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CEI-PGE/SP

2ª RODADA - 23/02/2018

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2ª RODADA - 23/02/2018
DURAÇÃO

09/02/2018 A 10/05/2018

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

540 QUESTÕES OBJETIVAS


total

12 QUESTÕES DISSERTATIVAS
total

6 PEÇAS OU PARECERES
total

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/SP
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2018
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

MARIANNA M. MOTTA LOSS. Coordenadora do CEI-PGE-SP. Professora de Legislação de


Seguridade Social. Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista
em Direito Público e Direito Processual Civil.

DANIELE DE LUCENA ZANFORLIN. Procuradora da Fazenda Nacional. Pós-graduada em


Direito de Família e Sucessões pela FDR-UFPE. Bacharel em Direito pela FDR-UFPE.

IURI QUADROS. Advogado da União, aprovado em 11º lugar no último concurso da carreira,
obtendo a 2ª maior nota do Brasil na prova discursiva. Ex-assessor jurídico da Secretaria
de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, aprovado nos concursos da Procuradoria-
Geral do Município de Canoas, Especialista em Regulação da Ancine (13º lugar), Advogado
da FINEP e Residência Jurídica da PGE/RJ. Bacharel em direito pela UFRJ.

MARIA HELENA MARTINS ROCHA PEDROSA. Professora de Direito Administrativo. Advogada


da União. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública
do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

RAVI PEIXOTO. Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela
UERJ. Mestre em Direito pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado.
Aprovado nos concursos da PGM-JP, PGDF e PGM-Recife.

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WOLKER VOLANIN BICALHO. Procurador do Estado de São Paulo. Exerce suas atribuições
na Subprocuradoria Geral da Consultoria Geral. Coordenador e professor do curso
“Direito Previdenciário Público” na Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de
São Paulo em 2015 (ESPGE). Mestrando em Direito do Trabalho e Previdência Social
pela Universidade de São Paulo (USP).

LUIS FILIPE CISCOTTO DE FILIPPO. Procurador da Fazenda Nacional (aprovado no concurso


2015/2016) e pós-graduando em direito tributário. Foi advogado e Tradutor Juramentado
de Italiano. Aprovado nos concursos para Advogado da União – 2015/2016 (3º Lugar) e
Procurador do Município de São Luís/2016, além de algumas procuradorias municipais no
Estado de Minas Gerais.

RAFAEL CARVALHO DE FASSIO. Procurador do Estado de São Paulo aprovado em 6º lugar


no último concurso da PGE, realizado em 2012. Atuou por três anos na Consultoria Jurídica
da Secretaria da Segurança Pública e, desde março de 2016, integra a equipe de assessores
da Subprocuradoria Geral do Estado da Consultoria, onde atuou na elaboração de petições
iniciais de ADI e manifestações da PGE/SP em processos do controle concentrado de
constitucionalidade. Graduação (2011) e Mestrado (2017) pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.

GUILHERME MARTINS. Procurador do Estado de São Paulo (aprovado em 7º lugar). Exerce


suas atribuições na Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transporte do Estado de
São Paulo (ARTESP). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Mestrando em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

RODRIGO LEVKOVICZ. Procurador do Estado de São Paulo (Assistência de Defesa do Meio


AmbientE), graduado pela PUC-SP, mestre em Interesses Difusos e Coletivos pela PUC-SP.
Especialista em Direito do Estado e em Direito Ambiental pela Escola Superior da Procuradoria
Geral do Estado de São Paulo. Conselheiro do CONSEMA, da Câmara de Compensação
Ambiental de São Paulo e ex-conselheiro do CONDEPHAAT.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................6
CRONOGRAMA..........................................................................................................................................7
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO............................................................8
DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................8
DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................14
DIREITO CIVIL................................................................................................................................19
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 24
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO...................................................... 28
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................. 35
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................. 40
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.................................................. 46
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO................................ 53
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.......................................................................................... 60
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO........................................................61
DIREITO CONSTITUCIONAL.....................................................................................................61
DIREITO PROCESSUAL CIVIL................................................................................................... 80
DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 97
DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................... 131
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO.................................................... 148
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................174
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................197
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO................................................ 220
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO..............................256

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APRESENTAÇÃO

Queridos alunos(as),

Dando continuidade ao nosso trabalho e ao estudo de vocês, lançamos a Rodada 2. Nela,


vocês poderão encontrar temas relevantes que provavelmente estarão em sua futura prova
de Procurador do Estado de São Paulo. Nossos professores têm priorizado temas específicos
da PGE-SP, forçando vocês a ter contato e a realizar a leitura dessas leis específicas, bem
como pontos do edital em relação aos quais há jurisprudência recente e relevante do STJ e do
STF, além de itens do conteúdo programático que reiteradamente são encontrados em provas
de Procuradorias, seja porque são novidades legislativas, seja porque são temas afeitos à
carreira de Procurador.

Em relação ao índice de acertos versus erros, recomendo que vocês fiquem bastante
tranquilos. Nossas rodadas de questões não são simulados. Nossa pretensão, sim, é explorar
90 (noventA) questões, tal qual a futura prova de Procurador do Estado de São Paulo. Todavia,
nosso objetivo é maior. É que vocês tenham contato com o maior número de pontos possíveis
do conteúdo programático até a data da prova e, desse modo, ou os estudem, caso nunca
tenham tido contato com eles, ou os revisem, caso já os tenham estudado em momento anterior.
Portanto, caso estejam acertando número menor de questões do que costumam acertar em
provas objetivas, não se desesperem, pois, provavelmente, o nível de dificuldade de nossas
questões é mais profundo do que aquele que será explorado na futura prova de Procurador do
Estado de São Paulo.

No que diz respeito à extensão dos comentários das questões – eis que alguns alunos relataram
não conseguir esgotar a leitura num único dia e requisitaram ideias de como proceder –,
sugiro, para melhor aproveitamento do material, que vocês realizem as questões num único
dia – como se fosse a prova – mas leiam os comentários de cada uma das disciplinas no
decorrer dos próximos dias da semana. Assim, vocês conseguirão absorver melhor o conteúdo
e, consequentemente, já promover os grifos necessários na legislação para que, numa revisão
ou estudo futuro, já saibam o que é relevante no texto de lei.

Ainda, como não estamos imunes a eventuais equívocos, informo que, anexa, segue a correção
de alguns pontos da disciplina de Direito Ambiental. Peço, sempre que constatarem alguma
dissonância entre questão e resposta correta/incorreta e/ou nomenclatura, não hesitem em
nos informar, pois faremos o possível para melhor atendê-los.

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Por fim, não esqueçam: “Aquele que pode realizar pouco, deve sacrificar pouco. Aquele que
pode alcançar muito, deve sacrificar muito. Aquele que pode alcançar níveis muito altos, deve
sacrificar grandemente” (James Allen).

Desejo que vocês tenham bons estudos e fico à disposição para eventuais dúvidas e
esclarecimentos pelo e-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com.

Um forte abraço,

Marianna M. Motta Loss

CRONOGRAMA

Publicação rodada Publicação espelho

1ª. Rodada 09/02/18 01/03/18

2ª. Rodada 23/02/18 15/03/18

3ª. Rodada 09/03/18 29/03/18

4ª. Rodada 23/03/18 12/04/18

5ª. Rodada 06/04/18 26/04/18

6ª. Rodada 20/04/18 10/05/18

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO


ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a
nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Assinale a alternativa correta:

A) Uma Constituição classificada como rígida não necessariamente possui


cláusulas pétreas em seu texto.

B) As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), dado o


seu caráter não permanente, são hierarquicamente inferiores àquelas previstas no
corpo principal da Constituição de 1988, tais como as cláusulas pétreas do artigo
60, §4º.

C) O artigo 242, §2º da Constituição de 1988 (“O Colégio Pedro II, localizado
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”) não é norma
materialmente constitucional e, por isso, não pode servir de parâmetro para o
controle de constitucionalidade.

D) A Constituição de 1988, por ser rígida, não admite a ocorrência do fenômeno da


mutação constitucional.

E) As formas de Estado e de governo adotadas na Constituição de 1988 são


expressamente consideradas cláusulas pétreas, motivo pelo qual propostas de
emendas tendentes a aboli-las não podem sequer ser objeto de deliberação pelo
Congresso Nacional.

2. Identifique a alternativa correta sobre o poder de reforma constitucional.

A) O Presidente da República não pode encaminhar ao Congresso proposta de


emenda constitucional, motivo pelo qual a emenda não está sujeita a sanção ou
veto.

B) Eventual proposta de emenda que venha a suprimir o habeas data da Constituição


não seria inconstitucional porque a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011)

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ampliou substancialmente o direito à informação.

C) A anterioridade eleitoral pode ser reduzida para o período de 6 (seis) meses por
meio de emenda constitucional.

D) Proposta de emenda constitucional que busque estabelecer a pena de morte


para aqueles que forem condenados pela prática de crimes hediondos deverá ser
submetida a plebiscito para ter validade.

E) O titular de um direito adquirido sob a Constituição vigente não poderá invocá-


lo perante uma Constituição nova que seja, em relação a este ponto, incompatível
com a anterior.

3. “Atualmente, os tratados são considerados a fonte mais importante do Direito


Internacional, não apenas por força da sua multiplicidade, mas também porque, em regra,
os assuntos mais importantes da ordem jurídica internacional são por eles regulados”.
(MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15ª ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2004, p. 212)

Julgue as proposições abaixo acerca dos tratados internacionais de direitos humanos


no sistema constitucional brasileiro:

I. Os tratados internacionais que sejam aprovados, em dois turnos, por três quintos
dos votos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal terão status equivalente
às Emendas Constitucionais.

II. Os tratados internacionais de direitos humanos internalizados antes da entrada


em vigor do artigo 5º, §3º da Constituição gozam de status supralegal e revogam a
legislação ordinária que com elas seja incompatível.

III. Os direitos humanos incorporados por meio de tratados internacionais vinculam


diretamente somente o Poder Público, aplicando-se apenas de forma indireta e
mediata às relações jurídicas entre particulares.

A) Todas são corretas.

B) Apenas I e II são corretas.

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C) Apenas I e III são corretas.

D) Apenas II e III são corretas.

E) Todas são incorretas.

4. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, identifique a proposição


correta acerca dos direitos fundamentais:

A) Não ofende a Lei Maior a edição de lei federal que, regulamentando a profissão
de músico, condicione o seu exercício à inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil
e ao pagamento das respectivas anuidades, uma vez que a norma prevista no artigo
5º, inciso XIII da Constituição possui eficácia contida.

B) A garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio (5º, inciso XI) abrange


qualquer compartimento habitado como, por exemplo, um quarto de hotel, e
estende-se a locais onde se exerça atividade profissional.

C) A garantia constitucional da ampla defesa não impede que a Administração


Pública exija a realização de prévio depósito como pressuposto de admissibilidade
de recurso administrativo.

D) Toda gravação de conversa telefônica que não tenha sido previamente autorizada
pela autoridade judicial constitui prova ilícita e, por isso, não pode ser utilizada em
procedimento administrativo.

E) A Constituição garante a possibilidade de que todos se reúnam pacificamente,


sem armas, em local aberto ao público, independentemente de autorização ou de
aviso prévio à autoridade competente.

5. Sobre a leis orgânicas municipais, analise as afirmações abaixo:

I. Conflitos entre disposições da Lei Orgânica de um Município e leis estaduais


devem ser sanados em favor da legislação estadual.

II. A Lei Orgânica municipal deve ser editada de acordo com o que estabelece a
Constituição Federal e, também, a Constituição Estadual.

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III. A Constituição Estadual, ao dispor sobre os Municípios situados no interior do


território do respectivo Estado-membro, pode dispor sobre assunto de interesse
local.

Está correto o que se afirma em:

A) I e II.

B) II e III.

C) III.

D) II.

E) I e III.

6. Sobre as competências da União, dos Estados e do Distrito Federal, é correto afirmar


que:

A) Quando a União edita normas gerais a respeito de matéria de competência


concorrente, todas as normas editadas pelos Estados sobre a mesma matéria
terão a sua eficácia suspensa.

B) A competência legislativa privativa da União pode ser pontualmente delegada


aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios por meio de Lei Complementar.

C) A competência da União para estabelecer normas gerais de licitação e


contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios não é
matéria sujeita à reserva de lei complementar.

D) Nas matérias de competência privativa da União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios podem legislar para suprir a falta de lei federal, exercendo a
competência legislativa plena somente até a superveniência da legislação federal
sobre a matéria.

E) A competência para legislar sobre direito urbanístico é privativa dos Municípios,


por ser matéria de interesse local.

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7. Sobre a intervenção do Estado no Município, assinale a INCORRETA:

A) A intervenção estadual poderá ser decretada pelo Governador do Estado quando


o Tribunal de Justiça houver dado provimento à representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

B) O Distrito Federal não é legitimado para realizar nenhum tipo de intervenção,


mas pode sofrer intervenção federal.

C) Quando a representação interventiva for julgada procedente, o Tribunal de


Justiça decretará diretamente a intervenção estadual, a qual será posteriormente
apreciada pela Assembleia Legislativa.

D) A decisão do Tribunal de Justiça que defere o pedido de intervenção estadual


em Município não pode ser impugnada por meio de Recurso Extraordinário.

E) Se um Município paulista descumprir deliberadamente decisão judicial


condenatória proferida pela Justiça Federal, ainda assim competirá ao Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo dar provimento à representação interventiva para
assegurar a execução da decisão descumprida.

8. Sobre a medida provisória na Constituição de 1988, é correto afirmar:

A) As medidas provisórias não convertidas em lei dentro do prazo de sessenta


dias perdem a eficácia a partir do ato que declara o término da sua vigência.

B) A Constituição da República admite a edição de medidas provisórias no âmbito


do processo legislativo estadual.

C) É vedada a edição de medidas provisórias para disciplinar matéria reservada


à lei complementar, nacionalidade, direito penal, processual penal, direito civil,
processual civil, plano plurianual e diretrizes orçamentárias.

D) Eventual vício de iniciativa na propositura de projeto de lei será convalidado


pela sanção do Presidente da República quando a matéria for passível de edição
de medida provisória ou se a iniciativa for exclusiva do Poder Executivo.

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E) A votação das medidas provisórias pode ser iniciada em qualquer das casas do
Congresso Nacional.

9. Identifique a alternativa correta acerca da arguição de descumprimento de preceito


fundamental (“ADPF”):

A) A ADPF pode ser convertida em ADI e vice-versa.

B) A ADPF pode ser proposta nas hipóteses de cabimento de ADI e ADC porque
o seu objeto (“ato do poder público”) é mais amplo que o das demais ações do
controle abstrato de constitucionalidade.

C) Leis e atos normativos revogados não podem ser objeto de ADPF.

D) Súmula vinculante pode ser questionada por meio de ADPF.

E) Como a ADPF admite, como objeto, o questionamento de leis municipais perante


a Constituição federal, a jurisprudência do STF reconhece aos prefeitos municipais
legitimidade ativa para propor a arguição.

10. Assinale a alternativa que descreve corretamente aspecto da ordem econômico e


financeira na Constituição de 1988.

A) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, em razão do


interesse público que motivou a sua criação, podem gozar de privilégios fiscais
não aplicáveis ao setor privado.

B) O planejamento estatal da atividade econômica será determinante para os


setores público e privado.

C) Lei que fixe distância mínima entre um estabelecimento comercial e outro será
inconstitucional por violar o princípio da livre concorrência.

D) O refino do petróleo nacional ou estrangeiro constitui monopólio da União e,


por isso, não pode ser contratado com empresas estatais ou privadas.

E) Ofende a livre iniciativa a edição de lei que regule a política de preços de bens
e serviços no mercado.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Acerca do instituto da reclamação, marque a única alternativa INCORRETA.

A) é possível a reclamação em face de ato administrativo.

B) na reclamação que objetiva garantir a observância de um precedente, é possível


que ele seja superado.

C) não é admissível a condenação em honorários.

D) para o seu ajuizamento em face de decisão que desrespeita acórdão de


recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida é necessário o prévio
esgotamento das instâncias ordinárias.

E) poderá o relator na reclamação suspender o ato impugnado.

12. Acerca das espécies de defesa que podem ser utilizadas pelo réu no processo civil,
assinale a alternativa correta.

A) a incompetência relativa deve ser suscitada por meio de exceção de


incompetência.

B) a reconvenção deve possuir valor da causa idêntico ao da petição inicial.

C) a reconvenção deve ser ajuizada em petição própria, diversa da peça


contestatória.

D) a reconvenção pode gerar uma ampliação subjetiva do processo.

E) não alegada a incompetência absoluta na contestação, embora o magistrado


possa conhecê-la de ofício, o réu não poderá mais suscitá-la.

13. Acerca das ações constitucionais, assinale a alternativa correta:

A) Caso o mandado de segurança seja impetrado por telegrama, radiograma ou


outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela
autoridade, os originais devem ser apresentado nos 5 (cinco) dias seguintes.

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B) A apelação que concede o habeas data tem efeito devolutivo e suspensivo.

C) O mandado de injunção pode ser ajuizado por organização sindical, entidade


de classe ou associação legalmente constituída para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus
membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a
suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

D) O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vintE) dias da prática do ato impugnado.

E) Requerida a manifestação de órgão ou entidade para atuar como amicus curiae em


ação direta de inconstitucionalidade e havendo concorrência de pedidos de ingresso
oriundos de instituições com deveres, interesses e poderes de representação total
ou parcialmente coincidentes, por razões de racionalidade e economia processual,
defere-se o ingresso do postulante dotado de representatividade mais ampla.

14. Acerca da execução fiscal, julgue os seguintes itens:

Item I: O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução


fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação voluntária de
imóvel.

Item II: Em ações de execução fiscal, a petição inicial deve ser indeferida caso
esteja ausente o CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.

Item III: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial


com o demonstrativo de cálculo do débito.

A) Apenas o Item I está correto.

B) Os itens I, II e III estão corretos.

C) Nenhum dos itens está correto.

D) Apenas os itens I e III estão corretos.

E) Apenas o item II está correto.

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15. Julgue os seguintes itens relativos aos juizados especiais:

Item I - Não são admitidas no Juizado Especial da Fazenda Pública as ações de


mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos
ou interesses difusos e coletivos;

Item II - Não são admitidas no Juizado Especial da Fazenda Pública as causas sobre
bens móveis e imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

Item III – A legislação veda expressamente a concessão de tutela antecipatória de


ofício.

A) Apenas o item I está correto.

B) Nenhum item está correto.

C) Todos os itens estão corretos.

D) Apenas os itens I e III estão corretos.

E) Apenas o item III está correto.

16. Em relação ao direito processual coletivo, assinale a resposta INCORRETA.

A) Um dos princípios que regem o processo coletivo é o da participação, pois,


em tais processos, em comparação com o individual, essa participação é maior
pelo processo, eis que, embora apenas exista um autor, é grande a quantidade de
pessoas beneficiadas.

B) O exercício da legitimação extraordinária, conferida para tutelar direitos


individuais homogêneos em ação civil pública, não pode ser estendido para abarcar
a disposição de interesses personalíssimos, tais como a intimidade, a privacidade
e o sigilo bancário dos substituídos.

C) Nas ações civis públicas, apenas haverá condenação em honorários de


advogado, custas e despesas processuais em caso de comprovada má-fé.

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D) A remessa necessária prevista na ação popular é aplicável às ações coletivas


que versem sobre direitos individuais homogêneos devido ao microssistema do
processo coletivo.

E) Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
- FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.

17. Em relação às normas fundamentais do processo civil, assinale a alternativa


INCORRETA:

A) Pode o juiz adotar fundamento jurídico diverso daqueles utilizados pelas partes
(iura novit cúriA) desde que venha a escutar previamente as partes.

B) Pode o juiz proferir decisão contra o réu sem que ele seja previamente ouvida
no caso da decisão de expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa
ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer na ação monitória.

C) Caso uma das partes envolvida em mediação seja o Estado, a confidencialidade


não deve ser a regra.

D) São princípios processuais expressos na legislação infraconstitucional a


legalidade, a publicidade, a eficiência, a moralidade e a impessoalidade.

E) Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

18. Em relação às despesas processuais, assinale a alternativa correta:

A) No CPC/2015, a fazenda pública não pode ter sua condenação em honorários


baseada em apreciação equitativa do juiz.

B) Na fixação dos honorários recursais, é possível que seja ultrapassado o limite


de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa na soma com os
honorários fixados na decisão recorrida.

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C) A remuneração do perito será adiantada pela parte que houver requerido a


perícia, pelo autor quando a perícia for determinada de ofício ou rateada quando
requerida por ambas as partes.

D) A majoração de honorários na seara recursal independe de requerimento da


parte.

E) É possível a fixação de honorários recursais mesmo no curso de processo cujo


rito os exclua, pois estes possuem previsão específica no CPC.

19. Em relação às ações de responsabilidade civil que envolvem o poder público, julgue
os seguintes itens:

Item I: Tanto o STF quanto o STJ adotam a teoria da dupla garantia.

Item II: É desnecessária a denunciação da lide do agente público supostamente


responsável pelo ato lesivo que gerou a obrigação de indenizar em caso de
responsabilidade objetiva da Administração Pública para que possa ser exercido
o direito de regresso.

Item III: Nos pedidos relativos aos danos morais, os juros moratórios incidem desde
a data do evento e a correção monetária incidirá desde a data do arbitramento.

A) Apenas o item II está correto.

B) Nenhum item está correto.

C) Todos os itens estão corretos.

D) Apenas os itens II e III estão corretos.

E) Apenas o item III está correto.

20. Acerca das intervenções de terceiro, assinale a alternativa correta:

A) O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar tanto o incidente de resolução
de demandas repetitivas quanto o incidente de assunção de competência.

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B) As intervenções de terceiros dependem, ao menos, da demonstração de


interesse jurídico.

C) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica apenas é exigível no


processo de conhecimento.

D) A intervenção anômala dos entes públicos gera o deslocamento de competência.

E) Não se admite a utilização do chamamento ao processo nas demandas voltadas


ao fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde pelos entes
públicos.

DIREITO CIVIL

21. Sobre o que dispõe o Código Civil a respeito do domicílio, é correto afirmar que:

A) O domicílio da pessoa jurídica empresarial regular é o estatutário ou o contratual,


em que indicada a sede da empresa.

B) Têm domicílio necessário, dentre outros, o militar, o incapaz e o agente


diplomático.

C) Não é possível que a mesma pessoa tenha vários domicílios voluntários e


necessários.

D) A lei brasileira prevê hipótese de pessoa natural sem domicílio.

E) A residência é um elemento subjetivo do conceito de domicílio.

22. A respeito do regime jurídico dos bens, previsto no Código Civil, assinale a alternativa
CORRETA:

A) Considera-se bem imóvel, para os efeitos legais, o direito à sucessão aberta


bem como a motocicleta que, por defeito irreparável do motor, é insuscetível de
movimento próprio.

B) A hipoteca de um navio é exemplo de bem imóvel.

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C) As partes integrantes são desprovidas de existência material própria.

D) O complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico,


constitui universalidade de fato.

E) Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos pessoais de caráter


patrimonial e respectivas ações.

23. No que se refere às modalidades das obrigações, assina a opção correta:

A) Havendo pluralidade de credores e devedores, nas obrigações solidárias


o devedor poderá opor a todos os credores exceção pessoal que tenha contra
apenas um deles, enquanto que, nas obrigações indivisíveis, a exceção pessoal
não se estende aos demais credores.

B) Nas obrigações in solidum, os devedores, que mantém a solidariedade entre si,


estão obrigados pela totalidade da dívida.

C) Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha cabe ao credor.

D) Não perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e


danos.

E) Até a tradição pertence ao devedor a coisa. Os frutos percebidos são do devedor,


cabendo ao credor os pendentes.

24. Com base no Decreto-Lei n° 4.657/1942 − Lei de Introdução às normas do Direito


Brasileiro − LINDB, assinale a alternativa CORRETA:

A) As emendas ou correções à lei que já tenha entrado em vigor não são


consideradas lei nova.

B) Os direitos de família são determinados pela lei do país em que domiciliada a


pessoa. No caso de nubentes com domicílios diversos, a lei do último domicílio
conjugal regerá tanto os casos de invalidade do matrimônio quanto o regime de
bens.

C) Em viagem ao exterior, Pedro contraiu uma dívida de jogo no valor de R$50.000,00.

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Não é juridicamente possível a cobrança dessa dívida no Brasil.

D) De acordo com a LINDB, aplica-se o princípio da vigência sincrônica quando a


lei for omissa quanto ao período de “vacatio legis”.

E) A revogação tácita equivale à repristinação.

25. É possível afirmar que na alienação fiduciária em garantia de bens móveis e imóveis:

A) É possível a intimação por hora certa do devedor fiduciante para que seja
constituído em mora, conforme previsão expressa da Lei 9.514/1997.

B) Não é possível que ocorra a purgação da mora se esta ocorrer após a


consolidação da propriedade imóvel em nome do credor.

C) A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária em garantia no


cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame no órgão de
trânsito constituem requisitos de validade do negócio.

D) A tese do adimplemento substancial pode ser aplicada.

E) Em relação à taxa de ocupação devida pelo devedor fiduciante em favor do credor


fiduciário em razão da ocupação por aquele do imóvel financiado, embora seu valor
não seja definido pela Lei 9.514/1997, a sua cobrança se dá independentemente de
ser legítima ou não a posse do devedor fiduciante.

26. A respeito dos direitos reais de gozo ou fruição, assinale a afirmativa CORRETA:

A) A Servidão poderá ser extinta pelo não uso durante quinze anos contínuos.

B) O direito de superfície previsto no Código Civil abrange o imóvel urbano ou


rural, tem exploração restrita às plantações ou às construções e, em regra, não
pode recair sobre o subsolo e o espaço aéreo.

C) A extinção do usufruto pelo não uso do imóvel deve observar o prazo prescricional
de 10 anos previsto no art. 205 do Código Civil.

D) Os frutos civis decorrentes do usufruto, como os juros e os aluguéis, vencidos

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desde a data de seu início, pertencem ao usufrutuário.

E) O direito real de habitação em favor do cônjuge precisa ser inscrito no registro


imobiliário.

27. Quanto ao tema da responsabilidade civil, indique a alternativa INCORRETA:

A) Os estabelecimentos de ensino respondem objetivamente pelos danos causados


às crianças e aos adolescentes no ambiente escolar.

B) A responsabilidade do dono ou detentor de animal pelos danos por este causado


é objetiva.

C) Os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de


culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

D) A responsabilidade civil dos nosocômios por atos privativos dos galenos


pressupõe a presença do elemento subjetivo para que exista o dever de indenizar
da instituição em relação aos pacientes/consumidores.

E) Na obrigação continuada, cuja condenação determina o pagamento em parcelas


sucessivas, os juros de mora incidirão a partir da data do evento danoso.

28. Sobre o contrato de doação, é correto afirmar que:

A) É válida a doação realizada por meio de procurador, ainda que o instrumento


procuratório concedido pelo proprietário não mencione o donatário.

B) A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice é nula.

C) A cláusula de reversão pode ser estipulada em favor de terceiro.

D) A doação é caracterizada pela formulação de um contrato oneroso.

E) Na doação, qualquer alienação gratuita que afete a metade indisponível dos


herdeiros necessários será declarada nula.

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29. Acerca do direito de propriedade, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Na desapropriação, a garantia da justa e prévia indenização abrange apenas


a perda da propriedade ao final da ação, e não a imissão provisória na posse do
imóvel.

B) A multipropriedade imobiliária ou timesharing tem natureza de direito real, e, no


caso de penhora do imóvel, o coproprietário pode se valer de embargos de terceiro
para proteger sua fração ideal.

C) O direito do proprietário do bem imóvel de não poder ter prejudicado o seu


sossego prevalece quando há interferências causadas pelo interesse público, que
poderiam justificar determinada poluição sonora.

D) O fâmulo da posse não pode fazer uso dos interditos possessórios, entretanto,
é possível que ele se utilize do desforço imediato para proteger o bem daquele que
recebe ordens.

E) A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,


em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-
se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade
tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

30. Responda de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre o


seguro do DPVAT:
A) A intimação para perícia médica em ação de cobrança de DPVAT deve ser
pessoal.

B) A grávida que sofre aborto em razão de acidente de trânsito não tem direito de
receber do DPVAT indenização pela morte do nascituro.

C) Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência do caráter


permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, em regra,
não depende de laudo médico.

D) O espólio possui legitimidade ativa para ajuizar ação de cobrança do seguro


obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de trânsito.

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E) É devida a indenização DPVAT mesmo que a vítima esteja praticando um crime


com o veículo no momento do acidente.

DIREITO ADMINISTRATIVO

31. Sobre o exercício do poder normativo, indique a alternativa correta.


A) A autonomia do poder normativo da Administração Pública em relação à lei
é a regra no direito brasileiro, o que se evidencia pela existência de decretos
autônomos.

B) Como regra, o poder regulamentar encerra uma atividade administrativa, de


cunho normativo secundário.

C) As instruções normativas expedidas por Ministros de Estado não se classificam


como forma de exercício do poder normativo.

D) É possível o estabelecimento, em norma administrativa regulamentar, de


limitação não prevista em lei, para o gozo de determinado benefício.

E) Compete privativamente à Câmara dos Deputados sustar os atos normativos


que exorbitem dos limites da delegação legislativa.

32. Considere a seguinte citação:

“Nele se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados
sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições
são toleráveis” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
São Paulo: Malheiros, 2010, p. 114).

O autor refere-se, no caso, ao seguinte princípio da Administração Pública:

A) Legalidade.

B) Impessoalidade.

C) Moralidade.

D) Publicidade.

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E) Eficiência.

33. Sobre as diferentes classificações dos órgãos administrativos, indique a alternativa


correta:
A) Os órgãos superiores têm poder hierárquico sobre os órgãos subalternos, mas
não sobre os autônomos.

B) A Presidência da República é exemplo de órgão coletivo.

C) O Tribunal de Contas da União classifica-se, quanto às suas funções, como um


órgão preponderantemente ativo.

D) As Secretarias de Estado, quanto à posição estatal, são órgãos superiores.

E) A Advocacia-Geral da União é exemplo de órgão independente.

34. Em relação à organização administrativa, indique a alternativa INCORRETA:


A) A criação de autarquias ocorre mediante edição de lei específica. A instituição
de empresas públicas, contudo, depende apenas de autorização legal.

B) A criação de subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia


mista depende de autorização legislativa.

C) Entre autarquias e os Ministérios a que se vinculam, existe autotutela, mas não


hierarquia.

D) Os órgãos estatais são fruto da desconcentração de funções administrativas.

E) Autarquias não podem desempenhar atividades econômicas.

35. O Decreto nº 123 determinou que a portaria conjunta dos Ministérios X e Y regulamentasse
o usufruto de determinado benefício fiscal. O ato foi editado em conformidade com o
decreto, porém, posteriormente, o Ministério Y revogou unilateralmente a portaria. Ante
a situação exposta, indique a alternativa INCORRETA:
A) De acordo com a jurisprudência do STJ, existe irregularidade no ato de retirada
da portaria em questão.

B) No caso, a portaria interministerial caracteriza-se como ato administrativo

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complexo.

C) A revogação de ato administrativo, no caso, deve respeito ao princípio da


simetria.

D) É possível a revogação de atos administrativos que exauriram seus efeitos.

E) Não é possível a revogação de atos que geram direitos adquiridos.

36. São exemplos de atos administrativos de consentimento, EXCETO:


A) Licenças.

B) Permissões.

C) Autorizações.

D) Admissões.

E) Ordens de serviço.

37. Acerca do processo administrativo, assinale a alternativa correta:


A) Os efeitos prodrômicos inerentes aos atos administrativos complexos permitem
concluir que estas manifestações de vontade são procedimentos administrativos.

B) É possível delegação de competência referente a julgamento de recursos


hierárquicos.

C) Um órgão pode delegar parte de suas competências a outro que não lhe seja
hierarquicamente subordinado, desde que não haja impedimento legal e esteja
caracterizada situação de conveniência.

D) É prescindível a indicação, no ato de delegação, do prazo de sua duração.

E) Havendo impugnação judicial contra determinado ato administrativo praticado


no exercício de competência delegada, será a autoridade delegante, e não a
responsável pela prática do ato, legítima para ocupar o polo passivo da demanda.

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38. Acerca da defesa técnica no processo administrativo, considere as seguintes


assertivas, indicando, em seguida, a alternativa que elenca apenas a(s) correta(s).

I. Ofende a Constituição da República a falta de defesa técnica por advogado no


processo administrativo disciplinar.

II. Se um particular alegar que não foi notificado para apresentar defesa em processo
administrativo de que lhe resultou imposição de sanção, caberá à Administração
Pública comprovar que realizou a notificação.

III. No processo administrativo disciplinar, a alteração da capitulação legal da


conduta imputada ao servidor efetuada após o oferecimento de defesa enseja
nulidade.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

39. Sobre a ação popular, indique a alternativa correta.


A) O prazo para a contestação na ação popular é, em regra, de 30 (trintA) dias.

B) Seguindo a jurisprudência do STJ, para ajuizar ação popular contra ato praticado
pelo Prefeito do Município de São Paulo, é necessário que o cidadão seja eleitor
naquela localidade.

C) A pessoa jurídica cujo ato seja objeto de impugnação na ação popular pode
atuar ao lado do autor, se assim o justificar o interesse público.

D) O Ministério Público tem legitimidade para o ajuizamento de ação popular.

E) De acordo com a Lei nº 4.717/1965, é facultado ao Ministério Público promover


a defesa do ato impugnado na ação popular.

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40. Maria foi aprovada em primeiro lugar nas duas primeiras fases do concurso para
Agente Penitenciária da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Na
terceira fase, contudo, em razão de erro na forma de cálculo da média, Maria perdeu
colocações e ficou em quinto lugar. Maria pediu reconsideração administrativa, mas a
Secretaria de Segurança Pública afirmou que aquela seria a forma de cálculo entendida
como correta por sua equipe técnica e indeferiu o pedido, apresentando-lhe os cálculos.
Apenas duas candidatas foram nomeadas. Em seguida, Maria ajuizou ação pretendendo
o cálculo correto da média, com sua consequente nomeação, bem como indenização
no valor do salário correspondente ao período em que deveria ter trabalhado. Diante da
situação narrada, indique a(s) alternativa(s) correta(s):

I. A Administração Pública não pode rever de ofício a forma de cálculo da média


de Maria.

II. No caso de reconhecimento judicial de que a perda de posições no certame foi


indevida, Maria tem direito à nomeação, mas não à indenização pelos meses não
trabalhados.

III. Ainda que haja reconhecimento do erro de cálculo pela Administração Pública,
Maria não terá direito à indenização pelos meses não trabalhados.

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) III, apenas.

D) I e III.

E) II e III.

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

41. No tocante ao princípio da irredutibilidade de vencimentos, prevista no art. 37, XV, da


Constituição Federal, é CORRETO afirmar que:
A) Cessadas as condições de exercício do cargo que ensejaram o direito à
gratificação de representação, o seu pagamento pode ser suprimido, sem que se
caracterize redução de vencimentos, uma vez que se trata de retribuição pecuniária

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pro labore faciendo e propter laborem.

B) O princípio da irredutibilidade de vencimentos é aplicado em relação aos tributos


em geral, não permitindo que o Poder Público crie ou majore tributos em evidente
prejuízo aos vencimentos dos servidores públicos.

C) Pode o Poder Público aumentar a jornada de trabalho dos seus respectivos


servidores públicos, sem a necessidade de majorar a remuneração, uma vez que
não há direito adquirido a regime jurídico funcional.

D) Para o Supremo Tribunal Federal, a gratificação extraordinária concedida ao


servidor público, por exercer determinada função, não pode ser posteriormente
suprimida, tendo em vista a impossibilidade de o Poder Público reduzir os
vencimentos, nos termos do art. 37, XV, da Constituição Federal.

E) Caso haja diferença de remuneração entre os servidores públicos que exercem


o mesmo cargo, pode o Poder Judiciário reajustar esses vencimentos, com
fundamento nos princípios da isonomia e da irredutibilidade salarial.

42. À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a servidora pública ocupante


de cargo exclusivamente comissionado, exonerada ad nutum durante o período
gestacional,
A) Não possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, tendo em vista
que tal direito somente é extensível aos servidores celetistas.

B) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT e, portanto, tem direito
subjetivo à reintegração no cargo em comissão que ocupava antes da exoneração.

C) Não possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, uma vez que
o cargo exclusivamente comissionado tem natureza transitória e de confiança,
de livre preenchimento e exoneração, sendo incompatível com o instituto da
estabilidade.

D) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, no entanto, não tem
direito subjetivo à reintegração, fazendo jus a uma indenização na proporção dos
valores que lhe deveriam ter sido pagos desde a exoneração até o fim do período
da estabilidade.

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E) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, desde que haja
comunicação expressa do estado de gravidez ao órgão público competente antes
da efetiva exoneração.

43. No que diz respeito ao regime jurídico funcional do servidor público estadual, é
INCORRETO afirmar que:
A) O regime jurídico estatutário que disciplina o vínculo entre o servidor público
e a Administração Pública estadual não tem natureza contratual, mas legal. Desse
modo, não existe direito subjetivo do servidor público à inalterabilidade da situação
funcional, por predominar o interesse público.

B) A iniciativa para a proposição de leis para alteração do regime estatutário do


servidor público estadual cabe a qualquer membro ou Comissão da Assembleia
Legislativa.

C) É inconstitucional norma da Constituição Estadual que prevê a necessidade


de edição de lei complementar para disciplinar a respeito do regime estatutário
dos servidores públicos do respectivo Estado, tendo em vista que a Constituição
Federal exige apenas o processo legislativo ordinário.

D) Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público


estadual, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.

E) Os Estados devem instituir, no âmbito de sua competência, regime jurídico


único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas.

44. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a organização


funcional do servidor público, é CORRETO afirmar que:
A) A leis orgânica da Procuradoria Geral do Estado poderá prever a garantia
da vitaliciedade aos procuradores estaduais, tendo em vista a independência
funcionais dos membros da carreira.

B) Na insuficiência de servidores na unidade federativa, excepcionalmente a lei


estadual poderá prever hipóteses de cargos em comissão, de natureza estritamente
técnica.

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C) Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais


decorrentes das funções desempenhadas de outro cargo.

D) A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por


afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo político, em qualquer dos poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, viola a Constituição
Federal.

E) Compete privativamente ao Governador do Estado, mediante decreto, a criação, a


transformação e a extinção de cargos públicos na Administração Pública Estadual.

45. A respeito da contratação de servidores temporários, é CORRETO afirmar, com


fundamento nas decisões dos Tribunais Superiores e na Lei Complementar 1.093/3009,
que:
A) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender
a necessidade temporária de excepcional interesse público, sendo imprescindível
o concurso público, nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal.

B) O órgão ou a autarquia interessada na contratação poderá convocar, previamente


à abertura de processo seletivo, candidatos remanescentes aprovados em
concurso público realizado pela Administração direta e autarquias do Estado de
São Paulo, correspondente à atividade a ser desempenhada e observada a ordem
de classificação.

C) A contratação será efetuada pelo tempo estritamente necessário para atender às


hipóteses previstas nesta lei complementar, independentemente de prazo máximo,
desde que observada a existência de recursos financeiros.

D) a contratação temporária para atender a necessidade temporária de excepcional


interesse público pode se dar, inclusive, para a execução de serviços meramente
burocráticos.

E) Em vista da garantia do interesse público e até a nomeação por concurso público,


pode a lei específica estadual prever prorrogações indefinidas e sucessivas do
prazo de contratações temporárias.

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46. De acordo com a Lei Complementar 1.012/2007, o servidor afastado para desempenhar
emprego público em autarquia ou empresa pública, com prejuízo dos vencimentos,
A) continuará automaticamente vinculado ao Regime Próprio de Previdência Social
do Estado e fará jus a todos os benefícios previdenciários dele decorrentes.

B) terá cancelado o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado, sendo-lhe vedada a concessão de benefícios do mencionado regime, uma
vez que, pelo novo emprego público, o segurado é filiado ao Regime Geral de
Previdência Social.

C) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do Estado
enquanto durar o afastamento, sendo-lhe facultada a opção pela manutenção do
vínculo neste regime, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição,
assim como da contribuição patronal.

D) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado enquanto durar o afastamento, sendo-lhe vedada a opção pela manutenção
do vínculo, pois, pelo novo emprego público, o segurado é filiado ao Regime Geral
de Previdência Social.

E) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado enquanto durar o afastamento, sendo-lhe facultada a opção pela manutenção
do vínculo, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição.

47. De acordo com a Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007, são
dependentes do militar, EXCETO:
A) Cônjuge ou companheiro(A), na constância do casamento e da união estável.

B) Filhos, de qualquer condição ou sexo, menores de 21 (vinte e um) anos não


emancipados.

C) Enteados e os menores tutelados, de qualquer condição ou sexo, menores de


21 (vinte e um) anos não emancipados, desde que comprovadamente vivam sob
dependência econômica do militar.

D) Filhos inválidos para a trabalho e os incapazes civilmente, desde que


comprovadamente vivam sob dependência econômica do militar, enquanto durar

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a invalidez ou a incapacidade.

E) Os pais, desde que comprovadamente vivam sob dependência econômica do


militar, em igualdade de condições com os demais dependentes.

48. A respeito da pensão por morte garantida aos dependentes do servidor público, nos
termos da Constituição Federal e da Lei Complementar nº 180/78, é INCORRETO afirmar
que:
A) o valor da pensão por morte será igual ao valor da totalidade dos proventos do
servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, acrescido de 70% (setenta por cento) da parcela
excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito.

B) A pensão somente será concedida quando todos os dependentes do segurado


se habilitarem para o recebimento do benefício.

C) O ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira concorrerá em igualdade de


condições com os demais dependentes, sendo o valor de seu benefício limitado ao
valor da pensão alimentícia que recebia do servidor.

D) o valor da pensão por morte será igual ao valor da totalidade da remuneração


do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, acrescido
de 70% (setenta por cento) da parcela excedente a este limite, caso em atividade
na data do óbito.

E) A perda da qualidade de dependente pelo pensionista implica na extinção de


sua quota de pensão, admitida a reversão da respectiva quota somente de filhos
para cônjuge ou companheiro ou companheira e destes para aqueles.

49. A respeito do custeio do Regime Próprio de Previdência Social, de acordo com a


Constituição Federal e o ordenamento jurídico estadual, é INCORRETO afirmar que:
A) Os Estados instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio,
em benefício destes, do Regime Próprio de Previdência Social, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

B) Os aposentados e os pensionistas do Estado contribuirão com 11% (onze por

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cento), incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e


pensões que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

C) O décimo terceiro salário não será considerado para fins de incidência das
contribuições dos servidores ativos do Estado de São Paulo.

D) Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos


de aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus
dependentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros, o Estado de
São Paulo poderá constituir fundo integrado pelos recursos provenientes de
contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que
disporá sobre a natureza e administração desses fundos.

E) O Estado de São Paulo é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências


financeiras do respectivo Regime Próprio de Previdência Social.

50. De acordo com a Constituição Federal e a Lei estadual 14.653/2011, que institui o
regime de previdência complementar do servidor público do Estado de São Paulo, é
CORRETO afirmar que:
A) Após a instituição do Regime de Previdência Complementar, as bases de cálculo
dos benefícios e da contribuição adotadas pelo Regime Próprio de Previdência
Social obedecerão o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

B) O regime de previdência complementar deverá oferecer planos na modalidade


de benefício definido.

C) Ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação


do ato de instituição do correspondente Regime de Previdência Complementar, é
constitucionalmente vedada a participação nesse novo regime.

D) Não poderá permanecer filiado ao Regime de Previdência Complementar do


Estado de São Paulo o servidor afastado a outro órgão ou entidade da administração
pública direta ou indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive
suas empresas públicas e sociedades de economia mista

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E) Para os planos em que seja patrocinador o Estado de São Paulo, o valor da


contribuição do patrocinador será igual ao dobro da do participante, correspondendo
à 22% (vinte e dois por cento) do total da remuneração do servidor.

DIREITO AMBIENTAL

51. A respeito do Sistema Nacional do Meio Ambiente, assinale a alternativa INCORRETA:

A) O SISNAMA é constituído por um conjunto de entes e órgãos da União, Estados-


Membros, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas administrações indiretas,
responsáveis pela proteção monitoramento e controle da qualidade e da política
ambiental.

B) Compete ao CONAMA estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais


de controle de poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes.

C) O IBAMA é uma autarquia federal de regime especial a quem compete, entre


outros, propor e editar normas de qualidade ambiental, o zoneamento e a avaliação
de impactos ambientais a fiscalização ambiental e a imposição de penalidades
administrativas.

D) Compete ao ICMBIO proceder à regularização fundiária das unidades de


conservação federais de dominialidade pública a ele vinculadas.

E) A Agência Nacional de Águas-ANA, autarquia federal de natureza especial,


responsável pela implementação da política nacional de recursos hídricos, não
integra o SISNAMA.

52. Em relação à regularização fundiária, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Admite-se a regularização fundiária de interesse social em área de
preservação permanente, ocupada por núcleos urbanos informais, de população
predominantemente de baixa renda, assim declarada pelo poder executivo
municipal.

B) Admite-se a regularização fundiária de interesse específico em área de


preservação permanente, não identificada como área de risco, ocupada por núcleos

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urbanos informais, independentemente da condição social de seus ocupantes.

C) Admite-se a regularização fundiária em área de preservação permanente, em


caráter excepcional, sobre mangue ou restinga, dede que a função ecológica
esteja comprometida, quando se tratar da execução de obras habitacionais e de
urbanização, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população e baixa
renda.

D) No caso de a reurbanização abranger área de unidade de conservação de uso


sustentável que admita regularização, será exigida também a anuência do órgão
gestor da unidade, desde que estudo técnico comprove que essas intervenções de
regularização fundiária implicam a melhoria das condições ambientais em relação
à situação de ocupação informal anterior.

E) O proprietário rural que pretenda converter suas áreas de reserva legal para
o uso alternativo do solo deverá proceder sua compensação pela aquisição de
Cota de Reserva Ambiental – CRA, ou pelo arrendamento de área sob regime de
servidão ambiental ou Reserva Legal, ou, ainda, por meio de doação ao poder
público de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio
público pendente de regularização fundiária.

53. Em relação aos Comitês de Bacia Hidrográfica, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Os comitês de bacia hidrográfica detêm atribuições normativas, deliberativas e
consultivas a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua jurisdição.

B) A jurisdição do comitê abrange a totalidade da bacia hidrográfica, a sub-bacia


hidrográfica de tributário ou curso d´água principal da bacia ou de tributário desse
tributário e o grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

C) A instituição de Comitê de Bacia Hidrográfica de rio de domínio federal será


efetivada por ato do Presidente da República.

D) Os comitês de bacia são órgãos colegiados de composição plúrima, assegurada


a maioria dos votos ao poder público competente.

E) Quando um rio federal e um rio estadual fizerem parte da mesma bacia ou sub-
bacia as ações dos diferentes comitês não poderão ser antagônicas, devendo ser

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articuladas e integradas.

54. Em relação ao Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, assinale a


alternativa correta:
A) Compete ao Conselho Estadual de Meio Ambiente apreciar Estudos de Impacto
Ambiental - EIA e seus respectivos Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente -
RIMA, por solicitação do Secretário do Meio Ambiente ou por decisão do Plenário,
mediante requerimento de um quarto de seus membros.

B) O Plenário do CONSEMA tem composição plural, é formado por órgãos e entidades


governamentais, que detêm maioria relativa dos votos, e não governamentais do
Estado.

C) A função dos conselheiros do CONSEMA será remunerada, sendo considerada


serviço de natureza relevante.

D) Nos procedimentos referentes a auto de infração por desrespeito à legislação


ambiental, caberá recurso especial ao CONSEMA contra as decisões proferidas em
grau de recurso pelas autoridades ou órgãos do SEAQUA relativas a penalidades
de multa de valor superior a 7.500 reais ou quando ensejarem a aplicação da pena
de interdição.

E) Somente poderão eleger representantes as entidades ambientalistas constituídas


há pelo menos 2 (dois) ano, nos termos da lei civil, desde que comprovem atuação
efetiva na defesa ou preservação do meio ambiente, com regular cadastro junto à
Secretaria do Meio Ambiente.

55. Assinale a alternativa INCORRETA, em relação à Política Nacional de Resíduos


Sólidos:
A) Resíduos perigosos são aqueles que apresentam significativo risco à saúde
pública, ou à qualidade ambiental, de acordo com a Lei, regulamento ou norma
técnica.

B) Para os fins da política nacional de resíduos sólidos, nos termos disciplinados


pela Lei 12.305/10, equiparam-se resíduos sólidos a rejeitos.

C) Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pneus

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são obrigados a estruturar e implementar o sistema de logística reversa,


independentemente de regulamento, acordo setorial ou termo de compromisso.

D) Os consumidores podem ser responsabilizados no caso de lançarem, deixarem


ou acondicionarem os produtos em local ou forma inadequado.

E) As áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos não podem usadas para


catação e para a criação de animais.

56. Em relação ao plano de manejo, assinale a alternativa INCORRETA:


A) O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona
de amortecimento e os corredores ecológicos.

B) Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo


de cinco anos a partir da data de sua criação.

C) Não se admite qualquer tipo de intervenção humana em unidade de conservação


de proteção integral, salvo àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos
que a unidade objetiva proteger, até que seja elaborado o Plano de Manejo.

D) As concessões para a exploração dos serviços ou o uso de áreas, ou parte


de áreas, inerentes ao ecoturismo discriminado na Lei Estadual 16.260/16 é
condicionada a existência de um plano de manejo aprovado.

E) O plano de manejo é o documento técnico que estabelece o zoneamento e o uso


das áreas e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas
físicas necessárias à gestão de uma unidade de conservação.

57. Em relação ao sistema jurídico de proteção ao bioma Mata Atlântica, assinale a


alternativa INCORRETA:
A) Ressalvadas as hipóteses de interesse social e interesse público, só se admite
a instalação de empreendimentos em área rural que impliquem corte ou supressão
de vegetação secundária em estágio inicial, preferencialmente, nas áreas já
substancialmente degradadas ou alteradas.

B) O CONAMA, por meio de resolução, pode definir outras atividades como de


interesse social.

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C) A conservação em imóvel rural da vegetação primária ou da vegetação secundária


em área excedente à reserva legal pode ser utilizada para fins de compensação
ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental - CRA.

D) É admitida a supressão de vegetação primária, para fins de loteamento ou


edificação, nas regiões metropolitanas, se o perímetro urbano tiver sido aprovado
até a data de vigência da Lei 11.428/06.

E) O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio


de regeneração são vedados quando o proprietário ou posseiro tiver déficit em
relação às Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.

58. Em relação à Política Nacional do Meio Ambiente, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Os limites máximos de emissão de poluentes são estabelecidos pelo Poder
Público por meio de padrões de qualidade ambiental.

B) o Zoneamento Ambiental, de observância obrigatória, regula o uso e ocupação


do solo para a implantação e planos, obras e atividades públicas ou privadas.

C) A servidão ambiental pode ser instituída sobre a área de reserva legal, desde
que seja perpétua.

D) A Política Nacional do Meio Ambiente está fundada em instrumentos de


“comando e controle”, mas, também, prevê mecanismos econômicos de fomento
à preservação.

E) A avaliação de impactos ambientais traduz instrumento de gestão ambiental


exigível para obras, atividades ou empreendimentos, que, efetiva ou potencialmente,
possam causar impacto ambiental.

59. Em relação ao regime jurídico das áreas de reserva legal, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título
de Reserva Legal.

B) Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto


não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.

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C) Os imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos fiscais estão dispensados
de recompor o déficit de reserva legal existente em 22 de julho de 2008.

D) Admite-se o plantio intercalado de espécies nativas e exóticas ou frutíferas, em


sistema agroflorestal, para a recomposição da vegetação da área de reserva legal.

E) A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula


do imóvel, no registro de imóveis competente.

60- Em relação ao tombamento, assinale a alternativa INCORRETA:


A) O tombamento pode recair sobre edificações destinadas a manifestações
artístico-culturais.

B) O tombamento de determinado bem sujeita os imóveis vizinhos a algumas


restrições, de modo a preservar a visibilidade e o destaque do bem tombado.

C) Os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos


quilombos foram tombados pela Constituição de 1988.

D) O poder público não tem direito de preferência no caso de alienação de um bem


particular.

E) O tombamento provisório goza de todos os efeitos do tombamento definitivo.

DIREITO TRIBUTÁRIO

61. A respeito do ICMS, assinale a alternativa correta:


A) Nos termos de entendimento sumulado do STF, não incidirá ICMS na importação
de bens por pessoa jurídica prestadora de serviço alcançado unicamente pelo ISS.

B) Mesmo após a edição da EC 33/2001 é inconstitucional a instituição do ICMS


incidente sobre a importação de bens quando o bem importado não tenha finalidade
comercial.

C) A leis estaduais anteriores à EC 33/2001, que previram a incidência do ICMS


na importação de bens por pessoas que não eram contribuintes individuais do
imposto foram validadas após a edição da LC 114/2002.

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D) Apenas as normas editadas após a EC 33/2001 e a LC 114/2002 que alteraram o


critério material na base de cálculo e o sujeito passivo da regra matriz de incidência
do ICMS-importação são consideradas válidas e regulares.

E) Não há inconstitucionalidade em Lei Estadual do Estado de São Paulo que,


editada em 21/12/2001, previu a incidência de ICMS sobre importação de veículo
por pessoa física e para uso próprio.

62. A respeito da constituição e cobrança regular do crédito tributário assinale a


alternativa correta:
A) É hipótese de nulidade da CDA a inscrição em dívida ativa de crédito tributário
lançado de ofício sem prévio processo administrativo.

B) O ajuizamento de ação declaratória tributária suspende o crédito tributário,


impedindo o ajuizamento da ação de execução fiscal.

C) Notificado o contribuinte do lançamento do tributo, eventual declaração


retificadora não terá o condão de modificar a relação obrigacional.

D) De acordo com o entendimento do STJ, na hipótese do contribuinte receber


notificação para recolhimento do IPVA, esta não é considerada constituição
definitiva do tributo, de forma que possui o Fisco estadual, ainda, o prazo do art.
173, I, do CTN para constituição do crédito tributário.

E) A confissão irretratável dos créditos tributários devidos feita para ingressar


em regime de parcelamento é capaz de superar eventual vício de decadência do
crédito tributário.

63. A respeito do Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades
Estaduais – CADIN ESTADUAL, previsto na Lei Estadual nº 12.799/08, assinale a
alternativa correta:
A) A não prestação de contas ou a sua rejeição não é hipótese de inclusão da
pessoa física ou jurídica por ela responsável no CADIN ESTADUAL.

B) A inclusão no CADIN far-se-á 90 (noventA) dias após a comunicação expressa


do devedor a respeito da existência do débito passível de registro.

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C) A existência de registro no CADIN constitui impedimento à realização de atos


que importem em transferência financeira pelo Estado, com exceções.

D) A PGE-SP é o órgão gestor do CADIN ESTADUAL.

E) A discussão judicial da dívida, mesmo que sem garantia idônea ou suspensão da


exigibilidade do crédito tributário, é suficiente para obstar a inclusão do devedor
no CADIN ESTADUAL, pois demonstra cabalmente a inexistência de certeza e
liquidez da dívida.

64. A respeito do ITCMD, assinale a alternativa correta:


A) Num inventário extrajudicial em que um dos herdeiros renuncie à herança a
ele destinada, sem destinação específica, considera-se que houve no caso uma
doação, determinando a incidência do ITCMD-doação.

B) O aspecto temporal do ITCMD nas transmissões gratuitas de bens (doações) é


o momento em que caracterizada a transferência do mesmo, razão pela qual o STJ
não considerada válida a exigência do imposto como requisito para registro do
título no cartório de imóveis, eis que não ocorrido o fato gerador.

C) Na transmissão causa mortis de um contrato de promessa de compra e venda,


a base de cálculo do ITCMD será o valor da obrigação contratada pelo promitente
vendedor falecido.

D) Dentro dos limites constitucionais, a competência dos Estados para regular a


incidência do ITCMD sobre operações envolvendo bens móveis é plena.

E) Sendo da competência do Senado Federal a fixação da alíquota máxima do


ITCMD, não há qualquer vício na norma estadual que vincule a alíquota do ITCMD
à alíquota máxima fixada pelo Senado.

65. No tratamento das garantias na execução fiscal, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Apesar da fiança bancária ter sido elencada como uma das hipóteses de garantia
da execução fiscal, não é equiparável ao depósito integral do débito para o efeito
de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

B) Vencida a obrigação, mas ainda não proposta a execução fiscal, pode o

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contribuinte garantir o juízo de forma antecipada, com o objetivo de obter certidão


positiva com efeitos de negativa.

C) Ato voluntário de particular que torne determinado bem impenhorável e


inalienável não é oponível ao Fisco, podendo ser objeto de penhora em execução
fiscal.

D) Oferecida pelo devedor uma fiança bancária no valor total do crédito executado,
devidamente sujeita aos critérios de correção monetária do crédito tributário, com
renúncia ao benefício de ordem e prazo de validade para janeiro de 2020, pode
o Procurador do Estado de São Paulo atuante no feito concordar com a referida
garantia.

E) A proposição de ação anulatória de débito fiscal não está condicionada à


realização do depósito prévio previsto no art. 38 da LEF, constituindo faculdade
do devedor que pretenda obter a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

66. A respeito das fontes do Direito Tributário, assinale a alternativa correta:


A) Os pressupostos de fato da incidência, tais como os atos da vida econômica,
são fontes reais do Direito Tributário.

B) A jurisprudência é fonte formal do Direito Tributário.

C) De acordo com a interpretação jurisprudencial acerca do art. 98 do CTN, os


tratados e convenções internacionais sempre revogam ou modificam a legislação
interna, devendo sempre ser observados pela legislação que lhes sobrevenha.

D) Decreto do governador do Estado de São Paulo não é fonte formal principal,


razão pela qual não pode majorar alíquota do IPVA.

E) Os atos ilícitos não são fontes do Direito Tributário.

67. A Pessoa Jurídica X comercializa produtos alimentícios da cesta básica. Em 2015,


dado a circunstâncias financeiras desfavoráveis, a referida empresa, em que pese tenha
cobrado do contribuinte o valor relativo ao ICMS incidente na nota fiscal, deixou de
repassá-lo ao Fisco Estadual, da mesma forma que descumpriu a obrigação de entrega
de declaração. Em 2017, após fiscalização, foi lançado contra a empresa o ICMS devido,

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assim como aplicadas as penalidades decorrentes do descumprimento da obrigação


acessória. Pendente discussão administrativa acerca do crédito tributário quando
passou a vigorar lei nova disciplinando a matéria.

