivas a respeito dos efeitos dos precedentes judiciais:

I. Têm efeito vinculante as razões de decidir fixadas em acórdãos de incidente de


assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e de julgamento de
recursos extraordinário e especial repetitivos.

II. Não há precedentes com efeito meramente persuasivo.

III. O efeito vinculante dos precedentes é sempre vertical, mas não horizontal.

IV. A teoria do stare decisis vai de encontro à força vinculante dos precedentes.

V. A nova legislação encampou a objetivação do recurso extraordinário, de modo que a


decisão do Supremo Tribunal Federal em controle difuso de constitucionalidade tem efeito
vinculante.

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Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) I e V.

b) II e V.

c) II e III.

d) I.

e) I e III.

COMENTÁRIO

Assertiva (I): correta. A assertiva reproduz integralmente a disposição do art. 927, III, do Novo Código de
Processo Civil. Essa espécie de precedente com efeito vinculante compõe o microssistema de formação
concentrada de precedentes obrigatórios.

Assertiva (II): incorreta. A par do efeito vinculante garantido a alguns precedentes judicias, há o efeito
persuasivo, que se faz presente em todo e qualquer precedente (DANTAS, Bruno et al – Coordenadores.
ABBOUD, Georges et al. Novas Tendências do Processo Civil, Salvador: Juspodvm, 2013, p. 136). Como a
própria nomenclatura denuncia, o efeito persuasivo do precedente garante-lhe o condão de persuadir,
de convencer. E tão somente isso. Dessa forma, nenhum órgão investido de jurisdição está obrigado a
seguir um precedente cujo efeito é meramente persuasivo, “se o segue, é por estar convencido de sua
correção” (DIDIER JR, Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed.
Salvador: Juspodvm, 2011, p. 393).

É possível traçar algumas variáveis que repercutem na aceitação pelo órgão jurisdicional do precedente
de efeito exclusivamente persuasivo.

Sabe-se que a autoridade dos precedentes judiciais é variável. Há, pois, uma força gravitacional
ligada a uma série de fatores internos e externos ao Judiciário que afetam diretamente o
poder e a eficácia do Direito jurisprudencial. (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias
civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 188).

Nesse pórtico, tendem a ser mais seguidos os precedentes prolatados por tribunais de hierarquia superior.
No Brasil, um precedente do Superior Tribunal de Justiça, v.g., tende a ter mais aceitação do que um de
Tribunal da Justiça, mas menos do que a de um do Supremo Tribunal Federal. Outrossim, julgamentos
realizados à unanimidade tendem a ser mais persuasivos em relação àqueles em que predominou o
entendimento da maioria dos julgadores. Da mesma forma, o precedente decorrente de um julgamento
colegiado tenderá a ser mais seguido do que um oriundo de julgamento monocrático. Ainda, conquanto
no Brasil costumemos dar mais importância a precedentes mais recentes, entendo que representam o

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entendimento mais atualizado dos tribunais, nos países que seguem a common law, os precedentes de
mais idade ostentam maior poder de persuasão (NOGUEIRA, Gustavo Santana. Precedentes vinculantes
no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador: Juspodvm, 2013, p. 191).

Assertiva (III) incorreta. Os precedentes com efeitos vinculantes devem ser observados não só pelos
órgãos jurisdicionais inferiores ao prolator da decisão paradigma (efeito vinculante vertical), mas pelo
próprio órgão que proferiu o precedente. Nisso reside a necessidade, positivada no art. 926 do Código
de Processo Civil de 2015, de que os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável,
íntegra e coerente.

A par disso, o art. 927, V, do NCPC, ao prever que os juízes e tribunais devem observar a orientação
do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados, impõe uma vinculação “interna dos
membros e órgão fracionários de um tribunal aos precedentes oriundos do plenário ou órgão especial
daquela mesma corte.” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito
Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016,
p. 466).

A eficácia vinculante horizontal dos precedentes ainda impede a alteração da composição da corte
prolatora do precedente conduza à revisão ou à revogação deste. Isso porque “os precedentes não são
das pessoas que estão eventualmente ocupando aquele cargo, e sim da Instituição” (NOGUEIRA, Gustavo
Santana. Precedentes vinculantes no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador: Juspodvm, 2013, p.
199).

Assertiva (IV): incorreta. A teoria do stare decisis vai ao encontro da força vinculante dos precedentes.
A nomenclatura “stare decisis” é a abreviação do brocardo latino stare decisis et non quieta movere
(mantenha aquilo que já foi decidido e não altere aquilo que já foi estabelecido)” (MARINONI, Luiz
Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 83). Essa teoria, com
berço do common law, dá sustentação à ideia de precedentes vinculantes. A respeito das funções vertical
e horizontal do stare decisis, respectivamente:

A moderna teoria do stare decisis (...) informada pelo princípio do precedente (vertical)
com força obrigatória externa para todas as cortes inferiores, veio inicialmente cogitada
em prestigiada doutrina de um dos maiores juristas ingleses de todos os tempos, Sir Baron
Parke J., que (...) escreveu: “O nosso sistema de Common Law consiste na aplicação, a novos
episódios, de regras legais derivadas de princípios jurídicos e de precedentes judiciais; e, com
o escopo de conservar uniformidade, consistência e certeza, devemos aplicar tais regras,
desde que não se afigurem ilógicas e inconvenientes, a todos os casos que surgirem; e não
dispomos da liberdade de rejeitá-las e de desprezar a analogia nos casos em que ainda não
foram judicialmente aplicadas, ainda que entendamos que as referidas regras não sejam tão
razoáveis e oportunas quanto desejaríamos que fossem. Parece-me de grande importância ter
presente esse princípio de julgamento, não meramente para a solução de um caso particular,

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mas para o interesse do direito como ciência” (TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente Judicial
como Fonte do Direito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 160)

Sob a doutrina do stare decisis, uma corte deve decidir as questões da mesma forma que
ela decidiu no passado, mesmo que os membros da corte tenham mudado, ou ainda que
os mesmos membros tenham mudado de ideia. Tanto quando o precedente vertical, o stare
decisis – precedente horizontal – trata de seguir as decisões de outros”. (MARINONI, Luiz
Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 87).

Assertiva (V): incorreta. Conforme a teoria da “objetivação do recurso extraordinário”, a decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal no controle difuso de constitucionalidade tem o condão de vincular os
demais órgãos jurisdicionais, ostentando, destarte, o status de precedente vinculante, à semelhança do
que ocorre no controle concentrado (art. 102, §2º, da CF). A esse respeito:

O recurso extraordinário deixa de ter caráter marcadamente subjetivo ou de defesa de interesses


das partes, para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional
objetiva. Trata-se de orientação que os modernos sistemas de Corte Constitucional vêm
conferindo ao recurso amparo e ao recurso constitucional (Verfassungsbeschwerde). (...) A
função do Supremo nos recursos extraordinários – ao menos de modo imediato – não é a de
resolver litígios de fulano ou beltrano, nem a de revisar todos os pronunciamentos das Cortes
inferiores. O processo entre as partes, trazido à Corte via recurso extraordinário, deve ser
visto apenas como pressuposto para uma atividade jurisdicional que transcende os interesses
subjetivos. MENDES, Gilmar Ferreira apud DIDIER JR, Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro.
Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação às decisões judicias e processos nos
tribunais. V. 3, 10ª ed., Salvador: Juspodvm, 2012, p. 361-362)

O controle difuso exige que os precedentes da Corte que dá a última palavra acerca da
questão constitucional sejam obrigatórios. Não se trata de mera opção técnica, ainda que
ótima à eficiência da distribuição da justiça, mas de algo que, quando ausente, impede o
próprio funcionamento do controle difuso. De modo que admitir, no atual estágio do direito
brasileiro, controle difuso sem vinculação dos órgãos judiciários aos precedentes constitucionais
constitui equívoco imperdoável (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 458).

Ocorre que, embora expressiva parte de doutrinadores de escol defendam a objetivação do recurso
extraordinário, essa teoria não foi encampada no Novo Código de Processo Civil. O rol do art. 927 do
diploma e o capítulo dedicado a essa espécie recursal silenciam acerca de um possível efeito vinculante
do recurso extraordinário individualmente considerado (art. 1.029 e seguintes aplicáveis).

Há, é verdade, efeito obrigatório decorrente do julgamento de recursos extraordinário repetitivos –


conforme alternativa (I) –, mas esse efeito obrigatório decorre do já citado microssistema de formação
concentrada de precedente obrigatórios, e não do reconhecimento da força vinculante da decisão

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proferida em recurso extraordinário.

O novo código não só deixou de prever o efeito obrigatório do precedente oriundo de recurso
extraordinário como, de forma expressa, por meio de alteração promovida pela Lei n. 13.256/06, vedou
o cabimento de reclamação “proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida” (art. 988, §5º, II, do CPC/15), deixando claro o intuito legislativo de
não lhe emprestar efeitos vinculantes.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

15. O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu o que a doutrina denomina de “microssistema de
formação concentrada de precedentes obrigatórios”, um plexo de normas processuais dedicadas,
em especial, ao julgamento de casos repetitivos e ao incidente de assunção de competência.
Acerca desse assunto, assinale a única alternativa CORRETA:

a) No julgamento de recurso extraordinário e especial repetitivos, o relator determinará


a suspensão de todos os processos pendentes em território nacional afetos à questão em
julgamento, não sendo dado à parte demonstrar a distinção de sua causa, de modo a
escapar da suspensão.

b) É cabível a instauração de incidente de assunção de competência quando houver efetiva


repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente
de direito.

c) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese jurídica fixada em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de
competência.

d) A tese jurídica definida no incidente de demandas repetitivas será aplicada a todos


os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito que
tramitem na área da jurisdição do respectivo tribunal, mas não àqueles que tramitem nos
juizados especiais do respectivo Estado ou região, porquanto estes constituem microssistema
próprio e independente.

e) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese fixada no julgamento de
recurso extraordinário e recurso especial repetitivos mesmo se não esgotadas as instâncias
ordinárias.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Conforme inteligência do art. 1037, II, do Código de Processo Civil de 2015,

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instaurado o incidente de julgamento de recurso extraordinário e especial repetitivos e “selecionados


os recursos, o relator, no tribunal superior, (...) proferirá decisão de afetação, na qual determinará a
suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem
sobre a questão e tramitem no território nacional; (...)”. A esse respeito:

Os instrumentos de julgamento de casos repetitivos provocam, como se vê, a suspensão


de todos os processos que versem sobre a mesma questão de direito a ser examinada pelo
tribunal. Esse é um meio de gestão bastante relevante de casos repetitivos. Não suspender
os processos em curso frustra os benefícios proporcionados pelo microssistema de gestão de
casos repetitivos, pois (a) contribui para a proliferação de decisões conflitantes; (b) aumenta
os custos da solução da disputa em cada caso, permitindo que as mesmas questões sejam
tratadas em juízos distintos, com dispêndio de tempo, de recursos financeiros e de pessoal; (c)
desperdiça a atenção dos integrantes do Judiciário, que, em vez de focar em uma única causa,
têm de examinar diversos processos individuais. (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda
Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 223).

Não obstante, o §9º do precitado dispositivo legal estabelece que “demonstrando distinção entre a
questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado,
a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo”. Evidente, pois, que, na sistemática ora
abordada, é dado à parte demonstrar a distinção de sua causa, de modo a escapar da suspensão.

Alternativa (B): incorreta. Na verdade, é cabível a instauração de incidente de resolução de demandas


repetitivas quando houver efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma
questão unicamente de direito, conforme dispõe o art. 976, I, do Novo Código de Processo Civil. Deveras,
o incidente de resolução de demandas repetitivas é um método de solução de ações de massa, no qual
se parte de um caso concreto, em cujo objeto se visualiza uma pretensão apta a repetir-se, para se
formular acórdão, no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, que servirá de parâmetro para
o julgamento de todos os processos – presentes e futuros, individuais ou coletivos – que versem sobre
idêntica questão de direito e que tramitem na respectiva área de jurisdição.

O incidente de assunção de competência, de seu turno, permite que o relator de qualquer tribunal
submeta o julgamento de causas que veiculam relevante questão de direito, com grande repercussão
social, ao órgão colegiado de maior abrangência dentro do sodalício, de acordo com o regimento interno.
O procedimento é assim regido pelo Código de Processo Civil em vigor:

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de


remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de
direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.

§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a


requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a
remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado

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que o regimento indicar.

§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência


originária se reconhecer interesse público na assunção de competência.

§ 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos


fracionários, exceto se houver revisão de tese.

§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito
da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou
turmas do tribunal.

Alternativa (C): correta. Não é outra a previsão do art. 988, IV, do Código de Processo Civil de 2015:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: (...)

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de


demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; (...)

