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6ª RODADA - 18/07/2016
CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO
6ª RODADA - 18/07/2016
DURAÇÃO
26/05/2016 A 14/09/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016
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PROFESSORES
Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.
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INSTRUÇÕES GERAIS
Caros alunos,
para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:
1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.
2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.
3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.
4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.
5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.
6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
a) O intervalo intrajornada dos empregados domésticos poderá ser reduzido para 30 (trinta)
minutos, mediante simples acordo escrito entre empregado e empregador, dispensando-se
a negociação coletiva.
d) Será computado como extra apenas o tempo que exceder ao período máximo de 10
(dez) minutos despendidos pelo empregado no deslocamento entre a portaria e o local de
trabalho.
2. Qual das hipóteses abaixo contém uma alternativa correta no que tange aos tipos de prova e
à distribuição do respectivo ônus no âmbito laboral?
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e) Por ter fácil acesso ao extrato de sua conta vinculada, incumbe ao próprio empregado
comprovar a alegação de irregularidade dos depósitos de FGTS.
3. Sobre as hipóteses de término do contrato de trabalho e a tutela das verbas rescisórias, assinale
a alternativa correta:
DIREITO CIVIL
a) Havendo novação e sendo o credor evicto da coisa recebida, ficará sem efeito a quitação
dada, restabelecendo-se a obrigação primitiva, ressalvados os direitos de terceiros de boa-
fé.
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b) A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, sendo plenamente possível
a compensação dos honorários advocatícios quando houver sucumbência recíproca.
c) A menos que haja violência ou dolo, havendo dois ou mais débitos líquidos e vencidos
de mesma natureza, caberá ao credor escolher em qual deles o pagamento oferecido pelo
devedor será imputado.
e) A execução voluntária do negócio anulável pela parte, quando ciente do vício que o
inquinava, importa a extinção de todas as ações ou exceções de que contra ele dispusesse
o devedor, salvo direito de terceiro.
a) Como regra, o doador não responde pela evicção, nem mesmo pelo vício redibitório,
contudo, nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará
sujeito à evicção, considerando-se não escrita a convenção em contrário. Já nos casos de
vício ou defeito da coisa, pagará apenas as perdas e danos, se o conhecia; se não o conhecia,
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c) Sobre a tutela da evicção no Código Civil, é correto afirmar que se o adquirente tiver
auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, tais valores
não serão deduzidos da quantia que lhe houver de dar o alienante, além de que não pode
o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa;
e) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta mais perdas e danos, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942)
e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:
b) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora do território
nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando esta for mais favorável
ao cônjuge e aos filhos brasileiros, desde que todos os bens estejam localizados no Brasil.
c) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados, no entanto, aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para
outros lugares, e, em relação ao penhor, aplica-se a lei do local em que firmada a obrigação
de garantia.
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e) De acordo com o CPP, a confissão do réu pode suprir o exame do corpo de delito,
quando a infração deixar vestígios, desde que em conjunto com a colheita de depoimentos
de testemunhas.
a) O crime de falsa perícia admite a tentativa e a coautoria, ao passo que o crime de falso
testemunho, previsto no mesmo tipo penal, não admite, segundo a doutrina majoritária, a
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e) Não caracteriza o delito de desobediência (CP, art. 330) a conduta do agente, que,
embora não atendendo a ordem judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal
insubmissão, ao pagamento de multa diária (‘astreinte’) fixada pelo magistrado com a
finalidade específica de compelir, legitimamente, o devedor a cumprir o preceito.
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11. Afirma-se que o ponto de maior destaque do Novo Código de Processo Civil é o sistema de
precedentes vinculantes por ele instituído. Acerca da definição e dos elementos constitutivos do
precedente, assinale a única alternativa CORRETA:
a) Nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma decisão judicial.
12. Determinado Estado promoveu concurso público para o provimento de cargos de nível médio
e fundamental. João da Silva, que há pouco perdeu o emprego no cenário de crise econômica
em que se encontra o país, após estudar com muito afinco, foi aprovado nas provas para ocupar
o cargo de assistente administrativo da Secretaria da Educação, em vaga reservada a portadores
de necessidades especiais. O candidato tem a visão do olho esquerdo comprometida. Ao ser
submetido a exame médico, João foi excluído do certame, por não ser considerado portador
de necessidades especiais. Irresignado, o candidato impetrou mandado de segurança contra a
decisão administrativa que promoveu sua exclusão do certame, invocando súmula do Superior
Tribunal de Justiça que afirma: “o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes”. A autoridade coatora foi instada a
prestar informações, e seu órgão de representação judicial ingressou no feito para defesa do
ato. Considerando esse cenário fático hipotético e colocando-se no papel de Procurador do
Estado envolvido, assinale a única alternativa CORRETA a respeito das técnicas de confronto,
interpretação e aplicação dos precedentes judiciais:
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e) Deve o Procurador do Estado alegar que a súmula, por não ser vinculante, não precisar
ser necessariamente seguida no caso concreto, ainda que a ratio decidendi nela exposta
seja aplicável à hipótese fática.
b) Por meio do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação
do precedente.
e) O procedente vinculante não será necessariamente superado quando revogada a lei que
lhe fundamenta, porquanto hierarquicamente superior a ela.
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14. Considerando a sistemática do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações
da Lei n. 13.256/16), julgue as seguintes assertivas a respeito dos efeitos dos precedentes judiciais:
III. O efeito vinculante dos precedentes é sempre vertical, mas não horizontal.
IV. A teoria do stare decisis vai de encontro à força vinculante dos precedentes.
a) I e V.
b) II e V.
c) II e III.
d) I.
e) I e III.
15. O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu o que a doutrina denomina de “microssistema de
formação concentrada de precedentes obrigatórios”, um plexo de normas processuais dedicadas,
em especial, ao julgamento de casos repetitivos e ao incidente de assunção de competência.
Acerca desse assunto, assinale a única alternativa CORRETA:
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c) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese jurídica fixada em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de
competência.
e) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese fixada no julgamento de
recurso extraordinário e recurso especial repetitivos mesmo se não esgotadas as instâncias
ordinárias.
DIREITO AMBIENTAL
16. Sobre a responsabilidade civil por danos ambientais, assinale a alternativa errada:
b) A doutrina majoritária entende que a responsabilidade civil por danos ambientais advém
da teoria do risco integral, segundo a qual não se admite excludentes de responsabilidade,
tais como o caso fortuito ou força maior.
c) Conforme expressa previsão legal, o Poder Público também pode ser considerado
poluidor, respondendo, de forma objetiva, por danos causados por atos comissivos, e de
forma subjetiva, por atos omissivos.
17. Sobre a classificação dos recursos naturais como bens públicos, assinale a alternativa correta:
a) No que tange ao critério de destinação, os bens naturais são considerados como bens
de uso comum do povo, de forma que não podem ser classificados como bens de uso
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c) Na classificação dos cursos de água, a Constituição Federal optou por se guiar através
dos critérios de extensão e de segurança nacional, de forma que são bens da União, dentre
outros, os lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres, praias marítimas e as ilhas oceânicas e costeiras,
desde que sirvam de limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou
dele provenham, ou banhem mais de um Estado.
e) São bens do Estado, dentre outros, todas as águas superficiais ou subterrâneas, ilhas
fluviais e lacustres, e ilhas oceânicas e costeiras, desde que localizadas dentro do seu
território.
DIREITO TRIBUTÁRIO
b) É possível afirmar que a lei tributária apenas não se aplica aos fatos geradores
consumados.
c) Além da lei com finalidade interpretativa, aplica-se a lei a fato ou ato pretérito quando
um ato, ainda que definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
21. Tratando dos bens públicos e do regime jurídico a eles aplicável, marque a alternativa correta:
d) Segundo o STF, ao Tribunal de Contas da União não compete julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos de sociedade
de economia mista.
22. Acerca da Lei nº 8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação
de serviços públicos, assinale a alternativa correta:
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c) A rescisão do contrato, que só pode ocorrer mediante ação judicial, é forma de extinção
de que se vale a concessionária em caso de descumprimento por parte do Poder Público
de seus deveres no âmbito do contrato, ao passo que a caducidade é a forma de extinção
derivada da inadimplência da concessionária.
a) Os recursos hierárquicos próprios, que são aqueles que tramitam na via interna de
órgãos ou pessoas administrativas, dependem de previsão legal.
c) Segundo o STF, a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas, com
base em legislação estadual, somente pode ser ajuizada pelo Estado respectivo.
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Acerca das normas constitucionais que cuidam da despesa com pessoal, marque a alternativa
correta:
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d) Para fins de adequação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não será permitida
a perda do cargo por servidor estável.
e) O servidor não estável que perder o cargo para atendimento dos limites das despesas
com pessoal fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de
serviço.
25. Tratando do controle da despesa total com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal,
assinale a alternativa correta:
a) É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos
cento e vinte dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder.
b) Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão ultrapassar os limites definidos na LRF,
o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois trimestres seguintes, sendo pelo menos
metade no primeiro.
c) Ultrapassado o limite com despesas de pessoal, a redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança pode se dar pela redução dos valores a eles atribuídos, bem
como pela redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova
carga horária.
d) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite para
despesa com pessoal, é permitido ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso a
criação de cargo, emprego ou função, pois a mera criação não implica em aumento de despesa.
e) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite para
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despesa com pessoal, é vedado ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso a
concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título,
ressalvada a revisão geral anual.
DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Tanto no estado de defesa como no estado de sítio, o decreto que determina o início da
medida deverá definir áreas abrangidas.
e) Caso a decretação de estado de sítio por declaração de estado de guerra tenha observado os
requisitos exigidos pela Constituição Federal, em tese, qualquer garantia constitucional poderá
ser suspensa durante a sua vigência.
27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Executivo, bem como o
entendimento do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:
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República por crime de responsabilidade, o julgamento será feito pelo Senado Federal, em
sessão presidida pelo Presidente do STF, e a condenação dependerá do voto de dois terços dos
membros do Senado Federal.
b) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato emanado do poder público como
contra ato de particular sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção.
c) O mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI da CF/88, é autoexecutável, não necessitando,
para ser aplicado, de norma regulamentadora.
d) Se, no curso do mandado de injunção, sobrevier lei regulamentadora, não restará prejudicado
o mandado de injunção.
e) Caso um cidadão, tendo demonstrado os fins e as razões de seu pedido, tenha negada por
autoridade pública a emissão de certidão com informações não sigilosas necessárias à defesa
de direito seu, o remédio constitucional cabível será o habeas data.
DIREITO EMPRESARIAL
II. O prazo prescricional de cinco anos para a cobrança de cheque sem força executiva por
meio de ação monitória conta-se da data da assinatura do título.
III. O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos
(CCF), não tem a responsabilidade de notificar o devedor previamente sobre a sua inscrição no
CCF, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos fundadas na ausência
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de prévia comunicação.
IV. A pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no
campo específico da cártula.
a) I e II.
b) II e III.
c) Apenas III.
d) III e IV.
e) I e IV.
II. Nas sociedades anônimas existe responsabilidade solidária dos sócios pela integralização
do capital social.
a) I e II.
b) II e III.
c) Apenas III.
d) III e IV.
e) I e IV.
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA E
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a) O intervalo intrajornada dos empregados domésticos poderá ser reduzido para 30 (trinta)
minutos, mediante simples acordo escrito entre empregado e empregador, dispensando-se
a negociação coletiva.
d) Será computado como extra apenas o tempo que exceder ao período máximo de 10
(dez) minutos despendidos pelo empregado no deslocamento entre a portaria e o local de
trabalho.
COMENTÁRIO
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na duração do trabalho, ou seja, não são remunerados pelo empregador, configurando hipótese de
suspensão do contrato de trabalho.
Alternativa (A): correta. O art. 71 da CLT estabelece a obrigatoriedade da concessão de intervalo para
repouso e alimentação, no mínimo de uma e no máximo de 2 (duas) horas, em qualquer trabalho
contínuo cuja duração exceda de 6 (seis) horas. É admitida a flexibilização desse limite máximo de 2
horas mediante acordo escrito ou contrato coletivo. O §3º do art. 71 do mesmo diploma também admite
a redução ou fracionamento do intervalo mínimo de 1 hora, em relação aos trabalhadores em geral,
desde que sejam preenchidos determinados requisitos. São eles: a) o estabelecimento deve atender
integralmente às exigências acerca de refeitórios; b) os empregados não podem estar prestando horas
extraordinárias; c) deve haver prévia autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, que terá duração
máxima de dois anos. Além desses requisitos, de acordo com a Portaria nº 1.095/2010 do MTE, também
deve haver negociação coletiva especificando o período do intervalo intrajornada reduzido, não inferior
a 30 (trinta) minutos, sendo vedada a sua supressão, diluição ou indenização.
Ocorre que, especificamente em relação aos empregados domésticos, a Lei Complementar nº. 150, de
2015, autoriza a redução do intervalo para repouso ou alimentação a 30 (trinta) minutos, mediante
simples acordo prévio e escrito entre empregador e empregado. Logo, por expressa previsão legal,
em relação a essa categoria, a redução não está condicionada ao atendimento dos demais requisitos
previstos no §3º do art. 71 da CLT.
Alternativa (B): incorreta. Súmula Nova: o art. 4º da CLT define como tempo de serviço efetivo todo
o período em que o empregado está à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens,
salvo disposição especial expressamente consignada. Esse período de serviço efetivo deve observar, como
regra, as limitações previstas no art. 7º, inciso XIII, da CRFB, que estabelece como duração normal do
trabalho 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais. O §1º do art. 58, da CLT, inserido
pela Lei nº 10.243/2001, prevê que as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco
minutos não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária, desde que observado o
limite máximo de dez minutos diários.
Por outro lado, conforme prevê a Súmula nº. 366, que teve sua redação alterada em 18/5/2015, uma
vez que seja ultrapassado esse limite, o empregado fará jus à remuneração da totalidade do período
trabalhado a maior (e não apenas do período que exceder os dez minutos) como extra, sendo
irrelevante a natureza das atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual.
Assim, para esse efeito, mesmo atividades como troca de uniformes, lanche e higiene pessoal deverão
ser consideradas como tempo à disposição do empregador, sendo remuneradas. Isso porque, para a
Corte, estando o empregado no ambiente interno da empresa, encontra-se sob o poder de comando e
disciplinar do empregador, ainda que não esteja, naquele momento, executando qualquer tarefa.
Alternativa (C): incorreta. Novidade Legislativa: a Lei nº. 12.619, de 2012, alterou a CLT, para regular
e disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional. O art. 235-E, §10º,
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inserido por essa lei na CLT, previa que “não será considerado como jornada de trabalho nem ensejará o
pagamento de qualquer remuneração o período em que o motorista ou o ajudante ficarem espontaneamente
no veículo usufruindo do intervalo de repouso diário ou durante o gozo de seus intervalos intrajornadas”.
Posteriormente foi editada a Lei nº. 13.103, de 2015, a qual, dispondo sobre o exercício da profissão dos
motoristas, alterou novamente a CLT e revogou alguns dos dispositivos da Lei nº. 12.619, de 2012, dentre
os quais o próprio art. 235-E, §10, da CLT. Contudo, o §4º do art. 235-D, da CLT, com redação conferida
pela Lei 13.103/2015, manteve a previsão, apenas excluindo, propositalmente, a expressão “usufruindo do
intervalo de repouso diário”.
Alternativa (D): incorreta. Embora não haja previsão em lei nesse sentido, o TST, em entendimento
cristalizado na Súmula nº. 429, passou a prever, com fundamento no princípio da razoabilidade, que
o tempo de deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, quando
ultrapassar o limite de 10 (dez) minutos diários, deverá ser considerado tempo à disposição do empregador,
conferindo direito à remuneração extra. Cumpre observar que, uma vez ultrapassado esse limite, deverá
ser considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, e não apenas
os minutos que excederam ao décimo. Dito de outro modo, se a jornada for ultrapassada em até 10
(dez) minutos, o empregado não terá, pelo menos por esse motivo, direito a horas extras. Por outro lado,
se a jornada for ultrapassada em, por exemplo, 12 (doze) minutos, todos esses 12 minutos deverão ser
devidamente remunerados com o acréscimo relativo ao labor extraordinário.
Alternativa (E): incorreta. O art. 384 da CLT estabelece que, em caso de prorrogação do horário normal,
será obrigatório um descanso de, no mínimo, 15 (quinze) minutos, antes do início do período extraordinário
do trabalho. Esse intervalo excepcional, vale dizer, é devido apenas às mulheres e aos menores de 18
(dezoito) anos, e apenas para o caso de prorrogação da jornada de trabalho. No julgamento do RE
nº. 653.312/SC (Relator: Min. Dias Toffoli, j. 27/11/2014), o STF, sob a sistemática da repercussão geral,
decidiu que o art. 384 da CLT foi recepcionado pela CF/88 e que a norma se aplica a todas as mulheres
trabalhadoras. Em seu voto, o Ministro relator argumentou que o tratamento diferenciado se justifica em
face da histórica exclusão da mulher do mercado de trabalho, do componente orgânico, relacionado
à menor resistência física da mulher, e do componente social, referente ao comum acúmulo, pela
mulher, de atividades no lar e no ambiente de trabalho. Obs.: embora o julgamento desse RE tenha sido
recentemente anulado, em decorrência de vício formal, suas conclusões continuam sendo aplicadas, na
medida em que o julgado apenas manteve entendimento que há muito vinha sendo adotado pelo TST,
além de ter deixado evidente o entendimento meritório da Corte Suprema sobre o assunto.
2. Qual das hipóteses abaixo contém uma alternativa correta no que tange aos tipos de prova e
à distribuição do respectivo ônus no âmbito laboral?
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e) Por ter fácil acesso ao extrato de sua conta vinculada, incumbe ao próprio empregado
comprovar a alegação de irregularidade dos depósitos de FGTS.
COMENTÁRIO
O art. 818 da CLT estabelece que a prova das alegações incumbe à parte que as fizer. A respeito do
assunto, o Novo CPC incumbe o autor do ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito, e
o réu, da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Essa distribuição
inicial pode ser modificada, pelo juiz, em decisão fundamentada, em casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
nos termos ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, desde que a decisão não
gere situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
Nesse caso, o juízo deve dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. O
dispositivo que contém essa previsão (art. 373, incisos I e II e §§1º e 2º do NCPC) é também aplicável ao
processo do trabalho, conforme já reconhecido pelo TST (art. 3º, VII da IN 39/2016).
Alternativa (A): incorreta. O art. 829 da CLT estabelece que a testemunha que for parente até o terceiro
grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento
valerá como simples informação. Para o TST, o simples fato de achar-se a testemunha em litígio com o
mesmo réu não permite inferir a existência de inimizade capital entre esta e o réu. Assim, a testemunha
que está demandando ou já demandou contra o mesmo empregador não pode ser considerada suspeita
só com base nessa circunstância. É nesse sentido a previsão da Súmula nº. 357/TST.
Alternativa (B): incorreta. Na justiça do trabalho, prevalece o princípio da primazia da realidade, o que
significa dizer que a realidade deve prevalecer sobre os aspectos formais. Assim, a força normativa dos
instrumentos coletivos, conferida pelo art. 7º, XXVI da CRFB, não tem o condão de transformar eventual
cláusula prevendo que os registros de pontos são verdadeiros em presunção absoluta, cabendo prova em
sentido contrário. Dito de outro modo, o simples fato de ter sido pactuada, mediante negociação coletiva,
a adoção de folhas individuais de presença, para registro da jornada de trabalho dos empregados, não
6ª RODADA - 18/07/2016
afasta a possibilidade de aferição, pelo Judiciário, da veracidade do conteúdo das informações lançadas
nestes controles de frequência. É o que prevê o item II da Súmula nº. 338 do TST.