Assinale a resposta correta, considerando os dados abaixo:

I – A lei antiga previa alíquota de 12% (doze por cento) de ICMS para os produtos
comercializados pela Pessoa Jurídica X, assim como multa de 65% (sessenta e
cinco por cento) pelo não envio da declaração no prazo;

II – A lei nova, concretizando desoneração da cesta básica prevista nacionalmente,


reduziu a alíquota de alguns produtos vendidos pela Pessoa Jurídica X para 6%
(seis por cento), enquanto os demais foram sujeitos à alíquota 0. Ademais, a multa
pelo não envio da declaração no prazo foi igualmente reduzida para 40%. Por fim,
a norma em análise, ainda, aumentou poderes de investigação das autoridades
administrativas.

A) De acordo com o art. 106 do CTN, aplica-se ao fato gerador pretérito a


retroatividade da norma mais benéfica, de forma que reduzir-se-á a multa, a alíquota
de parte dos produtos comercializados, bem como a desoneração dos demais.

B) No caso exposto, não haverá a desoneração dos produtos comercializados,


mas sim da multa.

C) A lei nova não se aplica em nenhuma medida ao caso exposto, posto que o
lançamento observará a regra vigente quando do fato gerador da obrigação
tributária, preservado o princípio da irretroatividade tributária.

D) Aplicar-se-á a redução da multa para 40%, porém às autoridades administrativas


será vedada a utilização dos poderes de investigação alargados.

E) A isenção do ICMS promovida pela lei nova será aplicada pela autoridade fiscal,
mas não a redução da multa.

68. A respeito do processo administrativo tributário do Estado de São Paulo (Lei Estadual
nº 13.457/2009), assinale a alternativa INCORRETA:
A) Deflagrado um processo administrativo pelo contribuinte, o mesmo deverá ser

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decidido no prazo máximo de 360 dias.

B) Não estabelecendo a lei prazo específico ou não sendo o mesmo determinado


pelo órgão julgador, o ato a ser praticado pela parte deverá observar o prazo de cinco
dias, não úteis, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento.

C) A nulidade de qualquer ato não prejudica todo o procedimento administrativo


tributário, mas apenas os atos que dependam diretamente do ato nulo.

D) O acesso à instância administrativa far-se-á unicamente de acordo com as


normas determinadas em resolução pela Secretaria da Fazenda, não sendo aceitos
pleitos em desconformidade.

E) Quando em fase de julgamento, os erros de fato ou de capitulação da infração


serão corrigidos pelo órgão de julgamento, inclusive de ofício, sem decretação
de nulidade. Resultando desta correção penalidade de valor mais gravoso, será
ressalvado ao interessado a possibilidade de efetuar seu pagamento no prazo de
30 (trintA) dias, com o desconto que poderia ter usufruído se adimplida a obrigação
no prazo da defesa.

69. A respeito da medida cautelar fiscal proposta pela Fazenda contra contribuinte X,
assinale a alternativa correta:
A) Na hipótese de sujeito passivo que, notificado pela Fazenda Pública a recolher
crédito fiscal, põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros, o requerimento da
medida cautelar independerá da prévia constituição do crédito tributário.

B) Sempre que concedida a medida cautelar fiscal em procedimento preparatório,


a Fazenda Pública executará a CDA no prazo de 60 dias, contados da data de sua
concessão.

C) O agravo de instrumento é o recurso cabível contra a sentença que decretar a


medida cautelar fiscal.

D) Prestada caução pela Fazenda Pública, o juiz concederá liminarmente a medida


cautelar fiscal.

E) A não execução da medida cautelar fiscal dentro de 60 dias importa em cessação

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da sua eficácia.

70. O contribuinte X pretendeu realizar o pagamento administrativo de débito de IPVA


para com a Fazenda Estadual, a qual não aceitou a realização do adimplemento enquanto
não pago ITCMD devido pelo contribuinte em virtude da doação do automóvel objeto do
IPVA. Assinale a alternativa correta:
A) No caso em análise não caberá qualquer medida do sujeito passivo em sua
defesa, eis que legítima a cobrança do ITCMD.

B) Julgada procedente a demanda, o pagamento é considerado realizado, convertida


em renda a importância consignada, hipótese de extinção do crédito tributário.

C) Ainda que julgada improcedente a demanda da consignação em pagamento,


não haverá a incidência de juros de mora na cobrança do crédito consignado.

D) Ajuizada a ação de consignação em pagamento, imaginando-se um tributo


de prestações periódicas, o contribuinte-autor poderá depositar as parcelas que
forem se vencendo cinco dias após o vencimento.

E) A ação de consignação em pagamento é instrumento hábil para o contribuinte


obter parcelamento de tributo.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

71. Assinale a alternativa correta acerca da vigência dos acordos e convenções coletivas
de trabalho:
A) As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas
integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas
ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

B) O prazo máximo de duração de acordo ou convenção coletiva de trabalho é de


dois anos, vedada a ultratividade de seus efeitos após esse período.

C) Os acordos e convenções coletivas de trabalho entram em vigor no dia útil


seguinte à entrega dos respectivos instrumentos no órgão regional do ministério
do trabalho competente para registro.

D) O prazo máximo de duração de acordo ou convenção coletiva de trabalho é de

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um ano, excetuada a ultratividade de seus efeitos após esse período.

E) Os sindicatos ou empresas acordantes deverão promover, no prazo de 5 dias,


o depósito do acordo/convenção coletiva no departamento nacional do trabalho
ou órgão regional do ministério do trabalho, para registro. O acordo/convenção
coletiva somente entrará em vigor 3 dias após o depósito do instrumento no órgão
competente.

72. Assinale a alternativa CORRETA a respeito da disciplina probatória no direito


processual do trabalho:
A) A jurisprudência sumulada do TST admite a juntada de novos documentos
na seara recursal, exclusivamente quando provado o justo impedimento para
sua oportuna apresentação ou quando o documento se referir a fato posterior à
sentença.

B) O direito processual do trabalho adota a teoria da distribuição dinâmica do ônus


da prova por aplicação subsidiária do CPC/2015, face à omissão da CLT sobre o
tema.

C) Configura cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de produção de


prova testemunhal na audiência de prosseguimento, quando a parte, previamente
notificada para indicar as provas que pretende produzir, comparece à audiência
inaugural e não apresenta o rol de testemunhas.

D) A responsabilidade pelo pagamento de honorários periciais no processo


do trabalho é da parte sucumbente na demanda, assim como ocorre no direito
processual civil.

E) Compete à União adiantar os honorários periciais caso a parte que requeira a


produção de prova pericial seja beneficiária da justiça gratuita e comprove que
não dispõe de recursos para arcar com a remuneração do perito.

73. Assinale a assertiva correta sobre o tópico “elementos do salário”:


A) As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas
a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-alimentação, as diárias
para viagem, os abonos e os prêmios não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de

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encargo trabalhista e previdenciário.

B) O auxílio alimentação não tem natureza salarial, independentemente de adesão


do empregador ao PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), adquirindo
natureza salarial caso seja pago em dinheiro.

C) As diárias de viagem, desde que não excedam o equivalente a 50% do salário do


empregado, não ostentam natureza salarial.

D) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico,


próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos,
aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras
similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e
coberturas, integram o salário do empregado para qualquer efeito.

E) O valor pago a título de ajuda de custo, ainda que superior a 50% do salário do
empregado, não ostenta natureza salarial.

74. Determinada empresa pública estadual é condenada, por sentença transitada em


julgado, a pagar R$ 100.000,00 (cem mil reais) a um empregado público. A sentença
aduziu que 50% das verbas condenatórias ostentam natureza salarial, enquanto
dos 50% restantes se revestem de natureza indenizatória. A empresa pública, então,
propõe acordo ao empregado para pagar R$ 90.000,00 (noventa mil reais) no prazo
de 3 dias, sem necessidade de execução do julgado, desde que o empregado dê total
quitação em relação à condenação. O empregado aceita, e as partes convencionam
que 60% das verbas constantes do acordo ostentam natureza indenizatória, enquanto
40% detém natureza salarial. O acordo é remetido à consultoria jurídica para chancela.
No caso concreto descrito, é correto afirmar que:
A) Há vício no acordo, tendo em vista que, em qualquer hipótese, é vedado às
partes indicar a natureza jurídica das parcelas em percentuais diversos daqueles
definidos em sentença.

B) O acordo sequer deve ser considerado, tendo em vista que não se admite a
celebração de acordo no processo do trabalho após o trânsito em julgado da
sentença.

C) Não há qualquer irregularidade no acordo celebrado.

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D) Há vício no acordo, tendo em vista que as partes somente podem indicar a


natureza jurídica das parcelas em percentuais diversos daqueles definidos em
sentença antes do trânsito em julgado.

E) Há vício no acordo, pois, embora se afigure possível celebrar acordo após o


trânsito em julgado, não é possível reduzir o valor da condenação, por se tratar de
medida prejudicial ao empregador.

75. No tocante à compensação de jornada, julgue as assertivas abaixo:


I – A compensação de jornada na modalidade banco de horas exige negociação
coletiva.

II – Atualmente, é permitida a compensação de jornada por acordo individual,


desde que seja adotada a forma escrita.

III – A compensação de jornada na modalidade 12x36, em regra, é permitida por


acordo individual.

IV – É possível que o empregado deixe de fruir o intervalo para alimentação no


regime de compensação 12x36, desde que seja indenizado.

V - A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação


de jornada e o banco de horas.

A) Somente as assertivas I e V estão corretas.

B) Somente as assertivas I,II, III e IV estão corretas.

C) Somente as assertivas III, IV e V estão corretas

D) Somente a assertiva IV está correta.

E) Todas as assertivas estão incorretas.

76. Assinale a alternativa que julga de forma correta as assertivas acerca da proteção
ao trabalho da mulher.
I - Em caso de prestação de horas extras pela mulher, deve ser concedido descanso
de no mínimo 15 (quinzE) minutos antes do início do período extraordinário de

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trabalho.

II - A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer


atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local
salubre, excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade.

III - A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer


atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local
salubre, incluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade, que será
objeto de compensação pela Previdência Social por ocasião do recolhimento das
contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que preste serviço ao empregador.

IV - O exercício de atividades e operações insalubres em grau médio ou mínimo,


pela gestante, somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar
atestado de saúde, emitido por médico de sua confiança, do sistema privado ou
público de saúde, que autorize a sua permanência no exercício de suas atividades.

V - A empregada lactante será afastada de atividades e operações consideradas


insalubres em qualquer grau quando apresentar atestado de saúde emitido por
médico de sua confiança, do sistema privado ou público de saúde, que recomende
o afastamento durante a lactação.

A) V,F,V,V,F

B) V,V,F,F,V

C) F,V,F,F,V

D) V,F,V,V,V

E) F,V,F,V,V

77. Assinale a alternativa correta acerca da competência dos órgãos que compõem a
justiça do trabalho no tocante à uniformização da jurisprudência trabalhista:
A) A elaboração de súmulas e orientações jurisprudenciais é competência exclusiva
do pleno do Tribunal Superior do Trabalho, e é condicionada ao voto de pelo menos
dois terços de seus membros, exigindo-se, ainda, que a mesma matéria já tenha

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sido decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços das
turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas.

B) As súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal


Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho poderão criar
obrigações que não estejam previstas em lei, porque a jurisprudência também
constitui fonte material do direito do trabalho.

C) Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à


uniformização de sua jurisprudência e aplicarão, nas causas da competência da
Justiça do Trabalho, no que couber, o incidente de uniformização de jurisprudência
previsto no CPC.

D) A uniformização de jurisprudência é tarefa dividida entre diversos órgãos no


âmbito do TST, cabendo ao pleno a edição de súmulas e às Seções de Dissídios
Individuais e Coletivos a edição de orientação jurisprudenciais acerca dos temas
abrangidos em sua esfera de competência.

E) As súmulas e orientações jurisprudenciais são editadas em sessões ordinárias


de julgamento, com a peculiaridade de se propiciar às partes a oportunidade de
apresentarem razões escritas previamente à realização da sessão.

78. Assinale a alternativa correta acerca da gratuidade de justiça na seara trabalhista:


A) Segundo a jurisprudência recente do TST, o fato de o reclamante ter recebido
quantia vultosa decorrente de verbas rescisórias e de indenização oriunda de
adesão a plano de demissão voluntária afasta a presunção de veracidade da
declaração de pobreza por ele firmada.

B) A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à


pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015).

C) É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho


de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da

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lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família.

D) Os conselhos profissionais gozam de isenção de custas na justiça do trabalho,


por disposição expressa da CLT.

E) O pagamento de custas processuais condiciona o ajuizamento de nova


reclamação na hipótese de a reclamação anterior ter sido arquivada por ausência
injustificada do reclamante, ainda que beneficiário da gratuidade de justiça.

79. Jefferson, empregado público que conta com 55 anos de idade, pretende fruir
férias em 3 períodos de 10 dias cada um, sendo que o último período de férias se inicia
3 dias antes de um Feriado Nacional. Caso o gestor submetesse à consultoria jurídica
a possibilidade de concessão de férias em tais moldes, é correto afirmar que:
A) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, tendo em vista que a CLT
somente admite fracionamento de férias em até dois períodos.

B) Não há óbice na legislação trabalhista à concessão de férias na forma requerida


pelo empregado.

C) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, tendo em vista que a
CLT veda que empregados que contem com mais de 50 anos fracionem período de
férias.

D) Não é possível conceder férias no caso concreto, pois a CLT não admite o
fracionamento em três períodos de 10 dias, conforme requerido pelo empregado.

E) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, pois a CLT veda o início
de qualquer período de férias no período de até 3 dias que antecedam feriado.

80. Assinale a alternativa correta acerca da ação rescisória no processo do trabalho:


A) Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 968,II do CPC,
que prevê o depósito de 5% do valor da causa como pressuposto específico de
admissibilidade da ação rescisória.

B) É cabível ação rescisória, por violação do art. 896, “a”, da CLT, contra decisão
transitada em julgado sob a égide do CPC de 1973 que não conhece de recurso de

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revista, com base em divergência jurisprudencial.

C) É incabível ação rescisória com base em literal violação de lei se a decisão


rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de interpretação
controvertida nos Tribunais, considerando-se como marco apto a descaracterizar
o caráter controvertido da interpretação o trânsito em julgado da decisão do pleno
do TST acerca do tema.

D) O prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória não é prorrogável


quando expirar em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que
não houver expediente forense, por se tratar de prazo de direito material, e não de
prazo processual.

E) Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal


previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas
todas as vias recursais ordinárias.

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

81. As diversas regras que impõem restrições na seara financeira no âmbito público
podem ser classificadas como regras que controlam as despesas, as receitas, o resultado
e a dívida. Com base nessa classificação e na disciplina fiscal nacional, assinale a
alternativa correta:
A) há restrições fiscais aplicáveis de forma diferenciada para União e Estados.
O limite da dívida mobiliária não se insere nessa categoria, vez que é definido de
maneira única para União e demais entes federados;

B) inexiste restrição normativa que impeça os Estados de aumentarem suas


despesas primárias correntes, de um exercício para o outro, para além da variação
da inflação;

C) uma meta de superávit primário, fixada na lei de diretrizes orçamentárias, pode


ser entendida como uma regra que controla unicamente a despesa pública;

D) eventuais políticas de desonerações tributárias estão inseridas dentro do


planejamento macroeconômico do poder executivo, não necessitando, assim, que
sejam acompanhadas de medidas de compensação à perda de receita;

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E) as restrições na será financeira destinam-se à correção de incentivos distorcidos


e à contenção de pressões excessivas sobre o gasto público, bem como garantir
responsabilidade fiscal e sustentabilidade da dívida pública.

82. Assinale a alternativa correta acerca da Instituição Fiscal Independente (IFI):


A) Trata-se de órgão da sociedade civil que visa a monitorar as contas públicas
nacionais, através da projeção da evolução de variáveis fiscais determinantes para
o equilíbrio de longo prazo do setor público;

B) A IFI integra o poder executivo, a fim de atuar de modo consultivo à elaboração


de políticas públicas;

C) A IFI foi inserida na estrutura nacional junto ao Poder Legislativo, a fim de que
possa, dentre outros, analisar a aderência do desempenho de indicadores fiscais
e orçamentários às metas definidas na legislação pertinente;

D) Cumpre à IFI opinar sobre projetos de lei que envolvam aumento de despesas
ou renúncia de receitas;

E) A divulgação de estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a


construção de cenários fiscais e orçamentários é feita pelo Banco Central, e não
pela IFI.

83. Suponha que o Estado deseje construir uma ponte ligando os municípios de Santos
e Guarujá, dois polos regionais no litoral paulista que possuem tráfego intenso entre
ambas as cidades. Considerando as diferentes metodologias para a execução da obra,
pretende-se formatar a licitação de modo que o licitante vencedor otimize o projeto e
incorpore seus aperfeiçoamentos à solução pensada. Como consequência, deseja-se
também que o licitante arque com as consequências da inadequação da solução pensada
para a execução do empreendimento, internalizando o risco de um gasto superior ao
projetado. O pagamento da obra será feito pela própria administração. Assinale o modelo
que concretiza o intuito do administrador e está de acordo com o regramento vigente:
A) Licitar a obra com um projeto básico vinculante, sob o regime da Lei nº 8.666/93,
estabelecendo que modificações necessárias no projeto não serão objeto de
reequilíbrio econômico-financeiro;

B) Licitar a obra com um projeto básico indicativo, sob o regime da Lei nº 8.666/93;

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C) Realizar uma contratação integrada, sob o regime da Lei nº 12.462/11, situação


que permite licitar a obra apenas com anteprojeto e que veda reequilíbrios
contratuais baseados em adequações do projeto;

D) Realizar concessão de serviço público precedida de obra pública, no regime da


Lei nº 8.987/95, considerando que a obra será feita por conta e risco do contratado;

E) Realizar uma concessão administrativa envolvendo apenas a execução da obra,


no regime da Lei nº 11.079/04, diploma que permite licitar uma obra apenas com
anteprojeto não vinculante e detalhar a matriz de riscos mais apropriada.

84. Assinale a alternativa correta acerca da sociedade anônima, governança corporativa


e problema de agência:
A) a possibilidade de desalinhamento de interesses entre administradores e
acionistas é maior em sociedades abertas com grande fragmentação do controle
acionário;

B) sociedades de capital aberto com controle definido em um ou poucos acionistas


não apresentam os chamados conflitos de agência ou de expropriação;

C) o estabelecimento de remuneração ao administrador atrelada ao desempenho


das ações da empresa é medida que elimina possíveis desalinhamentos de
interesses entre acionistas e administradores;

D) um acionista que detenha 40% das ações ordinárias de uma empresa não se
caracteriza como acionista controlador e, por consequência, não consegue eleger
por conta própria os administradores;

E) um acionista controlador que eleja um administrador para a prática de ato que


outra sociedade da qual também é sócio, em detrimento dos acionistas minoritários,
não responde pessoalmente, já que a responsabilidade recai exclusivamente sobre
o administrador que praticou o ato.

85. Marque a opção correta acerca do regime da sociedade de economia mista:

A) abertura de capital social é incompatível com o regime da sociedade de economia


mista.

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B) pode-se citar como um dos mecanismos possíveis de conciliar a finalidade


lucrativa e o interesse público na sociedade de economia mista o arbitramento da
margem de lucro ideal pelos órgãos de administração da companhia.

C) a persecução do interesse público que justificou a criação da companhia


autoriza que, para sua persecução, o acionista controlador elimine do objetivo da
sociedade qualquer busca por lucros.

D) a sociedade de economia mista pode participar de outras sociedades para atingir


sua finalidade social, desde que tal previsão esteja contida em seu estatuto social.

E) entre as regras de proteção dos acionistas minoritários na sociedade de


economia mista não está prevista a eleição em separado de um dos membros do
conselho de administração.

86. Sobre a sistemática vigente para pagamento de precatórios, assinale a opção correta:
A) é possível que os Estados obtenham financiamento para efetuar o pagamento
de precatórios, desde que os limites globais de endividamento sejam respeitados;

B) o estabelecimento de novo prazo até 2020 para o pagamento de precatórios violou


decisão do STF na ADI nº 4357, que declarou inconstitucional o prolongamento do
prazo para pagamento;

C) somente os depósitos judiciais relativos a processos em que a administração


direta ou indireta seja parte poderão ser utilizados para pagamento de precatórios;

D) em atendimento à decisão do STF, foi eliminada a possibilidade de celebração


de acordos diretos com os devedores;

E) a possibilidade de compensação de créditos provenientes de precatórios


com débitos de natureza tributária é medida que vigora temporariamente,
somente enquanto durar o regime especial de pagamento instituído pela Emenda
Constitucional nº 94/2016.

87. Na elaboração da lei orçamentária anual do Estado de São Paulo, foram detectadas
as seguintes situações:

I - alocação da quantia de R$ 100 milhões de reais para atendimento da integralidade

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das despesas de determinada autarquia estadual, quer digam respeito a pessoal,


material ou serviços;

II - reunião das despesas e receitas fiscais com aquelas da seguridade social, com
vistas a refletir de modo integral a realidade das contas públicas;

III - vinculação da arrecadação do ICMS para garantir operações de crédito por


antecipação de receita.

Nessa situação, assinale quais condutas se mostraram corretas e em conformidade com


os princípios orçamentários:

A) Somente I;

B) I e III;

C) II e III;

D) Somente III;

E) Nenhuma.

88. Considere que a Fazenda Pública do Estado de São Paulo tenha sido condenada
em duas causas, uma envolvendo relação não tributária e outra tributária. Assinale
a alternativa que corresponde à forma correta de correção do débito, seguindo
jurisprudência do STF:
A) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação
oficial, aplicando-se, no caso da primeira condenação, os juros de mora segundo
índice de remuneração da caderneta de poupança e, no segundo caso, os juros
pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

B) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice aplicado


às cadernetas de poupança, aplicando-se, a ambas as condenações, os juros pelos
quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

C) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação


oficial, aplicando-se, a ambas as condenações, os juros pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito tributário.

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D) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice aplicado às


cadernetas de poupança, aplicando-se, no caso da primeira condenação, os juros
de mora segundo índice de remuneração da caderneta de poupança e, no segundo
caso, os juros pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

E) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação


oficial, aplicando-se igualmente, a ambas, os juros de mora segundo índice de
remuneração da caderneta de poupança.

89. Assinale a alternativa correta a respeito das políticas públicas baseadas na economia
comportamental:
A) É exemplo de política baseada em nudging a concessão de subsídios públicos
para a diminuição de tarifa de transporte público.

B) a previsão de filiação automática a regime de previdência complementar


é medida que se vale da heurística dos agentes para angariar maior adesão ao
regime previdenciário.

C) políticas públicas fundadas em economia comportamental baseiam-se


principalmente em multas decorrentes de proibições.

D) a formulação de políticas públicas baseadas na economia comportamental


explora primordialmente o comportamento racional dos agentes.

E) uma das desvantagens de políticas baseadas no comportamento dos agentes


reside no elevado custo burocrático para sua implementação.

90. Acerca do licenciamento compulsório de patente, assinale a alternativa que se


encontra em conformidade com a Lei de Propriedade Industrial:
A) àquele ao qual é conferida licença compulsória pode agir para defender a patente
se detectada sua violação por terceiros;

B) a fabricação de produto no exterior, do qual se detém a patente igualmente no


Brasil, satisfaz o exercício do direito e inibe a emissão de licença compulsória;

C) a fim de minimizar os prejuízos ao titular da patente, pode a licença compulsória


ser conferida a um número limitado de empresas;

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D) a licença compulsória de medicamentos somente pode ser solicitada União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, ou Ministério Público, considerando que
é medida voltada principalmente para aumentar o suprimento de fármacos no
sistema única de saúde;

E) a comercialização de medicamento protegido por patente, nos dois primeiros


anos à sua concessão, em nível muito abaixo da demanda dos usuários, autoriza
o licenciamento compulsório.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 A 31 B 61 E
2 E 32 B 62 C
3 B 33 A 63 C
4 B 34 C 64 D
5 D 35 D 65 D
6 C 36 E 66 A
7 C 37 C 67 B
8 B 38 E 68 D
9 A 39 C 69 A
10 C 40 E 70 B
11 C 41 A 71 B
12 D 42 D 72 A
13 E 43 B 73 B
14 D 44 C 74 D
15 A 45 B 75 D
16 D 46 C 76 E
17 D 47 E 77 A
18 D 48 B 78 E
19 D 49 C 79 D
20 E 50 A 80 E
21 A 51 E 81 E
22 C 52 E 82 C
23 E 53 D 83 C
24 D 54 A 84 A
25 A 55 B 85 B
26 B 56 C 86 E
27 E 57 D 87 D
28 E 58 C 88 A
29 C 59 E 89 B
30 A 60 E 90 A

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: RAFAEL CARVALHO DE FASSIO


E-mail: profcei.rafaelfassio@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

Caros alunos, considerando que a examinadora do certame da PGE/SP tem atuação


acadêmica forte na área de direitos fundamentais, busquei relacionar o tema com o controle de
constitucionalidade, abordando de forma específica, na nossa primeira questão dissertativa,
a inconstitucionalidade por omissão. A ação narrada realmente existe (ADO 26), mas ainda
não foi julgada pelo STF. Portanto, não se paute por ela em sua resposta. A questão aborda
tema sensível - note que você não precisa ingressar no mérito da discussão para respondê-la.
Busque ser objetivo e use períodos curtos, o que tornará mais clara a sua redação em provas
abertas. Bons estudos!

1. Assinale a alternativa correta:

A) Uma Constituição classificada como rígida não necessariamente possui


cláusulas pétreas em seu texto.

B) As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), dado o


seu caráter não permanente, são hierarquicamente inferiores àquelas previstas no
corpo principal da Constituição de 1988, tais como as cláusulas pétreas do artigo
60, §4º.

C) O artigo 242, §2º da Constituição de 1988 (“O Colégio Pedro II, localizado
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”) não é norma
materialmente constitucional e, por isso, não pode servir de parâmetro para o
controle de constitucionalidade.

D) A Constituição de 1988, por ser rígida, não admite a ocorrência do fenômeno da


mutação constitucional.

E) As formas de Estado e de governo adotadas na Constituição de 1988 são


expressamente consideradas cláusulas pétreas, motivo pelo qual propostas de

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emendas tendentes a aboli-las não podem sequer ser objeto de deliberação pelo
Congresso Nacional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Constituição: conceito, concepções, classificação e elementos.

A) CORRETA: As Constituições tidas como rígidas são aquelas cujo processo de alteração seja
mais dificultoso do que aquele aplicável à elaboração de leis ordinárias (art. 47 confrontado com
o art. 60, §2º da CF, por exemplo). A existência de dispositivos imutáveis, como as cláusulas
pétreas, faz com que parte da doutrina qualifique as Constituições rígidas dotadas de um
“núcleo inalterável” como superrígidas. Contudo, é importante frisar que a rigidez só exige
que o procedimento de alteração da Constituição seja mais difícil do que aquele reservado à
legislação infraconstitucional, independentemente da existência de um conjunto de cláusulas
pétreas em seu texto.

B) INCORRETA: Como consequência lógica do caráter formal – e não material – da


Constituição brasileira, a doutrina constitucionalista defende que não existe hierarquia entre
normas constitucionais originárias, nem mesmo quando comparamos as chamadas cláusulas
pétreas, do corpo permanente da CF, com aquelas previstas no ADCT. “Pelo princípio da
unidade da Constituição, inexiste hierarquia entre normas constitucionais originárias, que
jamais poderão ser declaradas inconstitucionais umas em face das outras. A proteção especial
dada às normas amparadas por cláusulas pétreas sobreleva seu status político ou sua carga
valorativa, com importantes repercussões hermenêuticas, mas não lhes atribui superioridade
jurídica” (BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. São Paulo:
Saraiva, 2009, p. 167).

C) INCORRETA: A Constituição de 1988 é formal e rígida. Por isso, independentemente de


veicular matéria tipicamente infraconstitucional, o artigo 242, §2º não poderá ser alterado pelo
mesmo procedimento legislativo destinado às leis ordinárias e complementares. Portanto,
uma eventual lei que busque alterar o dispositivo, removendo o Colégio Pedro II da esfera
federal, padecerá de vício de inconstitucionalidade, cuja sanção é a nulidade. A rigidez traz
como corolário a possibilidade de controle de constitucionalidade e, por isso, toda norma
constitucional originária poderá servir de parâmetro para o controle da legislação ordinária.

D) INCORRETA: A mutação constitucional consiste em um processo informal de mudança


da Constituição em que o texto permanece inalterado, modificando-se apenas o significado
e a interpretação de determinada norma constitucional. Não há óbices, nem vedações, à sua

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aplicação a uma Constituição rígida, como é a Lei Maior de 1988.

E) INCORRETA: Note que apenas a forma de Estado é citada expressamente pelo artigo
60, §4º da Constituição no elenco das cláusulas pétreas, não a forma de governo. Há quem
argumente que a forma monárquica seria incompatível com os incisos II (“voto direto, secreto,
universal e periódico”) e III (“separação de poderes”), o que tornaria a república a única forma de
governo admitida (MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. Salvador: Juspodivm,
2013, p. 143). Entretanto, contrariamente a essa posição doutrinária, é importante lembrar que
a escolha da forma de governo foi inclusive objeto de um plebiscito em 21 de abril de 1993,
tendo a república vencido com 86,6% dos votos válidos, face os 13,4% obtidos pela monarquia
(fonte: TSE).

GABARITO: A

2. Identifique a alternativa correta sobre o poder de reforma constitucional.

A) O Presidente da República não pode encaminhar ao Congresso proposta de


emenda constitucional, motivo pelo qual a emenda não está sujeita a sanção ou
veto.

B) Eventual proposta de emenda que venha a suprimir o habeas data da Constituição


não seria inconstitucional porque a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011)
ampliou substancialmente o direito à informação.

C) A anterioridade eleitoral pode ser reduzida para o período de 6 (seis) meses por
meio de emenda constitucional.

D) Proposta de emenda constitucional que busque estabelecer a pena de morte


para aqueles que forem condenados pela prática de crimes hediondos deverá ser
submetida a plebiscito para ter validade.

E) O titular de um direito adquirido sob a Constituição vigente não poderá invocá-


lo perante uma Constituição nova que seja, em relação a este ponto, incompatível
com a anterior.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: Modificação formal da Constituição: poder reformador e suas limi-


tações.

A) INCORRETA: O Presidente da República pode dar início ao processo legislativo de emenda


constitucional (artigo 60, II, da Constituição), muito embora as emendas não estejam sujeitas a
sanção ou veto e sejam promulgadas conjuntamente pelas Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.

B) INCORRETA: As cláusulas pétreas encontram-se arroladas no artigo 60, §4°, da Lei Maior,
que dispõe que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: “I - a
forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos
Poderes; IV - os direitos e garantias individuais”. O habeas data, a seu turno, é essencialmente
uma garantia individual, arrolado no artigo 5°, LXXII, da Constituição. Desse modo, incluído
entre as cláusulas pétreas, o habeas data não pode ser abolido por Emenda Constitucional.

C) INCORRETA: No julgamento do RE 633.703, que versou sobre a aplicação da “Lei da Ficha


Limpa” às eleições de 2010, o STF decidiu que “O princípio da anterioridade eleitoral, positivado
no art. 16 da Constituição, constitui uma garantia fundamental do cidadão-eleitor, do cidadão-
candidato e dos partidos políticos, que- qualificada como cláusula pétrea - compõe o plexo de
garantias do devido processo legal eleitoral e, dessa forma, é oponível ao exercício do poder
constituinte derivado” (RE 633.703/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.28/03/2011). Portanto, a
redução da anterioridade para apenas 6 (seis) meses encontraria óbice nas cláusulas pétreas,
configurando neste caso limitação material ao poder de reforma.

D) INCORRETA: Ainda que realizada a opção por mecanismo de democracia direta como
o plebiscito, uma emenda desta natureza deve ser considerada inconstitucional porque a
proibição da pena de morte em tempo de paz é um direito fundamental previsto no artigo
5º, inciso XLVII, atraindo a incidência da cláusula pétrea prevista no artigo 60, §4º, IV da
Constituição.

E) CORRETA: De fato, quando uma nova Constituição é criada, a jurisprudência não reconhece
a legitimidade da invocação de direitos adquiridos contrários à Constituição em vigor, ou seja,
não admite a existência de direito adquirido a regime jurídico anterior diante das novas normas
criadas pelo poder constituinte originário” (ADI 2.135, julgada em 2007, Rel. Min. Ellen GraciE).

GABARITO: E

3. “Atualmente, os tratados são considerados a fonte mais importante do Direito

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Internacional, não apenas por força da sua multiplicidade, mas também porque, em regra,
os assuntos mais importantes da ordem jurídica internacional são por eles regulados”.
(MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15ª ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2004, p. 212)

Julgue as proposições abaixo acerca dos tratados internacionais de direitos humanos


no sistema constitucional brasileiro:

I. Os tratados internacionais que sejam aprovados, em dois turnos, por três quintos
dos votos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal terão status equivalente
às Emendas Constitucionais.

II. Os tratados internacionais de direitos humanos internalizados antes da entrada


em vigor do artigo 5º, §3º da Constituição gozam de status supralegal e revogam a
legislação ordinária que com elas seja incompatível.

III. Os direitos humanos incorporados por meio de tratados internacionais vinculam


diretamente somente o Poder Público, aplicando-se apenas de forma indireta e
mediata às relações jurídicas entre particulares.

A) Todas são corretas.

B) Apenas I e II são corretas.

C) Apenas I e III são corretas.

D) Apenas II e III são corretas.

E) Todas são incorretas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Direitos e garantias fundamentais: conceito, evolução, caracterís-


ticas, funções, titularidade e destinatários.

I. CORRETA: As normas de direitos humanos constantes de tratados internacionais de que a


República Federativa do Brasil seja parte possuem status constitucional quando seguirem o
rito previsto no artigo 5°, §3°, da Constituição Federal. Vale notar que esse posicionamento já

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era defendido por Flávia Piovesan (que é Procuradora do Estado de São Paulo) mesmo antes
da Emenda Constitucional nº 45/2004, a chamada “Reforma do Judiciário”, com base na regra
do §2º do mesmo artigo 5º (“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”). Assim, o tratado aprovado segundo
o novo procedimento do §3º passará a integrar o chamado “bloco de constitucionalidade”,
conjunto de atos com status constitucional que sugere, no campo doutrinário, uma possível
“descodificação” da Constituição brasileira no futuro. Atualmente, apenas a Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186/2008, goza
de status constitucional.

II. CORRETA: os tratados e convenções internacionais em regra são incorporados ao


ordenamento brasileiro com status de lei ordinária. Por isso, havia uma grande discussão
doutrinária sobre a posição dos tratados de direitos humanos internalizados anteriormente à
Emenda Constitucional nº 45/2004 como, por exemplo, o Pacto de San José da Costa Rica.
O STF enfrentou essa questão no RE 466.343 entendendo, a partir do voto do Min. Gilmar
Mendes, que os tratados de direitos humanos que não forem aprovados segundo o artigo
5º, §3º possuem status intermediário entre a legislação infraconstitucional e a Constituição,
situando-se, portanto, em posição supralegal. Veja: “Tendo em vista o caráter supralegal
desses diplomas normativos internacionais, a legislação infraconstitucional posterior que com
eles seja conflitante também tem sua eficácia paralisada. (...) Enfim, desde a adesão do Brasil,
no ano de 1992, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção
Americana sobre Direitos Humanos ‘Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), não há base
legal par aplicação da parte final do art.5º, inciso LXVII, da Constituição, ou seja, para a prisão
civil do depositário infiel.” (RE 466343, Voto do Ministro Gilmar Mendes, j. 03.12.2008). E
também: “A esses diplomas internacionais sobre direitos humanos é reservado o lugar específico
no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna.
O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo
Brasil, torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou
posterior ao ato de ratificação”. (HC 95967, Relatora Ministra Ellen Gracie, j. 11.11.2008)

III. INCORRETA: A proposição está incorreta pois nega a aplicabilidade direta e imediata
dos direitos fundamentais às relações jurídicas entre particulares. Embora o tema seja
controverso na doutrina, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a eficácia horizontal dos
direitos fundamentais em pelo menos três oportunidades: i) exclusão de cooperados sem
observância do devido processo legal (RE 158.215, julgado em 1996 e relatado pelo Ministro
Marco Aurélio); ii) empresa francesa não pode conceder aumento salarial apenas aos seus

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funcionários franceses, discriminando os brasileiros que exercem as mesmas funções (RE


161.243-6, julgado em 2006 e relatado pelo Ministro Carlos Velloso); iii) expulsão de associado
da União Brasileira de Compositores sem garantia de ampla defesa (RE 201.819, julgado
em 2005 e relatado para acórdão pelo Ministro Gilmar Mendes). Trata-se, segundo Daniel
Sarmento, da chamada eficácia irradiante dos direitos fundamentais, que norteia o exercício
das funções executiva, legislativa e judiciária do Poder Público e estende sua aplicação às
relações entre privados, afastando a concepção privatista e individualista do Direito Civil
(Direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2004).

GABARITO: B

4. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, identifique a proposição


correta acerca dos direitos fundamentais:

A) Não ofende a Lei Maior a edição de lei federal que, regulamentando a profissão
de músico, condicione o seu exercício à inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil
e ao pagamento das respectivas anuidades, uma vez que a norma prevista no artigo
5º, inciso XIII da Constituição possui eficácia contida.

B) A garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio (5º, inciso XI) abrange


qualquer compartimento habitado como, por exemplo, um quarto de hotel, e
estende-se a locais onde se exerça atividade profissional.

C) A garantia constitucional da ampla defesa não impede que a Administração


Pública exija a realização de prévio depósito como pressuposto de admissibilidade
de recurso administrativo.

D) Toda gravação de conversa telefônica que não tenha sido previamente autorizada
pela autoridade judicial constitui prova ilícita e, por isso, não pode ser utilizada em
procedimento administrativo.

E) A Constituição garante a possibilidade de que todos se reúnam pacificamente,


sem armas, em local aberto ao público, independentemente de autorização ou de
aviso prévio à autoridade competente.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: Direitos e deveres individuais e coletivos em espécie.

A) INCORRETA: o STF já se manifestou sobre o tema, entendendo que nem toda profissão
admite restrições ao seu exercício, como no caso dos músicos: “Nem todos os ofícios ou
profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício.
A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pede ser
exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de músico prescinde
de controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade
de expressão” (RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie, j.01.8.2011). Assim, muito embora o
artigo 5º, inciso XIII (“é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer”) da Constituição seja efetivamente considerado
pela doutrina como exemplo norma de eficácia contida, isso não significa que a restrição da
liberdade profissional seja justificável a priori, independentemente do caso concreto.

B) CORRETA: De acordo com a posição do STF no HC 93.050, julgado em 2008 e relatado pelo
Ministro Celso de Mello, o conceito normativo de “casa” estende-se a qualquer compartimento
privado não aberto ao público onde alguém exerça profissão ou atividade (art. 150, § 4°, inciso
III do Código Penal), compreendendo, portanto, escritórios profissionais – o caso concreto do
HC versava sobre apreensão de livros e documentos fiscais em escritório de contabilidade.
Veja: “Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da
República, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer
compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (CP,
art. 150, § 4º, III), compreende, observada essa específica limitação espacial (área interna não
acessível ao público), os escritórios profissionais, inclusive os de contabilidade (...)Sem que
ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional
(art. 5º, XI), nenhum agente público, ainda que vinculado à administração tributária do Estado,
poderá, contra a vontade de quem de direito (“invito domino”), ingressar, durante o dia, sem
mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público, onde alguém exerce sua atividade
profissional, sob pena de a prova resultante da diligência de busca e apreensão assim
executada reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude material” (HC 93.050/RJ,
Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 2008)

C) INCORRETA. Na verdade, o Supremo Tribunal Federal decidiu exatamente o oposto,


entendendo que a garantia constitucional da ampla defesa afasta a exigência do depósito para
a admissibilidade de recurso administrativo, exigência que feriria também o contraditório e o
direito de petição (RE 388.359, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 22/6/2007).

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D) INCORRETA. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a gravação de


conversa telefônica feita por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro não é
considerada prova ilícita, mas mera gravação ambiental que não macula o procedimento (RE
453.562-AgR, julgado em 2008 e relatado pelo Ministro Joaquim BarbosA). Ademais, vale
lembrar que a existência, num processo administrativo ou penal, de uma prova ilicitamente
obtida não contamina todo o feito por si só, já que a jurisprudência do STF admite a utilização,
no processo penal, de provas derivadas quando a acusação demonstrar que sua obtenção
decorreu de uma fonte independente (RHC 90.376, julgado em 2007 e relatado pelo Ministro
Celso de Mello).

E) INCORRETA. A afirmação corresponde apenas parcialmente ao conteúdo do artigo 5º, inciso


XVI, da Constituição, já que, muito embora a liberdade de reunião efetivamente independa
de autorização do Poder Público, exige-se o aviso prévio, por parte dos organizadores, às
autoridades civis e policiais. A PGE/SP enfrentou este problema durante as jornadas de junho,
em 2013, quando diversas manifestações populares eclodiram para contestar o aumento das
tarifas de transporte público e pleitear a melhoria na qualidade dos serviços públicos.

GABARITO: B

5. Sobre a leis orgânicas municipais, analise as afirmações abaixo:

I. Conflitos entre disposições da Lei Orgânica de um Município e leis estaduais


devem ser sanados em favor da legislação estadual.

II. A Lei Orgânica municipal deve ser editada de acordo com o que estabelece a
Constituição Federal e, também, a Constituição Estadual.

III. A Constituição Estadual, ao dispor sobre os Municípios situados no interior do


território do respectivo Estado-membro, pode dispor sobre assunto de interesse
local.

Está correto o que se afirma em:

A) I e II.

B) II e III.

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C) III.

D) II.

E) I e III.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Municípios: natureza jurídica, criação, competências, autonomia,


capacidade e auto-organização, e seus limites; Lei orgânica e seus elementos, re-
giões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões.

I) INCORRETA: Os conflitos entre leis estaduais e leis municipais não devem ser sanados
necessariamente em favor das leis estaduais. Afinal, entre os entes federados não há hierarquia
e os conflitos devem ser solucionados à luz da repartição de competências estabelecida na
Constituição.

II) CORRETA. Segundo o artigo 29 da Lei Maior, o município será regido por Lei Orgânica,
votada em Dois turnos, com interstício mínimo de Dez dias, e aprovada por Dois terços dos
membros da Câmara Municipal (DDD), que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
na Constituição Federal e na Constituição do respectivo Estado. Além disso, o artigo 11,
parágrafo único do ADCT, reforça a vinculação da Lei Orgânica às Cartas Federal e Estadual,
dispondo que “Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de
seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado
o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual”.

III) INCORRETA. O artigo 30, I, da Constituição prevê que compete aos municípios legislar
sobre assuntos de interesse local. Portanto, a Constituição Estadual não pode disciplinar
matéria local sem afrontar a autonomia dos municípios e a própria repartição de competências
prevista na Lei Maior. Conforme destaca o STF: “O poder constituinte dos Estados-membros
está limitado pelos princípios da Constituição da República, que lhes assegura autonomia com
condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organização autônoma dos municípios,
também assegurada constitucionalmente” (ADI 3549, julgada em 2007 e relatada pela Min.
Cármen LúciA).

GABARITO: D

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6. Sobre as competências da União, dos Estados e do Distrito Federal, é correto afirmar


que:

A) Quando a União edita normas gerais a respeito de matéria de competência


concorrente, todas as normas editadas pelos Estados sobre a mesma matéria
terão a sua eficácia suspensa.

B) A competência legislativa privativa da União pode ser pontualmente delegada


aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios por meio de Lei Complementar.

C) A competência da União para estabelecer normas gerais de licitação e


contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios não é
matéria sujeita à reserva de lei complementar.

D) Nas matérias de competência privativa da União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios podem legislar para suprir a falta de lei federal, exercendo a
competência legislativa plena somente até a superveniência da legislação federal
sobre a matéria.

E) A competência para legislar sobre direito urbanístico é privativa dos Municípios,


por ser matéria de interesse local.

COMENTÁRIO

A) INCORRETA: a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados, conforme o art. 24, §2°, da Constituição. Portanto,
as normas específicas editadas pelo Estado permanecem em vigor, não suspendendo a sua
eficácia se puderem ser compatibilizadas com as normas gerais federais posteriormente
editadas. Veja o excerto do seguinte julgado, que delimita bem o panorama da competência
concorrente: “O art. 24 da CF compreende competência estadual concorrente não cumulativa
ou suplementar (art. 24, § 2º) e competência estadual concorrente cumulativa (art. 24, § 3º). Na
primeira hipótese, existente a lei federal de normas gerais (art. 24, § 1º), poderão os Estados
e o Distrito Federal, no uso da competência suplementar, preencher os vazios da lei federal de
normas gerais, a fim de afeiçoá-la às peculiaridades locais (art. 24, § 2º); na segunda hipótese,
poderão os Estados e o Distrito Federal, inexistente a lei federal de normas gerais, exercer a
competência legislativa plena “para atender a suas peculiaridades” (art. 24, § 3º). Sobrevindo a

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lei federal de normas gerais, suspende esta a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário
(art. 24, § 4º)” (ADI 3.098, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 24-11-2005 = ADI 2.818, Rel. Min. Dias
Toffoli, j. 9-5-2013)

B) INCORRETA: Segundo o parágrafo único do art. 22 da Lei Maior, a “(...) Lei complementar
poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
neste artigo”, mas não consta autorização para que os Municípios, por delegação, legislem
a respeito. Alexandre de Moraes identifica três requisitos para a delegação de competências
legislativas privativas da União para os Estados-membros: (i) requisito formal: edição de
lei complementar; (ii) requisito material: tema elencado no rol do artigo 22; e (iii) requisito
implícito: se a União delegar determinada matéria a um Estado, deverá estender a mesma
possibilidade a todos os demais Estados da Federação, sob pena de afrontar o artigo 19 da
Constituição, que veda o estabelecimento de preferências entre entes federados (MORAES,
Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010, p. 309-310).

C) CORRETA: a competência legislar sobre normas gerais de licitação e contratação é privativa


da União, nos termos do artigo 22, XXVII, da Constituição, e pode tramitar no Congresso
Nacional sob a forma de lei ordinária. Cuidado para não confundir as normas gerais de
licitação e contratação com as normas gerais em matéria de legislação tributária (art. 146,
inciso III) e sobre finanças públicas (art. 163) – hipóteses em que a Lei Maior expressamente
exige a edição de Lei Complementar.

D) INCORRETA: essa possibilidade não é reconhecida pela Constituição da República nos


casos sujeitos à competência legislativa privativa, mas apenas nas hipóteses de competência
legislativa concorrente (art. 24, § 3°). Vale lembrar que a edição de leis pelos Estados e
Municípios na hipótese ventilada pela questão configuraria vício de inconstitucionalidade
orgânica, na qual há desrespeito às regras de repartição de competências estabelecidas pela
Lei Maior.

E) INCORRETA: a competência para legislar sobre direito urbanístico é concorrente entre


União, Estados e Distrito Federal (art. 24, I), e não privativa dos Municípios.

GABARITO: C

7. Sobre a intervenção do Estado no Município, assinale a INCORRETA:

A) A intervenção estadual poderá ser decretada pelo Governador do Estado quando


o Tribunal de Justiça houver dado provimento à representação para assegurar a

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observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a


execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

B) O Distrito Federal não é legitimado para realizar nenhum tipo de intervenção,


mas pode sofrer intervenção federal.

C) Quando a representação interventiva for julgada procedente, o Tribunal de


Justiça decretará diretamente a intervenção estadual, a qual será posteriormente
apreciada pela Assembleia Legislativa.

D) A decisão do Tribunal de Justiça que defere o pedido de intervenção estadual


em Município não pode ser impugnada por meio de Recurso Extraordinário.

E) Se um Município paulista descumprir deliberadamente decisão judicial


condenatória proferida pela Justiça Federal, ainda assim competirá ao Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo dar provimento à representação interventiva para
assegurar a execução da decisão descumprida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Organização política do Estado: A) Estado Federal: conceito, for-


mação, evolução e características; B) Federação brasileira: componentes, reparti-
ção de competências e intervenções federal e estadual.

A) CORRETA: Com efeito, o Estado intervirá em seus municípios quando o Tribunal de Justiça
der provimento a representação para assegurar a observância dos princípios indicados na
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial, de
acordo com art. 35, IV, da Constituição.

B) CORRETA: Vale lembrar que o DF não tem municípios, motivo pelo qual não pode realizar
intervenção em ente algum. Contudo, o Distrito Federal pode sofrer intervenção federal,
conforme o artigo 34 da Lei Maior.

C) INCORRETA: o decreto de intervenção é ato de competência privativa do Presidente da


República (art. 84, X, da Constituição Federal) e, por simetria, do Governador do Estado (art. 47,
VIII, da Constituição PaulistA). O STF e o TJ devem requisitá-la ao Chefe do Poder Executivo,
sendo dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional (art. 36, 11, § 3°, da CF) ou pela
Assembleia Legislativa (art. 149, §3º), conforme o caso, quando a representação interventiva

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for julgada procedente.

D) CORRETA: Está correto e corresponde ao enunciado da Súmula 637 do STF: “Não cabe
recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção
estadual em município.” Afinal, segundo a Corte, “1. O deferimento de pedido de intervenção
estadual nos Municípios por Tribunal de Justiça possui natureza político-administrativa, o que
não enseja apreciação em recurso extraordinário. Incidência da Súmula 637 do STF.” (AI
629867 AgR, Relator Ministro Ayres Britto, j. 09.06.2009).

E) CORRETA: Na intervenção estadual, compete unicamente ao Tribunal de Justiça dar


provimento à representação interventiva “(...) para prover a execução de lei, de ordem ou de
decisão judicial” (artigo 149, IV da Constituição Estadual de 1989), independentemente do
órgão jurisdicional que houver proferido a decisão descumprida.

GABARITO: C

8. Sobre a medida provisória na Constituição de 1988, é correto afirmar:

A) As medidas provisórias não convertidas em lei dentro do prazo de sessenta


dias perdem a eficácia a partir do ato que declara o término da sua vigência.

B) A Constituição da República admite a edição de medidas provisórias no âmbito


do processo legislativo estadual.

C) É vedada a edição de medidas provisórias para disciplinar matéria reservada


à lei complementar, nacionalidade, direito penal, processual penal, direito civil,
processual civil, plano plurianual e diretrizes orçamentárias.

D) Eventual vício de iniciativa na propositura de projeto de lei será convalidado


pela sanção do Presidente da República quando a matéria for passível de edição
de medida provisória ou se a iniciativa for exclusiva do Poder Executivo.

E) A votação das medidas provisórias pode ser iniciada em qualquer das casas do
Congresso Nacional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Poder Legislativo: (...) D) processo legislativo.

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A) INCORRETA. As medidas provisórias não convertidas em lei no prazo constitucional perdem


a eficácia desde a sua edição (art. 62, § 3”, da CF).

B) CORRETA. Segundo a jurisprudência do STF, os Estados podem adotar medida provisória


desde que haja previsão expressa nesse sentido na Constituição do Estado e, também, sejam
observados os princípios e as limitações previstas no modelo prescrito pela Constituição para
seu emprego pela União, em simetria com o processo legislativo na esfera federal. Nesse
sentido a decisão da ADI 425, julgada em 2003, relatada pelo Ministro Maurício Corrêa: “Podem
os Estados-membros editar medidas provisórias em face do princípio da simetria, obedecidas
as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União (CF, artigo 62)”. Veja também:
“Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 51 e parágrafos da Constituição do Estado de Santa
Catarina. Adoção de medida provisória por Estado-membro. Possibilidade. (...)Aplicabilidade,
nos Estados-membros, do processo legislativo previsto na CF. Inexistência de vedação
expressa quanto às medidas provisórias. Necessidade de previsão no texto da Carta estadual
e da estrita observância dos princípios e limitações impostas pelo modelo federal” (ADI 2.391,
julgada em 2007 e relatada pela Ministra Ellen GraciE)

C) INCORRETA: o artigo 62, §º1 da Constituição, não veda a edição de medida provisória
sobre direito civil, embora vede seu emprego para direito penal, processual penal e processo
civil.

D) INCORRETA: A sanção presidencial não convalida o vício de iniciativa para a propositura


de projeto de lei, ainda que a matéria seja de competência do Poder Executivo. Destarte, o
projeto de lei nessas condições padecerá de inconstitucionalidade formal, mesmo tendo sido
sancionado pelo Presidente.

E) INCORRETA: O art. 62, § 8º, da Lei Maior afirma que as medidas provisórias terão sua
votação iniciada na Câmara dos Deputados.

GABARITO: B

9. Identifique a alternativa correta acerca da arguição de descumprimento de preceito


fundamental (“ADPF”):

A) A ADPF pode ser convertida em ADI e vice-versa.

B) A ADPF pode ser proposta nas hipóteses de cabimento de ADI e ADC porque
o seu objeto (“ato do poder público”) é mais amplo que o das demais ações do

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controle abstrato de constitucionalidade.

C) Leis e atos normativos revogados não podem ser objeto de ADPF.

D) Súmula vinculante pode ser questionada por meio de ADPF.

E) Como a ADPF admite, como objeto, o questionamento de leis municipais perante


a Constituição federal, a jurisprudência do STF reconhece aos prefeitos municipais
legitimidade ativa para propor a arguição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Controle de constitucionalidade: a supremacia da Constituição;


vício e sanção de inconstitucionalidade; origens e evolução histórica do controle;
modalidades de controle; efeitos subjetivos e temporais da declaração de incons-
titucionalidade e de constitucionalidade.

A) CORRETA: o STF já entendeu que existe fungibilidade entre ADPF e ADI. Assim, a ADPF pode
ser convertida em ADI: “PROCESSO OBJETIVO - ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL - TOMADACOMOAÇÃO DIRETADE INCONSTITUCIONALIDADE.
Surgindo parâmetros próprios a ação direta de inconstitucionalidade, incumbe, considerado o
gênero processo objetivo, tomar a arguição de descumprimento de preceito fundamental como
a revelá-la. (...)” (ADI 4105 MC, Relator Min. Marco Aurélio, j. 17/03/2010) E também a ADI, no
mesmo sentido, pode ser convertida em ADPF: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Impropriedade da ação. Conversão em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
- ADPF. Admissibilidade. Satisfação de todos os requisitos exigidos à sua propositura. Pedido
conhecido como tal. Aplicação do princípio da fungibilidade. Precedentes. É lícito conhecer
de ação direta de inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito
fundamental, quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de
inadmissibilidade daquela. (...)” (ADI 4180 REF-MC, Relator Min. Cezar Peluso, j. 10/03/2010).

B) INCORRETA: Segundo o art. 4°, § 1°, da Lei n° 9.882/1999: “Não será admitida arguição de
descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar
a lesividade”. Trata-se da regra da subsidiariedade, que delimita o cabimento da arguição.
Dessa maneira, mesmo se houver violação a “preceito fundamental”, mas houver outro meio
eficaz para combatê-la, a ADPF não será cabível. O STF tem interpretado que a expressão
“outro meio eficaz” deveria ficar restrita a outros mecanismos de controle de constitucionalidade

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dotados de eficácia erga omnes, tais como a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e a
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC). Esta é a posição atualmente dominante no
Supremo Tribunal Federal, já tendo sido adotada na ADPF nº 17 e na ADPF nº 33, por exemplo.

C) INCORRETA: muito embora atos legislativos revogados não possam ser objeto de ADI,
por ausência de lesividade ao ordenamento jurídico, admite-se a propositura de ADPF para
questionar a compatibilidade desses atos com o texto constitucional, já que, mesmo revogados,
podem continuar regendo as relações jurídicas constituídas sob a Sua vigência. Assim, o
parâmetro de controle na ADPF pode ser tanto a atual Constituição, diante da qual se faz
um juízo de recepção ou não recepção, quanto a Constituição vigente à época da edição
do ato, o que permite analisar vícios de inconstitucionalidade formal e material. Veja: “10.
Revogação da lei ou ato normativo não impede o exame da matéria em sede de ADPF, porque
o que se postula nessa ação é a declaração de ilegitimidade ou de não-recepção da norma
pela ordem constitucional superveniente. 11. Eventual cogitação sobre a inconstitucionalidade
da norma impugnada em face da Constituição anterior, sob cujo império ela foi editada, não
constitui óbice ao conhecimento da arguição de descumprimento de preceito fundamental,
uma vez que nessa ação o que se persegue é a verificação da compatibilidade, ou não, da
norma pré-constitucional com a ordem constitucional superveniente. (...)” (ADPF 33, Relator
Min. Gilmar Mendes, j. 07.12.2005)

D) INCORRETA: “A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada


para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante.” (ADPF
147-AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24.3.2011). Afinal, já existe um procedimento próprio
para a revisão e o cancelamento de Súmula Vinculante previsto na Lei nº 11.417/2006, o que
fundamentaria o descabimento da ADPF com base na regra da sua subsidiariedade.

E) INCORRETA: na verdade o STF não reconhece legitimidade ativa a prefeito municipal


para o ajuizamento da ADPF: “legitimidade. Ativa. Inexistência. Ação por descumprimento
de preceito fundamental (ADPF). Prefeito municipal. Autor não legitimado para ação direta
de inconstitucionalidade. (...) Quem não tem legitimidade para propor ação direta de
inconstitucionalidade, não a tem para ação de descumprimento de preceito fundamental”
(ADPF 148 AgR, Relator Min. Cezar Peluso, j. 03.12.2008)

GABARITO: A

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10. Assinale a alternativa que descreve corretamente aspecto da ordem econômico e


financeira na Constituição de 1988.

A) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, em razão do


interesse público que motivou a sua criação, podem gozar de privilégios fiscais
não aplicáveis ao setor privado.

B) O planejamento estatal da atividade econômica será determinante para os


setores público e privado.

C) Lei que fixe distância mínima entre um estabelecimento comercial e outro será
inconstitucional por violar o princípio da livre concorrência.

D) O refino do petróleo nacional ou estrangeiro constitui monopólio da União e,


por isso, não pode ser contratado com empresas estatais ou privadas.