A esse respeito, deve-se considerar que a reclamação é o instrumento legalmente previsto para contrastar
decisão judicial que não respeite os precedentes com eficácia vinculante. Ocorre que o Código de
Processo Civil de 2015, sobretudo após as alterações promovidas pela Lei n. 13.256/06, incorre em grande
e indesejável paradoxo ao proibir que algumas decisões com efeitos vinculantes sejam ser resguardadas
por meio da reclamação. À vista do cenário normativo aplicável, pode-se indicar que da seguinte forma
se correlacionam as hipóteses em que o NCPC prevê a autoridade vinculante vertical dos precedentes
(excluída, pois, a do art. 927, V, CPC) e a possibilidade do uso da reclamação:

Efeito vinculante (art. 927) Reclamação (art. 988)


(I) Decisões do STF em controle concentrado de
Cabível (III)
constitucionalidade
(II) Súmula vinculante Cabível (III)
(III-1) Incidente de assunção de competência ou
Cabível (IV)
de resolução de demandas repetitivas
(III-2) e em julgamento de recursos extraordinário Vedada, quando não esgotadas as instâncias
e especial repetitivos ordinária (§5º, II)
(IV) Súmulas do STF em matéria constitucional e
Não há previsão
do STJ em matéria infraconstitucional
Fonte: Brasil, Guilherme Mungo. Precedentes Vinculantes à Brasileira: Da reclamação como instrumento necessário à sua
efetivação <disponível em http://www.iconesdodireito.com.br/congressos/anais.php>, acesso em julho de 2016.

Dessa forma, “se uma sentença desrespeitar a eficácia vinculante consagrada nos incisos IV e V do art.
927 do Novo CPC, a parte sucumbente deverá apelar da sentença para impugnar a decisão. E caso seja
um acórdão de tribunal de 2º grau que desrespeite tal eficácia vinculante, será cabível o recurso especial

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e/ou extraordinário. Ou seja, a parte sucumbente não terá um instrumento impugnativo que permita
seguir diretamente para o Tribunal Superior. Essa realidade cria uma eficácia maior e menor entre as
hipóteses previstas no art. 927 do Novo CPC, o que coloca, inclusive, em questão e eficácia vinculante
prática das hipóteses previstas nos dois últimos incisos do dispositivo (...). Se a parte deve recorrer da
decisão que a desrespeita da mesma forma de qualquer outra decisão com a qual não concorde, no
plano prático a eficácia vinculante está seriamente comprometida” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1311).

Alternativa (D): incorreta. Na forma do art. 985, I, do Novo Código de Processo Civil, julgado o incidente
de demandas repetitivas, “a tese jurídica será aplicada (...) a todos os processos individuais ou coletivos
que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal,
inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região (...)” (g.n.). Embora
os juizados especiais, de fato, componham um microssistema com regras próprias, a necessidade de
tratar casos iguais de forma semelhante (treat like cases alike), por razões de isonomia e segurança
jurídica, transcende as peculiaridades internas dessa dinâmica processual diferenciada.

Alternativa (E): incorreta. A Lei n. 13.256/06, comentada em outras oportunidades, alterou a redação do
art. 988 do NCPC, fazendo constar em seu art. 988, §5º, II, que é “inadmissível a reclamação proposta para
garantir a observância (...) de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias” (g.n.). E, “por ‘esgotamento das instâncias
ordinárias’ o legislador aparentemente pretendeu afastar o cabimento da reclamação constitucional
contra sentença que desrespeita precedente fixado em julgamento de recuso especial e extraordinário
repetitivo” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1310).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre a responsabilidade civil por danos ambientais, assinale a alternativa errada:

a) A responsabilidade por danos ambientais, além de objetiva, é solidária, de forma que


todos os responsáveis diretos ou indiretos pelo dano causado ao meio ambiente respondem
pela obrigação.

b) A doutrina majoritária entende que a responsabilidade civil por danos ambientais advém
da teoria do risco integral, segundo a qual não se admite excludentes de responsabilidade,

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tais como o caso fortuito ou força maior.

c) Conforme expressa previsão legal, o Poder Público também pode ser considerado
poluidor, respondendo, de forma objetiva, por danos causados por atos comissivos, e de
forma subjetiva, por atos omissivos.

d) Tratando-se de verdadeiro direito fundamental, o direito de reparação dos danos


ambientais é imprescritível.

e) Em algumas situações específicas, como no caso de imóvel rural ambientalmente


degradado, o Superior Tribunal de Justiça já dispensou a comprovação do nexo causal,
bastando a existência do dano para condenação do proprietário do imóvel.

COMENTÁRIO

Novamente, pela importância do tema, o escopo da questão é a revisão da responsabilidade civil por
danos ambientais. Vejamos cada assertiva.

Alternativa (A): correta. De fato, o entendimento que vigora na doutrina e jurisprudência majoritária é
o de que, além de objetiva (conforme artigo 14, §1º, da Lei nº 6938/81), a responsabilidade por danos
ambientais é solidária, de forma que a obrigação pode ser cobrada de todos os sujeitos envolvidos na
prática do dano, independentemente da conduta praticada por cada um deles. Ou seja, a totalidade
da obrigação será cobrada de todos, mesmo que um deles apenas tenha financiado, o outro tenha
planejado e um terceiro a tenha praticado. Inclusive, o STJ vem considerando a responsabilidade solidária
também do Estado, quando constatada a eventual falta de fiscalização (Informativo 0388/09):

DANOS AMBIENTAIS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.

A questão em causa diz respeito à responsabilização do Estado por danos ambientais causados
pela invasão e construção, por particular, em unidade de conservação (parque estadual).
A Turma entendeu haver responsabilidade solidária do Estado quando, devendo agir para
evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. A responsabilização
decorre da omissão ilícita, a exemplo da falta de fiscalização e de adoção de outras medidas
preventivas inerentes ao poder de polícia, as quais, ao menos indiretamente, contribuem para
provocar o dano, até porque o poder de polícia ambiental não se exaure com o embargo à
obra, como ocorreu no caso. Há que ponderar, entretanto, que essa cláusula de solidariedade
não pode implicar benefício para o particular que causou a degradação ambiental com sua
ação, em detrimento do erário. Assim, sem prejuízo da responsabilidade solidária, deve o
Estado - que não provocou diretamente o dano nem obteve proveito com sua omissão -
buscar o ressarcimento dos valores despendidos do responsável direto, evitando, com isso,
injusta oneração da sociedade. Com esses fundamentos, deu-se provimento ao recurso.
Precedentes citados: AgRg no Ag 973.577-SP, DJ 19/12/2008; REsp 604.725-PR, DJ 22/8/2005;

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AgRg no Ag 822.764-MG, DJ 2/8/2007, e REsp 647.493-SC, DJ 22/10/2007. REsp 1.071.741-SP,


Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009.

Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a alternativa errada.

Alternativa (B): correta. Conforme artigo 14, §1º, da Lei 6938/81, a responsabilidade por danos
ambientais é objetiva. A doutrina, no entanto, divide-se em duas correntes acerca do assunto. Para
uma primeira corrente, minoritária, aplica-se a responsabilidade objetiva, no entanto, admite-se a
contraprova de excludente de responsabilidade, possibilitando-se, assim, que o autor do dano tenha a
sua responsabilidade eximida quando fizer prova de que o dano ocorreu em virtude de força maior ou
caso fortuito. A imprevisibilidade cortaria o próprio nexo causal.

Para a corrente majoritária, por sua vez, inadmitem-se as excludentes, adotando-se, assim, a Teoria do
Risco Integral, baseando-se na ideia de que o poluidor deve assumir os riscos inerentes à atividade que
pratica, sem qualquer exceção.

Alternativa (C): errada. De fato, o Poder Público pode ser considerado poluidor. É o que se infere
da previsão expressa do artigo 3º, inciso IV, da Lei 6938/81, que, ao definir poluidor, inclui a pessoa
jurídica de direito público. No entanto, apesar de, no âmbito administrativo, comumente se diferenciar a
responsabilidade do Estado de forma objetiva, quando a conduta for comissiva, ou subjetiva, em condutas
omissivas, no âmbito ambiental, o entendimento que prevalece é o de que, por força da interpretação
do artigo 37, §6º, de forma conjunta com o artigo 225, da Constituição Federal, a responsabilidade será
sempre objetiva, ainda que por omissão. É o que se infere do julgado acima mencionado, no Informativo
0388/09.

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou


indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

Alternativa (D): correta. Novamente, este é o entendimento que prevalece na doutrina e na jurisprudência.
A esse respeito, vejamos julgados do Superior Tribunal de Justiça:

“2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as infrações ao meio


ambiente são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações de pretensão de
cessação dos danos ambientais são imprescritíveis.” (STJ, AgRg no REsp 1421163/SP, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 17/11/2014)

“7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se


eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se o
bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois
sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer, considera-se imprescritível
o direito à reparação.

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8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre
os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o
dano ambiental.” ( STJ, REsp 1120117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009).

Alternativa (E): correta. Como cediço, a regra é a de que, em se tratando de responsabilidade objetiva,
dispensa-se apenas a prova da culpabilidade, devendo-se provar o dano, a conduta praticada e o
nexo causal. No entanto, em situações específicas, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou pela
possibilidade de dispensar a prova do nexo causal. Ou seja, condenou-se determinado indivíduo pela
reparação do dano causado mesmo sem ter sido por ele causado.

No caso, tratava-se de uma área de Reserva legal de Floresta, em um imóvel rural, entendendo o Tribunal
se tratar de uma obrigação de natureza real, adquirida juntamente com o título que transferiu o imóvel.
Desta forma, independentemente de quem praticou o dano, é responsabilidade do atual proprietário
cuidar da preservação do meio ambiente, e, assim, recuperá-lo ou indenizá-lo pelos danos ali existentes.
Pela importância do tema, transcreve-se íntegra da ementa do acórdão e o Informativo 404/STJ:

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL – CONSTRUÇÃO


DE HIDRELÉTRICA – RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14,
§ 1º, DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE:
SÚMULA 282/STF – PRESCRIÇÃO – DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 284/STF
– INADMISSIBILIDADE.

1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação
de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade.

2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de


adquirente de imóvel já danificado porque, independentemente de ter sido ele ou o dono
anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário a responsabilidade
pelos danos. Precedentes do STJ.

3. A solidariedade nessa hipótese decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei
6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente).

4. Se possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade


de reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado.

5. Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela
cabe a reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica.

6. É inadmissível discutir em recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de origem,
pela ausência de prequestionamento.

7. É deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou negativa

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de vigência a tratado ou lei federal.

8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.

(REsp 1056540/GO, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009,
DJe 14/09/2009)

MEIO AMBIENTE. INDENIZAÇÃO. ADQUIRENTE.

Trata-se de ação civil pública (ACP) na qual o MP objetiva a recuperação de área degradada
devido à construção de usina hidrelétrica, bem como indenização pelo dano causado ao
meio ambiente. A Turma entendeu que a responsabilidade por danos ambientais é objetiva e,
como tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de
causalidade. Contudo, não obstante a comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em
algumas situações dispensa-se tal necessidade em prol de uma efetiva proteção do bem jurídico
tutelado. É isso que ocorre na esfera ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é
responsabilizado pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de
ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A responsabilidade por danos
ao meio ambiente, além de objetiva, também é solidária. A possibilidade de responsabilizar o
novo adquirente de imóvel já danificado apenas busca dar maior proteção ao meio ambiente,
tendo em vista a extrema dificuldade de precisar qual foi a conduta poluente e quem foi
seu autor. Assim, na espécie, conforme a análise das provas feitas pelo Tribunal a quo, foi
possível verificar o real causador do desastre ambiental, ficando ele responsável por reparar
o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. Precedentes
citados: REsp 185.675-SP, DJ 2/10/2000; REsp 843.036-PR, DJ 9/11/2006; REsp 263.383-PR, DJ
22/8/2005, e REsp 327.254-PR, DJ 19/12/2002. REsp 1.025.574-RS, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 25/8/2009.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

17. Sobre a classificação dos recursos naturais como bens públicos, assinale a alternativa correta:

a) No que tange ao critério de destinação, os bens naturais são considerados como bens
de uso comum do povo, de forma que não podem ser classificados como bens de uso
especial ou dominicais, dado o caráter transindividual que possuem.

b) A consequência de os recursos serem tratados como bem de uso comum do povo é a


possibilidade de, em determinadas situações, serem passíveis de desafetação.

c) Na classificação dos cursos de água, a Constituição Federal optou por se guiar através
dos critérios de extensão e de segurança nacional, de forma que são bens da União, dentre
outros, os lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres, praias marítimas e as ilhas oceânicas e costeiras,

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desde que sirvam de limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou
dele provenham, ou banhem mais de um Estado.

d) As terras devolutas, tradicionalmente, são enquadradas como bens públicos dominicais,


na medida em que não possuem qualquer destinação pública. No entanto, por previsão
expressa da Constituição Federal de 1988, as terras devolutas necessárias à preservação
ambiental ou à proteção de ecossistemas naturais sãos bens da União considerados
indisponíveis.

e) São bens do Estado, dentre outros, todas as águas superficiais ou subterrâneas, ilhas
fluviais e lacustres, e ilhas oceânicas e costeiras, desde que localizadas dentro do seu
território.