Alternativa (C): correta. O antigo art. 830 da CLT determinava a apresentação, na justiça obreira, de
documentos originais, autenticados ou conferidos pelo próprio juiz. Com a edição da L. nº. 11.925, de
2009, a redação do dispositivo foi alterada, de modo a possibilitar que o documento em cópia oferecido
para prova seja declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal, somente
devendo a parte apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original em caso de impugnação de
sua autenticidade pela parte adversa. Contudo, antes mesmo do advento dessa lei, a Medida Provisória
nº. 1.360/96, a qual, após inúmeras reedições, foi convertida no atual art. 24 da Lei nº. 10.522/02, passou a
dispensar as pessoas jurídicas de direito público da exigência de autenticar os documentos apresentados
em cópia em juízo. Isso ocorre em razão da fé pública inerente a esses órgãos. Em face da especialidade do
dispositivo, as pessoas jurídicas de direito público são dispensadas até mesmo de reputar tais documentos
autênticos. Confira o teor da OJ nº. 134 da SDI-1 do TST:
Alternativa (D): incorreta. Súmula Nova: o artigo 7º, incisos I e II, do Decreto nº 95.247/87 estabelece
como condição de exercício do vale-transporte que o empregado informe por escrito a seu empregador
seu endereço residencial e a linha de transporte utilizada em seu trajeto de ida e volta do trabalho
(exigência, aliás, não prevista na própria Lei nº 7.418/87, ao instituir esse benefício). Contudo, isso não
autoriza o empregador a alegar em Juízo, sem comprovar, que os seus empregados não se interessaram
pelo recebimento daquela vantagem. Em verdade, a presunção é no sentido de que o exercício do direito
é do interesse de todo e qualquer trabalhador. Por ser parte hipossuficiente, não se pode atribuir ao
empregado o ônus de comprovar o cumprimento do requisito meramente formal exigido para a fruição
do direito. Diante disso, o C. TST concluiu, com a edição da Súmula nº. 460, em 3/6/2016, com base no
princípio da aptidão da prova, que cabe ao empregador comprovar que o empregado não preenchia os
requisitos legais ou não tinha interesse na percepção do vale-transporte.
Alternativa (E): incorreta. Súmula Nova: a definição, pelo empregado, do período em que não houve
depósito, ou no qual houve em valor inferior ao efetivamente devido desloca o ônus da prova ao
empregador, uma vez que, além de o CPC atribuir ao réu o ônus de comprovar o fato extintivo do direito
do autor (no caso, o recolhimento correto da verba), partindo-se do princípio da aptidão para a prova, o
empregador, que é quem procede ao recolhimento dos valores relativos ao FGTS na conta vinculada do
empregado, tem maior facilidade de acesso aos respectivos comprovantes, devendo juntá-lo aos autos.
Não o fazendo, a condenação se impõe. Nesse sentido, em 3/6/2016, o TST editou a Súmula nº. 461,
prevendo que: “É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois
o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015)”.
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3. Sobre as hipóteses de término do contrato de trabalho e a tutela das verbas rescisórias, assinale
a alternativa correta:
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. A CRFB estabelece, como direito dos trabalhadores, o gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Esse direito é adquirido após
cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, integrando-se ao patrimônio
do empregado, de modo que, na cessação da relação empregatícia, qualquer que seja a sua causa,
ele terá direito à remuneração correspondente. Quando ultrapassados os doze meses, o empregado
também terá direito ao período incompleto de férias, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês
ou fração superior a 14 (quatorze) dias de serviços prestados. A única exceção a essa regra consiste na
hipótese de dispensa do empregado por justa causa.
E o que acontece se o contrato de trabalho for encerrado antes de o empregador completar o primeiro
período aquisitivo de férias? Dito de outro modo, o que ocorre quando o contrato é extinto após menos
de doze meses de labor?
O art. 147 da CLT prevê que: “o empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de
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trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito
à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior”.
Perceba que o dispositivo se omite no que concerne à extinção do contrato de trabalho por iniciativa
do próprio empregado, permitindo concluir, em uma interpretação literal, que não teria assegurada
a remuneração das férias proporcionais o empregado que pedisse demissão em menos de 12 (doze)
meses de vigência contratual. Contudo, para o TST, conforme previsto nas Súmulas nº. 171 e 261, também
o empregado que toma a iniciativa do desligamento será remunerado pelas férias proporcionais, ainda
que não tenha completado o período de 12 (doze) meses, somente perdendo esse direito se for
dispensado por justa causa.
Alternativa (B): incorreta. O §2º do art. 453 da CLT prevê que o ato de concessão de benefício de
aposentadoria a empregado que não tiver completado 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou
30 (trinta), se mulher, importa em extinção do vínculo empregatício. Dito de outro modo, o dispositivo
estabelece que a aposentadoria espontânea do empregado configura causa de extinção automática
do vínculo empregatício. Só que o STF, no julgamento das ADIs 1.770-4/DF e 1.721-3/DF, declarou esse
parágrafo inconstitucional, por entender que ele acabou criando modalidade de despedida arbitrária/
sem justa causa sem indenização, o que não poderia ter feito sem ofensa ao art. 7º, inciso I, da CRFB, o
qual estabelece uma indenização compensatória como forma de proteção contra esse tipo de dispensa.
Diante disso, a SBDI-1 do TST editou a OJ nº. 351, prevendo que a aposentadoria não é incompatível com
a permanência do empregado no emprego, não implicando a extinção do contrato de trabalho. Assim,
se o empregador optar por colocar fim ao contrato de trabalho na aposentadoria, estará configurada
dispensa sem justa causa, ensejando o pagamento ao empregado da multa de 40% do FGTS.
Alternativa (C): incorreta. O §1º do art. 477, da CLT, estabelece que o pedido de demissão ou recibo
de quitação do contrato de trabalho, em relação a empregado com mais de um ano de serviço (bem
como a empregado estável), somente será válido quando feito com assistência do respectivo sindicato,
ou perante autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego. Com ou sem assistência, o recibo de
quitação deverá especificar a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminar o seu valor. A
quitação dada com a devida assistência dos órgãos mencionados confere eficácia liberatória em relação
às parcelas expressamente previstas no recibo, de modo que somente serão passíveis de discussão no
Judiciário, via de regra, aquelas que houverem sido objeto de ressalva expressa. Nesse sentido, o item I
da Súmula nº. 330 do TST prevê que a quitação não abrange as parcelas não consignadas no recibo e, via
de consequência, também seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas últimas constem do recibo.
O entendimento do TST é análogo em relação ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), por meio
do qual o empregador, objetivando reduzir os quadros da empresa, concede uma vantagem pecuniária
ao empregado que optar por se desligar do trabalho voluntariamente. Nesse sentido, a OJ nº. 270, da
SDI-1, prevê que “a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão
do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores
constantes do recibo”.
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Ocorre que, em abril de 2015, o plenário do STF, no julgamento do RE nº. 590415/SC, submetido à
sistemática da repercussão geral (Rel. Min. Roberto Barroso, j. em 30/04/2015), adotou posição contrária
à do TST, decidindo pela validade da quitação geral, ampla e irrestrita das verbas trabalhistas
decorrentes do contrato de trabalho, desde que prevista expressamente no acordo coletivo que
aprovou o plano e nos demais instrumentos assinados pelo empregado. Isso porque, para a excelsa
Corte, a incidência da proteção nas relações individuais de trabalho é diversa da sua incidência nas
negociações coletivas, em que o poder econômico do empregador é contrabalanceado pelo poder dos
sindicatos que representam os empregados.
Alternativa (D): incorreta. Os empregados das pessoas jurídicas de direito privado componentes da
administração indireta dos entes federados, assim como ocorre em relação às pessoas jurídicas de direito
público, somente podem ingressar no serviço público mediante prévia aprovação em concurso público,
em decorrência da exigência estabelecida no art. 37, II, da CRFB. Não obstante, o TST vinha entendendo
que essas entidades deveriam observar, para a dispensa de seus empregados, apenas o que estabelece
a CLT e a legislação complementar, com fundamento no art. 173, §1º, da CF/88, que determina a sujeição
das empresas públicas e sociedade de economia mista ao regime próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas. Nesse sentido, a OJ nº. 247 da SDI-1 estabelece que a despedida de
empregados de empresa pública e de sociedade de economia mista, mesmo admitidos por concurso
público, independe de ato motivado para sua validade. Ocorre que, em 2013, o excelso STF, em julgamento
realizado sob a sistemática da repercussão geral (RE 589998/PI, rel. Min. Ricardo Lewandowski), decidiu
que: “servidores de empresas públicas e sociedades deeconomia mista, admitidos por concurso público, não
gozam da estabilidade preconizada no art. 41 da CF, mas sua demissão deve ser sempre motivada”.
Diante disso, algumas turmas do TST passaram a concluir pela necessidade de motivação na dispensa do
empregado público, o que, em breve, deverá levar ao cancelamento da OJ 127 (a qual, no entanto, ainda
permanece vigente).
Alternativa (E): correta. Em sua obra, Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho, 2016, pg.
1252) menciona classificação construída pela doutrina para tratar das diferentes modalidades extintivas do
contrato de trabalho, envolvendo as hipóteses de (1) resilição, (2) resolução e (3) rescisão contratual.
Há também um quarto grupo, inominado, que alberga os demais tipos existentes de ruptura do pacto
laborativo. Nessa classificação, o termo “resilição” se refere às modalidades de ruptura decorrentes do
exercício lícito da vontade das partes, abrangendo o pedido de demissão, a demissão sem justa causa e
o distrato. Já a “resolução” corresponde às hipóteses de ruptura do contrato por descumprimento faltoso
do pacto, mediante o cometimento de infrações, seja por parte do empregado, do empregador, ou de
ambos (demissão por justa causa, resolução indireta e resolução por culpa recíproca). Por fim, o termo
“rescisão” é utilizado para se reportar à ruptura do contrato de trabalho em face da existência de alguma
nulidade no contrato.
São considerados nulos, ensejando a rescisão contratual, tanto os contratos que concretizam atividade
ilícita (ex.: contrato de trabalho envolvendo atividades relacionadas ao jogo do bicho), quanto os contratos
6ª RODADA - 18/07/2016
celebrados pela Administração, após o advento da CRFB/88, sem a observância do requisito da prévia
aprovação em concurso público. Sobre essa última situação mencionada, veja o que diz a Súmula nº. 363
do TST:
CONTRATO NULO. EFEITOS. A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe
conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de
horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos
depósitos do FGTS.
DIREITO CIVIL
a) Havendo novação e sendo o credor evicto da coisa recebida, ficará sem efeito a quitação
dada, restabelecendo-se a obrigação primitiva, ressalvados os direitos de terceiros de boa-
fé.
b) A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, sendo plenamente possível
a compensação dos honorários advocatícios quando houver sucumbência recíproca.
c) A menos que haja violência ou dolo, havendo dois ou mais débitos líquidos e vencidos
de mesma natureza, caberá ao credor escolher em qual deles o pagamento oferecido pelo
devedor será imputado.
COMENTÁRIO
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (A): incorreta. A novação consiste em uma forma de pagamento indireto, disciplinada nos
artigos 360 a 367 do Código Civil de 2002, que tem como principal efeito extinguir a dívida, em regra,
com todos os seus acessórios e garantias. Nela, há um negócio jurídico ensejando a substituição de uma
obrigação anterior criada pelas partes por uma nova, sendo o chamado animus novandi (intenção de
novar) elemento decisivo para a sua caracterização. Ressalvadas as obrigações anuláveis, não podem ser
objeto de novação as obrigações nulas ou extintas.
A evicção se caracteriza quando a pessoa que adquiriu um bem vem a perder a sua posse ou propriedade
em decorrência de decisão judicial ou ato administrativo que reconhece que esse bem não poderia ter
sido alienado, porque um terceiro possuía direitos anteriores sobre ele. A configuração da evicção implica
o restabelecimento da obrigação primitiva, tornando sem efeito a quitação dada, somente na dação em
pagamento (art. 359, CC/02), em que não ocorre a substituição de uma obrigação por outra, mas apenas
do objeto da prestação, de modo que os demais elementos do vínculo obrigacional são mantidos. Em
se tratando de novação, por outro lado, a evicção da coisa dada não faz reviver a prestação primitiva.
Alternativa (B): incorreta. A compensação se configura quando duas ou mais pessoas se tornam,
ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra, implicando a extinção das obrigações até o
ponto em que se compensarem, quando se referirem a dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
A diferença na causa das dívidas, como regra, não impede a compensação. A exceção concerne às
situações tratadas nos incisos I a III do art. 373, do CC/02, dentre as quais consta a hipótese de uma
delas se originar de comodato, depósito ou alimentos. No mesmo sentido, também o art. 1.707, do
CC/02, prevê que os alimentos não podem ser objeto de compensação. Como o Novo CPC reconheceu
expressamente a natureza alimentar honorários advocatícios, passou-se a vedar a sua compensação em
caso de sucumbência parcial (art. 85, §14, do CPC/2015). Assim, foi superado o entendimento da Súmula
nº. 306 do STJ, segundo a qual “os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver
sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte”.
Alternativa (C): incorreta. É possível que um devedor possua dois ou mais débitos da mesma natureza,
referentes a dívidas líquidas e vencidas, em face de um mesmo credor. Se, nessa hipótese, o devedor
somente dispuser de quantia suficiente para sanar parte desses débitos, aplica-se a imputação do
pagamento, prevista nos artigos 352 a 355 do Código Civil. O regramento conferido ao instituto tem
por objetivo favorecer o devedor, possibilitando que escolha o débito que pretende extinguir (art. 352, do
CC/02). Apenas se o devedor não fizer qualquer declaração, e, além disso, não houver violência ou dolo
por parte do credor, é que a ele será transferido o direito de escolha, nos termos do art. 353, do CC/02.
Alternativa (D): correta. A remissão também é forma de pagamento indireto, que extingue a obrigação
por meio de um negócio jurídico bilateral (uma vez que deve ser aceita pelo sujeito passivo). Pode ser
total, quando recai sobre a dívida inteira, ou apenas parcial. Havendo pluralidade de devedores solidários,
a remissão concedida a apenas um deles somente extingue a dívida na parte a ele correspondente,
mantendo-se a solidariedade para todos os efeitos. Contudo, o credor não poderá cobrar a dívida em
6ª RODADA - 18/07/2016
relação aos demais devedores sem abater a quota da dívida que foi objeto de remissão. O mesmo,
entretanto, não ocorre na renúncia da solidariedade, já que, nessa hipótese, o credor só abre mão
da garantia que tem de demandar um ou alguns dos devedores por parte da dívida toda, mas não há
diminuição do valor do débito. A respeito do assunto, veja o enunciado nº. 350 da JDC:
Alternativa (E): incorreta. A confusão é a forma de pagamento indireto que se opera quando uma
mesma pessoa, em decorrência de ato inter vivos ou mortis causa, passa a reunir as qualidades de credor
e devedor. Chama-se de total ou própria a confusão que extingue a totalidade da dívida, e de parcial ou
imprópria a confusão que somente se verifica quanto a parte dela. Em relação a essa última hipótese,
prevê o art. 383, do CC/2002, que “a confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só
extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto
ao mais a solidariedade”. Assim, em se tratando de obrigação solidária, a confusão operada apenas em
relação a parte da dívida (imprópria) não extingue a solidariedade em relação ao remanescente.
e) A execução voluntária do negócio anulável pela parte, quando ciente do vício que o
inquinava, importa a extinção de todas as ações ou exceções de que contra ele dispusesse
o devedor, salvo direito de terceiro.
COMENTÁRIO
Como explica Flávio Tartuce, os vícios ou defeitos do negócio jurídico que o tornam passível de ação
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (A): incorreta, devendo ser assinalada. O dolo que vicia a vontade se configura quando
uma pessoa se utiliza de artifícios maliciosos pra enganar outra, levando-a, com o objetivo de obter
vantagem, a praticar ato que não praticaria normalmente. O dolo capaz de ensejar a anulação do
negócio jurídico, vale dizer, é aquele que constitui a própria causa de sua celebração (dolus causam),
também chamado de dolo essencial, substancial ou principal (art. 149, do CC/02). Esse dolo que gera
a anulabilidade do negócio jurídico pode ser tanto do próprio negociante quanto de terceiro, desde
que a pessoa que dele obtiver vantagem (parte no negócio formado pelo dolo) tivesse ou devesse ter
conhecimento da situação. Se não for esse o caso, ou seja, se o beneficiário do dolo não sabia nem tinha
como saber da prática, o negócio jurídico subsistirá, e o próprio terceiro que o praticou, embora em
benefício alheio, responderá por todas as perdas e danos suportadas pelo negociante enganado. Por
fim, o art. 149, do CC/02, diferencia os efeitos do dolo do representante em decorrência da natureza da
representação: se legal ou convencional. No primeiro caso (representação legal), o representado somente
será obrigado a responder civilmente até a importância do proveito que obteve. Já se a representação
decorrer de convenção, representante e representado serão solidariamente responsabilizados pelos
prejuízos advindos da prática.
Alternativa (B): correta. A lesão ocorre, nos termos do art. 157, do CC/02, quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta. Essa desproporção, diferentemente daquela que enseja a revisão/extinção
do negócio por fato superveniente (arts. 317 e 478 do CC/02), é apreciada com base nos valores
ajustados verificados já no momento da formação do negócio jurídico. O §2º do art. 157, do CC/02,
prevê a possibilidade de se afastar a anulação do negócio jurídico quando for oferecido suplemento
suficiente ou quando houver redução do proveito, mediante concordância da parte favorecida. A
interpretação conferida pela doutrina a esse dispositivo, vale dizer, é no sentido de privilegiar o princípio
da conservação dos contratos, entendendo que a regra, em face da lesão, deverá ser a revisão do
negócio jurídico, e não a sua anulação. Assim, admite-se que o lesionado deduza, desde logo, pretensão
com vistas à revisão do negócio, mediante redução do proveito do lesionador ou complemento do preço.
Também visando a esse objetivo, deverá o juiz incitar as partes a convencionar uma dessas possibilidades,
de modo a conservar o negócio jurídico celebrado (enunciados nº. 149 e 291 do CJF/STJ).
Alternativa (C): correta. A declaração de vontade viciada por erro substancial torna anulável o negócio
jurídico, conforme prevê o art. 138, do CC/02, na hipótese em que o erro poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Dito de outro modo, pela redação
6ª RODADA - 18/07/2016
do artigo, é irrelevante, na configuração do erro capaz de anular o negócio jurídico, que ele seja ou
não “escusável”, uma vez que a sistemática do Código Civil atual adotou o princípio da confiança,
valorizando a eticidade (Enunciado nº. 12 da I Jornada de Direito Civil). O erro é considerado substancial
quando encerra qualquer das hipóteses elencadas no art. 139, do CC/02. Dentre elas, qualifica-se como
substancial o erro quanto à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração
de vontade, sempre que nela houver influído de maneira relevante. Em suma, a possibilidade de anular o
negócio por erro substancial quanto à pessoa ocorre quando se constata que a noção de sua identidade
ou de qualidade a ela essencial que deu causa à manifestação da vontade, na verdade, decorreu de um
engano, de uma falsa percepção.
Alternativa (D): correta. A conduta do devedor que, sabendo que está insolvente ou prestes a se
tornar insolvente, resolve dispor de seus bens, de forma gratuita ou onerosa, objetivando se esquivar de
responder, com seu patrimônio, por obrigações anteriormente assumidas, caracteriza o vício da fraude
contra credores. Essa anterioridade do crédito é aferida pela data da conduta que o originou, ou seja,
pela data da sua causa, independentemente de prévio reconhecimento judicial da obrigação. O negócio
que caracteriza fraude contra credores pode ser anulado, em até 4 (quatro) anos após a sua celebração,
mediante o ajuizamento da chamada ação pauliana. O CPC de 2015, vale dizer, manteve a premissa
de que a fraude contra credores é causa de anulabilidade do negócio jurídico, como se pode verificar
do teor do art. 790, inciso IV, o qual prevê que estão sujeitos à execução os bens “cuja alienação ou
gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude
contra credores”. Pois bem. Em regra, na fraude contra credores, verifica-se, além do elemento objetivo,
concernente à própria atuação prejudicial do devedor, também um elemento subjetivo, consistente na
intenção, na vontade de prejudicar, também chamada de consilium fraudis. Em relação aos casos de
disposição gratuita de bens ou remissão de dívidas, contudo, o art. 158 do CC/02 dispensa esse elemento
subjetivo na caracterização do vício social, ao estabelecer que tais negócios poderão ser anulados se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore.