E) Ofende a livre iniciativa a edição de lei que regule a política de preços de bens
e serviços no mercado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ordem econômica e financeira: A) princípios gerais da atividade


econômica; B) atuação do Estado no domínio econômico.

A) INCORRETA: A proposição é incorreta porque o artigo 173 §2º da Lei Maior expressamente
afirma que as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor privado.

B) INCORRETA: o artigo 174 da Constituição da República prevê que o Estado exercerá


funções de fiscalização, incentivo e planejamento da atividade econômica, sendo o último
determinante para o setor público e apenas indicativo para o setor privado.

C) CORRETA: segundo a Súmula Vinculante nº 49, ofende o princípio da livre concorrência


a lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
em determinada área. Nesse sentido, o STF já teve a oportunidade de julgar caso concreto
do Município de São Paulo: “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. LEI
N`10.991/91, DO MUNICIPIO DE SÃO PAULO. FIXAÇÃO DE DISTANCIA PARA A INSTALAÇÃO
DE NOVAS FARMÁCIAS OU DROGARIAS INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A Constituição

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Federal assegura o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de


autorização do Poder Público, salvo nos casos previstos em lei. 2. Observância de distância
mínima da farmácia ou drogaria existente para a instalação de novo estabelecimento no
perímetro. Lei Municipal nº 10.991/91. Limitação geográfica que induz à concentração capitalista,
em detrimento do consumidor, e implica cerceamento do exercício do princípio constitucional
da livre concorrência, que é uma manifestação da liberdade de iniciativa econômica privada.
Recurso extraordinário conhecido e provido” (STF. RE 193.749, julgado em 1998 e relatado
pelo Ministro Maurício CorrêA). E, no controle abstrato, também lei editada pelo Estado de São
Paulo: “Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Governador do Estado de São Paulo. 3. Lei
Estadual nº 10.307, de 06 de maio de 1999. Fixação de distância mínima para a instalação de
novas farmácias e drogarias. 4. Inconstitucionalidade formal. Norma de interesse local editada
pelo Estado-membro. 5. Inconstitucionalidade material. Descumprimento do princípio material.
Descumprimento do princípio constitucional da livre concorrência. Precedentes. 6. Ação direta
procedente” (STF. ADI 2327, julgada em 2003 e relatada pelo Ministro Gilmar Mendes).

D) INCORRETA. Muito embora o refino do petróleo, nacional ou estrangeiro, seja monopólio


da União nos termos do artigo 177, inciso II da Constituição, o §1º do mesmo artigo, com a
redação que lhe foi dada pela Emenda Constitucional nº 9/1995, expressamente autoriza que
tal atividade seja contratada pela União com empresas estatais ou privadas (art. 177, inciso II
e §1°, ambos da Lei Maior). A possibilidade de contratação de empresas para a execução das
atividades previstas nos incisos I a IV do artigo 177 não desconfigura, portanto, o monopólio
da União sobre a atividade.

E) INCORRETA: O STF já entendeu pela constitucionalidade da regulação, pelo Estado, dos


preços de bens e serviços: “Em face da atual Constituição, para conciliar o fundamento da livre
iniciativa e do princípio da livre concorrência com os da defesa do consumidor e da redução
das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justiça social, pode o Estado,
por via legislativa, regular a política de preços de bens e de serviços, abusivo que é o poder
econômico que visa ao aumento arbitrário dos lucros.” (ADI 319-QO, Rel. Min. Moreira Alves,
j. 03.03.1993)

GABARITO: C

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PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Acerca do instituto da reclamação, marque a única alternativa INCORRETA.

A) é possível a reclamação em face de ato administrativo.

B) na reclamação que objetiva garantir a observância de um precedente, é possível


que ele seja superado.

C) não é admissível a condenação em honorários.

D) para o seu ajuizamento em face de decisão que desrespeita acórdão de


recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida é necessário o prévio
esgotamento das instâncias ordinárias.

E) poderá o relator na reclamação suspender o ato impugnado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16. Súmula vinculante. Conceito. Procedimento de edição. Proce-


dimento de revisão. Efeitos. Reclamação.
Vale ainda frisar que a reclamação agora é regulada pelo CPC, o que aumenta bas-
tante a possibilidade de ser cobrada no próximo edital.

A) CORRETA: É cabível a reclamação em face de ato administrativo quando ele desrespeita o


conteúdo de súmula vinculante, nos termos do art. 7º, da Lei 11.417/2006: “Art. 7º Da decisão
judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-
lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal,
sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação”.

B) CORRETA: Esse raciocínio já foi admitido pelo STF, em uma situação em que admitiu a
reclamação como um mecanismo para provocar a revisão da ausência de repercussão geral.
Na situação concreta, o STF, embora reconhecendo o caráter constitucional da controvérsia,

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havia negado repercussão geral à discussão sobre a possibilidade de condenar ente federativo
a pagar honorários advocatícios à Defensoria Pública que o integra (STF, RE 592.730 RG, Rel.
Min. Menezes Direito, j. 06/11/2008, DJe 21/11/2008). Em 2010, o STJ aprovou a Súmula 421,
com base em precedentes que aplicaram à hipótese o instituto civil da confusão, afirmando-
se que “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua
contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Desde 2008, não se tem admitido a
subida de recursos ao STF, em face da negativa de existência de repercussão geral. O Ministro
Luis Roberto Barroso, utilizando-se dos arts. 103 e 327 do RISTF, que permitem a proposta
de revisão da jurisprudência do tribunal, optou por receber a reclamação justamente com esse
objetivo, com base no fundamento de que as emendas constitucionais n. 74/2013 e n. 80/2014
reforçaram a autonomia das defensorias (STF, Rcl 20.628 MC, Rel. Min. Roberto Barroso, j.
29/06/2015, Dje 03/08/2015).

C) INCORRETA: O STF, durante muito tempo, tendia a afirmar que a reclamação era uma mera
decorrência do direito constitucional de petição, derivado dos poderes implícitos atribuídos aos
tribunais de justiça. Assim, poderia ser prevista pelos demais tribunais (ADI 2.480-9/PB, 2007).
Ocorre que a doutrina sempre criticou esse posicionamento, que parece ter sido alterado
com o início da vigência do CPC/2015, pois, em julgado mais recente, o STF afirmou que a
reclamação tem natureza jurídica de ação pelo ingresso do beneficiário do ato como parte
e a necessidade de contraditório prévio.(STF, 1ª T., rel. Min. Roberto Barroso Rcl 24.417, j.
07/03/2017, DJe 15/03/2017). A decorrência - natural - dessa constatação é a de permitir
que haja a condenação em honorários, que foi admitida no mesmo precedente em que
se acolheu a reclamação como tendo natureza de ação (STF, Rcl 24.417, j. 07/03/2017).

D) CORRETA: De fato, tal previsão consta do art. 988, §5º, I, do CPC: “§ 5º É inadmissível
a reclamação: (...) II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em
julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias”.

E) CORRETA: Tal possibilidade está prevista no art. 989, II, do CPC: “Art. 989. Ao despachar
a reclamação, o relator: (...) II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato
impugnado para evitar dano irreparável”

GABARITO: C

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12. Acerca das espécies de defesa que podem ser utilizadas pelo réu no processo civil,
assinale a alternativa correta.

A) a incompetência relativa deve ser suscitada por meio de exceção de


incompetência.

B) a reconvenção deve possuir valor da causa idêntico ao da petição inicial.

C) a reconvenção deve ser ajuizada em petição própria, diversa da peça


contestatória.

D) a reconvenção pode gerar uma ampliação subjetiva do processo.

E) não alegada a incompetência absoluta na contestação, embora o magistrado


possa conhecê-la de ofício, o réu não poderá mais suscitá-la.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11.1. Procedimento ordinário. Fases. Petição inicial. Citação. Efei-
tos. Despacho inicial. Condutas do réu. Providências preliminares. Julgamento
conforme o estado do processo. Provas. Teoria geral das provas. Provas em es-
pécie. Audiência de instrução e julgamento. Sentença. Tutela específica e meios
assecuratórios do resultado.

A) INCORRETA: A assertiva estaria correta sob o regime do CPC/1973, mas, pensando na


economia processual e na simplificação, o legislador alterou essa temática no CPC/2015 ao
afirmar, no art. 337, II, que “Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
(...) II - incompetência absoluta e relativa”, texto normativo esse que regula as preliminares
da contestação. Portanto, agora tanto a incompetência absoluta quanto a relativa devem ser
alegadas na contestação.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 292, caput, do CPC, “O valor da causa constará da
petição inicial ou da reconvenção”. No inciso V, por exemplo, ele será “na ação indenizatória,
inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido”. Note-se que nada impede que, de um
mesmo fato, por exemplo, uma batida entre veículos, que o autor peça danos morais no valor
de X e o reconvinte no valor de Y. Mais do que isso, os próprios pedidos podem ser diversos,
requerendo o autor danos morais e materiais e o reconvinte apenas os danos materiais.
Portanto, é evidente que nem sempre os valores da causa serão idênticos.

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C) INCORRETA: A reconvenção agora deve ser ajuizada na própria contestação, nos termos
do art. 343, caput, do CPC: “Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa”.

D) CORRETA: Durante a vigência do CPC/1973 havia grande discussão doutrinária e


jurisprudencial acerca da possibilidade de a reconvenção ampliar o polo subjetivo do processo,
inserindo, por exemplo o autor e mais um terceiro no polo passivo da sua reconvenção. O
CPC/2015 resolveu tal problema ao prever, no art. 343, §3º, que “A reconvenção pode ser
proposta contra o autor e terceiro”. Mais ainda, de acordo com o §4º, “A reconvenção pode ser
proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro”.

E) INCORRETA: De acordo com o art. 64, caput, “A incompetência, absoluta ou relativa, será
alegada como questão preliminar de contestação”. Conteúdo semelhante consta do art. 337, II,
do CPC, segundo o qual “Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: II - incompetência
absoluta e relativa”. Há argumentos que precluem caso não alegados na contestação, no
entanto, de acordo com o art. 342, II e III, do CPC, Depois da contestação, só é lícito ao
réu deduzir novas alegações quando: “II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por
expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição”.
A incompetência absoluta estaria abrangida pelas duas situações, eis que o art. 64, §1º, do
CPC afirma que “A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau
de jurisdição e deve ser declarada de ofício”. Portanto, nada impede que, mesmo não
alegada a incompetência absoluta na contestação ela possa ser alegada em outro momento.

GABARITO: D

13. Acerca das ações constitucionais, assinale a alternativa correta:

A) Caso o mandado de segurança seja impetrado por telegrama, radiograma ou


outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela
autoridade, os originais devem ser apresentado nos 5 (cinco) dias seguintes.

B) A apelação que concede o habeas data tem efeito devolutivo e suspensivo.

C) O mandado de injunção pode ser ajuizado por organização sindical, entidade


de classe ou associação legalmente constituída para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus

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membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a


suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

D) O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vintE) dias da prática do ato impugnado.

E) Requerida a manifestação de órgão ou entidade para atuar como amicus curiae em


ação direta de inconstitucionalidade e havendo concorrência de pedidos de ingresso
oriundos de instituições com deveres, interesses e poderes de representação total
ou parcialmente coincidentes, por razões de racionalidade e economia processual,
defere-se o ingresso do postulante dotado de representatividade mais ampla.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 23. Mandado de Segurança Individual e Coletivo. Habeas corpus.


Habeas Data. Mandado de Injunção. Ação Popular. Ação Civil Pública. Ação de Im-
probidade Administrativa.

A) INCORRETA: O mandado de segurança pode ser impetrado de tal forma, de acordo com
o art. 4º, §1º, da Lei 12.016/2009: “Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade
por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a
imediata ciência pela autoridade”. No entanto, a data para a apresentação dos originais está
equivocada, pois de acordo com o §2º, “O texto original da petição deverá ser apresentado nos
5 (cinco) dias úteis seguintes”. Os cinco dias são úteis e não corridos.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 15, parágrafo único, da Lei 9.507/1997, “Quando a
sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo”. Portanto, a
referida apelação não tem, em regra, efeito suspensivo.

C) INCORRETA: De acordo com o art. 12, III, da Lei 13.300/2016, esse mandado de injunção
coletivo pode ser ajuizado por “por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus
membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial”. A assertiva erra ao não mencionar o prazo.

D) INCORRETA: De acordo com o art. 23, da Lei 12.016/2009, “O direito de requerer mandado
de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vintE) dias, contados da ciência, pelo

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interessado, do ato impugnado” e não da prática do ato.

E) CORRETA: De fato, trata-se de recente entendimento do STF, segundo qual, “O requisito


da representatividade adequada exige do requerente, além da capacidade de representação
de um conjunto de pessoas, a existência de uma preocupação institucional e a capacidade
de efetivamente contribuir para o debate. Havendo concorrência de pedidos de ingresso
oriundos de instituições com deveres, interesses e poderes de representação total ou
parcialmente coincidentes, por razões de racionalidade e economia processual, defere-
se o ingresso do postulante dotado de representatividade mais ampla.” (RE 808.202-
AgR, rel min. Dias Toffoli, julgamento em 9-6-2017, Plenário, DJE de 30-6-2017).

GABARITO: E

14. Acerca da execução fiscal, julgue os seguintes itens:

Item I: O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução


fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação voluntária de
imóvel.

Item II: Em ações de execução fiscal, a petição inicial deve ser indeferida caso
esteja ausente o CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.

Item III: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial


com o demonstrativo de cálculo do débito.

A) Apenas o Item I está correto.

B) Os itens I, II e III estão corretos.

C) Nenhum dos itens está correto.

D) Apenas os itens I e III estão corretos.

E) Apenas o item II está correto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 28. Processo judicial tributário. Execução fiscal. Ação anulatória

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de débito fiscal. Ação de repetição de indébito. Ação de consignação em pagamen-


to. Ação Declaratória. Medida cautelar fiscal. Mandado de segurança.

Item I) CORRETO: O art. 130 do CTN afirma que “Art. 130. Os créditos tributários relativos a
impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem
assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições
de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do
título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a
sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.” A distinção entre o caput do art. 130 do CTN e
o seu parágrafo único, ao contrário de infirmar a manutenção da parte no feito, em verdade,
o confirma. Isso porque, embora versem sobre situações distintas, os dois dispositivos tratam
do mesmo instituto legal: sub-rogação do crédito tributário. A diferença é que a sub-rogação do
caput recai sobre o adquirente do imóvel, salvo quando conste do título a prova da quitação
do tributo, e a do parágrafo único recai sobre o preço, na hipótese de arrematação em hasta
pública. Afora a distinção limitada ao objeto, a sub-rogação do parágrafo único é exatamente
a mesma do caput. Se a sub-rogação é a mesma, os efeitos também o são, não havendo
como sustentar tratamento jurídico distinto a sub-rogações disciplinadas no mesmo artigo sem
previsão de regime diverso. O caput do art. 130 só pode ser interpretado em conjunto com o seu
parágrafo único. E nenhuma dúvida existe de que a sub-rogação do parágrafo único não exclui
a responsabilidade do proprietário anterior à transferência imobiliária. Saliente-se, por fim, que
não se pode confundir a sub-rogação tributária com a civil. Enquanto nesta última o instituto
é direcionado sempre no crédito e decorrente do pagamento de débito, no Direito Tributário a
sub-rogação está na posição do devedor, assemelhando-se a uma cessão de dívida, com todas
as consequências pertinentes. Por essas razões, o instituto estabelecido no art. 130 do CTN,
pela autonomia e diversidade de regime jurídico, não conduz ao efeito almejado, tendo caráter
meramente aditivo e integrador do terceiro adquirente na obrigação, com transmissão a ele da
mesma posição do alienante, mas sem liberação do devedor primitivo. Essa foi a conclusão do
STJ no AgInt no AREsp 942.940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em
15/8/2017, DJe 12/9/2017, publicado no informativo n. 610.

Item II) INCORRETO: Trata-se exatamente do contrário do que aponta a súmula 558 do STJ,
segundo a qual, “Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada”.

Item III) CORRETO: Trata-se da reprodução da súmula 559 do STJ: “Em ações de execução
fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito,
por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980”.

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GABARITO: D

15. Julgue os seguintes itens relativos aos juizados especiais:

Item I - Não são admitidas no Juizado Especial da Fazenda Pública as ações de


mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos
ou interesses difusos e coletivos;

Item II - Não são admitidas no Juizado Especial da Fazenda Pública as causas sobre
bens móveis e imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

Item III – A legislação veda expressamente a concessão de tutela antecipatória de


ofício.

A) Apenas o item I está correto.

B) Nenhum item está correto.

C) Todos os itens estão corretos.

D) Apenas os itens I e III estão corretos.

E) Apenas o item III está correto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 30. Juizados Especiais Cíveis. Federal. Estadual. Da Fazenda Pú-
blica.

Item I) CORRETO: Trata-se da dicção do art. 2º, §1º, I, da Lei 12.153/2009: “Não se incluem na
competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: I – as ações de mandado de segurança,
de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa,
execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos”.

Item II) INCORRETO: De acordo com o art. 2º, §1º, II, da Lei 12.153/2009, “Não se incluem na
competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: (...) II – as causas sobre bens imóveis

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dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles
vinculadas”. Note-se que não há vedação alguma a que as causas envolvam bens móveis,
mas apenas imóveis.

Item III) INCORRETO: Há muita discussão doutrinária sobre a temática, no entanto, de acordo
com o art. 3º, da Lei 12.153/2009, “O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,
deferir quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para
evitar dano de difícil ou de incerta reparação”.

GABARITO: A

16. Em relação ao direito processual coletivo, assinale a resposta INCORRETA.

A) Um dos princípios que regem o processo coletivo é o da participação, pois,


em tais processos, em comparação com o individual, essa participação é maior
pelo processo, eis que, embora apenas exista um autor, é grande a quantidade de
pessoas beneficiadas.

B) O exercício da legitimação extraordinária, conferida para tutelar direitos


individuais homogêneos em ação civil pública, não pode ser estendido para abarcar
a disposição de interesses personalíssimos, tais como a intimidade, a privacidade
e o sigilo bancário dos substituídos.

C) Nas ações civis públicas, apenas haverá condenação em honorários de


advogado, custas e despesas processuais em caso de comprovada má-fé.

D) A remessa necessária prevista na ação popular é aplicável às ações coletivas


que versem sobre direitos individuais homogêneos devido ao microssistema do
processo coletivo.

E) Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
- FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 23. Mandado de Segurança Individual e Coletivo. Habeas corpus.


Habeas Data. Mandado de Injunção. Ação Popular. Ação Civil Pública. Ação de Im-
probidade Administrativa.

A) CORRETA: De acordo com Marcelo José Magalhães Bonício, um dos princípios do processo
coletivo é o da “participação, que, ´no processo coletivo, em comparação com o individual` é
maior pelo processo, ou seja, embora só exista um autor, é grande a quantidade de pessoas
beneficiadas” (Princípios do processo no novo código de processo civil. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 232)

B) CORRETA: Esse é o exato entendimento do STJ, segundo o qual, “O exercício da legitimação


extraordinária, conferida para tutelar direitos individuais homogêneos em ação civil pública,
não pode ser estendido para abarcar a disposição de interesses personalíssimos, tais como a
intimidade, a privacidade e o sigilo bancário dos substituídos”. (STJ, REsp 1.611.821-MT, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017, info n.
607).

Consoante afirmado no julgado, embora no caso o intuito declarado pelo parquet seja tão
somente o de colher provas que demonstrem a utilização reiterada da venda casada como
prática de mercado pelas instituições financeiras, não se poderia admitir tamanha invasão
indiscriminada à intimidade do consumidor. Desse modo, enquanto legitimado extraordinário,
não é dado ao MP atuar de forma dispositiva, abrindo mão de interesses personalíssimos, em
nome de quem é por ele substituído na demanda.

C) CORRETA: Trata-se da previsão constante no art. 18 da Lei da ACP, segundo o qual, “Nas
ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais”.

D) INCORRETA: De acordo com o STJ, “Não se admite o cabimento da remessa necessária,


tal como prevista no art. 19 da Lei n. 4.717/65, nas ações coletivas que versem sobre direitos
individuais homogêneos”. (REsp 1.374.232-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 26/09/2017, DJe 02/10/2017, info n. 612)

De acordo com o tribunal, esse raciocínio é utilizado para as demais ações coletivas, que não
versam sobre direitos individuais homogêneos. Ocorre que as razões que fundamentaram o
raciocínio analógico para a aplicação do art. 19 da Lei da Ação Popular a hipóteses de ação civil
pública (Lei n. 7.347/85) - sua transindividualidade e sua relevância para a coletividade como

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um todo - não são observadas em litígios que versem exclusivamente sobre direitos individuais
homogêneos, os quais são apenas acidentalmente coletivos. Isso porque a coletivização dos
direitos individuais homogêneos tem um sentido meramente instrumental, com a finalidade de
permitir uma tutela mais efetiva em juízo, carecendo de uma razão essencial ou ontológica
para essa classificação.

E) CORRETA: Trata-se de reprodução do art. 1º, parágrafo único, da Lei da ACP: “Não será
cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados”.

GABARITO: D

17. Em relação às normas fundamentais do processo civil, assinale a alternativa


INCORRETA:

A) Pode o juiz adotar fundamento jurídico diverso daqueles utilizados pelas partes
(iura novit cúriA) desde que venha a escutar previamente as partes.

B) Pode o juiz proferir decisão contra o réu sem que ele seja previamente ouvida
no caso da decisão de expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa
ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer na ação monitória.

C) Caso uma das partes envolvida em mediação seja o Estado, a confidencialidade


não deve ser a regra.

D) São princípios processuais expressos na legislação infraconstitucional a


legalidade, a publicidade, a eficiência, a moralidade e a impessoalidade.

E) Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Normas de Direito Processual Civil. Natureza Jurídica. Fontes.


Princípios norteadores do processo civil. O Código Civil como fonte. Interpretação.
Direito Processual Civil no tempo e no espaço.

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A) CORRETA: De acordo com Marcelo José Magalhães Bonício “Se o juiz encontrar fundamento
diverso daquele que as partes estão sustentando, deverá ouvi-las antes de decidir, ou seja,
a regra mencionada precisa ser interpretada em conjunto com aquela que está no art. 10 do
novo CPC, segundo a qual, qualquer matéria que possa ser conhecida de ofício precisa ser
submetida ao contraditório” (Princípios do processo no novo código de processo civil. São
Paulo: Saraiva, 2016, p. 232)

B) CORRETA: De acordo com o art. 9º, parágrafo único, III, do CPC, “Art. 9º Não se proferirá
decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O
disposto no caput não se aplica: (...) III - à decisão prevista no art. 701”.

O art. 701, caput, do CPC afirma que “Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz
deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução
de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinzE) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído
à causa”.

C) CORRETA: De acordo com Marcelo José Magalhães Bonício “se uma das partes
envolvidas na mediação ou na conciliação for o Estado, a confidencialidade não pode ser
vista como regra, porque todos os atos estatais estão sujeitos aos princípios da publicidade,
conforme determina a regra do art. 37 da Constituição da República” (Princípios do processo
no novo código de processo civil. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 45).

D) INCORRETA: No CPC/2015, houve a inserção de um capítulo específico dirigido a tratar


das normas fundamentais. Dentre as normas fundamentais expressas agora no CPC tem-se
o seguinte tratamento no art. 8º: “Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá
aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade
da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência”. Note-se que houve uma inspiração no art. 37 da CF: “Art. 37.
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”. Por mais que se possa dizer
que a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência se aplicam ao
Poder Judiciário, eis que eles fazem parte da administração pública, apenas alguns desses
princípios foram inseridos na legislação processual. Veja-se que a impessoalidade e a
moralidade não foram inseridas como princípios processuais expressos. Apenas a legalidade,
a publicidade e a eficiência foram inseridas no art. 8º.

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E) CORRETA: Trata-se de reprodução do art. 11, parágrafo único, do CPC: “Nos casos de
segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados,
de defensores públicos ou do Ministério Público”.

GABARITO: D

18. Em relação às despesas processuais, assinale a alternativa correta:

A) No CPC/2015, a fazenda pública não pode ter sua condenação em honorários


baseada em apreciação equitativa do juiz.

B) Na fixação dos honorários recursais, é possível que seja ultrapassado o limite


de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa na soma com os
honorários fixados na decisão recorrida.

C) A remuneração do perito será adiantada pela parte que houver requerido a


perícia, pelo autor quando a perícia for determinada de ofício ou rateada quando
requerida por ambas as partes.

D) A majoração de honorários na seara recursal independe de requerimento da


parte.

E) É possível a fixação de honorários recursais mesmo no curso de processo cujo


rito os exclua, pois estes possuem previsão específica no CPC.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Despesas, custas e multas processuais. Magistrado, Ministério


Público, como fiscal da lei e auxiliares da Justiça. Responsabilidades.

A) INCORRETA: De acordo com o art. 85, §8º, do CPC, “Nas causas em que for inestimável
ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo,
o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos
incisos do § 2º”. Em outros termos, nessas causas, não há impedimento a que os honorários
sejam fixados com base em apreciação equitativa, seja envolvendo a fazenda pública, seja
envolvendo particulares.

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B) INCORRETA: De acordo com o STJ, “Da majoração dos honorários sucumbenciais


promovida com base no § 11 do art. 85 do CPC/2015 não poderá resultar extrapolação
dos limites previstos nos §§ 2º e 3º do referido artigo”. (STJ, 2ª Seção, AgInt nos EREsp
1.539.725/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 09/08/2017, DJe 19/10/2017). De acordo
com o art. 85, §2º, do CPC, “§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o
máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa”. Em outros termos, o limite,
mesmo que somados os honorários recursais com os fixados na decisão originária será de 20
por cento.

C) INCORRETA: De acordo com o art. 95, caput, do CPC, “Cada parte adiantará a remuneração
do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que
houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou
requerida por ambas as partes”. O erro da assertiva está em ter indicado que caberá ao
autor adiantar a remuneração do perito quando esta prova for determinada de ofício.

D) CORRETA: De acordo com o STJ, “A majoração de honorários na seara recursal


independe de requerimento da parte” (STJ, 3ª T., AgInt no AgInt no AREsp 974.482/DF, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 04/04/2017, DJe 10/04/2017).

E) INCORRETA: De acordo com o STF, “Descabe a fixação de honorários recursais,


preconizados no art. 85, § 11, do CPC/2015 na hipótese de recurso extraordinário formalizado
no curso de processo cujo rito os exclua. (STF, 1ª T., ARE 948.578 AgR/RS, rel. Min. Marco
Aurélio, 21/06/2016; STF, 1ª T., ARE 951589 AgR/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 21.6.2016; STF,
1ª T., ARE 952.384 AgR/MS, rel. Min. Marco Aurélio, 21.6.2016, info. 829)

GABARITO: D

19. Em relação às ações de responsabilidade civil que envolvem o poder público, julgue
os seguintes itens:

Item I: Tanto o STF quanto o STJ adotam a teoria da dupla garantia.

Item II: É desnecessária a denunciação da lide do agente público supostamente


responsável pelo ato lesivo que gerou a obrigação de indenizar em caso de
responsabilidade objetiva da Administração Pública para que possa ser exercido
o direito de regresso.

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Item III: Nos pedidos relativos aos danos morais, os juros moratórios incidem desde
a data do evento e a correção monetária incidirá desde a data do arbitramento.

A) Apenas o item II está correto.

B) Nenhum item está correto.

C) Todos os itens estão corretos.

D) Apenas os itens II e III estão corretos.

E) Apenas o item III está correto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 25. Ações de responsabilidade civil e a Fazenda Pública.

Item I INCORRETO: Para a teoria da dupla garantia, o art. 37, §6º, da CFRB teria consagrado
duas garantias: i) em favor do particular lesado, considerando que a CF/88 assegura que ele
poderá ajuizar ação de indenização contra o Estado, que tem recursos para pagar, sem ter
que provar que o agente público agiu com dolo ou culpa; ii) em favor do agente público que
causou o dano, pois a parte final do § 6º do art. 37, implicitamente, afirmaria que a vítima não
poderá ajuizar a ação diretamente contra o servidor público que praticou o fato. Este servidor
somente pode ser responsabilizado pelo dano se for acionado pelo próprio Estado, em ação
regressiva, após o Poder Público já ter ressarcido o ofendido. Essa posição foi adotada há
alguns anos em um precedente da 1ª Turma do STF (RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto,
julgado em 15/08/2006). No mesmo sentido, mas sem mencionar o nome “dupla garantia”,
existe outro precedente: RE 344133, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 09/09/2008; RE
720275/SC , Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/12/2012. Essa não é, contudo, a posição
do STJ (REsp 1325862/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 05/09/2013, DJe 10/12/2013). De acordo com o posicionamento desse tribunal, a vítima
tem a possibilidade de escolher se quer ajuizar a ação: i) somente contra o Estado; ii) somente
contra o servidor público; iii) contra o Estado e o servidor público em litisconsórcio.

Item II) CORRETO: Esse é o posicionamento do STJ, segundo o qual, “A obrigatoriedade da


denunciação da lide deve ser mitigada em ações indenizatórias propostas em face do poder
público pela matriz da responsabilidade objetiva (art. 37, § 6º - CF). O incidente quase sempre
milita na contramão da celeridade processual, em detrimento do agente vitimado. Isso, todavia,

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não inibe eventuais ações posteriores fundadas em direito de regresso, a tempo e modo”.
(REsp 1501216/SC, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe 22/02/2016). Também
nesse sentido: AgRg no AREsp 574301/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
DJe 25/09/2015.

Item III) CORRETO: Esse é o exato posicionamento do STJ, segundo o qual, “Consoante
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, os juros moratórios inerentes aos danos morais
incidem desde a data do evento, mediante aplicação da súmula 54/STJ (Recurso representativo
da controvérsia nº 1132866/SP). A correção monetária, desde a data do arbitramento, nos
moldes do enunciado da súmula 362/STJ (“A correção monetária do valor da indenização do
dano moral incide desde a data do arbitramento.”) (REsp 1501216/SC, Rel. Ministro OLINDO
MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA,
julgado em 16/02/2016, DJe 22/02/2016).

GABARITO: D

20. Acerca das intervenções de terceiro, assinale a alternativa correta:

A) O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar tanto o incidente de resolução
de demandas repetitivas quanto o incidente de assunção de competência.

B) As intervenções de terceiros dependem, ao menos, da demonstração de


interesse jurídico.

C) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica apenas é exigível no


processo de conhecimento.

D) A intervenção anômala dos entes públicos gera o deslocamento de competência.

E) Não se admite a utilização do chamamento ao processo nas demandas voltadas


ao fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde pelos entes
públicos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Partes. Conceito. Capacidade. Ônus. Prerrogativas da Fazenda

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Pública. Representação processual das pessoas jurídicas de direito público. Deve-


res. Responsabilidade por dano processual. Substituição e sucessão das partes.
Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de Terceiros. Espécies. Intervenção anô-
mala da Fazenda Pública. Amicus curiae.

A) INCORRETA: Não há previsão legal para que o amicus curiae recorra da decisão no IAC,
apenas no IRDR, nos termos do art. 138, §3º, do CPC: “O amicus curiae pode recorrer da
decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas”.

B) INCORRETA: Há uma exceção a essa exigência, que ocorre na intervenção anômala,


regulada pelo art. 5º, da Lei 9.469/1997, afirmando em seu parágrafo único que “As pessoas
jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que
indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse
jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais
reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de
deslocamento de competência, serão consideradas partes”.

C) INCORRETA: De acordo com o art. 134, caput, do CPC, “O incidente de desconsideração


é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença
e na execução fundada em título executivo extrajudicial”. Em outros termos, não é exigido
apenas no processo de conhecimento.

D) INCORRETA: Nem sempre há o deslocamento da competência com a intervenção anômala,


que só ocorre quando há interposição de recurso, nos termos do art. 5º, parágrafo único, da
Lei 9.469/1997: “As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão
possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente
da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo
juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer,
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes”.

E) CORRETA: De acordo com o STJ, “O chamamento ao processo da União com base no


art. 77, III, do CPC/1973 (art. 130, III, CPC/2015), nas demandas propostas contra os demais
entes federativos responsáveis para o fornecimento de medicamentos ou prestação de
serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à garanta
fundamental do cidadão à saúde. (STJ, 1ª Seção, REsp 1.203.244 SC, Rel. Min. Herman
Benjamin, j. 09/04/2014, DJe 17/06/2014, recurso repetitivo). Esse entendimento continua na
atualidade, afirmando recentemente o STJ que é “Incabível o instituto de intervenção de
terceiros denominado chamamento ao processo, previsto no art. 77, III do CPC, (típico

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de obrigações solidárias de pagar quantiA), por se tratar de excepcional formação de


litisconsórcio facultativo para entrega de coisa certa (fornecimento de medicamentos),
cuja satisfação não comporta divisão”. (AgInt no REsp 1617502/PI, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 02/08/2017).

GABARITO: E

PROFESSOR: LUIS FILIPE CISCOTTO


E-mail: profcei.luisciscotto@gmail.com

DIREITO CIVIL

21. Sobre o que dispõe o Código Civil a respeito do domicílio, é correto afirmar que:

A) O domicílio da pessoa jurídica empresarial regular é o estatutário ou o contratual,


em que indicada a sede da empresa.

B) Têm domicílio necessário, dentre outros, o militar, o incapaz e o agente


diplomático.

C) Não é possível que a mesma pessoa tenha vários domicílios voluntários e


necessários.

D) A lei brasileira prevê hipótese de pessoa natural sem domicílio.

E) A residência é um elemento subjetivo do conceito de domicílio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Domicílio.

A) CORRETA: De acordo com o Enunciado n° 55 do CJF da I Jornada de Direito Civil, “o


domicílio da pessoa jurídica empresarial regular é o estatutário ou o contratual em que indicada
a sede da empresa, na forma dos arts. 968, IV, e 969, combinado com o art. 1.150, todos do
Código Civil.” Ademais, conforme o art. 75 do Código Civil, “o domicílio das pessoas jurídicas
é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem

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domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.” Portanto, a afirmativa está correta.

B) INCORRETA: Nos termos do art. 76 do CC/02, têm domicílio necessário o incapaz, o


servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Merece atenção o parágrafo único do art. 76
do CC/02, o qual dispõe que: o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente;
o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar,
onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o
lugar em que cumprir a sentença.

Domicílio Necessário:

Incapaz Representante ou assistente


Lugar que exerce permanentemente suas
Servidor Público
funções
Militar Onde servir
Marinha ou Aeronáutica Sede do comando
Marítimo Onde o navio estiver matriculado
Preso Lugar em que cumprir a sentença

A respeito do agente diplomático, há previsão expressa no Código Civil, art. 77, quanto
ao lugar em que ele poderá ser demandado, caso não tenha designado seu domicílio no
país: “O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal
ou no último ponto do território brasileiro onde o teve”.

C) INCORRETA: É perfeitamente possível que a mesma pessoa tenha vários domicílios


voluntários e necessários. A legislação civil brasileira admite a pluralidade domiciliar para a
pessoa natural que tenha diversas residências, onde viva alternadamente, considerando-se
domicílio qualquer delas; também a pessoa que exerça profissão em municípios diversos terá
cada um deles como domicílio para as relações jurídicas que lhe corresponderem. Assim,
prevalece no Brasil a teoria da pluralidade de domicílios. Foi consagrada, expressamente,
esta opção no Código Civil, art. 71: “Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”. Ainda, o art. 72
do CC refere que é também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes
à profissão, o lugar onde esta é exercida e seu parágrafo único disciplina que, se a pessoa
exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações

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que lhe corresponderem.

D) INCORRETA: A lei brasileira NÃO prevê hipótese de pessoa natural sem domicílio. Aquele
que não tiver residência habitual, ter-se-á por domicílio o lugar onde for encontrado nos termos
do art. 73 do CC/02. Portanto, para o “itinerante” (a doutrina cita como exemplos: ciganos,
circenses, caixeiro-viajante, etc.) aplica-se a regra do art. 73, CC. Assim, tendo em vista que o
domicílio é um atributo da personalidade, não existe pessoa natural que não o possua. Ainda
que seja um andarilho, terá domicílio aparente.

E) INCORRETA: A residência é um elemento do conceito de domicílio, que constitui o seu


elemento OBJETIVO. O conceito de domicílio está previsto no artigo 70 do CC/02: “O domicílio
da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”. Por
essa definição, o Código Civil ressalta a caracterização do domicílio mediante dois elementos,
o objetivo e o subjetivo: A) Elemento Objetivo: residência; e B) Elemento Subjetivo: ânimo
definitivo.

GABARITO: A

22. A respeito do regime jurídico dos bens, previsto no Código Civil, assinale a alternativa
CORRETA:

A) Considera-se bem imóvel, para os efeitos legais, o direito à sucessão aberta


bem como a motocicleta que, por defeito irreparável do motor, é insuscetível de
movimento próprio.

B) A hipoteca de um navio é exemplo de bem imóvel.

C) As partes integrantes são desprovidas de existência material própria.

D) O complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico,


constitui universalidade de fato.

E) Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos pessoais de caráter


patrimonial e respectivas ações.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Bens.

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A) INCORRETA: De acordo com o Código Civil, art. 80, inciso II, o direito à sucessão aberta é
considerado bem imóvel, para os efeitos legais. Entretanto, no caso da motocicleta com defeito
no motor, apesar de ser insuscetível de movimento próprio, ela pode ser removida por outrem
sem alteração da substância ou destinação econômico-social. Portanto, ela continuará sendo
um bem móvel. Nesse sentido, o art. 82 do CC/02 dispõe que: “são móveis os bens suscetíveis
de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social”.

B) INCORRETA: Segundo Flávio Tartuce, “os navios e as aeronaves são considerados bens
móveis especiais (sui generis), pois, apesar de serem móveis pela essência, são tratados
pela lei como imóveis, necessitando de registro especial e admitindo hipoteca.” A hipoteca
nada mais é do que um direito real de garantia sobre a coisa alheia, oponível erga omnes
(contra todos), cujo objeto será imóveis, navios e aeronaves, conforme artigos. 1.473 a 1505
do CC/02. Importante: Na hipoteca, a posse do bem continuará com o seu proprietário. Para
Clóvis Beviláqua, “a hipoteca é um direito real, que recai sobre imóvel, navio ou aeronave,
para garantia de qualquer obrigação de ordem econômica, sem transferência da posse do bem
gravado, com o credor.” A hipoteca de navios e aeronaves é prevista no Código Civil. E quando
assim o faz, a legislação permite a hipoteca de bens móveis como situação excepcional,
simplesmente para que não haja a perda da posse dos referidos bens. A legislação opta por
inserir a situação jurídica dos navios e das aeronaves, diante desta peculiaridade relativa à
ausência da perda da posse, na disciplina jurídica da hipoteca (CC, art. 1.473, incisos VI e VII).
Assim, o legislador inseriu os navios e as aeronaves na garantia da hipoteca e, a partir disso,
permitiu a manutenção da posse direta de tais bens com o próprio devedor, ou garantidor,
prestigiando a economia, a circulação de riquezas e a função social da propriedade. Conforme
o CC/02, art. 83: Consideram-se MÓVEIS para os efeitos legais: II - os direitos reais sobre
objetos móveis e as ações correspondentes. Portanto, os navios e as aeronaves são bens
móveis especiais ou sui generis. Eles têm registro especial e admitem hipoteca (art. 1.473).
Mas isso não os torna imóveis.

C) CORRETA: De acordo com Maria Helena Diniz, ”as partes integrantes são os bens acessórios
que estão unidos ao bem principal, formando com este último um todo independente.” As partes
integrantes são desprovidas de existência material própria, mesmo mantendo integridade, a
exemplo da lâmpada em relação ao lustre ou a lente de uma câmera filmadora. Diferentemente
das pertenças, que são bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade ou
trabalho intelectual do proprietário, não constituindo partes integrantes. Estas se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Portanto, as pertenças
não são bens acessórios, não se submetem à teoria da gravitação jurídica, são bens com

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função própria que se acoplam a outros bens sem perderem sua funcionalidade. Exemplo: Ar
condicionado em casa; tratores em fazenda.

D) INCORRETA: Os bens coletivos ou universais encontram-se agregados em um todo. Eles


são constituídos por várias coisas singulares, consideradas no conjunto e formando um todo
individualizado. O conceito do enunciado refere-se, na verdade, à universalidade de direito,
que está disposto no art. 91 do CC/02: “Constitui universalidade de direito o complexo de
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico”. Enquanto isso, o art. 90
do CC/02 refere que “Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária” e, conforme o seu parágrafo único,
“Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias”.
Portanto, os bens universais podem decorrer de uma união fática ou jurídica: A) Universalidade
de fato: consiste na pluralidade de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre
si pela vontade humana e que tenham utilização unitária, sendo possível que tais bens sejam
objeto de relações jurídicas próprias. Trata-se do conjunto de bens únicos ou autônomos,
de propriedade de uma única pessoa, direcionados a um mesmo fim. Exemplo: Biblioteca
– é o conjunto de livros – que é destinada para um único fim; Pinacoteca (quadros); Boiada
(bois); B) Universalidade de Direito: é o conjunto de bens singulares, tangíveis ou intangíveis,
ou o complexo de relações jurídicas, de uma única pessoa, dotadas de valor econômico. A
universalidade de direito decorre unicamente da lei. Trata-se da pluralidade de bens corpóreos
e incorpóreos a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade. Exemplo: herança,
massa falida, espólio, patrimônio, etc. Nas lições de Cristiano Chaves de Farias e Nelson
Rosenvald, patrimônio é “o complexo de relações jurídica apreciáveis economicamente
(ativas e passivas) de uma determinada pessoa. Ou seja, é a totalidade dos bens dotados
de economicidade pertencentes a um titular, seja corpóreos ou incorpóreos.”. O patrimônio é
enquadrado como uma universalidade jurídica.

E) INCORRETA: Consideram-se MÓVEIS para os efeitos legais os direitos pessoais de caráter


patrimonial e respectivas ações. Conforme dispõe o art. 83 do CC/02: Consideram-se móveis
para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre
objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial
e respectivas ações.

GABARITO: C

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23. No que se refere às modalidades das obrigações, assina a opção correta:

A) Havendo pluralidade de credores e devedores, nas obrigações solidárias


o devedor poderá opor a todos os credores exceção pessoal que tenha contra
apenas um deles, enquanto que, nas obrigações indivisíveis, a exceção pessoal
não se estende aos demais credores.

B) Nas obrigações in solidum, os devedores, que mantém a solidariedade entre si,


estão obrigados pela totalidade da dívida.

C) Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha cabe ao credor.

D) Não perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e


danos.

E) Até a tradição pertence ao devedor a coisa. Os frutos percebidos são do devedor,


cabendo ao credor os pendentes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Obrigações: A) Modalidades: Obrigação de dar coisa certa, de dar


coisa incerta, de fazer, de não fazer, alternativa, facultativa, divisível e indivisível;

A) INCORRETA: A exceção pessoal nunca pode ser oposta aos demais credores. Trata-se
de exceção personalíssima. Observe o disposto no art. 273 do CC/02: “A um dos credores
solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. Enquanto
isso, o art. 281 do CC/02, refere que “O devedor demandado pode opor ao credor as exceções
que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a
outro codevedor”. Portanto, diante do texto legal, a assertiva está incorreta.

B) INCORRETA: A obrigação in solidum corresponde àquela que, embora haja uma vinculação
pelo mesmo fato, os devedores não mantém solidariedade entre si. Exemplo: a vítima de um
incêndio pode acionar o terceiro que causou o incêndio e a seguradora, entretanto, embora estes
estejam ligados pelo mesmo fato (incêndio), não há solidariedade entre as suas obrigações.
Portanto, na obrigação in solidum, há pluralidade de devedores ligados ao credor pelo mesmo
fato, sem, contudo, existir solidariedade entre eles.

C) INCORRETA: Nas obrigações de dar coisa incerta a escolha caberá ao DEVEDOR, se o

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contrário não resultar do título da obrigação. Ademais, ele não será obrigado a dar coisa pior
nem prestar a melhor, devendo ser considerada a média. Ou seja, pelo princípio da equivalência
das prestações, a escolha do devedor não pode recair sobre a coisa que seja menos valiosa,
e, também, ele não pode ser compelido a entregar a coisa mais valiosa, devendo o objeto
recair sempre dentro do gênero intermediário. Flávio Tartuce cita como exemplo a hipótese em
que duas partes obrigacionais pactuam a entrega de um animal que faz parte do rebanho do
vendedor. Nesse caso, haverá a necessidade de determinação futura do objeto, por meio de
uma escolha. Assim, coisa incerta não significa qualquer coisa, mas uma coisa indeterminada
suscetível de determinação futura. Por fim, antes da escolha, o devedor não poderá alegar
perda ou deterioração da coisa, AINDA QUE POR FORÇA MAIOR ou CASO FORTUITO.
Desse modo, sugere-se ao aluno revisar as disposições dos arts. 243 a 246 do CC/02, que
dispõem a respeito do tema:

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence
ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

D) INCORRETA: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e


danos nos termos no art. 263 do CC/02. Nesse sentido, também há o Enunciado n° 540 do
CJF, o qual dispõe que, “havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa
de apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só
o culpado, pelas perdas e danos.” Situação diversa ocorre na obrigação solidária: havendo a
conversão em perdas e danos, subsistirá, para todos os efeitos, a solidariedade, conforme o art.
271 do CC/02. Assim, de acordo com Flávio Tartuce, “aqui reside outra diferença substancial
entre obrigação indivisível e obrigação solidária. Conforme comando em análise, a obrigação
indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma
obrigação de dar divisível. Já a obrigação solidária, tanto ativa quanto passiva não perde sua
natureza se convertida em perdas e danos.” Quanto às obrigações indivisíveis, o parágrafo
2° do art. 263 do CC divide a doutrina. Ele dispõe que: Perde a qualidade de indivisível a
obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo,
houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um

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só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Para a
primeira corrente, defendida por Maria Helena Diniz, Gustavo Tepedino e Flávio Tartuce, a
exoneração mencionada no §2° do art. 263 é total, atingindo tanto o valor da prestação quanto a
indenização suplementar, uma vez que, com a conversão em perdas e danos, a indivisibilidade
desaparece, entrando o valor da obrigação nas perdas e nos danos, como dano emergente. Já
uma segunda corrente entende que a exoneração não é total. Assim, havendo culpa de um
dos devedores, os devedores não-culpados respondem proporcionalmente pelo valor da coisa;
enquanto o devedor culpado responde proporcionalmente pelo valor da coisa além das perdas
e danos. Nesse sentido: Álvaro Villaça Azevedo. Flávio Tartuce discorda desta última corrente,
pois, seguindo-a, a obrigação indivisível ficaria próxima da obrigação solidária, quando é nítido
que a conversão em perdas e danos diferenciam os institutos substancialmente. Situação
diferente acontece na solidariedade, pois o vínculo é subjetivo e, desta forma, não se desfaz
com a conversão em perdas e danos. Logo, se apenas um dos devedores agir com culpa,
todos responderão pelo principal, haja vista que a solidariedade permanece para todos os
efeitos, mas só o culpado responderá pelas perdas e danos. Em síntese, a solidariedade se
assemelha a indivisibilidade apenas pelo aspecto de que o credor pode exigir de um só dos
devedores o pagamento da totalidade do objeto. Porém, diferem por diversas razões:

A) Cada devedor solidário pode ser compelido ao pagamento integral da divida, por
ser devedor do todo. Já nas obrigações indivisíveis o codevedor só responde por
sua quota parte. Pode ser compelido ao pagamento da totalidade somente porque
é impossível fracioná-lo;

B) Perde a qualidade de indivisível se a obrigação se resolver em perdas e danos,


fato que não ocorre na solidariedade;

C) A indivisibilidade verifica-se automaticamente, ao passo que a solidariedade


nunca se presume, resultando expressamente da lei ou da vontade das partes.

E) CORRETA: O enunciado exige conhecimentos do Código Civil, que dispõe que, até a
tradição, pertence ao DEVEDOR a coisa, com seus melhoramentos, pelos quais ele poderá
exigir o aumento do preço, sob pena de resolução da obrigação. Flávio Tartuce ensina que,
“como melhoramentos devem ser incluídos os frutos, acessórios que são retirados do principal
sem lhe diminuir a quantidade.” Quanto aos frutos, os PERCEBIDOS são do DEVEDOR, e os
PENDENTES do CREDOR, conforme previsão do parágrafo único do art. 237: “Art. 237. Até a
tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Vale

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lembrar que essa regra aplica-se ao devedor possuidor de boa-fé, regra geral pela presunção
do justo título. Entretanto, se o possuidor estiver de má-fé, não haverá qualquer direito, além
de responder por todos os frutos colhidos e percebidos, e por aqueles que, por culpa sua,
deixou de perceber, nos termos do art. 1.216 do Código Civil.

GABARITO: E

24. Com base no Decreto-Lei n° 4.657/1942 − Lei de Introdução às normas do Direito


Brasileiro − LINDB, assinale a alternativa CORRETA:

A) As emendas ou correções à lei que já tenha entrado em vigor não são


consideradas lei nova.

B) Os direitos de família são determinados pela lei do país em que domiciliada a


pessoa. No caso de nubentes com domicílios diversos, a lei do último domicílio
conjugal regerá tanto os casos de invalidade do matrimônio quanto o regime de
bens.

C) Em viagem ao exterior, Pedro contraiu uma dívida de jogo no valor de R$50.000,00.


Não é juridicamente possível a cobrança dessa dívida no Brasil.

D) De acordo com a LINDB, aplica-se o princípio da vigência sincrônica quando a


lei for omissa quanto ao período de “vacatio legis”.

E) A revogação tácita equivale à repristinação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro - LINDB

A) INCORRETA: Nos termos do art. 1°, §4° do Decreto-Lei nº 4.657/42, as correções a texto
de lei já em vigor consideram-se lei nova. Ademais, se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer
nova publicação de seu texto, destinada a correção, o período de “vacatio legis” começará a
correr a partir da nova publicação (art. 1°,§3° da LINDB).

B) INCORRETA: Os direitos de família são determinados pela do país em que domiciliada a


pessoa. Contudo, no caso de nubentes com domicílios diversos, a lei do PRIMEIRO domicílio
conjugal regerá tanto os casos de invalidade do matrimônio quanto o regime de bens. Observe:

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LINDB, Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1º Realizando-se o
casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às
formalidades da celebração. § 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. § 3º Tendo os nubentes
domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio
conjugal. § 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem
os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

C) INCORRETA: O Superior Tribunal de Justiça decidiu que é perfeitamente possível a


cobrança de dívida de jogo contraída no exterior. A cobrança de dívidas contraídas em países
onde jogos de azar são legais pode ser feita por meio de ação ajuizada pelo credor no Brasil,
submetendo-se ao ordenamento jurídico nacional. Ao analisar o caso de uma dívida superior
a US$ 1 milhão, supostamente feita por um brasileiro em torneio de pôquer no cassino Wynn
Las Vegas, dos Estados Unidos, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu
que a cobrança é juridicamente possível, desde que provado que o jogo é legal no local onde
foi praticado. De acordo com o Relator. Min. Villas Bôas Cueva, a cobrança só seria impossível
caso ofendesse a soberania nacional ou a ordem pública, o que não ficou configurado no caso
concreto. (STJ, REsp 1628974, Terceira TurmA). Ademais, aplicou-se na presente situação
o artigo 9º da LINDB: “Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país
em que se constituírem.” Portanto, como a obrigação é válida no país no qual foi pactuada ela
pode ser cobrada no Brasil. Essa cobrança não ofende a soberania nacional, a ordem pública
e os bons costumes. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.974-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 13/6/2017).

D) CORRETA: De acordo com o princípio da vigência sincrônica, a lei começa a vigorar em


todo país simultaneamente, ou seja, ao mesmo tempo. Sendo a lei omissa quanto ao seu
período de “vacatio legis”, este será de 45 dias. LINDB, Art. 1º: Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

E) INCORRETA: A repristinação e a revogação tácita possuem conceitos distintos: A)


Repristinação: Trata-se do fenômeno legislativo segundo o qual há a entrada novamente
em vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou.
Contudo, a repristinação deve ser expressa. B) Revogação Tácita: Já a revogação tácita,
ocorre quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há disposição expressa no
texto novo indicando a lei que foi revogada, nos termos da LINDB, Art. 2, § 1°: “A lei posterior
revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou

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quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.

GABARITO: D

25. É possível afirmar que na alienação fiduciária em garantia de bens móveis e imóveis:

A) É possível a intimação por hora certa do devedor fiduciante para que seja
constituído em mora, conforme previsão expressa da Lei 9.514/1997.

B) Não é possível que ocorra a purgação da mora se esta ocorrer após a


consolidação da propriedade imóvel em nome do credor.

C) A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária em garantia no


cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame no órgão de
trânsito constituem requisitos de validade do negócio.

D) A tese do adimplemento substancial pode ser aplicada.

E) Em relação à taxa de ocupação devida pelo devedor fiduciante em favor do credor


fiduciário em razão da ocupação por aquele do imóvel financiado, embora seu valor
não seja definido pela Lei 9.514/1997, a sua cobrança se dá independentemente de
ser legítima ou não a posse do devedor fiduciante.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Alienação fiduciária em garantia de bens móveis e imóveis.

A) CORRETA: No que diz respeito à alienação fiduciária de bem imóvel, a Lei n° 13.465/17
promoveu importante alteração na Lei n° 9.514/97, permitindo agora a intimação por hora
certa do devedor fiduciante para que seja constituído em mora, nos termos do art. 26,
§3°- A. Outra novidade prevista na referida lei, foi o acréscimo do §3°-B no mesmo artigo,
prevendo a possibilidade de intimação do funcionário da portaria para fins de complementação
da intimação por hora certa nos condomínios edilícios: “Lei 9.514/97, Art. 26. Vencida e não
paga, no todo ou em parte, a dívida e constituído em mora o fiduciante, consolidar-se-á, nos
termos deste artigo, a propriedade do imóvel em nome do fiduciário. § 1º Para os fins do disposto
neste artigo, o fiduciante, ou seu representante legal ou procurador regularmente constituído,
será intimado, a requerimento do fiduciário, pelo oficial do competente Registro de Imóveis,

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a satisfazer, no prazo de quinze dias, a prestação vencida e as que se vencerem até a data
do pagamento, os juros convencionais, as penalidades e os demais encargos contratuais, os
encargos legais, inclusive tributos, as contribuições condominiais imputáveis ao imóvel, além
das despesas de cobrança e de intimação. § 2º O contrato definirá o prazo de carência após o
qual será expedida a intimação. § 3º A intimação far-se-á pessoalmente ao fiduciante, ou ao seu
representante legal ou ao procurador regularmente constituído, podendo ser promovida, por
solicitação do oficial do Registro de Imóveis, por oficial de Registro de Títulos e Documentos da
comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-la, ou pelo correio, com
aviso de recebimento. § 3°-A. Quando, por duas vezes, o oficial de registro de imóveis ou de
registro de títulos e documentos ou o serventuário por eles credenciado houver procurado o
intimando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita motivada
de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que,
no dia útil imediato, retornará ao imóvel, a fim de efetuar a intimação, na hora que designar,
aplicando-se subsidiariamente o disposto nos arts. 252, 253 e 254 da Lei no 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017). § 3°-B. Nos
condomínios edilícios ou outras espécies de conjuntos imobiliários com controle de acesso,
a intimação de que trata o § 3º-A poderá ser feita ao funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)”.

Por fim, um breve resumo quanto à disciplina legal da alienação fiduciária:

1) Alienação fiduciária de bens MÓVEIS fungíveis e infungíveis quando o credor


fiduciário for instituição financeira: Lei nº 4.728/65 e Decreto-Lei nº 911/69

2) Alienação fiduciária de bens MÓVEIS infungíveis quando o credor fiduciário


for pessoa natural ou jurídica (sem ser banco): Código Civil de 2002 (arts. 1.361
a 1.368-A)

3) Alienação fiduciária de bens IMÓVEIS: Lei nº 9.514/97

B) INCORRETA: Mesmo que já consolidada a propriedade do imóvel dado em garantia em nome


do credor fiduciário, é possível a purgação da mora. Assim, de acordo com o entendimento do
STJ, a purgação da mora é admitida até a assinatura do auto de arrematação. Nos contratos
de alienação fiduciária de bem imóvel (regido pela Lei 9.514/97) aplica, subsidiariamente, o
Decreto-Lei 70/1966, que prevê o seguinte que “é lícito ao devedor, a qualquer momento, até a
assinatura do auto de arrematação, purgar o débito”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.462.210-RS, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/11/2014 (Info 552).

C) INCORRETA: A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária em garantia no

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cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame no órgão de trânsito


não constituem requisitos de validade do negócio, tendo apenas o condão de torná-lo eficaz
perante terceiros. Precedentes: REsp 1190372/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 15/10/2015, DJe 27/10/2015; REsp 1072905/DF. “O registro
em cartório e a anotação no certificado do veículo não são requisitos de validade do contrato
de alienação fiduciária, servem para preservação do interesse de terceiros, não podendo ser
opostos quando a discussão envolver os contratantes originários.” (REsp 1101375/RS, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 01/07/2013).