COMENTÁRIO

Aqui, inauguramos a discussão sobre o bem ambiental, revisando a sua natureza e características.
Referido tema se encontra presente na maioria dos programas de Direito Ambiental dos concursos para
Procuradorias Municipais.

Alternativa (A): errada. Em que pese o caráter transindividual, segundo o critério da destinação
(classificação utilizada no âmbito do Direito Administrativo e positivada no artigo 99 do Código Civil),
além de bens de uso comum do povo, é possível que um recurso natural seja classificado, segundo
a doutrina, como bens de uso especial, ou seja, aqueles utilizados pela Administração Pública para
realização de suas atividades e concretização de seus fins. São exemplos desta modalidade as terras
devolutas indispensáveis à preservação ambiental (artigo 20, II, CF88).

Alternativa (B): errada. Diferentemente dos bens de uso comum do povo tradicionais, nos termos da
classificação do Código Civil, os bens ambientais enquadrados nesta classificação, por serem de titularidade
difusa, não são passíveis de desafetação, ou seja, não pode ser deles retirada a utilidade pública para
torná-los bens dominicais, suscetíveis de disponibilidade.

Alternativa (C): errada. Os bens pertencentes à União são previstos no artigo 20, da Constituição Federal.
A assertiva se encontra incorreta ao condicionar referidos bens à finalidade “a) desde que sirvam de
limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou dele provenham, ou banhem mais de
um Estado”. Essa condicionante se aplica, de fato, aos lagos, rios e quaisquer correntes de água (inciso III),
mas não às praias marítimas, ilhas oceânicas e costeiras.

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções


militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

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III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas
no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração
de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e
de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Alternativa (D): correta. É o que se infere inciso II do artigo acima transcrito, bem como do parágrafo
quinto do artigo 225, da Constituição Federal.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações


discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

Alternativa (E): errada. Os bens do Estado se encontram, de forma exemplificativa, previstos no artigo
26, da Constituição Federal. O erro da assertiva se encontra no fato de se referir, unicamente, à localização
dentro do território estadual. Isto porque há situações em que, mesmo ali localizados, os bens não são

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do Estado, tais como os bens que expressamente pertençam à União (por exemplo, um potencial de
energia elétrica, independentemente de onde esteja localizado, pertence à União), ilhas que sejam sedes
de Municípios, etc.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,


neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

DIREITO TRIBUTÁRIO

18. Sobre a vigência, aplicação e interpretação da legislação tributária, assinale a alternativa


correta:

a) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas


complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos, e
entram em vigor, em regra, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação.

b) É possível afirmar que a lei tributária apenas não se aplica aos fatos geradores
consumados.

c) Além da lei com finalidade interpretativa, aplica-se a lei a fato ou ato pretérito quando
um ato, ainda que definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

d) Admite-se a aplicação da analogia e da equidade no Direito Tributário, desde que não


sejam utilizadas com a finalidade de dispensa do pagamento de tributo devido.

e) De acordo com o Código Tributário Nacional, deve-se interpretar literalmente a


legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção, extinção ou exclusão do
crédito tributário.

COMENTÁRIO

Novamente, objetivamos com a questão revisar o tema da legislação tributária, agora sob o viés da

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interpretação, aplicação e vigência. Vejamos as assertivas:

Alternativa (A): errada. O artigo 103, inciso I, do CTN, dispõe que tais atos entram em vigor na data de
sua publicação, salvo disposição em contrário.

Alternativa (B): correta. Esta é a interpretação que se infere do artigo 105, do CTN, segundo o qual
“a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116”.
Ou seja, se se aplica aos pendentes e aos futuros, apenas não se aplica aos consumados.

Alternativa (C): errada. Embora haja a possibilidade de retroatividade da lei para ato que aplique punição
em caso de lei benéfica, segundo o artigo 106, do CTN, apenas se aplica tal regra caso o ato não esteja
definitivamente julgado.

Alternativa (D): errada. O artigo 108, do CTN, dispõe sobre a possibilidade de utilização da analogia e
da equidade. No entanto, é apenas em relação à equidade que não se admite que resulte na dispensa
de pagamento de tributo devido. No caso da analogia, não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.

Alternativa (E): errada. O artigo 111, do CTN, apenas dispõe sobre a interpretação literal em caso
de suspensão ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção; e dispensa do cumprimento de
obrigações tributárias acessórias. Não há previsão para os casos de extinção.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

19. Sobre as imunidades tributárias, assinale a alternativa errada:

a) A imunidade recíproca, na medida em que impede os entes de instituir impostos sobre


o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, consiste em imunidade classificada como
subjetiva.

b) A imunidade prevista para as instituições de educação e assistência social sem fins


lucrativos é um exemplo de imunidade condicionada.

c) Em que pese a Constituição Federal de 1988 ter se referido, expressamente, à imunidade


de templos de qualquer culto, o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal é
que ela não se limita ao templo fisicamente considerado, mas abrange todo o patrimônio,
renda e serviços relacionados com a finalidade da entidade.

d) Conforme entendimento firmado no Supremo Tribunal Federal, sendo a entidade imune,


presume-se que seus imóveis, ainda que vazios, gozam da imunidade do IPTU, cabendo
à Fazenda demonstrar que seu uso não está de acordo ou revertendo às finalidades da
entidade.

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e) A imunidade tributária cultural, classificada como imunidade objetiva, abrange não


só a incidência de impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinados à sua
impressão, como os rendimentos percebidos pela livraria, conforme entendimento firmado
pelo Supremo Tribunal Federal.

COMENTÁRIO

Tratamos, novamente, de questão inserida no tema limitações ao poder de tributar, possibilitando a


revisão de outros princípios do Direito Tributário. Vejamos as assertivas.

Alternativa (A): correta. A imunidade se encontra prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal
de 1988 e se enquadra, de fato, como uma imunidade subjetiva, pois leva em consideração as pessoas
beneficiadas pela imunidade.

Alternativa (B): correta. A doutrina classifica como imunidades condicionadas aquelas que dependem
de outra norma para aplicabilidade e gozo do benefício. É o caso das instituições de educação e de
assistência social sem fins lucrativos.

Alternativa (C): correta. A interpretação dada pela jurisprudência a esta imunidade é bastante abrangente,
incluindo-se todo o patrimônio, renda e serviços, desde que relacionados com a finalidade essencial das
entendidas.

Vejamos julgado do Supremo Tribunal Federal:

“4. A imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. 5. O § 4º do dispositivo constitucional
serve de vetor interpretativo das alíneas “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.
Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido (STF,
RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 14-05-2004 PP-00033 EMENT VOL-02151-02 PP-
00246)”.

Alternativa (D): correta. Este o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, conforme os seguintes
julgados:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA DE TEMPLOS RELIGIOSOS. IPTU. IMÓVEL VAGO. DESONERAÇÃO RECONHECIDA.
O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que não cabe à entidade religiosa
demonstrar que utiliza o bem de acordo com suas finalidades institucionais. Ao contrário, compete
à Administração tributária demonstrar a eventual tredestinação do bem gravado pela imunidade.
Nos termos da jurisprudência da Corte, a imunidade tributária em questão alcança não somente
imóveis alugados, mas também imóveis vagos. Agravo regimental a que se nega provimento.

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(ARE 800395 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 28/10/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2014 PUBLIC 14-11-2014)

EMENTA Imunidade. Entidade educacional. Artigo 150, inciso VI, alínea c, da Constituição
Federal. ITBI. Aquisição de terreno sem edificação. Fato gerador. Momento da aquisição.
Destinação às finalidades essenciais da entidade. Presunção. Ônus da prova. Precedentes.
1. No caso do ITBI, a destinação do imóvel às finalidades essenciais da entidade deve ser
pressuposta, sob pena de não haver imunidade para esse tributo. 2. A condição de um
imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para destituir a garantia
constitucional da imunidade. 3. A regra da imunidade se traduz numa negativa de
competência, limitando, a priori, o poder impositivo do Estado. 4. Na regra imunizante,
como a garantia decorre diretamente da Carta Política, mediante decote de competência
legislativa, as presunções sobre o enquadramento originalmente conferido devem militar
a favor das pessoas ou das entidades que apontam a norma constitucional. 5. Quanto à
imunidade prevista no art. 150, inciso VI, alínea c, da Constituição Federal, o ônus de elidir a
presunção de vinculação às atividades essenciais é do Fisco. 6. Recurso extraordinário provido.
(RE 470520, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 17/09/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 20-11-2013 PUBLIC 21-11-2013)

Alternativa (E): errada. Ao contrário do que afirmou a assertiva, o Supremo Tribunal Federal interpreta
de forma restritiva a presente imunidade, não abrangendo a renda.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. FINSOCIAL. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA. PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS E PERIÓDICOS. Renda
bruta não coberta pela imunidade. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AI 752233 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 20/10/2009, DJe-
213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 EMENT VOL-02382-10 PP-01952)

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

20. Sobre as contribuições especiais, assinale a alternativa errada.

a) As contribuições sociais são divididas em contribuições sociais, contribuições de


intervenção no domínio econômico (CIDE) e contribuições de interesse de categorias
profissionais ou econômicas (corporativas), todas de competência da União.

b) A Constituição Federal de 1988 previu a possibilidade de Estados, Distrito Federal e


Municípios instituírem contribuições previdenciárias.

c) É permitida à União a instituição de novas contribuições sociais de financiamento da


seguridade social, desde que o faça por meio de lei complementar, não sejam cumulativas

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e haja inovação quanto às bases de cálculo e fatos geradores.

d) A Constituição Federal de 1998 não abriu a possibilidade de criação de novas contribuições


de intervenção no domínio econômico (CIDE), apenas prevendo a sua incidência nas
atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados e álcool combustível.

e) As contribuições corporativas correspondem à típica hipótese de tributo com finalidade


parafiscal.

COMENTÁRIO

Tratamos, aqui, da quinta espécie tributária, as contribuições especiais, de grande importância no estudo
para concursos públicos. Em que pese o seu maior percentual de incidência nas provas de concursos
federais, seus aspectos mais gerais podem ser exigidos nos concursos de Procuradorias Municipais e
Estaduais, encontrando-se ora especificadas no programa, ora inseridas no tema de espécies tributárias.

Alternativa (A): correta. O artigo 149 da Constituição Federal dispõe sobre a competência exclusiva da
União para criação dessas três espécies de contribuições, agrupadas pela doutrina como contribuições
especiais.

Alternativa (B): correta. Apesar do artigo 149 da Constituição Federal falar em competência exclusiva da
União, seu parágrafo primeiro trouxe uma exceção à regra. A possibilidade de Estados, Distrito Federal
e Municípios instituírem contribuições com a finalidade de custear o regime de previdência dos seus
servidores públicos. Frise-se que, nestes casos, a alíquota da contribuição não poderá ser inferior à
cobrada pela União de seus servidores efetivos.

Alternativa (C): correta. Além de dispor, no artigo 149, sobre as contribuições a serem criadas pela
União, bem como, em seu artigo 195, prevê os fatos geradores de algumas de suas contribuições sociais,
a Constituição Federal de 1988, no artigo 195, inciso IV c/c 154, inciso I, dispôs pela possibilidade de
instituição, por meio de lei complementar, de outras fontes destinadas à manutenção ou expansão da
seguridade social. Para tanto, essa nova contribuição deve obedecer às regras da não cumulatividade e
da inovação de base de cálculo e fatos geradores.

Alternativa (D): errada. A Constituição Federal de 1998, em seu artigo 149, dispôs genericamente sobre
a competência para criação da CIDE. Por não fazer referência expressa à lei complementar, a doutrina
entende pela possibilidade de criação por meio de lei ordinária ou medida provisória. Ou seja, ao contrário
do que afirmou a assertiva, a CF/88 abriu, sim, a possibilidade de criação de novas CIDEs.

Ocorre que, no que tange aos combustíveis, o próprio constituinte, talvez pela importância deste recurso,
já se antecipou na previsão do seu fato gerador, conforme artigo 177, §4º.

Alternativa (E): correta. Como cediço, tributos parafiscais correspondem àqueles em que a lei tributária

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nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que o criou, atribuindo-se a disponibilidade dos recursos
arrecadados. No caso das contribuições corporativas, a União cria o tributo através de lei, atribuindo o
produto de sua arrecadação a uma terceira pessoa que realiza atividade de interesse público. É o caso,
por exemplo, dos conselhos que fiscalizam as profissões, como o CREA ou o CRM.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

PROFESSOR: GUSTAVO CARMINATTI


E-mail: profcei.gustavocarminatti@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Tratando dos bens públicos e do regime jurídico a eles aplicável, marque a alternativa correta:

a) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, será precedida de avaliação, e quando imóveis, dependerá
de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação
prévia e, via de regra, de licitação na modalidade de concorrência.

b) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, quando móveis, dependerá apenas de licitação.

c) As terras devolutas não são bens dominicais.

d) Segundo o STF, ao Tribunal de Contas da União não compete julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos de sociedade
de economia mista.

e) A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de


obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, denomina-se reversão.