Alternativa (E): correta. Ao prever a possibilidade de o negócio anulável ser confirmado pelas partes,
salvo direito de terceiro, o art. 172, do CC/2002, trata do que se convencionou chamar de “convalidação
livre da anulabilidade”. Para atingir o fim a que se propõe, ou seja, para que tenha aptidão para conservar
o negócio jurídico, o ato de confirmação, em regra, deve ser qualificado por um elemento objetivo (conter
a substância do negócio jurídico celebrado), associado a um elemento subjetivo (vontade expressa de
mantê-lo). Entretanto, a confirmação expressa consubstanciada por esse ato deixa de ser necessária
quando o devedor, já ciente do vício que inquinava o negócio jurídico, dá início ao seu cumprimento.
Expressa ou tácita, fato é que a confirmação é irrevogável, importando, consoante prevê o art. 175, do
CC/2002, a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
6ª RODADA - 18/07/2016
Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os vícios redibitórios, evicção e temas
correlatos:
a) Como regra, o doador não responde pela evicção, nem mesmo pelo vício redibitório,
contudo, nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará
sujeito à evicção, considerando-se não escrita a convenção em contrário. Já nos casos de
vício ou defeito da coisa, pagará apenas as perdas e danos, se o conhecia; se não o conhecia,
restituirá somente as despesas do contrato.
c) Sobre a tutela da evicção no Código Civil, é correto afirmar que se o adquirente tiver
auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, tais valores
não serão deduzidos da quantia que lhe houver de dar o alienante, além de que não pode
o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa;
e) Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta mais perdas e danos, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
COMENTÁRIO
Cobramos nessa questão os temas da evicção e dos vícios redibitórios, que são assuntos extremamente
recorrentes em provas objetivas das principais bancas, constituindo-se em matéria de obrigatório
conhecimento pelos candidatos. Vamos conceituar brevemente os institutos e, após, comentar as
assertivas. Novamente, recomenda-se atenta leitura dos dispositivos legais pertinentes.
Evicção: segundo Cristiano Vieira Sobral Pinto, (in Direito Civil Sistematizado, 5ª Edição, 2015, Editora
Método), a “evicção se dá pela perda da coisa, adquirida em contrato oneroso, por força de decisão judicial,
ou apreensão administrativa, mesmo se a aquisição for em hasta pública. O entendimento anterior era a
adoção da evicção somente nos casos de sentença judicial, mas hoje vigora o conceito acima”.
Vícios redibitórios: Segundo Cristiano Vieira Sobral Pinto, (in op. citada), “são vícios que geram a
impropriedade do bem, tornando o mesmo inadequado ao fim destinado ou diminuindo o seu
valor. Tal vício é o conhecido como vício oculto. Note-se que o Código Civil só deu proteção ao vício
oculto. De forma diversa o Código de Defesa do Consumidor, que, além de defender o adquirente
em face dos vícios ocultos, também o protegeu na ocorrência de vícios aparentes ou de fácil
constatação. Os mesmos aplicam-se aos contratos bilaterais, onerosos; da mesma forma, têm aplicação
6ª RODADA - 18/07/2016
nas doações onerosas (doação remuneratória e modal),bem como nos contratos comutativos”.
Alternativa (A): incorreta. De fato, como regra, as chamadas doações puras não se submetem à evicção
e aos efeitos dos vícios redibitórios, ao passo que, como exceção, nas doações para casamento com certa
e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
Nesse sentido é o que dispõe o Art. 552, do Código Civil de 2002: “O doador não é obrigado a pagar
juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para
casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção
em contrário”. Portanto, é possível convencionar a exclusão da garantia da evicção, em caso de doação
para casamento com certa e determinada pessoa.
Saliente-se que, nas demais doações com encargo, segundo a doutrina, haverá responsabilidade
por evicção ou vícios redibitórios, sendo esta proporcional ao serviço prestado ou ao encargo.
Por fim, o outro erro da assertiva está em não apontar, expressamente, a necessidade de restituição
do valor da coisa, em caso de vícios ou defeitos ocultos: “Art. 443, CC/2002. Se o alienante conhecia
o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-
somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato”.
Alternativa (B): correta. Tratando-se de direito disponível, a garantia pelos riscos da evicção
pode ser aumentada (com estipulação de cláusula penal, fiança ou restituição em dobro, por
exemplo), diminuída (retirando-se a indenização pelos frutos, por exemplo) ou ainda excluída. Tais
possibilidades podem ocorrer somente se houver cláusula expressa, não existindo qualquer vedação legal
para o reforço da garantia até o dobro do valor da prestação, conforme deixa transparecer o Art. 448,
do Código Civil: “Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção”.
Ressalte-se, por oportuno, que a exclusão integral necessita de mais requisitos. Além da cláusula
que a preveja, o adquirente deve ser informado dos riscos que ameaçam a coisa e assumi-los. Se
não estiverem presentes todas estas exigências a exclusão não será total, cabendo ao alienante a
responsabilidade sobre o valor da coisa ao tempo da evença.
Há ainda a exclusão prevista legalmente (Art.457 do CC), em que será afastada a garantia completamente
em situações que o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, primando pelo princípio da boa-
fé objetiva. Em hipóteses de exclusão integral da garantia, os contratos irão adquirir natureza aleatória,
não atendendo mais ao princípio da equivalência das prestações, norteador das obrigações comutativas.
Alternativa (C): incorreta. A questão vai de encontro ao que dispõe o Art. 452, do CC/2002: “Se o
adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor
das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante”. Tal dispositivo legal é
melhor interpretado quando conjugado com o Art. 451 do CC/2002: “Subsiste para o alienante esta
obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente”.
6ª RODADA - 18/07/2016
O que tais dispositivos legais intencionam dizer, segundo Flávio Tartuce (in Manual de Direito Civil, v.
único, 5ª Ed., 2015, Editora Método), é que:
“(...) a responsabilidade do alienante pela evicção total ou parcial permanece ainda que
a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Exemplificando,
não poderá o adquirente haver a coisa deteriorada para si sabendo do vício e depois se insurgir,
pleiteando o que consta do art. 450 do CC. Mas, se o evicto (adquirente) tiver auferido vantagens
das deteriorações e não tiver sido condenado a pagar tais valores ao evictor (alienante), o valor
dessas vantagens deverá ser deduzido da quantia pleiteada do alienante (art. 452 do CC), regra
sintonizada com a vedação do enriquecimento sem causa”.
Por fim, está correta a parte final da questão, quando afirma que não pode o adquirente demandar pela
evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, por retratar exatamente o que consta no Art. 457 do
CC/2002, regra essa que está em estrita consonância com a principiologia do Código, que prestigia a
boa-fé nas relações jurídicas.
Alternativa (D): incorreta. O Art. 453 do CC/2002 não menciona as benfeitorias voluptuárias, como
indenizáveis pelo evictor: “As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,
serão pagas pelo alienante”. Flávio Tartuce (in op. citada), por outro lado, aponta que as benfeitorias
abonadas ao que sofreu a evicção, se tiverem sido feitas pelo alienante, o valor destas deverá ser levado
em conta na restituição devida (art. 454 do CC).
Ressalte-se que, quanto às benfeitorias voluptuárias, por inexistir previsão específica no capítulo
sobre o instituto da evicção devem ser aplicadas as regras do Art. 1.219 do CC/2002, em caso de
posse de boa-fé (“O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e
úteis”) ou do art. 1.220, em caso de posse de má-fé (“Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias”).
Alternativa (E): incorreta. A assertiva está incorreta apenas por afirmar que o evicto terá direito
à indenização por perdas e danos, pois o art. 449 do CC/2002 garante apenas a devolução do que
foi pago, nos casos em que o adquirente não soube do risco ou, dele informado, não o assumiu: “Não
obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o
preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu”.
Saliente-se que, nesses casos, na restituição ao evicto incluem-se também os valores previstos no art. 450
do CC/2002: indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; indenização pelas despesas dos
contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; e às custas judiciais e aos honorários
do advogado por ele constituído.
6ª RODADA - 18/07/2016
Gabarito: “B”
7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942)
e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:
b) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora do território
nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando esta for mais favorável
ao cônjuge e aos filhos brasileiros, desde que todos os bens estejam localizados no Brasil.
c) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados, no entanto, aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para
outros lugares, e, em relação ao penhor, aplica-se a lei do local em que firmada a obrigação
de garantia.
COMENTÁRIO
O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, já que a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB), antiga Lei de Introdução ao Código Civil (modificação de nomenclatura jurídica
foi operada através da Lei n. 12.376/2010) é considerada verdadeira norma de sobredireito, em razão de
sua abrangência, pois, segundo Flávio Tartuce (in op. citada), os seus:
“(...) artigos que trazem em seu conteúdo regras quanto à vigência das leis (arts. 1.º e 2.º), a
6ª RODADA - 18/07/2016
respeito da aplicação da norma jurídica no tempo (arts. 3.º a 6.º), bem como no que concerne
à sua subsistência no espaço, em especial nas questões de Direito Internacional (arts. 7.º a 19)”.
As provas objetivas sobre o tema costumam cobrar apenas a literalidade desse ato normativo, razão pela
qual foi esse o foco da questão, que procurou condensar os principais dispositivos legais cobrados pelas
bancas. Sobre esse assunto, é essencial que o aluno sempre procure ler os dispositivos legais da LINDB,
notadamente os destacados nos comentários.
Alternativa (A): incorreta. A assertiva aborda situação que enseja a aplicação do disposto no Art. 7º,
§ 3º, c/c § 4º, e o erro do enunciado consiste no fato de apontar como domicílio para aferição
da invalidade do matrimônio o do último domicílio conjugal, quando, na verdade, será o do
primeiro domicílio do casal. Segue o texto legal:
Art. 7º, § 3º: “(...) Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4º. O regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro
domicílio conjugal”.
Alternativa (B): incorreta. O erro do enunciado é sutil, pois a aplicação da lei brasileira ou estrangeira,
quando mais benéfica ao cônjuge ou filhos brasileiros, se restringe apenas aos bens situados no
país. Vejam o que dispõe o art. 10 da LINDB:
“A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de
bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
regula a capacidade para suceder”.
Alternativa (C): incorreta. O enunciado cobrou o art. 8º da LINDB, estando errado, afirma que o penhor
regula-se pela lei do local onde firmada a garantia, uma vez que é aplicável a legislação do domicílio
que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa dada em penhor. Confiram a redação do Art. 8º em
comento:
“Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em
que estiverem situados. § 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário,
quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. §
6ª RODADA - 18/07/2016
2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a
coisa apenhada”.
Portanto, sobre os bens, temos as seguintes normas de conexão para qualifica-los e regular suas relações:
1º) Lei do país em que estiverem situados; 2º) Lei do domicílio do proprietário, quanto aos bens
moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares; 3º) Quanto ao penhor:
lei do domicílio da pessoa que esteja na posse do bem empenhado.
Alternativa (D): correta. O enunciado está em ampla consonância com o disposto no art. 9º da LINDB:
“Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. § 1º.
Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será
esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos
do ato. § 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir
o proponente”.
Portanto, sobre as obrigações são, basicamente, duas regras: 1º) Qualificam e as regem a lei do
país em que se constituírem; 2º) Quando a obrigação for ser executada no Brasil, a lei estrangeira
poderá ser aplicada em relação aos requisitos extrínsecos do ato.
“Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptiveis de desapropriação” (Art. 11, § 1º, da LINDB).
O erro do enunciado reside na afirmação de que os Governos Estrangeiros não podem adquirir
suas próprias sedes, já que, segundo o art. 11, § 3º, da LINDB, “Os Governos estrangeiros podem adquirir
a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares”.
Destaque-se, por oportuno, que a vedação a que organismos ou governos estrangeiros adquiram bens
imóveis no Brasil decorre de regra que objetiva preservar a soberania nacional, uma vez que a propriedade
de bens imóveis estratégicos poderiam, de outro modo, residir em mãos de interesses estrangeiros,
afetando a prestação de serviços públicos, fiscalização de fronteiras, etc.
OBS: não confundam essa vedação com outras presentes na Constituição e Lei esparsas, quanto
à aquisição, por exemplo, de imóveis rurais, que encontra limitações para pessoas físicas ou jurídicas
estrangeiras, como na Lei n. 5.709/1971.
6ª RODADA - 18/07/2016
e) De acordo com o CPP, a confissão do réu pode suprir o exame do corpo de delito,
quando a infração deixar vestígios, desde que em conjunto com a colheita de depoimentos
de testemunhas.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Segundo o Professor Renato Brasileiro, o reconhecimento de pessoas ou coisas
é “(...) meio de prova por meio do qual alguém identifica uma pessoa ou coisa que lhe é mostrada com
pessoa ou coisa que já havia visto, ou que já conhecia, em ato processual praticado perante a autoridade
6ª RODADA - 18/07/2016
Na espécie, cobrou-se o conhecimento do disposto no Art. 228 do Código de Processo Penal – CPP,
o qual aponta que “Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas”. A
intenção da norma é clara, de evitar que as testemunhas do fato “contaminem” o reconhecimento a ser
efetuado por outras, tal como ocorre no depoimento em Juízo.
Por outro lado, Renato Brasileiro (in op. citada), citando Mirabete, aponta que “acarear (ou acoroar) é pôr
em presença uma da outra, face a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A acareação é, portanto
o ato processual consistente na confrontação das declarações de dois ou mais acusados, testemunhas ou
ofendidos, já ouvidos, e destinado a obter o convencimento do juiz sobre a verdade de algum fato em que
as declarações dessas pessoas forem divergentes”.
Portanto, está correta a parte final da questão, na medida em que a acareação pode ocorrer entre
testemunhas e na presença simultânea de ambas, com o intuito de esclarecer a divergência de
depoimentos, conforme ressalta o Art. 229 do CPP:
“A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes”.
“É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de
Central de Inquéritos Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura
ação penal que será proposta. Não há, neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação
ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, considerando que este dispositivo não fixa regra de competência,
mas sim reserva de jurisdição para quebra do sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele
não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve ser
decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). Admite-se a divisão de tarefas entre juízes
que atuam na fase de inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuar
na fase pré-processual decretando medidas que dependam da intervenção do Poder
Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o competente para
julgar a ação penal que será proposta posteriormente”. (STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016).
Alternativa (C): incorreta. Esse tema é reiteradamente cobrado nas fases objetivas de concursos. É
pacífica a jurisprudência do STF e do STJ em sentido contrário ao do enunciado, ou seja, pela
desnecessidade de transcrição integral dos diálogos captados via interceptação telefônica. Não
há qualquer comprometimento ao direito de defesa, uma vez que os acusados tem acesso à integra das
mídias e podem, com isso, transcrever os trechos de seu interesse, a fim de subsidiar sua defesa.
6ª RODADA - 18/07/2016
“A Corte local assentou de forma expressa que foi franqueado o acesso a todas as mídias.
Ademais, a alegação no sentido de que deveriam ter sido degravadas todas as conversas
interceptadas, não merece prosperar pois, “de acordo com a jurisprudência consolidada
deste Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de degravação dos diálogos
objeto de interceptação telefônica em sua integralidade, visto que a Lei 9.296/96 não faz
qualquer exigência nesse sentido” (STJ, HC 284.574/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, 5ª Turma, julgado em 03/05/2016).
Alternativa (D): incorreta. Também no Informativo n. 816 do STF, a Suprema Corte afirmou:
Portanto, não há prejuízo ao depoimento prestado na condição de testemunha, quando, após, esse
sujeito vira réu no processo, pois, mesmo naquela condição, a garantia da não autoincriminação
estaria plenamente assegurada.
Alternativa (E): incorreta. De início, é preciso destacar que a confissão não pode suprir o exame de corpo
de delito, quando a infração deixar vestígios. Nesse sentido é o que prescreve o art. 158 do CPP:
“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”. Por outro lado, observem o que
prescreve o Art. 167 do CPP: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”.
Sobre o tema, Renato Brasileiro (Manual de Direito Processual Penal, op. já citada) aponta que:
“A despeito da disposição expressa do art. 158 do CPP, o STJ tem emprestado valor
probatório à confissão em relação ao corpo de delito, notadamente quando a ela se
somam outros elementos probatórios. Na visão da 5ª Turma do STJ, “no processo penal
moderno, é possível a supressão do exame de corpo de delito pela confissão do acusado e por
outras provas para a configuração da qualificadora no furto, uma vez que não há hierarquia
entre as provas, e tudo que for lícito será usado na busca da verdade real. In casu, estão acostados
o auto de verificação e descrição do local do delito, a confissão do acusado e depoimento da
vítima”.
Portanto, a literalidade do CPP torna incorreta a primeira parte da assertiva, no entanto, a jurisprudência
6ª RODADA - 18/07/2016
tende a mitigar o rigor do texto legal, quando existente forte conjunto probatório que permita
a produção do chamado corpo de delito “indireto” – ou seja, por meio de testemunhas e confissão.
a) O crime de falsa perícia admite a tentativa e a coautoria, ao passo que o crime de falso
testemunho, previsto no mesmo tipo penal, não admite, segundo a doutrina majoritária, a
coautoria, admitindo apenas a participação.
e) Não caracteriza o delito de desobediência (CP, art. 330) a conduta do agente, que,
embora não atendendo a ordem judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito de tal
insubmissão, ao pagamento de multa diária (‘astreinte’) fixada pelo magistrado com a
finalidade específica de compelir, legitimamente, o devedor a cumprir o preceito.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Sobre os crimes de mão própria, que são os que somente podem ser praticados
pelo sujeito expressamente indicado pelo tipo penal, como os de falso testemunho e de falsa perícia, eles
são, via de regra, incompatíveis com a coautoria.
No entanto, segundo Cléber Masson, existe somente uma exceção a esta regra, relativa ao crime
de falsa perícia (art. 342 do CP) praticado em concurso por dois ou mais peritos, contadores,
tradutores ou intérpretes, como na hipótese em que dois peritos subscrevem dolosamente o mesmo
laudo falso. Trata-se de crime de mão própria cometido em coautoria.
6ª RODADA - 18/07/2016
OBS: Em que pese o posicionamento pela vedação de coautoria, o Superior Tribunal de Justiça, assim
como o Supremo Tribunal Federal, manifestam o entendimento pacífico quanto à possibilidade de
participação do advogado que, ilicitamente, instrui a testemunha no crime de falso testemunho
– confiram o julgado do STJ HC 45.733/SP, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa.
Alternativa (B): incorreta. A lei não afasta a tipificação do crime de “Aliciamento para o fim de emigração”
em caso de benefício econômico para o trabalhador, conforme é possível atestar pelo disposto no art. 206
do Código Penal: “Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território
estrangeiro”.
Ademais, segundo Masson, o núcleo do tipo é “recrutar”, aliciar, no sentido de seduzir, atrair interessados,
sendo imprescindível que o recrutamento efetive-se mediante fraude, isto é, com emprego de
artifício, ardil ou de qualquer outro meio fraudulento.
Por fim, a lei fala em “trabalhadores”, razão pela qual o referido Autor defende que devem existir,
no mínimo, três pessoas, pois quando o Código Penal deseja somente duas pessoas ou então ao
menos quatro indivíduos ele o faz expressamente.