D) INCORRETA: A 2ª seção do STJ entendeu inaplicável a teoria do adimplemento substancial


na alienação fiduciária. “Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos
de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69.” (STJ, REsp 1622555/
MG. Informativo n° 599 do STJ). “1. A incidência subsidiária do Código Civil, notadamente as
normas gerais, em relação à propriedade/titularidade fiduciária sobre bens que não sejam
móveis infungíveis, regulada por leis especiais, é excepcional, somente se afigurando possível
no caso em que o regramento específico apresentar lacunas e a solução ofertada pela “lei
geral” não se contrapuser às especificidades do instituto regulado pela lei especial (ut Art.
1.368-A, introduzido pela Lei n. 10931/2004). 1.1 Além de o Decreto-Lei n. 911/1969 não tecer
qualquer restrição à utilização da ação de busca e apreensão em razão da extensão da mora
ou da proporção do inadimplemento, é expresso em exigir a quitação integral do débito como
condição imprescindível para que o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Em seus
termos, para que o bem possa ser restituído ao devedor, livre de ônus, não basta que ele
quite quase toda a dívida; é insuficiente que pague substancialmente o débito; é necessário,
para esse efeito, que quite integralmente a dívida pendente. 2. Afigura-se, pois, de todo
incongruente inviabilizar a utilização da ação de busca e apreensão na hipótese em que o
inadimplemento revela-se incontroverso desimportando sua extensão, se de pouca monta ou
se de expressão considerável, quando a lei especial de regência expressamente condiciona a
possibilidade de o bem ficar com o devedor fiduciário ao pagamento da integralidade da dívida
pendente. Compreensão diversa desborda, a um só tempo, do diploma legal exclusivamente
aplicável à questão em análise (Decreto-Lei n. 911/1969), e, por via transversa, da própria
orientação firmada pela Segunda Seção, por ocasião do julgamento do citado Resp n.
1.418.593/MS, representativo da controvérsia, segundo a qual a restituição do bem ao devedor
fiduciante é condicionada ao pagamento, no prazo de cinco dias contados da execução da
liminar de busca e apreensão, da integralidade da dívida pendente, assim compreendida
como as parcelas vencidas e não pagas, as parcelas vincendas e os encargos, segundo os
valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial. 3. Impor-se ao credor a preterição da

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ação de busca e apreensão (prevista em lei, segundo a garantia fiduciária a ele conferidA)
por outra via judicial, evidentemente menos eficaz, denota absoluto descompasso com o
sistema processual. Inadequado, pois, extinguir ou obstar a medida de busca e apreensão
corretamente ajuizada, para que o credor, sem poder se valer de garantia fiduciária dada (a
qual, diante do inadimplemento, conferia-lhe, na verdade, a condição de proprietário do bem),
intente ação executiva ou de cobrança, para só então adentrar no patrimônio do devedor,
por meio de constrição judicial que poderá, quem sabe (respeitada o ordem legal), recair
sobre esse mesmo bem (naturalmente, se o devedor, até lá, não tiver dele se desfeito). 4. A
teoria do adimplemento substancial tem por objetivo precípuo impedir que o credor resolva a
relação contratual em razão de inadimplemento de ínfima parcela da obrigação. A via judicial
para esse fim é a ação de resolução contratual. Diversamente, o credor fiduciário, quando
promove ação de busca e apreensão, de modo algum pretende extinguir a relação contratual.
Vale-se da ação de busca e apreensão com o propósito imediato de dar cumprimento aos
termos do contrato, na medida em que se utiliza da garantia fiduciária ajustada para compelir
o devedor fiduciante a dar cumprimento às obrigações faltantes, assumidas contratualmente
(e agora, por ele, reputadas ínfimas). A consolidação da propriedade fiduciária nas mãos do
credor apresenta-se como consequência da renitência do devedor fiduciante de honrar seu
dever contratual, e não como objetivo imediato da ação. E, note-se que, mesmo nesse caso, a
extinção do contrato dá-se pelo cumprimento da obrigação, ainda que de modo compulsório,
por meio da garantia fiduciária ajustada. 4.1 É questionável, se não inadequado, supor que
a boa-fé contratual estaria ao lado de devedor fiduciante que deixa de pagar uma ou até
algumas parcelas por ele reputadas ínfimas mas certamente de expressão considerável, na
ótica do credor, que já cumpriu integralmente a sua obrigação e, instado extra e judicialmente
para honrar o seu dever contratual, deixa de fazê-lo, a despeito de ter a mais absoluta ciência
dos gravosos consectários legais advindos da propriedade fiduciária. A aplicação da teoria
do adimplemento substancial, para obstar a utilização da ação de busca e apreensão, nesse
contexto, é um incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas contratuais, com o nítido
propósito de desestimular o credor - numa avaliação de custo-benefício - de satisfazer seu
crédito por outras vias judiciais, menos eficazes, o que, a toda evidência, aparta-se da boa-
fé contratual propugnada. 4.2. A propriedade fiduciária, concebida pelo legislador justamente
para conferir segurança jurídica às concessões de crédito, essencial ao desenvolvimento da
economia nacional, resta comprometida pela aplicação deturpada da teoria do adimplemento
substancial. 5. Recurso Especial provido. (REsp 1622555/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/02/2017, DJe 16/03/2017).

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E) INCORRETA: A taxa de ocupação devida pelo devedor fiduciante em decorrência da ocupação


do imóvel financiado é disciplinada no artigo 37-A c/c artigo 24, VI, ambos da Lei 9.514/1997.
Observe: “Art. 24. O contrato que serve de título ao negócio fiduciário conterá: VI - a indicação,
para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critérios para a respectiva
revisão. (...) Art. 37-A. O fiduciante pagará ao fiduciário, ou a quem vier a sucedê-lo, a título de
taxa de ocupação do imóvel, por mês ou fração, valor correspondente a um por cento do valor a
que se refere o inciso VI do art. 24, computado e exigível desde a data da alienação em leilão até
a data em que o fiduciário, ou seus sucessores, vier a ser imitido na posse do imóvel. (Incluído
pela Lei nº 10.931, de 2004)”. A partir da leitura dos artigos mencionados, pode-se concluir
que: A) o valor da taxa se encontra definido pela lei (1% do valor de venda do imóvel em leilão
indicado no contrato de alienação fiduciáriA); B) é possível a sucessão na posição de credor
da taxa (pense-se na hipótese de aquisição do bem por arrematação em leilão: o arrematante
poderá ser sucessor do credor fiduciário); C) o termo final de incidência da taxa é a imissão de
quem de direito na posse do imóvel (e consequente retirada do devedor fiduciantE). Ademais,
o STJ considera que a taxa de ocupação decorre da ausência de posse legítima do imóvel pelo
devedor fiduciante, e, ainda que o bem venha a ser adjudicado (não arrematado, conforme o
artigo 37), a taxa será devida, sob pena de enriquecimento sem causa do devedor fiduciante:
“RECURSO ESPECIAL (ART. 105, III, “A” E “C”, DA CF) - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE IMÓVEL - RETOMADA DO BEM POR INICIATIVA
DO CREDOR FIDUCIÁRIO APÓS FRUSTRADOS LEILÕES EXTRAJUDICIAIS - HIPÓTESE
QUE AUTORIZA A FIXAÇÃO DE TAXA DE OCUPAÇÃO DO IMÓVEL ENQUANTO MANTIDO
EM PODER DO DEVEDOR FIDUCIANTE - ART. 37-A DA LEI N. 9.514/1997- VEDAÇÃO AO
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA - RECURSO PROVIDO. 1. O art. 37-A da Lei n. 9.514/1997,
nela introduzido por força da Lei n. 10.931/2004, dispõe que: “O fiduciante pagará ao fiduciário,
ou a quem vier a sucedê-lo, a título de taxa de ocupação do imóvel, por mês ou fração, valor
correspondente a um por cento do valor a que se refere o inciso VI do art. 24, computado e
exigível desde a data da alienação em leilão até a data em que o fiduciário, ou seus sucessores,
vier a ser imitido na posse do imóvel’’. 2. A mens legis, ao determinar e disciplinar a fixação da
taxa de ocupação, tem por objetivo compensar o novo proprietário em razão do tempo em que
se vê privado da posse do bem adquirido, cabendo ao antigo devedor fiduciante, sob pena de
evidente enriquecimento sem causa, desembolsar o valor correspondente ao período no qual,
mesmo sem título legítimo, ainda usufrui do imóvel. 3. Nesse quadro, embora o dispositivo
subordine o arbitramento da taxa de ocupação à “alienação em leilão”, seu texto reclama
interpretação extensiva, abarcando também a hipótese em que a propriedade se resolve a bem
do credor fiduciário por terem sido frustradas as tentativas de venda extrajudicial. Conquanto,
em rigor técnico-jurídico, não se cuide, aqui, de uma verdadeira alienação, importa reconhecer

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que a consolidação equivale a uma operação de transferência jurídica patrimonial, já que o


credor deixa de ter a propriedade meramente resolúvel, incorporando-a em seu sentido pleno,
fazendo jus, portanto, a ser compensado pela posse injusta exercida desde a aquisição do
novo título até desocupação do imóvel. 4. Recurso especial provido.” (STJ, Resp 1.328.656, 4ª
Turma, Marco Buzzi, DJe 18/09/2012).

GABARITO: A

26. A respeito dos direitos reais de gozo ou fruição, assinale a afirmativa CORRETA:

A) A Servidão poderá ser extinta pelo não uso durante quinze anos contínuos.

B) O direito de superfície previsto no Código Civil abrange o imóvel urbano ou


rural, tem exploração restrita às plantações ou às construções e, em regra, não
pode recair sobre o subsolo e o espaço aéreo.

C) A extinção do usufruto pelo não uso do imóvel deve observar o prazo prescricional
de 10 anos previsto no art. 205 do Código Civil.

D) Os frutos civis decorrentes do usufruto, como os juros e os aluguéis, vencidos


desde a data de seu início, pertencem ao usufrutuário.

E) O direito real de habitação em favor do cônjuge precisa ser inscrito no registro


imobiliário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Direitos reais sobre coisa alheia de gozo: superfície, servidão,
usufruto, uso, habitação.

A) INCORRETA: De acordo com o art. 1.389, inciso III, a servidão será extinta pelo não uso,
durante dez anos contínuos:

Código Civil. Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao
cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lhe impugne:

I - quando o titular houver renunciado a sua servidão;

II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade,

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que determinou a constituição da servidão;

III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.

Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade
de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção:

I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;

II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título
expresso;

III - pelo não uso, durante dez anos contínuos.

B) CORRETA: A superfície é um instituto real pelo qual o proprietário concede a outrem, por
tempo determinado ou indeterminado, gratuita ou onerosamente, o direito de construir ou
plantar em seu terreno. Esse direito de fruição recai sempre sobre bens imóveis, urbanos ou
rurais, mediante escritura pública, registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Conforme
previsão do art. 1.369, parágrafo único do CC, o direito de superfície não autoriza a realização
de obras no subsolo, salvo se tal utilização for inerente à concessão. De acordo com Cristiano
Chaves e Nelson Rosenvald, “excepcionalmente se viabilizará no subsolo ou no espaço
aéreo. No subsolo, o direito de superfície precisa ultrapassar dois óbices: não podem existir
recursos minerais, caso em que a União adquire a propriedade, e a utilização do espaço deve
ser fundamental para o empreendimento (ex.: construção de shopping com necessidade de
garagem no subterrâneo). Quanto ao espaço aéreo, a previsão é expressa no art. 21, §1°,
da Lei 10.257/2001, sendo uma de suas aplicações práticas a aquisição por condomínios da
superfície do terreno vizinho, com o fim de impedir qualquer edificação no imóvel contíguo
acima de limites que inviabilizem o sossego, a privacidade e, mesmo, o campo visual das
superfícies.” Por fim, vale mencionar o Enunciado 93 da I Jornada de Direito Civil do CJF: Art.
1.369: As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície não revogam as relativas
a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) por ser instrumento
de política de desenvolvimento urbano.

Código Civil.

Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar


em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente
registrada no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for

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inerente ao objeto da concessão.

Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa,


estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.

C) INCORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, a extinção do usufruto pelo não


uso de imóvel pode ocorrer independentemente de prazo certo, sempre que verificado o não
atendimento dos fins sociais da propriedade. Para a ministra Nancy Andrighi, o artigo 1.228,
parágrafo 1º, do CC estabelece que a usufrutuária tem a obrigação de exercer seu direito em
consonância com as finalidades social e econômica a que se destina a propriedade. Para
assegurar que seja cumprida essa função, o Código Civil de 2002 instituiu o não uso da coisa
como causa extintiva do usufruto. A relatora observa que o legislador não estipulou o prazo
mínimo a ser observado para a hipótese discutida no recurso, ou seja, o não uso do bem.
Contudo, aponta que a doutrina tem se inclinado pela aplicação do prazo de dez anos, baseada
na regra geral de prescrição do artigo 205 do Código Civil ou empregando, por analogia, o
prazo previsto para extinção de servidões pelo mesmo motivo. No entanto, segundo Nancy
Andrighi, não é possível admitir que sejam aplicados prazos prescricionais, primeiro porque
a norma do Código Civil de 1916, que previa a extinção do usufruto pela prescrição, não foi
reeditada pelo Código atual, encontrando-se, portanto, revogada. Segundo, porque o usufruto
– direito real – não prescreve. A relatora entendeu que a ausência de prazo específico deve
ser interpretada como opção deliberada do legislador, e não como lacuna da lei. Segue a
ementa da decisão: “(..) 4- O usufruto encerra relação jurídica em que o usufrutuário - titular
exclusivo dos poderes de uso e fruição - está obrigado a exercer seu direito em consonância
com a finalidade social a que se destina a propriedade. Inteligência dos arts. 1.228, § 1º, do
CC e 5º, XXIII, da Constituição. 5- No intuito de assegurar o cumprimento da função social
da propriedade gravada, o Código Civil, sem prever prazo determinado, autoriza a extinção
do usufruto pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o qual ele recai. 6- A aplicação de
prazos de natureza prescricional não é cabível quando a demanda não tem por objetivo compelir
a parte adversa ao cumprimento de uma prestação. 7- Tratando-se de usufruto, tampouco é
admissível a incidência, por analogia, do prazo extintivo das servidões, pois a circunstância
que é comum a ambos os institutos - extinção pelo não uso - não decorre, em cada hipótese,
dos mesmos fundamentos. 8- A extinção do usufruto pelo não uso pode ser levada a efeito
sempre que, diante das circunstâncias da hipótese concreta, se constatar o não atendimento
da finalidade social do bem gravado. 9- No particular, as premissas fáticas assentadas pelo
acórdão recorrido revelam, de forma cristalina, que a finalidade social do imóvel gravado pelo
usufruto não estava sendo atendida pela usufrutuária, que tinha o dever de adotar uma postura
ativa de exercício de seu direito. 10- Recurso especial não provido.” (STJ, Terceira Turma,

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REsp 1179259, DJe 24/05/2013).

D) INCORRETA: Conforme o Art. 1.398 do Código Civil, os frutos civis, vencidos na data
inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em
que cessa o usufruto.

E) INCORRETA: O STJ possui precedentes afirmando que o direito real de habitação em favor
do cônjuge sobrevivente ocorre ex vi legis, ou seja, por força de lei, dispensando registro no
cartório imobiliário, já que guarda estreita relação com o direito de família (STJ. 3ª Turma. REsp
565.820/PR, julgado em 16/09/2004). “1. A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de
habitação, que decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge sobrevivente mantendo-o no
imóvel destinado à residência da família. 2. O direito real de habitação não exige o registro
imobiliário. 3. Recurso especial conhecido e provido.” (STJ, Terceira Turma, REsp 565820/PR)

GABARITO: B

27. Quanto ao tema da responsabilidade civil, indique a alternativa INCORRETA:

A) Os estabelecimentos de ensino respondem objetivamente pelos danos causados


às crianças e aos adolescentes no ambiente escolar.

B) A responsabilidade do dono ou detentor de animal pelos danos por este causado


é objetiva.

C) Os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de


culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

D) A responsabilidade civil dos nosocômios por atos privativos dos galenos


pressupõe a presença do elemento subjetivo para que exista o dever de indenizar
da instituição em relação aos pacientes/consumidores.

E) Na obrigação continuada, cuja condenação determina o pagamento em parcelas


sucessivas, os juros de mora incidirão a partir da data do evento danoso.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Responsabilidade Civil.

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A) CORRETA: Nos termos do artigo 932 do CC/02, “são também responsáveis pela reparação
civil: IV - os donos dos hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos.” Por
sua vez, o art. 933 estabelece que as pessoas indicadas nos incisos I a V do art. 932, ainda
que não haja culpa de sua parte, responderão solidariamente pelos atos praticados pelos
terceiros ali referidos. Desta forma, as pessoas elencadas no art. 932 respondem objetivamente
pelos segundos elencados, incluindo-se, assim, os estabelecimentos de ensino pelos seus
educandos.

B) CORRETA: Conforme previsão do art. 936 do CC, o dono ou detentor do animal ressarcirá
o dano por este causado, se não provar a culpa da vítima ou força maior. De acordo com Flávio
Tartuce, “como o Código Civil traz somente duas excludentes do dever de indenizar (culpa
exclusiva da vítima e força maior), fica evidenciado que o caso é de típica responsabilidade
objetiva, independentemente de culpa.” Vale ressaltar que para o referido autor, o caso fortuito
e a força maior também são consideradas excludentes de responsabilidade. “Pode-se aplicar a
responsabilidade objetiva do CDC pra acidentes causados por animais, em diálogo das fontes
com o Código Civil. Ilustrem-se os acidentes com animais em circos, hotéis, clubes, parques
de diversão e rodeios. Nessa linha, a jurisprudência superior tem subsumido a Lei 8.078/90
para os acidentes causados por animais em rodovias, respondendo a concessionária pelos
danos causados aos usuários ou terceiros.” (STJ, REsp 1100571/PE, Dje 18.08.2011).

C) CORRETA: Nos termos do art. 931 do Código Civil, “ressalvados outros casos previstos
em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente
de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.” Vale mencionar, ainda,
o art. 932, inciso III, que prevê que o empregador ou comitente são responsáveis por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele, tratando-se de mais um caso de responsabilidade objetiva, independentemente de culpa
(art. 933: As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos).

D) CORRETA: Em regra, a responsabilidade do hospital é objetiva, conforme a teoria do risco


da atividade, previsto no art. 14 do CDC e artigos 186, 187, 927 e 932, III, do CC. Enunciado
n° 191 CJF/STJ, na III Jornada de Direito Civil: A instituição hospitalar privada responde,
na forma do art. 932, III, do CC, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes
do seu corpo clínico. (art. 932, inciso III, CC: o empregador ou comitente são responsáveis
por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou
em razão delE). Vale mencionar uma decisão do STJ bastante didática sobre o assunto: “A

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responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-


consumidor pode ser assim sintetizada:

A) As obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao


fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos
serviços médicos e à supervisão do paciente, hipótese em que a responsabilidade
objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em decorrência de defeito
no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC);

B) Os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou


subordinação com o hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-
se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (art. 14, 4°, CDC), se não
concorreu para a ocorrência do ano;

C) Quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais


da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a
instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional.
Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja
culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar
da instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz,
demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da
prova.” (STJ, REsp 1145728/MG, Quarta Turma, Dje 08.09.2011).

Assim, para fins de responsabilização do hospital, faz-se necessário demonstrar a falha de


serviço cuja atribuição lhe é afeta e a relação de causalidade entre esta e o resultado lesivo.
Entretanto, se o hipotético erro atribuído pelo paciente deriva da imperícia/negligência imputada
a profissional preposto do hospital, e não de falha havida no serviço específico deste último,
a responsabilidade do nosocômio (hospital), embora solidária, somente se configura quando
comprovada a culpa do médico atuante.

Portanto, quanto ao nosocômio, a responsabilidade é objetiva, a qual resta afastada em


caso de comprovação de que o defeito inexiste ou decorre de culpa exclusiva do consumidor
ou de terceiro, nos termos do art. 14, caput e §3º. Não obstante isso, nos casos em que o
defeito na prestação do serviço do hospital não decorre de ato próprio da instituição, mas
está ligado à atuação técnico-profissional do médico a ela vinculado, a responsabilidade do
nosocômio passa necessariamente pela comprovação da culpa do seu agente. Trata-se de
responsabilidade objetiva impura ou imprópria, e depende da responsabilidade subjetiva do
médico (art. 932 e 933 do CC/02). Por fim, aplica-se ao hospital a teoria da responsabilidade

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objetiva, já que os estabelecimentos hospitalares são fornecedores de serviços e, como tais,


respondem objetivamente pelos danos causados aos seus pacientes.

E) INCORRETA: No caso de obrigação continuada, cuja condenação determina o pagamento


em parcelas sucessivas, o STJ entende que os juros de mora somente correrão a partir de cada
vencimento da parcela atrasada, e não mais da data do evento danoso: “Da ratio decidendi
refletida na Súmula 54, infere-se que a fixação do valor indenizatório - sobre o qual incidirá
os juros de mora, a partir do evento danoso - corresponde a uma única prestação pecuniária.
No tocante ao pensionamento fixado pelo Tribunal de origem, por ser uma prestação de trato
sucessivo, os juros moratórios não devem iniciar a partir do ato ilícito - por não ser uma quantia
singular -, tampouco da citação - por não ser ilíquida -, mas devem ser contabilizados a partir do
vencimento de cada prestação, que ocorre mensalmente”. Portanto, se a condenação for por
responsabilidade extracontratual, mas o juiz fixar pensão mensal, neste caso, sobre as parcelas
já vencidas incidirão juros de mora a contar da data em que venceu cada prestação. Sobre as
parcelas vincendas, em princípio não haverá juros de mora, a não ser que o devedor atrase
o pagamento, situação na qual os juros irão incidir sobre a data do respectivo vencimento.”
(STJ. 4ª Turma. REsp 1.270.983-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/3/2016.
Info 580). Assim, para o STJ, quanto às parcelas retroativas, em se tratando de prestações
de trato sucessivo, os juros de mora incidem a partir do vencimento de cada uma (em regra
mensalmentE). Todavia, em se tratando de parcela indenizatória única, como possibilita o art.
950, parágrafo único, do CC (“O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez”), haverá a incidência da S. 54/STJ (Os juros moratórios fluem
a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual).

JUROS MORATÓRIOS:

1) Responsabilidade CONTRATUAL:

A) Obrigação LÍQUIDA: são contados a partir do VENCIMENTO da obrigação (art. 397). Ex.:
Obrigações ex re.

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor.

Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.

B) Obrigação ILÍQUIDA: são contados a partir da CITAÇÃO (art. 405). Ex.: Obrigações mora
ex persona.

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Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

2) Responsabilidade EXTRACONTRATUAL:

A) Regra: fluem a partir do EVENTO DANOSO (S. 54, STJ).

B) Exceção: no caso de pensão mensal, incidirão sobre as parcelas já vencidas a contar da


data em que venceu cada prestação (STJ, REsp 1.270.983-SP)

GABARITO: E

28. Sobre o contrato de doação, é correto afirmar que:

A) É válida a doação realizada por meio de procurador, ainda que o instrumento


procuratório concedido pelo proprietário não mencione o donatário.

B) A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice é nula.

C) A cláusula de reversão pode ser estipulada em favor de terceiro.

D) A doação é caracterizada pela formulação de um contrato oneroso.

E) Na doação, qualquer alienação gratuita que afete a metade indisponível dos


herdeiros necessários será declarada nula.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Contratos: Doação

A) INCORRETA: É inválida a doação realizada por meio de procurador se o instrumento


procuratório concedido pelo proprietário do bem não mencionar o donatário, sendo insuficiente
a declaração de poderes gerais na procuração. (Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp
1.575.048-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/2/2016. Info 577). O contrato de doação
é considerado formal, devendo ser escrito. Em regra, a doação precisa ser feita por escritura
pública ou instrumento particular. Excepcionalmente, será válida a doação verbal de bens
móveis de pequeno valor.

Código Civil:

Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.

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Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

O Código Civil permite que o procurador devidamente constituído faça a doação de um imóvel,
mas para que isso seja válido, é necessário que estejam previstos poderes especiais no
instrumento de mandato, conforme previsão do artigo 661, §1º. Ademais, no caso de doação,
além de haver poderes especiais no mandato, a procuração deverá prever também a pessoa
que será beneficiada com a doação.

Dessa forma, se na procuração não for indicado o donatário do imóvel, a doação realizada
pode ser declarada nula, nos termos do art. 166 do CC/02: É nulo o negócio jurídico quando:
(...) IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para a sua validade.

B) INCORRETA: Nos termos do art. 550 do Código Civil, “a doação do cônjuge adúltero ao
seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois
anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.”

C) INCORRETA: A cláusula de reversão, ou de retorno, consiste em cláusula na qual o doador


estipula que o bem doado retorne ao seu patrimônio, caso o donatário venha a falecer primeiro.
Essa cláusula visa beneficiar apenas o donatário, e não seus sucessores. De acordo com Flávio
Tartuce, “trata-se de uma espécie de condição resolutiva expressa, a qual só tem eficácia se
o doador sobrevier ao donatário. Se o doador falecer antes deste, a condição não ocorre e os
bens doados incorporam-se ao patrimônio do donatário definitivamente, podendo transmitir-se
aos seus herdeiros.” Vale destacar que a cláusula de reversão não pode ser estipulada em
favor de terceiro, mas apenas em favor do próprio doador. Dessa forma, o Código Civil proíbe
o fideicomisso em contrato de doação.

Código Civil. Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimônio, se sobreviver ao donatário.

Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.

D) INCORRETA: Conforme assevera Flávio Tartuce, “pela doação, o doador transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o donatário, sem a presença de qualquer remuneração.
Trata-se de mera liberalidade, sendo um contrato benévolo, unilateral e gratuito. Sendo
negócio jurídico benévolo ou benéfico, somente se admite a interpretação restritiva, nunca a
interpretação declarativa ou extensiva.” (Manual de Direito Civil. 6ª ed. 2016. p. 749). Assim, a
doação é contrato unilateral, gratuito, formado mediante declaração receptícia da vontade, ou

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seja, que só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte. Código Civil. Art. 538. Considera-
se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens
ou vantagens para o de outra.

E) CORRETA: A doação inoficiosa é aquela que invade a legítima dos herdeiros necessários,
ultrapassando a parte que o doador poderia dispor, em testamento, no momento da liberalidade.
O art. 549 do Código Civil prevê a doação inoficiosa: “Nula é também a doação quanto à parte
que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.”
De acordo com o artigo 1.789 do Código Civil, existindo herdeiros necessários, o testador não
poderá dispor de mais da metade dos seus bens: “Havendo herdeiros necessários, o testador
só poderá dispor da metade da herança.” Assim, é possível afirmar que a doação inoficiosa
é aquela que excede cinquenta por cento do patrimônio do doador destinado aos herdeiros
necessários. Os herdeiros necessários são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, e
cabe a eles, de pleno direito, a metade dos bens da herança.

Código Civil:

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
da herança, constituindo a legítima.

Em outras palavras, a pessoa que tenha herdeiros necessários só poderá doar até o limite
máximo da metade de seu patrimônio, considerando que a outra metade é a chamada
“legítima” (art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessários. Ademais, conforme o
Código Civil, trata-se de caso de nulidade, porém restrita à parte que excede a legítima (quota
dos herdeiros necessários). Exemplo dado por Flávio Tartuce: “se o doador tem o patrimônio
de R$ 100.000,00 e faz uma doação de R$ 70.000,00, o ato será válido até R$ 50.000,00
(parte disponível) e nulo nos R$ 20.000,00 que excederam a proteção da legítima”. A ação
cabível para se buscar a anulação será a ação de nulidade de doação inoficiosa (ação de
redução) e apenas os herdeiros necessários do doador poderão propor a respectiva ação. Por
fim, uma decisão importante sobre o assunto: Mesmo que o herdeiro necessário tenha cedido
sua parte na herança, ele terá legitimidade para a ação de anulação? O STJ decidiu que SIM.
O herdeiro que cede seus direitos hereditários possui legitimidade para pleitear a declaração
de nulidade de doação inoficiosa realizada pelo autor da herança em benefício de terceiros.
Isso porque o fato de o herdeiro ter realizado a cessão de seus direitos hereditários não lhe
retira a qualidade de herdeiro, que é personalíssima. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.983-SC, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/3/2014).

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GABARITO: E

29. Acerca do direito de propriedade, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Na desapropriação, a garantia da justa e prévia indenização abrange apenas


a perda da propriedade ao final da ação, e não a imissão provisória na posse do
imóvel.

B) A multipropriedade imobiliária ou timesharing tem natureza de direito real, e, no


caso de penhora do imóvel, o coproprietário pode se valer de embargos de terceiro
para proteger sua fração ideal.

C) O direito do proprietário do bem imóvel de não poder ter prejudicado o seu


sossego prevalece quando há interferências causadas pelo interesse público, que
poderiam justificar determinada poluição sonora.

D) O fâmulo da posse não pode fazer uso dos interditos possessórios, entretanto,
é possível que ele se utilize do desforço imediato para proteger o bem daquele que
recebe ordens.

E) A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,


em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-
se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade
tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Propriedade imóvel

A) CORRETA: A jurisprudência se posiciona no sentido de que só a perda da propriedade,


no final da ação de desapropriação - e não a imissão provisória na posse do imóvel - está
compreendida na garantia da justa e previa indenização. “Subsiste, no regime da Constituição
Federal de 1988 (art. 5º, XXIV), a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal sob a
égide das Cartas anteriores, ao assentar que só a perda da propriedade, no final da ação
de desapropriação - e não a imissão provisória na posse do imóvel - está compreendida na
garantia da justa e prévia indenização”. (STF, RE 195.586, rel. Min. Octávio Galloti, Primeira
TurmA). “(...) o art. 15 do Decreto-lei n. 3.365/41 sempre foi interpretado em função de textos

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constitucionais que são, na sua essência, absolutamente iguais ao texto constitucional


presente. Com efeito, a imissão na posse, quando há desapropriação, é sempre provisória, até
porque é possível ao Estado, a seu talante, desistir da desapropriação. Por outro lado, trata-se
de imissão na posse, o que significa dizer que se perde apenas a posse e não a propriedade,
tanto assim que proprietário continua a ser o desapropriando, que pode, inclusive, alienar o
seu direito de propriedade, cabendo então ao adquirente o recebimento da indenização que
afinal vier a ser estabelecida na ação de desapropriação, para esse efeito”. (STF, RE 176.108,
redator do acórdão Min. Moreira Alves). “Não há que se exigir o depósito integral em caso de
imissão de posse provisória, sob a alegação de ser prévio o pagamento do justo preço. Como
demonstrado, este Tribunal tem considerado que esse preceito somente é aplicável no caso
de indenização final que precede à transferência definitiva do domínio; não ao depósito que
enseja a simples imissão na posse, tanto mais que ‘ao dispor sobre o depósito prévio, não
teve a lei em vista a exata cobertura do desfalque patrimonial imposto ao particular, como o
teve a Constituição ao cogitar do pagamento, mas tão-somente obrigar a Administração a uma
contraprestação que, embora provisória, retire à medida excepcional o caráter de gratuidade.”
(STF, RE 176.108, Min. Maurício CorrêA).

B) CORRETA: A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que a multipropriedade


imobiliária tem natureza jurídica de direito real e, no caso de penhora do imóvel objeto de
compartilhamento (timesharing), o coproprietário pode se valer de embargos de terceiro
para proteger sua fração ideal. Vejamos o julgado, bastante elucidativo: “1. O sistema time-
sharing ou multipropriedade imobiliária, conforme ensina Gustavo Tepedino, é uma espécie
de condomínio relativo a locais de lazer no qual se divide o aproveitamento econômico de
bem imóvel (casa, chalé, apartamento) entre os cotitulares em unidades fixas de tempo,
assegurando-se a cada um o uso exclusivo e perpétuo durante certo período do ano. 2.
Extremamente acobertada por princípios que encerram os direitos reais, a multipropriedade
imobiliária, nada obstante ter feição obrigacional aferida por muitos, detém forte liame com
o instituto da propriedade, se não for sua própria expressão, como já vem proclamando a
doutrina contemporânea, inclusive num contexto de não se reprimir a autonomia da vontade
nem a liberdade contratual diante da preponderância da tipicidade dos direitos reais e do
sistema de numerus clausus. 3. No contexto do Código Civil de 2002, não há óbice a se
dotar o instituto da multipropriedade imobiliária de caráter real, especialmente sob a ótica da
taxatividade e imutabilidade dos direitos reais inscritos no art. 1.225. 4. O vigente diploma,
seguindo os ditames do estatuto civil anterior, não traz nenhuma vedação nem faz referência
à inviabilidade de consagrar novos direitos reais. Além disso, com os atributos dos direitos
reais se harmoniza o novel instituto, que, circunscrito a um vínculo jurídico de aproveitamento

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econômico e de imediata aderência ao imóvel, detém as faculdades de uso, gozo e disposição


sobre fração ideal do bem, ainda que objeto de compartilhamento pelos multiproprietários de
espaço e turnos fixos de tempo. 5. A multipropriedade imobiliária, mesmo não efetivamente
codificada, possui natureza jurídica de direito real, harmonizando-se, portanto, com os
institutos constantes do rol previsto no art. 1.225 do Código Civil; e o multiproprietário, no
caso de penhora do imóvel objeto de compartilhamento espaço-temporal (time-sharing), tem,
nos embargos de terceiro, o instrumento judicial protetivo de sua fração ideal do bem objeto
de constrição. 6. É insubsistente a penhora sobre a integralidade do imóvel submetido ao
regime de multipropriedade na hipótese em que a parte embargante é titular de fração ideal por
conta de cessão de direitos em que figurou como cessionária.7. Recurso especial conhecido
e provido. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.546.165-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/4/2016. Info 589). Portanto, no
entendimento do STJ, a multipropriedade imobiliária, mesmo não efetivamente codificada,
possui natureza jurídica de direito real, harmonizando-se com os institutos constantes do rol
previsto no art. 1.225 do Código Civil; e o multiproprietário, no caso de penhora do imóvel
objeto de compartilhamento espaço-temporal (time-sharing), tem, nos embargos de terceiro, o
instrumento judicial protetivo de sua fração ideal do bem objeto de constrição.

C) INCORRETA: É fato que o proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer


cessar as interferências prejudiciais ao seu sossego (art. 1.277, CC: “O proprietário ou o
possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança,
ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha”).
Entretanto, esse direito não prevalece quando há interferências justificadas pelo interesse
público, caso em que o proprietário ou o possuidor causador delas pagará ao vizinho indenização
cabal (art. 1.278, CC: “O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando
as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o
possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal”). Flávio Tartuce cita como
exemplo a hipótese em que o proprietário deve tolerar a passagem de rede elétrica pelo seu
terreno (TJRS, Processo 70011710066).

D) CORRETA: Segundo Maria Helena Diniz, “o detentor ou fâmulo da posse, denominado


gestor da posse, detentor dependente ou servidor da posse, tem a coisa apenas em virtude
de uma situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação (ato de mera
custódiA). A lei ressalva não ser possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência
para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens e instruções
suas.” Assim, como o detentor não exerce sobre o bem uma posse própria, mas sim uma
posse em nome de outrem, não lhe assiste o direito de invocar, em nome próprio, as ações

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possessórias. Contudo, é perfeitamente possível que o detentor defenda a posse alheia por
meio da autotutela (desforço imediato), tratada no art. 1.219, §1° do Código Civil. Enunciado n°
493, da V Jornada de Dirieto Civil: “O detentor (art. 1.198, CC) pode, no interesse do possuidor,
exercer a autodefesa do bem sob seu poder.” Por fim, o art. 1.208 do CC estabelece que não
induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância. Exemplos: empregados em geral,
caseiros, administradores, bibliotecários, diretores de empresa, etc.

E) CORRETA: Nos termos do artigo 1.229 do Código Civil, “a propriedade do solo abrange a
do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício,
não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma
altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.”

GABARITO: C

30. Responda de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre o


seguro do DPVAT:
A) A intimação para perícia médica em ação de cobrança de DPVAT deve ser
pessoal.

B) A grávida que sofre aborto em razão de acidente de trânsito não tem direito de
receber do DPVAT indenização pela morte do nascituro.

C) Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência do caráter


permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, em regra,
não depende de laudo médico.

D) O espólio possui legitimidade ativa para ajuizar ação de cobrança do seguro


obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de trânsito.

E) É devida a indenização DPVAT mesmo que a vítima esteja praticando um crime


com o veículo no momento do acidente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Contratos: Seguro; Responsabilidade Civil.

Antes de adentrarmos nas respostas, faz-se necessária uma breve explicação sobre o seguro

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do DPVAT. Trata-se de um seguro obrigatório de danos PESSOAIS causados por veículos


automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não. Em síntese,
qualquer indivíduo que venha sofrer danos pessoais ocasionados por um veículo automotor,
ou por sua carga, mesmo que não transportado, terá direito à indenização do DPVAT. Assim,
esse seguro possui grande extensão, abrangendo os próprios motoristas, os passageiros e os
pedestres envolvidos em acidentes de trânsito. Por fim, ocorrendo a óbito de qualquer indivíduo
que tenha participado do evento, quem receberá a indenização serão os herdeiros do falecido,
nos termos do art. 792 do Código Civil: “Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se
por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade
ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a
ordem da vocação hereditária.”. Diante dessas premissas, vamos às respostas:

A) CORRETA: Em ação de cobrança de seguro DPVAT, a intimação da parte para o


comparecimento à perícia médica deve ser pessoal, e não por intermédio de advogado. O STJ
perfilhou o entendimento de que não pode a intimação ser feita ao representante processual
se o ato deve ser pessoalmente praticado pela própria parte. Assim, recaindo a perícia sobre
a própria parte, é necessária a sua intimação pessoal, não por meio do seu advogado, uma
vez que se trata de ato personalíssimo. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.364.911-
GO, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 1/9/2016 (Info 589). Inteiro Teor: A intimação é o ato
pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269 do CPC/2015).
O comparecimento em perícia médica é ato que deve ser necessariamente realizado pela
parte interessada. Trata-se, portanto, de ato personalíssimo. Em razão disso, não se mostra
suficiente a intimação por intermédio do advogado. Sobre o tema, ensina Humberto Theodoro
Júnior: “Não valem as intimações feitas à parte quando o ato processual a praticar deve ser
do advogado. A contrario sensu, não pode ser a intimação feita ao representante processual,
se o ato deve ser pessoalmente praticado pela parte.” (Curso de Direito Processual Civil.
Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 300. Existe outro precedente do STJ no mesmo
sentido: (...) 1. Em regra, a intimação será encaminhada à pessoa a quem cabe desempenhar
o ato comunicado. Tratando-se da prática de atos postulatórios, a intimação deve ser dirigida
ao advogado; tratando-se da prática de ato personalíssimo da parte, ela deve ser intimada
pessoalmente. 2. Deve-se distinguir a intimação meramente comunicativa, que cria ônus ou
faz fluir prazos, da intimação que ordena condutas e gera deveres para o intimado, como é
o caso daquela para a parte se submeter a perícia médica, cujo não comparecimento “supre
a prova que se pretendia obter com o exame” (CC, art. 232). 3. Recaindo a perícia sobre a
própria parte, é necessária a intimação pessoal, não por meio do seu advogado, uma vez que
se trata de ato personalíssimo. (...) STJ. 3ª Turma. REsp 1309276/SP, Rel. Min. João Otávio

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de Noronha, julgado em 26/04/2016.

B) INCORRETA: Segundo o STJ, a beneficiária legal de seguro DPVAT, que teve a sua
gestação interrompida em razão de acidente de trânsito, tem direito ao recebimento da
indenização prevista no art. 3º, I, da Lei 6.194/1974, devida no caso de morte. Ressalta-se
o posicionamento do relator, Ministro Luis Felipe Salomão, ao afirmar que “o ordenamento
jurídico como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria
concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente
sufragada pela majoritária doutrina contemporânea”. Ademais, conforme a previsão do art. 3º
da Lei 6.194/74, o seguro obrigatório pago pelos condutores de veículos automotores garante
a cobertura dos envolvidos nos casos de morte, invalidez permanente ou danos pessoais, nos
respectivos limites definidos: “Art. 3º. Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido
no art. 2º desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total
ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme
as regras que se seguem, por pessoa vitimada: I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais)
- no caso de morte; II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez
permanente; e III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no
caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas.” Nesse
sentido, a decisão do STJ publicada no informativo n° 547: “1. A despeito da literalidade do
art. 2º do Código Civil – que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -,
o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre
o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização
de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-
se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa,
titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito
do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do
Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-
natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do
nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei
n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - embora não nascida
- é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre
esteve alocado no título referente a “crimes contra a pessoa” e especificamente no capítulo
“dos crimes contra a vida” - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina
(MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007,
p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e

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da personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição


Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava,
essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se
sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou
de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica,
entre outros.

4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de
se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à
vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos
condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer,
o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais.

5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base


no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por
morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja
vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma
vida intrauterina. 6. Recurso especial provido.” (STJ, REsp 1415727/SC, Quarta Turma, DJe
29/09/2014). Portanto, é possível concluir que o STJ alinha-se à teoria concepcionista,
garantindo à gestante que sofre aborto em razão de acidente de trânsito o direito de receber
indenização por morte do DPVAT, nos termos do art.3, inciso I da Lei n° 6.194/74.

C) INCORRETA: É preciso ter em mente o teor da Súmula n° 573 do STJ para responder
corretamente a alternativa. De acordo com a referida súmula, “as ações de indenização
decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para
fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de
invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado
na fase de instrução.” De início, deve-se frisar que a ação de cobrança contra a seguradora
objetivando a indenização decorrente de seguro DPVAT prescreve em três anos, nos termos
da súmula 405 do STJ. Ademais, o termo inicial desse prazo prescricional é a data em que
o segurado teve ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez. Em outras palavras,
nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, o início do prazo prescricional é data
da ciência do segurado de que estava inválido permanentemente (Súmula 278-STJ: O termo
inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência
inequívoca da incapacidade laboral). E quando, de fato, o segurado tem a ciência inequívoca
da sua invalidez permanente? Como regra, a ciência inequívoca do segurado acerca da
sua invalidez permanente depende de laudo médico, sendo o início do prazo prescricional

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considerado quando produzido um laudo médico que ateste essa condição. Entretanto,
excepcionalmente, o prazo prescricional pode se iniciar, ainda que sem o laudo médico, se a
invalidez permanente for notória (ex: vítima teve amputada das pernas), ou se o conhecimento
anterior resultar comprovado na fase de instrução do processo. Em síntese: A) Prazo para a
ação de indenização DPVAT: 3 anos. B) Início do prazo em caso de invalidez permanente: data
do laudo médico (regra geral). C) Exceções: o prazo prescricional se inicia mesmo sem ter sido
feito laudo médico se a invalidez permanente for notória, ou se o conhecimento anterior resultar
comprovado na fase de instrução. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1.388.030-
MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/8/2014 (Info 555). Agora fazendo
uma leitura da Súmula n° 573 do STJ podemos entendê-la melhor: “As ações de indenização
decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins
de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez
permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na
fase de instrução.” “RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. CIVIL
E PROCESSUAL CIVIL. SEGURO DPVAT. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. CIÊNCIA
INEQUÍVOCADO CARÁTER PERMANENTE DA INVALIDEZ. NECESSIDADE DE LAUDO
MÉDICO. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: 1.1. O termo inicial do prazo prescricional, na ação
de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca do caráter permanente
da invalidez. 1.2. Exceto nos casos de invalidez permanente notória, a ciência inequívoca do
caráter permanente da invalidez depende de laudo médico, sendo relativa a presunção de
ciência. 2. Caso concreto: Inocorrência de prescrição, não obstante a apresentação de laudo
elaborado quatro anos após o acidente. 3. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.” (STJ, 2ª
Seção. EDcl no REsp 1.388.030-MG).

D) INCORRETA: O espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade
ativa para ajuizar ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima
no acidente de trânsito. O valor da indenização do DPVAT, em caso de morte, passa diretamente
para os beneficiários (cônjuge supérstite e demais herdeiros). “1. Cinge-se a controvérsia a
saber se o espólio, representado pelo inventariante, possui legitimidade ativa para ajuizar
ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de
trânsito. 2. Antes da vigência da Lei nº 11.482/2007, a indenização do seguro obrigatório DPVAT
na ocorrência do falecimento da vítima deveria ser paga em sua totalidade ao cônjuge ou
equiparado e, na sua ausência, aos herdeiros legais. Depois da modificação legislativa, o valor
indenizatório passou a ser pago metade ao cônjuge não separado judicialmente e o restante
aos herdeiros da vítima, segundo a ordem de vocação hereditária (art. 4º da Lei nº 6.194/1974,
com a redação dada pela Lei nº 11.482/2007). 3. O valor oriundo do seguro obrigatório (DPVAT)

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não integra o patrimônio da vítima de acidente de trânsito quando se configurar o evento


morte, mas passa diretamente para os beneficiários. Logo, o espólio, ainda que representado
pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para pleitear, em tal hipótese, a indenização
securitária, pois esta não integra o acervo hereditário (créditos e direitos da vítima falecidA).
4. A indenização do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima surge somente
em razão e após a sua configuração, ou seja, esse direito patrimonial não é preexistente
ao óbito da pessoa acidentada, sendo, portanto, direito próprio dos beneficiários, a afastar a
inclusão no espólio. 5. Apesar de o seguro DPVAT possuir a natureza de seguro obrigatório
de responsabilidade civil (e não de danos pessoais), deve ser aplicado, por analogia, nesta
situação específica, o art. 794 do CC/2002 (art. 1.475 do CC/1916), segundo o qual o capital
estipulado, no seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, não está sujeito
às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito. 6. Recurso
especial parcialmente conhecido e não provido.” (STJ. 3ª Turma. REsp 1.419.814-SC, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/6/2015. Info 565)

E) INCORRETA: É indevida a indenização relativa ao seguro obrigatório – DPVAT, na hipótese


em que o acidente de trânsito que vitimou o segurado tenha ocorrido no momento de prática de
ilícito penal doloso. O STJ encontrou amparo no art. 12, § 2º, da Resolução do Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP) nº 273/2012, que consolida as normas do Seguro DPVAT: “Art. 12.
O Seguro DPVAT garante cobertura por danos pessoais causados por veículos automotores
de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não. (...) § 2º A cobertura a que
se refere este artigo abrange, inclusive, danos pessoais causados aos motoristas dos veículos,
exceto quando constatada a existência de dolo.” Em relação à hipótese de culpa, embora o
art. 5° da Lei do DPVAT (L. 6.194/74) preveja que o pagamento da indenização será efetuado
mediante simples prova do acidente automobilístico, independentemente da existência de
culpa, o STJ interpretou de forma restrita o dispositivo legal e concluiu que ele não está tratando
sobre o dolo. Assim, caso o motorista ou a vítima seja culpada pelo acidente, ainda assim ela
teria direito à indenização. Por outro lado, se eles causassem o acidente de forma proposital,
agindo com dolo, nessa hipótese não teriam direito à indenização. Outro argumento utilizado
foi a aplicação do art. 762 do Código Civil, que regula os contratos de seguro: “Nulo será o
contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de
representante de um ou de outro.” “CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA.
INDENIZAÇÃO SECURTIÁRIA. SEGURO OBRIGATÓRIO - DPVAT. FILHOS MENORES DA
VÍTIMA QUE PLEITEAM O RECEBIMENTO DA INDENIZAÇÃO. VÍTIMA QUE SE ENVOLVEU
EM ACIDENTE DE TRÂNSITO NO MOMENTO DA PRÁTICA DE ILÍCITO PENAL. TENTATIVA
DE ROUBO A CARRO-FORTE. 1. Ação ajuizada em 08/04/2011. Recurso especial concluso

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ao gabinete em 26/08/2016. Julgamento: CPC/73. 2. O propósito recursal é determinar se os


recorrentes fazem jus ao recebimento da indenização relativa ao seguro obrigatório - DPVAT,
em virtude de acidente de trânsito - ocorrido no momento de prática de ilícito penal (tentativa
de roubo a carro-fortE) - que teria vitimado seu pai. 3. Não é obstáculo ao conhecimento do
recurso o fato de o recorrente ter interposto o recurso especial com fundamento na alínea “c”,
e fundamentado a insurgência na ofensa à lei federal, demonstrando ter apenas se equivocado
na indicação da alínea fundamentadora do recurso. Precedentes. 4. Embora a Lei 6.194/74
preveja que a indenização será devida independentemente da apuração de culpa, é forçoso
convir que a lei não alcança situações em que o acidente provocado decorre da prática de um
ato doloso (como, na hipótese, em que o acidente de trânsito ocorreu em meio a tentativa de
roubo a carro-fortE). 5. Recurso especial conhecido e não provido. (STJ, REsp 1661120 / RS,
Terceira Turma, DJe 16/05/2017).

GABARITO: A

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

31. Sobre o exercício do poder normativo, indique a alternativa correta.


A) A autonomia do poder normativo da Administração Pública em relação à lei
é a regra no direito brasileiro, o que se evidencia pela existência de decretos
autônomos.

B) Como regra, o poder regulamentar encerra uma atividade administrativa, de


cunho normativo secundário.

C) As instruções normativas expedidas por Ministros de Estado não se classificam


como forma de exercício do poder normativo.

D) É possível o estabelecimento, em norma administrativa regulamentar, de


limitação não prevista em lei, para o gozo de determinado benefício.

E) Compete privativamente à Câmara dos Deputados sustar os atos normativos

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que exorbitem dos limites da delegação legislativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. (...) Poderes da Administração.

A) INCORRETA: Celso Antônio Bandeira de Mello explica que “a Constituição prevê os


regulamentos executivos porque o cumprimento de determinadas leis pressupõe uma
interferência de órgãos administrativos para a aplicação do que nelas se dispõe, sem,
entretanto, predeterminar exaustivamente, isto é, com todas as minúcias, a forma exata
da atuação administrativa pressuposta.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de
Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 352). Assim, embora o regulamento
executivo possa minudenciar a matéria disciplinada em lei, deverá respeitar os limites
nela impostos, não podendo criar nenhuma obrigação que não esteja nela prevista, pois
deverá respeito à legalidade, prevista no artigo 5º, inciso II, da Constituição. A existência de
decretos autônomos (artigo 84, VI, “a”, da CRFB), os quais encontram fundamento de validade
diretamente na Constituição, ou seja, sem a necessidade de intermediação legislativa, não é a
regra. Aí reside o erro da alternativa.

B) CORRETA: É interessante a distinção que faz Rafael Oliveira quanto ao exercício do


poder normativo da Administração Pública. Ele diz que as formas básicas são a delegação
legislativa (ex.: leis delegadas previstas no artigo 68, da CRFB), que “possibilita a prática
de ato normativo primário, com força de lei” e o poder regulamentar, que “encerra uma
atividade administrativa, de cunho normativo secundário.”

C) INCORRETA: O poder regulamentar da Administração Pública, mais conhecidamente


exercido por meio de decretos, também pode ser praticado através de outros atos normativos,
tais como portarias, resoluções e instruções normativas. Estas últimas se encontram
previstas no artigo 87, parágrafo único, inciso II, da CRFB, segundo o qual compete aos
Ministros de Estado “expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos”.

D) INCORRETA: Esta assertiva dialoga com a primeira, no sentido de que o poder regulamentar
deve respeito à lei, sobretudo quando está em regra a restrição a um direito. Nesse sentido,
o STJ tem inúmeras decisões. Veja-se, por exemplo, a seguinte: “é ilegal o art. 2º da Res. n.
207/2006-Aneel que, ao exigir o adimplemento do consumidor para a concessão de descontos
especiais na tarifa de fornecimento de energia elétrica relativa ao consumidor que desenvolva
atividade de irrigação ou aquicultura (Lei n. 10.438/2002), estabeleceu condição não prevista
na lei para o benefício, exorbitando o poder de regulamentar.” (AgRg no REsp 1.326.847-RN,

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Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/11/2012).

E) INCORRETA: Nos termos do artigo 49, inciso V, da CRFB, essa competência é exclusiva do
Congresso Nacional, e não da Câmara dos Deputados. Vejam: “é da competência exclusiva
do Congresso Nacional (...) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.

GABARITO: B

32. Considere a seguinte citação:

“Nele se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados
sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições
são toleráveis” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
São Paulo: Malheiros, 2010, p. 114).

O autor refere-se, no caso, ao seguinte princípio da Administração Pública:

A) Legalidade.

B) Impessoalidade.

C) Moralidade.

D) Publicidade.

E) Eficiência.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 2. Princípios da Administração Pública.

A) INCORRETA: A resposta correta seria princípio da impessoalidade. Veja os comentários da


letra “b”.

B) CORRETA: Pessoal, esta era uma questão extremamente simples. A verdade é que,
tratando-se de princípios da Administração Pública, às vezes existe dúvida quanto a identificar
qual deles está sendo referido por determinado doutrinador ou protegido por determinada
norma jurídica. Quando se tratar de questão objetiva, será preciso ter atenção para qual o

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aspecto dominante da situação descrita. No caso, coloquei trecho do livro de Celso Antônio
que enfatiza o repúdio a favoritismos e perseguições, o que evidencia que o princípio em
jogo era o princípio da impessoalidade. É interessante o raciocínio de Celso Antônio, ainda,
quanto à origem do princípio da impessoalidade, que, para ele, “não é senão o próprio princípio
da igualdade ou isonomia. Está consagrado explicitamente no art. 37, caput, da Constituição.
Além disso, assim como ‘todos são iguais perante a lei’ (art. 5º, caput), a fortiori teriam de sê-lo
perante a Administração”.

C) INCORRETA: A resposta correta seria princípio da impessoalidade. Veja os comentários da


letra “b”.

D) INCORRETA: A resposta correta seria princípio da impessoalidade. Veja os comentários da


letra “b”.

E) INCORRETA: A resposta correta seria princípio da impessoalidade. Veja os comentários da


letra “b”.

GABARITO: B

33. Sobre as diferentes classificações dos órgãos administrativos, indique a alternativa


correta:
A) Os órgãos superiores têm poder hierárquico sobre os órgãos subalternos, mas
não sobre os autônomos.

B) A Presidência da República é exemplo de órgão coletivo.

C) O Tribunal de Contas da União classifica-se, quanto às suas funções, como um


órgão preponderantemente ativo.

D) As Secretarias de Estado, quanto à posição estatal, são órgãos superiores.

E) A Advocacia-Geral da União é exemplo de órgão independente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. (...) Órgãos públicos.

Antes de adentrar nos comentários sobre cada assertiva, e a fim de conceder-lhes um panorama

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do assunto de que trataremos, transcrevo a tabela elaborada por Rafael Oliveira, que, em minha
opinião, traz uma síntese das principais classificações dos órgãos administrativos (OLIVEIRA,
Rafael. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2017, p. 91):

A) órgãos independentes;
Quanto à posição que o órgão B) órgãos autônomos;
ocupa na escala governamental ou
administrativa C) órgãos superiores;

D) órgãos subalternos.
A) órgãos federais;

Em relação ao enquadramento B) órgãos estaduais;


federativo C) órgãos distritais;

D) órgãos municipais.
A) órgãos singulares ou unipessoais;
Quanto à composição
B) órgãos coletivos ou pluripessoais.
A) órgãos ativos;
Em relação às atividades que,
preponderantemente, são exercidas B) órgãos consultivos;
pelos órgãos públicos
C) órgãos de controle.

A) CORRETA: Esta questão se resolvia pelo conhecimento da estrutura hierárquica de


classificação dos órgãos, como pontuada na tabela acima. Nesse sentido, os órgãos
subalternos são os “últimos” em termos de hierarquia, ou seja, são os que devem obediência
aos órgãos superiores diretamente, e se responsabilizam, principalmente por executar
tarefas administrativas. Por outro lado, os órgãos superiores estão subordinados aos órgãos
autônomos. Por isso, correta a alternativa, ao afirmar que os órgãos superiores não têm
poder hierárquico sobre os órgãos autônomos.

B) INCORRETA: Os órgãos coletivos, em oposição aos singulares, são aqueles que são
formados por vários agentes. A Presidência da República é exemplo de órgão singular, e
não coletivo.

C) INCORRETA: A classificação dos órgãos públicos levando em consideração as atividades


preponderantemente desenvolvidas por eles, como indica o quadro acima, enquadra-os em
ativos, consultivos ou de controle. O Tribunal de Contas, cuja função precípua é, justamente,

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exercer o controle sobre outros órgãos, nesta classificação, seria órgão de controle, e
não ativo.

D) INCORRETA: Órgãos superiores “são órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à
subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia; não gozam de autonomia administrativa
nem financeira.” (DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. São Paulo: Forense, 2017, p.
675). Por outro lado, os órgãos autônomos são os que se subordinam diretamente aos órgãos
independentes. Os órgãos autônomos, caso das Secretarias de Estado e dos Ministérios,
“gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica e participam das decisões
governamentais” (Idem, p. 674).

E) INCORRETA: Como ensina Rafael Oliveira (Op. Cit., pp. 87-88), órgãos independentes
são “aqueles previstos na Constituição e representativos dos Poderes do Estado
(Legislativo, Judiciário e Executivo), situados no ápice da pirâmide administrativa. Tais
órgãos não se encontram subordinados a nenhum outro órgão e só estão sujeitos aos controles
recíprocos previstos no texto constitucional.”

GABARITO: A

34. Em relação à organização administrativa, indique a alternativa INCORRETA:


A) A criação de autarquias ocorre mediante edição de lei específica. A instituição
de empresas públicas, contudo, depende apenas de autorização legal.

B) A criação de subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia


mista depende de autorização legislativa.

C) Entre autarquias e os Ministérios a que se vinculam, existe autotutela, mas não


hierarquia.

D) Os órgãos estatais são fruto da desconcentração de funções administrativas.

E) Autarquias não podem desempenhar atividades econômicas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Administração Indireta e entidades paralelas.

A) CORRETA (portanto, não é a respostA): A alternativa vai ao encontro do disposto no

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artigo 37, inciso XIX, da CRFB, que estabelece que “somente por lei específica poderá
ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir
as áreas de sua atuação”. Aqui, vale o lembrete de que as autarquias devem ser criadas por
lei, enquanto as empresas públicas e sociedades de economia mista necessitam apenas de lei
autorizadora para serem instituídas. Quem prestou atenção na questão 40 da rodada passada
saberia, rapidamente, que esta assertiva está correta.

B) CORRETA (portanto, não é a respostA): A alternativa, praticamente, reproduz o disposto


no artigo 37, inciso XX, do Texto Constitucional, in verbis: “depende de autorização
legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no
inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada”. A
questão foi genérica, mas é importante lembrar o entendimento do STF no sentido de que a lei
criadora da sociedade de economia mista (por exemplo) pode desde logo autorizar a criação de
subsidiárias, não sendo necessário que, para cada subsidiária, edite-se uma nova lei. Confira-
se, nesse sentido, o seguinte trecho da ementa da ADI nº 1649: “é dispensável a autorização
legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na
própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora
é a própria medida autorizadora.” (ADI 1649, Relator(A): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal
Pleno, julgado em 24/03/2004, DJ 28-05-2004 PP-00003 EMENT VOL-02153-02 PP-00204)

C) INCORRETA (portanto, é a respostA): Pessoal, tutela é diferente de autotutela. A autotutela


é o poder de revisão dos atos administrativos. A tutela, contudo, também chamada de
vinculação, é a forma de exercício do controle da Administração Direta sobre pessoas
jurídicas distintas, como as autarquias. Diferencia-se a tutela administrativa da hierarquia
(que enseja subordinação) porque esta última só pode ocorrer dentro da mesma pessoa jurídica.
Rafael Oliveira (Op. Cit., p, 78), traz uma lista das diferenças entre a tutela e a hierarquia: “A)
a tutela não se presume (depende de previsão legal); a hierarquia é inerente à organização
interna dos entes federados e entidades administrativas (não depende de previsão legal); B) a
tutela pressupõe a existência de duas pessoas jurídicas, onde uma exerce o controle sobre a
outra (fruto da descentralização administrativA); a hierarquia existe no interior de uma mesma
pessoa (relaciona-se com a ideia de desconcentração); e C) a tutela é condicionada pela
lei, só admitindo os instrumentos de controle expressamente previstos em lei; a hierarquia
é incondicionada, sendo-lhe inerente uma série de poderes administrativos”. Esta questão,
então, foi um lembrete para não confundir as expressões tutela e autotutela. OBS: em âmbito
federal, a tutela também é chamada de supervisão ministerial.