COMENTÁRIO

Caros alunos, a disciplina dos bens públicos é muito importante, devendo o aluno conhecer as diferentes
classificações e o regimento jurídico atinente ao tema. A disciplina da alienação dos bens públicos é
prevista na Lei Geral de Licitações, ao passo que o Código Civil, nos artigos 98 a 103, traz a classificação
mais adotada, que os divide em: (i) bem de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças; (ii) bem de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento

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da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; e (iii) bens
dominicais que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Alternativa (A): correta. A alternativa traz a redação do artigo 17, I, da Lei nº 8.666/93. O aluno deve se
atentar para o fato de que o inciso I citado possui diversas alíneas (a-i) com casos de licitação dispensada
(não confundir com a licitação dispensável do artigo 24 da mesma lei). Na licitação dispensada não
pode ocorrer a licitação, ao passo que na dispensável o administrador pode realizar a licitação, se assim
entender que deve, nas hipóteses previstas nos incisos do art. 24.

Alternativa (B): errada. Reza o artigo 17, II, da Lei nº 8.666/93, que a alienação de bens da administração,
quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação.

Alternativa (C): errada. Os bens dominicais são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas
de direito público, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades. São todos
aqueles que não têm uma destinação pública definida, que podem ser utilizados pelo Estado para
fazer renda. Enfim, todos os bens que não se enquadram como de uso comum do povo ou de uso
especial são bens dominicais. Terras devolutas são todas aquelas que, pertencentes ao domínio
público de qualquer das entidades estatais, não se acham utilizadas pelo poder público, nem
destinadas a fins administrativos específicos, portanto, são bens dominicais.

Alternativa (D): errada. Segundo o STF:

“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS. SOCIEDADE DE ECONOMIA


MISTA: FISCALIZAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS. ADVOGADO EMPREGADO DA
EMPRESA QUE DEIXA DE APRESENTAR APELAÇÃO EM QUESTÃO RUMOROSA. I. - Ao
Tribunal de Contas da União compete julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal,
e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. - As empresas
públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta,
estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores
estarem sujeitos ao regime celetista. (...)” (MS 25092, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,
Tribunal Pleno, julgado em 10/11/2005.)

Alternativa (E): errada. Segundo o art. 17, § 3º, da Lei nº 8.666/93, entende-se por investidura, para
os fins desta lei, a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante
de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente (...). Quanto à reversão citada na
alternativa, que é tema que remete à concessão de serviços públicos, a doutrina assim define:

“A reversão nas concessões de serviços públicos também importa a aquisição de bens pelas pessoas

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públicas. Já vimos que, em algumas concessões, os bens do concessionário empregados


para a execução do serviço podem passar ao patrimônio do concedente ao término
do contrato. A Lei nº 8.987, de 13.2.1995, que regula as concessões, prevê expressamente a
reversão. Esses bens, que estavam sob o domínio privado do concessionário, passam,
com a reversão, a se qualificar como bens públicos, normalmente na categoria de bens
de uso especial, se continuarem servindo à prestação do serviço. Trata-se, pois, de outra
forma de aquisição de bens públicos.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito
Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 1024).

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

22. Acerca da Lei nº 8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação
de serviços públicos, assinale a alternativa correta:

a) A permissão de serviço público é a construção, total ou parcial, conservação, reforma,


ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta
e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.

b) Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo


da concessão, por motivo de inadimplência da concessionária, mediante ato administrativo
específico e após prévio pagamento da indenização.

c) A rescisão do contrato, que só pode ocorrer mediante ação judicial, é forma de extinção
de que se vale a concessionária em caso de descumprimento por parte do Poder Público
de seus deveres no âmbito do contrato, ao passo que a caducidade é a forma de extinção
derivada da inadimplência da concessionária.

d) A intervenção na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do


serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais
pertinentes, far-se-á por lei autorizativa do ente concedente, que conterá a designação do
interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

e) É vedada a transferência de concessão ou do controle societário da concessionária


enquanto perdurar a concessão.

COMENTÁRIO

Caros alunos, a Lei nº 8.987/95 que trata das concessões e permissões de serviço público é tema sempre

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cobrado, de maneira que buscamos trazer alguns pontos que acabam sendo cobrados com maior
frequência, o que não dispensa o conhecimento de toda a lei. As concessões e permissões são muito
utilizadas na prática pelos entes e ainda há uma tendência de ampliação em sua aplicação prática.
Temas que trazem maior controvérsia, além dos institutos que envolvem a rescisão, encampação e a
intervenção é a disciplina dos direitos e obrigações das partes, especialmente no que tange à tarifa,
atualização técnica, suspensão dos serviços. Assim, recomenda-se atenção aos temas citados.

Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 2º, IV, da Lei nº 8.987/95, permissão de serviço público é
a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco. A alternativa traz o conceito de concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública, prevista no inciso III do artigo alhures.

Alternativa (B): errada. O artigo 37, da Lei nº 8.987/95, diz que considera-se encampação a retomada
do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior. A doutrina assim define o instituto:

“Outra forma de extinção da concessão funda-se em razões de ordem administrativa.


Basicamente tem lugar quando o concedente deseja retomar o serviço concedido. Aqui se
aplica a prerrogativa especial que tem o Poder Público de extinguir unilateralmente os contratos
administrativos. Nessa modalidade extintiva, não há qualquer inadimplência por parte do
concessionário; há, isto sim, o interesse da Administração em retomar o serviço.” (FILHO,
José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p.
428).

Alternativa (C): correta. A lei nº 8.987/95 previu institutos jurídicos diversos para a extinção do contrato
de concessão, usando como parâmetro a parte causou o descumprimento. O art. 38, §1º, incisos, diz que
a caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente, nos casos que enumera,
prevendo diversas hipóteses de inexecução do contrato por parte da concessionária. Por seu turno,
o art. 39 diz que o contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária,
no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim. Seu parágrafo único assenta que na hipótese prevista no
caput deste artigo, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou
paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

Alternativa (D): errada. O artigo 32, caput, da Lei nº 8.987/95, diz que o poder concedente poderá
intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o
fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes. O parágrafo único do
mesmo artigo preconiza que a intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. Portanto, não há

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necessidade de lei para a intervenção.

Alternativa (E): errada. O artigo 37 da Lei nº 8.987/95, diz que a transferência de concessão ou do controle
societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da
concessão. Portanto, é possível a transferência de concessão ou do controle societário da concessionária
desde que haja concordância do concedente. Essa anuência, nos termos dos incisos I e II do parágrafo 1º
artigo 27, pode ocorrer desde que o pretendente atenda às exigências de capacidade técnica, idoneidade
financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e comprometa-se a cumprir
todas as cláusulas do contrato em vigor.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

23. Tratando do controle dos atos administrativos, assinale a alternativa correta:

a) Os recursos hierárquicos próprios, que são aqueles que tramitam na via interna de
órgãos ou pessoas administrativas, dependem de previsão legal.

b) Recursos hierárquicos impróprios são aqueles em que o recorrente dirige a autoridades


ou órgãos estranhos àquele de onde se originou o ato impugnado, sendo que entre o
órgão controlado e o controlador existe relação de vinculação, havendo necessidade de
previsão legal.

c) Segundo o STF, a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas, com
base em legislação estadual, somente pode ser ajuizada pelo Estado respectivo.

d) Segundo o STF, se insere na competência do Tribunal de Contas a aptidão para examinar,


previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder Público.

e) Excepcionalmente, pode o Ministério Público - atuante ou não junto às cortes de contas,


seja federal, seja estadual -, na proteção do patrimônio público, propor a ação de execução
das multas ou débitos imputados pelos tribunais de contas.

COMENTÁRIO

Caros alunos, o tema cobrado na questão é muito importante e de alta incidência nas provas. O controle
dos atos administrativos pode se dar internamente – pela própria Administração – e pode ser externo
– feito pelo Poder Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público – de maneira que cada
nuance deve ser compreendida, da mesma forma que os limites do controle devem ser estudados, pois
podem ser cobrados inclusive nas provas subjetivas, que demandarão maior desenvoltura do aluno.

Alternativa (A): errada. No que concerne aos recursos hierárquicos próprios, dispensam previsão legal
ou regulamentar expressa, uma vez que decorrem normalmente do controle hierárquico que deve

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permear a Administração. Mesmo que a lei não os preveja, é lícito ao interessado dirigir-se à autoridade
superior àquela que praticou o ato, requerendo sua revisão. Assim, a autoridade superior, mesmo não
havendo previsão legal, ao ter em mãos o recurso que demonstra conduta ilegal de seu subordinado,
tem o dever de agir e adequar a situação de acordo com a legalidade.

Alternativa (B): correta. Essa é lição tranquila da doutrina, aqui sintetizada na posição de CARVALHO
FILHO:

“Recursos hierárquicos impróprios são aqueles que o recorrente dirige a autoridades ou


órgãos estranhos àquele de onde se originou o ato impugnado. O adjetivo “impróprio”na
expressão significa que entre o órgão controlado e o controlador não há propriamente relação
hierárquica de subordinação, mas sim uma relação de vinculação, já que se trata de pessoas
diversas ou de órgãos pertencentes a pessoas diversas.

Exemplo: se o interessado recorre contra o ato do presidente de uma fundação públicaestadual


para o Secretário Estadual ou para o Governador do respectivo Estado, esse recurso é hierárquico
impróprio. Em relação a tais recursos, vale a pena acentuar que sua admissibilidade depende
de lei expressa, porque no caso, como dissemos, não há hierarquia em sentido puro. (...)”
(FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas,
2015, p. 990).

Alternativa (C): errada. O STF entende que a execução deve ser feita pelo ente beneficiado pela
condenação, senão vejamos:

“(...). TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE


ATIVA. BENEFICIÁRIO DA CONDENAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta
Corte é no sentido de que a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal
de Contas somente pode ser ajuizada pelo ente público beneficiário da condenação.
Precedentes. (...)” (RE 606306 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma,
julgado em 18/06/2013). No caso acima, o Estado pretendia fazer a execução de condenação
que beneficiava determinado Município, o que foi vedado pelo STF.

Alternativa (D): errada. Vejamos o entendimento do STF:

“(...) TRIBUNAL DE CONTAS. NORMA LOCAL QUE OBRIGA O TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL
A EXAMINAR PREVIAMENTE A VALIDADE DE CONTRATOS FIRMADOS PELA ADMINISTRAÇÃO.
REGRA DA SIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO SEMELHANTE IMPOSTA AO TRIBUNAL
DE CONTAS DA UNIÃO. 1. Nos termos do art. 75 da Constituição, as normas relativas à
organização e fiscalização do Tribunal de Contas da União se aplicam aos demais tribunais de
contas. 2. O art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para
examinar, previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder
Público. Atividade que se insere no acervo de competência da Função Executiva. 3. É

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inconstitucional norma local que estabeleça a competência do tribunal de contas para


realizar exame prévio de validade de contratos firmados com o Poder Público. (...)” (ADI
916, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 02/02/2009).

Alternativa (E): errada. Decidiu o STF:

“Recurso extraordinário com agravo. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida.


Reafirmação de jurisprudência. 2. Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Execução
das decisões de condenação patrimonial proferidas pelos Tribunais de Contas. Legitimidade
para propositura da ação executiva pelo ente público beneficiário. 3. Ilegitimidade
ativa do Ministério Público, atuante ou não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja
estadual. Recurso não provido.” (ARE 823347 RG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado
em 02/10/2014).

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Acerca das normas constitucionais que cuidam da despesa com pessoal, marque a alternativa
correta:

a) A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,


empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, só poderão ser feitas se houver autorização
específica na lei de diretrizes orçamentárias, incluídas as empresas públicas e as sociedades
de economia mista.

b) Decorrido o prazo para a adaptação aos limites previstos na Lei de Responsabilidade


Fiscal para despesas com pessoal, não será permitida a suspensão dos repasses de verbas
estaduais aos Municípios que não observarem os referidos limites.

c) Para o cumprimento dos limites estabelecidos previstos na Lei de Responsabilidade


Fiscal para despesas com pessoal, os Estados e os Municípios adotarão a redução em pelo
menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e a
exoneração dos servidores não estáveis.

d) Para fins de adequação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não será permitida
a perda do cargo por servidor estável.

e) O servidor não estável que perder o cargo para atendimento dos limites das despesas
com pessoal fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de

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serviço.

COMENTÁRIO

Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro. É
importante que o aluno conheça a disciplina constitucional e infralegal das despesas com pessoal, por se
tratar de tema com alta probabilidade de cobrança em virtude da realidade econômica da União, Estados
e Municípios, os quais estão exauridos financeiramente no que tange ao custeio da máquina pública, no
que se inclui o excessivo gasto com pessoal.

Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 169, §1º, II, da CF, as concessões de aumento e vantagem
dependem de autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas
e as sociedades de economia mista.