Alternativa (C): correta. Sobre o tema, imperioso trazer os ensinamentos de Cléber Masson (in Código
Penal Comentado, 2ª Edição, 2014, Editora Método), que esgota o assunto:
6ª RODADA - 18/07/2016
Uma primeira corrente entende que a intenção (falsa ou verdadeira) de restituir o bem
móvel de que o agente apropriou-se, desviou ou subtraiu não exclui o peculato doloso,
pouco importando se o funcionário público possui recursos financeiros para tanto, bem como se
a coisa era fungível ou infungível. Não admite, portanto, a figura do peculato de uso. Também
não se afasta o crime com a prova de que se produziu alguma vantagem para a Administração
Pública, pois a vantagem indevida não deve aproveitar ao Estado. Se a coisa móvel é utilizada
em fim diverso daquele a que era destinado, desde que o agente vise a proveito próprio ou
alheio, apresenta-se o peculato na modalidade desvio.
Por outro lado, há quem admita o peculato de uso, considerando-o fato irrelevante. Para
os partidários dessa linha de pensamento, é atípico o fato relacionado ao uso momentâneo de
coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido
da sua integral restituição a quem de direito. Os dispositivos em estudo (art. 312, caput e § 1º)
são peremptórios ao exigirem a apropriação, o desvio ou a subtração de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular. No entanto, mesmo para os defensores desta
posição, caracteriza-se o crime de peculato no tocante aos bens fungíveis, dos quais o dinheiro
é o exemplo por excelência. E, em relação aos bens fungíveis, pode surgir a figura do peculato
de quantidade, ou desfalque de caixa, expressões empregadas para indicar a apropriação
ou o desvio de coisas fungíveis quando o desfalque seja encoberto pelo estorno de outras
coisas fungíveis. Vale destacar que o simples uso do bem caracteriza ilícito de outra natureza,
consistente em ato de improbidade administrativa (art. 9º, IV, da Lei 8.429/1992).
Alternativa (D): correta. É o que consta do art. 346 do Código Penal, inserido no mesmo capítulo do
crime de “Exercício Arbitrário das Próprias Razões”, embora como tipo próprio: “Tirar, suprimir, destruir
ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena
- detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.
Sobre essa infração penal, Masson (in op. citada) aponta que o legislador não atribuiu nomen iuris à conduta
de “tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação
judicial ou convenção”, porém, a doutrina, levando em conta a descrição típica, convencionou chamar este
crime de “subtração ou dano de coisa própria em poder de terceiro”. “furto ou dano de coisa própria em
poder de terceiro”, “subtração, supressão ou danificação da coisa própria no legítimo poder de terceiro”
(terminologia adotada pelo CP/1969, revogado durante seu período de vacatio legis), “inovação sobre
coisa própria” ou “modalidade de exercício arbitrário das próprias razões” (nomenclatura já utilizada
pelo STJ no HC 128.937/SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 02.06.2009, noticiado no
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (E): correta. O crime de desobediência está previsto no Art. 330 do Código Penal:
“Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis
meses, e multa”.
Segundo Masson (op. citada), a doutrina e a jurisprudência firmaram-se no sentido de que, quando
alguma lei comina determinada sanção civil ou administrativa para o descumprimento de ordem
legal de funcionário público, somente incidirá o crime em análise se a mencionada lei ressalvar
expressamente a aplicação cumulativa do delito de desobediência. Incide na espécie o princípio da
independência das instâncias civil, administrativa e penal.
6ª RODADA - 18/07/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Observem o que prescreve o art. 302 do Código Penal: “Dar o médico, no
exercício da sua profissão, atestado falso: Pena — detenção, de um mês a um ano”. Portanto, como se
pode extrair da própria redação do artigo, o crime em análise pressupõe que um profissional da medicina
forneça um atestado médico falso a alguém.
Sobre isso, explica Masson (in Código Penal Comentado, op. já citada): “O crime é próprio ou especial,
pois somente pode ser cometido pelo médico. Sua área de especialização é irrelevante. Admite-se o
concurso de pessoas (coautoria e participação). Excluem-se os dentistas, psicólogos e fisioterapeutas,
entre outros. E, nesse ponto, o legislador criou uma situação contraditória, pois o fornecimento de
atestados falsos por tais profissionais configura o delito de falsidade ideológica (art. 299 do CP), cuja
pena é sensivelmente mais grave. E, além de ser profissional da medicina, o agente deve dar o falso
atestado “no exercício da sua profissão”, isto é, a afirmação há de relacionar-se com o estado de saúde do
solicitante. O beneficiário do atestado médico falso que o utiliza, ciente da sua origem, comete o crime
de uso de documento falso (art. 304 do CP)”.
Portanto, o crime só se caracteriza quando o conteúdo do atestado refere-se às funções típicas dos
médicos: existência de certa doença, necessidade de repouso para convalescência, atendimento de
pessoa em consulta médica, atestado de óbito, etc. Cuida-se de crime próprio, pois só pode ser
cometido por médico. Admite-se, porém, a participação de terceiro.
Se o particular, autor do atestado falso, é dentista, veterinário ou qualquer outro profissional que não
seja da área médica, não estará configurado o crime em tela, e sim o de falsidade ideológica, do art. 299.
OBS: Por outro lado, quem não é médico e falsifica atestado médico comete o crime do art. 301, § 1º, do
Código Penal:
“Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância
que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
6ª RODADA - 18/07/2016
qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 1º - Falsificar, no todo
ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a
dois anos”.
OBS2: quando o médico fornece o atestado no desempenho de função pública (por trabalhar em hospital
público, por exemplo), comete o crime do art. 301, caput, do Código Penal, que é mais grave.
Alternativa (B): incorreta. No caso da conduta do indivíduo que falsifica, para posterior utilização, bilhete
ou passe de trânsito concedido por empresa de transporte coletivo municipal, é pacífico na doutrina e
jurisprudência que o agente que pratica tais condutas de falsificar documento e, em seguida, de
usar o documento falsificado, deve responder por apenas um delito. A divergência está em saber
em que tipo penal – se falsificação de documento público ou uso de documento falso – estará ele incurso.
O entendimento sufragado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal
de Justiça é de que se o mesmo sujeito falsifica e, em seguida, usa o documento falsificado, responde
apenas pela falsificação, conforme expõe o HC 150.242⁄ES, cuja Relatora é a Ministra Maria Thereza de
Assis Moura, julgado no âmbito do STJ.
Por sua vez, está correta a segunda parte da questão, que cobrou o conhecimento do crime de “Falsificação
do selo ou sinal público”, previsto no Art. 296 do CP:
“Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: (...) III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos
ou entidades da Administração Pública”.
Alternativa (C): incorreta. O único erro da assertiva é que o crime mencionado, previsto no art. 311-A e
incisos do CP, não é atentatório contra à administração pública, mas, sim, trata-se de crime contra a “Fé
Pública”, inserido no Título X do CP. Portanto, segundo a posição topográfica, o bem jurídico protegido
é a fé pública.
Alternativa (D): incorreta. Sobre o crime de Desacato, está previsto no Art. 331 – do CP: “Desacatar
funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
ou multa”.
Segundo explica Cléber Masson, o crime de desacato pode ser praticado no exercício da função (desacato
in officio) ou em razão da função pública (propter officium). Nesse, o funcionário público está fora da
repartição pública e não desempenha nenhum ato de ofício, mas a ofensa contra ele proferida vincula-
se à sua função pública. Naquele o funcionário público encontra-se desempenhando sua função, isto é,
realizando atos de ofício.
Portanto, o desacato ocorrerá ainda que o funcionário público não esteja no efetivo exercício de
suas funções, mas desde que a estas se refira.
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (E): correta. A Falsificação de documento público está prevista no art. 297 do CP:
Observem que o § 2º desse artigo estabelece os documentos que se equiparam a documento público,
para fins penais:
Vejam que a nota fiscal não está inclusa nesse rol. Isso porque o referido documento é considerado
particular, como entende a jurisprudência:
“A nota fiscal, para fins de direito penal, é considerada pela doutrina e jurisprudência
como documento particular” (STJ, HC 27122 MG, Relator Ministro PAULO MEDINA,
Julgamento: 09/11/2006, Sexta Turma).
11. Afirma-se que o ponto de maior destaque do Novo Código de Processo Civil é o sistema de
precedentes vinculantes por ele instituído. Acerca da definição e dos elementos constitutivos do
precedente, assinale a única alternativa CORRETA:
a) Nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma decisão judicial.
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COMENTÁRIO
Não se poderia compreender a dinâmica de precedentes estabelecida pelo Código de Processo Civil de
2015 sem que, antes, fosse fixada a ideia do que é um precedente. Com efeito, é necessário ter em mente
que esse sistema de precedentes vinculantes busca garantir acima de tudo a coerência da ordem jurídica,
prestando-se ao aperfeiçoamento dos princípios da isonomia e da segurança jurídica. Nesse sentido,
respectivamente:
Embora deva ser no mínimo indesejável, para um Estado Democrático, dar decisões desiguais
a casos iguais, estranhamente não há qualquer reação a esta situação na doutrina e na
praxe brasileiras. É como se estas decisões não fossem vistas ou fossem admitidas por serem
inevitáveis. A advertência de que a lei é igual para todos, que sempre se viu escrita sobre
a cabeça dos juízes nas salas do civil law, além de não mais bastar, constitui piada de mau
gosto àquele que, em uma das salas do Tribunal e sob tal inscrição, recebe decisão distinta a
proferida – em caso idêntico – pela Turma cuja sala se localiza metros mais adiante, no mesmo
longo e indiferente corredor do prédio que, antes de tudo, deveria abrigar a igualdade de
tratamento perante a lei. (MARINONI, Luiz Guilherme – Coordenador. BARBOSA, Adriano et
al. A força dos Precedentes. 2ª ed., revisada, ampliada e atualizada. Salvador: Juspodvm, 2012,
p. 11).
Sucede que não é apenas em relação ao passado que se mostra necessário garantir
estabilidade. O indivíduo, muita vez, termina por pautar a sua conduta presente com base num
comportamento adotado por outro indivíduo ou, o que mais nos interesse aqui, pelo Estado.
Dentro dessa dimensão pública, é natural que as soluções dadas pelo Poder Judiciário às
situações que lhe são postas para análise sejam levadas em consideração pelo indivíduo para
moldar a sua conduta presente. Isso se verifica ainda mais quando se observa a importância
que os precedentes judiciais vêm ganhando em nosso ordenamento. Ao conferir-lhes os mais
diversos efeitos jurídicos, o legislador brasileiro visa a garantir certa previsibilidade quando à
atuação do Estado-juiz (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova,
Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos
Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 397).
Nos comentários seguintes poder-se-á, ainda que em linha gerais, extrair mais informações que concorram
para sedimentação da noção de precedente judicial.
Alternativa (A): correta. Nas palavras de Karl Larenz, o precedente judicial define-se como “resoluções
em que a mesma questão jurídica, sobre a qual há que decidir novamente, foi já resolvida por um tribunal
noutro caso” (LARENZ, Karl, apud DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova,
Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da
Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 387). Mas não só. O precedente é uma decisão judicial
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qualificada, detentora de um aspecto positivo e outro negativo. Para que a decisão judicial se revista
da qualidade de precedente, deverá necessariamente decidir questão de direito em sua ratio decidendi
(condição positiva), não se configurando como tal se se cingir a afirmar a letra da lei (condição negativa),
hipótese em que sequer há significativa atividade cognitiva na decisão (MARINONI, Luiz Guilherme.
Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 214).
É possível dizer, pois, que todo precedente judicial deriva de uma decisão, mas nem toda decisão
configura precedente. A última é gênero do qual o primeiro é espécie. Dessa forma, pode-se ilustrar a
relação entre precedente judicial e decisão como sendo ambos dois círculos concêntricos, tendo o último
maior espectro de abrangência:
Daí fica claro que, de fato, nem toda decisão judicial é um precedente, mas todo precedente é uma
decisão judicial.
O precedente, como decisão judicial que é, veicula norma individual e concreta que, dando solução
à questão incidente ou ao litígio em si, obrigará as partes (DIDIER JR, Fredie. et al. Curso de Direito
Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada
e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 288). A súmula, de seu turno,
veicula norma geral e abstrata, possuindo características mais semelhantes às de lei em sentido material
do que às de decisão judicial. Os institutos, a rigor, têm natureza jurídica distinta (SIFUENTES, Mônica.
Súmula Vinculante. Um estudo sobre o poder normativo dos tribunais. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 275).
Nesse sentido:
O enunciado sumular, vinculante ou não, não importa de qual tribunal, não é verdadeiramente
um precedente judicial. Como afirmado anteriormente, o precedente judicial relaciona-se
a uma decisão judicial que contém elementos suficientes e similares a de outras situações
futuras e que, por isso, é capaz de exercer alguma espécie de persuasão sobre o julgador.
(LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 197).
(...) súmula vinculante não pode ser confundida com o precedente do common law. (DANTAS,
Bruno et al – Coordenadores. ABBOUD, Georges et al. Novas Tendências do Processo Civil.
Salvador: Juspodvm, 2013, p. 136).
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Em abordagem mais pragmática, Didier Jr. afirma que “a súmula é o enunciado normativo (texto) da
ratio decidendi (norma geral) de uma jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente.
Há, pois, uma evolução: precedente jurisprudência súmula. São noções distintas, embora umbilicalmente
ligadas”. (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 487).
Essas constatações não infirmam o sistema no Novo Código de Processo Civil, mas evidenciam que
nossa dinâmica de “precedentes” obrigatórios, como a jabuticaba, é tipicamente brasileira e dessa forma
deve ser compreendida a aplicada. Afinal, “temos uma tradição jurídica própria e bem peculiar, que,
como disse um aluno em sala de aula, poderia ser designado, sem ironia ou chiste, como brazilian law”
(DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de
Conhecimento. V. 1. 13ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 43). A nosso sentir, a súmula deve ser concebida
como um enunciado judicial que evidencia a ratio decidendi de precedentes que devem ser seguidos.
Alternativa (C): incorreta. De fato, os precedentes são compostos por um elemento nuclear e um
elemento acessório. Ocorre que aquele é a ratio decidendi e este o obter dictum. Os obter dicta, referidos
na questão, nada mais são que o plural de obter dictum.
Como se sabe, “a ratio decidendi (...) constitui a essência da tese jurídica suficiente para decidir o caso
concreto (rule of law). É essa a regra de direito (e, jamais, de fato) que vincula os julgamentos futuros
inter alia” (TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente Judicial como Fonte do Direito. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2004, p. 175.) Ademais, “o obter dictum (...) consiste nos argumentos que são
expostos apenas de passagem na motivação da decisão, consubstanciando juízos acessórios, provisórios,
secundária, impressões ou qualquer outro elemento que não tenha influência relevante e substancial
para a decisão (...) Normalmente é definido de forma negativa: é obter dictum a proposição ou regra de
Direito que não compuser a ratio decidendi. É apenas algo que se fez constar ‘de passagem’ não podendo
ser utilizado com força vinculativa por não ter sido determinante para a decisão. (DIDIER JR, Fredie. et
al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão
Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p. 388).
Alternativa (D): incorreta. Primeiramente, “é preciso sublinhar que a ratio decidendi não tem
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correspondência no processo civil adotado no Brasil, pois não se confunde com a fundamentação e
com o dispositivo. Assim, quando relacionada aos chamados requisitos imprescindíveis da sentença,
ela certamente é ‘algo a mais’” (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013, p. 220).
Nessa linha, a compreensão da ratio decidendi demanda acentuada atividade intelectiva que, partindo
dos elementos da decisão, extraia seu conteúdo. Tal atividade se assemelha à do hermeneuta que, diante
de dispositivos legais, busca a norma neles contida, de modo que é possível afirmar que a compreensão
da ratio decidendi está para a decisão assim como a compreensão da norma está para os dispositivos de
lei (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 178).
A doutrina estrangeira concebeu teorias que auxiliam o jurista na identificação da raz, das quais destacam-
se duas: a de Eugene Wambaugh e a de Arthur Goodhart. Em linhas gerais, no “teste de Wambaugh,
invertendo-se o sentido da proposição tomada em conta pelo tribunal, a sua decisão não pode ser a
mesma para que a proposição constitua ratio decidendi. A proposição com sentido invertido – portanto,
outra proposição – faria com que o caso fosse decidido de outra maneira. Se a nova proposição gera igual
decisão, a proposição original, em vez de constituir ratio decidendi, representa obter dictum” (MARINONI,
Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 222). Na teoria
de Goodhart, por outro lado, propõe-se que “a ratio decidendi seja extraída a partir do exame dos fatos
fundamentais (material facts) considerados pelo julgador e da conclusão jurídica advinda da análise dos
referidos fatos” (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p.
179).
Alternativa (E): incorreta. Como deflui das ideias expostas na alternativa “(A)”, toda e qualquer decisão,
de mérito ou terminativa, singular ou colegiada, em qualquer grau de jurisdição, têm o condão de se
tornar precedente judicial. Basta, para tanto, que o pronunciamento judicial decida questão de direito
em sua razão de decidir, não se limitando a afirmar a letra da lei. O conceito de precedente não pode ser
confundido com seus efeitos, que, no Novo Código de Processo Civil, só são vinculantes em relação aos
pronunciamentos de órgãos colegiados (art. 927).
12. Determinado Estado promoveu concurso público para o provimento de cargos de nível médio
e fundamental. João da Silva, que há pouco perdeu o emprego no cenário de crise econômica
em que se encontra o país, após estudar com muito afinco, foi aprovado nas provas para ocupar
o cargo de assistente administrativo da Secretaria da Educação, em vaga reservada a portadores
de necessidades especiais. O candidato tem a visão do olho esquerdo comprometida. Ao ser
submetido a exame médico, João foi excluído do certame, por não ser considerado portador
de necessidades especiais. Irresignado, o candidato impetrou mandado de segurança contra a
decisão administrativa que promoveu sua exclusão do certame, invocando súmula do Superior
Tribunal de Justiça que afirma: “o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
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concurso público, às vagas reservadas aos deficientes”. A autoridade coatora foi instada a
prestar informações, e seu órgão de representação judicial ingressou no feito para defesa do
ato. Considerando esse cenário fático hipotético e colocando-se no papel de Procurador do
Estado envolvido, assinale a única alternativa CORRETA a respeito das técnicas de confronto,
interpretação e aplicação dos precedentes judiciais:
e) Deve o Procurador do Estado alegar que a súmula, por não ser vinculante, não precisar
ser necessariamente seguida no caso concreto, ainda que a ratio decidendi nela exposta
seja aplicável à hipótese fática.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Com a técnica da distinção, o distinguishing, busca-se demonstrar que o caso
em julgamento não possui base fática análoga à do caso que fez surgir o precedente, elidindo, pois, a
aplicação da respectiva ratio decidendi. Entretanto, a mera similitude fática é o objeto de análise quando
da aplicação do distinguishing, e não uma absoluta similitude, visto que “muito dificilmente haverá
identidade absoluta entre as circunstâncias de fato envolvidas no caso em julgamento e no caso que deu
origem ao precedente. Sendo assim, se o caso concreto revela alguma peculiaridade que o diferencia
do paradigma, ainda assim é possível que a ratio decidendi (tese jurídica) extraída do precedente lhe seja
aplicada” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 491).
Alternativa (B): correta. Realmente, quando, por alguma peculiaridade fática, um precedente não se
aplica a um dado caso em julgamento, quando deveria fazê-lo, tem-se um distinguishing-resultado com
efeitos negativos.
É que se pode “utilizar o termo ‘distinguish’ em duas acepções: (i) para designar o método de comparação
entre o caso concreto e o paradigma (distinguish-método); (ii) e para designar o resultado desse confronto,
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nos casos em que se conclui haver entre eles alguma diferença (distinguish-resultado)”. (DIDIER JR, Fredie.
et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão
Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p.
403). E, quando o distinguishing-método conduz a um distinguishing-resultado em que são se aplica o
precedente, diz-se que ele tem efeitos negativos; se o oposto ocorre, fala-se em efeitos positivos.
A fim de bem entender essa diferenciação, deve-se ter em mente que o operador do direito se vale
invariavelmente da técnica do distinguishing, compreendido como método. Todo e qualquer cotejo
entre casos demanda a utilização dessa técnica. Assim, “ainda que de forma inconsciente, a técnica de
confrontação jurisprudencial é realizada pela comunidade jurídica no Brasil. É, destarte, mais corriqueira
do que se poderia imaginar. A crescente valorização da autoridade do Direito judicado, indubitavelmente,
contribuiu para que o estudo de casos e o confronto entre ele se tornassem, ainda que de maneira
impensada, um hábito dos magistrados, dos advogados públicos e privados, dos membros ministeriais e
até mesmo das partes (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias civis no Brasil. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 212).