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D) CORRETA (portanto, não é a respostA): Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 73) afirma que
“os órgãos estatais, fruto da desconcentração interna de funções administrativas” são os
instrumentos da atuação dos Entes federativos. Diferentemente, a Administração Indireta
compreende as entidades que formam novas pessoas jurídicas, reportando-se aos
entes federativos através da vinculação, como vimos acima.

E) CORRETA (portanto, não é a respostA): O exercício de atividade econômica pelo


Estado, que é exceção no ordenamento jurídico, deve ser desempenhado através de
empresas públicas e sociedades de economia mista, como determina o artigo 173 da
Constituição.

GABARITO: C

35. O Decreto nº 123 determinou que a portaria conjunta dos Ministérios X e Y regulamentasse
o usufruto de determinado benefício fiscal. O ato foi editado em conformidade com o
decreto, porém, posteriormente, o Ministério Y revogou unilateralmente a portaria. Ante
a situação exposta, indique a alternativa INCORRETA:
A) De acordo com a jurisprudência do STJ, existe irregularidade no ato de retirada
da portaria em questão.

B) No caso, a portaria interministerial caracteriza-se como ato administrativo


complexo.

C) A revogação de ato administrativo, no caso, deve respeito ao princípio da


simetria.

D) É possível a revogação de atos administrativos que exauriram seus efeitos.

E) Não é possível a revogação de atos que geram direitos adquiridos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Ato administrativo.

A) CORRETA (portanto, não é a respostA): O STJ decidiu, em caso análogo ao da questão,


que “a portaria interministerial editada pelos Ministérios da Educação e do Planejamento
demanda a manifestação das duas pastas para a sua revogação.” (MS 14.731-DF, Rel.

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Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 14/12/2016).

B) CORRETA (portanto, não é a respostA): A determinação de decreto para a confecção


conjunta de portaria interministerial evidencia tratar-se de ato normativo complexo (aquele que
depende da manifestação da vontade independente de dois órgãos). Neste ponto, vale lembrar
que em relação ao critério de formação da vontade, tem-se que o ato administrativo pode
ser: A) simples, quando depende da vontade de um único órgão público; B) complexo,
quando é elaborado pela manifestação autônoma de órgãos diversos ou C) composto,
quando um órgão “define o conteúdo do ato e o outro verifica a sua legitimidade”
(OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 313).

C) CORRETA (portanto, não é a respostA): O STJ considerou que “a revogação do


ato administrativo é expressão do poder discricionário, atrelado à conveniência e à
oportunidade da Administração, não podendo atingir os atos já exauridos ou aqueles
em que o Poder Público está vinculado à prática.” Dessa maneira, em respeito ao princípio
da simetria, apesar de a revogação ser, de fato, discricionária, este novo ato desconstitutivo,
que retira do mundo jurídico a portaria elaborada em conjunto, deveria ser produzido pelos
dois Ministérios.

D) INCORRETA (portanto, é a respostA): Aqui farei um comentário para as assertivas “d” e


“e”. Apesar de a revogação ser discricionária, existem limites para a sua prática, que são os
chamados atos irrevogáveis. Em breve síntese, seguindo a lista de Rafael Oliveira (Op. Cit.,
pp. 334-335), são eles os seguintes: A) atos vinculados; B) atos que exauriram seus efeitos
ou com prazo expirado; C) atos preclusos no processo administrativo; D) atos que geram
direitos adquiridos; E) “meros atos administrativos” (exemplos: certidões, pareceres, etc.).

E) CORRETA (portanto, não é a respostA): v. comentários da letra “d”, acima.

GABARITO: D

36. São exemplos de atos administrativos de consentimento, EXCETO:


A) Licenças.

B) Permissões.

C) Autorizações.

D) Admissões.

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E) Ordens de serviço.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Ato administrativo.

Atos administrativos de consentimento “são aqueles editados a pedido do particular,


viabilizando o exercício de determinada atividade e a utilização de bens públicos”.
(OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 321). Os atos de consentimento são também chamados de
atos negociais ou atos ampliativos, e se caracterizam pela convergência de vontade entre
a Administração e o particular. Os exemplos mais comuns de atos de consentimento são a
licença, a permissão, a autorização e a admissão.

A) CORRETA (portanto, não é a respostA): Licença é “o ato administrativo vinculado que


reconhece o direito do particular para o exercício de determinada atividade”. (Idem, p. 321).
Quem quer conduzir veículo automotor, por exemplo, precisa ter a licença apropriada para
fazê-lo.

B) CORRETA (portanto, não é a respostA): Permissão é “o ato administrativo discricionário


que permite o exercício de determinada atividade pelo particular ou o uso privativo de bem
público”. (Idem, p. 322).

C) CORRETA (portanto, não é a respostA): A autorização tem características semelhantes à


permissão. Parte considerável da doutrina, contudo, entende que, na permissão, o interesse da
Administração e o interesse do permissionário seriam acolhidos com idêntica preponderância,
enquanto na autorização predominaria o interesse particular (ex.: autorização para realizar um
casamento na praiA).

D) CORRETA (portanto, não é a respostA): Admissão “é o ato administrativo vinculado


que reconhece o direito ao recebimento de determinado serviço público pelo particular (ex.:
admissão em escolas públicas ou hospitais públicos)” (Idem, p. 323).

E) INCORRETA (portanto, é a respostA): As ordens de serviço não são atos de consentimento,


mas atos ordinatórios, ou seja, exercidos pela Administração Pública no âmbito do poder
hierárquico.

GABARITO: E

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37. Acerca do processo administrativo, assinale a alternativa correta:


A) Os efeitos prodrômicos inerentes aos atos administrativos complexos permitem
concluir que estas manifestações de vontade são procedimentos administrativos.

B) É possível delegação de competência referente a julgamento de recursos


hierárquicos.

C) Um órgão pode delegar parte de suas competências a outro que não lhe seja
hierarquicamente subordinado, desde que não haja impedimento legal e esteja
caracterizada situação de conveniência.

D) É prescindível a indicação, no ato de delegação, do prazo de sua duração.

E) Havendo impugnação judicial contra determinado ato administrativo praticado


no exercício de competência delegada, será a autoridade delegante, e não a
responsável pela prática do ato, legítima para ocupar o polo passivo da demanda.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Processo administrativo.

A) INCORRETA: Como vimos na questão 35, os atos complexos são aqueles que dependem
da manifestação de vontade de vários órgãos distintos para se perfazerem. Nesse sentido,
parte da doutrina afirma que um dos efeitos atípicos dos atos complexos e dos atos compostos
é o efeito prodrômico, que é a demanda pela edição da segunda manifestação de vontade
que comporá o ato (exemplo: o Presidente da República indica um Ministro do Supremo
Tribunal Federal. Essa indicação, além de compor o ato final de escolha do Ministro, terá
efeito prodrômico consistente em demandar que o Senado Federal realize os procedimentos
tendentes à aprovação ou reprovação da indicação). Assim, o efeito prodrômico é inerente ao
ciclo de formação dos atos administrativos complexos e compostos. O erro da assertiva está
na afirmação de que os efeitos prodrômicos inerentes aos atos complexos permitem equipará-
los ou classificá-los como procedimentos administrativos. Com efeito, Celso Antônio Bandeira
de Mello (Op. Cit., p. 493) explica que “no procedimento ou processo administrativo há
vários atos, todos com finalidades específicas, distintas, sem prejuízo de possuírem
também uma finalidade comum à generalidade deles. No ato complexo, diferentemente,
há um só ato que se forma pela conjunção de “vontades” de órgãos diferentes, sendo
que ditas vontades estão articuladas em uma única finalidade, sem que caiba discernir outra

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que lhes fosse, como inerência, diversa da que reside no ato”.

B) INCORRETA: Pessoal, eu insisto muito neste artigo de lei, porque cai muito nas provas.
Então, por favor decorem (no coração mesmo) que, de acordo com o artigo 13 da Lei nº
9.784/99, não podem ser objeto de delegação os seguintes atos: (1) a edição de atos
de caráter normativo; (2) a decisão de recursos administrativos e (3) as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade.

C) CORRETA: É, precisamente, o que dispõe o artigo 12, caput, da Lei nº 9.784/99: “um órgão
administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.” Assim, pela expressa dicção legal, não é imprescindível a
subordinação entre os órgãos envolvidos na delegação.

D) INCORRETA: Como se sabe, em regra, a competência administrativa é irrenunciável. As


exceções são os casos de delegação e avocação de competência. Por isso, nos casos de
delegação, a Lei nº 9.784/99 (art. 14, § 1º) estabelece que “o ato de delegação especificará as
matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da
delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.”
Logo, é imprescindível a indicação da duração.

E) INCORRETA: O artigo 14, § 3º da Lei nº 9.784/99 dispõe que “as decisões adotadas por
delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
delegado.” Desde logo, vê-se que a assertiva seria contrária à lei. Além disso, a Súmula nº
510 do STF dispõe que “praticado o ato por autoridade, no exercício de competência
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.”

GABARITO: C

38. Acerca da defesa técnica no processo administrativo, considere as seguintes


assertivas, indicando, em seguida, a alternativa que elenca apenas a(s) correta(s).

I. Ofende a Constituição da República a falta de defesa técnica por advogado no


processo administrativo disciplinar.

II. Se um particular alegar que não foi notificado para apresentar defesa em processo
administrativo de que lhe resultou imposição de sanção, caberá à Administração

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Pública comprovar que realizou a notificação.

III. No processo administrativo disciplinar, a alteração da capitulação legal da


conduta imputada ao servidor efetuada após o oferecimento de defesa enseja
nulidade.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Processo administrativo.

I. Incorreta. Para examinar esta alternativa, era suficiente estar familiarizado com o teor da
Súmula Vinculante nº 05: “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.” O STF considerou que “se devidamente garantido o
direito (i) à informação; (ii) à manifestação e (iii) à consideração dos argumentos manifestados,
a ampla defesa foi exercida em sua plenitude, inexistindo ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição
Federal. (....) Nesses pronunciamentos, o Tribunal reafirmou que a disposição do art. 133 da
CF não é absoluta, tendo em vista que a própria Carta Maior confere o direito de postular em
juízo a outras pessoas”. (RE 434059, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em
07/05/2008). Dessa forma, a simples ausência de defesa técnica realizada por advogado não
constitui nulidade, desde que tenha havido efetivo respeito ao contraditório e à ampla defesa,
como determina o artigo 5º, LV, da Constituição.

OBS: a SV nº 05 não se aplica aos casos de procedimentos administrativos para apuração de


falta grave na execução penal, pois, nestes casos, estará em jogo a liberdade de ir e vir. (v.
STF: AI 805454, Rel. Min. Dias Toffoli, Decisão Monocrática, julgamento em 01/08/2011).

II. Correta. Rafael Oliveira (Op. Cit., p. 311) explica que, “não são todos os atos emanados do
Poder Público que possuem o atributo da presunção de legitimidade e de veracidade, tais como:
A) atos privados da Administração: aplica-se, no caso, o mesmo regime jurídico destinado aos

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atos em geral praticados por particulares (...); B) atos manifestamente ilegais (...) e C) atos que
envolvam prova de fato negativo por parte do particular: em razão da impossibilidade de
prova de fato negativo (prova impossível ou “diabólica”), cabe à Administração, e não ao
particular o ônus da prova (ex.: particular alega que não foi intimado para se manifestar
em processo administrativo, hipótese em que a Administração deverá comprovar a
prática do ato).”

III. Incorreta. Pessoal, sobre o PAD, vejam a Jurisprudência em Teses do STJ, em duas
edições, nº 01 e nº 05. Esta questão dizia respeito a uma das teses firmadas, que é a de que
“no Processo Administrativo Disciplinar PAD, a alteração da capitulação legal imputada
ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o indiciado se defende dos fatos nele
descritos e não dos enquadramentos legais.” (julgado de referência: MS 015905/DF,Rel.
Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO,Julgado em 09/10/2013,DJE 08/11/2013).

Na rodada passada (questões 36 e 37, especificamentE), nós utilizamos alguns entendimentos


da Jurisprudência em Teses. É muito importante que vocês deem uma lida nas edições
(procurem espaçar no tempo de estudo que têm). São de leitura rápida e são uma excelente
condensação do pensamento da Corte sobre vários assuntos relevantes (aqui está o link - já
salvem aí nos favoritos pra olhar de vez em quando: http://www.stj.jus.br/SCON/jt/).

A) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que as alternativas I e III estão corretas, o
que destoa dos comentários feitos acima.

C) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa III está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

D) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

E) CORRETA: Este é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa II está correta, o que
corresponde aos comentários feitos acima.

GABARITO: E

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39. Sobre a ação popular, indique a alternativa correta.


A) O prazo para a contestação na ação popular é, em regra, de 30 (trintA) dias.

B) Seguindo a jurisprudência do STJ, para ajuizar ação popular contra ato praticado
pelo Prefeito do Município de São Paulo, é necessário que o cidadão seja eleitor
naquela localidade.

C) A pessoa jurídica cujo ato seja objeto de impugnação na ação popular pode
atuar ao lado do autor, se assim o justificar o interesse público.

D) O Ministério Público tem legitimidade para o ajuizamento de ação popular.

E) De acordo com a Lei nº 4.717/1965, é facultado ao Ministério Público promover


a defesa do ato impugnado na ação popular.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19. (...) Ação Popular (...).

A) INCORRETA: O artigo 7º, inciso IV, da Lei nº 4.717/1965 dispõe que “o prazo de
contestação é de 20 (vintE) dias, prorrogáveis por mais 20 (vintE), a requerimento do
interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos
os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o
caso, do decurso do prazo assinado em edital.” Procurem guardar esse prazo na memória,
pois é uma particularidade da LAP.

B) INCORRETA: O STJ já decidiu que “a condição de eleitor é, tão somente, meio de


prova da cidadania, essa sim relevante para a definição da legitimidade, mostrando-
se desinfluente para tal desiderato o domicílio eleitoral do autor da ação, que condiz
mesmo com a necessidade de organização e fiscalização eleitorais.” (REsp 1.242.800-
MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/6/2011).

C) CORRETA: A assertiva está de acordo com o artigo 6º, § 3º, da Lei nº 4.717/1965, que
dispõe que a pessoa jurídica (ex.: Município) que tem seu ato impugnado pode (A) abster-
se de contestar o pedido ou (B) atuar ao lado do autor, mas desde que, a critério de seu
representante legal, isso seja benéfico ao interesse público. Isso porque o Estado não é
obrigado a defender os atos ilegais de seus agentes.

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D) INCORRETA: A legitimidade para o ajuizamento da ação popular é do cidadão. É o que


dispõe o artigo 5º, LXXIII, da Constituição: “qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência”. Porém, é interessante conhecer a disposição do artigo 9º da LAP, segundo o
qual “se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados
editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer
cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventA)
dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.”

E) INCORRETA: O artigo 6º, § 4º, da Lei nº 4.717/1965 dispõe, justamente, o contrário: “o


Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover
a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer
hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.” Vejam que, neste
caso, a questão foi específica ao perguntar sobre a disposição legal.

GABARITO: C

40. Maria foi aprovada em primeiro lugar nas duas primeiras fases do concurso para
Agente Penitenciária da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Na
terceira fase, contudo, em razão de erro na forma de cálculo da média, Maria perdeu
colocações e ficou em quinto lugar. Maria pediu reconsideração administrativa, mas a
Secretaria de Segurança Pública afirmou que aquela seria a forma de cálculo entendida
como correta por sua equipe técnica e indeferiu o pedido, apresentando-lhe os cálculos.
Apenas duas candidatas foram nomeadas. Em seguida, Maria ajuizou ação pretendendo
o cálculo correto da média, com sua consequente nomeação, bem como indenização
no valor do salário correspondente ao período em que deveria ter trabalhado. Diante da
situação narrada, indique a(s) alternativa(s) correta(s):

I. A Administração Pública não pode rever de ofício a forma de cálculo da média


de Maria.

II. No caso de reconhecimento judicial de que a perda de posições no certame foi


indevida, Maria tem direito à nomeação, mas não à indenização pelos meses não
trabalhados.

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III. Ainda que haja reconhecimento do erro de cálculo pela Administração Pública,
Maria não terá direito à indenização pelos meses não trabalhados.

A) I, apenas.

B) II, apenas.

C) III, apenas.

D) I e III.

E) II e III.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 18. Responsabilidade Extracontratual do Estado.

I. Incorreta. A afirmação contraria a Súmula nº 473 do STF, segundo a qual “a administração


pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.” Trata-se, aqui, do exercício da autotutela.

II. Correta. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmado em sede de


repercussão geral: “na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão
judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido
investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.” (RE 724347,
Relator(A): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(A) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO,
Tribunal Pleno, julgado em 26/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL
- MÉRITO DJe-088 DIVULG 12-05-2015 PUBLIC 13-05-2015). No caso apontado na questão,
não há nenhuma evidência de arbitrariedade flagrante.

III. Correta. Foi o que decidiu recentemente o STJ: “a nomeação tardia de candidatos
aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora
tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública.” (REsp
1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, por maioria, julgado em 30/11/2017, DJe 19/12/2017).
O raciocínio adotado no caso foi o de que o fato de o reconhecimento ter se dado pela própria
Administração Pública “não afasta a aplicação da firme orientação jurisprudencial, pois a ratio

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decidendi constante dos precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal


Federal consagra a compreensão de que o pagamento de remuneração e a percepção de
demais vantagens por servidor público pressupõe o efetivo exercício no cargo, sob pena de
enriquecimento sem causa. Além disso, determinar o pagamento de valores retroativos nessa
hipótese desencorajaria o exercício do poder-dever da Administração Pública para corrigir seus
próprios equívocos, estimulando-se, na mão inversa, a indesejada judicialização de demandas
desse feitio.”

A) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa II está correta, o
que destoa dos comentários feitos acima.

C) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa III está correta, o
que destoa dos comentários feitos acima.

D) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

E) CORRETA: Este é o gabarito, pois afirma que as alternativas II e III estão corretas, o que
decorre dos comentários feitos acima.

GABARITO: E

PROFESSOR: WOLKER BICALHO


E-mail: profcei.wolkerbicalho@gmail.com

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

41. No tocante ao princípio da irredutibilidade de vencimentos, prevista no art. 37, XV, da


Constituição Federal, é CORRETO afirmar que:
A) Cessadas as condições de exercício do cargo que ensejaram o direito à
gratificação de representação, o seu pagamento pode ser suprimido, sem que se
caracterize redução de vencimentos, uma vez que se trata de retribuição pecuniária
pro labore faciendo e propter laborem.

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B) O princípio da irredutibilidade de vencimentos é aplicado em relação aos tributos


em geral, não permitindo que o Poder Público crie ou majore tributos em evidente
prejuízo aos vencimentos dos servidores públicos.

C) Pode o Poder Público aumentar a jornada de trabalho dos seus respectivos


servidores públicos, sem a necessidade de majorar a remuneração, uma vez que
não há direito adquirido a regime jurídico funcional.

D) Para o Supremo Tribunal Federal, a gratificação extraordinária concedida ao


servidor público, por exercer determinada função, não pode ser posteriormente
suprimida, tendo em vista a impossibilidade de o Poder Público reduzir os
vencimentos, nos termos do art. 37, XV, da Constituição Federal.

E) Caso haja diferença de remuneração entre os servidores públicos que exercem


o mesmo cargo, pode o Poder Judiciário reajustar esses vencimentos, com
fundamento nos princípios da isonomia e da irredutibilidade salarial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Sistema Remuneratório

A) CORRETA: Para o Supremo Tribunal Federal, a garantia constitucional da irredutibilidade


dos vencimentos se traduz conquista jurídico-social outorgada a todos os servidores públicos
(art. 37, XV, da Constituição Federal). Desse modo, evita-se que o Poder Público adote
medidas que importem, especialmente quando implementadas no plano infraconstitucional,
em diminuição do valor nominal concernente ao estipêndio devido aos agentes públicos. (Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 2.075, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7.2.2001).
Todavia, esse princípio não é aplicado em qualquer caso que haja diminuição do valor recebido
pelo servidor. No que diz respeito à gratificação a título de representação, prevista no art. 135,
III, da Lei Complementar estadual nº 10.261/68, quando há o encerramento das atividades
que justificaram o recebimento do adicional, o valor da gratificação também deixa de ser pago
ao servidor público, uma vez que se trata de verba pro labore faciendo e propter laborem. Em
outras palavras, para fazer jus ao seu percebimento, imprescindível que o servidor público
esteja exercendo suas atividades profissionais em função de gabinete, missão ou estudo fora
do Estado ou designação para função de confiança do Governador, conforme art. 135, III, da
Lei Complementar estadual nº 10.261/68. Essa gratificação, desde o seu nascedouro, não se
confunde com simples aumento remuneratório, não se incorporando ao vencimento. Conforme

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leciona Luciano de Andrade Ferraz, “a irredutibilidade alcança vencimento (básico), vantagens


fixas (do cargo) e vantagens próprias do servidor (individuais), mas não se estende às
parcelas concedidas pro labore facto, percebida por exercício específico de funções especiais
e gratificadas.” (FERRAZ, Luciano de Andrade. Comentário ao art. 37, XV, da Constituição
Federal. In: CANOTILHO, Gomes José Joaquim et al (coordenação científicA); LEONCY,
Léo Ferreira (coordenação executivA). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva/Almedina, 2013. p. 869).

B) INCORRETA: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Declaratória de


Constitucionalidade nº 8, asseverou que, em relação à matéria tributária, não se aplica o princípio
da irredutibilidade dos vencimentos dos servidores públicos. A Suprema Corte afirmou que
“a garantia constitucional da irredutibilidade da remuneração devida aos servidores públicos
em atividade não se reveste de caráter absoluto. Expõe-se, por isso mesmo, às derrogações
instituídas pela própria Constituição da República, que prevê, relativamente ao subsídio e aos
vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos (CF, art. 37, XV), a incidência de
tributos, legitimando-se, desse modo, [...] a exigibilidade de contribuição de seguridade social,
mesmo porque, em tema de tributação, há que estar presente o que dispõe o art. 150, II, da
Carta Política” (princípio da isonomia tributáriA). (Rel. Min. Celso de Melo, julgamento em
13.10.1999).

C) INCORRETA: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº


660.010, decidiu que, apesar de o servidor público não ter direito adquirido à regime jurídico
remuneratório, não poderá haver a alteração de regime com evidente redução dos vencimentos.
O aumento da jornada de trabalho, sem a correspondente contraprestação pecuniária, por sua
vez, viola a garantia da irredutibilidade dos vencimentos, prevista no art. 37, XV, da Constituição
Federal (Rel. Min. Dias Toffoli. Julgamento em 2.2.2012).

D) INCORRETA: No que tange à gratificação extraordinária, a primeira turma do Supremo


Tribunal Federal, com o fundamento disposto na letra “A”, negou provimento ao Recurso
Extraordinário nº 338.436, nos seguintes termos: “Direito Adquirido. Gratificação Extraordinária.
1. Cessada a atividade que deu origem à gratificação extraordinária. Incorporação. Servidora
Estatutária. Cessada a atividade que deu origem à gratificação extraordinária, cessa igualmente
a gratificação, não havendo falar em direito adquirido, tampouco, em princípio da irredutibilidade
de vencimentos. 2. Recurso Extraordinário que se nega provimento” (Rel. Min. Menezes Direito,
julgamento em 2.9.2008). No acórdão, asseverou a Suprema Corte a gratificação extraordinária
possui natureza transitória e discricionária do Poder Público, desse modo, não gera qualquer
direito a integração desse valor ao vencimento da servidora. Por ser uma gratificação propter

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laborem, uma vez cessada a causa que a originou, o valor se desprende do vencimento do
servidor. A gratificação pela prestação de serviço extraordinário, prevista no art. 135, I, da Lei
Complementar estadual nº 10.261/68, desse modo, somente é devida durante o exercício da
atividade que justifica sua concessão.

E) INCORRETA: De acordo com a Súmula Vinculante nº 37 do Supremo Tribunal Federal, não


cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob o fundamento de isonomia.”. Neste ponto, cabe relembrar que é do Chefe do
Poder Executivo a iniciativa de lei para a criação de cargos, funções ou empregos públicos
na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração (art. 61, II, “a”, da
Constituição Federal). Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

GABARITO: A

42. À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a servidora pública ocupante


de cargo exclusivamente comissionado, exonerada ad nutum durante o período
gestacional,
A) Não possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, tendo em vista
que tal direito somente é extensível aos servidores celetistas.

B) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT e, portanto, tem direito
subjetivo à reintegração no cargo em comissão que ocupava antes da exoneração.

C) Não possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, uma vez que
o cargo exclusivamente comissionado tem natureza transitória e de confiança,
de livre preenchimento e exoneração, sendo incompatível com o instituto da
estabilidade.

D) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, no entanto, não tem
direito subjetivo à reintegração, fazendo jus a uma indenização na proporção dos
valores que lhe deveriam ter sido pagos desde a exoneração até o fim do período
da estabilidade.

E) Possui estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do ADCT, desde que haja
comunicação expressa do estado de gravidez ao órgão público competente antes
da efetiva exoneração.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Servidores Públicos

A) O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que a estabilidade provisória


prevista no artigo 10, II, “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT -
alcança também as servidoras ocupantes de cargo em comissão, uma vez que cabe ao Estado
dar efetiva proteção à maternidade e ao nascituro. “Art. 10. Até que seja promulgada a lei
complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição: [...] II - fica vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa: [...] B) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto”. Reconheceu a Suprema Corte, no Agravo Regimental no
Recurso Extraordinário nº 368.460, que a “servidora pública no gozo de licença gestante faz
jus à estabilidade provisória, mesmo que seja detentora de cargo em comissão” (Rel. Min. Dias
Toffoli, Primeira Turma, julgado em 27/03/2012). No mesmo sentido: RE 420839 AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 20/03/2012; RE 634093 AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
Segunda Turma, julgado em 22/11/2011; RE 612294 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda
Turma, julgado em 25/10/2011; AI 804574 AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado
em 30/08/2011. A Min. Ellen Gracie, por sua vez, no julgamento do Agravo Regimental no
Recurso Extraordinário nº 523.572, asseverou que “a Constituição Federal, ao conferir direito
à estabilidade provisória oriunda de licença maternidade, visou proteger as trabalhadoras em
geral, civis ou militares”. Diante desses julgados, a estabilidade provisória do art. 10, II, “b”, do
ADCT alcança as servidoras estatutárias e a assertiva está INCORRETA.

B) A assertiva está INCORRETA. Em havendo a exoneração ad nutum de servidora ocupante


de cargo em comissão durante a gravidez, conclui-se com base nos julgados acima, que ela
tem direito não à reintegração, mas a indenização correspondente aos valores que receberia
até cinco meses após o parto, período que corresponde ao da estabilidade provisória.
Nesse sentido é a decisão do Supremo Tribunal Federal no Agravo Regimental no Recurso
Extraordinário nº 634.093, in verbis: “se sobrevier [...] dispensa arbitrária ou sem justa causa de
que resulte a extinção do vínculo jurídico administrativo ou da relação contratual da gestante
(servidora pública ou trabalhadorA), assistir-lhe-á o direito a uma indenização correspondente
aos valores que receberia até cinco (5) meses após o parto, caso inocorresse tal dispensa”
(Rel. Min. Celso de Mello, segunda turma, julgado em 22/11/2011).

C) A alegação de que as pessoas que atuam em cargo comissionado podem livremente ser
nomeadas e exoneradas e, portanto, há flagrante impossibilidade de se conciliar o entendimento
de que um cargo demissível ad nutum com a estabilidade provisória já foi, conforme dito na letra

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“A”, afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Para a Suprema Corte, a estabilidade provisória
prevista no artigo 10, II, “b”, do ADCT alcança também as servidoras ocupantes de cargo em
comissão. Assim, pelos mesmos fundamentos da letra “A”, a assertiva está INCORRETA.

D) Pelas razões expostas na letra “B”, a assertiva está CORRETA. O Supremo Tribunal
Federal, apesar de conferir direito subjetivo à estabilidade provisória à servidora gestante,
independente de o vínculo funcional ser precário e de confiança, não há qualquer direito
subjetivo à reintegração ao cargo após a exoneração. Se houver a extinção do vínculo
jurídico administrativo pela exoneração ex officio, “assistir-lhe-á o direito a uma indenização
correspondente aos valores que receberia até cinco (5) meses após o parto, caso inocorresse
tal dispensa” (Rel. Min. Celso de Mello, segunda turma, julgado em 22/11/2011).

E) O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o “ acesso da servidora pública e


da trabalhadora gestantes à estabilidade provisória, que se qualifica como inderrogável garantia
social de índole constitucional, supõe a mera confirmação objetiva do estado fisiológico de
gravidez, independentemente, quanto a este, de sua prévia comunicação ao órgão estatal
competente ou, quando for o caso, ao empregador”. (RE 634093 AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
segunda turma, julgado em 22/11/2011) Desse modo não há necessidade de comunicação
expressa do estado gravídico da servidora pública para fazer jus à estabilidade provisória do
art. 10, II, “b”, do ADCT. Assim, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: D

43. No que diz respeito ao regime jurídico funcional do servidor público estadual, é
INCORRETO afirmar que:
A) O regime jurídico estatutário que disciplina o vínculo entre o servidor público
e a Administração Pública estadual não tem natureza contratual, mas legal. Desse
modo, não existe direito subjetivo do servidor público à inalterabilidade da situação
funcional, por predominar o interesse público.

B) A iniciativa para a proposição de leis para alteração do regime estatutário do


servidor público estadual cabe a qualquer membro ou Comissão da Assembleia
Legislativa.

C) É inconstitucional norma da Constituição Estadual que prevê a necessidade


de edição de lei complementar para disciplinar a respeito do regime estatutário
dos servidores públicos do respectivo Estado, tendo em vista que a Constituição

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Federal exige apenas o processo legislativo ordinário.

D) Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público


estadual, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.

E) Os Estados devem instituir, no âmbito de sua competência, regime jurídico


único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Regimes Jurídicos

A) O Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Ordinário no Mandado de Segurança nº


9.301, com base na jurisprudência consagrada que “o regime jurídico estatuário que disciplina
o vínculo entre o servidor público e a Administração, não tem natureza contratual, inexistindo,
de consequência, direito à inalterabilidade da situação funcional, por predominar o interesse
público. Daí porque afirma-se que a ordem constitucional confere à Administração Pública
poder discricionário para promover a reestruturação orgânica de seus quadros funcionais, com
a modificação dos níveis de referências das carreiras para realizar correções funcionais, desde
que respeitado o princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos.” (Rel. Min. Vicente
Leal, julgamento em 28.11.2000). No mesmo sentido: STF ARE nº 660.010, Rel. Min. Dias
Toffoli. Julgamento em 2.2.2012. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

B) A Constituição Federal dispõe, no art. 61, §1º, II, alínea “c”, que são de iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo as leis que tratem do regime jurídico dos servidores públicos, bem
como do provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria, in verbis: “Art. 61. A iniciativa
das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. [...] § 1º São de iniciativa privativa
do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: [...] C) servidores públicos da
União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;”
Essa norma aplica-se, pelo princípio da simetria, aos demais entes políticos: Estados, Distrito
Federal e Municípios. Desse modo, no Estado de São Paulo, cabe ao Governador a iniciativa
de leis que versem sobre servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria. Tal comando legal está replicado no art. 24, §2º, item 4,

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da Constituição do Estado de São Paulo. Não raras as vezes, porém, a Assembleia Legislativa
usurpa esse poder de iniciativa do Chefe do Poder Executivo e cria, por meio de atos normativos,
normas voltadas a regular a vida funcional do servidor público estadual. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.792 (Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 22.9.2016), com base na jurisprudência já consolidada, declarou a lei estadual de
iniciativa parlamentar inconstitucional, tendo em vista a não observância da iniciativa privativa
do Chefe do Poder Executivo estadual. No mesmo sentido: ADI 2873, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgado em 20.9.2007; ADI 2.856, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10.2.2011; ADI 3.403,
Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 18.6.2007. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

C) É pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que, em matéria de processo


legislativo, os Estados devem observância à sistemática adotada pela Constituição Federal
(princípio da simetriA). Nesse sentido ADIMC nº 1353, Rel. Min. Maurício Corrêa, Dj de
16.5.2003; ADI nº 1.434, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Dj 25.2.2000. Desse modo, conforme
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.872, a norma da Constituição Estadual
que exige edição de lei complementar para tratar do regime jurídico dos servidores públicos do
estado, em detrimento ao procedimento estabelecido pela Constituição Federal (que prevê o
processo legislativo ordinário), viola o princípio da simetria e, portanto, é inconstitucional. (Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1.8.2011). Portanto, esta assertiva está CORRETA.

D) A competência para dirimir os conflitos entre os servidores públicos e o ente político, relativos
às questões estatutárias, é da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho. A Justiça Federal,
caso envolver matéria relativa a servidores federais, e a Justiça Estadual, em se tratando de
servidores estaduais e municipais.

A Súmula 137 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que “ Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo
estatutário”, sendo que a mesma conclusão pode ser estendida aos servidores estaduais. No
Conflito de Competência nº 2.415, o Superior Tribunal de Justiça esclareceu que “a relação
entre o servidor estatutário e a União, Estado ou Município não é relação de emprego entre
trabalhador e empregador. As questões envolvendo o servidor estatutário sempre foram da
competência da Justiça Federal ou da Justiça Comum Estadual e esta competência não foi
alterada pelo atual ordenamento constitucional.” (Rel. Min. Garcia Vieira, Dj 6.4.1992). No
mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
3.395, asseverou que as causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários serão
processadas e julgadas na Justiça Comum, mesmo após a Emenda Constitucional nº 45/2004.
Para a Suprema Corte, ao atribuir à Justiça do Trabalho competência para apreciar as ações

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oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público, o art. 114, I, da


Constituição Federal não incluiu, em âmbito material de validade, as relações de natureza
estatutária. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

E) Com a Reforma Administrativa (Emenda Constitucional nº 19/1998), abriu-se a possibilidade


de os entes políticos recrutarem servidores públicos por mais de um regime jurídico, ao
alterar o caput do art. 39 da Constituição Federal que previa, originariamente, a necessidade
de instituição do regime jurídico único. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, por meio
da Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.135, decidiu, com efeito
ex nunc (subsistindo a legislação editada nos termos da emenda declarada suspensA), o
reestabelecimento do regime jurídico único, haja vista indícios de inconstitucionalidade formal
da Emenda Constitucional nº 19/1998 (Rel. Neri da Silveira, julgado em 2.8.2007). Diante do
exposto, a esta assertiva está CORRETA. No Estado de São Paulo, porém, entende-se que a
norma do caput do art. 39 da Constituição Federal possui eficácia limitada e, portanto, até que
se adote o regime jurídico único, o Poder Público pode contratar tanto pelo regime estatutário
quanto pelo da Consolidação das Leis do Trabalho.

GABARITO: B

44. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a organização


funcional do servidor público, é CORRETO afirmar que:
A) A leis orgânica da Procuradoria Geral do Estado poderá prever a garantia
da vitaliciedade aos procuradores estaduais, tendo em vista a independência
funcionais dos membros da carreira.

B) Na insuficiência de servidores na unidade federativa, excepcionalmente a lei


estadual poderá prever hipóteses de cargos em comissão, de natureza estritamente
técnica.

C) Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais


decorrentes das funções desempenhadas de outro cargo.

D) A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por


afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo político, em qualquer dos poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, viola a Constituição

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Federal.

E) Compete privativamente ao Governador do Estado, mediante decreto, a criação, a


transformação e a extinção de cargos públicos na Administração Pública Estadual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Cargo, emprego e função

A) O Supremo Tribunal Federal declarou, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº


2.729 (Rel. Min Eros Grau, julgado em 19.06.2013), a inconstitucionalidade da lei complementar
o Estado do Rio Grande do Norte que atribuía, aos Procuradores do Estado, a garantia da
vitaliciedade. Afirmou a Suprema Corte que a vitaliciedade é atribuída pela Constituição Federal
à determinadas carreiras (Magistrados, membros do MP e to Tribunal de Contas - art. 95, I; 128,
§5º, I, ‘a’; art. 73, §3º), sendo vedado às leis complementares a criação de outras hipóteses
não previstas na Magna Carta. Diante do exposto, a esta assertiva está INCORRETA.

B) O Supremo Tribunal Federal decidiu, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade


nº 3.602, que é inconstitucional lei estadual que cria cargos em comissão que não possuem
características típicas de assessoramento, chefia ou direção, tampouco demandam relação
de confiança entre o ocupante do cargo e seu superior hierárquico. Os cargos de natureza
técnica devem ser preenchidos por servidores regularmente admitidos após concurso público.
No mesmo sentido: ADI nº 1.141, Rel. Min. Ellen Gracie, Dj de 29.08.2003. ADI 2.427, Rel. Min.
Nelson Jobim, Dj de 08.08.2003. Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

C) Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, consagrado na Súmula nº 378, in


verbis: “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes”.
Apesar de ter direito às diferenças salariais, o desvio de função, em regra, não se convalida e
não tem o servidor direito à alteração da titularidade do cargo, devendo a autoridade competente
responder pela irregularidade. Diante do exposto, a assertiva está CORRETA.

D) De modo a garantir moralidade e impessoalidade na Administração Pública (art. 37, caput,


da CF), o Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula Vinculante nº 13, estabeleceu que “a
nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até
o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

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Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição


Federal” (grifos acrescidos). Todavia excetuou do alcance do mandamento os cargos políticos,
salvo nos casos em que a nomeação do agente político tem manifesto desiderato de fraudar
a lei, p. ex. casos em que haja evidente troca de favores ou inaptidão do nomeado para o
cargo político. Neste sentido: Ag. Reg. RE 825.682, Rel. Min. Teori Zavaski, Dj de 2.3.2015;
Rcl 7.590/, Rel. Min. Dias Toffoli, Dj de 14.11.2014; e Rcl 18.644, Rel. Min Roberto Barroso,
Dj de 29.10.2014; Rcl 6.650, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, Dj de 21.11.2008. Diante disso, a
assertiva está INCORRETA.

E) A criação, transformação e extinção de cargos públicos, tradicionalmente, é matéria reservada


à lei. A atual Constituição Federal disciplina tal competência nos art. 48, X, c/c art. 84, XXV,
da Constituição Federal: “Art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente
da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas
as matérias de competência da União, especialmente sobre: [...] X - criação, transformação
e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
VI, b” [...] Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da República: [...] XXV - prover
e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;” Com a Emenda Constitucional nº
32/2001, permitiu-se ao Chefe do Poder Executivo dispor, mediante decreto, a respeito da
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (art. 84, VI, ‘b’, da Constituição da
RepúblicA). É cediço, ademais, que essas regras, aplicam-se, por simetria aos demais entes
federativos: Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim, o Supremo Tribunal Federal decidiu,
no Recurso Extraordinário nº 577.025, que é vedado ao Governador do Estado criar cargos
públicos mediante decreto, sob pena de afronta ao princípio reserva legal (Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 11.12.2008). Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: C

45. A respeito da contratação de servidores temporários, é CORRETO afirmar, com


fundamento nas decisões dos Tribunais Superiores e na Lei Complementar 1.093/3009,
que:
A) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender
a necessidade temporária de excepcional interesse público, sendo imprescindível
o concurso público, nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal.

B) O órgão ou a autarquia interessada na contratação poderá convocar, previamente


à abertura de processo seletivo, candidatos remanescentes aprovados em

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concurso público realizado pela Administração direta e autarquias do Estado de


São Paulo, correspondente à atividade a ser desempenhada e observada a ordem
de classificação.

C) A contratação será efetuada pelo tempo estritamente necessário para atender às


hipóteses previstas nesta lei complementar, independentemente de prazo máximo,
desde que observada a existência de recursos financeiros.

D) a contratação temporária para atender a necessidade temporária de excepcional


interesse público pode se dar, inclusive, para a execução de serviços meramente
burocráticos.

E) Em vista da garantia do interesse público e até a nomeação por concurso público,


pode a lei específica estadual prever prorrogações indefinidas e sucessivas do
prazo de contratações temporárias.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Servidores Públicos

A) A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II. As
duas exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37, e a
contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público (Neste sentido: ADI 2229, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em
9.6.2004). A Constituição Federal estabeleceu, no art. 37, IX, que “a lei estabelecerá os casos
de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público”. O mesmo dispositivo foi previsto no art. 115, X, da Constituição do Estado
de São Paulo. Somente após 21 (vinte e um) anos da promulgação da Constituição Federal,
o Estado de São Paulo regulamentou a contratação de temporário pela Lei Complementar nº
1.093/2009. Após a publicação desta lei complementar, vedou-se a contratação com fundamento
na famigerada Lei nº 500/74 e respeitando as situações já consolidadas (art. 24 e 25): “Artigo
24 - Fica vedada, a partir da publicação desta lei complementar, a admissão de pessoal com
fundamento na Lei nº 500, de 13 de novembro de 1974. Parágrafo único - Ficam extintas
as funções-atividades submetidas ao regime jurídico instituído pela lei de que trata o “caput”
deste artigo, na seguinte conformidade: 1 - na vacância, as que se encontrarem preenchidas;
2 - na data da publicação desta lei complementar, as que estiverem vagas. Artigo 25 - As
contratações de pessoal após o advento da Lei complementar nº 1.010, de 1º de junho de 2007,

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sob o regime jurídico da Lei nº 500, de 13 de novembro de 1974, estarão automaticamente


extintas: I - findo o prazo de contratação, quando a vigência tiver sido estipulada; II - após o
decurso de 12 (dozE) meses, contados da data da publicação desta lei complementar, quando
o prazo da vigência da contratação não tiver sido definido. Parágrafo único - No caso de
função docente, observado o § 1º do artigo 7º desta lei complementar e o artigo 11 da Lei
complementar nº 836, de 30 de dezembro de 1997, as contratações a que se refere o “caput”
deste artigo estarão automaticamente extintas após 2 (dois) anos letivos subsequentes ao que
estiver em curso na data da publicação desta lei complementar.” De acordo com o art. 2º da
Lei Complementar nº 1.093/2009, a contratação de servidores temporários será celebrada,
em cada área, pelo respectivo Secretário de Estado, pelo Procurador Geral do Estado, ou
pelo Dirigente da Autarquia, que poderão delegar a competência. Para tanto, dependerão de
autorização do Governador (inciso I) e a contratação será precedida de processo seletivo
simplificado, submetido às condições estabelecidas em regulamento próprio elaborado pela
Secretaria de Planejamento e Gestão (antiga Secretaria de Gestão PúblicA), por intermédio
do Órgão Central de Recursos Humanos, garantida a ampla divulgação (incisos II e III). Diante
disso, a assertiva está INCORRETA.

B) A Lei Complementar nº 1093/2009 disciplinou a respeito da hipótese de, antes do processo


seletivo para a contratação de servidores temporários no Estado de São Paulo, poderá o
órgão ou a autarquia interessada na contratação poderá convocar, previamente à abertura
de processo seletivo, candidatos remanescentes aprovados em concurso público realizado
pela Administração direta e autarquias do Estado de São Paulo, correspondente à atividade
a ser desempenhada e observada a ordem de classificação (art. 5º). Disciplinou, ainda, que
os candidatos remanescentes aprovados em concurso público que atenderem à convocação,
mesmo se contratados, não perderão o direito à classificação obtida no concurso público, nem
a respectiva escolha de vagas (art. 5º, parágrafo único). Ademais, o art. 8º da Lei Complementar
nº 1093/2009 estabelece como hipótese de extinção antecipada do contrato temporário o
preenchimento da vaga do concurso para o qual o candidato havia sido aprovado. Portanto a
resposta está CORRETA.

C) Para que seja atendido o comando constitucional do art. 37, IX, a contratação temporária
deve atender os seguintes requisitos: A) previsão de lei; B) tempo determinado; C) necessidade
temporária de interesse público; e D) interesse público excepcional. Desse modo, não pode a
lei estabelecer a contratação pelo tempo estritamente necessário para atender às hipóteses
previstas nesta lei complementar, independentemente de prazo máximo. O art. 7º Lei
Complementar nº 1093/2009 estabeleceu como prazo máximo o limite de 12 (dozE) meses e
para o docente o de 3 (três) anos, podendo ser prorrogado até o último dia letivo do ano em

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que findar o prazo. Findo o prazo de vigência, o contrato será automaticamente extinto. Diante
disso, a assertiva está INCORRETA.

D) O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.430 (Rel. Min.


Ricardo Lewandowski, julgado em 12.8.2009), afirmou que não é possível a contratação
temporária de servidores para a execução de serviços meramente burocráticos tampouco
a previsão em lei de hipóteses abrangentes e genéricas. Afirma a Suprema Corte que
“a contratação temporária de servidores sem concurso público é exceção, e não regra na
Administração Pública”, devendo ser feita de forma excepcional. No mesmo sentido: ADI 2.987
(Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 19.2.2004). Portanto, a assertiva está INCORRETA.

E) O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.662, decidiu


que são inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da Constituição Federal, as autorizações
legislativas genéricas para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida
do prazo dessas contratações (Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23.3.2017). Portanto, a
assertiva está INCORRETA.

GABARITO: B

46. De acordo com a Lei Complementar 1.012/2007, o servidor afastado para desempenhar
emprego público em autarquia ou empresa pública, com prejuízo dos vencimentos,
A) continuará automaticamente vinculado ao Regime Próprio de Previdência Social
do Estado e fará jus a todos os benefícios previdenciários dele decorrentes.

B) terá cancelado o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado, sendo-lhe vedada a concessão de benefícios do mencionado regime, uma
vez que, pelo novo emprego público, o segurado é filiado ao Regime Geral de
Previdência Social.

C) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do Estado
enquanto durar o afastamento, sendo-lhe facultada a opção pela manutenção do
vínculo neste regime, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição,
assim como da contribuição patronal.

D) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado enquanto durar o afastamento, sendo-lhe vedada a opção pela manutenção
do vínculo, pois, pelo novo emprego público, o segurado é filiado ao Regime Geral

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de Previdência Social.

E) terá suspenso o seu vínculo com o Regime Próprio de Previdência Social do


Estado enquanto durar o afastamento, sendo-lhe facultada a opção pela manutenção
do vínculo, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Regimes previdenciários

A) A filiação previdenciária é o vínculo jurídico formado entre o servidor civil (efetivo ou vitalício)
e o sistema previdenciário, do qual decorrem direitos e obrigações recíprocos. Entende-se que
o servidor efetivo (segurado) filia-se ao Regime Próprio de Previdência Social após o efetivo
exercício no serviço público. Quando o servidor é afastado para o desempenho de emprego
público em autarquia ou empresa pública, com prejuízo dos vencimentos, consequentemente
não há contribuição para o Regime Próprio de Previdência Social e seu vínculo ficará suspenso
(art. 40 da Constituição Federal c/c art. 12 da Lei Complementar nº 1.012/2007). Nesse período
o servidor não fará jus aos benefícios previdenciários do regime de previdência do Estado de
São Paulo, pois, pelas atividades desempenhadas na autarquia ou empresa pública o servidor,
em tese, estará vinculado ao Regime Geral de Previdência Social (art. 201 da Constituição
Federal c/c art. 12 da Lei 8.212/91). Portanto, a assertiva está INCORRETA.

B) Como o afastamento sem remuneração é temporário, a filiação ao sistema previdenciário


fica suspensa enquanto durar o afastamento, conforme previsão do caput do art. 12 da Lei
Complementar 1.012/2007: “O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito
à remuneração, terá suspenso o seu vínculo com o regime próprio de previdência social do
Estado enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhe assistindo, neste período, os
benefícios do mencionado regime”. Portanto, a assertiva está INCORRETA.

C) De modo a não prejudicar o segurado afastado, caso venha a sofrer alguma contingência
durante o período de afastamento (por exemplo: morte, invalidez), o legislador estadual
decidiu por garantir ao servidor público o direito de optar pela manutenção do vínculo, desde
que realize o recolhimento da respectiva contribuição (11%), bem como da quota patronal
(22%), conforme §§1º a 3º do art. 12 da Lei Complementar 1.012/2007, in verbis: “§ 1º- Será
assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação
ao regime próprio de previdência social do Estado, mediante o recolhimento mensal da
respectiva contribuição, assim como da contribuição patronal prevista na legislação aplicável,

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observando-se os mesmos percentuais e incidente sobre a remuneração total do cargo a


que faz jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as
vantagens pessoais. § 2º - O recolhimento de que trata o § 1° deve ser efetuado até o segundo
dia útil após a data do pagamento das remunerações dos servidores públicos. § 3º - Em caso de
atraso no recolhimento, serão aplicados os encargos moratórios previstos para a cobrança dos
tributos estaduais, cessando, após 60 (sessentA) dias, as coberturas previdenciárias até a total
regularização dos valores devidos, conforme dispuser o regulamento.” Essas contribuições tem
por escopo o custeio do Regime Próprio de Previdência Social e o equilíbrio financeiro-atuarial
do sistema (art. 40, caput, da Constituição Federal), como se o servidor na ativa estivesse:
33% (trinta e três por cento) sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de
suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. Portanto,
a assertiva está CORRETA.

D) O servidor somente não terá assistência do Regime Próprio de Previdência Social caso não
faça a opção pelo recolhimento da respectiva contribuição (11%), bem como da quota patronal
(22%), incidentes sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas
atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais, conforme já
explicado na letra “c”. Portanto, a assertiva está INCORRETA.

E) Pelas razões expostas na letra “c”, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: C

47. De acordo com a Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007, são
dependentes do militar, EXCETO:
A) Cônjuge ou companheiro(A), na constância do casamento e da união estável.

B) Filhos, de qualquer condição ou sexo, menores de 21 (vinte e um) anos não


emancipados.

C) Enteados e os menores tutelados, de qualquer condição ou sexo, menores de


21 (vinte e um) anos não emancipados, desde que comprovadamente vivam sob
dependência econômica do militar.

D) Filhos inválidos para a trabalho e os incapazes civilmente, desde que


comprovadamente vivam sob dependência econômica do militar, enquanto durar
a invalidez ou a incapacidade.

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E) Os pais, desde que comprovadamente vivam sob dependência econômica do


militar, em igualdade de condições com os demais dependentes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 22. Militares. Regime previdenciário. Pensões. Sistema próprio de


previdência. Entidade gestora. Custeio e Benefícios previdenciários

A) Os dependentes estão as pessoas físicas vinculado ao Regime Próprio de Previdência


Social de forma indireta (laços familiares e dependência econômica com o segurado). O art. 8º
da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007, são dependentes dos militares
para fins de recebimento de pensão:

“Artigo 8º - São dependentes do militar, para fins de recebimento de pensão:

I - o cônjuge ou o companheiro ou companheira, na constância, respectivamente,


do casamento ou da união estável;

II - os filhos, de qualquer condição ou sexo, de idade igual à prevista na legislação do


regime geral da previdência social e não emancipados, bem como os inválidos para o
trabalho e os incapazes civilmente, esses dois últimos desde que comprovadamente
vivam sob dependência econômica do militar;

III - os pais, desde que comprovadamente vivam sob dependência econômica do


militar, e não existam dependentes das classes mencionadas nos incisos I ou II
deste artigo, ressalvado o disposto no parágrafo § 3° deste artigo.

[...]

Interessante notar que, diferentemente da legislação previdenciária dos servidores


civis, não há previsão expressa no art. 8º da Lei nº 452/74 de que o companheiro(A)
homoafetivo(A) é dependente do militar. Todavia, a Procuradoria Geral do Estado
já tem o entendimento de que o companheiro homoafetivo é dependente do militar,
independentemente de previsão legal. Vide Ação Direta de Inconstitucionalidade
4.277 (Rel. Min. Ayres Brito, julgado em 5.5.2011) e Ação de Descumprimento de
Preceito Fundamental nº 132 (Rel. Min. Ayres Brito, julgado em 5.5.2011).

Demais disso, deve-se lembrar que o cônjuge, o companheiro(A) e os filhos, de qualquer


condição ou sexo, menores de 21 (vinte e um) anos não emancipados possuem dependência
econômica presumida, sendo dispensável a comprovação. Diante do comando normativo

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acima transcrito, a assertiva está CORRETA.

B) Pelo art. 8º da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007, transcrito na
letra ‘a’, a assertiva está CORRETA. Cabe lembrar que a idade para que o filho possa ser
considerado dependente, prevista na legislação do Regime Geral da Previdência Social (art.
16, I, da Lei Federal nº 8.213/91), é a de 21 (vinte um) anos.

C) Nos termos do §1º do art. 8º da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007,
o “ enteado e o menor tutelado equiparam-se ao filho desde que comprovadamente vivam sob
dependência econômica do militar”. Deste modo, pelos mesmos fundamentos da letra ‘b’, a
assertiva está CORRETA.

D) Os filhos inválidos para o trabalho e os incapazes civilmente, diferentemente da regra geral


da classe, devem comprovar a dependência econômica para com o militar. De acordo com o
§2º do art. 8º da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007, “a pensão atribuída
ao filho inválido ou incapaz será devida enquanto durar a invalidez ou incapacidade”. Ademais,
o §4º do mesmo diploma normativo, aduz que a “invalidez ou a incapacidade supervenientes à
morte do militar não conferem direito à pensão, exceto se tiverem início durante o período em
que o dependente usufruía o benefício”. Portanto, a assertiva está CORRETA.

E) Os pais, desde que comprovadamente vivam sob dependência econômica do militar,


somente serão dependentes e quando não dependentes das classes mencionadas nos incisos
I ou II do art. 8º da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007 (transcrito
acimA). Pode, no entanto, o segurado apresentar declaração escrita para que os pais, desde
que comprovada a dependência econômica, passem a fazer parte do rol de dependentes em
igualdade de condições com os demais dependentes, conforme expressa precisão no §3º do
art. 8º da Lei nº 452/74, alterado pela Lei Complementar 1.013/2007. Portanto, a assertiva está
INCORRETA.

GABARITO: E

48. A respeito da pensão por morte garantida aos dependentes do servidor público, nos
termos da Constituição Federal e da Lei Complementar nº 180/78, é INCORRETO afirmar
que:
A) o valor da pensão por morte será igual ao valor da totalidade dos proventos do
servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, acrescido de 70% (setenta por cento) da parcela

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excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito.

B) A pensão somente será concedida quando todos os dependentes do segurado


se habilitarem para o recebimento do benefício.

C) O ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira concorrerá em igualdade de


condições com os demais dependentes, sendo o valor de seu benefício limitado ao
valor da pensão alimentícia que recebia do servidor.

D) o valor da pensão por morte será igual ao valor da totalidade da remuneração


do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, acrescido
de 70% (setenta por cento) da parcela excedente a este limite, caso em atividade
na data do óbito.

E) A perda da qualidade de dependente pelo pensionista implica na extinção de


sua quota de pensão, admitida a reversão da respectiva quota somente de filhos
para cônjuge ou companheiro ou companheira e destes para aqueles.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19. Aposentadoria. Pensões. Regras permanentes e transitórias.

A) A Emenda Constitucional nº 41/2003 trouxe uma modificação quanto ao valor da pensão


por morte, ao modificar o §7º do art. 40 da Constituição Federal. Antes, o valor do benefício
correspondia a totalidade do valor proventos ou da remuneração do servidor falecido.
Atualmente a Emenda Constitucional nº 41/2003 fez duas distinções: A) servidor aposentado
na data do óbito; B) servidor em atividade na data do óbito, nos termos descritos abaixo, com
nítida tentativa de aproximação do Regime Próprio de Previdência Social e do Regime Geral
de Previdência Social:

“Art. 40 [...] § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte,
que será igual:

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo


estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata
o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou

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II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se


deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.”

Por meio dessa alteração, o Poder Constituinte derivado parte do pressuposto de que, com
o falecimento do servidor, os gastos com a manutenção da família são reduzidos, devendo o
valor também sofrer decréscimo. Diante disso a alternativa está CORRETA.

B) A assertiva está INCORRETA. De acordo com o art. 148, §4º, da Lei Complementar nº
180/78, alterado pela Lei Complementar nº 1.012/2007, disciplina que a “pensão será concedida
ao dependente que primeiro vier requerê-la, admitindo-se novas inclusões a qualquer tempo,
as quais produzirão efeitos financeiros a partir da data em que forem requeridas [...]”. Caso o
requerimento seja feita em até 60 (sessentA) dias após o óbito, o pagamento retroage à data
deste, após este prazo, o pagamento é devido a partir da data do requerimento (art. 148, §§2º
e 3º, da Lei Complementar nº 180/78, alterado pela Lei Complementar nº 1.012/2007).

C) O ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira que receba pensão alimentícia do


segurado do Regime Próprio de Previdência do Estado de São Paulo é considerado dependente
do servidor, tendo em vista a evidente existência de dependência econômica. Neste caso,
caso haja óbito do servidor, nos termos do art. 150, parágrafo único, da Lei Complementar nº
180/78, alterado pela Lei Complementar nº 1.012/2007, o ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-
companheira concorrerá em igualdade de condições com os demais dependentes, todavia o
valor da pensão por morte estará limitado ao valor da pensão alimentícia. Esse dispositivo é
uma exceção à regra geral de que o valor da pensão previdenciária será rateado, em partes
iguais, entre todos os dependentes, previsto no caput do art. 148 da Lei Complementar nº
180/78. Diante do exposto, a alternativa está CORRETA.

D) Pelos mesmos fundamentos da letra “a”, a assertiva está CORRETA.