Alternativa (B): errada. Segundo o artigo 169, §2º, da CF, decorrido o prazo estabelecido na LRF para a
adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos
limites.

Alternativa (C): correta. A alternativa traz o conteúdo exato do artigo 169, §3º, I e II, da CF.

Alternativa (D): errada. O artigo 169, §4º, da CF, diz que se a redução em pelo menos vinte por cento das
despesas com cargos em comissão e funções de confiança e a exoneração dos servidores não estáveis,
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da LRF, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a
atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. É importante
observar essa possibilidade constitucional de perda do cargo do servidor estável para fins de adequação
das despesas de pessoal. No entanto, essa perda do cargo é a última medida a ser adotada pelo Poder
Público, dependendo da prévia redução de despesas com função de confiança e cargos comissionados,
primeiramente e, em seguida, da exoneração de servidores não estáveis.

Alternativa (E): errada. Segundo o artigo 169, §5º, da CF, o servidor estável que perder o cargo fará
jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. Assim, a indenização
mencionada não se aplica ao servidor não estável.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

25. Tratando do controle da despesa total com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal,
assinale a alternativa correta:

a) É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido
nos cento e vinte dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder.

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b) Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão ultrapassar os limites definidos na


LRF, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois trimestres seguintes, sendo pelo
menos metade no primeiro.

c) Ultrapassado o limite com despesas de pessoal, a redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança pode se dar pela redução dos valores a eles atribuídos, bem
como pela redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à
nova carga horária.

d) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite
para despesa com pessoal, é permitido ao Poder ou órgão referido que houver incorrido
no excesso a criação de cargo, emprego ou função, pois a mera criação não implica em
aumento de despesa.

e) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite
para despesa com pessoal, é vedado ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no
excesso a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a
qualquer título, ressalvada a revisão geral anual.

COMENTÁRIO

É importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei de responsabilidade fiscal
(LRF), pois dessa temática se exige, via de regra, o conhecimento da lei seca.

Alternativa (A): errada. O artigo 21, parágrafo único, da LRF, diz que também é nulo de pleno direito o
ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao
final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Alternativa (B): errada. Em verdade, o artigo 23, da LRF, assenta que se a despesa total com pessoal, do
Poder ou órgão ultrapassar os limites definidos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro.

Alternativa (C): errada. Em que pese o item trazer a previsão exata do artigo 23º, §§1º e 2º, da LRF, o STF,
no julgamento da ADI 2238, decidiu por sua inconstitucionalidade em sede de medida cautelar:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE 2000 (LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-22/2000. (...)XXV - Art. 23, §§ 1º
e 2º: a competência cometida à lei complementar pelo § 3º do art. 169 da Constituição
Federal está limitada às providências nele indicadas, o que não foi observado,
ocorrendo, inclusive, ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. Medida
cautelar deferida para suspender, no § 1º do art. 23, a expressão “quanto pela redução

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dos valores a eles atribuídos”, e, integralmente, a eficácia do § 2º do referido artigo.


(...)” (ADI 2238 MC, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2007).

Alternativa (D): errada. O artigo 22, parágrafo único, II, da LRF, veda a criação de cargo, emprego ou
função.

Alternativa (E): correta. Reza o art. 22, parágrafo único, I, da LRF, que se a despesa total com pessoal
exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite permitido, são vedados ao Poder ou órgão referido
no art. 20 que houver incorrido no excesso a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação
de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal
ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição (revisão geral
anual). Portanto, além da revisão geral anual, o dispositivo excepciona o aumento derivado de sentença
judicial ou de determinação legal ou contratual.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. Considerando as disposições constitucionais relativas ao estado de defesa e ao estado de


sítio, marque a alternativa incorreta:

a) O controle político, no estado de defesa, manifesta-se nas formas imediata, concomitante


e a posteriori. Ao contrário do que ocorre no estado de sítio, não há, no estado de defesa,
controle político prévio.

b) Tanto no estado de defesa quanto no estado de sítio, os pareceres do Conselho da


República e do Conselho de Defesa Nacional não são vinculantes.

c) Tanto no estado de defesa como no estado de sítio, o decreto que determina o início da
medida deverá definir áreas abrangidas.

d) No caso de comoção grave de repercussão nacional ou da ineficácia das medidas


tomadas durante o estado de defesa, a duração do estado de sítio poderá ser prorrogada
sucessivamente, por ilimitadas vezes enquanto perdurar a situação de anormalidade.

e) Caso a decretação de estado de sítio por declaração de estado de guerra tenha observado

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os requisitos exigidos pela Constituição Federal, em tese, qualquer garantia constitucional


poderá ser suspensa durante a sua vigência.

COMENTÁRIO

Esta questão traz pontos importantes referentes ao tema de Defesa do Estado e Instituições democráticas,
notadamente o estado de defesa e o estado de sítio. Pedro Lenza aponta a violação da normalidade
constitucional como situação apta a ensejar o chamado “sistema constitucional das crises”, citando Aricê
Amaral Santos, que o define como “... o conjunto ordenado de normas constitucionais que, informadas
pelos princípios da necessidade e da temporariedade, têm por objeto as situações de crises e por finalidade
a mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional”. (Pedro Lenza, Direito Constitucional
Esquematizado, 2014, p. 1013). Por serem medidas excepcionais, somente poderão ser adotadas dentro
dos limites constitucionais, nas hipóteses expressamente previstas (supracitado, p. 1019), o que torna de
grande importância o conhecimento pelo aluno das hipóteses que ensejam tais medidas, bem como das
suas características.

Alternativa (A): correta. Como dito acima, o estado de defesa e o estado de sítio são medidas excepcionais
que somente podem ser adotadas nos casos de crise constitucional. Dada a gravidade dessas medidas,
que restringem direitos constitucionais, elas deverão passar por controle político nas suas diversas fases.
No entanto, há diferenças entre o momento e a forma como se dá esse controle no estado de defesa e
no estado de sítio. Vejamos:

Controles políticos sobre o estado de defesa:

• “Controle político imediato: nos termos do art. 136, §§ 4º-7º da CF, será realizado pelo Congresso
Nacional. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de
24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá pela
maioria absoluta de seus membros. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado
pelo Presidente do Senado Federal (art. 57, § 6º, I, da CF/88), extraordinariamente, no prazo de
5 dias, e deverá apreciar o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. Se o Congresso rejeitar o decreto, o
estado de defesa cessará imediatamente.

• Controle político concomitante: nos termos do art. 140, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos
os líderes partidários, designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa.

• Controle político sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, parágrafo único, logo que
cesse o estado de defesa, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da
República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências
adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Prestadas as informações e não aceitas pelo Congresso Nacional, entende José Afonso da Silva

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parecer ficar ‘... caracterizado algum crime de responsabilidade do presidente, especialmente o


atentado a direitos individuais -pelo que pode ser ele submetido ao respectivo processo, previsto
no art. 86 e regulado na Lei 1.079/50’.” (Pedro Lenza, p. 1015).

Controles políticos sobre o estado de sítio:

• Controle político prévio: tendo em vista a maior gravidade do estado de sítio, o controle realizado
pelo Congresso Nacional será prévio, ou seja, o Presidente da República, para a sua decretação ou
prorrogação, depende de prévia e expressa autorização do Congresso Nacional. Se o Congresso
rejeitar o pedido, o Presidente da República, agora vinculado, não poderá decretar o estado de
sítio. Se o fizer, sem dúvida, cometerá crime de responsabilidade. Estando o Congresso Nacional
em recesso, haverá convocação extraordinária, pelo Presidente do Senado Federal (art. 57, § 6º,
I, da CF/88). Decretado o estado de sítio, nos termos do art. 138, § 3º, o Congresso Nacional
permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas” (Pedro Lenza, p. 1018).

• O controle político concomitante e o controle político sucessivo serão exercidos assim como no
estado de defesa, respectivamente, nos termos dos arts. 140 e 141, parágrafo único da CF.

Assim, nota-se que a principal diferença entre os controles políticos exercidos sobre o estado de
defesa e o estado de sítio está em que, no estado de defesa, tem-se o controle político imediato,
ao passo que, no estado de sítio, tem-se o controle político prévio, exatamente por se tratar de
medida mais gravosa. Correta, portanto, a assertiva, ao apontar corretamente tanto as modalidades
de controle político sobre o estado de defesa, quanto a sua diferença em relação ao estado de sítio, não
devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.

Alternativa (B): correta. De fato, tanto no estado de defesa quanto no estado de sítio, os pareceres
do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional não vinculam o Presidente da República.
“Assim como no estado de defesa, quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República, após
prévia oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (pareceres não vinculativos)” (supracitado,
p. 1016).

O que é vinculante, diferentemente, é o controle político prévio negativo no estado de sítio. Como dito no
comentário à alternativa “a”, diferentemente do que se dá no estado de defesa, o estado de sítio somente
pode ser decretado ou prorrogado após solicitação, pelo Presidente da República, de autorização do
Congresso Nacional, que se manifestará pela maioria absoluta de seus membros (art. 137, parágrafo
único, CF). “O controle político prévio, se negativo, será vinculante, e o Presidente da República não
poderá decretar o estado de sítio por aquele motivo, sob pena de responsabilidade. Por outro lado, se o
Congresso Nacional autorizar, com discricionariedade política, o Presidente da República poderá ou não
decretar o estado de sítio” (Pedro Lenza, p. 1016 e 1017). Não deve, portanto, ser assinalada a alternativa
“b”, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.

Alternativa (C): incorreta. Na verdade, enquanto no estado de defesa o decreto que o institui deve

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especificar as áreas a serem abrangidas (art. 136, § 1º, CF), no estado de sítio a designação das
áreas abrangidas dar-se-á depois de publicado o decreto do estado de sítio (art. 138, caput, da
CF). Vejamos:

Art. 136. [...]

§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração,


especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas
coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
(Grifamos).

Tratando especificamente do momento de definição das áreas abrangidas no estado de sítio, Pedro Lenza
pontua: “Dessa forma, a designação das áreas abrangidas dar-se-á depois de publicado o decreto do
estado de sítio, não necessariamente tendo de abranger, portanto, toda a área geográfica do território
nacional, apesar de se tratar de comoção grave de repercussão nacional” (supracitado, p. 1017).

Incorreta, portanto, a alternativa “c”, ao desconsiderar o fato de as áreas abrangidas, no estado de sítio,
serem definidas posteriormente à publicação do decreto, devendo ser assinalada.

Alternativa (D): correta. De fato, é o que se extrai do art. 137, I, c/c art. 138, § 1º da CF, litteris:

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de


Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
nos casos de:

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia


de medida tomada durante o estado de defesa;

II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.

§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias,
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por
todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

Assim, ainda que o § 1º do art. 138 tenha limitado em 30 dias o prazo pelo qual poderá ser decretado
o estado de sítio do inciso I do art. 137, bem como cada uma das suas prorrogações, verifica-se que o
dispositivo não fixou limitação ao número de vezes em que poderá ser prorrogado. Sobre o assunto,

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Pedro Lenza aponta que “a duração do estado de sítio, no caso de comoção grave de repercussão
nacional ou da ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa (art. 137, I), não poderá
ser superior a 30 dias, podendo ser prorrogada, sucessivamente (não há limites), enquanto perdurar
a situação de anormalidade, sendo que cada prorrogação também não poderá ser superior a 30 dias.
No caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, II),
enquanto perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira” (Pedro Lenza, p. 1017). Correta, portanto,
a alternativa, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a incorreta.

Alternativa (E): correta. De fato, o estado de sítio é medida extremamente restritiva e, por isso mesmo,
é excepcional e sofre os controles apontados nos comentários acima, além do controle judicial.
Especificamente na hipótese excepcionalíssima de decretação do estado de sítio em caso de declaração
de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, II, CF), caso tenham sido
observados os requisitos para a decretação da medida, em princípio poderá ser suspensa qualquer
garantia constitucional. Confiram-se os ensinamentos de Pedro Lenza a esse respeito:

“Em relação à decretação de estado de sítio na hipótese do art. 137, II, qual seja, no caso
de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, em tese,
qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa, desde que: a) tenham sido observados
os princípios da necessidade e da temporariedade (enquanto durar a guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira); b) tenha havido prévia autorização por parte do Congresso
Nacional; c) nos termos do art. 138, caput, tenham sido indicadas no decreto do estado de
sítio a sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que
ficarão suspensas” (Pedro Lenza, p. 1017 e 1018).

Correta, portanto, a assertiva “e”, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa
incorreta.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Executivo, bem como o
entendimento do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:

a) Constituição Estadual pode estender a imunidade formal relativa à prisão e a cláusula de


irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República aos governadores dos estados.

b) Em caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente da República nos


últimos dois anos do mandato presidencial, deve ser realizada eleição direta no prazo de
30 (trinta) dias da abertura da última vaga.

c) Competências privativas atribuídas ao Presidente da República pela Constituição Federal


podem ser delegadas apenas para os Ministros de Estado.