Alternativa (C): incorreta. Como já assentado, o distiguishing repousa no cotejo fático entre o caso
paradigma e aquele em julgamento, de modo que, não havendo bases fáticas similares em ambos, não
há aplicação do precedente. Assim, a “não adoção do precedente, em virtude do distinguishing, não quer
dizer que o precedente está equivocado ou deve ser revogado. Não significa que o precedente constitui
bad law, mas somente inapplicable law” (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 162) – g.n.
Alternativa (D): incorreta. Tal qual afirmado anteriormente, a técnica da distinção, o distinguishing, faz-
se presente não só quando não se aplica um precedente a um caso em julgamento (distinguishing-
resultado), mas em todo cotejo fático entre casos (distinguishing-método).
Alternativa (E): incorreta. Embora, no caso, a súmula em questão seja ordinária, é dizer, não vinculante,
ela deve ser necessariamente seguida no caso narrado.
Isso porque, conforme expressa disposição do art. 927, IV, do Código de Processo Civil de 2015, “os
juízes e tribunais observarão (...) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; (...)” (g.n.). Nessa mesma
linha vai o enunciado n. 314 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:
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b) Por meio do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação
do precedente.
e) O procedente vinculante não será necessariamente superado quando revogada a lei que
lhe fundamenta, porquanto hierarquicamente superior a ela.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. De fato, o “overruling é a técnica através da qual um precedente perde a sua
força vinculante e é substituído (overruled) por um outro precedente” (DIDIER JR, Fredie et al. Curso de
Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa
Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed. Salvador: Juspodvm, 2011, p 405). Trata-se, nada
mais, da revogação total do precedente por outro mais afinado ao direito.
Revogar um precedente significa dizer, na maioria das vezes, que a decisão proferida por
determinado juiz ou determinada corte estava errada, e precisa ser corrigida. Não se trata
do reexame da causa provocado pelas partes interessadas, mas sim no reexame da regra de
direito elaborada pela corte quando do julgamento de determinada questão, cujo erro reside,
geralmente, no excesso à discricionariedade praticado pela corte prolatora. (MARINONI, Luiz
Guilherme – Coordenador. BARBOSA, Adriano et al. A força dos Precedentes. 2ª ed., revisada,
6ª RODADA - 18/07/2016
Inequívoco, pois, que, enquanto o overruling se refere à superação total de um precedente, o overriding
ocorre quando o precedente não mais se aplica a determinados casos, configurando uma superação
parcial.
Alternativa (B): correta. O signaling é, em suma, um sinal da iminência do overruling. Por meio dessa
técnica, reconhece-se a necessidade de superação do precedente a ser aplicado, mas, por razões de
segurança jurídica, posterga-se a efetiva superação para momento ulterior. Em outros termos, por meio
do signaling pode haver a modulação prospectiva dos efeitos da superação do precedente. A esse
respeito:
Objetiva-se comunicar que o precedente, que até então orientava a atividade dos jurisdicionados
e a estratégia dos advogados, será revogado, evitando-se, com isso, que alguém atue em
conformidade com a ordem estatal e, ainda assim ou por isso mesmo, seja prejudicado em
seus negócios ou afazeres ou, em suma, em sua esfera jurídica. Frise-se que os litigantes,
no caso concreto em que se faz a sinalização, não são pegos de surpresa, já que a decisão
é orientada pela ratio decidendi em vias de revogação, tudo em respeito à confiança na
autoridade dos precedentes judiciais (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios.
3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 162).
Com o advento do art. 927, §3º, CPC, conta-se com previsão expressa e genérica da
possibilidade de modulação dos efeitos da decisão que altera a jurisprudência dominante dos
6ª RODADA - 18/07/2016
tribunais superiores – o que deve se estender, obviamente, àquela que tenha sido sumulado,
bem como do precedente oriundo do julgamento de casos repetitivos e de assunção de
competência, em nome da proteção do interesse social e da segurança jurídica (...). Uma
interpretação constitucional e sistemática dessa regra, com base na própria segurança jurídica
e na boa-fé, impõe admitir que esse poder de modular a eficácia da decisão de overruling
seja exercido quando estiver em jogo a alteração de qualquer precedente, jurisprudência ou
enunciado de súmula, de qualquer tribunal, desde que tenha eficácia normativa (DIDIER JR,
Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do
Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed.
Salvador: Juspodvm, 2011, p 502-503).
Alternativa (C): correta. A afirmativa reproduz integralmente o quanto disposto no art. 927, §4º, do
Novo Código de Processo Civil. Com essa disposição, positiva-se a ideia de que “a decisão que implica
overruling exige como pressuposto uma carga de motivação maior, que traga, que argumentos até
então não suscitados e a justificação complementar da necessidade de superação do precedente. A
manutenção dos precedentes vigentes, de forma a gerar previsibilidade e garantir a isonomia na aplicação
do direito, exige um maior esforço argumentativo tanto à parte que litiga em face de precedente em
sentido contrário, como ao órgão julgador que atue nessa revogação (...)” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso
de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela
Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 497).
Alternativa (D): correta. Em regra, como sói acontecer nos países de tradição common law, a superação
dos precedentes se dá de forma difusa, isto é, ocorre em qualquer processo julgado pelo órgão
jurisdicional prolator do precedente paradigma. Nessa dinâmica difusa há a grande vantagem de permitir
que qualquer pessoa possa contribuir para a revisão de um entendimento jurisprudencial. Por outro lado,
há no Brasil um microssistema concentrado de formação e revisão de precedentes (ainda aqui abordado).
Também nesse sistema é possível a efetivação do overrruling, mas de forma concentrada (DIDIER JR.
Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente,
Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 491). Também nesse sentido
está o enunciado n. 321 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:
Evidente, pois, que no Brasil o overruling pode se dar de maneira difusa ou concentrada.
Alternativa (E): incorreta. A afirmativa está equivocada, sobretudo, porque não há hierarquia entre lei
e precedente. A criação legislativa e a judicial do Direito devem ser compreendidas como produto do
6ª RODADA - 18/07/2016
sistema de distribuição orgânica das funções estatais, realizadas em simbiose por todos os “poderes” e à
luz do sistema de freios e contrapesos (checks and balances). Acerca dessa abordagem:
(...) o Judiciário, muito mais do que fixar interpretação da lei, tem o poder de, a partir da
Constituição, negar a lei, alterá-la ou mesmo criá-la diante de omissão ou insuficiência
capaz de inviabilizar a tutela de direito fundamental. Ora, não é preciso muito esforço para
entender que se o juiz, singularmente, pode controlar a constitucionalidade da lei, os tribunais
superiores evidentemente podem decidir com força obrigatória sobre todos os membros
do Poder Judiciário (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013, p. 202).
Demais disso, a revogação de lei que dá sustentação ao precedente configura hipótese típica de necessária
superação do precedente (overruling). Isso porque o precedente dá contorno à lei, interpretando-a; com
a supressão ou alteração desta, há a supressão ou alteração daquele. “Neste caso o precedente precisa
passar por um processo de adequação (tese) à nova realidade normativa, podendo ceder diante de
uma incompatibilidade, cabendo ao próprio Tribunal que elaborou o precedente fazer o referido teste”
(NOGUEIRA, Gustavo Santana. Precedentes vinculantes no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador:
Juspodvm, 2013, p. 200). Nesse sentido o enunciado n. 322 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis:
14. Considerando a sistemática do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações
da Lei n. 13.256/16), julgue as seguintes assertivas a respeito dos efeitos dos precedentes judiciais:
III. O efeito vinculante dos precedentes é sempre vertical, mas não horizontal.
IV. A teoria do stare decisis vai de encontro à força vinculante dos precedentes.
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a) I e V.
b) II e V.
c) II e III.
d) I.
e) I e III.
COMENTÁRIO
Assertiva (I): correta. A assertiva reproduz integralmente a disposição do art. 927, III, do Novo Código de
Processo Civil. Essa espécie de precedente com efeito vinculante compõe o microssistema de formação
concentrada de precedentes obrigatórios.
Assertiva (II): incorreta. A par do efeito vinculante garantido a alguns precedentes judicias, há o efeito
persuasivo, que se faz presente em todo e qualquer precedente (DANTAS, Bruno et al – Coordenadores.
ABBOUD, Georges et al. Novas Tendências do Processo Civil, Salvador: Juspodvm, 2013, p. 136). Como a
própria nomenclatura denuncia, o efeito persuasivo do precedente garante-lhe o condão de persuadir,
de convencer. E tão somente isso. Dessa forma, nenhum órgão investido de jurisdição está obrigado a
seguir um precedente cujo efeito é meramente persuasivo, “se o segue, é por estar convencido de sua
correção” (DIDIER JR, Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. V. 2. 6ª ed.
Salvador: Juspodvm, 2011, p. 393).
É possível traçar algumas variáveis que repercutem na aceitação pelo órgão jurisdicional do precedente
de efeito exclusivamente persuasivo.
Sabe-se que a autoridade dos precedentes judiciais é variável. Há, pois, uma força gravitacional
ligada a uma série de fatores internos e externos ao Judiciário que afetam diretamente o
poder e a eficácia do Direito jurisprudencial. (LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes judicias
civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 188).
Nesse pórtico, tendem a ser mais seguidos os precedentes prolatados por tribunais de hierarquia superior.
No Brasil, um precedente do Superior Tribunal de Justiça, v.g., tende a ter mais aceitação do que um de
Tribunal da Justiça, mas menos do que a de um do Supremo Tribunal Federal. Outrossim, julgamentos
realizados à unanimidade tendem a ser mais persuasivos em relação àqueles em que predominou o
entendimento da maioria dos julgadores. Da mesma forma, o precedente decorrente de um julgamento
colegiado tenderá a ser mais seguido do que um oriundo de julgamento monocrático. Ainda, conquanto
no Brasil costumemos dar mais importância a precedentes mais recentes, entendo que representam o
6ª RODADA - 18/07/2016
entendimento mais atualizado dos tribunais, nos países que seguem a common law, os precedentes de
mais idade ostentam maior poder de persuasão (NOGUEIRA, Gustavo Santana. Precedentes vinculantes
no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador: Juspodvm, 2013, p. 191).
Assertiva (III) incorreta. Os precedentes com efeitos vinculantes devem ser observados não só pelos
órgãos jurisdicionais inferiores ao prolator da decisão paradigma (efeito vinculante vertical), mas pelo
próprio órgão que proferiu o precedente. Nisso reside a necessidade, positivada no art. 926 do Código
de Processo Civil de 2015, de que os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável,
íntegra e coerente.
A par disso, o art. 927, V, do NCPC, ao prever que os juízes e tribunais devem observar a orientação
do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados, impõe uma vinculação “interna dos
membros e órgão fracionários de um tribunal aos precedentes oriundos do plenário ou órgão especial
daquela mesma corte.” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito
Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016,
p. 466).
A eficácia vinculante horizontal dos precedentes ainda impede a alteração da composição da corte
prolatora do precedente conduza à revisão ou à revogação deste. Isso porque “os precedentes não são
das pessoas que estão eventualmente ocupando aquele cargo, e sim da Instituição” (NOGUEIRA, Gustavo
Santana. Precedentes vinculantes no direito comparado e brasileiro. 2ª ed. Salvador: Juspodvm, 2013, p.
199).
Assertiva (IV): incorreta. A teoria do stare decisis vai ao encontro da força vinculante dos precedentes.
A nomenclatura “stare decisis” é a abreviação do brocardo latino stare decisis et non quieta movere
(mantenha aquilo que já foi decidido e não altere aquilo que já foi estabelecido)” (MARINONI, Luiz
Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 83). Essa teoria, com
berço do common law, dá sustentação à ideia de precedentes vinculantes. A respeito das funções vertical
e horizontal do stare decisis, respectivamente:
A moderna teoria do stare decisis (...) informada pelo princípio do precedente (vertical)
com força obrigatória externa para todas as cortes inferiores, veio inicialmente cogitada
em prestigiada doutrina de um dos maiores juristas ingleses de todos os tempos, Sir Baron
Parke J., que (...) escreveu: “O nosso sistema de Common Law consiste na aplicação, a novos
episódios, de regras legais derivadas de princípios jurídicos e de precedentes judiciais; e, com
o escopo de conservar uniformidade, consistência e certeza, devemos aplicar tais regras,
desde que não se afigurem ilógicas e inconvenientes, a todos os casos que surgirem; e não
dispomos da liberdade de rejeitá-las e de desprezar a analogia nos casos em que ainda não
foram judicialmente aplicadas, ainda que entendamos que as referidas regras não sejam tão
razoáveis e oportunas quanto desejaríamos que fossem. Parece-me de grande importância ter
presente esse princípio de julgamento, não meramente para a solução de um caso particular,
6ª RODADA - 18/07/2016
mas para o interesse do direito como ciência” (TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente Judicial
como Fonte do Direito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 160)
Sob a doutrina do stare decisis, uma corte deve decidir as questões da mesma forma que
ela decidiu no passado, mesmo que os membros da corte tenham mudado, ou ainda que
os mesmos membros tenham mudado de ideia. Tanto quando o precedente vertical, o stare
decisis – precedente horizontal – trata de seguir as decisões de outros”. (MARINONI, Luiz
Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 87).
Assertiva (V): incorreta. Conforme a teoria da “objetivação do recurso extraordinário”, a decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal no controle difuso de constitucionalidade tem o condão de vincular os
demais órgãos jurisdicionais, ostentando, destarte, o status de precedente vinculante, à semelhança do
que ocorre no controle concentrado (art. 102, §2º, da CF). A esse respeito:
O controle difuso exige que os precedentes da Corte que dá a última palavra acerca da
questão constitucional sejam obrigatórios. Não se trata de mera opção técnica, ainda que
ótima à eficiência da distribuição da justiça, mas de algo que, quando ausente, impede o
próprio funcionamento do controle difuso. De modo que admitir, no atual estágio do direito
brasileiro, controle difuso sem vinculação dos órgãos judiciários aos precedentes constitucionais
constitui equívoco imperdoável (MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 458).
Ocorre que, embora expressiva parte de doutrinadores de escol defendam a objetivação do recurso
extraordinário, essa teoria não foi encampada no Novo Código de Processo Civil. O rol do art. 927 do
diploma e o capítulo dedicado a essa espécie recursal silenciam acerca de um possível efeito vinculante
do recurso extraordinário individualmente considerado (art. 1.029 e seguintes aplicáveis).
6ª RODADA - 18/07/2016
O novo código não só deixou de prever o efeito obrigatório do precedente oriundo de recurso
extraordinário como, de forma expressa, por meio de alteração promovida pela Lei n. 13.256/06, vedou
o cabimento de reclamação “proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida” (art. 988, §5º, II, do CPC/15), deixando claro o intuito legislativo de
não lhe emprestar efeitos vinculantes.
15. O Código de Processo Civil de 2015 estabeleceu o que a doutrina denomina de “microssistema de
formação concentrada de precedentes obrigatórios”, um plexo de normas processuais dedicadas,
em especial, ao julgamento de casos repetitivos e ao incidente de assunção de competência.
Acerca desse assunto, assinale a única alternativa CORRETA:
c) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese jurídica fixada em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de
competência.
e) Cabe reclamação contra decisão que não respeitar a tese fixada no julgamento de
recurso extraordinário e recurso especial repetitivos mesmo se não esgotadas as instâncias
ordinárias.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Conforme inteligência do art. 1037, II, do Código de Processo Civil de 2015,
6ª RODADA - 18/07/2016
Não obstante, o §9º do precitado dispositivo legal estabelece que “demonstrando distinção entre a
questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado,
a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo”. Evidente, pois, que, na sistemática ora
abordada, é dado à parte demonstrar a distinção de sua causa, de modo a escapar da suspensão.
O incidente de assunção de competência, de seu turno, permite que o relator de qualquer tribunal
submeta o julgamento de causas que veiculam relevante questão de direito, com grande repercussão
social, ao órgão colegiado de maior abrangência dentro do sodalício, de acordo com o regimento interno.
O procedimento é assim regido pelo Código de Processo Civil em vigor:
6ª RODADA - 18/07/2016
§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito
da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou
turmas do tribunal.
Alternativa (C): correta. Não é outra a previsão do art. 988, IV, do Código de Processo Civil de 2015:
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: (...)
A esse respeito, deve-se considerar que a reclamação é o instrumento legalmente previsto para contrastar
decisão judicial que não respeite os precedentes com eficácia vinculante. Ocorre que o Código de
Processo Civil de 2015, sobretudo após as alterações promovidas pela Lei n. 13.256/06, incorre em grande
e indesejável paradoxo ao proibir que algumas decisões com efeitos vinculantes sejam ser resguardadas
por meio da reclamação. À vista do cenário normativo aplicável, pode-se indicar que da seguinte forma
se correlacionam as hipóteses em que o NCPC prevê a autoridade vinculante vertical dos precedentes
(excluída, pois, a do art. 927, V, CPC) e a possibilidade do uso da reclamação:
Dessa forma, “se uma sentença desrespeitar a eficácia vinculante consagrada nos incisos IV e V do art.
927 do Novo CPC, a parte sucumbente deverá apelar da sentença para impugnar a decisão. E caso seja
um acórdão de tribunal de 2º grau que desrespeite tal eficácia vinculante, será cabível o recurso especial
6ª RODADA - 18/07/2016
e/ou extraordinário. Ou seja, a parte sucumbente não terá um instrumento impugnativo que permita
seguir diretamente para o Tribunal Superior. Essa realidade cria uma eficácia maior e menor entre as
hipóteses previstas no art. 927 do Novo CPC, o que coloca, inclusive, em questão e eficácia vinculante
prática das hipóteses previstas nos dois últimos incisos do dispositivo (...). Se a parte deve recorrer da
decisão que a desrespeita da mesma forma de qualquer outra decisão com a qual não concorde, no
plano prático a eficácia vinculante está seriamente comprometida” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1311).
Alternativa (D): incorreta. Na forma do art. 985, I, do Novo Código de Processo Civil, julgado o incidente
de demandas repetitivas, “a tese jurídica será aplicada (...) a todos os processos individuais ou coletivos
que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal,
inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região (...)” (g.n.). Embora
os juizados especiais, de fato, componham um microssistema com regras próprias, a necessidade de
tratar casos iguais de forma semelhante (treat like cases alike), por razões de isonomia e segurança
jurídica, transcende as peculiaridades internas dessa dinâmica processual diferenciada.
Alternativa (E): incorreta. A Lei n. 13.256/06, comentada em outras oportunidades, alterou a redação do
art. 988 do NCPC, fazendo constar em seu art. 988, §5º, II, que é “inadmissível a reclamação proposta para
garantir a observância (...) de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias” (g.n.). E, “por ‘esgotamento das instâncias
ordinárias’ o legislador aparentemente pretendeu afastar o cabimento da reclamação constitucional
contra sentença que desrespeita precedente fixado em julgamento de recuso especial e extraordinário
repetitivo” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1310).
DIREITO AMBIENTAL
16. Sobre a responsabilidade civil por danos ambientais, assinale a alternativa errada:
b) A doutrina majoritária entende que a responsabilidade civil por danos ambientais advém
da teoria do risco integral, segundo a qual não se admite excludentes de responsabilidade,
6ª RODADA - 18/07/2016
c) Conforme expressa previsão legal, o Poder Público também pode ser considerado
poluidor, respondendo, de forma objetiva, por danos causados por atos comissivos, e de
forma subjetiva, por atos omissivos.
COMENTÁRIO
Novamente, pela importância do tema, o escopo da questão é a revisão da responsabilidade civil por
danos ambientais. Vejamos cada assertiva.