E) O art. 148, §5º, da Lei Complementar nº 180/78, alterado pela Lei Complementar nº
1.012/2007 é expressa a afirmar que “a perda da qualidade de dependente pelo pensionista
implica na extinção de sua quota de pensão, admitida a reversão da respectiva quota somente
de filhos para cônjuge ou companheiro ou companheira e destes para aqueles.”. Tornando a
resposta CORRETA, tendo em vista a literalidade do diploma normativo. A princípio a legislação
previdenciária não aceita a reversão da quota parte entre os filhos do servidor falecido, caso
algum deles perca a qualidade de dependente. Todavia, não se pode olvidar, a existência de
declaração de inconstitucionalidade deste dispositivo pelo Tribunal de Justiça do Estado de

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São Paulo, de modo incidental, para permitir a reversão da quota entre todos os dependentes
do segurado (Vide: Arguição de Inconstitucionalidade nº 0019071-66.2015.8.26.0000). Desse
modo, não há necessidade de observância pelo tribunal estadual, nas demais ações envolvendo
o mesmo tema, a cláusula de reserva de plenário, porém o dispositivo legal ainda vige. Vale
lembrar ainda que com a extinção da última quota de pensão, extingue-se o benefício, nos
termos do art. 148, §6º, da Lei Complementar nº 180/78.

GABARITO: B

49. A respeito do custeio do Regime Próprio de Previdência Social, de acordo com a


Constituição Federal e o ordenamento jurídico estadual, é INCORRETO afirmar que:
A) Os Estados instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio,
em benefício destes, do Regime Próprio de Previdência Social, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

B) Os aposentados e os pensionistas do Estado contribuirão com 11% (onze por


cento), incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e
pensões que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

C) O décimo terceiro salário não será considerado para fins de incidência das
contribuições dos servidores ativos do Estado de São Paulo.

D) Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos


de aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus
dependentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros, o Estado de
São Paulo poderá constituir fundo integrado pelos recursos provenientes de
contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei que
disporá sobre a natureza e administração desses fundos.

E) O Estado de São Paulo é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências


financeiras do respectivo Regime Próprio de Previdência Social.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17. Sistema próprio de previdência dos servidores.

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A) O art. 149, §1º, da Constituição Federal prevê que “os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício
destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à
da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União”. O Supremo Tribunal
Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.138-DF (Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado
em 14.9.2011), decidiu que a “observância de alíquota mínima [...] não configura quebra da
autonomia dos Estados Federados”, porque não existe infração ao princípio federativo, pelo
contrário, permite a redução das desigualdades e a criação de um sistema de compensação
entre os regimes previdenciários, nos termos do art. 201, §9º, da Lex Maior:

Art. 201 – [...]

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo


de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. (negritos nosso)

Diante do exposto, a alternativa está CORRETA.

B) O art. 9º da Lei Complementar estadual nº 1.012/2007 disciplina que “os aposentados e os


pensionistas do Estado, inclusive os de suas Autarquias e Fundações, do Poder Judiciário,
Poder Legislativo, Universidades, Tribunal de Contas, Ministério Público, Defensoria Pública
e Polícia Militar, contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre o valor da parcela
dos proventos de aposentadorias e pensões que supere o limite máximo estabelecido para
os benefícios do regime geral de previdência social.”. Estabelece, ademais, que “nos casos
de acumulação remunerada de aposentadorias e/ou pensões, considerar-se-á, para fins de
cálculo da contribuição de que trata o “caput” deste artigo, o somatório dos valores percebidos,
de forma que a parcela remuneratória imune incida uma única vez” (art. 9º, parágrafo único, da
Lei Complementar estadual nº 1.012/2007). Diante do exposto, a alternativa está CORRETA.

C) Por se tratar de nítida verba salarial e não indenizatória, o décimo terceiro salário é computado
para fins de contribuições sociais para financiamento do Regime Próprio de Previdência Social,
nos termos do art. 10 da Lei Complementar estadual nº 1.012/2007. Diante disso, a assertiva
está INCORRETA.

D) Para melhoria da gestão da coisa pública, os recursos para a previdência social do servidor
público devem estar desatrelados do orçamento fiscal, conforme previsão específica de um
orçamento para a seguridade social e de criação de fundo de reserva nos art. 165, §5º, III, e
art. 249 da Constituição da República, bem como de gerenciamento por uma unidade única,

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nos termos do art. 40, §20, da Lex Maior1:

Art. 165. [...]

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

[...]

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a


ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.

[...]

Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos de


aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus dependentes,
em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios poderão constituir fundos integrados pelos recursos
provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza,
mediante lei que disporá sobre a natureza e administração desses fundos.

[...]

Art. 40 [...]

§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência


social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art.
142, § 3º, X.

[...] (negrito nosso)

Se a despesa com o pagamento dos benefícios previdenciários não pode atingir diretamente
o orçamento fiscal, os entes políticos devem formar um fundo próprio ao qual será destinada
a contribuição estatal (TAVARES, Marcelo Leonardo. Reforma da previdência: caminhos e
descaminhos da proteção previdenciária dos servidores. In: SARMENTO, Daniel et. al. A
Reforma da Previdência Social: temas polêmicos e aspectos controvertidos. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2004, p. 122). O Estado de São Paulo, para financiamento do respectivo
Regime Próprio de Previdência Social, criou fundo específico nos termos do art. 31 da Lei
Complementar estadual nº 1.010/2007. Diante do exposto, a alternativa está CORRETA.

1 Ibid., p. 122.

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2ª RODADA - 23/02/2018

E) A Administração Pública estadual deve gerir, com diligência os recursos previdenciários


destinados ao pagamento de benefícios do Regime Próprio de Previdência Social. Isso
porque, de acordo com o art. 27 da Lei Complementar estadual nº 1.010/2007, o

“Artigo 27 - O Estado de São Paulo é responsável pela cobertura de eventuais


insuficiências financeiras do RPPS e do RPPM decorrentes do pagamento de
benefícios previdenciários, observada a insuficiência apurada em cada um dos
Poderes e órgãos autônomos.

Parágrafo único - Entende-se por insuficiência financeira o valor resultante da


diferença entre o valor total da folha de pagamento dos benefícios previdenciários
e o valor total das contribuições previdenciárias dos servidores, dos Poderes,
entidades autônomas e órgãos autônomos do Estado.”

Diante do exposto, a alternativa está CORRETA.

GABARITO: C

50. De acordo com a Constituição Federal e a Lei estadual 14.653/2011, que institui o
regime de previdência complementar do servidor público do Estado de São Paulo, é
CORRETO afirmar que:
A) Após a instituição do Regime de Previdência Complementar, as bases de cálculo
dos benefícios e da contribuição adotadas pelo Regime Próprio de Previdência
Social obedecerão o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

B) O regime de previdência complementar deverá oferecer planos na modalidade


de benefício definido.

C) Ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação


do ato de instituição do correspondente Regime de Previdência Complementar, é
constitucionalmente vedada a participação nesse novo regime.

D) Não poderá permanecer filiado ao Regime de Previdência Complementar do


Estado de São Paulo o servidor afastado a outro órgão ou entidade da administração
pública direta ou indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive
suas empresas públicas e sociedades de economia mista

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2ª RODADA - 23/02/2018

E) Para os planos em que seja patrocinador o Estado de São Paulo, o valor da


contribuição do patrocinador será igual ao dobro da do participante, correspondendo
à 22% (vinte e dois por cento) do total da remuneração do servidor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21. A previdência complementar do servidor público.

A) A partir do momento que o Estado de São Paulo optou por criar seu Regime de Previdência
Complementar, com a promulgação da Lei Estadual n° 14.653/2011, surge um novo marco
regulatório para o Regime Próprio de Previdência Social bandeirante, qual seja, os benefícios
e a base de cálculo das contribuições sociais do regime básico do Estado de São Paulo
ficam, a partir de então, limitados ao teto do Regime Geral de Previdência Social. Dentre o
universo dos servidores públicos que se submetem ao regime de aposentadorias e pensões do
Regime Próprio de Previdência Social do Estado de São Paulo, sujeitam-se ao limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral da Previdência Social e, consequentemente,
contribuem dentro desse mesmo limite, aqueles que vierem a entrar em exercício no serviço
público a partir de 21 de janeiro de 2013, quando efetivamente foi instituído o Regime de
Previdência Complementar bandeirante. O art. 40, § 14, da Constituição Federal, incluído pela
Emenda Constitucional nº 20/1998, é claro ao estabelecer que:

“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de


previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo,
poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201”.

Diante disso a alternativa está CORRETA.

B) O Regime de Previdência Complementar é baseado no regime de capitalização e de


contribuição definida (BARROSO, Luís Roberto. Constitucionalidade e legitimidade da Reforma
da Previdência: ascensão e queda de um regime de erros e privilégios. In: SARMENTO,
Daniel et. al. A Reforma da Previdência Social: temas polêmicos e aspectos controvertidos.
Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2004. p. 57-58). O regime de capitalização tem por
finalidade a instituição de um sistema onde as contribuições vertidas pelo segurado, corrigidas
monetariamente, são destinadas a arcar com os futuros benefícios do próprio servidor e seus
dependentes, sem prevalência da ideia de solidariedade social (MARTINS. Sérgio Pinto. Direito
da Seguridade Social. 34ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 301). Pelo regime de contribuição

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 172


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definida, o segurado contribui com um valor certo, todavia o valor a receber de benefícios é
estimado. O art. 40, § 15, da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional nº
41/2003, aduz que “O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído
por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar,
de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente
na modalidade de contribuição definida.” (grifos acrescidos). Diante disso a alternativa está
INCORRETA.

C) Art. 40, § 16, da Constituição Federal, incluído pela Emenda Constitucional nº 20/1998,
alerta que “somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá
ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do
ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar.” Diante disso, a
alternativa está INCORRETA.

D) O art. 28 da Lei estadual nº 14.653/2011 traz as hipóteses que o participante poderá continuar
filiado ao respectivo plano de benefícios previdenciários complementares, in verbis:

“Artigo 28 - Poderá permanecer filiado ao respectivo plano de benefícios


previdenciários complementares, o participante:

I - afastado a outro órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive suas empresas públicas e
sociedades de economia mista;

II - afastado ou licenciado do cargo efetivo temporariamente, com ou sem recebimento


de remuneração;

III - que optar pelo benefício proporcional diferido ou pelo autopatrocínio, na forma
estabelecida pelos órgãos regulador e fiscalizador das entidades fechadas de
previdência complementar e no regulamento do plano de benefícios previdenciários
complementares.

§ 1º - O regulamento do plano de benefícios previdenciários complementares


disciplinará as regras para a manutenção do custeio do plano de benefícios
previdenciários complementares, observada a legislação aplicável.

§ 2º - O patrocinador arcará com a sua contribuição somente quando o afastamento ou


a licença do cargo efetivo se der sem prejuízo do recebimento de sua remuneração.”

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Diante disso, a alternativa está INCORRETA.

E) Diferentemente da contribuição patronal no Regime Próprio de Previdência Social (art. 8º


da Lei federal nº 10.887/2004 e do art. 32 da Lei Complementar estadual nº 1.010/2007),
a contribuição do Estado de São Paulo a título de patrocinador no Regime de Previdência
Complementar, será igual a do participante, observado o disposto no regulamento do plano de
benefícios previdenciários complementares, não podendo exceder o percentual de 7,5% (sete
e meio por cento) incidente sobre a parcela da remuneração que ultrapassar o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social, conforme disposto no
art. 30 da Lei estadual nº 14.653/2011, alterado pela Lei 16.391/2017. Diante disso, a alternativa
está INCORRETA

GABARITO: A

PROFESSOR: RODRIGO LEVKOVICZ


E-mail: profcei.rodrigolevkovicz@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

51. A respeito do Sistema Nacional do Meio Ambiente, assinale a alternativa INCORRETA:

A) O SISNAMA é constituído por um conjunto de entes e órgãos da União, Estados-


Membros, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas administrações indiretas,
responsáveis pela proteção monitoramento e controle da qualidade e da política
ambiental.

B) Compete ao CONAMA estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais


de controle de poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes.

C) O IBAMA é uma autarquia federal de regime especial a quem compete, entre


outros, propor e editar normas de qualidade ambiental, o zoneamento e a avaliação
de impactos ambientais a fiscalização ambiental e a imposição de penalidades
administrativas.

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D) Compete ao ICMBIO proceder à regularização fundiária das unidades de


conservação federais de dominialidade pública a ele vinculadas.

E) A Agência Nacional de Águas-ANA, autarquia federal de natureza especial,


responsável pela implementação da política nacional de recursos hídricos, não
integra o SISNAMA.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 SISNAMA

A) CORRETA: O SISNAMA é estruturado em seis níveis fundamentais, conforme disposto no


art. 6º da Lei nº 6.398/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências: o Conselho de Governo
(órgão superior), o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (órgão consultivo e
deliberativo), o Ministério do Meio Ambiente (órgão central), o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBIO (ambos órgãos executores); os órgãos Seccionais
(todos os órgãos ou entidades Estaduais responsáveis pela política ambiental) e os Órgãos
locais (todos os órgãos ou entidades Municipais responsáveis pela política ambiental).

B) CORRETA: As competências do CONAMA estão previstas no artigo 8º da Lei nº 6.938/81 e


pelo artigo 7° do Decreto 99.274/90. No exercício de suas atribuições, o CONAMA se vale dos
seguintes atos administrativos: as resoluções veiculam deliberações acerca das diretrizes e
normas técnicas, padrões e critérios relativos à proteção ambiental e o uso racional/sustentável
dos recursos naturais; as monções veiculam manifestações de qualquer natureza sobre
a temática ambiental; as recomendações veiculam manifestações de ordem diretiva, mas
não vinculante, sobre a implementação da política pública ambiental; as proposições que
veiculam propostas atinentes à temática ambiental ao Conselho de Governo e às comissões
do Senado Federal e da Câmara Federal e as decisões quando se tratar de multa ou qualquer
outra penalidade imposta pelo IBAMA.

C) CORRETA: O IBAMA, ao lado do ICMBIO, é um órgão executor dentro do SISNAMA. O


IBAMA surgiu da fusão de quatro órgãos administrativos federais: a SEMA (Secretaria Especial
do Meio AmbientE), o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), a SUDEPE
(Superintendência do Desenvolvimento de PescA) e a SUDHEVEA (Superintendência de
BorrachA). Sua criação pela Lei 7.735/89 constitui um importante passo na estruturação

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2ª RODADA - 23/02/2018

de um sistema ambiental, na medida em que, antes disso, as políticas ambientais no Brasil


estavam dispersas entre os diversos Ministérios e entes governamentais. Nos termos do artigo
2° da Lei 7.735/89, compete ao IBAMA, no que toca às atribuições federais, (i) exercer o
poder de polícia ambiental, (ii) proceder ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade
ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e
controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente, (iii)
executar as ações supletivas de competência da União. Oportunamente, detalharemos cada
uma dessas atribuições. Por ora, nos limitaremos a enunciá-las.

D) CORRETA: O ICMBIO, criado pela MP n° 366/07, convertida na Lei n° 11.516/07, é uma


autarquia federal, dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa
e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, a quem compete, nos termos do
artigo 1° da Lei 11.516/07: - executar ações da política nacional de unidades de conservação
da natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão,
proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União;
II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao
apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso
sustentável instituídas pela União; III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção,
preservação e conservação da biodiversidade e de educação ambiental; IV - exercer o poder
de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União;
e V - promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos,
programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde
estas atividades sejam permitidas.

E) INCORRETA: A Agência Nacional de águas integra o SISNAMA, por força do disposto no


inciso V do artigo 3º do Decreto n°99.274/90, que a qualifica como órgão seccional de referido
sistema, na medida em que possui interface direta com a proteção, controle e monitoramento
da qualidade e política ambiental e, especificamente, é a responsável pelas outorgas de uso
dos recursos hídricos na esfera federal, disciplinando o uso desse recurso ambiental, de modo
a garantir sua multiplicidade, preservação e recuperação.

GABARITO: E

52. Em relação à regularização fundiária, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Admite-se a regularização fundiária de interesse social em área de
preservação permanente, ocupada por núcleos urbanos informais, de população

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predominantemente de baixa renda, assim declarada pelo poder executivo


municipal.

B) Admite-se a regularização fundiária de interesse específico em área de


preservação permanente, não identificada como área de risco, ocupada por núcleos
urbanos informais, independentemente da condição social de seus ocupantes.

C) Admite-se a regularização fundiária em área de preservação permanente, em


caráter excepcional, sobre mangue ou restinga, dede que a função ecológica
esteja comprometida, quando se tratar da execução de obras habitacionais e de
urbanização, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população e baixa
renda.

D) No caso de a reurbanização abranger área de unidade de conservação de uso


sustentável que admita regularização, será exigida também a anuência do órgão
gestor da unidade, desde que estudo técnico comprove que essas intervenções de
regularização fundiária implicam a melhoria das condições ambientais em relação
à situação de ocupação informal anterior.

E) O proprietário rural que pretenda converter suas áreas de reserva legal para
o uso alternativo do solo deverá proceder sua compensação pela aquisição de
Cota de Reserva Ambiental – CRA, ou pelo arrendamento de área sob regime de
servidão ambiental ou Reserva Legal, ou, ainda, por meio de doação ao poder
público de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio
público pendente de regularização fundiária.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 e 8 SNUC e APP.

A) CORRETA: O artigo 64 do Código Florestal admitiu a regularização nessa hipótese


mediante a aprovação de um projeto de regularização fundiária na forma prevista pela Lei
específica de Regularização Fundiária Urbana. Além disso, o estudo técnico deve conter: (i) a
caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada; (ii) especificação dos sistemas
de saneamento básico; (iii) proposição de intervenções para a prevenção e o controle de riscos
geotécnicos e de inundações; (iv) recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis
de regularização; (v) comprovação da melhoria das condições de sustentabilidade urbano-

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ambiental, considerados o uso adequado dos recursos hídricos, a não ocupação das áreas
de risco e a proteção das unidades de conservação, quando for o caso; (vi) comprovação da
melhoria da habitabilidade dos moradores propiciada pela regularização proposta; (vii) garantia
de acesso público às praias e aos corpos d’água.

B) CORRETA: A hipótese versa sobre a chamada Reurb-E, reurbanização e interesse


específico, definida pelo inciso II do artigo 11 da Lei n° 13465/17 como a regularização
fundiária aplicável aos núcleos urbanos informais ocupados por população não formada
predominantemente como de baixa renda. Para esse caso, o artigo 65 do Código Florestal
admitiu a regularização mediante a aprovação de um projeto de regularização fundiária na
forma prevista pela Lei específica que demonstre a melhoria das condições ambientais em
relação à situação anterior, que também deve observar: (i) a caracterização físico-ambiental,
social, cultural e econômica da área; (ii) a identificação dos recursos ambientais, dos passivos
e fragilidades ambientais e das restrições e potencialidades da área; (iii) a especificação e a
avaliação dos sistemas de infraestrutura urbana e de saneamento básico implantados, outros
serviços e equipamentos públicos; (iv) a identificação das unidades de conservação e das
áreas de proteção de mananciais na área de influência direta da ocupação, sejam elas águas
superficiais ou subterrâneas; (v) a especificação da ocupação consolidada existente na área;
(vi) a identificação das áreas consideradas de risco de inundações e de movimentos de massa
rochosa, tais como deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras
definidas como de risco geotécnico; (vii) a indicação das faixas ou áreas em que devem ser
resguardadas as características típicas da Área de Preservação Permanente com a devida
proposta de recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;
(viii) a avaliação dos riscos ambientais; (ix) a comprovação da melhoria das condições de
sustentabilidade urbano-ambiental e de habitabilidade dos moradores a partir da regularização;
(x) a demonstração de garantia de acesso livre e gratuito pela população às praias e aos
corpos d’água, quando couber.

C) CORRETA: Esta hipótese de regularização excepcional está disciplinada no § 2° do artigo


8° do Código Florestal. De certa maneira, a lei vai de encontro à jurisprudência consolidada pela
2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça o sentido de inadmitir qualquer tipo de intervenção ou
regularização nas áreas de manguezal ou de restinga.

D) CORRETA: Trata-se de hipótese prevista no § 3º do artigo 11 da Lei 13.465/17. Nesse


caso, possibilidade de regularização depende da anuência do órgão gestor da Unidade de
Conservação de Desenvolvimento Sustentável, que tem caráter vinculativo. A medida é
extremamente salutar, pois a ocupação irregular e desordenada do solo constitui uma das

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principais causas de degradação ambiental, mormente em razão da supressão irregular de


vegetação e pelo despejo de efluentes não tratados (esgoto sanitário) dentro de referidos espaços
protegidos. Contudo, para as Unidades de Proteção Integral, não se abre a possibilidade de
regularização nesses moldes. Para essas hipóteses a solução perpassa desde a desafetação
do espaço protegido, recategorização do tipo da Unidade, até a realocação da comunidade,
conforme temporalidade em relação à criação da UC, conforme será detalhado em questão
outra oportunidade.

E) INCORRETA: A alternativa está incorreta porque não se admite a utilização do instituto da


compensação de reserva legal para a conversão de novas áreas para o uso alternativo do
solo, conforme preconiza o §9°, do artigo 66 do Código Florestal. A compensação ambiental
só pode ser utilizada para as áreas de reserva legal já degradadas até 22 de julho de 2008,
excetuados os imóveis rurais de até 4 módulos fiscais que estão desonerados de recompor ou
compensar seus déficits de reserva legal. Advirta-se, contudo, que mesmo os imóveis rurais
de até 04 módulos não podem converter, por meio da compensação, para o uso alternativo do
solo, suas áreas de reserva legal conservadas em 22 de julho de 2008. Neste caso, subsiste
integra a área de reserva legal, ainda que o imóvel rural tenha até 04 módulos fiscais.

GABARITO: E

53. Em relação aos Comitês de Bacia Hidrográfica, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Os comitês de bacia hidrográfica detêm atribuições normativas, deliberativas e
consultivas a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua jurisdição.

B) A jurisdição do comitê abrange a totalidade da bacia hidrográfica, a sub-bacia


hidrográfica de tributário ou curso d´água principal da bacia ou de tributário desse
tributário e o grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

C) A instituição de Comitê de Bacia Hidrográfica de rio de domínio federal será


efetivada por ato do Presidente da República.

D) Os comitês de bacia são órgãos colegiados de composição plúrima, assegurada


a maioria dos votos ao poder público competente.

E) Quando um rio federal e um rio estadual fizerem parte da mesma bacia ou sub-
bacia as ações dos diferentes comitês não poderão ser antagônicas, devendo ser
articuladas e integradas.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10 Recursos Hídricos.

A) CORRETA: As competências dos Comitês de Bacia estão estabelecidas no artigo 38 da


Lei 9.433/97, e envolvem atribuições normativas (estabelecer os mecanismos de cobrança
pelo uso de recursos hídricos e estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras
de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo), deliberativas (arbitrar, em primeira instância
administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos e aprovar o Plano de Recursos
Hídricos da baciA) e consultivas ( promover o debate das questões relacionadas a recursos
hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes, acompanhar a execução do Plano
de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de
suas metas, propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos
as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo
com os domínios destes). Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso
ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua
esfera de competência, conforme preconiza o parágrafo único do artigo 38 da Lei 9.433/97.

B) CORRETA: A lei n° 9.433/97 não definiu “bacia hidrográfica” o que tem causado sérias
dificuldades quando na mesma bacia houver cursos d´água de domínio federal e estadual.
A literatura especializada (Dicionário de Direito Ambiental, Maria G. Krieger, Rio de Janeiro,
Lexikon, p.41, apud Paulo Afonso Leme Machado, Direito Ambiental Brasileiro, 24ª edição,
Editora Malheiros) define bacia hidrográfica como “área definida topograficamente, drenada
por um curso d´água ou um sistema conectado de cursos d´água, de forma que toda a vazão
efluente seja descarregada através duma saída única”. A bacia hidrográfica é a unidade
territorial em que se dá a gestão das águas, e os valores arrecadados pela cobrança do usos de
seus recursos hídricos devem beneficiar, prioritariamente, os moradores de sua circunscrição,
conforme estabelece o caput e o § 2º do artigo 22 da Lei 9.433/97.

C) CORRETA: A hipótese está prevista no parágrafo único do artigo 37 da Lei n° 9.433/97. A


resolução CNRH n° 5/2000 instituiu um procedimento para que seja requerida a criação de um
Comitê de Bacia, cujo rio principal é de domínio da União, por meio do qual três dos quatro
legitimados devem pleitear em conjunto respectiva criação. Com efeito, conforme preconiza
o artigo 9° da Resolução CNRH n.° 5/2000, deverão subscrever o pedido três dos seguintes
legitimados: Secretário de Estado responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos;
Prefeitos Municipais; entidades representativas de usuários; e entidades civis de recursos

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hídricos. Como se pode perceber da leitura do dispositivo, não há ordem hierárquica entre os
legitimados e a necessidade de requerimento conjunto, por óbvio, obriga que se estabeleça
uma negociação política na região.

D) INCORRETA: O § 1° do artigo 39 da Lei 9.433/97, assegura que a representação dos


Poderes executivos da União, Estados, distrito Federal e Municípios se restringirá à metade
do total de membros do Comitê, assegurando-se, portanto, sua composição paritária, aberta
a possibilidade de o setor da sociedade civil possuir a maioria dos membros do Comitê,
conforme disciplinar seu regimento. A lei, portanto, estabelece uma limitação para o Poder
Público. Conforme preconiza o artigo 39, da Lei 9.433/97, os comitês são compostos por
representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda
que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação, dos Municípios situados, no todo
ou em parte, em sua área de atuação, dos usuários das águas de sua área de atuação, das
entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

E) CORRETA: É importante perceber que ao se referir aos Comitês de Bacia, a Lei 9.437/97
não utiliza as expressões “Comitê Federal” ou “Comitê Estadual” seja o rio de domínio federal
ou estadual. A resolução CNRH n° 5/2000, por meio do disposto no artigo 3°, estabelece que
“as ações de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio do Estado, afluentes a rios de
domínio d União, serão desenvolvidas mediante articulação com os Estados, observados os
critérios e as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional, Estaduais e Distrital de Recursos
Hídricos”.

GABARITO: D

54. Em relação ao Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA, assinale a


alternativa correta:
A) Compete ao Conselho Estadual de Meio Ambiente apreciar Estudos de Impacto
Ambiental - EIA e seus respectivos Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente -
RIMA, por solicitação do Secretário do Meio Ambiente ou por decisão do Plenário,
mediante requerimento de um quarto de seus membros.

B) O Plenário do CONSEMA tem composição plural, é formado por órgãos e entidades


governamentais, que detêm maioria relativa dos votos, e não governamentais do
Estado.

C) A função dos conselheiros do CONSEMA será remunerada, sendo considerada

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serviço de natureza relevante.

D) Nos procedimentos referentes a auto de infração por desrespeito à legislação


ambiental, caberá recurso especial ao CONSEMA contra as decisões proferidas em
grau de recurso pelas autoridades ou órgãos do SEAQUA relativas a penalidades
de multa de valor superior a 7.500 reais ou quando ensejarem a aplicação da pena
de interdição.

E) Somente poderão eleger representantes as entidades ambientalistas constituídas


há pelo menos 2 (dois) ano, nos termos da lei civil, desde que comprovem atuação
efetiva na defesa ou preservação do meio ambiente, com regular cadastro junto à
Secretaria do Meio Ambiente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6.1 CONSEMA.

A) CORRETA: O Conselho Estadual de Meio Ambiente- CONSEMA guarda previsão


na Constituição do Estado de São Paulo (alínea “a”, parágrafo único, artigo 193), que
lhe assegura competências normativas e recursais, nos termos definidos em lei. As
competências do CONSEMA estão previstas no artigo 2° da Lei estadual 13.507/09,
dentre as quais destacam-se: estabelecer normas relativas à avaliação, ao controle, à
manutenção, à recuperação e à melhoria da qualidade ambiental, emitir pronunciamento
prévio a respeito da Política Estadual do Meio Ambiente e acompanhar sua execução;
avaliar as políticas públicas com relevante impacto ambiental e propor mecanismos de mitigação
e recuperação do meio ambiente; manifestar-se sobre a Avaliação Ambiental Estratégica das
políticas, planos e programas ambientais; apreciar Estudos de Impacto Ambiental - EIA e
seus respectivos Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente - RIMA, por solicitação do
Secretário do Meio Ambiente ou por decisão do Plenário, mediante requerimento de um quarto
de seus membros; manifestar-se sobre a instituição de espaços especialmente protegidos
e zoneamentos ecológico econômicos, bem como sobre a instituição de planos de manejo
das unidades de conservação; apreciar o Relatório Anual da Qualidade Ambiental do Estado
de São Paulo, emitindo manifestação conclusiva, conduzir audiências públicas para debates
de processos de licenciamento ambiental sujeitos a EIA/RIMA, de criação de unidades de
conservação, ou de qualquer outra questão de interesse ambiental. Portanto, a assertiva está
correta, eis que reproduz o disposto no inciso VI, do artigo 2° da Lei estadual n° 13.507/09.

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B) INCORRETA: O Plenário do CONSEMA, conforme estabelece o artigo 7° da Lei estadual


n 13.507/09, tem composição paritária entre órgãos e entidades governamentais e não
governamentais do Estado e é integrado, na forma estabelecida em regulamento, por 36 (trinta
e seis) membros e seus respectivos suplentes, na seguinte conformidade: (i) o Secretário do
Meio Ambiente, que o presidirá; por 17 (dezessetE) representantes de órgãos e entidades
governamentais e por 18 (dezoito) representantes de entidades não governamentais, sendo
seis eleitos por entidades ambientalistas.

C) INCORRETA: Em relação aos conselheiros do CONSEMA, deve se destacar que, nos termos
da Lei estadual n° 13.507/09: sua função não será remunerada e é considerada serviço de
natureza relevante (art.10); o Governador do Estado nomeará os membros titulares e suplentes
do CONSEMA, indicados pelos dirigentes das entidades e dos órgãos representados (art.
8º); o mandato dos conselheiros será de 2 (dois) anos, sendo permitida uma recondução por
igual período (art. 9°); aos membros do Plenário, representantes de entidades ambientalistas
sediadas no interior do Estado, fica assegurado o custeio de despesas de deslocamento
para o comparecimento às reuniões ordinárias constantes do calendário ou de convocação
extraordinária, na forma que dispuser seu regimento interno (art. 11).

D) INCORRETA: Nos procedimentos referentes à auto de infração por desrespeito à legislação


ambiental, caberá recurso especial, ao CONSEMA contra as decisões proferidas em grau de
recurso pelas autoridades ou órgãos do SEAQUA relativas a penalidades de multa de valor
superior a 7.500 UFESP(s) ou quando ensejarem a aplicação da pena de interdição, com
efeito suspensivo para as penalidade de multa, conforme preconiza o disposto no inciso IX,
do artigo 2º da Lei Estadual 13.507/09, c.c., o artigo 4° da Deliberação Consema n° 05/2010 e
do artigo 3° do Decreto estadual n° 55.087/09. Nesse caso, o recurso especial é distribuído à
Câmara Temática Processante e de Normatização que se manifesta sobre o recurso interposto
por meio de relatório, no qual consta eventuais dissensos dos conselheiros votantes, que é
encaminhado apreciação e votação do órgão plenário, nos termos preconizados pelos artigos
53 e 54 da Deliberação Consema n° 05/2010, que aprovou o seu regimento interno.

E) INCORRETA: Somente poderão eleger representantes as entidades ambientalistas


constituídas há pelo menos 1 (um) ano, nos termos da lei civil, desde que comprovem atuação
efetiva na defesa ou preservação do meio ambiente, com regular cadastro junto à Secretaria
do Meio Ambiente, conforme estabelece o disposto no parágrafo único do artigo 7° da Lei
estadual n° 13.507/09.

GABARITO: A

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55. Assinale a alternativa INCORRETA, em relação à Política Nacional de Resíduos


Sólidos:
A) Resíduos perigosos são aqueles que apresentam significativo risco à saúde
pública, ou à qualidade ambiental, de acordo com a Lei, regulamento ou norma
técnica.

B) Para os fins da política nacional de resíduos sólidos, nos termos disciplinados


pela Lei 12.305/10, equiparam-se resíduos sólidos a rejeitos.

C) Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pneus


são obrigados a estruturar e implementar o sistema de logística reversa,
independentemente de regulamento, acordo setorial ou termo de compromisso.

D) Os consumidores podem ser responsabilizados no caso de lançarem, deixarem


ou acondicionarem os produtos em local ou forma inadequado.

E) As áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos não podem usadas para


catação e para a criação de animais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11 Resíduos Sólidos.

A) CORRETA: A alternativa traz o conceito de resíduos perigosos, tudo que não se


enquadrar nesse conceito se considera resíduos não perigosos. Os geradores de resíduos
perigosos estão, de plano, sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos
sólidos, conforme estabelece a alínea, “a”, do inciso II do artigo 20, da Lei n° 12.305/10, que
instituiu a política Nacional de Resíduos Sólidos. Além disso, por força do disposto no artigo
37 e 38, deste diploma legal, a instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade
que gere ou opere com resíduos perigosos somente podem ser autorizados ou licenciados
pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica e
econômica, além de condições para prover os cuidados necessários ao gerenciamento desses
resíduos. As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase do seu
gerenciamento, são obrigadas a se cadastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos. Sem prejuízo das iniciativas de outras esferas governamentais, o Governo Federal
deve estruturar e manter instrumentos e atividades voltados para promover a descontaminação
de áreas órfãs. Se, após descontaminação de sítio órfão realizada com recursos do Governo

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Federal ou de outro ente da Federação, forem identificados os responsáveis pela contaminação,


estes ressarcirão integralmente o valor empregado ao poder público.

B) INCORRETA: O termo resíduo sólido é empregado para o material descartado resultante de


atividades humanas, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, conforme estabelece o inciso XVI, do artigo 3° da Lei 12.305/10. Já o termo rejeito
serve para designar o resíduo sólido que é destinado à disposição final ambientalmente
adequada, após esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e viáveis do ponto de vista econômico, o inciso XV, do artigo 3° da
Lei 12.305/10.

C) CORRETA: Nos termos do artigo 33 da Lei 12.305/10, são obrigados a estruturar e implementar
o sistema de logística reversa, independentemente de regulamento, acordo setorial ou termo
de compromisso. ao lado dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de
pneus: (i) os agrotóxicos, seus resíduos e embalagens ou outros se enquadrem como resíduo
perigoso após o uso; (ii) os óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; e (iii) pilhas e
baterias. Em relação aos produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou
de vidro e aos demais produtos e embalagens a obrigatoriedade da logística reversa depende
da edição e regulamento, ou de acordos setoriais e termos de compromisso, considerada a
viabilidade econômica da logística reversa e o grau e extensão do impacto à saúde pública e
ao equilíbrio do meio ambiente com os resíduos gerados, conforme estabelece o § 1°, do artigo
33 da Lei 12.305/10.

D) CORRETA: A lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, por meio do §4 do artigo


33, estabelece o consumo sustentável obrigando os consumidores a acondicionarem
adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados, bem como disponibilizar
adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. O
poder público municipal, alicerçado em seu polícia e desde que haja previsão legal, poderá
estabelecer sanções administrativas no caso de descumprimento dessas obrigações pelos
consumidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas. De igual modo, autoriza-se o Poder Público
a conceder incentivos econômicos àqueles consumidores que cumprirem suas obrigações
conforme autoriza o parágrafo único do artigo 35 de referido diploma.

E) CORRETA: Além da criação de animais e catação, as áreas de disposição final de resíduos


ou rejeitos não admitem a fixação de habitações temporárias ou permanentes, ou a utilização
dos rejeitos como fonte de alimentação, conforme preconiza o artigo 48 lei da Política Nacional
de Resíduos Sólidos. Tais proibições visam resguardar a saúde humana, tendo em vista as
condições de degradação de tais localidades. Em relação à catação, no que toca àqueles

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recicláveis ou reutilizáveis, deve-se observar que a lei não a proíbe, nas áreas de disposição
temporária de resíduos ou rejeitos, nem em frente às casas, comércios, etc.

GABARITO: B

56. Em relação ao plano de manejo, assinale a alternativa INCORRETA:


A) O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona
de amortecimento e os corredores ecológicos.

B) Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo


de cinco anos a partir da data de sua criação.

C) Não se admite qualquer tipo de intervenção humana em unidade de conservação


de proteção integral, salvo àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos
que a unidade objetiva proteger, até que seja elaborado o Plano de Manejo.

D) As concessões para a exploração dos serviços ou o uso de áreas, ou parte


de áreas, inerentes ao ecoturismo discriminado na Lei Estadual 16.260/16 é
condicionada a existência de um plano de manejo aprovado.

E) O plano de manejo é o documento técnico que estabelece o zoneamento e o uso


das áreas e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas
físicas necessárias à gestão de uma unidade de conservação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 SNUC.

A) CORRETA: O plano de manejo, conforme preconiza o § 1° do artigo 27 da Lei n° 9.985/2000,


não regula apenas o interior de uma UC, em verdade, sua validade e eficácia vão além, atingem
a zona de amortecimento (o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades
humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os
impactos negativos sobre a unidadE) e os corredores ecológicos (porções de ecossistemas
naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo
de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência
áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais).

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B) CORRETA: A importância do plano de manejo é reconhecida pelo SNUC dada a


obrigatoriedade da sua elaboração no prazo de 05 anos a partir da criação da UC, conforme
preconiza o § 3° do artigo 27 da Lei n° 9.985/00. Também estão sujeitas à obrigatoriedade de
elaboração de um plano de manejo as Unidades de Conservação anteriores à Lei n° 9.985/00,
que foram reavaliadas e classificadas dentro da tipologia prevista pelo SNUC, conforme o
disposto em seu artigo 55 (As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com
base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão
reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua
destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o disposto
no regulamento desta Lei).

C) INCORRETA: Não se admite qualquer tipo de intervenção humana em unidade de


conservação de proteção integral, além das intervenções humanas destinadas a garantir a
integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger. Não obstante, nas unidades de
proteção integral, deverão ser asseguradas às populações tradicionais porventura residentes
na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades
materiais, sociais e culturais até que o Poder Público proceda seu reassentamento mediante
a indenização ou compensação pelas benfeitorias existentes e devida realocação, pelo Poder
Público, para local e condições acordados entre as partes, conforme preconiza o artigo 42 da
Lei do SNUC. Por outro lado, enquanto a realocação prevista no SNUC é inconteste, o artigo
16, item 2, da Convenção 169 da OIT, de controvertida aplicação às populações tradicionais
definidas pelo SNUC, condiciona tal realocação à aquiescência da comunidade.

D) CORRETA: No caso de Unidades de Conservação, regidas pelo SNUC, as concessões


previstas na Lei Estadual 16.260/16, conforme dispõe seu artigo 3º, estão condicionadas
ao caráter remunerado e ao interesse público, bem como: (i) existência de Plano de Manejo
aprovado;(ii) compatibilidade das atividades passíveis de exploração econômica com os
objetivos da Unidade de Conservação, conforme disposto no Plano de Manejo; (iii) aprovação
da concessão e do edital da licitação pelo Órgão Gestor da Unidade de Conservação; (iv)
oitiva do Conselho Consultivo do Sistema de Informação e Gestão de Áreas Protegidas e de
Interesse Ambiental do Estado de São Paulo – SIGAP e do Conselho Consultivo da Unidade,
ou, quando for o caso, aprovação do Conselho Deliberativo; (v) exploração, única e exclusiva,
de áreas de uso público, de experimentação ou de manejo sustentável, desde que previstas
no Plano de Manejo; (vi) compatibilidade das atividades passíveis de exploração econômica
com os objetivos de proteção da área a ser concedida; (vii) oitiva do Conselho Estadual do
Meio Ambiente - CONSEMA, com prévia realização de audiência pública; (viii) licitação, na
modalidade concorrência.

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E) CORRETA: O Plano de manejo é o mais importante instrumento de gestão de uma UC,


é por meio dele que são definidos os usos que cada área pode suportar. Todas as unidades
de conservação devem dispor de um plano de manejo que não pode desnaturar os atributos
ambientais que justificaram a criação daquele espaço territorialmente protegido (Artigo 225,
§1°, III- definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção). No plano de manejo são previstos os mais diversos tipos de zona, tais como:
zona primitiva, zona de uso extensivo, zona especial, zona de ocupação temporária, zona de
recuperação, zona de inclusão, zona histórica cultural e antropológica, etc.

GABARITO: C

57. Em relação ao sistema jurídico de proteção ao bioma Mata Atlântica, assinale a


alternativa INCORRETA:
A) Ressalvadas as hipóteses de interesse social e interesse público, só se admite
a instalação de empreendimentos em área rural que impliquem corte ou supressão
de vegetação secundária em estágio inicial, preferencialmente, nas áreas já
substancialmente degradadas ou alteradas.

B) O CONAMA, por meio de resolução, pode definir outras atividades como de


interesse social.

C) A conservação em imóvel rural da vegetação primária ou da vegetação secundária


em área excedente à reserva legal pode ser utilizada para fins de compensação
ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental - CRA.

D) É admitida a supressão de vegetação primária, para fins de loteamento ou


edificação, nas regiões metropolitanas, se o perímetro urbano tiver sido aprovado
até a data de vigência da Lei 11.428/06.

E) O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio


de regeneração são vedados quando o proprietário ou posseiro tiver déficit em
relação às Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 9 Lei da Mata Atlântica.

A) CORRETA: Em área rural, ressalvado os casos de pesquisa científica e prática


conservacionista devidamente regulamentado pelo CONAMA, conforme apregoa o artigo 19 da
Lei da Mata Atlântica, a supressão de vegetação primária e secundária em estágio avançado de
regeneração só é permitida em caso de utilidade pública e a vegetação secundária em estágio
médio de regeneração só é permitida em caso de utilidade pública e interesse social. Nesses
casos, faz-se necessário a caracterização das hipóteses legais, devidamente motivado em
processo administrativo, quando não existir alternativa técnica e locacional do empreendimento
proposto, conforme estabelece o artigo 14 da Lei 11.428/06. Todavia, nos Estados em que a
vegetação primária e secundária remanescente de Mata Atlântica for inferior a 5 % da área
original aplicar-se-á à vegetação secundária em estágio inicial de regeneração o mesmo
regime jurídico da vegetação secundária em estágio médio de regeneração, ressalvadas as
áreas urbanas e regiões metropolitanas, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 25 da
Lei 11.428/06.

B) CORRETA: Além da possibilidade de o CONAMA definir outras obras, projetos, atividades


como de interesse social, conforme preconiza a alínea “a” do inciso VIII, do artigo 3° da lei da
Mata Atlântica, este diploma legal considera como hipótese de interesse social (i) as atividades
imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate
e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com
espécies nativas, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; e
(ii) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou
posse rural familiar que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função
ambiental da área.

C) CORRETA: A possibilidade da utilização para fins de compensação ambiental ou instituição


de Cota de Reserva Ambiental – CRA da área com vegetação primária ou secundária em
qualquer estágio de regeneração excedente à reserva legal foi introduzida pela Lei 12.651/12
(Novo Código Florestal), que alterou o disposto no artigo 35 da Lei da Mata Atlântica. A CRA
será objeto de questionamento específico, por ora, é importante saber que sal instituição
depende da regularidade da área de reserva legal

D) INCORRETA: Nas regiões metropolitanas e áreas urbanas consideradas como tal em


lei específica é vedada, conforme preconiza o inciso I do artigo 30 da lei da Mata Atlântica,
para fins de loteamento ou edificação, a supressão de vegetação primária e secundária em
estágio avançado de regeneração, salvo, no último caso, se o perímetro urbano tiver sido

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aprovado até a data de vigência da Lei 11.428/06, hipótese em que o empreendimento deve
garantir a preservação de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração em, no
mínimo, 50% da área total coberta por esta vegetação, desde que atendido o plano diretor,
efetuada a compensação ambiental e o local de implantação seja, preferencialmente em áreas
substancialmente degradadas ou alteradas, bem como não haja nenhuma das hipóteses de
vedação de supressão contidas no artigo 11 de referido diploma legal.

E) CORRETA: O artigo 11 da Lei 11.428/06 estabelece que o corte e a supressão de vegetação


primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica são
vedados quando a vegetação (i) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas
de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou
pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas
espécies; (ii) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de
erosão; (iii) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em
estágio avançado de regeneração; (iv) proteger o entorno das unidades de conservação; (v)
possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA e quando o proprietário ou posseiro tiver
déficit em relação às Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.

GABARITO: D

58. Em relação à Política Nacional do Meio Ambiente, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Os limites máximos de emissão de poluentes são estabelecidos pelo Poder
Público por meio de padrões de qualidade ambiental.

B) o Zoneamento Ambiental, de observância obrigatória, regula o uso e ocupação


do solo para a implantação e planos, obras e atividades públicas ou privadas.

C) A servidão ambiental pode ser instituída sobre a área de reserva legal, desde
que seja perpétua.

D) A Política Nacional do Meio Ambiente está fundada em instrumentos de


“comando e controle”, mas, também, prevê mecanismos econômicos de fomento
à preservação.

E) A avaliação de impactos ambientais traduz instrumento de gestão ambiental


exigível para obras, atividades ou empreendimentos, que, efetiva ou potencialmente,

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possam causar impacto ambiental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4 PNMA

A) CORRETA: A instituição de programas de qualidade ambiental é essencial para a manutenção


do equilíbrio do meio ambiente. Em nível federal, compete ao CONAMA, conforme preconiza
o inciso VII, do artigo 8°, da Lei n° 6.938/91, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente,
estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade
do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais. A fixação de padrões
liga-se à qualidade (análise dos níveis totais), à emissão (análise de caráter individual) e à
tecnologia (análise da melhor tecnologia disponível). De iniciativa do CONAMA, pode-se citar
o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar-PRONAR (resolução 5/90), o Programa
de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE (resolução 18/86),
Programa de Qualidade das Águas (resolução 357/05) e Padrões de Qualidade de Ruídos
(resolução 1/90).

B) CORRETA: O Zoneamento Ambiental foi regulado pelo Decreto 4.297/02 que o denominou
como Zoneamento Ecológico Econômico. Tem como mote estabelecer medidas e padrões
de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos
e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e
a melhoria das condições de vida da população, por meio da divisão do território em zonas.
O Zoneamento deve observar os princípios da função sócio-ambiental da propriedade, da
prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participação informada,
do acesso equitativo e da integração.

C) INCORRETA: A servidão ambiental, instituto disciplinado no artigo 9° C da Lei n° 6.938/91,


que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, autoriza o proprietário ou possuidor de imóvel,
pessoa natural ou jurídica, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo
firmado perante órgão integrante do Sisnama, a limitar o uso de toda a sua propriedade ou
de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes,
instituindo servidão ambiental. A servidão ambiental não pode ser constituída sobre as áreas
de preservação permanente e de reserva legal, pode ser onerosa ou gratuita, perpétua ou
temporária (com prazo mínimo de 15 anos). O instrumento ou termo de instituição de instituição
de reserva legal deve incluir (i) memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo
pelo menos um ponto de amarração georreferenciado, (ii) seu objeto, (iii) os direitos e deveres

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do proprietário ou possuidor instituidor; (iv) e seu prazo de duração. O instrumento ou termo


de instituição de servidão ambiental e o contrato de alienação, cessão ou transferência da
servidão deverão ser averbados na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente.
Aplicam-se à servidão ambiental as mesmas restrições em relação ao uso ou à exploração da
vegetação aplicáveis à reserva legal.

D) CORRETA: Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão previstos no


artigo 9° da Lei 6.938/81, dos quais se destacam, do ponto de vista de “comando e controle”:
o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação
de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos; e, do ponto de vista de
fomento à preservação, uma série de instrumentos econômicos, como a concessão florestal, a
servidão ambiental e o seguro ambiental. Contudo, ressalvadas poucas exceções, como, v.g.,
a servidão ambiental, a lei não regulamentou a maioria de seus instrumentos, limitando-se a
anunciá-los, o que causou sua regulamentação de forma esparsa na legislação, tal como se
pode observar em razão da existência da Lei do SNUC, da resolução Conama 237/97 (que
trata acerca do licenciamento ambiental), do decreto n° 4.297 que estabelece critérios para o
Zoneamento Ecológico Econômico, etc.

E) CORRETA: A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) constitui gênero dos estudos


ambientais exigíveis para avaliar a viabilidade ambiental de determinada atividade, obra ou
empreendimento. Não se confunde com o estudo de impacto ambiental - EIA que é espécie,
de observância obrigatória nos casos de significativo impacto ambiental, conforme preceitua
o artigo 225 da Constituição Federal. O relatório ambiental preliminar, ao lado do EIA, é outra
espécie de avaliação de impacto ambiental exigida no bojo de um licenciamento ambiental
para obras, empreendimentos e atividade de potencial (e não significativo) impacto ambiental.
O AIA também não se confunde com a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), cujo escopo
mais amplo está atrelada aos impactos das políticas, planos e programas governamentais.
A AAE não é obrigatória, mas sua importância como norteador das decisões dos agentes
públicos é inconteste.

GABARITO: C

59. Em relação ao regime jurídico das áreas de reserva legal, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título

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de Reserva Legal.

B) Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto


não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.

C) Os imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos fiscais estão dispensados
de recompor o déficit de reserva legal existente em 22 de julho de 2008.

D) Admite-se o plantio intercalado de espécies nativas e exóticas ou frutíferas, em


sistema agroflorestal, para a recomposição da vegetação da área de reserva legal.

E) A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula


do imóvel, no registro de imóveis competente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8 Reserva Legal

A) CORRETA: A reserva legal só é exigida para os imóveis rurais e seu percentual varia,
conforme preconiza o artigo 12 do Código Florestal, Lei 12.651/12, a depender de sua
localização, (i) se inserido na Amazônia Legal poderá ser de 80% (oitenta por cento), no
imóvel situado em área de florestas ou de 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado
em área de cerrado; 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais.
Para as de demais regiões do País 20% (vinte por cento). Para as áreas de florestas dentro
da Amazônia Legal, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta
por cento), para fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por
cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio público e por
terras indígenas homologadas, ou, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, quando o
Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por
cento) do seu território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público,
devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas.

B) CORRETA: Além dos empreendimentos para abastecimento público de água e tratamento


de esgoto, não será exigida Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por
detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia
hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações
ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica ou para as
áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade

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de rodovias e ferrovias, conforme preconizam os parágrafos 6°, 7° e 8° do artigo do Código


Florestal. Além disso, nos termos do artigo 19 do Código Florestal, a inserção do imóvel rural
em perímetro urbano definido mediante lei municipal desobriga o proprietário ou posseiro da
manutenção da área de Reserva Legal, após a sua extinção, em ato concomitante ao registro
do parcelamento do solo para fins urbanos devidamente aprovado.

C) CORRETA: A hipótese encontra-se prevista no artigo 67 do Código Florestal e é objeto de


questionamento quanto à sua constitucionalidade na ADI 4.902 que tramita perante o Supremo
Tribunal Federal. É importante perceber que o artigo 67 do Novo Código Florestal não permite
novas supressões, mas, apenas e tão somente, desonera o dever de recomposição. Se o
déficit de área vegetada de reserva legal era total a propriedade não terá, na prática, reserva
legal, todavia a existência de área de reserva legal, ainda que inferior ao percentual exigido,
em 22 de julho de 2008, permanece como tal, ainda que o imóvel tenha até 4 módulos fiscais.
Ou seja, é possível que um imóvel rural, de até 04 módulos ficais, tenha área de reserva
legal de 20% de sua área total, desde que essa área existisse em 22 de julho de 2008. Outro
ponto importante é que mesmo que não haja a obrigação de recompor a reserva legal, para
esses imóveis não se admitirá a conversão d e novas áreas para uso alternativo do solo para
os imóveis que estiverem nessa c Ainda, independentemente do tamanho do imóvel rural, os
proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa
respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em
que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou
regeneração.

D) CORRETA: O plantio intercalado de espécies nativas com exóticas ou frutíferas, em


sistema agroflorestal, deverá ser realizado com as espécies nativas de ocorrência regional e
a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% (cinquenta por cento)
da área total a ser recuperada. Os proprietários e possuidores que optarem por essa forma
de recomposição terão direito à exploração econômica das áreas de reserva legal nos termos
disciplinados pelos §3º e 4° do artigo 66 do Código Florestal.

E) INCORRETA: A obrigação de a área de reserva legal ser averbada à margem da inscrição de


matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, estabelecida pelo Código Florestal de
65, não foi repetida pelo Novo Código Florestal, que desonerou os proprietários ou possuidores
de imóveis rurais dessa obrigação, desde que procedam, nos termos preconizados pelo artigo
18 do Novo Código Florestal, ao registro da área de reserva legal no Cadastro Ambiental
Rural, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer
título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei. A inscrição no CAR

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se dará mediante a apresentação de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das


coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração, conforme ato do Chefe
do Poder Executivo, conforme pontua o § 1° do artigo 18 do Novo Código Florestal. No caso
de posse de imóvel rural, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de compromisso
firmado pelo possuidor com o órgão competente do Sisnama, com força de título executivo
extrajudicial e sua transferência implica em sub-rogação das obrigações assumidas, nos
termos assentados pelos parágrafos 2° e 3° de referido artigo 18.

GABARITO: E

60. Em relação ao tombamento, assinale a alternativa INCORRETA:


A) O tombamento pode recair sobre edificações destinadas a manifestações
artístico-culturais.

B) O tombamento de determinado bem sujeita os imóveis vizinhos a algumas


restrições, de modo a preservar a visibilidade e o destaque do bem tombado.

C) Os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos


quilombos foram tombados pela Constituição de 1988.

D) O poder público não tem direito de preferência no caso de alienação de um bem


particular.

E) O tombamento provisório goza de todos os efeitos do tombamento definitivo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16 Tombamento

A) CORRETA: A Constituição Federal de 1988 (artigo 216, inciso III) e a Constituição do Estado
de São Paulo (artigo 260, inciso IV) reconhecem e autorizam a proteção, como patrimônio
cultural brasileiro, inclusive por meio de tombamento, das edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais, desde que sejam portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

B) CORRETA: A área envoltória de um bem tombado, caso não tenha sido definida na própria
resolução e tombamento, abrange, nos termos do artigo 137, do Decreto Estadual n° 13.426/79,

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a área compreendida num raio de 300 (trezentos) metros ao seu redor. Na área envoltória,
para evitar prejuízo à visibilidade ou destaque do referido sítio ou edificação não se admite
qualquer tipo de intervenção, sem que o respectivo projeto seja previamente aprovado pelo
Conselho. Tal intervenção, independentemente da possibilidade de regularização, sujeita o
infrator à sanção administrativa de multa pecuniária.

C) CORRETA: A hipótese trata do chamado tombamento constitucional, por meio do qual o


§ 5° artigo 216/CF, tombou todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos. A doutrina identifica, ainda, dois outros tipos de tombamento:
o compulsório e o voluntário, conforme prevê o artigo 6° do Decreto –Lei n° 25/37. Ambos
serão objeto de estudo mais aprofundado, por ora, basta saber de sua existência.

D) CORRETA: O artigo 22 do Decreto-Lei 25/37 estabelecia o direito de preferência, da União,


dos Estados e do Município, nesta ordem, no caso de sua alienação de um bem particular.
Tal disposição foi revogada expressamente pelo artigo 1.072, inciso I, do Novo Código de
Processo Civil. Subsiste, contudo, a inalienabilidade das coisas tombadas que pertençam à
União, aos Estados e aos Municípios, admitindo-se, apenas, a transferência do bem entre
referidas entidades.

E) INCORRETA: O tombamento provisório se inicia por meio da notificação do proprietário


do bem. A partir desse momento, nos termos artigo 10 do Decreto-Lei 25/37, o tombamento
provisório goza, ressalvadas as disposições, que tratam do registro e averbação do tombamento
ao lado da transcrição do domínio quando efetivamente tombado o bem e, após, quando houver
sua alienação, dos mesmos efeitos do tombamento definitivo. O Tombamento definitivo, por
sua vez, se dá pela inscrição do bem tombado no competente Livro do Tombo, conforme
preconiza artigo 10 do Decreto-Lei 25/37. Os efeitos do tombamento definitivo e provisório
estão disciplinados pelos artigos 11 a 21 do Decreto-Lei 25/37, dentre eles destacam-se: (i) a
inalienabilidade das coisas tombadas pertencentes ao Poder Público, admitindo-se apenas a
transferência da União, Estados e Municípios entre si; (ii) as coisas tombadas não poderão, em
caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas; (iii)
sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá,
na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade,
nem nela colocar anúncios ou cartazes.

GABARITO: E

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PROFESSORA: DANIELE ZANFORLIN


E-mail: profcei.danizanforlin@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

61. A respeito do ICMS, assinale a alternativa correta:


A) Nos termos de entendimento sumulado do STF, não incidirá ICMS na importação
de bens por pessoa jurídica prestadora de serviço alcançado unicamente pelo ISS.

B) Mesmo após a edição da EC 33/2001 é inconstitucional a instituição do ICMS


incidente sobre a importação de bens quando o bem importado não tenha finalidade
comercial.

C) A leis estaduais anteriores à EC 33/2001, que previram a incidência do ICMS


na importação de bens por pessoas que não eram contribuintes individuais do
imposto foram validadas após a edição da LC 114/2002.

D) Apenas as normas editadas após a EC 33/2001 e a LC 114/2002 que alteraram o


critério material na base de cálculo e o sujeito passivo da regra matriz de incidência
do ICMS-importação são consideradas válidas e regulares.

E) Não há inconstitucionalidade em Lei Estadual do Estado de São Paulo que,


editada em 21/12/2001, previu a incidência de ICMS sobre importação de veículo
por pessoa física e para uso próprio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. ICMS: Disciplina constitucional e infraconstitucional. Hipóte-


ses de incidência, contribuintes, responsáveis, substitutos. Base de cálculo. Alí-
quota. O princípio da não-cumulatividade. Regime de apuração e de pagamento.
Administração do ICMS: fiscalização; auto de infração; defesa do contribuinte; par-
celamento de débitos.

A) INCORRETA: Na égide da redação original do art. 155, §1º, IX, alínea “a”, da CF/88, o
STF compreendia que não incidia ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica

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que não fosse contribuinte do imposto, o que resultou na edição da Súmula 660. Ocorre que
a EC nº 33/2001 alterou a redação do dispositivo acima, fazendo constar, expressamente,
que incidiria o ICMS ainda quando o importador não fosse contribuinte individual do imposto,
qualquer que fosse a finalidade da importação, superando o entendimento sumulado do STF.
Assim, encontra-se incorreta a alternativa.