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d) Em caso de admissão, pela Câmara dos Deputados, da acusação contra o Presidente da


República por crime de responsabilidade, o julgamento será feito pelo Senado Federal, em
sessão presidida pelo Presidente do STF, e a condenação dependerá do voto de dois terços
dos membros do Senado Federal.

e) Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial


por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a
cessação daquele exercício.

COMENTÁRIO

Dada a situação de crise política e institucional pela qual passa o país, há forte tendência de cobrança
dos temas referentes aos três Poderes em provas de concursos. Assim, é importante que o aluno tenha
bom conhecimento das normas constitucionais, bem como do entendimento do STF sobre o tema. Esta
questão aborda tópicos importantes referentes ao Poder Executivo, com vistas a um aprofundamento do
entendimento da matéria.

Alternativa (A): incorreta. Ao contrário do apontado na assertiva, o entendimento do STF é no sentido


de que as regras sobre a imunidade formal em relação à prisão (art. 86, § 3º), bem como aquelas
relacionadas à imunidade penal relativa (art. 86, § 4º), não podem ser estendidas aos Governadores de
Estado e, no mesmo sentido, ao Governador do DF e Prefeitos por atos normativos próprios, na medida
em que as regras, que são de direito processual, estão dentre as de competência exclusiva da União para
legislar, nos termos do art. 22, I, CF. Nesse sentido, confira-se:

“EMENTA: Ação Direta de Inconstitucionalidade - Constituição do Estado do Pernambuco -


Outorga de prerrogativa de caráter processual penal ao Governador do Estado-Imunidade a
prisão cautelar-Inadmissibilidade-Usurpação de competência legislativa da União -Prerrogativa
inerente ao Presidente da República enquanto Chefe de Estado (CF/88, art. 86, § 3.”) - Ação
direta procedente. Imunidade a prisão cautelar-prerrogativa do Presidente da República-
impossibilidade de sua extensão, mediante norma da Constituição estadual, ao Governador
do Estado. O Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição,
não dispõe de competência para outorgar ao Governador a prerrogativa extraordinária da
imunidade a prisão em flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária, pois a disciplinação
dessas modalidades de prisão cautelar submete-se, com exclusividade, ao poder normativo
da União Federal, por efeito de expressa reserva constitucional de competência definida pela
Carta da República. - A norma constante da Constituição estadual - que impede a prisão do
Governador de Estado antes de sua condenação penal definitiva não se reveste de validade
jurídica e, consequentemente, não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade
com o texto da Constituição Federal. PRERROGATIVAS INERENTES AO PRESIDENTE DA
REPÚBLICA ENQUANTO CHEFE DE ESTADO. Os Estados-membros não podem reproduzir
em suas próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art.

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86, §§ 3º e 4º, da Carta Federal, pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos


da Lei Fundamental - por serem unicamente compatíveis com a condição institucional
de Chefe de Estado -são apenas extensíveis ao Presidente da República. Precedente:
ADI 978-PB, Rel. p/ o acórdão Mio. Celso de Mello” (ADI 1.028,j. 19.10.1995, DJ de 17.11.1995.
Cf., ainda, ADI 1.634-MC). (Em idêntico sentido, cf. ADI 1.020, j. 19.10.1995, para a situação
particular do DF). (Grifamos)

Em virtude dessa decisão, a Câmara Legislativa do DF, envolta em clima de turbulência política, deflagrada
pela investigação e pelos fatos levantados pela Operação Caixa de Pandora (discutida no item 10.4.14
abaixo), aprovou a Emenda à Lei Orgânica n. 57, de 29.03.2010, revogando os §§ 3º e 4º do art. 103,
que, ‘copiando’ o art. 86, §§ 3º e 4º, da CF/88, conferiam imunidade formal relativa à prisão e instituíam
cláusula de irresponsabilidade penal relativa para o Governador do DF, já declaradas inconstitucionais
pelo STF na ADI 1.020. (Pedro Lenza, p. 753. Grifamos).

Ressalte-se, ainda, que também não se estende a referida garantia ao Presidente da Câmara dos
deputados, conforme decidiu recentemente o STF, no Inquérito 3983/DF, tendo assentado que “a previsão
constitucional do art. 86, § 4º, da Constituição da República se destina expressamente ao Chefe
do Poder Executivo da União, não autorizando, por sua natureza restritiva, qualquer interpretação
que amplie sua incidência a outras autoridades, nomeadamente do Poder Legislativo”.

INQUÉRITO. IMPUTAÇÃO DOS CRIMES PREVISTOS NOS ARTS. 317 DO CÓDIGO PENAL
E 1°, V, VI, VII, DA LEI 9.613/1998. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: HIPÓTESE
EM QUE NÃO É RECOMENDÁVEL CISÃO DO PROCESSO. PRESIDENTE DA CÂMARA
DOS DEPUTADOS: NÃO CABIMENTO DE APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 86, § 4º DA
CONSTITUIÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA E ILICITUDE DE PROVA: INEXISTÊNCIA.
PRELIMINARES REJEITADAS. COLABORAÇÃO PREMIADA: REGIME DE SIGILO E EFICÁCIA
PERANTE TERCEIROS. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP: INDÍCIOS DE AUTORIA E
MATERIALIDADE DEMONSTRADOS EM RELAÇÃO À SEGUNDA PARTE DA DENÚNCIA.
DENÚNCIA PARCIALMENTE RECEBIDA. (STF. Plenário. Inquérito 3983/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 - Info 816).

Incorreta, portanto, a alternativa “a” ao dizer ser aplicável imunidade formal relativa à prisão e a cláusula
de irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República a governadores.

Alternativa (B): incorreta. A alternativa erra ao afirmar que haveria, na hipótese de vacância nos últimos
dois anos do período presidencial, eleição direta, quando, na verdade, a eleição será feita pelo Congresso
Nacional, ou seja, eleição indireta.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição


noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para
ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na

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forma da lei.

§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

“No caso de vacância dos cargos de Presidente da República e de Vice-Presidente da República, a eleição
haverá de ser feita noventa dias depois de aberta a última vaga (CF, art. 81, caput).

Ocorrendo a vaga, porém, nos dois últimos anos do mandato, a eleição para ambos os cargos será
feita, pelo Congresso Nacional, trinta dias após a última vaga. Em qualquer caso, os eleitos deverão
completar o período dos antecessores (CF, art. 81, §§ 1º e 2º)” (Gilmar Mendes, p. 941. Grifamos).

Resumindo:

• Vacância nos dois primeiros anos do mandato: eleição direta 90 dias depois de aberta a última
vaga.

• Vacância nos dois últimos anos do mandato: eleição indireta (Congresso Nacional) 30 dias
depois de aberta a última vaga.

Alternativa (C): incorreta. O art. 84 da CF prevê as competências privativas do Presidente da República,


sendo que o seu parágrafo único prevê a possibilidade de delegação de algumas dessas competências
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. Vejamos:

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas


nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações.

Assim, as competências privativas do Presidente da República (art. 84, CF) que podem ser delegadas são:

- Decreto autônomo (inciso VI);

- conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei
(inciso XII);

- prover cargos públicos federais, na forma da lei (inciso XXV, primeira parte).

E, como se verifica da redação do parágrafo único do art. 84, essas competências poderão ser delegadas
a qualquer das autoridades mencionadas naquele dispositivo, e não apenas aos Ministros de Estado.
Incorreta, portanto, a alternativa “c”.

Alternativa (D): correta. Realmente, esse é o procedimento a ser adotado em caso de acusação contra
o Presidente da República por crime de responsabilidade. Vide art. 86, caput, art. 51, I e art. 52, I e
parágrafo único da CF:

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara
dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas

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infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho


Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Assim, caso o Presidente da República seja acusado de ter praticado um crime de responsabilidade, a
Câmara dos Deputados é que irá decidir se autoriza ou não a instauração de processo, nos termos do
art. 51, I, da CF/88, sendo que o julgamento será feito pelo Senado Federal, em sessão presidida
pelo Presidente do STF, e, para haver condenação são necessários os votos de dois terços dos
membros do Senado Federal nesse sentido.

Sobre o tema do procedimento no julgamento de crime de responsabilidade contra o Presidente da


República, sugere-se a leitura da. ADI 5498 MC/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Teori Zavascki, julgado em 14/4/2016 (Info 821); do MS 34127 MC/DF e MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min.
Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821).

Alternativa (E): incorreta. A alternativa traz a redação da Súmula 394 do STF, cancelada pelo STF no
julgamento da questão de ordem no Inquérito n. 687-SP. “A Lei n. 10.628, de 24.12.2002, todavia, dando
nova redação ao art. 84 do CPP, além de criar uma espécie de foro cível por prerrogativa de função em
lei processual penal, “ressuscitou” a já banida e execrada regra da perpetuatio jurisdictionis após o término
do exercício do cargo ou função pública, seja criminal, seja, agora, também, civil, no caso da ação de
improbidade administrativa de que trata a Lei n. 8.429/92” (Pedro Lenza, p. 761).

Contra o dispositivo da Lei 10.628/02, foram propostas as ADIs 2797 e 2860, tendo o STF entendido pela
inconstitucionalidade da nova regra.

“... Entendeu-se que o § 1º do art. 84 do CPP, além de ter feito interpretação autêntica da Carta
Magna, o que seria reservado à norma de hierarquia constitucional, usurpou a competência

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do STF como guardião da Constituição Federal ao inverter a leitura por ele já feita de norma
constitucional, o que, se admitido, implicaria submeter a interpretação constitucional do
Supremo ao referendo do legislador ordinário. Considerando, ademais, que o § 2º do art.
84 do CPP veiculou duas regras - a que estende, à ação de improbidade administrativa,
a competência especial por prerrogativa de função para inquérito e ação penais e a que
manda aplicar, em relação à mesma ação de improbidade, a previsão do § 1º do citado
artigo - concluiu-se que a primeira resultaria na criação de nova hipótese de competência
originária não prevista no rol taxativo da Constituição Federal, e a segunda estaria atingida
por arrastamento. Ressaltou-se, ademais, que a ação de improbidade administrativa é de
natureza civil, conforme se depreende do § 4º do art. 37 da CF, e que o STF jamais entendeu
ser competente para o conhecimento de ações civis, por ato de ofício, ajuizadas contra as
autoridades para cujo processo penal o seria” (lnf 401/STF e Notícias STF, 15.09.2005 -ADI
2.797 e ADI 2.860, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 15.09.2005, Plenário, DJ de 19.12.2006. No
mesmo sentido: Pet 3.030-QO, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 23.05.2012, Plenário, lnf 667/STF).

O STF modulou os efeitos temporais dessa decisão, estabelecendo que os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 84 do CPP, inseridos pelo art. 1º da Lei 10.628/2002, terão
eficácia a partir de 15.09.2005 (efeitos ex nunc) (ADI 2.797ED, Rei. p/ o ac. Min. Ayres Britto, j. 17.05.2012,
Plenário, lnf 666/STF). O STF entendeu pela modulação, “sem contudo, em verdadeiro entendimento
defensivo, admitir o deslocamento da competência para o Supremo Tribunal Federal dos processos que
ainda estavam em curso” (supracitado, p. 762).

Portanto, atualmente, o entendimento do STF sobre o tema, ao contrário do apontado pela assertiva,
é no sentido de que, cessado o exercício funcional, cessa também a competência especial por
prerrogativa de função.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

28. Em atenção às normas constitucionais e infraconstitucionais, bem como ao entendimento do


STF sobre os remédios constitucionais, marque a alternativa incorreta:

a) É de competência da Justiça Federal o julgamento de mandado de segurança que tenha


como autoridade coatora dirigente de sociedade de economia mista federal.

b) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato emanado do poder público como
contra ato de particular sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção.

c) O mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI da CF/88, é autoexecutável, não


necessitando, para ser aplicado, de norma regulamentadora.

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d) Se, no curso do mandado de injunção, sobrevier lei regulamentadora, não restará


prejudicado o mandado de injunção.

e) Caso um cidadão, tendo demonstrado os fins e as razões de seu pedido, tenha negada
por autoridade pública a emissão de certidão com informações não sigilosas necessárias à
defesa de direito seu, o remédio constitucional cabível será o habeas data.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): correta. De fato, em que pese a regra de competência do art. 109, I da CF (competência
da Justiça Federal para julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes) não abranger as sociedades
de economia mista federais, é entendimento pacífico do STF que, para fins de mandado de segurança, de
acordo com o art. 2º da Lei de Mandado de Segurança (Lei 12.016/2009), quando a autoridade coatora
for dirigente de sociedade de economia mista federal, equipara-se esse agente a autoridade federal,
de modo que os mandados de segurança impetrados contra esses agentes serão apreciados na Justiça
Federal, de acordo, ainda, com o art. 109, VIII da CF.