Alternativa (A): correta. De fato, o entendimento que vigora na doutrina e jurisprudência majoritária é
o de que, além de objetiva (conforme artigo 14, §1º, da Lei nº 6938/81), a responsabilidade por danos
ambientais é solidária, de forma que a obrigação pode ser cobrada de todos os sujeitos envolvidos na
prática do dano, independentemente da conduta praticada por cada um deles. Ou seja, a totalidade
da obrigação será cobrada de todos, mesmo que um deles apenas tenha financiado, o outro tenha
planejado e um terceiro a tenha praticado. Inclusive, o STJ vem considerando a responsabilidade solidária
também do Estado, quando constatada a eventual falta de fiscalização (Informativo 0388/09):
A questão em causa diz respeito à responsabilização do Estado por danos ambientais causados
pela invasão e construção, por particular, em unidade de conservação (parque estadual).
A Turma entendeu haver responsabilidade solidária do Estado quando, devendo agir para
evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. A responsabilização
decorre da omissão ilícita, a exemplo da falta de fiscalização e de adoção de outras medidas
preventivas inerentes ao poder de polícia, as quais, ao menos indiretamente, contribuem para
provocar o dano, até porque o poder de polícia ambiental não se exaure com o embargo à
obra, como ocorreu no caso. Há que ponderar, entretanto, que essa cláusula de solidariedade
não pode implicar benefício para o particular que causou a degradação ambiental com sua
ação, em detrimento do erário. Assim, sem prejuízo da responsabilidade solidária, deve o
Estado - que não provocou diretamente o dano nem obteve proveito com sua omissão -
buscar o ressarcimento dos valores despendidos do responsável direto, evitando, com isso,
injusta oneração da sociedade. Com esses fundamentos, deu-se provimento ao recurso.
Precedentes citados: AgRg no Ag 973.577-SP, DJ 19/12/2008; REsp 604.725-PR, DJ 22/8/2005;
6ª RODADA - 18/07/2016
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a alternativa errada.
Alternativa (B): correta. Conforme artigo 14, §1º, da Lei 6938/81, a responsabilidade por danos
ambientais é objetiva. A doutrina, no entanto, divide-se em duas correntes acerca do assunto. Para
uma primeira corrente, minoritária, aplica-se a responsabilidade objetiva, no entanto, admite-se a
contraprova de excludente de responsabilidade, possibilitando-se, assim, que o autor do dano tenha a
sua responsabilidade eximida quando fizer prova de que o dano ocorreu em virtude de força maior ou
caso fortuito. A imprevisibilidade cortaria o próprio nexo causal.
Para a corrente majoritária, por sua vez, inadmitem-se as excludentes, adotando-se, assim, a Teoria do
Risco Integral, baseando-se na ideia de que o poluidor deve assumir os riscos inerentes à atividade que
pratica, sem qualquer exceção.
Alternativa (C): errada. De fato, o Poder Público pode ser considerado poluidor. É o que se infere
da previsão expressa do artigo 3º, inciso IV, da Lei 6938/81, que, ao definir poluidor, inclui a pessoa
jurídica de direito público. No entanto, apesar de, no âmbito administrativo, comumente se diferenciar a
responsabilidade do Estado de forma objetiva, quando a conduta for comissiva, ou subjetiva, em condutas
omissivas, no âmbito ambiental, o entendimento que prevalece é o de que, por força da interpretação
do artigo 37, §6º, de forma conjunta com o artigo 225, da Constituição Federal, a responsabilidade será
sempre objetiva, ainda que por omissão. É o que se infere do julgado acima mencionado, no Informativo
0388/09.
Alternativa (D): correta. Novamente, este é o entendimento que prevalece na doutrina e na jurisprudência.
A esse respeito, vejamos julgados do Superior Tribunal de Justiça:
6ª RODADA - 18/07/2016
8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre
os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o
dano ambiental.” ( STJ, REsp 1120117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009).
Alternativa (E): correta. Como cediço, a regra é a de que, em se tratando de responsabilidade objetiva,
dispensa-se apenas a prova da culpabilidade, devendo-se provar o dano, a conduta praticada e o
nexo causal. No entanto, em situações específicas, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou pela
possibilidade de dispensar a prova do nexo causal. Ou seja, condenou-se determinado indivíduo pela
reparação do dano causado mesmo sem ter sido por ele causado.
No caso, tratava-se de uma área de Reserva legal de Floresta, em um imóvel rural, entendendo o Tribunal
se tratar de uma obrigação de natureza real, adquirida juntamente com o título que transferiu o imóvel.
Desta forma, independentemente de quem praticou o dano, é responsabilidade do atual proprietário
cuidar da preservação do meio ambiente, e, assim, recuperá-lo ou indenizá-lo pelos danos ali existentes.
Pela importância do tema, transcreve-se íntegra da ementa do acórdão e o Informativo 404/STJ:
1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação
de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade.
3. A solidariedade nessa hipótese decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei
6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente).
5. Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela
cabe a reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica.
6. É inadmissível discutir em recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de origem,
pela ausência de prequestionamento.
6ª RODADA - 18/07/2016
(REsp 1056540/GO, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009,
DJe 14/09/2009)
Trata-se de ação civil pública (ACP) na qual o MP objetiva a recuperação de área degradada
devido à construção de usina hidrelétrica, bem como indenização pelo dano causado ao
meio ambiente. A Turma entendeu que a responsabilidade por danos ambientais é objetiva e,
como tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de
causalidade. Contudo, não obstante a comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em
algumas situações dispensa-se tal necessidade em prol de uma efetiva proteção do bem jurídico
tutelado. É isso que ocorre na esfera ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é
responsabilizado pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de
ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A responsabilidade por danos
ao meio ambiente, além de objetiva, também é solidária. A possibilidade de responsabilizar o
novo adquirente de imóvel já danificado apenas busca dar maior proteção ao meio ambiente,
tendo em vista a extrema dificuldade de precisar qual foi a conduta poluente e quem foi
seu autor. Assim, na espécie, conforme a análise das provas feitas pelo Tribunal a quo, foi
possível verificar o real causador do desastre ambiental, ficando ele responsável por reparar
o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. Precedentes
citados: REsp 185.675-SP, DJ 2/10/2000; REsp 843.036-PR, DJ 9/11/2006; REsp 263.383-PR, DJ
22/8/2005, e REsp 327.254-PR, DJ 19/12/2002. REsp 1.025.574-RS, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 25/8/2009.
17. Sobre a classificação dos recursos naturais como bens públicos, assinale a alternativa correta:
a) No que tange ao critério de destinação, os bens naturais são considerados como bens
de uso comum do povo, de forma que não podem ser classificados como bens de uso
especial ou dominicais, dado o caráter transindividual que possuem.
c) Na classificação dos cursos de água, a Constituição Federal optou por se guiar através
dos critérios de extensão e de segurança nacional, de forma que são bens da União, dentre
outros, os lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres, praias marítimas e as ilhas oceânicas e costeiras,
6ª RODADA - 18/07/2016
desde que sirvam de limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou
dele provenham, ou banhem mais de um Estado.
e) São bens do Estado, dentre outros, todas as águas superficiais ou subterrâneas, ilhas
fluviais e lacustres, e ilhas oceânicas e costeiras, desde que localizadas dentro do seu
território.
COMENTÁRIO
Aqui, inauguramos a discussão sobre o bem ambiental, revisando a sua natureza e características.
Referido tema se encontra presente na maioria dos programas de Direito Ambiental dos concursos para
Procuradorias Municipais.
Alternativa (A): errada. Em que pese o caráter transindividual, segundo o critério da destinação
(classificação utilizada no âmbito do Direito Administrativo e positivada no artigo 99 do Código Civil),
além de bens de uso comum do povo, é possível que um recurso natural seja classificado, segundo
a doutrina, como bens de uso especial, ou seja, aqueles utilizados pela Administração Pública para
realização de suas atividades e concretização de seus fins. São exemplos desta modalidade as terras
devolutas indispensáveis à preservação ambiental (artigo 20, II, CF88).
Alternativa (B): errada. Diferentemente dos bens de uso comum do povo tradicionais, nos termos da
classificação do Código Civil, os bens ambientais enquadrados nesta classificação, por serem de titularidade
difusa, não são passíveis de desafetação, ou seja, não pode ser deles retirada a utilidade pública para
torná-los bens dominicais, suscetíveis de disponibilidade.
Alternativa (C): errada. Os bens pertencentes à União são previstos no artigo 20, da Constituição Federal.
A assertiva se encontra incorreta ao condicionar referidos bens à finalidade “a) desde que sirvam de
limites com outros países, se estendam a territórios estrangeiros ou dele provenham, ou banhem mais de
um Estado”. Essa condicionante se aplica, de fato, aos lagos, rios e quaisquer correntes de água (inciso III),
mas não às praias marítimas, ilhas oceânicas e costeiras.
6ª RODADA - 18/07/2016
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas
no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
VI - o mar territorial;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração
de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e
de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Alternativa (D): correta. É o que se infere inciso II do artigo acima transcrito, bem como do parágrafo
quinto do artigo 225, da Constituição Federal.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Alternativa (E): errada. Os bens do Estado se encontram, de forma exemplificativa, previstos no artigo
26, da Constituição Federal. O erro da assertiva se encontra no fato de se referir, unicamente, à localização
dentro do território estadual. Isto porque há situações em que, mesmo ali localizados, os bens não são
6ª RODADA - 18/07/2016
do Estado, tais como os bens que expressamente pertençam à União (por exemplo, um potencial de
energia elétrica, independentemente de onde esteja localizado, pertence à União), ilhas que sejam sedes
de Municípios, etc.
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
DIREITO TRIBUTÁRIO
b) É possível afirmar que a lei tributária apenas não se aplica aos fatos geradores
consumados.
c) Além da lei com finalidade interpretativa, aplica-se a lei a fato ou ato pretérito quando
um ato, ainda que definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
COMENTÁRIO
Novamente, objetivamos com a questão revisar o tema da legislação tributária, agora sob o viés da
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (A): errada. O artigo 103, inciso I, do CTN, dispõe que tais atos entram em vigor na data de
sua publicação, salvo disposição em contrário.
Alternativa (B): correta. Esta é a interpretação que se infere do artigo 105, do CTN, segundo o qual
“a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116”.
Ou seja, se se aplica aos pendentes e aos futuros, apenas não se aplica aos consumados.
Alternativa (C): errada. Embora haja a possibilidade de retroatividade da lei para ato que aplique punição
em caso de lei benéfica, segundo o artigo 106, do CTN, apenas se aplica tal regra caso o ato não esteja
definitivamente julgado.
Alternativa (D): errada. O artigo 108, do CTN, dispõe sobre a possibilidade de utilização da analogia e
da equidade. No entanto, é apenas em relação à equidade que não se admite que resulte na dispensa
de pagamento de tributo devido. No caso da analogia, não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.
Alternativa (E): errada. O artigo 111, do CTN, apenas dispõe sobre a interpretação literal em caso
de suspensão ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção; e dispensa do cumprimento de
obrigações tributárias acessórias. Não há previsão para os casos de extinção.
6ª RODADA - 18/07/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A imunidade se encontra prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal
de 1988 e se enquadra, de fato, como uma imunidade subjetiva, pois leva em consideração as pessoas
beneficiadas pela imunidade.
Alternativa (B): correta. A doutrina classifica como imunidades condicionadas aquelas que dependem
de outra norma para aplicabilidade e gozo do benefício. É o caso das instituições de educação e de
assistência social sem fins lucrativos.
Alternativa (C): correta. A interpretação dada pela jurisprudência a esta imunidade é bastante abrangente,
incluindo-se todo o patrimônio, renda e serviços, desde que relacionados com a finalidade essencial das
entendidas.
“4. A imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. 5. O § 4º do dispositivo constitucional
serve de vetor interpretativo das alíneas “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.
Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido (STF,
RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 14-05-2004 PP-00033 EMENT VOL-02151-02 PP-
00246)”.
Alternativa (D): correta. Este o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, conforme os seguintes
julgados:
6ª RODADA - 18/07/2016
(ARE 800395 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 28/10/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2014 PUBLIC 14-11-2014)
EMENTA Imunidade. Entidade educacional. Artigo 150, inciso VI, alínea c, da Constituição
Federal. ITBI. Aquisição de terreno sem edificação. Fato gerador. Momento da aquisição.
Destinação às finalidades essenciais da entidade. Presunção. Ônus da prova. Precedentes.
1. No caso do ITBI, a destinação do imóvel às finalidades essenciais da entidade deve ser
pressuposta, sob pena de não haver imunidade para esse tributo. 2. A condição de um
imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para destituir a garantia
constitucional da imunidade. 3. A regra da imunidade se traduz numa negativa de
competência, limitando, a priori, o poder impositivo do Estado. 4. Na regra imunizante,
como a garantia decorre diretamente da Carta Política, mediante decote de competência
legislativa, as presunções sobre o enquadramento originalmente conferido devem militar
a favor das pessoas ou das entidades que apontam a norma constitucional. 5. Quanto à
imunidade prevista no art. 150, inciso VI, alínea c, da Constituição Federal, o ônus de elidir a
presunção de vinculação às atividades essenciais é do Fisco. 6. Recurso extraordinário provido.
(RE 470520, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 17/09/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 20-11-2013 PUBLIC 21-11-2013)
Alternativa (E): errada. Ao contrário do que afirmou a assertiva, o Supremo Tribunal Federal interpreta
de forma restritiva a presente imunidade, não abrangendo a renda.
(AI 752233 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 20/10/2009, DJe-
213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 EMENT VOL-02382-10 PP-01952)
6ª RODADA - 18/07/2016
COMENTÁRIO
Tratamos, aqui, da quinta espécie tributária, as contribuições especiais, de grande importância no estudo
para concursos públicos. Em que pese o seu maior percentual de incidência nas provas de concursos
federais, seus aspectos mais gerais podem ser exigidos nos concursos de Procuradorias Municipais e
Estaduais, encontrando-se ora especificadas no programa, ora inseridas no tema de espécies tributárias.
Alternativa (A): correta. O artigo 149 da Constituição Federal dispõe sobre a competência exclusiva da
União para criação dessas três espécies de contribuições, agrupadas pela doutrina como contribuições
especiais.
Alternativa (B): correta. Apesar do artigo 149 da Constituição Federal falar em competência exclusiva da
União, seu parágrafo primeiro trouxe uma exceção à regra. A possibilidade de Estados, Distrito Federal
e Municípios instituírem contribuições com a finalidade de custear o regime de previdência dos seus
servidores públicos. Frise-se que, nestes casos, a alíquota da contribuição não poderá ser inferior à
cobrada pela União de seus servidores efetivos.
Alternativa (C): correta. Além de dispor, no artigo 149, sobre as contribuições a serem criadas pela
União, bem como, em seu artigo 195, prevê os fatos geradores de algumas de suas contribuições sociais,
a Constituição Federal de 1988, no artigo 195, inciso IV c/c 154, inciso I, dispôs pela possibilidade de
instituição, por meio de lei complementar, de outras fontes destinadas à manutenção ou expansão da
seguridade social. Para tanto, essa nova contribuição deve obedecer às regras da não cumulatividade e
da inovação de base de cálculo e fatos geradores.
Alternativa (D): errada. A Constituição Federal de 1998, em seu artigo 149, dispôs genericamente sobre
a competência para criação da CIDE. Por não fazer referência expressa à lei complementar, a doutrina
entende pela possibilidade de criação por meio de lei ordinária ou medida provisória. Ou seja, ao contrário
do que afirmou a assertiva, a CF/88 abriu, sim, a possibilidade de criação de novas CIDEs.
Ocorre que, no que tange aos combustíveis, o próprio constituinte, talvez pela importância deste recurso,
já se antecipou na previsão do seu fato gerador, conforme artigo 177, §4º.
Alternativa (E): correta. Como cediço, tributos parafiscais correspondem àqueles em que a lei tributária
6ª RODADA - 18/07/2016
nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que o criou, atribuindo-se a disponibilidade dos recursos
arrecadados. No caso das contribuições corporativas, a União cria o tributo através de lei, atribuindo o
produto de sua arrecadação a uma terceira pessoa que realiza atividade de interesse público. É o caso,
por exemplo, dos conselhos que fiscalizam as profissões, como o CREA ou o CRM.
DIREITO ADMINISTRATIVO
21. Tratando dos bens públicos e do regime jurídico a eles aplicável, marque a alternativa correta:
d) Segundo o STF, ao Tribunal de Contas da União não compete julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos de sociedade
de economia mista.
COMENTÁRIO
Caros alunos, a disciplina dos bens públicos é muito importante, devendo o aluno conhecer as diferentes
classificações e o regimento jurídico atinente ao tema. A disciplina da alienação dos bens públicos é
prevista na Lei Geral de Licitações, ao passo que o Código Civil, nos artigos 98 a 103, traz a classificação
mais adotada, que os divide em: (i) bem de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças; (ii) bem de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
6ª RODADA - 18/07/2016
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; e (iii) bens
dominicais que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Alternativa (A): correta. A alternativa traz a redação do artigo 17, I, da Lei nº 8.666/93. O aluno deve se
atentar para o fato de que o inciso I citado possui diversas alíneas (a-i) com casos de licitação dispensada
(não confundir com a licitação dispensável do artigo 24 da mesma lei). Na licitação dispensada não
pode ocorrer a licitação, ao passo que na dispensável o administrador pode realizar a licitação, se assim
entender que deve, nas hipóteses previstas nos incisos do art. 24.
Alternativa (B): errada. Reza o artigo 17, II, da Lei nº 8.666/93, que a alienação de bens da administração,
quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação.
Alternativa (C): errada. Os bens dominicais são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas
de direito público, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades. São todos
aqueles que não têm uma destinação pública definida, que podem ser utilizados pelo Estado para
fazer renda. Enfim, todos os bens que não se enquadram como de uso comum do povo ou de uso
especial são bens dominicais. Terras devolutas são todas aquelas que, pertencentes ao domínio
público de qualquer das entidades estatais, não se acham utilizadas pelo poder público, nem
destinadas a fins administrativos específicos, portanto, são bens dominicais.
Alternativa (E): errada. Segundo o art. 17, § 3º, da Lei nº 8.666/93, entende-se por investidura, para
os fins desta lei, a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante
de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente (...). Quanto à reversão citada na
alternativa, que é tema que remete à concessão de serviços públicos, a doutrina assim define:
“A reversão nas concessões de serviços públicos também importa a aquisição de bens pelas pessoas
6ª RODADA - 18/07/2016
22. Acerca da Lei nº 8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação
de serviços públicos, assinale a alternativa correta:
c) A rescisão do contrato, que só pode ocorrer mediante ação judicial, é forma de extinção
de que se vale a concessionária em caso de descumprimento por parte do Poder Público
de seus deveres no âmbito do contrato, ao passo que a caducidade é a forma de extinção
derivada da inadimplência da concessionária.
COMENTÁRIO
Caros alunos, a Lei nº 8.987/95 que trata das concessões e permissões de serviço público é tema sempre
6ª RODADA - 18/07/2016
cobrado, de maneira que buscamos trazer alguns pontos que acabam sendo cobrados com maior
frequência, o que não dispensa o conhecimento de toda a lei. As concessões e permissões são muito
utilizadas na prática pelos entes e ainda há uma tendência de ampliação em sua aplicação prática.
Temas que trazem maior controvérsia, além dos institutos que envolvem a rescisão, encampação e a
intervenção é a disciplina dos direitos e obrigações das partes, especialmente no que tange à tarifa,
atualização técnica, suspensão dos serviços. Assim, recomenda-se atenção aos temas citados.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 2º, IV, da Lei nº 8.987/95, permissão de serviço público é
a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco. A alternativa traz o conceito de concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública, prevista no inciso III do artigo alhures.