B) INCORRETA: na esteira do quanto explicado no item anterior, esta alternativa também


está incorreta. Com efeito, antes da EC nº 33/2001 o STF compreendia que não incidia ICMS
na importação de bens quando o importador não fosse contribuinte habitual do imposto ou na
hipótese da mercadoria ter sido importada sem finalidade comercial (sem utilização na cadeia
produtivA). A nova redação do art. 155, §1º, IX, alínea “a”, da CF/88 prevê expressamente
essa incidência, conforme expressão “qualquer que seja a sua finalidade”: “A)sobre a entrada
de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não
seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre
o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio
ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;”. Portanto, a alternativa
está incorreta.

C) INCORRETA: De acordo com o entendimento do STF no julgamento dos RE 439796/PR e


RE 474267/RS, sob a sistemática da repercussão geral (Informativo 727), “as leis estaduais
anteriores à LC federal 114/2002 que previam a cobrança de ICMS importação para pessoas
que não fossem contribuintes habituais de imposto são inválidas, considerando que o sistema
jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente”. A alternativa
está incorreta.

D) INCORRETA: Por ocasião do julgamento dos RE 439796/PR e RE 474267/RS, sob a


sistemática da repercussão geral (Informativo 727), o STF havia, de fato, compreendido que
para ser constitucional a incidência do ICMS sobre operações de importação de bens sem
finalidade comercial ou à contribuintes não habituais, as modificações no critério material ou na
base de cálculo e no sujeito passivo da regra matriz de incidência deveriam ter sido realizadas
em lei posterior à EC 33/2001 e à LC 114/2002. No Informativo nº 887 do STF, contudo,
foi veiculado o julgamento do ARE 917950/SP em que restou definido que lei estadual que
determine a incidência do ICMS sobre as operações de importação de bens sem finalidade
comercial ou por pessoa física ou jurídica não contribuinte do tributo editada após a vigência
da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002, são válidas, haja vista ser plena a competência
legislativa estadual enquanto não houver lei federal sobre norma geral (art. 24, §3º, da CF/88).
Este é um julgamento de extrema relevância, pois, além de ter implicado em modificação do

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entendimento do STF, o seu resultado considerou válida lei do Estado de São Paulo, editada
em 21/12/2001, que previu a incidência do ICMS sobre a importação de veículo por pessoa
física e para uso próprio, após a EC 33/2001 e antes da LC 114/2002.

E) CORRETA: conforme comentado na alternativa anterior, o STF considerou válida lei do


Estado de São Paulo que previu a incidência de ICMS sobre importação de veículo por
pessoa física e para uso próprio editada no lapso temporal entre a EC nº 33/2001 e a LC
114/2002. Portanto, esta é a alternativa correta.

GABARITO: E

62. A respeito da constituição e cobrança regular do crédito tributário assinale a


alternativa correta:
A) É hipótese de nulidade da CDA a inscrição em dívida ativa de crédito tributário
lançado de ofício sem prévio processo administrativo.

B) O ajuizamento de ação declaratória tributária suspende o crédito tributário,


impedindo o ajuizamento da ação de execução fiscal.

C) Notificado o contribuinte do lançamento do tributo, eventual declaração


retificadora não terá o condão de modificar a relação obrigacional.

D) De acordo com o entendimento do STJ, na hipótese do contribuinte receber


notificação para recolhimento do IPVA, esta não é considerada constituição
definitiva do tributo, de forma que possui o Fisco estadual, ainda, o prazo do art.
173, I, do CTN para constituição do crédito tributário.

E) A confissão irretratável dos créditos tributários devidos feita para ingressar


em regime de parcelamento é capaz de superar eventual vício de decadência do
crédito tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Crédito tributário. Lançamento e suas modalidades. Revisão do


lançamento. Suspensão, extinção e exclusão. Garantias e privilégios. Preferências
e cobrança em falência. Responsabilidade dos sócios em sociedades por quotas
de responsabilidade limitada. Alienação de bens em fraude à Fazenda Pública.

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A) INCORRETA: realizado o fato gerador do tributo, segue-se ao lançamento tributário do


mesmo, procedimento em que irá ser calculado o tributo devido e notificado o contribuinte para
pagamento, transformando o fato gerador em crédito tributário. Não pago o débito, o crédito
tributário será inscrito em dívida ativa. Este procedimento por meio do qual ocorre a constituição
do crédito tributário e a formação da CDA é chamado de Procedimento Administrativo Fiscal
(PAF). Decidiu o STJ, no julgamento do AgRg no AREsp 370.295-SC (veiculado no Informativo
nº 531 do STJ), que o PAF não é exigível no caso de tributos sujeitos a lançamento de ofício, só
havendo processo administrativo se o contribuinte impugnar o lançamento. Não há, portanto,
nulidade na CDA. A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: nos termos do art. 784, §1º, do CPC/2015, a propositura de qualquer ação
relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
Assim, o tão só ajuizamento de ação anulatória do débito fiscal não impede a Fazenda Pública
de promover-lhe a cobrança, através da ação de execução fiscal, eis que não figura no rol do
art. 151 do CTN como uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
Assim, não só pode, como deve o Fisco promover a ação de execução fiscal, evitando eventual
advento do prazo prescricional. A alternativa está incorreta.

C) CORRETA: Na dicção do art. 145 do CTN o lançamento regularmente notificado ao sujeito


passivo só pode ser alterado em virtude de: (1) impugnação do sujeito passivo; (2) recurso de
ofício; e, (3) iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nas hipóteses do art. 149 do CTN.
Assim, antes da notificação regular é perfeitamente possível que se possa fazer alteração no
lançamento. Após a comunicação oficial (aviso de lançamento, carnê de cobrançA), contudo,
o lançamento se presume definitivo, só podendo ser modificado nas hipóteses acima. A
alternativa está correta.

D) INCORRETA: Muito cuidado com este tema! Com efeito, no REsp 1.320.825-RJ o STJ
decidiu, na sistemática dos recursos repetitivos, que o IPVA é lançado de ofício no início
de cada exercício e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o
recolhimento da exação, a qual pode ser realizada por qualquer meio idôneo, como o envio
de carnê ou a publicação de calendário de pagamento, com instruções para a sua efetivação.
A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA, portanto, constitui definitivamente
o crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte
à data estipulada para o vencimento da exação. A alternativa, portanto, está incorreta. Note,
contudo, que na rodada anterior afirmarmos ser o IPVA, no Estado de São Paulo, sujeito à
lançamento por homologação, por ser este o entendimento decorrente da letra da lei (arts. 17
e 18 da Lei Estadual do IPVA). Analisando os julgados do TJSP verificamos haver recentes

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julgados reconhecendo o lançamento por homologação, bem como outros que aplicaram o
entendimento do STJ exarado no REsp 1.320.825-RJ. Vejamos: A

PELAÇÃO CÍVEL – Pedido de declaração da inexigibilidade de débitos de IPVA –


Exercícios 2011 a 2014 – Sentença de improcedência pronunciada em primeiro grau
– SUSPENSÃO DO PROCESSO ATÉ QUE SEJA JULGADO O RE Nº 784.682/MG
PELO STF – A discussão neste paradigma recai sobre a legitimidade ativa para
a cobrança do IPVA, seja com base no local de trânsito do veículo ou com base
no local de registro – ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM – A Lei Estadual
nº 13.296/2008 tem caráter especial e prevê, expressamente, a responsabilidade
do credor fiduciário pelos débitos de IPVA, em razão de ser o titular do domínio
resolúvel sobre o bem (artigo 6º, inciso XI), motivo pelo qual não se aplica o disposto
no artigo 1368- B, parágrafo único, do Código Civil Brasileiro, de caráter geral –
GRAVAME – Ausência de prova documental perante o cadastro do Detran/SP de
eventual inclusão e baixa do gravame por parte da embargante – O arrendador
é parte legítima para responder solidariamente pelo IPVA – Inaplicabilidade da
responsabilidade supletiva prevista no RE 71005847322/RS – VEDAÇÃO AO
CONFISCO MULTA reduzida – Este Juízo filia-se ao entendimento do C. Supremo
Tribunal Federal, que entende ser inconstitucional valor estipulado de multa
tributária superior ao valor do tributo, conforme julgamento do RE 833106, devendo,
contudo, ser reduzida para 30% no presente caso, observando-se os princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade – NULIDADE DA CDA POR AUSÊNCIA
DE NOTIFICAÇÃO QUANDO DA CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO/LANÇAMENTO afastado – A partir de 2009, o IPVA passou a estar
sujeito à homologação, competindo ao contribuinte apurar a existência de imposto
– SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA – Autora que sucumbiu em maior parte – Exegese
do § ún. do art. 86 do CPC/15 – Sentença reformada para reduzir a multa para
30% – HONORÁRIOS RECURSAIS – Os honorários advocatícios arbitrados na r.
sentença ficam majorados em 2% acima do mínimo legal, resultando em 12% total,
em atenção ao art. 85, § 11, do CPC/15 – Recurso da Embargante parcialmente
provido.

(TJSP; Apelação 1000679-82.2016.8.26.0014; Relator (A): Maurício Fiorito; Órgão


Julgador: 3ª Câmara de Direito Público; Foro das Execuções Fiscais Estaduais
- Vara das Execuções Fiscais Estaduais; Data do Julgamento: 12/12/2017; Data
de Registro: 12/12/2017). APELAÇÃO. EXCEÇÃO DE PREEXECUTIVIDADE.
IPVA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTIVA. Ocorrência. Tributo sujeito a

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lançamento de ofício. Contagem do prazo prescricional que se inicia com o decurso


do prazo para pagamento (1º de abril do ano do lançamento), quando a dívida
passou a ser exigível. Harmonização entre o dispositivo que disciplina a prescrição
no CTN (art. 174), e os pressupostos do instituto da prescrição, informado pelo
princípio da actio nata. Precedentes. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Acolhimento
do pedido de extinção da execução em razão da prescrição da pretensão executiva
alegada em exceção de preexecutividade. Necessidade de contratação de advogado
para a defesa em juízo. Honorários advocatícios devidos. Incidência do princípio da
causalidade, em desfavor da Fazenda, que deu causa à instauração do incidente
processual. Sentença que deixou de fixar honorários advocatícios. Sentença
extintiva parcialmente reformada. Recurso da Fazenda não provido e recurso
adesivo provido. (TJSP; Reexame Necessário 0002775-28.2012.8.26.0564; Relator
(A): Heloísa Martins Mimessi; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro
de São Bernardo do Campo - 2ª Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento:
12/12/2017; Data de Registro: 12/12/2017). O candidato deverá, numa eventual
peça processual, evidentemente defender o interesse da Fazenda do Estado de
São Paulo (lançamento por homologação, logo aplicação do prazo decadencial do
art. 173, I, do CTN), como é feito pelos Procuradores do Estado de São Paulo na
prática. Na questão aberta, deverá ser exposto o julgamento do STJ e a dicção da
norma estadual. Na questão objetiva, contudo, é preciso bastante cuidado com
o comando da questão, ou seja, se pede o entendimento jurisprudencial ou a
expressa disposição da lei.

E) INCORRETA: o parcelamento é favor fiscal concedido pela Fazenda Pública, concedendo


oportunidade do contribuinte pagar o tributo sob condições e prazos favorecidos, conduzindo
à suspensão do crédito tributário enquanto não liquidado. Por ser favor fiscal, ao Fisco é
garantido o direito de bem dispor a respeito das regras do regime do parcelamento, estando
ao arbítrio da liberalidade do contribuinte aderir ou não. Em geral, as leis que preveem o
parcelamento trazem regra específica informando que a adesão ao mesmo implica confissão
irretratável e irrevogável dos débitos em nome do sujeito passivo por ele indicados para compor
o parcelamento. Sendo, contudo, a decadência hipótese de extinção do crédito tributário,
compreendeu o STJ, no julgamento do REsp 1.355.947/SP sob a sistemática dos recursos
repetitivos, que extinto o crédito, não pode o mesmo ser reavivado por qualquer sistemática de
lançamento ou confissão de dívidas, inclusive por adesão a parcelamento. A alternativa está
incorreta.

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GABARITO: C

63. A respeito do Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades
Estaduais – CADIN ESTADUAL, previsto na Lei Estadual nº 12.799/08, assinale a
alternativa correta:
A) A não prestação de contas ou a sua rejeição não é hipótese de inclusão da
pessoa física ou jurídica por ela responsável no CADIN ESTADUAL.

B) A inclusão no CADIN far-se-á 90 (noventA) dias após a comunicação expressa


do devedor a respeito da existência do débito passível de registro.

C) A existência de registro no CADIN constitui impedimento à realização de atos


que importem em transferência financeira pelo Estado, com exceções.

D) A PGE-SP é o órgão gestor do CADIN ESTADUAL.

E) A discussão judicial da dívida, mesmo que sem garantia idônea ou suspensão da


exigibilidade do crédito tributário, é suficiente para obstar a inclusão do devedor
no CADIN ESTADUAL, pois demonstra cabalmente a inexistência de certeza e
liquidez da dívida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14. Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e
Entidades Estaduais - CADIN Estadual – Lei nº 12.799/2008 e Decreto nº 53.455/2008.

A) INCORRETA: O art. 2º da Lei 12.799/08 estabelece que poderão ser inscritos no CADIN
ESTADUAL as pessoas físicas e jurídicas que não tenham prestado contas exigíveis em razão
de disposição legal, cláusula de convênio, acordo ou contrato, ou que as tenham tido como
rejeitadas. É a redação do dispositivo: Artigo 2º - O CADIN ESTADUAL conterá relação das
pessoas físicas e jurídicas que: I - sejam responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas
e não pagas, em relação a órgãos e entidades da Administração direta e indireta, incluídas
as empresas controladas pelo Estado; II - não tenham prestado contas exigíveis em razão
de disposição legal, cláusula de convênio, acordo ou contrato, ou que as tenham tido como
rejeitadas. A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 3º da norma em análise, o registro no CADIN ESTADUAL

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far-se-á 75 (setenta e cinco) dias após a comunicação expressa ao devedor da existência do


débito passível de registro. Portanto, a alternativa está incorreta, pois refere o prazo de 90
(noventA) dias.

C) CORRETA: Com efeito, a consulta ao CADIN ESTADUAL é obrigatória para os órgãos e


entidades da Administração direta e indireta previamente à realização de atos que importem
em transferência financeira para o inscrito. A existência de registro no CADIN ESTADUAL
funciona como impedimento à realização de tais atos, contudo, tal regra é excepcionada no
caso de concessão de auxílios a Municípios atingidos por calamidade pública e transferências
voluntárias para ações de educação, saúde e assistência social. Sobe o tema vide o art. 6º da
Lei Estadual nº 12.799/08. Artigo 6º - É obrigatória consulta prévia ao CADIN ESTADUAL,
pelos órgãos e entidades da Administração direta e indireta, para: I - celebração de convênios,
acordos, ajustes ou contratos que envolvam o desembolso, a qualquer título, de recursos
financeiros; II - repasses de valores de convênios ou pagamentos referentes a contratos; III
- concessão de auxílios e subvenções; IV - concessão de incentivos fiscais e financeiros. §
1º - A existência de registro no CADIN ESTADUAL constituirá impedimento à realização dos
atos a que se referem os incisos I a IV deste artigo. § 2º - O disposto neste artigo não se
aplica à concessão de auxílios a Municípios atingidos por calamidade pública reconhecida
pelo Governo do Estado e às transferências voluntárias de que trata o § 3º do artigo 25 da Lei
Complementar federal nº 101, de 4 de maio de 2000. A alternativa está correta.

D) INCORRETA: A gestão do CADIN ESTADUAL compete à Secretaria da Fazenda, conforme


disciplina do art. 10 da Lei 12.799/08. A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: É entendimento sedimentado do STJ (Tema 264 dos Recursos Repetitivos)


que a mera discussão judicial dívida, sem garantia idônea ou suspensão da exigibilidade do
crédito, não obsta a inclusão do nome do devedor no CADIN. O ajuizamento de demanda,
portanto, não é suficiente para afastar a presunção de legalidade dos atos administrativos.
Sobre o tema colacionamos julgado recente que aplicou o entendimento em análise:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. REGISTRO


NO CADIN ESTADUAL. FIANÇA BANCÁRIA QUE NÃO SE EQUIPARA AO
PAGAMENTO INTEGRAL. INEXISTÊNCIA DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO DA EMPRESA DESPROVIDO.
1. O acórdão recorrido decidiu em conformidade com a jurisprudência deste STJ,
consubstanciada no Tema 264 dos Recursos Repetitivos: a mera discussão judicial
da dívida, sem garantia idônea ou suspensão da exigibilidade do crédito, nos
termos do art. 151 do CTN, não obsta a inclusão do nome do devedor no CADIN

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e no Tema 378 dos Recursos Repetitivos: A fiança bancária não é equiparável ao


depósito integral do débito exequendo para fins de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, ante a taxatividade do art. 151 do CTN e o teor do Enunciado
Sumular 112 desta Corte. Precedentes: AgInt no REsp. 1.576.817/SP, Rel. Min. OG
FERNANDES, DJe 11.4.2017; AgRg no AREsp 742.746/MG, Rel. Min. MAURO
CAMPBELL MARQUES, DJe 4.11.2015; AgRg no AREsp. 402.800/MG, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, DJe 7.4.2014. 2. Ademais, conforme a parte agravante
afirma, a matéria que trata do CADIN estadual estaria prevista na Lei 12.799/2008
(do Estado de São Paulo), o que expõe a presença do impeditivo descrito na Súmula
280/STF, porquanto a fundamentação do aresto é calcada em interpretação de lei
e decretos estaduais. 3. Agravo Interno da Empresa desprovido. (AgInt no REsp
1603466/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 10/10/2017, DJe 27/10/2017). A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

64. A respeito do ITCMD, assinale a alternativa correta:


A) Num inventário extrajudicial em que um dos herdeiros renuncie à herança a
ele destinada, sem destinação específica, considera-se que houve no caso uma
doação, determinando a incidência do ITCMD-doação.

B) O aspecto temporal do ITCMD nas transmissões gratuitas de bens (doações) é


o momento em que caracterizada a transferência do mesmo, razão pela qual o STJ
não considerada válida a exigência do imposto como requisito para registro do
título no cartório de imóveis, eis que não ocorrido o fato gerador.

C) Na transmissão causa mortis de um contrato de promessa de compra e venda,


a base de cálculo do ITCMD será o valor da obrigação contratada pelo promitente
vendedor falecido.

D) Dentro dos limites constitucionais, a competência dos Estados para regular a


incidência do ITCMD sobre operações envolvendo bens móveis é plena.

E) Sendo da competência do Senado Federal a fixação da alíquota máxima do


ITCMD, não há qualquer vício na norma estadual que vincule a alíquota do ITCMD
à alíquota máxima fixada pelo Senado.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. ITCMD - imposto sobre a transmissão causa mortis e doação
de quaisquer bens ou direitos.

A) INCORRETA: A renúncia da herança poderá ser: 1) Renúncia translativa gratuita: a


renúncia é feita em face de uma pessoa específica, sem qualquer contraprestação por parte
do beneficiado. Configura-se um contrato de doação, havendo duas incidências de ITCMD;
2) Renúncia translativa onerosa: a renúncia feita em face de uma pessoa específica é
acompanhada de contraprestação por parte do beneficiado. Há, em verdade, compra e venda.
No caso, incidirá o ITCMD-causa mortis, seguido do ITBI caso bem transferido seja um imóvel;
3) Renúncia abdicativa: é aquela feita em benefício do monte (caso da assertivA). Nesse
caso não há uma segunda relação jurídica que determine a incidência do ITCMD, nem do ITBI,
de forma que haverá apenas o ITCMD-causa mortis. A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: quanto ao aspecto temporal, a assertiva está correta ao disciplinar que, na


hipótese de doação, o imposto será devido a partir do momento em que estiver caracterizada
a transferência do bem. A despeito disso, o STJ tem compreendido ser valida a exigência do
ITCMD antes mesmo da ocorrência do fato gerador, como requisito para a lavratura e registro
da escritura de doação (REsp 1.236.816). Acrescente-se que, com relação ao ITCMD-causa
mortis, a obrigação surge quando da abertura da sucessão (momento do óbito), aplicando-se,
inclusive, a alíquota e legislação vigente neste momento. A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: A questão é tutelada pela Súmula 590 do STF, incidindo o ITCMD sobre
o saldo credor a receber pelos herdeiros do de cujos: “calcula-se o imposto de transmissão
‘causa mortis’ sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento
da abertura da sucessão do promitente vendedor”. A alternativa está incorreta.

D) CORRETA: O aspecto material de incidência do ITCMD é a transmissão causa mortis


ou por doação de bens móveis e imóveis. O CTN, anterior à CF/88, não tratou da matéria
relativa aos bens móveis, razão pela qual é plena a competência dos Estados e DF para regular
a matéria, estando sujeito, contudo, às limitações constitucionais. A alternativa está correta.

E) INCORRETA: a alternativa está incorreta de acordo com o entendimento do STF: “por força
do art. 150, I, da Carta Magna, só pode aumentar tributo por lei estadual específica e não por
meio de lei que se atrele genericamente a essa alíquota máxima fixada pelo Senado e varie
posteriormente com ela, até porque o princípio da anterioridade, a que está sujeita essa lei
estadual de aumento, diz respeito ao exercício financeiro em que ela haja sido publicada e não

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per relationem, à resolução do Senado que aumentou o limite máximo da alíquota” (STF, RE
218.086-AgR).

GABARITO: D

65. No tratamento das garantias na execução fiscal, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Apesar da fiança bancária ter sido elencada como uma das hipóteses de garantia
da execução fiscal, não é equiparável ao depósito integral do débito para o efeito
de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

B) Vencida a obrigação, mas ainda não proposta a execução fiscal, pode o


contribuinte garantir o juízo de forma antecipada, com o objetivo de obter certidão
positiva com efeitos de negativa.

C) Ato voluntário de particular que torne determinado bem impenhorável e


inalienável não é oponível ao Fisco, podendo ser objeto de penhora em execução
fiscal.

D) Oferecida pelo devedor uma fiança bancária no valor total do crédito executado,
devidamente sujeita aos critérios de correção monetária do crédito tributário, com
renúncia ao benefício de ordem e prazo de validade para janeiro de 2020, pode
o Procurador do Estado de São Paulo atuante no feito concordar com a referida
garantia.

E) A proposição de ação anulatória de débito fiscal não está condicionada à


realização do depósito prévio previsto no art. 38 da LEF, constituindo faculdade
do devedor que pretenda obter a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Processo judicial tributário: execução fiscal; ação anulatória de
débito fiscal; ação de repetição de indébito; ação de consignação em pagamento;
ação declaratória; medida cautelar fiscal; mandado de segurança.

A) CORRETA: Conforme entendimento do STJ consubstanciado no Tema 378 dos Recursos


Repetitivos, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário encontra-se taxativamente
prevista no art. 151 do CTN, norma recepcionada como lei complementar que não pode ser

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 207


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modificada pela legislação ordinária. Assim, a despeito do §3º do art. 9º da LEF afirmar que
a garantia da execução através de depósito em dinheiro, fiança bancária e seguro garantia
produzem os mesmos efeitos da penhora, certo é que apenas o depósito integral do débito
suspende a exigibilidade do crédito tributário. A alternativa está correta.

B) CORRETA: A afirmativa, que está correta, foi retirada do Tema 237 dos recursos repetitivos
do STJ: O contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação e antes da execução, garantir
o juízo de forma antecipada, para o fim de obter certidão positiva com efeito de negativa.
Aplicando-se o art. 206 do CTN, a caução oferecida pelo contribuinte, antes da propositura da
execução fiscal, é equiparável à penhora antecipada e viabiliza a certidão pretendida, desde
que prestada em valor suficiente à garantia do juízo. Entender de forma diversa, compreende o
STJ, seria conferir ao contribuinte que tem contra si execução fiscal instaurada condição mais
favorável do que aquele que ainda não foi acionado pelo Fisco. A alternativa está correta.

C) CORRETA: Prevalece o entendimento de que, conquanto não possam ser penhorados


em execução fiscal bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis (arts. 10
e 30 da LEF), os bens clausulados, tratados no art. 833, I, do CPC, prestam-se a garantir os
débitos para com a Fazenda Pública, por isso que o ato voluntário do particular tornando-os
impenhoráveis e inalienáveis não é oponível ao Fisco, em consonância com o art. 184 do CTN.
A alternativa está correta.

D) INCORRETA: A fiança bancária, na execução fiscal, consiste em garantia do débito prestada


por terceiro (um banco), que se compromete a pagar o valor executado ao fim do processo
judicial. De acordo com resolução do conselho monetário nacional, a fiança deve conter cláusula
de solidariedade, renúncia ao benefício de ordem e declaração de que a garantia abrange
o valor da dívida original, juros e demais encargos exigíveis, inclusive correção monetária,
conforme indicado na CDA. As Fazendas Públicas e a doutrina compreendem que só podem
ser aceitas fianças bancárias por prazo indeterminado ou com validade até o final da execução
fiscal. Esse entendimento é ratificado na jurisprudência conforme trecho do AgRg no REsp
1.216.345: “a carta de fiança bancária com prazo de validade determinado não se presta à
garantia da execução fiscal, pois existe o risco de inexistirem os efeitos práticos da penhora
oferecida, considerando a notoriedade da afirmação de que os processos executivos fiscais
têm longa duração”. A alternativa está incorreta, portanto é o gabarito da questão.

E) CORRETA: O STJ reconheceu, em sede de recurso repetitivo, que não foi recepcionado
pela CF/88 o art. 38 da LEF, que impõe como requisito para a propositura da ação anulatória
de débito fiscal o depósito prévio. É o tema 241 dos recursos repetitivos do STJ: “1. A
propositura de ação anulatória de débito fiscal não está condicionada à realização do depósito

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prévio previsto no art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, posto não ter sido o referido dispositivo
legal recepcionado pela Constituição Federal de 1988, em virtude de incompatibilidade material
com o art. 5º, inciso XXXV, verbis: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”. 2. “Ação anulatória de débito fiscal. art. 38 da lei 6.830/80. Razoável a
interpretação do aresto recorrido no sentido de que não constitui requisito para a propositura
da ação anulatória de débito fiscal o depósito previsto no referido artigo. Tal obrigatoriedade
ocorre se o sujeito passivo pretender inibir a Fazenda Pública de propor a execução fiscal.
Recurso extraordinário não conhecido.” (RE 105552, Relator Min. DJACI FALCAO, Segunda
Turma, DJ 30-08-1985). 3. Deveras, o depósito prévio previsto no art. 38, da LEF, não constitui
condição de procedibilidade da ação anulatória, mas mera faculdade do autor, para o efeito
de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151 do CTN, inibindo,
dessa forma, o ajuizamento da ação executiva fiscal, consoante a jurisprudência pacífica do E.
STJ. (REsp 962838 BA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009,
DJe 18/12/2009)”

GABARITO: D

66. A respeito das fontes do Direito Tributário, assinale a alternativa correta:


A) Os pressupostos de fato da incidência, tais como os atos da vida econômica,
são fontes reais do Direito Tributário.

B) A jurisprudência é fonte formal do Direito Tributário.

C) De acordo com a interpretação jurisprudencial acerca do art. 98 do CTN, os


tratados e convenções internacionais sempre revogam ou modificam a legislação
interna, devendo sempre ser observados pela legislação que lhes sobrevenha.

D) Decreto do governador do Estado de São Paulo não é fonte formal principal,


razão pela qual não pode majorar alíquota do IPVA.

E) Os atos ilícitos não são fontes do Direito Tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Fontes formais do direito tributário. Funções.

A) CORRETA: De fato, na lição de Sabbag, “as fontes reais referem-se aos pressupostos

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ou suportes fáticos das imposições tributárias, ou seja, o patrimônio, a renda e os serviços


em geral, utilizados como incidência tributária”. São fontes reais, portanto, os fatos da vida
econômico-jurídica dos contribuintes que servem à imposição tributária. A alternativa está
correta.

B) INCORRETA: As fontes formais são as normas jurídicas, ou seja, todas as disposições


legislativas ou regulamentares que validamente disciplinam a determinação, a apuração, o
controle e o procedimento de formalização do crédito tributário. Não se incluem, contudo, a
doutrina e a jurisprudência, posto que só as normas jurídicas, elencadas nos arts. 96 e 100 do
CTN, efetivamente fazem parte deste grupo. A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: Quando o dispositivo afirma que a lei posterior deve observar os tratados
anteriormente firmados dá a entender que estes seriam superiores à lei, o que não é verdade.
O STF já sedimentou que, com exceção dos tratados que versem sobre direitos humanos,
que podem ter o status constitucional ou supralegal, a depender do quórum de aprovação, os
demais terão status de lei ordinária, como sóis ocorrer com os que tratam de matéria tributária.
Para o STF a consequência prática é que se uma lei interna de caráter meramente ordinário,
posterior a um tratado comum, já internalizado, for com este incompatível, o tratado deixará de
ser aplicado, prevalecendo a lei interna. Como consequência, no plano interno, despontaria a
denúncia do diploma internacional, e, no plano internacional, o país ficaria sujeito à eventuais
sanções. O STJ vem entendendo que o art. 98 CTN permite a distinção entre tratados-lei e
tratados-contratos, no sentido de que toda construção a respeito da prevalência da norma
interna com poder de revogar tratados, equiparando-os à legislação ordinária, foi feita em
relação aos tratados-contratos (REsp 426.945). Apenas estes, portanto, não poderiam ter as
suas disposições revogadas pela legislação interna. A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: De fato, decreto de governador não pode majorar alíquota de nenhum tributo.
Isto porque o art. 97 do CTN, consagração do princípio da legalidade tributária, determina que
apenas a lei poderá estabelecer:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21,


26, 39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto


no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;

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IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto


nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus


dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de


dispensa ou redução de penalidades.

Ocorre que o decreto é sim fonte formal principal, residindo aí o erro da alternativa. As fontes
formais primárias são as leis (em sentido amplo), os decretos e os tratados ou convenções. As
fontes formais secundárias (ou subsidiárias) são as intituladas “normas complementares”, ou
seja, que devem “complementar” as fontes formais principais. Seriam, em termos gerais, as
normas hierarquicamente inferiores aos decretos. A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: De acordo com o princípio da pecunia non olet, a subsunção da hipótese


tributária ao fato ocorrido, gerando o fato gerador e a relação jurídico-tributária, realiza-se
independentemente da licitude do fato praticado pelo contribuinte. Assim, mesmo a venda de
drogas, uma vez que gera renda, é fato gerador do imposto de renda e, assim, fonte formal do
direito tributário. A alternativa está incorreta.

GABARITO: A

67. A Pessoa Jurídica X comercializa produtos alimentícios da cesta básica. Em 2015,


dado a circunstâncias financeiras desfavoráveis, a referida empresa, em que pese tenha
cobrado do contribuinte o valor relativo ao ICMS incidente na nota fiscal, deixou de
repassá-lo ao Fisco Estadual, da mesma forma que descumpriu a obrigação de entrega
de declaração. Em 2017, após fiscalização, foi lançado contra a empresa o ICMS devido,
assim como aplicadas as penalidades decorrentes do descumprimento da obrigação
acessória. Pendente discussão administrativa acerca do crédito tributário quando
passou a vigorar lei nova disciplinando a matéria.

Assinale a resposta correta, considerando os dados abaixo:

I – A lei antiga previa alíquota de 12% (doze por cento) de ICMS para os produtos
comercializados pela Pessoa Jurídica X, assim como multa de 65% (sessenta e
cinco por cento) pelo não envio da declaração no prazo;

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II – A lei nova, concretizando desoneração da cesta básica prevista nacionalmente,


reduziu a alíquota de alguns produtos vendidos pela Pessoa Jurídica X para 6%
(seis por cento), enquanto os demais foram sujeitos à alíquota 0. Ademais, a multa
pelo não envio da declaração no prazo foi igualmente reduzida para 40%. Por fim,
a norma em análise, ainda, aumentou poderes de investigação das autoridades
administrativas.

A) De acordo com o art. 106 do CTN, aplica-se ao fato gerador pretérito a


retroatividade da norma mais benéfica, de forma que reduzir-se-á a multa, a alíquota
de parte dos produtos comercializados, bem como a desoneração dos demais.

B) No caso exposto, não haverá a desoneração dos produtos comercializados,


mas sim da multa.

C) A lei nova não se aplica em nenhuma medida ao caso exposto, posto que o
lançamento observará a regra vigente quando do fato gerador da obrigação
tributária, preservado o princípio da irretroatividade tributária.

D) Aplicar-se-á a redução da multa para 40%, porém às autoridades administrativas


será vedada a utilização dos poderes de investigação alargados.

E) A isenção do ICMS promovida pela lei nova será aplicada pela autoridade fiscal,
mas não a redução da multa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. “Legislação tributária”: vigência, aplicação, integração e inter-


pretação.

A questão tratou da vigência da lei tributária e a retroatividade da norma benéfica. Ab initio,


cumpre expor que o art. 144 do CTN estabelece que o lançamento será regido pela lei vigente
quando da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. A
irretroatividade da norma tributária, contudo, possui duas exceções, previstas no art. 106 do
CTN: lei interpretativa e lei mais benéfica. A lei interpretativa é aquela que, apesar de não
ter o condão de modificar e inovar o ordenamento jurídico, retira pontos de obscuridade e
imprecisão na norma pretérita, sanando dúvidas. Esta norma retroagirá. A lei mais benéfica,
por seu turno, permite que seja aplicada, ainda que retroativamente, ao sujeito passivo, sempre

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que mais favorável ao mesmo, se comparada à lei vigente à época da ocorrência do fato.
Sobre essa exceção, cumpre dizer que ela se refere, apenas, às infrações e às penalidades,
mas não ao tributo em si. Assim, a alíquota, base de cálculo, sujeito passivo, momento da
incidência, etc., será regido pela norma do tempo do fato gerador. Apenas questões relativas
à eventuais infrações e penalidades é que poderão aproveitar-se de modificação benéfica. E
ainda: desde que pendente, ainda, de julgamento. É o caso da situação proposta na questão,
em que pendente discussão administrativa do lançamento quando passou a vigorar norma
mais benéfica. A respeito do tema, veja-se o art. 106 do CTN:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação


de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

A) quando deixe de defini-lo como infração;

B) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,


desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento
de tributo;

C) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao
tempo da sua prática.

A) INCORRETA: Conforme dito, a retroatividade da lex mitior dá-se apenas quanto às


penalidade e infrações, mas não quanto ao tributo em si, de forma que manter-se-á a alíquota
de 12% do ICMS. A alternativa está incorreta.

B) CORRETA: a alternativa está correta, eis que a lei nova retroagirá apenas quanto à redução
da multa prevista pelo descumprimento da obrigação acessória de enviar declaração do ICMS.
Isto, ainda, porque pendente discussão administrativa do lançamento.

C) INCORRETA: O princípio da irretroatividade tributária cede à retroatividade da norma


benéfica nos casos específicos do art. 106 do CTN. A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: a utilização dos poderes de investigação alargados pela lei nova encontra-se
prevista no § 1º do art. 144 do CTN: Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente
à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas,
ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o

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efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: a resposta, conforme vimos na assertiva B, é justamente oposta: aplica-se da


redução da multa, mas não da isenção do ICMS. A alternativa está incorreta.

GABARITO: B

68. A respeito do processo administrativo tributário do Estado de São Paulo (Lei Estadual
nº 13.457/2009), assinale a alternativa INCORRETA:
A) Deflagrado um processo administrativo pelo contribuinte, o mesmo deverá ser
decidido no prazo máximo de 360 dias.

B) Não estabelecendo a lei prazo específico ou não sendo o mesmo determinado


pelo órgão julgador, o ato a ser praticado pela parte deverá observar o prazo de cinco
dias, não úteis, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento.

C) A nulidade de qualquer ato não prejudica todo o procedimento administrativo


tributário, mas apenas os atos que dependam diretamente do ato nulo.

D) O acesso à instância administrativa far-se-á unicamente de acordo com as


normas determinadas em resolução pela Secretaria da Fazenda, não sendo aceitos
pleitos em desconformidade.

E) Quando em fase de julgamento, os erros de fato ou de capitulação da infração


serão corrigidos pelo órgão de julgamento, inclusive de ofício, sem decretação
de nulidade. Resultando desta correção penalidade de valor mais gravoso, será
ressalvado ao interessado a possibilidade de efetuar seu pagamento no prazo de
30 (trintA) dias, com o desconto que poderia ter usufruído se adimplida a obrigação
no prazo da defesa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Processo administrativo tributário estadual.

A) CORRETA: o §2º do art. 2º estabelece o prazo máximo de 360 dias, a contar do protocolo
de petições, impugnações, defesas ou recursos administrativos, para ser proferida decisão
administrativa. Saliente-se que este prazo de 360 dias também foi previsto no Tema 269 dos

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Recursos Repetitivos do STJ: Tanto para os requerimentos efetuados anteriormente à vigência


da Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados após o advento do referido diploma
legislativo, o prazo aplicável é de 360 dias a partir do protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei
11.457/07). A alternativa está correta.

B) CORRETA: Trata-se da redação do art. 5º da Lei do processo administrativo tributário de


São Paulo:

Artigo 5º - Os atos processuais serão realizados nos prazos estabelecidos nesta lei
ou na legislação tributária.

Parágrafo único - O prazo para a prática de ato processual a cargo da parte será de
5 (cinco) dias quando este não for fixado na lei, no regulamento ou pela autoridade
julgadora.

Artigo 6º - Os prazos serão contínuos, excluindo-se, na sua contagem, o dia de


início e incluindo-se o de vencimento.

§ 1º - Os prazos fluem a partir do primeiro dia útil após a intimação, salvo disposição
em contrário.

§ 2º - Sempre que o vencimento ocorrer em dia em que não houver expediente


normal na repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato, os
prazos serão prorrogados até o primeiro dia útil subsequente.

§ 3º - A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido para a prática do ato processual,


desde que o faça de maneira expressa. (NR)

A alternativa está correta.

C) CORRETA: Esta previsão encontra-se no art. 10 da lei em análise, o qual determina que
apenas os atos que dependam do ato nulo terão a sua nulidade declarada. A alternativa está
correta.

D) INCORRETA: ao contrário do quanto dito na assertiva, o art. 3º da Lei estabelece que


os atos processuais não dependem de forma determinada, salvo se a legislação tributária
expressamente a exigir. Considera-se válidos os atos que, realizados de outro modo, alcancem
sua finalidade (princípio da instrumentalidade das formas). Portanto, esta é a alternativa
incorreta.

E) CORRETA: trata-se da previsão expressa do art. 13 da lei estadual. Colaciona-se pela sua

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importância:

Artigo 13 - Estando o processo em fase de julgamento, os erros de fato e os de


capitulação da infração ou da penalidade serão corrigidos pelo órgão de julgamento, de
ofício ou em razão de defesa ou recurso, não sendo causa de decretação de nulidade.
§ 1º - Quando da correção resultar penalidade de valor equivalente ou menos gravoso,
será ressalvada ao interessado, expressamente, a possibilidade de efetuar o pagamento
do débito fiscal no prazo de 30 (trintA) dias, contados da intimação, com desconto igual ao
que poderia ter usufruído no decurso do prazo previsto para a apresentação da defesa.
§ 2º - A redução do débito fiscal exigido por meio de auto de infração, efetuada em
decorrência de prova produzida nos autos, não caracteriza erro de fato.

A alternativa está correta.

GABARITO: D

69. A respeito da medida cautelar fiscal proposta pela Fazenda contra contribuinte X,
assinale a alternativa correta:
A) Na hipótese de sujeito passivo que, notificado pela Fazenda Pública a recolher
crédito fiscal, põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros, o requerimento da
medida cautelar independerá da prévia constituição do crédito tributário.

B) Sempre que concedida a medida cautelar fiscal em procedimento preparatório,


a Fazenda Pública executará a CDA no prazo de 60 dias, contados da data de sua
concessão.

C) O agravo de instrumento é o recurso cabível contra a sentença que decretar a


medida cautelar fiscal.

D) Prestada caução pela Fazenda Pública, o juiz concederá liminarmente a medida


cautelar fiscal.

E) A não execução da medida cautelar fiscal dentro de 60 dias importa em cessação


da sua eficácia.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Processo judicial tributário: execução fiscal; ação anulatória de

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débito fiscal; ação de repetição de indébito; ação de consignação em pagamento;


ação declaratória; medida cautelar fiscal; mandado de segurança.

A) CORRETA: A questão cobrou o conhecimento a respeito da medida cautelar fiscal, prevista


na Lei nº 8.397/1992, importante instrumento para recuperação do crédito tributário. De acordo
com o art. 1º da lei em análise, o procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a
constituição do crédito tributário, bem como no curso da execução fiscal. O parágrafo único
desse dispositivo excepciona duas situações em que a cautelar fiscal poderá ser proposta
independentemente da prévia constituição do crédito tributário. São as hipóteses dos incisos
V, “b”, e VII do art. 2º: (1) sujeito passivo que, notificado pela Fazenda Pública para recolher o
crédito fiscal, põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros (hipótese da questão); e, (2)
possui débitos, inscritos ou não, em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento
do seu patrimônio conhecido. É muito importante o conhecimento dessas exceções pelos
candidatos. A alternativa está correta.

B) INCORRETA: O erro da alternativa reside no marco a partir do qual contar-se-á o prazo de


60 dias para propositura da execução fiscal. Conforme dicção do art. 11 da Lei em exame, na
hipótese de medida cautelar fiscal concedida em procedimento preparatório, a Fazenda Pública
deverá propor a execução fiscal no prazo de 60 dias contados da data em que a exigência se
tornar irrecorrível na esfera administrativa (momento a partir do qual pode constituir o crédito
tributário). A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: O recurso cabível é a apelação, sem efeito suspensivo, nos termos do art. 17.
Será concedido efeito suspensivo se o recorrente oferecer garantia correspondente ao valor
cobrado pela Fazenda Pública. A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: O art. 7º da norma em exame disciplina que o juiz concederá liminarmente a


medida cautelar fiscal, dispensada a Fazenda Pública de justificação prévia e de prestação de
caução. Cabe agravo de instrumento dessa decisão. A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: O art. 13 estabelece as hipóteses de cessação da eficácia da medida cautelar


fiscal. Entre elas (inciso II) encontra-se a não execução da medida deferida no prazo de 30
dias (e não 60). A alternativa está incorreta.

GABARITO: A

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70. O contribuinte X pretendeu realizar o pagamento administrativo de débito de IPVA


para com a Fazenda Estadual, a qual não aceitou a realização do adimplemento enquanto
não pago ITCMD devido pelo contribuinte em virtude da doação do automóvel objeto do
IPVA. Assinale a alternativa correta:
A) No caso em análise não caberá qualquer medida do sujeito passivo em sua
defesa, eis que legítima a cobrança do ITCMD.

B) Julgada procedente a demanda, o pagamento é considerado realizado, convertida


em renda a importância consignada, hipótese de extinção do crédito tributário.

C) Ainda que julgada improcedente a demanda da consignação em pagamento,


não haverá a incidência de juros de mora na cobrança do crédito consignado.

D) Ajuizada a ação de consignação em pagamento, imaginando-se um tributo


de prestações periódicas, o contribuinte-autor poderá depositar as parcelas que
forem se vencendo cinco dias após o vencimento.

E) A ação de consignação em pagamento é instrumento hábil para o contribuinte


obter parcelamento de tributo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Processo judicial tributário: execução fiscal; ação anulatória de
débito fiscal; ação de repetição de indébito; ação de consignação em pagamento;
ação declaratória; medida cautelar fiscal; mandado de segurança.

A) INCORRETA: O art. 164 do CTN estabelece a utilização da ação consignatória em


pagamento nos seguintes casos: (1) quando o Fisco recuse o recebimento da prestação
tributária, subordinando-o ao recebimento de outra prestação (relativa a tributo ou a multA) ou
ao cumprimento de obrigação acessória, com ou sem fundamento legal; ou, (2) duas ou mais
pessoas jurídicas exijam tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. A situação dos autos
insere-se, pois, na primeira situação elencada, razão pela qual a assertiva está incorreta.
Anote-se que, apesar da lei ter estabelecido a situação específica, o STJ já entendeu que
não há qualquer vedação legal a que o contribuinte lance mão da ação consignatória para
ver satisfeito o seu direito de pagar corretamente o tributo quando entende que o Fisco está
exigindo prestação maior que a devida (REsp 505.460/RS).

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B) CORRETA: o §2º do art. 164 do CTN estabelece que, julgada procedente a consignação,
o pagamento se reputará efetuado e a importância consignada convertida em renda. Nessas
circunstâncias a consignação em pagamento será hipótese de extinção do crédito tributário
(art. 156, VIII, do CTN). A alternativa está correta.

C) INCORRETA: Seguindo no estudo do §2º do art. 164 do CTN, na hipótese de decretação


da improcedência da ação de consignação em pagamento, no todo ou em parte, o crédito
será cobrado acrescido dos juros de mora cabíveis, sem prejuízo das penalidades aplicáveis,
apesar do valor ter sido consignado judicialmente com o ajuizamento da ação. A alternativa,
portanto, está incorreta.

D) INCORRETA: o art. 541 do CPC estabelece que o Autor da ação de consignação em


pagamento, em se tratando de obrigação de prestações periódicas, poderá, depositada a
primeira, continuar a depositar as demais no mesmo processo, desde que o faça em até cinco
dias após o seu vencimento. O STJ, ainda sob a égide do CPC de 1973, já havia decidido que
tal dispositivo (art. 982 do CPC anterior) não se aplicava ao crédito tributário: TRIBUTÁRIO
E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO
FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. ART.
892 DO CPC. PRAZO DE 5 DIAS PARA O DEPÓSITO DA PARCELA. NÃO APLICAÇÃO
AOS DEPÓSITOS JUDICIAIS DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
ESTRITA. INCOMPATIBILIDADE DA NORMA PREVISTA NO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. 1. O recurso especial se origina em autos de embargos do devedor opostos por contra
execução fiscal ajuizada para a cobrança de multa e juros de mora de créditos tributários cujos
valores não foram depositados no momento certo. Discute-se se o depósito judicial do tributo
deveria ter-se dado no momento do vencimento da obrigação, ou se dentro do prazo de 5
dias previsto no art. 892 do CPC. 2. Por força dos artigos 113, § 1º, 140, 141 e 156, inciso VI,
do Código Tributário Nacional, o prazo de 5 dias previsto no art. 892 do CPC não é aplicável
aos depósitos judiciais referentes a créditos tributários, de tal sorte que são exigíveis multa e
juros de mora caso o depósito não seja realizado dentro do prazo de vencimento do tributo.
Mutatis mutandis, vide: REsp 1351073/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 13/05/2015; AgRg no Ag 1239917/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe
17/05/2010; REsp 622.183/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ 17/09/2007;
REsp 624.156/RS, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ 20/03/2007.
3. Não se pode permitir que o contribuinte ou responsável tributário, por estar em juízo, seja
agraciado com mais 5 dias para adimplir o tributo, só porque ajuíza ação consignatória em
pagamento, porquanto, diretamente, estar-se-ia criando distinção vedada pela Constituição
Federal (art. 150, inciso I, da Constituição Federal), além de estar-se estabelecendo espécie

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de moratória tributária, de caráter geral, sem previsão legal. 4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1365761/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 09/06/2015, DJe 17/06/2015). A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: Em compreensão semelhante da hipótese anterior, também neste caso a


jurisprudência do STJ compreende, desde há muito, pela impossibilidade de utilização da ação
de consignação em pagamento para obter parcelamento do crédito tributário. TRIBUTÁRIO.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO
EM PAGAMENTO. POSSIBILIDADE DE PARCELAMENTO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
PRECEDENTES. ARTIGO 138 DO CTN. SÚMULA 211/STJ. ARTIGO 535 DO CPC. AUSÊNCIA
DE OFENSA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. SÚMULA 7 DESTA CORTE
SUPERIOR. 1. Não viola o art. 535 do Código de Processo Civil quando o voto condutor faz
uso de argumentação adequada para fundamentar a decisão, ainda que não espelhe qualquer
das teses invocadas. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da
oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.” (Súmula 211/STJ)
3. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que mostra-se inadequada para se obter
o parcelamento de tributo a via da ação de consignação em pagamento. 4. O reexame de
matéria de prova é inviável em sede de recurso especial (Súmula 7/STJ). 5. Agravo regimental
não provido. (AgRg no AREsp 470.987/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 26/03/2014). A alternativa está incorreta.

GABARITO: B

PROFESSOR: IURI QUADROS


E-mail: profcei.iuriquadros@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

71. Assinale a alternativa correta acerca da vigência dos acordos e convenções coletivas
de trabalho:
A) As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas
integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas
ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

B) O prazo máximo de duração de acordo ou convenção coletiva de trabalho é de

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dois anos, vedada a ultratividade de seus efeitos após esse período.

C) Os acordos e convenções coletivas de trabalho entram em vigor no dia útil


seguinte à entrega dos respectivos instrumentos no órgão regional do ministério
do trabalho competente para registro.

D) O prazo máximo de duração de acordo ou convenção coletiva de trabalho é de


um ano, excetuada a ultratividade de seus efeitos após esse período.

E) Os sindicatos ou empresas acordantes deverão promover, no prazo de 5 dias,


o depósito do acordo/convenção coletiva no departamento nacional do trabalho
ou órgão regional do ministério do trabalho, para registro. O acordo/convenção
coletiva somente entrará em vigor 3 dias após o depósito do instrumento no órgão
competente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Convenção coletiva de trabalho. Acordo coletivo de trabalho.

Comentário Genérico sobre a questão: O objetivo dessa questão é trabalhar outra súmula
consagrada do TST que será objeto de cancelamento, por contrariar disposição expressa da
Reforma Trabalhista. Com efeito, a súmula 277 do TST consagrava o que se convencionou
denominar ultratividade dos acordos coletivos e convenções coletivas. Transcreva-
se a íntegra do referido verbete: Súmula nº 277 do TST. CONVENÇÃO COLETIVA DE
TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE
(redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012,
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. As cláusulas normativas dos acordos coletivos
ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão
ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. O que diz a
súmula? O verbete prescreve que, caso seja conferido direito a determinada categoria através
de acordo coletivo ou convenção coletiva, esse direito passa a integrar o contrato individual
de trabalho de cada membro contemplado pelo acordo/convenção, razão pela qual o referido
direito só pode ser modificado ou extinto mediante nova negociação coletiva. Qual o efeito
prático da súmula? É justamente conferir ultratividade ao acordo/convenção. Como o direito
concedido por negociação coletiva só poderia ser modificado ou suprimido mediante nova
negociação coletiva, caso fosse ultrapassado o prazo de vigência da convenção/acordo, o
direito concedido permaneceria em vigor – porque passou a integrar o contrato individual de

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trabalho – até que fosse celebrado novo acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho
suprimindo ou reduzindo aquele direito anteriormente concedido. Portanto, à luz da súmula,
imagine uma convenção coletiva celebrada em 2017 com vigência até 2019 concedendo 1
hora de redução de jornada aos empregados. Essa redução de jornada permaneceria em
vigor mesmo após 2019, pois já teria passado a integrar o contrato individual de trabalho dos
contemplados. Assim, caso pretendesse extinguir essa redução de jornada, o empregador
teria de entabular novo acordo coletivo ou convenção coletiva. Daí o termo “ultratividade”,
pois o acordo ou convenção coletivos produziam efeitos mesmo após o encerramento de sua
vigência. Ocorre que a Reforma Trabalhista inseriu o art. 614, §3º na CLT, nos termos do
qual: § 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017). O dispositivo teve por evidente objetivo acabar com a construção da súmula
277 do TST. Agora, a CLT é clara no sentido de que não há ultratividade após o encerramento
da vigência dos acordos coletivos e convenções coletivas. É dizer, após o fim do prazo de dois
anos de vigência do acordo ou convenção, os direitos eventualmente concedidos através da
negociação coletiva serão retirados dos empregados, independentemente de ter havido, ou
não, celebração de novo acordo coletivo ou convenção coletiva. No nosso exemplo, exaurida a
vigência da convenção coletiva, imediatamente a redução de horário deixaria de existir, face à
proibição da ultratividade. Agora, passemos aos comentários individualizados das assertivas.

A) INCORRETA: A assertiva reproduz a literalidade da súmula 277 do TST. Antes da Reforma,


portanto, a assertiva seria correta, mas, com o novel art. 614, §3º da CLT, não há como persistir
a súmula 277, que, ao menos tacitamente, já está cancelada.

B) CORRETA: A assertiva reproduz o art. 614, §3º da CLT. Explicamos detalhadamente o


ponto, inclusive com exemplo, porque essa questão pode facilmente ser inserida em questão
objetiva ou subjetiva, trata-se de alteração de destaque levada a cabo pela Reforma. Em
suma, o prazo máximo de vigência de acordo coletivo ou convenção coletiva é de 2 (dois)
anos, após os quais qualquer direito concedido pelos referidos instrumentos cessa, porque a
ultratividade é expressamente vedada.

C) e E) INCORRETAS: O objetivo principal da questão é examinar o cancelamento da súmula


277 pelo art. 314, §3º da CLT. Porém, para finalizar a análise de todos os pontos passíveis de
cobrança sobre a vigência de acordo coletivo, ou convenção coletiva, inserimos duas assertivas
versando sobre o procedimento para vigência de acordo ou convenção coletiva. Em suma,
a vigência de tais instrumentos segue o seguinte iter: 1 - Acordo/Convenção são assinados
pelas partes  2 – No prazo de 8 dias contados da assinatura, uma via do instrumento deve

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ser depositada no órgão competente (Departamento Nacional do Trabalho, para acordos/


convenções de caráter interestadual ou nacional, ou órgão regional do ministério do trabalho,
nos demais casos)  3 – três dias corridos após a entrega para depósito no órgão competente,
considerar-se-á vigente o acordo coletivo ou convenção coletiva. Esse procedimento consta
do art. 614, caput c/c 614, §1º da CLT: Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas
acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da
Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no
Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional
ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social,
nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967). § 1º As Convenções
e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias após a data da entrega dos mesmos no órgão
referido neste artigo.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967). Assim, a assertiva
C está incorreta por prever o prazo de 1 dia útil após a entrega dos instrumentos para início da
vigência, e não de 3 dias corridos. A assertiva E, por sua vez, prevê que o prazo para entrega
dos instrumentos é de 5 dias contados de sua assinatura, quando, na realidade, o prazo é de 8
dias. Note que há um prazo para entrega no órgão competente e, após a entrega, é deflagrado
um novo prazo, de 3 dias corridos, para início da vigência.

D) INCORRETA: Assertiva inserida para destacar que o prazo máximo estipulado pelo art.
614, § 3º é de 2 anos. O Acordo coletivo e a convenção coletiva não podem ter prazo de
vigência superior a 2 anos. Além do erro em relação ao prazo, cabe reiterar que a Reforma
trabalhista acabou com a ultratividade prevista na súmula 277 do TST.

GABARITO: B

72. Assinale a alternativa CORRETA a respeito da disciplina probatória no direito


processual do trabalho:
A) A jurisprudência sumulada do TST admite a juntada de novos documentos
na seara recursal, exclusivamente quando provado o justo impedimento para
sua oportuna apresentação ou quando o documento se referir a fato posterior à
sentença.

B) O direito processual do trabalho adota a teoria da distribuição dinâmica do ônus


da prova por aplicação subsidiária do CPC/2015, face à omissão da CLT sobre o
tema.

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C) Configura cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de produção de


prova testemunhal na audiência de prosseguimento, quando a parte, previamente
notificada para indicar as provas que pretende produzir, comparece à audiência
inaugural e não apresenta o rol de testemunhas.

D) A responsabilidade pelo pagamento de honorários periciais no processo


do trabalho é da parte sucumbente na demanda, assim como ocorre no direito
processual civil.

E) Compete à União adiantar os honorários periciais caso a parte que requeira a


produção de prova pericial seja beneficiária da justiça gratuita e comprove que
não dispõe de recursos para arcar com a remuneração do perito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

A) CORRETA: A assertiva versa acerca do momento para produção da prova documental


no processo do trabalho. O art. 787 da CLT aduz que a petição inicial do reclamante já deve
vir acompanhada de documentos referentes aos fatos deduzidos na demanda. Por sua vez,
o art. 434 do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, aduz que o mesmo
vale para a contestação, que deve vir instruída com os documentos pertinentes: Art. 434.
Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a
provar suas alegações. Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias
e desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar. A questão polêmica é saber
se todos os documentos precisam estar acostados à inicial ou à contestação. Na prática,
admite-se a juntada de documentos até o encerramento da fase instrutória. Porém, cabe
aduzir que, por aplicação subsidiária do CPC, há três casos em que, por expressa disposição
legal, se afigura possível a juntada de documentos após a inicial/contestação: Art. 435. É
lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados
a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que
foram produzidos nos autos. Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de
documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se
tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que
os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao

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juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º. Desse modo, eis
os três casos: 1 – Documentos destinados a provar fatos supervenientes (“fatos ocorridos
depois dos articulados”); 2 – Documentos destinados a contrapor documentos juntados aos
autos. Ex: parte junta um documento na contestação e, em réplica, o reclamante acosta outro
documento para contrapor o afirmado pelo documento anterior; 3 – Documentos produzidos/
conhecidos/acessíveis de forma superveniente, sendo que, nesse caso, é necessário que a
parte comprove que a produção/conhecimento/acesso se deu de forma superveniente. Porém,
repare que o enunciado menciona expressamente “fase recursal” e “jurisprudência sumulada
do TST”. Nesse ínterim, a assertiva espelha o disposto na súmula nº 8 do TST, que já foi
cobrada em prova e costuma induzir os candidatos a erro: Súmula nº 8 do TST. JUNTADA DE
DOCUMENTO (mantidA) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A juntada de documentos
na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna
apresentação ou se referir a fato posterior à sentença. Essa súmula está em harmonia com
tudo que expusemos acima. Como a juntada de documentos deve preferencialmente ocorrer
até o fim da instrução probatória, em regra, não deve ser admitida a juntada de documentos
na via recursal. Por isso, a Súmula nº 8 prescreve que somente será admitida a juntada de
documentos em sede recursal em duas hipóteses: (i) Parte comprova justo impedimento
para não ter juntado o documento em momento anterior; (ii) O documento é referente a fato
superveniente à sentença.