Para o STF, são de competência da Justiça Federal os mandados de segurança impetrados em face de ato
praticado pelas pessoas de direito privado investidas de atividade delegada pela União. O fundamento
desse entendimento está em que: 1) o art. 109, VIII da Constituição utiliza critério definidor de competência
ratione personae; e 2) a própria lei disciplinadora do mandado de segurança, Lei nº 12.016/09, considera
como autoridade federal os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições (art. 1º, §1º c/c art. 2º).

Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE PESSOAL POR CONCURSO


PÚBLICO. ATO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE
SEGURANÇA. AÇÃO AJUIZADA EM FACE DE DIRIGENTE DE SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL. RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. (RE 609389 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
14/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-115 DIVULG 17-06-2013 PUBLIC 18-06-2013);

COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA EMPRESA PÚBLICA


ESTADUAL QUE AGE POR DELEGAÇÃO DO PODER PÚBLICO FEDERAL. - SENDO A EMPRESA
PÚBLICA ESTADUAL PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO, ELA, NA EXECUÇÃO DE ATOS
DE DELEGAÇÃO POR PARTE DA UNIÃO, SE APRESENTA, PARA EFEITOS DE MANDADO DE
SEGURANÇA, COMO AUTORIDADE FEDERAL. - A SÚMULA 510 DESTA CORTE DIZ RESPEITO
APENAS A QUESTÃO DA “LEGITIMATIO AD CAUSAM”, E NÃO A DA COMPETÊNCIA
JUDICIAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO, PARA RECONHECER-SE A
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. (RE 101109, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Segunda

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Turma, julgado em 09/10/1984, DJ 23-11-1984 PP-19926 EMENT VOL-01359-03 PP-00494 RTJ


VOL-00113-01 PP-00309).

Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.

Alternativa (B): correta. Trata-se de entendimento reiterado do STF, tendo o Ministro Gilmar Mendes,
em seu voto como relator no Agravo Regimental no Habeas Corpus 116.547, afirmado que “se a coação
à liberdade individual comumente advém de atos emanados do poder público, não se pode descartar a
possibilidade da impetração de habeas corpus contra atos de particular” (STF. 2ª Turma. HC 116.547/SP,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2013).

No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 117.296/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/5/2013; STF. 2ª
Turma. HC 110.933/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2012.

Alternativa (C): correta. Segundo Juliano Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira, “o
mandado de injunção (MI) é instrumento processual instituído especialmente para fiscalizar e corrigir,
concretamente, as omissões do Poder Público em editar as normas necessárias para tornar efetivos
direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
(art. 5º, LXXI, da Constituição).” (BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves.
Direito Constitucional. Tomo II - Direito Constitucional Positivo. 5ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 230).

Decidindo a discussão que se colocou sobre a necessidade ou não de regulamentação da norma


constitucional veiculadora do mandado de injunção para a utilização desse remédio constitucional, o STF
entendeu tratar-se de instrumento auto aplicável. Nesse sentido, confira-se o julgado abaixo:

MANDADO DE INJUNÇÃO. (...) ASSIM FIXADA A NATUREZA DESSE MANDADO, E ELE,


NO ÂMBITO DA COMPETÊNCIA DESTA CORTE - QUE ESTA DEVIDAMENTE DEFINIDA
PELO ARTIGO 102, I, ‘Q’ -, AUTO-EXECUTAVEL, UMA VEZ QUE, PARA SER UTILIZADO,
NÃO DEPENDE DE NORMA JURÍDICA QUE O REGULAMENTE, INCLUSIVE QUANTO AO
PROCEDIMENTO, APLICAVEL QUE LHE E ANALOGICAMENTE O PROCEDIMENTO DO
MANDADO DE SEGURANÇA, NO QUE COUBER. QUESTÃO DE ORDEM QUE SE RESOLVE
NO SENTIDO DA AUTO-APLICABILIDADE DO MANDADO DE INJUNÇÃO, NOS TERMOS
DO VOTO DO RELATOR. (STF - MI: 107 DF, Relator: Min. MOREIRA ALVES, Data de Julgamento:
23/11/1989, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 21-09-1990).

Assim, entendeu o STF que o mandado de injunção é remédio constitucional autoaplicável – caso
contrário, o instrumento sofreria do mesmo mal que pretende combater, qual seja, a omissão do Poder
Público em regulamentar normas necessárias à efetivação de direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Correta, portanto, a assertiva.

Alternativa (D): correta. De fato, esse é o atual entendimento do STF sobre a matéria, após a mudança
de orientação que se deu em 2013.

“O mandado de injunção é ação transitória, que só se justifica enquanto houver a omissão. Assim,

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a orientação do STF era ‘pela prejudicialidade do mandado de injunção com a edição da norma
regulamentadora então ausente’. Excederia, segundo a Corte, os limites do MI a pretensão de sanar a
alegada lacuna normativa do período pretérito à edição da lei regulamentadora. Atualmente, todavia,
tivemos uma significativa alteração no entendimento da Corte. Em fevereiro de 2013 o STF firmou o
entendimento de que a superveniência da lei, no curso da ação ou mesmo após iniciado o julgamento,
não torna prejudicado o mandado de injunção, ao contrário: o MI terá continuidade e será decidido a
partir da aplicação ao caso concreto dos parâmetros extraídos da nova lei.[...] Assim, o STF, ao voltar ao
tema em 2013, considerou que a superveniência da lei não prejudica o julgamento dos mandados
de injunção impetrados antes do seu advento. Entendeu a Corte que a nova lei somente produziria
efeitos a partir da data do início de sua vigência, não alcançando a situação concreta anterior do impetrante
e que, por isso, não poderia o tribunal julgar extinta a ação, mas sim construir uma solução jurídica a
partir da nova lei. Nota-se que não se tratou de dar efeitos retroativos à nova lei, mas tão somente de
utilizá-la como parâmetro para a formulação da decisão para o caso concreto”. (Nathalia Masson. Manual
de Direito Constitucional. Juspodivm, 2016, p. 440). Nesse sentido, vide MI 766-AgR-DF, STF, Rel. Min.
Joaquim Barbosa. Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a
alternativa incorreta.

Alternativa (E): incorreta. Na verdade, o remédio constitucional a ser adotado no caso trazido pela
alternativa é o mandado de segurança. Isso porque não se trata, no caso, de pedido para assegurar o
conhecimento de informações que digam respeito à pessoa do impetrante, mas pedido de fornecimento
de certidão para a defesa de direitos do requerente. Conforme leciona Pedro Lenza:

“A garantia constitucional do habeas data, regulamentada pela Lei n. 9.507, de 12.11.1997,


destina-se a disciplinar o direito de acesso a informações, constantes de registros ou bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para conhecimento ou
retificação (tanto informações erradas como imprecisas, ou, apesar de corretas e verdadeiras,
desatualizadas), todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante.

Essa garantia não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5.º, XXXIV, “b”), ou
informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5.º, XXXIII). Havendo recusa no
fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de
interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio próprio é o
mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, aí sim o remédio será o habeas data” (Pedro
Lenza, p. 1161).

A respeito da diferença apontada acima entre hipótese de cabimento de habeas data e mandado de
segurança, Michel Temer ressalta que “o habeas data também não pode ser confundido com o direito à
obtenção de certidões em repartições públicas. Ao pleitear certidão, o solicitante deve demonstrar que
o faz para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, ‘b’). No
habeas data basta o simples desejo de conhecer as informações relativas à sua pessoa, independentemente

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da demonstração de que elas se prestarão à defesa de direitos” (Michel Temer. Elementos de direito
constitucional, p. 212).

Confira-se, ainda, julgado do STF no mesmo sentido:

“A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do indivíduo contra abuso no registro
e/ou revelação de dados pessoais falsos ou equivocados. O habeas data não se revela meio
idôneo para se obter vista de processo administrativo.” (HD 90-AgR, rel. min. Ellen Gracie,
julgamento em 18-2-2010, Plenário, DJE de 19-3-2010.) No mesmo sentido: HD 92-AgR, rel.
min. Gilmar Mendes, julgamento em 18-8-2010, Plenário, DJE de 3-9-2010.

Incorreta, portanto, a alternativa “e”, devendo ser assinalada.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

Abaixo, para que o aluno compreenda visualmente e melhor memorize a evolução histórica dos remédios
constitucionais nas Constituições brasileiras, segue um quadro esquematizado, retirado do Livro Direito
Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza, 2014:

REMÉDIO CONSTITUCIONAL PREVISÃO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS


• 1891: art. 72, § 22;

• EC n. 1126: restrição à "Teoria Brasileira do HC";

• 1934: art. 113, n.23;

• 1937: art. 122, n. 16;

Habeas Corpus • 1946: art. 141, § 23;

• 1967: art. 150, § 20;

• Al-5, de 13.12.1968: restrição da amplitude do HC;

• EC n. 1/69: art. 153, §20;

• 1988: art. 5º, LXVIII.


• 1934: art. 113, n.33;

• 1937: não houve previsão;

• 1946: art. 141, § 24;


Mandado de Segurança
• 1967: art. 150, §21;

• EC n . 1/69: art. 153, §21;

• 1988: art. 5º, LXIX.


Mandado de Segurança Coletivo • 1988: art. 5º, LXX.
Mandado de Injunção • 1988: art. 5º, LXXI.
Habeas Data • 1988: art. 5º, LXXII.

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• 1934: art. 113, n. 38;

• 1937: não houve previsão;

• 1946: art. 141, § 38;


Ação Popular
• 1967: art. 150, § 31;

• EC n. 1/69: art. 153, §31;

• 1988: art. 5º, LXXIII.

DIREITO EMPRESARIAL

29. Sobre o cheque, analise os seguintes itens:

I. Na ação monitória é imprescindível a discussão da causa debendi, ou seja, da causa


que deu origem à emissão do cheque.

II. O prazo prescricional de cinco anos para a cobrança de cheque sem força executiva
por meio de ação monitória conta-se da data da assinatura do título.

III. O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem


Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar o devedor previamente sobre a sua
inscrição no CCF, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos
fundadas na ausência de prévia comunicação.

IV. A pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada
no campo específico da cártula.

As alternativas corretas são:

a) I e II.

b) II e III.

c) Apenas III.

d) III e IV.

e) I e IV.

COMENTÁRIO

Item (I): incorreto. O autor da ação monitória não precisa, na exordial, mencionar ou comprovar a

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relação causal que deu origem à emissão do cheque prescrito, conforme dispõe a súmula 531 do STJ,
reproduzida a seguir:

S. 531 STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

Contudo, nada impede que o requerido, em embargos à monitória, discuta a causa debendi, cabendo-lhe
a iniciativa do contraditório e o ônus da prova, mediante apresentação de fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos do direito do autor.

Isso porque, segundo o STJ, na ação monitória fundada em cheque prescrito, é desnecessária a
demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser a inexistência do
débito.

Deste modo, de acordo com a súmula 531 STJ e com a jurisprudência consolidada do STJ, o autor da ação
monitória não precisa, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa debendi) que
deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar porque o réu emitiu aquele cheque).
Isso não implica cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome
da “defesa” na ação monitória), discutir a causa debendi. (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, j. em 4/2/13 - recurso repetitivo - Info 513).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA FUNDADA EM CHEQUE PRESCRITO.


PRESCINDIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA ORIGEM DO DÉBITO EXPRESSO NA CÁRTULA.
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ). Em ação monitória
fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável a menção ao
negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. No procedimento monitório, a expedição
do mandado de pagamento ou de entrega da coisa é feita em cognição sumária, tendo
em vista a finalidade de propiciar celeridade à formação do título executivo judicial. Nesse
contexto, há inversão da iniciativa do contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de
opor embargos à monitória, suscitando toda a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o
ônus probatório. Dessa forma, de acordo com a jurisprudência consolidada no STJ, o autor
da ação monitória não precisa, na exordial, mencionar ou comprovar a relação causal
que deu origem à emissão do cheque prescrito, o que não implica cerceamento de
defesa do demandado, pois não impede o requerido de discutir a causa debendi nos
embargos à monitória. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.143.036-RS, DJe 31/5/2012, e
REsp 222.937-SP, DJ 2/2/2004. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
4/2/2013.

Item (II): incorreto. O cheque cuja executividade já prescreveu autoriza o ajuizamento da ação monitória
no prazo de cinco anos, e terá como termo inicial o dia seguinte à data de emissão do cheque, nos
termos da súmula 503 do STJ:

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S. 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque


sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na
cártula.

Incorreto, portanto, o item II, ao trazer a data da assinatura como o termo a quo para a contagem do
prazo prescricional para o ajuizamento da ação monitória de cheque sem força executiva.

Item (III): correto. De acordo com a súmula 572 do STJ, reproduzida a seguir, o Banco do Brasil, na
qualidade de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) não é o responsável pela
notificação prévia do devedor sobre a sua inscrição no CCF, além de não possuir legitimidade passiva nas
ações de reparação de danos com base na inexistência prévia de notificação.

S. 572 STJ: O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques


sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da
sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação
de danos fundadas na ausência de prévia comunicação.