Alternativa (B): errada. O artigo 37, da Lei nº 8.987/95, diz que considera-se encampação a retomada
do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior. A doutrina assim define o instituto:
Alternativa (C): correta. A lei nº 8.987/95 previu institutos jurídicos diversos para a extinção do contrato
de concessão, usando como parâmetro a parte causou o descumprimento. O art. 38, §1º, incisos, diz que
a caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente, nos casos que enumera,
prevendo diversas hipóteses de inexecução do contrato por parte da concessionária. Por seu turno,
o art. 39 diz que o contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária,
no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim. Seu parágrafo único assenta que na hipótese prevista no
caput deste artigo, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou
paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
Alternativa (D): errada. O artigo 32, caput, da Lei nº 8.987/95, diz que o poder concedente poderá
intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o
fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes. O parágrafo único do
mesmo artigo preconiza que a intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. Portanto, não há
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (E): errada. O artigo 37 da Lei nº 8.987/95, diz que a transferência de concessão ou do controle
societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da
concessão. Portanto, é possível a transferência de concessão ou do controle societário da concessionária
desde que haja concordância do concedente. Essa anuência, nos termos dos incisos I e II do parágrafo 1º
artigo 27, pode ocorrer desde que o pretendente atenda às exigências de capacidade técnica, idoneidade
financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e comprometa-se a cumprir
todas as cláusulas do contrato em vigor.
a) Os recursos hierárquicos próprios, que são aqueles que tramitam na via interna de
órgãos ou pessoas administrativas, dependem de previsão legal.
c) Segundo o STF, a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas, com
base em legislação estadual, somente pode ser ajuizada pelo Estado respectivo.
COMENTÁRIO
Caros alunos, o tema cobrado na questão é muito importante e de alta incidência nas provas. O controle
dos atos administrativos pode se dar internamente – pela própria Administração – e pode ser externo
– feito pelo Poder Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público – de maneira que cada
nuance deve ser compreendida, da mesma forma que os limites do controle devem ser estudados, pois
podem ser cobrados inclusive nas provas subjetivas, que demandarão maior desenvoltura do aluno.
Alternativa (A): errada. No que concerne aos recursos hierárquicos próprios, dispensam previsão legal
ou regulamentar expressa, uma vez que decorrem normalmente do controle hierárquico que deve
6ª RODADA - 18/07/2016
permear a Administração. Mesmo que a lei não os preveja, é lícito ao interessado dirigir-se à autoridade
superior àquela que praticou o ato, requerendo sua revisão. Assim, a autoridade superior, mesmo não
havendo previsão legal, ao ter em mãos o recurso que demonstra conduta ilegal de seu subordinado,
tem o dever de agir e adequar a situação de acordo com a legalidade.
Alternativa (B): correta. Essa é lição tranquila da doutrina, aqui sintetizada na posição de CARVALHO
FILHO:
Alternativa (C): errada. O STF entende que a execução deve ser feita pelo ente beneficiado pela
condenação, senão vejamos:
“(...) TRIBUNAL DE CONTAS. NORMA LOCAL QUE OBRIGA O TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL
A EXAMINAR PREVIAMENTE A VALIDADE DE CONTRATOS FIRMADOS PELA ADMINISTRAÇÃO.
REGRA DA SIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO SEMELHANTE IMPOSTA AO TRIBUNAL
DE CONTAS DA UNIÃO. 1. Nos termos do art. 75 da Constituição, as normas relativas à
organização e fiscalização do Tribunal de Contas da União se aplicam aos demais tribunais de
contas. 2. O art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para
examinar, previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder
Público. Atividade que se insere no acervo de competência da Função Executiva. 3. É
6ª RODADA - 18/07/2016
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Acerca das normas constitucionais que cuidam da despesa com pessoal, marque a alternativa
correta:
d) Para fins de adequação dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não será permitida
a perda do cargo por servidor estável.
e) O servidor não estável que perder o cargo para atendimento dos limites das despesas
com pessoal fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de
6ª RODADA - 18/07/2016
serviço.
COMENTÁRIO
Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro. É
importante que o aluno conheça a disciplina constitucional e infralegal das despesas com pessoal, por se
tratar de tema com alta probabilidade de cobrança em virtude da realidade econômica da União, Estados
e Municípios, os quais estão exauridos financeiramente no que tange ao custeio da máquina pública, no
que se inclui o excessivo gasto com pessoal.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 169, §1º, II, da CF, as concessões de aumento e vantagem
dependem de autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas
e as sociedades de economia mista.
Alternativa (B): errada. Segundo o artigo 169, §2º, da CF, decorrido o prazo estabelecido na LRF para a
adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos
limites.
Alternativa (C): correta. A alternativa traz o conteúdo exato do artigo 169, §3º, I e II, da CF.
Alternativa (D): errada. O artigo 169, §4º, da CF, diz que se a redução em pelo menos vinte por cento das
despesas com cargos em comissão e funções de confiança e a exoneração dos servidores não estáveis,
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da LRF, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a
atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. É importante
observar essa possibilidade constitucional de perda do cargo do servidor estável para fins de adequação
das despesas de pessoal. No entanto, essa perda do cargo é a última medida a ser adotada pelo Poder
Público, dependendo da prévia redução de despesas com função de confiança e cargos comissionados,
primeiramente e, em seguida, da exoneração de servidores não estáveis.
Alternativa (E): errada. Segundo o artigo 169, §5º, da CF, o servidor estável que perder o cargo fará
jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. Assim, a indenização
mencionada não se aplica ao servidor não estável.
25. Tratando do controle da despesa total com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal,
assinale a alternativa correta:
a) É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido
nos cento e vinte dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder.
6ª RODADA - 18/07/2016
c) Ultrapassado o limite com despesas de pessoal, a redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança pode se dar pela redução dos valores a eles atribuídos, bem
como pela redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à
nova carga horária.
d) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite
para despesa com pessoal, é permitido ao Poder ou órgão referido que houver incorrido
no excesso a criação de cargo, emprego ou função, pois a mera criação não implica em
aumento de despesa.
e) Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite
para despesa com pessoal, é vedado ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no
excesso a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a
qualquer título, ressalvada a revisão geral anual.
COMENTÁRIO
É importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei de responsabilidade fiscal
(LRF), pois dessa temática se exige, via de regra, o conhecimento da lei seca.
Alternativa (A): errada. O artigo 21, parágrafo único, da LRF, diz que também é nulo de pleno direito o
ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao
final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
Alternativa (B): errada. Em verdade, o artigo 23, da LRF, assenta que se a despesa total com pessoal, do
Poder ou órgão ultrapassar os limites definidos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro.
Alternativa (C): errada. Em que pese o item trazer a previsão exata do artigo 23º, §§1º e 2º, da LRF, o STF,
no julgamento da ADI 2238, decidiu por sua inconstitucionalidade em sede de medida cautelar:
6ª RODADA - 18/07/2016
Alternativa (D): errada. O artigo 22, parágrafo único, II, da LRF, veda a criação de cargo, emprego ou
função.
Alternativa (E): correta. Reza o art. 22, parágrafo único, I, da LRF, que se a despesa total com pessoal
exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite permitido, são vedados ao Poder ou órgão referido
no art. 20 que houver incorrido no excesso a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação
de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal
ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição (revisão geral
anual). Portanto, além da revisão geral anual, o dispositivo excepciona o aumento derivado de sentença
judicial ou de determinação legal ou contratual.
DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Tanto no estado de defesa como no estado de sítio, o decreto que determina o início da
medida deverá definir áreas abrangidas.
e) Caso a decretação de estado de sítio por declaração de estado de guerra tenha observado
6ª RODADA - 18/07/2016
COMENTÁRIO
Esta questão traz pontos importantes referentes ao tema de Defesa do Estado e Instituições democráticas,
notadamente o estado de defesa e o estado de sítio. Pedro Lenza aponta a violação da normalidade
constitucional como situação apta a ensejar o chamado “sistema constitucional das crises”, citando Aricê
Amaral Santos, que o define como “... o conjunto ordenado de normas constitucionais que, informadas
pelos princípios da necessidade e da temporariedade, têm por objeto as situações de crises e por finalidade
a mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional”. (Pedro Lenza, Direito Constitucional
Esquematizado, 2014, p. 1013). Por serem medidas excepcionais, somente poderão ser adotadas dentro
dos limites constitucionais, nas hipóteses expressamente previstas (supracitado, p. 1019), o que torna de
grande importância o conhecimento pelo aluno das hipóteses que ensejam tais medidas, bem como das
suas características.
Alternativa (A): correta. Como dito acima, o estado de defesa e o estado de sítio são medidas excepcionais
que somente podem ser adotadas nos casos de crise constitucional. Dada a gravidade dessas medidas,
que restringem direitos constitucionais, elas deverão passar por controle político nas suas diversas fases.
No entanto, há diferenças entre o momento e a forma como se dá esse controle no estado de defesa e
no estado de sítio. Vejamos:
• “Controle político imediato: nos termos do art. 136, §§ 4º-7º da CF, será realizado pelo Congresso
Nacional. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de
24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá pela
maioria absoluta de seus membros. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado
pelo Presidente do Senado Federal (art. 57, § 6º, I, da CF/88), extraordinariamente, no prazo de
5 dias, e deverá apreciar o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. Se o Congresso rejeitar o decreto, o
estado de defesa cessará imediatamente.
• Controle político concomitante: nos termos do art. 140, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos
os líderes partidários, designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa.
• Controle político sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, parágrafo único, logo que
cesse o estado de defesa, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da
República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências
adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
Prestadas as informações e não aceitas pelo Congresso Nacional, entende José Afonso da Silva
6ª RODADA - 18/07/2016
• Controle político prévio: tendo em vista a maior gravidade do estado de sítio, o controle realizado
pelo Congresso Nacional será prévio, ou seja, o Presidente da República, para a sua decretação ou
prorrogação, depende de prévia e expressa autorização do Congresso Nacional. Se o Congresso
rejeitar o pedido, o Presidente da República, agora vinculado, não poderá decretar o estado de
sítio. Se o fizer, sem dúvida, cometerá crime de responsabilidade. Estando o Congresso Nacional
em recesso, haverá convocação extraordinária, pelo Presidente do Senado Federal (art. 57, § 6º,
I, da CF/88). Decretado o estado de sítio, nos termos do art. 138, § 3º, o Congresso Nacional
permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas” (Pedro Lenza, p. 1018).
• O controle político concomitante e o controle político sucessivo serão exercidos assim como no
estado de defesa, respectivamente, nos termos dos arts. 140 e 141, parágrafo único da CF.
Assim, nota-se que a principal diferença entre os controles políticos exercidos sobre o estado de
defesa e o estado de sítio está em que, no estado de defesa, tem-se o controle político imediato,
ao passo que, no estado de sítio, tem-se o controle político prévio, exatamente por se tratar de
medida mais gravosa. Correta, portanto, a assertiva, ao apontar corretamente tanto as modalidades
de controle político sobre o estado de defesa, quanto a sua diferença em relação ao estado de sítio, não
devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
Alternativa (B): correta. De fato, tanto no estado de defesa quanto no estado de sítio, os pareceres
do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional não vinculam o Presidente da República.
“Assim como no estado de defesa, quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República, após
prévia oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (pareceres não vinculativos)” (supracitado,
p. 1016).
O que é vinculante, diferentemente, é o controle político prévio negativo no estado de sítio. Como dito no
comentário à alternativa “a”, diferentemente do que se dá no estado de defesa, o estado de sítio somente
pode ser decretado ou prorrogado após solicitação, pelo Presidente da República, de autorização do
Congresso Nacional, que se manifestará pela maioria absoluta de seus membros (art. 137, parágrafo
único, CF). “O controle político prévio, se negativo, será vinculante, e o Presidente da República não
poderá decretar o estado de sítio por aquele motivo, sob pena de responsabilidade. Por outro lado, se o
Congresso Nacional autorizar, com discricionariedade política, o Presidente da República poderá ou não
decretar o estado de sítio” (Pedro Lenza, p. 1016 e 1017). Não deve, portanto, ser assinalada a alternativa
“b”, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
Alternativa (C): incorreta. Na verdade, enquanto no estado de defesa o decreto que o institui deve
6ª RODADA - 18/07/2016
especificar as áreas a serem abrangidas (art. 136, § 1º, CF), no estado de sítio a designação das
áreas abrangidas dar-se-á depois de publicado o decreto do estado de sítio (art. 138, caput, da
CF). Vejamos:
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
(Grifamos).
Tratando especificamente do momento de definição das áreas abrangidas no estado de sítio, Pedro Lenza
pontua: “Dessa forma, a designação das áreas abrangidas dar-se-á depois de publicado o decreto do
estado de sítio, não necessariamente tendo de abranger, portanto, toda a área geográfica do território
nacional, apesar de se tratar de comoção grave de repercussão nacional” (supracitado, p. 1017).
Incorreta, portanto, a alternativa “c”, ao desconsiderar o fato de as áreas abrangidas, no estado de sítio,
serem definidas posteriormente à publicação do decreto, devendo ser assinalada.
Alternativa (D): correta. De fato, é o que se extrai do art. 137, I, c/c art. 138, § 1º da CF, litteris:
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias,
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por
todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
Assim, ainda que o § 1º do art. 138 tenha limitado em 30 dias o prazo pelo qual poderá ser decretado
o estado de sítio do inciso I do art. 137, bem como cada uma das suas prorrogações, verifica-se que o
dispositivo não fixou limitação ao número de vezes em que poderá ser prorrogado. Sobre o assunto,
6ª RODADA - 18/07/2016
Pedro Lenza aponta que “a duração do estado de sítio, no caso de comoção grave de repercussão
nacional ou da ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa (art. 137, I), não poderá
ser superior a 30 dias, podendo ser prorrogada, sucessivamente (não há limites), enquanto perdurar
a situação de anormalidade, sendo que cada prorrogação também não poderá ser superior a 30 dias.
No caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, II),
enquanto perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira” (Pedro Lenza, p. 1017). Correta, portanto,
a alternativa, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a incorreta.
Alternativa (E): correta. De fato, o estado de sítio é medida extremamente restritiva e, por isso mesmo,
é excepcional e sofre os controles apontados nos comentários acima, além do controle judicial.
Especificamente na hipótese excepcionalíssima de decretação do estado de sítio em caso de declaração
de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, II, CF), caso tenham sido
observados os requisitos para a decretação da medida, em princípio poderá ser suspensa qualquer
garantia constitucional. Confiram-se os ensinamentos de Pedro Lenza a esse respeito:
“Em relação à decretação de estado de sítio na hipótese do art. 137, II, qual seja, no caso
de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, em tese,
qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa, desde que: a) tenham sido observados
os princípios da necessidade e da temporariedade (enquanto durar a guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira); b) tenha havido prévia autorização por parte do Congresso
Nacional; c) nos termos do art. 138, caput, tenham sido indicadas no decreto do estado de
sítio a sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que
ficarão suspensas” (Pedro Lenza, p. 1017 e 1018).
Correta, portanto, a assertiva “e”, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa
incorreta.
27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Executivo, bem como o
entendimento do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:
6ª RODADA - 18/07/2016
COMENTÁRIO
Dada a situação de crise política e institucional pela qual passa o país, há forte tendência de cobrança
dos temas referentes aos três Poderes em provas de concursos. Assim, é importante que o aluno tenha
bom conhecimento das normas constitucionais, bem como do entendimento do STF sobre o tema. Esta
questão aborda tópicos importantes referentes ao Poder Executivo, com vistas a um aprofundamento do
entendimento da matéria.
6ª RODADA - 18/07/2016
Em virtude dessa decisão, a Câmara Legislativa do DF, envolta em clima de turbulência política, deflagrada
pela investigação e pelos fatos levantados pela Operação Caixa de Pandora (discutida no item 10.4.14
abaixo), aprovou a Emenda à Lei Orgânica n. 57, de 29.03.2010, revogando os §§ 3º e 4º do art. 103,
que, ‘copiando’ o art. 86, §§ 3º e 4º, da CF/88, conferiam imunidade formal relativa à prisão e instituíam
cláusula de irresponsabilidade penal relativa para o Governador do DF, já declaradas inconstitucionais
pelo STF na ADI 1.020. (Pedro Lenza, p. 753. Grifamos).
Ressalte-se, ainda, que também não se estende a referida garantia ao Presidente da Câmara dos
deputados, conforme decidiu recentemente o STF, no Inquérito 3983/DF, tendo assentado que “a previsão
constitucional do art. 86, § 4º, da Constituição da República se destina expressamente ao Chefe
do Poder Executivo da União, não autorizando, por sua natureza restritiva, qualquer interpretação
que amplie sua incidência a outras autoridades, nomeadamente do Poder Legislativo”.
INQUÉRITO. IMPUTAÇÃO DOS CRIMES PREVISTOS NOS ARTS. 317 DO CÓDIGO PENAL
E 1°, V, VI, VII, DA LEI 9.613/1998. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: HIPÓTESE
EM QUE NÃO É RECOMENDÁVEL CISÃO DO PROCESSO. PRESIDENTE DA CÂMARA
DOS DEPUTADOS: NÃO CABIMENTO DE APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 86, § 4º DA
CONSTITUIÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA E ILICITUDE DE PROVA: INEXISTÊNCIA.
PRELIMINARES REJEITADAS. COLABORAÇÃO PREMIADA: REGIME DE SIGILO E EFICÁCIA
PERANTE TERCEIROS. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP: INDÍCIOS DE AUTORIA E
MATERIALIDADE DEMONSTRADOS EM RELAÇÃO À SEGUNDA PARTE DA DENÚNCIA.
DENÚNCIA PARCIALMENTE RECEBIDA. (STF. Plenário. Inquérito 3983/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 - Info 816).
Incorreta, portanto, a alternativa “a” ao dizer ser aplicável imunidade formal relativa à prisão e a cláusula
de irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República a governadores.
Alternativa (B): incorreta. A alternativa erra ao afirmar que haveria, na hipótese de vacância nos últimos
dois anos do período presidencial, eleição direta, quando, na verdade, a eleição será feita pelo Congresso
Nacional, ou seja, eleição indireta.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para
ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na
6ª RODADA - 18/07/2016
forma da lei.
“No caso de vacância dos cargos de Presidente da República e de Vice-Presidente da República, a eleição
haverá de ser feita noventa dias depois de aberta a última vaga (CF, art. 81, caput).
Ocorrendo a vaga, porém, nos dois últimos anos do mandato, a eleição para ambos os cargos será
feita, pelo Congresso Nacional, trinta dias após a última vaga. Em qualquer caso, os eleitos deverão
completar o período dos antecessores (CF, art. 81, §§ 1º e 2º)” (Gilmar Mendes, p. 941. Grifamos).
Resumindo:
• Vacância nos dois primeiros anos do mandato: eleição direta 90 dias depois de aberta a última
vaga.
• Vacância nos dois últimos anos do mandato: eleição indireta (Congresso Nacional) 30 dias
depois de aberta a última vaga.
Assim, as competências privativas do Presidente da República (art. 84, CF) que podem ser delegadas são:
- conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei
(inciso XII);
- prover cargos públicos federais, na forma da lei (inciso XXV, primeira parte).
E, como se verifica da redação do parágrafo único do art. 84, essas competências poderão ser delegadas
a qualquer das autoridades mencionadas naquele dispositivo, e não apenas aos Ministros de Estado.
Incorreta, portanto, a alternativa “c”.
Alternativa (D): correta. Realmente, esse é o procedimento a ser adotado em caso de acusação contra
o Presidente da República por crime de responsabilidade. Vide art. 86, caput, art. 51, I e art. 52, I e
parágrafo único da CF:
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara
dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas
6ª RODADA - 18/07/2016
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Assim, caso o Presidente da República seja acusado de ter praticado um crime de responsabilidade, a
Câmara dos Deputados é que irá decidir se autoriza ou não a instauração de processo, nos termos do
art. 51, I, da CF/88, sendo que o julgamento será feito pelo Senado Federal, em sessão presidida
pelo Presidente do STF, e, para haver condenação são necessários os votos de dois terços dos
membros do Senado Federal nesse sentido.
Alternativa (E): incorreta. A alternativa traz a redação da Súmula 394 do STF, cancelada pelo STF no
julgamento da questão de ordem no Inquérito n. 687-SP. “A Lei n. 10.628, de 24.12.2002, todavia, dando
nova redação ao art. 84 do CPP, além de criar uma espécie de foro cível por prerrogativa de função em
lei processual penal, “ressuscitou” a já banida e execrada regra da perpetuatio jurisdictionis após o término
do exercício do cargo ou função pública, seja criminal, seja, agora, também, civil, no caso da ação de
improbidade administrativa de que trata a Lei n. 8.429/92” (Pedro Lenza, p. 761).
Contra o dispositivo da Lei 10.628/02, foram propostas as ADIs 2797 e 2860, tendo o STF entendido pela
inconstitucionalidade da nova regra.
“... Entendeu-se que o § 1º do art. 84 do CPP, além de ter feito interpretação autêntica da Carta
Magna, o que seria reservado à norma de hierarquia constitucional, usurpou a competência
6ª RODADA - 18/07/2016
do STF como guardião da Constituição Federal ao inverter a leitura por ele já feita de norma
constitucional, o que, se admitido, implicaria submeter a interpretação constitucional do
Supremo ao referendo do legislador ordinário. Considerando, ademais, que o § 2º do art.
84 do CPP veiculou duas regras - a que estende, à ação de improbidade administrativa,
a competência especial por prerrogativa de função para inquérito e ação penais e a que
manda aplicar, em relação à mesma ação de improbidade, a previsão do § 1º do citado
artigo - concluiu-se que a primeira resultaria na criação de nova hipótese de competência
originária não prevista no rol taxativo da Constituição Federal, e a segunda estaria atingida
por arrastamento. Ressaltou-se, ademais, que a ação de improbidade administrativa é de
natureza civil, conforme se depreende do § 4º do art. 37 da CF, e que o STF jamais entendeu
ser competente para o conhecimento de ações civis, por ato de ofício, ajuizadas contra as
autoridades para cujo processo penal o seria” (lnf 401/STF e Notícias STF, 15.09.2005 -ADI
2.797 e ADI 2.860, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 15.09.2005, Plenário, DJ de 19.12.2006. No
mesmo sentido: Pet 3.030-QO, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 23.05.2012, Plenário, lnf 667/STF).
O STF modulou os efeitos temporais dessa decisão, estabelecendo que os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 84 do CPP, inseridos pelo art. 1º da Lei 10.628/2002, terão
eficácia a partir de 15.09.2005 (efeitos ex nunc) (ADI 2.797ED, Rei. p/ o ac. Min. Ayres Britto, j. 17.05.2012,
Plenário, lnf 666/STF). O STF entendeu pela modulação, “sem contudo, em verdadeiro entendimento
defensivo, admitir o deslocamento da competência para o Supremo Tribunal Federal dos processos que
ainda estavam em curso” (supracitado, p. 762).
Portanto, atualmente, o entendimento do STF sobre o tema, ao contrário do apontado pela assertiva,
é no sentido de que, cessado o exercício funcional, cessa também a competência especial por
prerrogativa de função.
b) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato emanado do poder público como
contra ato de particular sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção.
6ª RODADA - 18/07/2016
e) Caso um cidadão, tendo demonstrado os fins e as razões de seu pedido, tenha negada
por autoridade pública a emissão de certidão com informações não sigilosas necessárias à
defesa de direito seu, o remédio constitucional cabível será o habeas data.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. De fato, em que pese a regra de competência do art. 109, I da CF (competência
da Justiça Federal para julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes) não abranger as sociedades
de economia mista federais, é entendimento pacífico do STF que, para fins de mandado de segurança, de
acordo com o art. 2º da Lei de Mandado de Segurança (Lei 12.016/2009), quando a autoridade coatora
for dirigente de sociedade de economia mista federal, equipara-se esse agente a autoridade federal,
de modo que os mandados de segurança impetrados contra esses agentes serão apreciados na Justiça
Federal, de acordo, ainda, com o art. 109, VIII da CF.
Para o STF, são de competência da Justiça Federal os mandados de segurança impetrados em face de ato
praticado pelas pessoas de direito privado investidas de atividade delegada pela União. O fundamento
desse entendimento está em que: 1) o art. 109, VIII da Constituição utiliza critério definidor de competência
ratione personae; e 2) a própria lei disciplinadora do mandado de segurança, Lei nº 12.016/09, considera
como autoridade federal os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições (art. 1º, §1º c/c art. 2º).
6ª RODADA - 18/07/2016
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
Alternativa (B): correta. Trata-se de entendimento reiterado do STF, tendo o Ministro Gilmar Mendes,
em seu voto como relator no Agravo Regimental no Habeas Corpus 116.547, afirmado que “se a coação
à liberdade individual comumente advém de atos emanados do poder público, não se pode descartar a
possibilidade da impetração de habeas corpus contra atos de particular” (STF. 2ª Turma. HC 116.547/SP,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2013).
No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 117.296/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/5/2013; STF. 2ª
Turma. HC 110.933/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2012.
Alternativa (C): correta. Segundo Juliano Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira, “o
mandado de injunção (MI) é instrumento processual instituído especialmente para fiscalizar e corrigir,
concretamente, as omissões do Poder Público em editar as normas necessárias para tornar efetivos
direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
(art. 5º, LXXI, da Constituição).” (BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves.
Direito Constitucional. Tomo II - Direito Constitucional Positivo. 5ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 230).
Assim, entendeu o STF que o mandado de injunção é remédio constitucional autoaplicável – caso
contrário, o instrumento sofreria do mesmo mal que pretende combater, qual seja, a omissão do Poder
Público em regulamentar normas necessárias à efetivação de direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Correta, portanto, a assertiva.
Alternativa (D): correta. De fato, esse é o atual entendimento do STF sobre a matéria, após a mudança
de orientação que se deu em 2013.
“O mandado de injunção é ação transitória, que só se justifica enquanto houver a omissão. Assim,
6ª RODADA - 18/07/2016
a orientação do STF era ‘pela prejudicialidade do mandado de injunção com a edição da norma
regulamentadora então ausente’. Excederia, segundo a Corte, os limites do MI a pretensão de sanar a
alegada lacuna normativa do período pretérito à edição da lei regulamentadora. Atualmente, todavia,
tivemos uma significativa alteração no entendimento da Corte. Em fevereiro de 2013 o STF firmou o
entendimento de que a superveniência da lei, no curso da ação ou mesmo após iniciado o julgamento,
não torna prejudicado o mandado de injunção, ao contrário: o MI terá continuidade e será decidido a
partir da aplicação ao caso concreto dos parâmetros extraídos da nova lei.[...] Assim, o STF, ao voltar ao
tema em 2013, considerou que a superveniência da lei não prejudica o julgamento dos mandados
de injunção impetrados antes do seu advento. Entendeu a Corte que a nova lei somente produziria
efeitos a partir da data do início de sua vigência, não alcançando a situação concreta anterior do impetrante
e que, por isso, não poderia o tribunal julgar extinta a ação, mas sim construir uma solução jurídica a
partir da nova lei. Nota-se que não se tratou de dar efeitos retroativos à nova lei, mas tão somente de
utilizá-la como parâmetro para a formulação da decisão para o caso concreto”. (Nathalia Masson. Manual
de Direito Constitucional. Juspodivm, 2016, p. 440). Nesse sentido, vide MI 766-AgR-DF, STF, Rel. Min.
Joaquim Barbosa. Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a
alternativa incorreta.
Alternativa (E): incorreta. Na verdade, o remédio constitucional a ser adotado no caso trazido pela
alternativa é o mandado de segurança. Isso porque não se trata, no caso, de pedido para assegurar o
conhecimento de informações que digam respeito à pessoa do impetrante, mas pedido de fornecimento
de certidão para a defesa de direitos do requerente. Conforme leciona Pedro Lenza:
Essa garantia não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5.º, XXXIV, “b”), ou
informações de interesse particular, coletivo ou geral (art. 5.º, XXXIII). Havendo recusa no
fornecimento de certidões (para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de
interesse pessoal, próprio ou de terceiros), ou informações de terceiros, o remédio próprio é o
mandado de segurança, e não o habeas data. Se o pedido for para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, aí sim o remédio será o habeas data” (Pedro
Lenza, p. 1161).
A respeito da diferença apontada acima entre hipótese de cabimento de habeas data e mandado de
segurança, Michel Temer ressalta que “o habeas data também não pode ser confundido com o direito à
obtenção de certidões em repartições públicas. Ao pleitear certidão, o solicitante deve demonstrar que
o faz para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, ‘b’). No
habeas data basta o simples desejo de conhecer as informações relativas à sua pessoa, independentemente
6ª RODADA - 18/07/2016
da demonstração de que elas se prestarão à defesa de direitos” (Michel Temer. Elementos de direito
constitucional, p. 212).
“A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do indivíduo contra abuso no registro
e/ou revelação de dados pessoais falsos ou equivocados. O habeas data não se revela meio
idôneo para se obter vista de processo administrativo.” (HD 90-AgR, rel. min. Ellen Gracie,
julgamento em 18-2-2010, Plenário, DJE de 19-3-2010.) No mesmo sentido: HD 92-AgR, rel.
min. Gilmar Mendes, julgamento em 18-8-2010, Plenário, DJE de 3-9-2010.
Abaixo, para que o aluno compreenda visualmente e melhor memorize a evolução histórica dos remédios
constitucionais nas Constituições brasileiras, segue um quadro esquematizado, retirado do Livro Direito
Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza, 2014:
6ª RODADA - 18/07/2016
DIREITO EMPRESARIAL
II. O prazo prescricional de cinco anos para a cobrança de cheque sem força executiva
por meio de ação monitória conta-se da data da assinatura do título.
IV. A pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada
no campo específico da cártula.
a) I e II.
b) II e III.
c) Apenas III.
d) III e IV.
e) I e IV.
COMENTÁRIO
Item (I): incorreto. O autor da ação monitória não precisa, na exordial, mencionar ou comprovar a
6ª RODADA - 18/07/2016
relação causal que deu origem à emissão do cheque prescrito, conforme dispõe a súmula 531 do STJ,
reproduzida a seguir:
S. 531 STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
Contudo, nada impede que o requerido, em embargos à monitória, discuta a causa debendi, cabendo-lhe
a iniciativa do contraditório e o ônus da prova, mediante apresentação de fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos do direito do autor.
Isso porque, segundo o STJ, na ação monitória fundada em cheque prescrito, é desnecessária a
demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser a inexistência do
débito.
Deste modo, de acordo com a súmula 531 STJ e com a jurisprudência consolidada do STJ, o autor da ação
monitória não precisa, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa debendi) que
deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar porque o réu emitiu aquele cheque).
Isso não implica cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome
da “defesa” na ação monitória), discutir a causa debendi. (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, j. em 4/2/13 - recurso repetitivo - Info 513).
Item (II): incorreto. O cheque cuja executividade já prescreveu autoriza o ajuizamento da ação monitória
no prazo de cinco anos, e terá como termo inicial o dia seguinte à data de emissão do cheque, nos
termos da súmula 503 do STJ:
6ª RODADA - 18/07/2016
Incorreto, portanto, o item II, ao trazer a data da assinatura como o termo a quo para a contagem do
prazo prescricional para o ajuizamento da ação monitória de cheque sem força executiva.
Item (III): correto. De acordo com a súmula 572 do STJ, reproduzida a seguir, o Banco do Brasil, na
qualidade de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) não é o responsável pela
notificação prévia do devedor sobre a sua inscrição no CCF, além de não possuir legitimidade passiva nas
ações de reparação de danos com base na inexistência prévia de notificação.
Conforme o STJ, o Banco do Brasil como gestor do CCF não pode ser equiparado ao Serasa ou SPC,
que respondem pelos bancos de dados geridos, por ter como finalidade servir ao interesse público e
coletivo, ao contrário dos cadastros privados que tem como objetivo precípuo obter lucro. Confira abaixo
o precedente que deu origem a edição da súmula:
6ª RODADA - 18/07/2016
Item (IV): correto. O STJ já firmou o entendimento de que a pactuação da pós-datação de cheque, para
que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada, deve reproduzir a data
de emissão estampada no campo específico da cártula. É o que ficou assentado no Recurso Especial
Repetitivo 1423464/SC de Relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, reproduzido abaixo:
O item IV está correto, pois para que a pós-datação de cheque, se torne hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, a data de emissão contida no título deve constar em campo
específico da cártula e, é a que deve ser considerada para a contagem do prazo de apresentação ao
sacado.
Isso porque o ajuste celebrado entre as partes não tem o condão de modificar preceito normativo
específico de origem cambial, sob pena de descaracterizar o título de crédito. A alteração do
prazo de apresentação do cheque pós-datado implicaria na dilação do prazo prescricional do
título, situação que não pode ser admitida, pois infringiria o artigo 192 do Código Civil:
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
A contrario sensu, caso fosse admitida tal possibilidade, se estaria concordando com a possibilidade da
modificação casuística do lapso prescricional, em função de cada pacto realizado pelas partes, ofendendo
a lógica do sistema cambiário que prima pela segurança jurídica e literalidade dos títulos de crédito.
Dentre os itens, portanto, apenas os itens III e IV trazem as afirmativas corretas, devendo ser assinalada
a alternativa “D”.
6ª RODADA - 18/07/2016
II. Nas sociedades anônimas existe responsabilidade solidária dos sócios pela
integralização do capital social.
a) I e II.
b) II e III.
c) Apenas III.
d) III e IV.
e) I e IV.
COMENTÁRIO
Item (I): correto. O artigo 1.134 do CC/02 diz que as sociedades estrangeiras podem ser acionistas de
sociedade anônima brasileira, salvo se houver vedação expressa em lei, conforme dispõe a parte final do
artigo:
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização
do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados,
podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade
anônima brasileira. (grifou-se)
Neste sentido, ainda temos o entendimento do Enunciado 486 da V Jornada de Direito Civil do CJF
consagrando a possibilidade da sociedade estrangeira ser sócia em sociedades anônimas ou de outros
tipos societários, ainda que não possua autorização do Poder Executivo.
6ª RODADA - 18/07/2016
En. 486 - Art. 1.134: A sociedade estrangeira pode, independentemente de autorização do Poder Executivo,
ser sócia em sociedades de outros tipos além das anônimas.
Item (II): incorreto. Sociedade anônima é a que possui o capital dividido em partes iguais chamadas
ações, e tem a responsabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas. Isso é o que se depreende do art. 1º da Lei das SA (6.404/76):
Aqui não há qualquer tipo de solidariedade entre os sócios pela integralização do capital e cada um
responde pela sua parte. Importa esclarecer que esta foi a primeira espécie societária a conferir limitação
de responsabilidade aos sócios, por isso sua grande importância nos dias atuais, em que cada vez mais
o investimento nas atividades empresariais se torna um negócio de risco.
Na sociedade anônima, portanto, o acionista ficará com seu risco limitado ao valor da emissão, pois sua
única responsabilidade, regra geral, é integralizar as ações de acordo com o valor de emissão. Após isso,
em princípio, não mais poderá ser cobrado pelas obrigações da sociedade.
Conforme leciona André Luiz Santa Cruz (Direito Empresarial Esquematizado, GEN, São Paulo, 2014), uma
das principais características da S/A é a responsabilidade limitada de seus sócios, os acionistas. Assim, cada
sócio responde apenas pela sua parte no capital social, não assumindo, senão, em situações excepcionais
- como a imputação direta de responsabilidade pela prática de atos ilícitos ou pela desconsideração da
personalidade jurídica-, qualquer responsabilidade pelas dívidas da sociedade. Confira-se:
“Pode-se dizer até que a responsabilidade limitada dos acionistas de uma S/A é ainda ‘mais
limitada’ do que a responsabilidade limitada dos quotistas de uma sociedade limitada.
Afinal, vimos que estes, além de responderem pela respectiva integralização das quotas que
subscreveram, são solidariamente responsáveis pela integralização total do capital social,
conforme dispõe o art. 1.052 do Código Civil. Os acionistas, por sua vez, respondem tão somente
pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão de responsabilidade
solidária quanto à integralização de todo o capital social.” (supracitado, item 6.3.4.4).
Incorreto, portanto, o item II, ao trazer a responsabilidade solidária dos acionistas na integralização do
capital social.
Item (III): incorreto. Como regra, no direito brasileiro a sociedade é pluripessoal, sendo preciso ao menos
dois sócios para a constituição da pessoa jurídica. O inciso I do artigo 80 da LSA (6.404/76), assim prevê:
6ª RODADA - 18/07/2016
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único
acionista sociedade brasileira.
Assim, desde a sua constituição e durante todo o seu funcionamento, a subsidiária integral funcionará
com um sócio apenas, desde que este seja outra sociedade brasileira.
Item (IV): correto. É o que dispõe o inciso II, do artigo 80, da LSA (6.404/76):
A integralização, regra geral, não precisa acontecer no momento de constituição de uma sociedade,
podendo o ato constitutivo estabelecer que ela se dê posteriormente, porém, aqui na S.A. 10% do valor
do capital deve ser integralizado à vista e em dinheiro para que se possa garantir que a sociedade irá
efetivamente ser constituída.
Por outro lado, ainda no que se refere a exigência do inciso II, do artigo 80, da realização mínima de 10%
do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro, há casos especiais em que se exige percentual
maior, conforme previsão do parágrafo único do mesmo artigo, segundo o qual “o disposto no número II
não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social”. É o
que ocorre quanto às instituições financeiras, pois o artigo 27, caput, da Lei 4595/64, diz o seguinte: “Na
subscrição do capital inicial e na de seus aumentos em moeda corrente, será exigida no ato a realização
de, pelo menos 50% (cinquenta por cento) do montante subscrito.”
Dentre os itens, portanto, apenas os itens I e IV trazem as afirmativas corretas, devendo ser assinalada a
alternativa “E”.
6ª RODADA - 18/07/2016
QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO ADMINISTRATIVO
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.gustavocarminatti@gmail.com
DIREITO EMPRESARIAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com
6ª RODADA - 18/07/2016
PEÇA PROFISSIONAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
João é proprietário do Imóvel A, no qual residiu Pedro e sua família entre os anos de 2010 e 2015,
na condição de locatário, estando o imóvel, atualmente, desocupado. Em 10 de Janeiro de 2016,
João fora citado, em sede de execução fiscal, para apresentar garantias ou pagar débito de IPTU
inscrito em dívida ativa referente aos períodos de 2011 a 2013 em razão da propriedade do Imóvel
A. Ficando inerte, por requerimento da Fazenda Municipal, fora penhorado o Imóvel A, tendo
João sido intimado, nos autos judiciais, em 20 de fevereiro de 2016. Diante da situação, João
optou por ingressar com pedido de revisão administrativa do débito, a qual fora indeferida em
20 de Maio de 2016. No dia seguinte, em 21 de Maio de 2016, João opôs embargos à execução
fiscal, alegando, em síntese: a) a nulidade da constituição do débito, sob o argumento de que
apenas recebeu o carnê do IPTU em seu endereço, respectivamente, em janeiro de 2012, 2013 e
2014, não tendo sido intimado da constituição do débito; b) a prescrição do débito referente ao
período de 2011, uma vez que decorreu mais de 5 anos entre o fato gerador e a citação; c) a sua
ilegitimidade passiva, sob o argumento de que, no contrato de locação, havia cláusula atribuindo
a responsabilidade pelo pagamento do IPTU à Pedro, locatário; d) a impenhorabilidade do
Imóvel A, por se tratar de bem de família. João instruiu sua ação com todas as documentações
necessárias à comprovação de suas argumentações. Intimado o Município, na condição de
Procurador Municipal, redija a peça processual adequada, utilizando-se de todos os argumentos
processuais e materiais pertinentes. As datas mencionadas são hipotéticas e não consideram a
existência de feriados. Não é necessário datar a peça ou comprovar sua tempestividade. Ao final,
mencione, apenas, “DATA” e assine “Procurador Municipal”.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
28/07/2016: profcei.rodolfocursino@gmail.com
6ª RODADA - 18/07/2016