Conforme o STJ, o Banco do Brasil como gestor do CCF não pode ser equiparado ao Serasa ou SPC,
que respondem pelos bancos de dados geridos, por ter como finalidade servir ao interesse público e
coletivo, ao contrário dos cadastros privados que tem como objetivo precípuo obter lucro. Confira abaixo
o precedente que deu origem a edição da súmula:

“O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos


(CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição
no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos
diante da ausência de prévia comunicação. Inicialmente, destaca-se que a Segunda Seção
do STJ, no julgamento do REsp 1.061.134-RS, fixou, para os efeitos do art. 543-C do CPC, a
tese de que “os órgãos mantenedores de cadastros possuem legitimidade passiva para as
ações que buscam a reparação dos danos morais e materiais decorrentes da inscrição, sem
prévia notificação, do nome de devedor em seus cadastros restritivos, inclusive quando os
dados utilizados para a negativação são oriundos do CCF do Banco Central ou de outros
cadastros mantidos por entidades diversas”. No entanto, o CCF tem natureza, finalidade
e características específicas, que não se confundem com as de outros cadastros
a que se refere imediatamente a lógica daquele julgado. Com efeito, o CCF tem
natureza pública, visa à proteção do crédito em geral e à preservação da higidez do
sistema financeiro nacional, servindo aos interesses da coletividade (art. 192 do CF),
envolvendo relevante interesse de ordem pública, submetido a normas de cunho
estatutário obrigatório, estabelecidas pelas autoridades monetárias, operando sob
controle do Banco Central do Brasil (Bacen), sem prevalente intuito de obtenção de
ganhos. Já os demais cadastros são de natureza privada, instituídos e mantidos no
interesse de particulares, sociedades empresárias atuantes, sem vínculo sistêmico, no

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ramo comercial, submetidos a normas de índole meramente contratual, operados por


entidades privadas, que os exploram com nítido intuito da obtenção de lucros. (REsp
1.354.590-RS, Rel. Min. Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em 9/9/2015, DJe 15/9/2015).

Item (IV): correto. O STJ já firmou o entendimento de que a pactuação da pós-datação de cheque, para
que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada, deve reproduzir a data
de emissão estampada no campo específico da cártula. É o que ficou assentado no Recurso Especial
Repetitivo 1423464/SC de Relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, reproduzido abaixo:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA DIREITO CAMBIÁRIO E PROTESTO


EXTRAJUDICIAL. CHEQUE. ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA. CÁRTULA ESTAMPANDO, NO
CAMPO ESPECÍFICO, DATA DE EMISSÃO DIVERSA DA PACTUADA PARA SUA APRESENTAÇÃO.
CONSIDERA-SE, PARA CONTAGEM DO PRAZO DE APRESENTAÇÃO, AQUELA CONSTANTE
NO ESPAÇO PRÓPRIO. PROTESTO, COM INDICAÇÃO DO EMITENTE DO CHEQUE COMO
DEVEDOR, AINDA QUE APÓS O PRAZO DE APRESENTAÇÃO, MAS DENTRO DO PERÍODO
PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO CAMBIAL DE EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. As teses a serem
firmadas, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), são as seguintes:
a) a pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada
no campo específico da cártula; b) sempre será possível, no prazo para a execução cambial,
o protesto cambiário de cheque, com a indicação do emitente como devedor. 2. No caso
concreto, recurso especial parcialmente provido. (REsp 1423464/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/04/2016, DJe 27/05/2016).

O item IV está correto, pois para que a pós-datação de cheque, se torne hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, a data de emissão contida no título deve constar em campo
específico da cártula e, é a que deve ser considerada para a contagem do prazo de apresentação ao
sacado.

Isso porque o ajuste celebrado entre as partes não tem o condão de modificar preceito normativo
específico de origem cambial, sob pena de descaracterizar o título de crédito. A alteração do
prazo de apresentação do cheque pós-datado implicaria na dilação do prazo prescricional do
título, situação que não pode ser admitida, pois infringiria o artigo 192 do Código Civil:

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

A contrario sensu, caso fosse admitida tal possibilidade, se estaria concordando com a possibilidade da
modificação casuística do lapso prescricional, em função de cada pacto realizado pelas partes, ofendendo
a lógica do sistema cambiário que prima pela segurança jurídica e literalidade dos títulos de crédito.

Dentre os itens, portanto, apenas os itens III e IV trazem as afirmativas corretas, devendo ser assinalada
a alternativa “D”.

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GABARITO: ALTERNATIVA (D)

30. Quanto às sociedades anônimas, analise os itens a seguir:

I. A sociedade estrangeira pode ser acionista de sociedade anônima brasileira.

II. Nas sociedades anônimas existe responsabilidade solidária dos sócios pela
integralização do capital social.

III. É vedada, em qualquer caso, a criação de sociedade anônima unipessoal.

IV. A totalidade da integralização não precisa ser efetivada no momento da constituição


de uma sociedade, podendo o ato constitutivo estabelecer que ela se dará posteriormente,
porém, na S.A. 10% do valor do capital deve ser integralizado à vista e em dinheiro para que
se possa garantir a viabilidade da companhia.

São corretos apenas os itens:

a) I e II.

b) II e III.

c) Apenas III.

d) III e IV.

e) I e IV.

COMENTÁRIO

Item (I): correto. O artigo 1.134 do CC/02 diz que as sociedades estrangeiras podem ser acionistas de
sociedade anônima brasileira, salvo se houver vedação expressa em lei, conforme dispõe a parte final do
artigo:

Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização
do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados,
podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade
anônima brasileira. (grifou-se)

Neste sentido, ainda temos o entendimento do Enunciado 486 da V Jornada de Direito Civil do CJF
consagrando a possibilidade da sociedade estrangeira ser sócia em sociedades anônimas ou de outros
tipos societários, ainda que não possua autorização do Poder Executivo.

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En. 486 - Art. 1.134: A sociedade estrangeira pode, independentemente de autorização do Poder Executivo,
ser sócia em sociedades de outros tipos além das anônimas.

A autorização governamental somente é exigida para que a sociedade estrangeira entre em


funcionamento em nosso país, portanto, se ela pretende apenas ser acionista de sociedade
anônima brasileira não será preciso a autorização, nos termos do supracitado artigo.

Item (II): incorreto. Sociedade anônima é a que possui o capital dividido em partes iguais chamadas
ações, e tem a responsabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas. Isso é o que se depreende do art. 1º da Lei das SA (6.404/76):

Art. 1º: A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a


responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas.

Aqui não há qualquer tipo de solidariedade entre os sócios pela integralização do capital e cada um
responde pela sua parte. Importa esclarecer que esta foi a primeira espécie societária a conferir limitação
de responsabilidade aos sócios, por isso sua grande importância nos dias atuais, em que cada vez mais
o investimento nas atividades empresariais se torna um negócio de risco.

Na sociedade anônima, portanto, o acionista ficará com seu risco limitado ao valor da emissão, pois sua
única responsabilidade, regra geral, é integralizar as ações de acordo com o valor de emissão. Após isso,
em princípio, não mais poderá ser cobrado pelas obrigações da sociedade.

Conforme leciona André Luiz Santa Cruz (Direito Empresarial Esquematizado, GEN, São Paulo, 2014), uma
das principais características da S/A é a responsabilidade limitada de seus sócios, os acionistas. Assim, cada
sócio responde apenas pela sua parte no capital social, não assumindo, senão, em situações excepcionais
- como a imputação direta de responsabilidade pela prática de atos ilícitos ou pela desconsideração da
personalidade jurídica-, qualquer responsabilidade pelas dívidas da sociedade. Confira-se:

“Pode-se dizer até que a responsabilidade limitada dos acionistas de uma S/A é ainda ‘mais
limitada’ do que a responsabilidade limitada dos quotistas de uma sociedade limitada.
Afinal, vimos que estes, além de responderem pela respectiva integralização das quotas que
subscreveram, são solidariamente responsáveis pela integralização total do capital social,
conforme dispõe o art. 1.052 do Código Civil. Os acionistas, por sua vez, respondem tão somente
pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão de responsabilidade
solidária quanto à integralização de todo o capital social.” (supracitado, item 6.3.4.4).

Incorreto, portanto, o item II, ao trazer a responsabilidade solidária dos acionistas na integralização do
capital social.

Item (III): incorreto. Como regra, no direito brasileiro a sociedade é pluripessoal, sendo preciso ao menos
dois sócios para a constituição da pessoa jurídica. O inciso I do artigo 80 da LSA (6.404/76), assim prevê:

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Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos


preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se
divide o capital social fixado no estatuto;

Entretanto, a doutrina reconhece ser possível excepcionalmente a constituição de sociedade


anônima unipessoal no caso da sociedade anônima subsidiária integral, prevista no artigo 251 da
LSA (Direito Empresarial Esquematizado, GEN, São Paulo, 2014). Confira a legislação:

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único
acionista sociedade brasileira.

Assim, desde a sua constituição e durante todo o seu funcionamento, a subsidiária integral funcionará
com um sócio apenas, desde que este seja outra sociedade brasileira.

Item (IV): correto. É o que dispõe o inciso II, do artigo 80, da LSA (6.404/76):

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos


preliminares: II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de
emissão das ações subscritas em dinheiro;

A integralização, regra geral, não precisa acontecer no momento de constituição de uma sociedade,
podendo o ato constitutivo estabelecer que ela se dê posteriormente, porém, aqui na S.A. 10% do valor
do capital deve ser integralizado à vista e em dinheiro para que se possa garantir que a sociedade irá
efetivamente ser constituída.

Por outro lado, ainda no que se refere a exigência do inciso II, do artigo 80, da realização mínima de 10%
do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro, há casos especiais em que se exige percentual
maior, conforme previsão do parágrafo único do mesmo artigo, segundo o qual “o disposto no número II
não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social”. É o
que ocorre quanto às instituições financeiras, pois o artigo 27, caput, da Lei 4595/64, diz o seguinte: “Na
subscrição do capital inicial e na de seus aumentos em moeda corrente, será exigida no ato a realização
de, pelo menos 50% (cinquenta por cento) do montante subscrito.”

Dentre os itens, portanto, apenas os itens I e IV trazem as afirmativas corretas, devendo ser assinalada a
alternativa “E”.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 25 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada na


área do aluno). Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: GUSTAVO CARMINATTI


E-mail: profcei.gustavocarminatti@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Conceitue “emergência fabricada”, mencionando a possibilidade de afastamento do


procedimento licitatório nesta hipótese, considerando a jurisprudência atual do Tribunal de
Contas da União sobre o tema. Em caso positivo, apresente os requisitos legais para tanto e a
providência a ser indicada pelo advogado público.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.gustavocarminatti@gmail.com

PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO EMPRESARIAL

2. No tocante ao direito societário, conceitue e diferencie as seguintes categorias:

a) Subscrição, integralização e capital social.

b) Sociedade de pessoas e sociedades de capital.

c) Sociedade institucional e sociedade contratual.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com

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PEÇA PROFISSIONAL

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 150 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada


na área do aluno). Não se identifique no corpo da resposta, procure responder com consulta tão
somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

Considere o seguinte caso hipotético para elaboração da peça processual:

João é proprietário do Imóvel A, no qual residiu Pedro e sua família entre os anos de 2010 e 2015,
na condição de locatário, estando o imóvel, atualmente, desocupado. Em 10 de Janeiro de 2016,
João fora citado, em sede de execução fiscal, para apresentar garantias ou pagar débito de IPTU
inscrito em dívida ativa referente aos períodos de 2011 a 2013 em razão da propriedade do Imóvel
A. Ficando inerte, por requerimento da Fazenda Municipal, fora penhorado o Imóvel A, tendo
João sido intimado, nos autos judiciais, em 20 de fevereiro de 2016. Diante da situação, João
optou por ingressar com pedido de revisão administrativa do débito, a qual fora indeferida em
20 de Maio de 2016. No dia seguinte, em 21 de Maio de 2016, João opôs embargos à execução
fiscal, alegando, em síntese: a) a nulidade da constituição do débito, sob o argumento de que
apenas recebeu o carnê do IPTU em seu endereço, respectivamente, em janeiro de 2012, 2013 e
2014, não tendo sido intimado da constituição do débito; b) a prescrição do débito referente ao
período de 2011, uma vez que decorreu mais de 5 anos entre o fato gerador e a citação; c) a sua
ilegitimidade passiva, sob o argumento de que, no contrato de locação, havia cláusula atribuindo
a responsabilidade pelo pagamento do IPTU à Pedro, locatário; d) a impenhorabilidade do
Imóvel A, por se tratar de bem de família. João instruiu sua ação com todas as documentações
necessárias à comprovação de suas argumentações. Intimado o Município, na condição de
Procurador Municipal, redija a peça processual adequada, utilizando-se de todos os argumentos
processuais e materiais pertinentes. As datas mencionadas são hipotéticas e não consideram a
existência de feriados. Não é necessário datar a peça ou comprovar sua tempestividade. Ao final,
mencione, apenas, “DATA” e assine “Procurador Municipal”.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.rodolfocursino@gmail.com

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