B) INCORRETA: A Reforma Trabalhista modificou sensivelmente as disposições acerca do


ônus da prova no processo do trabalho, disciplina praticamente inexistente na antiga CLT,
que continha apenas um dispositivo sobre o tema. O novel art. 818, caput consagra a teoria
da distribuição estática do ônus da prova, nos termos abaixo descritos: Art. 818. O ônus
da prova incumbe: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) I - ao reclamante, quanto ao
fato constitutivo de seu direito; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) II - ao reclamado, quanto
à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017). A nova CLT está alinhada ao CPC, prescrevendo a seguinte
regra geral no tocante à distribuição do ônus da prova: 1. Compete ao autor (reclamantE)
o ônus de provar fato constitutivo de seu direito. 2. Compete ao réu (reclamado) o ônus
de provar fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito do autor. Esse regramento
representa a adoção da distribuição estática do ônus da prova, porque as regras são pré-
determinadas, independente de qualquer coisa as partes sabem de antemão aquilo que terão
de provar, sem que as circunstâncias e peculiaridades do caso concreto exerçam qualquer
influência sobre essa distribuição de ônus. Em contrapartida, precisamos examinar o art.
818,§1º. O § 1º representa a aceitação da distribuição dinâmica do ônus da prova no

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processo do trabalho. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da


causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017). Essa teoria passou a ser aceita
expressamente na legislação processual com o novo CPC, mas não havia consenso acerca
de sua aplicabilidade no processo do trabalho. Agora, com a Reforma Trabalhista, o art. 818,
§1º da CLT espanca qualquer dúvida: a distribuição dinâmica do ônus da prova é aplicável
ao processo do trabalho. E o que é, afinal, a distribuição dinâmica do ônus da prova? É a
antítese da distribuição estática. Na distribuição dinâmica, faculta-se ao juiz redistribuir o ônus
da prova de acordo com a dificuldade excessiva de uma parte para produzir a prova, ou com a
maior facilidade de provar o fato contrário. É a lei admitindo que as circunstâncias do caso
concreto modifiquem a distribuição do ônus da prova. Portanto, a distribuição dinâmica do
ônus da prova é aceita no processo do trabalho, mas isso não decorre de aplicação subsidiária
do CPC porque a CLT não é mais omissa a respeito do tema!! Ainda teremos outra questão
durante o curso versando sobre distribuição dinâmica do ônus da prova, mas essa assertiva
introduz o tema com síntese dos principais aspectos relevantes.

C) INCORRETA: O art. 825 da CLT nos diz que, no processo do trabalho, em regra, a testemunha
não é intimada pelo juiz (isso também vale no procedimento sumaríssimo), as partes levam
suas testemunhas para audiência, sem o juiz intimar. O juiz só vai expedir um mandado de
intimação se as partes convidarem suas testemunhas e elas não comparecerem. Por fim,
se, mesmo intimadas, as testemunhas não comparecerem, o juiz pode mandar conduzir
coercitivamente para participarem da audiência. Essa regra já está na CLT há muito tempo e foi
incorporada pelo CPC/2015 que, hoje, segue a mesma sistemática. Art. 825 - As testemunhas
comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação. Parágrafo único
- As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando
sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado,
não atendam à intimação. Justamente porque a CLT dispensa a intimação das testemunhas,
também não é preciso arrolar judicialmente as testemunhas, ou seja, não se afigura necessário,
em regra, apresentar rol de testemunhas no processo do trabalho. Porém, cabe destacar que
o TST, no informativo nº 151, construiu uma hipótese em que se afigurará necessário
apresentar o rol de testemunhas já na audiência inaugural. Isso ocorrerá quando a própria
intimação da parte para comparecer à audiência inaugural já contiver advertência no sentido
de que, na audiência inaugural, a parte deverá indicar todas as provas que serão produzidas

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no processo. Caso a intimação tenha essa advertência, a parte tem de apresentar o rol de
testemunhas já na audiência inaugural. Caso a parte não adote tal providência, não poderá
proceder à oitiva de testemunhas na audiência em prosseguimento! Confira a ementa
do julgado: (INFO 151 – DEZ 2016/FEV 2017) Notificação prévia para indicação de provas
na audiência inaugural. Ausência de apresentação do rol de testemunhas. Indeferimento do
pedido de produção de prova testemunhal na audiência de prosseguimento. Cerceamento de
defesa. Não configuração. Não configura cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de
produção de prova testemunhal na audiência de prosseguimento, quando a parte, previamente
notificada para indicar as provas que pretende produzir, comparece à audiência inaugural e
não apresenta o rol de testemunhas. Embora, no processo do trabalho, não haja obrigação de
a parte requerer o arrolamento de testemunhas (arts. 825 e 845 da CLT), no caso, o fato de
haver determinação judicial expressa no sentido de que o reclamado indicasse todas as provas
que pretendia produzir no feito, quando da audiência inaugural, afastou a pretendida nulidade
processual por cerceamento do direito de defesa. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por maioria,
conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, vencidos os Ministros José Roberto
Freire Pimenta, relator, Antonio José de Barros Levenhagen, Lelio Bentes Corrêa, Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho e Delaíde Miranda Arantes, e, no mérito, por unanimidade, negou-lhes
provimento, mantendo incólume a decisão turmária mediante a qual não se conheceu do
recurso de revista do reclamado. TST-E-ED-RR-50200-44.2003.5.08.0006, SBDI-I, rel. Min.
José Roberto Freire Pimenta, 15.12.2016. Regra  Parte não precisa sequer apresentar rol
de testemunhas, basta que as testemunhas compareçam à audiência em prosseguimento.
Exceção  Caso a intimação da parte para comparecer à audiência inaugural advirta que
a parte deverá indicar as provas que pretende produzir, será necessário apresentar rol de
testemunhas na audiência inaugural, sob pena de não se produzir a prova testemunhal na
audiência em prosseguimento.

D) INCORRETA: A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais no processo do


trabalho difere do processo civil. No processo civil, a parte que sucumbir (perder o processo)
paga todas as custas processuais, inclusive os honorários periciais. No processo do trabalho,
por sua vez, a responsabilidade pelo pagamento é da parte que sucumbir no objeto da
perícia. Note que a regra é completamente diversa. Por exemplo, o reclamante pode ajuizar
demanda requerendo salários não pagos, férias, 13º, aviso prévio e adicional de insalubridade.
A perícia será obrigatória para apreciação do adicional, então, suponhamos que a parte ganhe
todos os pedidos, exceto o adicional, pois a perícia não identifica agente insalubre no local de
trabalho. Note que o reclamante ganhou quase toda a demanda, mas quem paga os honorários
periciais será ele, e não o reclamado, porque o reclamante sucumbiu em relação ao objeto da

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perícia. Isso consta do art. 790-B da CLT: Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos
honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que
beneficiária da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

E) INCORRETA: É vedado o adiantamento de honorários periciais na justiça do trabalho.


O perito não pode exigir qualquer parcela dos honorários antes de realizar a perícia. Isso já
constava da OJ nº 98 da SDI-II do TST, mas, com a Reforma, passou a constar expressamente
do art. 790-B, §3º da CLT: § 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para
realização de perícias. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Portanto, como o enunciado falou
em “adiantamento” de honorários periciais, o item está incorreto, pois afronta o art. 790-B, §3º
da CLT, uma vez que o processo do trabalho não admite adiantamento de honorários periciais.
Em outra questão do curso, analisaremos a responsabilidade da União e do Estado no tocante
ao pagamento de honorários periciais, que já foi cobrada em provas de procuradoria diversas
vezes e foi objeto de alteração pela Reforma.

GABARITO: A

73. Assinale a assertiva correta sobre o tópico “elementos do salário”:


A) As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas
a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-alimentação, as diárias
para viagem, os abonos e os prêmios não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
encargo trabalhista e previdenciário.

B) O auxílio alimentação não tem natureza salarial, independentemente de adesão


do empregador ao PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), adquirindo
natureza salarial caso seja pago em dinheiro.

C) As diárias de viagem, desde que não excedam o equivalente a 50% do salário do


empregado, não ostentam natureza salarial.

D) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico,


próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos,
aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras
similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e
coberturas, integram o salário do empregado para qualquer efeito.

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E) O valor pago a título de ajuda de custo, ainda que superior a 50% do salário do
empregado, não ostenta natureza salarial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-


ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

Comentário Genérico sobre a questão: Essa questão perpassa pelo exame do art. 457 da
CLT, o qual foi alterado pela Reforma Trabalhista e, em seguida, alterado pela MP 808/2017. É
impositivo fazer no mínimo uma questão objetiva sobre esse dispositivo, que está extremamente
confuso e constitui terreno fértil para elaboração de pegadinhas de prova. Preciso que vocês
tenham paciência para ler esse comentário, pois o objetivo é evitar/minimizar a necessidade
de decorar um assunto espinhoso. Em primeiro lugar, é preciso explicar a técnica legislativa
utilizada no dispositivo. Em suma, o art. 457, §1º elenca verbas que ostentam natureza salarial,
enquanto o art. 457, §2º elenca verbas que não se revestem de natureza salarial. Vamos
estudar ambos os parágrafos e você verá a quantidade de questões que emergem desse
contexto. O primeiro ponto que precisamos esclarecer é que, para o empregador, é extremamente
interessante que determinada verba não tenha natureza salarial. Isso porque, se a verba não
tem natureza salarial, não estará inserida na base de cálculo de diversas despesas custeadas
pelo empregador (Ex: verbas rescisórias, 13º, FGTS, contribuição previdenciáriA). Como
sabemos que a Reforma é nitidamente pro empregador, evidente que comentaremos diversas
verbas que tinham natureza salarial e, agora, não mais terão. A redação do art. 457, §1º anterior
à reforma trabalhista elencava diversas espécies de verbas pagas pelo empregador que
integrariam a remuneração, ou seja, que teriam natureza salarial. Segundo a antiga redação,
integrariam o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões,
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo
empregador. Note que havia 5 espécies de verbas albergadas pela antiga redação. Após a
Reforma, imediatamente o legislador reduziu as espécies de verbas, prescrevendo que
integrariam o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões
pagas pelo empregador. Ocorre que a MP nº 808/2017 modificou novamente o §1º do art. 457,
de modo que, atualmente, a CLT prescreve que integram o salário a importância fixa estipulada,
as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador (MP inseriu as
gratificações de função). Das 5 espécies de verbas inicialmente previstas no art. 457, §1º,

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temos o seguinte quadro na atual redação da CLT: 1 – Percentagens e Comissões 


Percentagens constituem sinônimo de “comissões”, a comissão nada mais é do que um
percentual pago ao empregado, então, o legislador unificou ambos os termos sob o vocábulo
“comissões”. (Comentários à reforma trabalhista / Vólia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges.-
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : Método. 2017, p. 51). 2 – Gratificações Ajustadas 
Gratificações ajustadas são aquelas que decorrem de ajuste expresso (previsão no contrato
de trabalho) ou tácito (pagamento por liberalidade do empregador com habitualidadE) entre
empregado e empregador. Note que a atual redação substitui o termo “gratificações ajustadas”
por “gratificações legais” e “de função” (gratificações cujo pagamento decorra do exercício
de determinada função pelo empregado). Aqui, entram duas controvérsias que serão exploradas
pela doutrina. Em primeiro lugar, a lei não conceitua gratificações legais, razão pela qual caberá
à doutrina e à jurisprudência tal desiderato. Já há conceito doutrinário entendendo que
gratificações legais compreendem aquelas previstas em regulamento da empresa, negociação
coletiva e acordo individual entre empregado e empregador (Lima, Francisco Meton; Lima
Francisco Péricles. Reforma Trabalhista: entenda ponto por ponto. São Paulo, LTr, 2017, p.
66). A segunda controvérsia diz respeito justamente à natureza das gratificações ajustadas
(lembrando que o novo art. 457, §1º só menciona gratificações legais e de função, ignorando
gratificações ajustadas). Isso porque, se é certo que não estão mais incluídas no art. 457, §1º,
também não tiveram sua natureza salarial expressamente excluída no art. 457, §2º, que vamos
estudar a seguir. Por isso, já há na doutrina quem defenda que as gratificações ajustadas não
perderam sua natureza salarial (Comentários à reforma trabalhista / Vólia Bomfim Cassar,
Leonardo Dias Borges.- Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : Método. 2017, p. 51). 3 – Diárias
para Viagens  As diárias de viagens NÃO TEM mais natureza salarial, ainda que superem
o limite de 50% da remuneração do empregado! Isso representa uma alteração relevante,
pois a redação do art. 457, §2º previa expressamente a natureza salarial das diárias que
excedessem 50% do salário do empregado, assim como a súmula 101 do TST, que será
cancelada ou modificada: Súmula nº 101 do TST. DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 292 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005. Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos indenizatórios, as diárias de
viagem que excedam a 50% (cinquenta por cento) do salário do empregado, enquanto
perdurarem as viagens. (primeira parte - ex-Súmula nº 101 - RA 65/1980, DJ 18.06.1980;
segunda parte - ex-OJ nº 292 da SBDI-1 - inserida em 11.08.2003). 4 – Abonos  Os abonos
também serão objeto de polêmica doutrinária e jurisprudencial. Isso porque a redação originária
da Reforma Trabalhista, também no art. 457, §2º da CLT, havia excluído expressamente a
natureza salarial dos abonos. Porém, a MP 808/2017 retirou os abonos do art. 457, §2º da CLT,
conforme se depreende do exposto abaixo: § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a
título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-

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alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem e os prêmios


não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017). Notem que não há mais menção aos abonos que, assim
como as gratificações ajustadas, também não constam do art. 457, §1º. Por isso, a situação de
tais verbas é indefinida, pois os abonos e as gratificações ajustadas não constam nem do art.
457, §1º, que elenca verbas de natureza salarial, nem do art. 457, §2º, que arrola verbas que
NÃO tem natureza salarial. O fato é que, se houver questão objetiva inserindo os abonos na
redação do art. 457, §2º, essa assertiva está errada porque contraria a MP 808/2017. Portanto,
tenham atenção a esse ponto. Finalizando os comentários comuns sobre o tema, vamos
elencar as verbas cuja natureza salarial restou expressamente ilidida pelo art. 457,§2º da CLT,
mesmo que o pagamento dos valores ocorra com habitualidade: 1 – Ajuda de Custo
(limitadas a 50%)  Isso que você não pode confundir. A MP 808/2017 estabeleceu o limite
de 50% da remuneração mensal do empregado em relação à AJUDA DE CUSTO. Antes da
Reforma, esse percentual era aplicado às diárias de viagem e à ajuda de custo, em seguida, a
redação originária da reforma excluiu esse limite em relação a ambas as verbas, mas a MP 808
restabeleceu o limite de 50% APENAS em relação à AJUDA DE CUSTO. É dizer, se a ajuda de
custo superar 50% da remuneração, terá natureza salarial, se as diárias de viagem superarem
50% da remuneração, NÃO TERÃO NATUREZA SALARIAL: Diária de Viagem Natureza
Salarial independentemente do valor. Ajuda de Custo  Natureza Salarial desde que o valor
não supere 50% da remuneração do empregado. 2 – Auxílio-Alimentação  Outro ponto
extremamente relevante. O TST havia construído jurisprudência no sentido de que o Auxílio-
Alimentação teria natureza salarial, salvo se o empregador tivesse aderido ao PAT (programa
de Alimentação do Trabalhador). O entendimento estava sintetizado na OJ 133 da SDI-1: OJ-
SDI1-133 AJUDA ALIMENTAÇÃO. PAT. LEI Nº 6.321/76. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO.
Inserida em 27.11.98. A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do programa de
alimentação ao trabalhador, instituído pela Lei nº 6.321/76, não tem caráter salarial. Portanto,
não integra o salário para nenhum efeito legal. A reforma trabalhista despedaçou essa OJ,
porque, agora, o art. 457, §2º é expresso ao retirar o caráter salarial do Auxílio-Alimentação,
independente de adesão da empresa ao PAT. A única exigência do art. 457,§2º para retirar
a natureza salarial do Auxílio-Alimentação é que seu pagamento não ocorra em dinheiro! O
pagamento em dinheiro possibilitaria que o empregador fraudasse a natureza salarial da verba.
É dizer, como é de interesse do empregador reduzir as verbas de natureza salarial, por
constituírem base de cálculo de INSS, verbas rescisórias, FGTS e etc, se afiguraria provável
que diversos empregadores travestissem salário em pecúnia de auxílio-alimentação. Por isso,

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hoje, se o empregado pagar auxílio-alimentação em dinheiro, esse auxílio terá natureza


salarial! (Comentários à reforma trabalhista / Vólia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges.-
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : Método. 2017, p. 51). Por fim, ressalte-se que, como a
Reforma Trabalhista se aplica aos contratos de trabalho em curso, resta igualmente prejudicada
a OJ 413 da SDI-1: Orientação Jurisprudencial 413/TST-SDI-I - 11/07/2017. Salário. Auxílio-
alimentação. Alteração da natureza jurídica. Norma coletiva ou adesão ao Programa de
Alimentação do Trabalhador – PAT. Súmula 51/TST, I. Súmula 241/TST. CLT, arts. 457, § 1º e
458. Lei 6.321/1976. A pactuação em norma coletiva conferindo caráter indenizatório à verba
auxílio-alimentação ou a adesão posterior do empregador ao Programa de Alimentação do
Trabalhador – PAT, não altera a natureza salarial da parcela, instituída anteriormente, para
aqueles empregados que, habitualmente, já percebiam o benefício, a teor das Súmulas 51/
TST, I, e 241/TST. Em outros termos, a mudança na natureza jurídica do auxílio-alimentação
é imediata, desde o benefício não seja pago em dinheiro. 3 – Diárias para Viagens  Já
comentamos, não há mais natureza salarial, mesmo que superado o limite de 50% do salário
do empregado. 4 – Prêmios  Os prêmios não integram a remuneração do empregado.
Porém, é preciso destacar que a MP 808/2017 modificou o conceito de prêmio e, pior, esqueceu
de incluir a revogação do dispositivo da Reforma que já conceituava a verba. O resultado é que
temos dois parágrafos conceituando prêmios, conforme abaixo exposto: “§ 4º Consideram-se
prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em
dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao
ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 13.467,
de 2017) § 22. Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador, até duas
vezes ao ano, em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro, a empregado, grupo de
empregados ou terceiros vinculados à sua atividade econômica em razão de desempenho
superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. (Incluído pela Medida
Provisória nº 808, de 2017)” Atualmente, apesar da confusão legislativa, o dispositivo que
prevalece é a redação da MP, a qual deverá revogar o § 4º do art. 457 caso seja convertida em
lei. Tecidas as extensas considerações gerais sobre o tema, passemos a breves comentários
sobre as assertivas:

A) INCORRETA: A assertiva é a transcrição do art. 457,§ 2º, mas incluiu os abonos, retirados
pela MP 808 da redação do dispositivo. Portanto, a assertiva está incorreta.

B) CORRETA: Assertiva perfeita, conforme acabamos de explicar acima, inteligência do art.


457,§ 2º da CLT.

C) e E) INCORRETAS: As assertivas visam a confundir o candidato, acredito que haverá

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muitas questões nesses moldes. Isso porque, você precisa gravar que o que se submete
ao limite de 50% da remuneração do empregado para efeito de caracterização como verba
de natureza salarial são APENAS as ajudas de custo. Portanto, a assertiva C está incorreta
porque as diárias de viagens não ostentam natureza salarial mesmo que ultrapassem o limite
de 50%, enquanto a assertiva E está incorreta porque se o valor pago a título de ajuda de custo
ultrapassar 50% do salário do empregado, se revestirá de natureza salarial.

D) INCORRETA: Assertiva contraria a literalidade do art. 458, §5º da CLT: O valor relativo à
assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso
de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas
médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades
de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário
de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24
de julho de 1991. O dispositivo também foi incluído pela Reforma, mas foi equivocadamente
inserido pelo legislador no art. 458 da CLT, que trata de salário-utilidade, quando deveria
constar do art. 457 da CLT, tendo em vista que o dispositivo trata de “valor” e não de utilidades.
O dispositivo nos diz que os valores pagos pelo empregador a título de serviços médicos ou
odontológicos não integram o salário do empregado, nem mesmo para fins previdenciários.

GABARITO: B

74. Determinada empresa pública estadual é condenada, por sentença transitada em


julgado, a pagar R$ 100.000,00 (cem mil reais) a um empregado público. A sentença
aduziu que 50% das verbas condenatórias ostentam natureza salarial, enquanto
dos 50% restantes se revestem de natureza indenizatória. A empresa pública, então,
propõe acordo ao empregado para pagar R$ 90.000,00 (noventa mil reais) no prazo
de 3 dias, sem necessidade de execução do julgado, desde que o empregado dê total
quitação em relação à condenação. O empregado aceita, e as partes convencionam
que 60% das verbas constantes do acordo ostentam natureza indenizatória, enquanto
40% detém natureza salarial. O acordo é remetido à consultoria jurídica para chancela.
No caso concreto descrito, é correto afirmar que:
A) Há vício no acordo, tendo em vista que, em qualquer hipótese, é vedado às
partes indicar a natureza jurídica das parcelas em percentuais diversos daqueles
definidos em sentença.

B) O acordo sequer deve ser considerado, tendo em vista que não se admite a

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celebração de acordo no processo do trabalho após o trânsito em julgado da


sentença.

C) Não há qualquer irregularidade no acordo celebrado.

D) Há vício no acordo, tendo em vista que as partes somente podem indicar a


natureza jurídica das parcelas em percentuais diversos daqueles definidos em
sentença antes do trânsito em julgado.

E) Há vício no acordo, pois, embora se afigure possível celebrar acordo após o


trânsito em julgado, não é possível reduzir o valor da condenação, por se tratar de
medida prejudicial ao empregador.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

Comentário Genérico sobre a questão: Trouxe essa questão para tirar da abstração a OJ nº
376 do TST, que é recorrente em provas de procuradoria e não é tão simples de compreender sem
auxílio de um professor, mesmo porque obras direcionadas a concurso frequentemente não se
aprofundam nessa OJ. 376. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO
EM JUÍZO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR homologado. (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É
devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o
trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre
as parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisão condenatória e as
parcelas objeto do acordo. Em primeiro lugar, vamos explicar o contexto em que a OJ está
inserida. O art. 832, §3º da CLT nos diz que a sentença trabalhista vai especificar a natureza
jurídica das parcelas a que a parte foi condenada. Isso quer dizer que o juiz precisa definir
o que é parcela de caráter salarial e o que é parcela de caráter indenizatório. E por que
razão o juiz tem de fazer isso? Porque sabemos que o art. 114, VIII da CRFB prevê que a
justiça do trabalho tem competência para executar, de ofício, as contribuições previdenciárias
do empregado e do empregador, conforme art. 876, parágrafo único da CLT: “Art. 876 - As
decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo;
os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o

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Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões


de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. (Redação
dada pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará,
de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do
caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto
da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)” O fato é que as contribuições previdenciárias
apenas incidirão sobre parcelas salariais, e não sobre parcelas indenizatórias. Justamente
por isso, a sentença já discrimina a natureza das verbas, para definir a base de cálculo para
execução das contribuições previdenciárias devidas. Cabe destacar que isso se aplica tanto às
sentenças condenatórias como às sentenças homologatórias de acordo, haverá discriminação
da natureza das parcelas mesmo quando houver celebração de acordo, conforme dispõe o art.
832, §6º: O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos
cálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da União.” Essa OJ, portanto,
vem para disciplinar a natureza jurídica das parcelas quando se estiver diante de acordo
celebrado entre as partes. Isso nos leva a duas situações diversas. A primeira, ocorre quando
as partes celebram acordo antes do trânsito em julgado da decisão. Nesse caso, as partes
discriminarão livremente a natureza das parcelas, cabendo à União se insurgir contra essa
discriminação mediante interposição de recurso, conforme explicaremos em breve. Agora,
caso as partes celebrem acordo após o trânsito em julgado da decisão, as partes serão
obrigadas a seguir a proporcionalidade de natureza das verbas indicadas na sentença, ou
seja, as partes não são mais livres para discriminar a natureza jurídica das parcelas. Cabe
ressaltar, por fim, que a indicação da natureza jurídica das parcelas é obrigatória, aliás, se
as partes não discriminarem a natureza jurídica das parcelas, tanto no caso de falta de
indicação da natureza na sentença como no caso de celebração de acordo, o art. 43,
§1º da Lei 8.212/91 determina que a execução recairá sobre a totalidade do acordo ou
da condenação judicial. § 1º Nas sentenças judiciais ou nos acordos homologados em que
não figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas às contribuições sociais, estas
incidirão sobre o valor total apurado em liquidação de sentença ou sobre o valor do acordo
homologado.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

Esse é, também, o entendimento constante da OJ 368 da SDI1 do TST: DESCONTOS


PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO
EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO.
INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL. (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008) É
devida a incidência das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo

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homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde


que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária,
conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, I, “a”, da
CF/1988. Portanto, é melhor as partes indicarem no acordo e, se o juiz se omitir na sentença, é
melhor opor embargos de declaração, porque, caso contrário, a União utilizará a totalidade das
verbas como base de cálculo, ou seja, presumir-se-á que 100% das verbas se revestem de
natureza salarial. Com a leitura desses comentários, a questão fica simples, então, passemos
aos breves comentários sobre as assertivas.

A) INCORRETA: Conforme acabamos de ver na OJ 376 da SDI-1, as partes podem sim indicar
a natureza das verbas em desacordo com a proporcionalidade estabelecida na sentença,
desde que o acordo seja entabulado antes do trânsito em julgado.

B) INCORRETA: Essa é um completo absurdo. O processo do trabalho é regido pelo princípio


da conciliabilidade, a conciliação é um verdadeiro ideal a ser perseguido pelo juiz. Justamente
por isso, admite-se a celebração de acordo a qualquer tempo na seara trabalhista.

C) INCORRETA: Há irregularidade porque as partes não podem indicar a natureza das verbas
em desacordo com a proporcionalidade estabelecida na sentença quando o acordo é celebrado
após o trânsito em julgado.

D) CORRETA: Assertiva irretocável, em total consonância com a OJ 376.

E) INCORRETA: Assertiva inventada para te confundir, essa restrição não existe. O acordo
pode reduzir o valor da condenação, aliás, isso é muito comum na prática, sobretudo em
demandas coletivas. O empregador oferece um acordo para pagar mais rápido desde que o
empregado aceite um deságio sobre o valor total.

GABARITO: D

75. No tocante à compensação de jornada, julgue as assertivas abaixo:


I – A compensação de jornada na modalidade banco de horas exige negociação
coletiva.

II – Atualmente, é permitida a compensação de jornada por acordo individual,


desde que seja adotada a forma escrita.

III – A compensação de jornada na modalidade 12x36, em regra, é permitida por

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acordo individual.

IV – É possível que o empregado deixe de fruir o intervalo para alimentação no


regime de compensação 12x36, desde que seja indenizado.

V - A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação


de jornada e o banco de horas.

A) Somente as assertivas I e V estão corretas.

B) Somente as assertivas I,II, III e IV estão corretas.

C) Somente as assertivas III, IV e V estão corretas

D) Somente a assertiva IV está correta.

E) Todas as assertivas estão incorretas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Normas gerais de tutela do trabalho. Identificação profissional.


Duração do trabalho. Salário mínimo. Férias. Segurança e medicina do trabalho.

Assertiva I) INCORRETA: O TST sempre exigiu que a compensação de jornada na modalidade


banco de horas ocorresse por negociação coletiva. Isso porque o banco de horas é uma
modalidade praticamente aleatória de compensação, o empregado não sabe quando fruirá da
compensação, trata-se de um regime prejudicial ao empregador. Por isso, a Súmula 85,V do
TST exigia a negociação coletiva: “V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao
regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por
negociação coletiva.” Porém, a Reforma trabalhista revogou essa súmula, conforme disposto
no art. 59, §5º da CLT: O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado por
acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (VigênciA) Peço que vocês tenham máxima atenção ao
final do dispositivo legal. O art. 59, §5º admite que o banco de hora seja pactuado por acordo
individual, mas há duas coisas a destacar: (i) NÃO cabe acordo tácito, o acordo individual,
nesse caso, será por escrito. (ii) Somente é possível a instituição por acordo individual escrito
caso a compensação ocorra no período máximo de 6 meses. Seria capaz de apostar que
isso vai cair em prova com o prazo de 1 ano tentando te confundir, seja na PGE/SP ou em outro

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concurso. Não esqueça esses dois detalhes!

Assertiva II) INCORRETA: A compensação por acordo individual é expressamente autorizada


pela Reforma, tanto sob a forma escrita como sob a forma tácita. Em ambos os casos,
o único requisito que a lei exige é que a compensação ocorra no mesmo mês em que
celebrado o acordo. Confira o art. 59, §6º da CLT. § 6º É lícito o regime de compensação de
jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo
mês. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (VigênciA)

Assertiva III) INCORRETA: A Reforma Trabalhista inseriu um dispositivo só para tratar do


regime de compensação 12x36 (onde o empregado trabalha 12 horas e descansa 36). O
tema é tratado no art. 59-A da CLT: “Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas,
é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,
estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de
descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)” Portanto, atualmente, em regra, não é possível
instituir regime de compensação de jornada 12x36 por acordo individual, é indispensável
a negociação coletiva. Acho que isso tem enorme potencial para ser cobrado em prova,
simplesmente porque a redação originária da reforma trabalhista autorizava a instituição da
compensação no regime 12x36 por acordo individual escrito, porém, a MP 808/2017 retirou
essa possibilidade. Observe que, no enunciado, eu utilizei a expressão “em regra”. Não fiz
isso a toa! É que existe uma hipótese em que permanece viável a instituição da compensação
no regime 12x36 mediante acordo individual escrito (art. 59-A, §2º da CLT): § 2º É facultado às
entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito,
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas
por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para
repouso e alimentação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) Portanto, se
o empregador atuar na área da saúde, o ajuste pode ocorrer por acordo individual escrito.
Possivelmente o legislador abriu essa exceção porque o trabalho em escala de plantões já
é extremamente comum na área da saúde, razão pela qual não haveria sentido em dificultar
esse regime de compensação para tais profissionais.

Assertiva IV) CORRETA: Essa eu coloquei porque considero um atentado ao senso comum
e à razoabilidade, se ninguém explicitar isso, vocês podem errar em prova. O intervalo para
alimentação é norma inerente à saúde do trabalhador e, como tal, jamais deveria ser suprimido
mediante indenização. Porém, a Reforma trabalhista permite que o intervalo seja apenas
indenizado, e não observado. É ler e conferir (“observados ou indenizados”): “Art. 59-A. Em

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exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas
por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos
para repouso e alimentação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)”

Assertiva V) INCORRETA: Aqui temos mais um entendimento consagrado do TST revogado


pela Reforma Trabalhista. O item IV da Súmula 85 do TST previa expressamente que a prestação
habitual de horas extras descaracterizava o regime de compensação: IV. A prestação de horas
extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas
que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias
e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por
trabalho extraordinário.

Porém, a Reforma Trabalhista inseriu o art. 59-B,§2º na CLT, com o evidente objetivo de
cancelar esse entendimento. “Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não
descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.”

GABARITO: D

76. Assinale a alternativa que julga de forma correta as assertivas acerca da proteção
ao trabalho da mulher.
I - Em caso de prestação de horas extras pela mulher, deve ser concedido descanso
de no mínimo 15 (quinzE) minutos antes do início do período extraordinário de
trabalho.

II - A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer


atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local
salubre, excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade.

III - A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer


atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local
salubre, incluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade, que será
objeto de compensação pela Previdência Social por ocasião do recolhimento das
contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que preste serviço ao empregador.

IV - O exercício de atividades e operações insalubres em grau médio ou mínimo,

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pela gestante, somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar


atestado de saúde, emitido por médico de sua confiança, do sistema privado ou
público de saúde, que autorize a sua permanência no exercício de suas atividades.

V - A empregada lactante será afastada de atividades e operações consideradas


insalubres em qualquer grau quando apresentar atestado de saúde emitido por
médico de sua confiança, do sistema privado ou público de saúde, que recomende
o afastamento durante a lactação.

A) V,F,V,V,F

B) V,V,F,F,V

C) F,V,F,F,V

D) V,F,V,V,V

E) F,V,F,V,V

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Normas especiais de tutela do trabalho. Professores. Proteção


do trabalho da mulher. Trabalho noturno. Períodos de descanso. Métodos e locais
de trabalho. Proteção à maternidade. Proteção do trabalho do menor. Duração do
trabalho.

A) Falso: O art. 384 da CLT trazia exatamente essa redação que, aliás, sempre foi figurinha
carimbada em prova, caía demais. Ocorre que esse dispositivo foi revogado pela Reforma
Trabalhista. Justamente por se tratar de dispositivo que sempre foi explorado em prova, é
possível que o examinador tente explorar o ponto. Esse intervalo de 15 minutos quando a
mulher prestar horas extras NÃO EXISTE MAIS.

B) Verdadeiro: É a redação do atual art. 394-A da CLT. Esse dispositivo é muito relevante
porque a MP 808 modificou completamente a sistemática nele prevista. Antes da MP, o art.
394-A proibia de forma absoluta o exercício de atividades insalubres pela gestante apenas
no grau máximo de insalubridade. Quando o grau de insalubridade fosse médio ou mínimo,
a gestante teria de apresentar atestado de saúde recomendando o afastamento, ou seja, a
empregada precisaria apresentar um atestado demonstrando que ela não podia trabalhar no

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ambiente com insalubridade média ou mínima, a presunção é de que ela poderia, portanto,
trabalhar em local insalubre. Em compensação, na redação originária da reforma, mesmo que
estivesse afastada, a gestante continuava percebendo adicional de insalubridade. Após a MP
808, a questão restou melhor equacionada. Em primeiro lugar, o novel art. 394-A estabelece
uma presunção de que a empregada gestante não pode trabalhar em local insalubre, o que é
correto! Em segundo lugar, como a empregada será afastada, o dispositivo afasta, também,
a percepção do adicional por insalubridade enquanto ela estiver afastada. É ler e conferir:
Art. 394-A. A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer
atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local salubre,
excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 808, de 2017) Porém, essa presunção não é absoluta em relação aos graus
médio e mínimo de insalubridade. Nesses casos, a empregada até pode trabalhar, mas ela
terá de apresentar atestado demonstrando que pode trabalhar em local insalubre, ou seja,
o afastamento agora é regra, e o trabalho apenas será realizado em local insalubre se
houver atestado médico autorizando. (Art. 394-A,§2º da CLT): § 2º O exercício de atividades
e operações insalubres em grau médio ou mínimo, pela gestante, somente será permitido
quando ela, voluntariamente, apresentar atestado de saúde, emitido por médico de sua
confiança, do sistema privado ou público de saúde, que autorize a sua permanência no
exercício de suas atividades. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) Repare
que o dispositivo não inclui a insalubridade em grau máximo, essa não pode ser exercida pela
mulher gestante de forma alguma!

C) Falso: Conforme expusemos nos comentários acima, essa era a sistemática anterior
à Reforma. Havia presunção de que a empregada gestante poderia trabalhar em local de
insalubridade média ou mínima, salvo se houvesse atestado médico de saúde em sentido
contrário. Porém, o dispositivo previa que, mesmo em caso de afastamento, a mulher continuaria
a perceber o adicional, que seria pago pelo empregador e posteriormente compensado pela
Previdência. Tudo isso caiu, hoje, a presunção se inverteu e não há mais percepção de
adicional, o que é melhor em todos os sentidos. É melhor para a saúde da mulher, técnico em
relação à natureza do adicional (verba que somente pode ser paga se o empregado estiver de
fato submetido a agente insalubrE) e desonera a previdência, o que representa uma tendência
política atual.

D) Verdadeiro: Redação do art. 394-A, §2º, já comentado nas duas assertivas supra.

E) Verdadeiro: É a redação do art. 394-a, §3º da CLT: A empregada lactante será afastada de
atividades e operações consideradas insalubres em qualquer grau quando apresentar atestado

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de saúde emitido por médico de sua confiança, do sistema privado ou público de saúde, que
recomende o afastamento durante a lactação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808,
de 2017) Perceba que o tratamento dado à lactante é diverso conferido à gestante. Em relação
à gestante, repise-se, há uma presunção de que ela não pode trabalhar em local insalubre.
Para a lactante, ao revés, a presunção é de que ela PODE trabalhar em local insalubre, porém,
caso apresente atestado médico recomendando o afastamento durante a lactação, ficará
afastada. Veja que são muitos detalhes, a MP 808 modificou demais esse ponto, o que torna
a questão forte para provas.

GABARITO: E

77. Assinale a alternativa correta acerca da competência dos órgãos que compõem a
justiça do trabalho no tocante à uniformização da jurisprudência trabalhista:
A) A elaboração de súmulas e orientações jurisprudenciais é competência exclusiva
do pleno do Tribunal Superior do Trabalho, e é condicionada ao voto de pelo menos
dois terços de seus membros, exigindo-se, ainda, que a mesma matéria já tenha
sido decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois terços das
turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas.

B) As súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal


Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho poderão criar
obrigações que não estejam previstas em lei, porque a jurisprudência também
constitui fonte material do direito do trabalho.

C) Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à


uniformização de sua jurisprudência e aplicarão, nas causas da competência da
Justiça do Trabalho, no que couber, o incidente de uniformização de jurisprudência
previsto no CPC.

D) A uniformização de jurisprudência é tarefa dividida entre diversos órgãos no


âmbito do TST, cabendo ao pleno a edição de súmulas e às Seções de Dissídios
Individuais e Coletivos a edição de orientação jurisprudenciais acerca dos temas
abrangidos em sua esfera de competência.

E) As súmulas e orientações jurisprudenciais são editadas em sessões ordinárias


de julgamento, com a peculiaridade de se propiciar às partes a oportunidade de

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apresentarem razões escritas previamente à realização da sessão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos. 15. Súmulas e
orientações jurisprudenciais.

COMENTÁRIO GENÉRICO SOBRE A QUESTÃO: Sabemos que a atuação dos Tribunais


Trabalhistas é pautada por intenso ativismo judicial, e havia inclusive incentivo para que
isso ocorresse, tendo em vista que a CLT foi elaborada no distante ano de 1943, restando,
portanto, consideravelmente defasada em relação a uma miríade de aspectos. Ocorre que, ao
exercer tal ativismo, a justiça do trabalho fez valer seu viés protetivo, estabelecendo diversas
súmulas e orientações jurisprudenciais extremamente efetivas para a proteção do trabalhador,
integrando a CLT para o efeito de torná-la um diploma favorável ao empregado em detrimento
do empregador. Pois bem, a Reforma trabalhista tem um claro espectro de tolher a atuação
dos Tribunais Trabalhistas, com vistas à diminuição do ativismo judicial. A questão que vamos
fazer agora tem por objetivo trabalhar esse ponto.

A) CORRETA: É o gabarito, conforme previsão do art. 702, I, f da CLT. Esse único dispositivo,
perdido no meio da CLT, contém muitas informações relevantes. Art. 702 - Ao Tribunal Pleno
compete: I - em única instância: (...) f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados
de jurisprudência uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso
a mesma matéria já tenha sido decidida de forma idêntica por unanimidade em, no mínimo,
dois terços das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma delas, podendo,
ainda, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração
ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial; (Redação
dada pela Lei nº 13.467, de 2017). O primeiro ponto extremamente importante reside na
interpretação da expressão “única instância”. Dizer que compete ao órgão determinada matéria
em “única instância” quer significar que essa matéria é de competência exclusiva daquele
órgão, ninguém mais terá competência. Pois bem, o art. 702, I, f aduz que compete ao pleno
do TST, em única instância, estabelecer ou alterar enunciados de jurisprudência uniforme.
Isso quer dizer que as Seções de Dissídios Individuais e coletivos (SDI e SDC) não tem
mais competência para editar orientações jurisprudenciais (OJ). É isso mesmo! Após a
reforma trabalhista, tanto as Súmulas como as OJ’s somente poderão ser editadas pelo
pleno do TST. A outra informação relevante refere-se ao fato de que, como adiantamos na

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introdução da questão, a Reforma pretendeu criar dificuldades para a edição das súmulas e
OJ’s. Portanto, agora, o TST somente pode editar Súmula ou OJ mediante: 1 – Voto de 2/3 de
seus membros; 2 – Matéria objeto da súmula ou OJ já tenha sido decidida de forma idêntica
em, no mínimo, 2/3 das turmas do TST; 3 – A matéria tem de ser decidida de forma idêntica
em no mínimo 10 sessões diferentes em cada uma das turmas do TST. Para você decorar
isso tudo, sugiro que decore o quórum de 2/3, que é a única fração citada no artigo, ou seja,
qualquer quórum nesse tema é de 2/3. Em relação ao número de sessões, sugiro que grave
que a lei exige 10 sessões em cada turma do TST. Não se trata de um número global, mas
sim individual.

B) INCORRETA: Aqui vamos trabalhar o outro dispositivo acrescido pela Reforma que tem
por objetivo reduzir o ativismo judicial, qual seja, o art. 8º, §2º da CLT, o qual dispõe que:
“As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e
outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (...) § 2º Súmulas e
outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos
Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar
obrigações que não estejam previstas em lei.” (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (VigênciA)
O dispositivo não poderia ser mais claro no afã de reduzir a eficácia das súmulas e OJ ao dizer
que tais verbetes “não poderão criar obrigações que não estejam previstas em lei”. Isso é uma
evidente tentativa de retirar da jurisprudência parte de seu papel de fonte material do direito do
trabalho. Acredito que, na prática, esse dispositivo não vá “pegar”, acho que ele será ignorado.
Porém, quero te dar uma dica importante. Esse dispositivo, ao menos em abstrato, teria o
poder de ilidir diversas súmulas do TST. A própria súmula 331, que trata da terceirização, é
puro ativismo judicial, na sua redação originária, a súmula inclusive contrariava texto expresso
de lei. O que quero dizer com isso? Quero dizer que, em qualquer peça/questão discursiva
de direito do trabalho para provas de procuradoria (onde você provavelmente representará
o reclamado), é enorme a possibilidade de o dispositivo supracitado constar do espelho de
correção da banca. Questões de direito do trabalho sempre envolvem súmulas e OJ’s, e o art.
8º, §2º da CLT é idôneo a, ao menos em tese, repita-se, repelir a incidência de tais verbetes
se não houver previsão legal sobre a matéria. Portanto, faça o possível e o impossível para
citar esse dispositivo em suas respostas discursivas caso você precise repelir uma pretensão
fundada em súmula/OJ.

C) INCORRETA: Esse dispositivo trata, basicamente, do Incidente de Uniformização de

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Jurisprudência, inserido nos §§ 3º,4º e 6º do art. 896 da CLT. Tais dispositivos aduziam que
o TRT teria de uniformizar sua jurisprudência antes de a matéria ser submetida ao TST
para julgamento do recurso de revista. Inclusive, caso o TST se deparasse com divergência
jurisprudencial entre turmas de TRT’s, poderia determinar, de ofício, o retorno do processo ao
TRT para que este uniformizasse sua jurisprudência. Pois bem, não vou transcrever esses
dispositivos porque eles restaram revogados pela Reforma Trabalhista, não existe mais
o incidente de uniformização de jurisprudência dos TRT’s, na seara trabalhista e qualquer
assertiva nesse sentido estará incorreta.

D) INCORRETA: Conforme comentários à assertiva A, agora é competência exclusiva do


Pleno do TST editar Súmulas e Orientações Jurisprudenciais.

E) INCORRETA: Inventei essa assertiva para mostrar a vocês que a Reforma Trabalhista,
além dos requisitos já citados para edição de súmulas e OJ’s, trouxe exigências relativas
à sessão em que tais verbetes serão discutidos. § 3º As sessões de julgamento sobre
estabelecimento ou alteração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência deverão ser
públicas, divulgadas com, no mínimo, trinta dias de antecedência, e deverão possibilitar a
sustentação oral pelo Procurador-Geral do Trabalho, pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil, pelo Advogado-Geral da União e por confederações sindicais
ou entidades de classe de âmbito nacional. (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4º O estabelecimento ou a alteração de súmulas e outros enunciados de jurisprudência
pelos Tribunais Regionais do Trabalho deverão observar o disposto na alínea f do inciso I
e no § 3º deste artigo, com rol equivalente de legitimados para sustentação oral, observada
a abrangência de sua circunscrição judiciária. (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Aqui, sugiro que gravem o que está em negrito, ou seja, publicidade, prazo para divulgação e
autoridades que devem ter a possibilidade de efetivar sustentação oral.

GABARITO: A

78. Assinale a alternativa correta acerca da gratuidade de justiça na seara trabalhista:


A) Segundo a jurisprudência recente do TST, o fato de o reclamante ter recebido
quantia vultosa decorrente de verbas rescisórias e de indenização oriunda de
adesão a plano de demissão voluntária afasta a presunção de veracidade da
declaração de pobreza por ele firmada.

B) A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à

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pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela


parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015).

C) É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho


de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da
lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família.

D) Os conselhos profissionais gozam de isenção de custas na justiça do trabalho,


por disposição expressa da CLT.

E) O pagamento de custas processuais condiciona o ajuizamento de nova


reclamação na hipótese de a reclamação anterior ter sido arquivada por ausência
injustificada do reclamante, ainda que beneficiário da gratuidade de justiça.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos. 14. A Fazenda Pú-
blica perante a Justiça do Trabalho. 15. Súmulas e orientações jurisprudenciais.

A) INCORRETA: O tema gratuidade de justiça também foi profundamente alterado pela


Reforma. Seguindo nosso compromisso de cobrir os pontos alterados abarcados pelo edital,
vamos resolver uma questão sobre o tema. Os informativos do TST contam com incidência
cada vez maior em provas de concurso e, aproveitando que utilizaremos uma questão para
tratar de gratuidade, gostaria de trazer à baila julgado curioso, noticiado no informativo 151
do TST, nos termos do qual o empregador réu impugnou a gratuidade de justiça concedida
aduzindo que o empregado tinha recebido mais de UM MILHÃO DE REAIS a título de verbas
rescisórias e adesão a PDV, razão pela qual a presunção relativa de veracidade da declaração
de hipossuficiência firmada teria sido afastada. O TST não acatou a argumentação, aduzindo
que tal fato não se revela suficiente, por si só, para elidir a presunção relativa de veracidade
da declaração. (INFO 151 – DEZ 2016/FEV 2017) Justiça gratuita. Declaração de pobreza.
Presunção relativa de veracidade não elidida pelo fato de o reclamante ter recebido verbas

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rescisórias e de indenização em decorrência de adesão a plano de demissão voluntária. O fato


de o reclamante ter recebido quantia vultosa (R$ 1.358.507,65) decorrente de verbas rescisórias
e de indenização oriunda de adesão a plano de demissão voluntária não é suficiente para elidir
a presunção de veracidade da declaração de pobreza por ele firmada. Sob esse fundamento,
a SBDI-I, maioria, conheceu dos embargos por contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº
304 da SBDI-I, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a sentença que deferira os
benefícios da justiça gratuita. Vencidos os Ministros João Oreste Dalazen, Renato de Lacerda
Paiva e Alexandre Agra Belmonte. TST-ERR-11237-87.2014.5.18.0010, SBDI-I, rel. Min. Hugo
Carlos Scheuermann, 2.2.2017. Portanto, se esse caso concreto cair em prova, você já sabe
o que responder!

B) INCORRETA: Essa é a redação da súmula 463, I do TST, a qual prevê que, para pessoa física,
a mera declaração de hipossuficiência é suficiente para concessão da gratuidade, ao passo
que para pessoa jurídica, se revelaria necessário efetivamente comprovar a impossibilidade de
arcar com as custas. É ler e conferir: SÚMULA 463. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, com alterações
decorrentes do CPC de 2015). I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência
judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada
pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos
para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera
declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as
despesas do processo. Porém, a Reforma Trabalhista passou a exigir a efetiva comprovação
também para pessoas físicas, razão pela qual a súmula provavelmente será alterada: “Art.
790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do
Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que
serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (...) § 4º O benefício da justiça gratuita
será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas
do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

C) INCORRETA: Essa assertiva traz justamente a redação que trazia os requisitos para
concessão da gratuidade de justiça antes da Reforma. Note que, segundo, o dispositivo,
bastaria a declaração para que a gratuidade fosse concedida (“ou declararem, sob as penas
da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família”). Porém, atualmente,os requisitos para concessão da gratuidade
constam do art. 790, §§3º e 4º, abaixo transcritos: “Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos
Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das
custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior

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do Trabalho. (...) § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do
trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual
ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social.(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 4º O benefício da justiça
gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das
custas do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)” Os requisitos passaram a ser: (i)
Reclamantes que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou, alternativamente, (ii)
Reclamantes que efetivamente logrem êxito em comprovar a insuficiência de recursos para
o pagamento das custas processuais. Como se vê, a mera declaração não basta.

D) INCORRETA: O art. 790-A, parágrafo único, resolve a questão: “São isentos do pagamento
de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações
públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; (Incluído
pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) II – o Ministério Público do Trabalho. (Incluído pela Lei
nº 10.537, de 27.8.2002) Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança
as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas
referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela
parte vencedora. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)”. Além de consagrar que os
Conselhos Profissionais não estão isentos, o parágrafo único é explícito ao aduzir que as
pessoas jurídicas de direito público beneficiárias da isenção terão de reembolsar custas
eventualmente pagas por partes não beneficiárias em caso de sucumbência. A isenção não se
aplica, portanto, em tal hipótese. Cabe destacar, por fim, que a massa falida também é isenta
de custas no processo do trabalho: Súmula nº 86 do TST. DESERÇÃO. MASSA FALIDA.
EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº
31 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005”. Não ocorre deserção de recurso da
massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse
privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. (primeira parte - ex-
Súmula nº 86 - RA 69/78, DJ 26.09.1978; segunda parte - ex-OJ nº 31 da SBDI-1 - inserida em
14.03.1994).

E) CORRETA: Assertiva correta. O art. 844 da CLT, transcrito abaixo, nos diz que a ausência
do reclamante à audiência inaugural ocasionará o arquivamento da reclamação: Art. 844 - O
não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o
não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de

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fato. De acordo com a redação originária da CLT, a ação era arquivada e o reclamante podia
simplesmente ajuizar outra. Porém, a Reforma trabalhista trouxe uma inovação relevante no
tocante à propositura de nova demanda. Essa inovação decorre dos §§ 2º e 3º do art. 844: “§
2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas
calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça
gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo
legalmente justificável. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3º O pagamento das custas a
que se refere o § 2º é condição para a propositura de nova demanda. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)” Antes da Reforma a ausência injustificada do reclamante não trazia nenhuma
consequência concreta para sua pretensão. Isso porque a reclamação era arquivada, mas a
prescrição era (e permanece sendo, porque isso não mudou com a reformA) interrompida,
na forma da súmula nº 268 do TST, de modo que bastava ao reclamante ajuizar novamente a
reclamação. Súmula nº 268 do TST - PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA
ARQUIVADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - A ação trabalhista,
ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
Agora, a Reforma trabalhista mudou esse quadro, porque se o reclamante faltar à audiência,
terá um prazo de 15 dias para comprovar que faltou por justo motivo. Caso não consiga
comprovar, a ausência será reputada injustificada e, mesmo que seja beneficiário da Justiça
gratuita, o sujeito será condenado ao pagamento das custas. O grande problema está no § 3º,
simplesmente porque o não pagamento das custas referentes à reclamação arquivada por
conta da ausência injustificada impedirá o ajuizamento de nova reclamação!! Portanto,
agora, o reclamante que falta injustificadamente à audiência pode até ajuizar nova reclamação,
mas precisa pagar as custas referentes à reclamação objeto de arquivamento.

GABARITO: E

79. Jefferson, empregado público que conta com 55 anos de idade, pretende fruir
férias em 3 períodos de 10 dias cada um, sendo que o último período de férias se inicia
3 dias antes de um Feriado Nacional. Caso o gestor submetesse à consultoria jurídica
a possibilidade de concessão de férias em tais moldes, é correto afirmar que:
A) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, tendo em vista que a CLT
somente admite fracionamento de férias em até dois períodos.

B) Não há óbice na legislação trabalhista à concessão de férias na forma requerida


pelo empregado.

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C) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, tendo em vista que a
CLT veda que empregados que contem com mais de 50 anos fracionem período de
férias.

D) Não é possível conceder férias no caso concreto, pois a CLT não admite o
fracionamento em três períodos de 10 dias, conforme requerido pelo empregado.

E) Não é possível conceder férias nos moldes pleiteados, pois a CLT veda o início
de qualquer período de férias no período de até 3 dias que antecedam feriado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-


ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

A) INCORRETA: A CLT efetuou diversas mudanças pontuais em relação às férias que vamos
abordar na presente questão. Em primeiro lugar, de fato, a antiga redação do art. 134, §1º da
CLT apenas admitia o fracionamento de férias em casos excepcionais e, mesmo assim, apenas
em dois períodos. Ocorre que a Reforma Trabalhista modificou inteiramente essa redação, para
o efeito de permitir o fracionamento em até três períodos, desde que haja concordância do
empregado. “Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período,
nos 12 (dozE) meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito.
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977) § 1º Desde que haja concordância do
empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não
poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias
corridos, cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”

B) INCORRETA: Assertiva incorreta, pois há óbice, o qual será explorado nos comentários das
demais assertivas a seguir.

C) INCORRETA: O art. 134, §2º da CLT vedava fracionamento de férias para empregados
menores de 18 anos e maiores de 50 anos. Porém, esse dispositivo foi revogado pela Reforma
Trabalhista.

D) CORRETA: De fato, embora o novel art. 134,§1º permita o fracionamento de férias em 3


períodos, exige que um dos períodos tenha, no mínimo, 14 dias corridos, e os outros tenham,

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no mínimo, 5 dias corridos. Portanto, a divisão 10/10/10 não é possível, porque nenhum
período alcançaria 14 dias. O empregado poderia, por exemplo, fracionar as férias em 20/5/5,
sem violar o art. 134,§1º da CLT.

E) INCORRETA: A reforma acrescentou o §3º ao art. 134 da CLT, para o efeito de impedir
o início das férias até 2 dias antes de feriado ou repouso semanal remunerado. § 3º É
vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso
semanal remunerado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

GABARITO: D

80. Assinale a alternativa correta acerca da ação rescisória no processo do trabalho:


A) Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 968,II do CPC,
que prevê o depósito de 5% do valor da causa como pressuposto específico de
admissibilidade da ação rescisória.

B) É cabível ação rescisória, por violação do art. 896, “a”, da CLT, contra decisão
transitada em julgado sob a égide do CPC de 1973 que não conhece de recurso de
revista, com base em divergência jurisprudencial.

C) É incabível ação rescisória com base em literal violação de lei se a decisão


rescindenda estiver baseada em texto legal infraconstitucional de interpretação
controvertida nos Tribunais, considerando-se como marco apto a descaracterizar
o caráter controvertido da interpretação o trânsito em julgado da decisão do pleno
do TST acerca do tema.

D) O prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória não é prorrogável


quando expirar em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que
não houver expediente forense, por se tratar de prazo de direito material, e não de
prazo processual.

E) Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal


previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas
todas as vias recursais ordinárias.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.


Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos. 15. Súmulas e
orientações jurisprudenciais. (OBS: A ação rescisória está prevista no art. 836 da
CLT, abarcada, portanto, pelo item 13 do edital. Ademais, há muitas súmulas sobre
ação rescisória, razão pela qual o tema pode ser cobrado, também, com base no
item 15 do edital)

A) INCORRETA: Ação rescisória é um tema objeto de muitas súmulas do TST, algumas


difíceis de compreender apenas pela leitura. Portanto, trouxemos uma questão sobre o tema
na rodada de hoje, e ainda trataremos desse tema durante o curso. A primeira assertiva traz
uma informação simples que sempre cai em provas, porque alguns alunos não conhecem.
O único artigo da CLT versando diretamente sobre ação rescisória é o art. 836: “É vedado
aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos
expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do
disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa,
salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. (Redação dada pela Lei nº 11.495, de 2007)
Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios
autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva
certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)” Repare
que o próprio dispositivo já faz menção à disciplina do CPC (de 1973, mas, evidentemente,
hoje se aplica o CPC de 2015), destacando como única peculiaridade o depósito prévio de
20% do valor da causa. Esse percentual cai demais em prova, é uma informação simples e que
despenca em prova: o depósito da ação rescisória no processo civil é de 5% (art. 968,II do CPC),
e no processo do trabalho é de 20%, os percentuais são diversos. Essa questão suscitou
alguma discussão após o advento do novo CPC. Isso porque o TST editou uma instrução
normativa (IN 39/2016 – Leitura obrigatória, rodada que vem faremos uma questão só sobre
elA) com o exclusivo fim de disciplinar a aplicação subsidiária do CPC/2015 ao processo do
trabalho. O art. 3º, XXXVI aponta expressamente a aplicabilidade do CPC em relação à ação
rescisória no processo do trabalho: “Art. 3º Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao processo do
trabalho, em face da omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que
regulam os seguintes temas: (...) XXXVI – arts. 966 a 975 (ação rescisóriA);” Como a IN não
excepcionou expressamente o depósito previsto no art. 836 da CLT, alguns litigantes levaram
essa questão novamente ao TST, que decidiu, no informativo 160, que, de fato, o depósito de
5% não se aplica ao processo do trabalho, por haver norma expressa específica na CLT em

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sentido contrário. “(INFO 160 - Junho de 2017) Ação rescisória. Depósito prévio de 5% sobre
o valor da causa previsto no CPC de 1973. Não incidência na Justiça do Trabalho. Prevalência
do disposto no art. 836 da CLT. O depósito prévio de 5% sobre o valor da causa, previsto no
CPC de 1973, não se aplica à ação rescisória proposta na Justiça do Trabalho. Nos termos
do art. 836 da CLT, norma específica do processo do trabalho, a ação rescisória sujeita-se
ao depósito prévio no percentual de 20%. Ressalte-se que esse entendimento permanece
inalterado mesmo após o advento da Lei nº 13.105/2015, visto que a incidência das normas
do CPC permanece restrita às hipóteses em que houver omissão e compatibilidade com o
processo do trabalho (art. 769 da CLT e art. 15 do CPC de 2015). Da mesma forma, a aplicação
das normas procedimentais previstas nos arts. 966 a 975 do CPC de 2015, autorizada pela
IN nº 39/2016 do TST, não acarreta o afastamento das regras específicas do processo do
trabalho. Não obstante esses fundamentos, no caso concreto, a SBDI-II, por unanimidade,
dispensou o autor do recolhimento do depósito prévio de 20% sobre o valor da causa por ser
beneficiário da justiça gratuita. TST-AR-22152-61.2016.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas
Alencar Rodrigues, 6.6.2017”.

B) INCORRETA: Essa questão contraria a Súmula 413 do TST, que foi objeto de informativo
do TST em 2016: SÚMULA Nº 413 DO TST. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA DE MÉRITO.
VIOLAÇÃO DO ART. 896, “A”, DA CLT (nova redação em decorrência do CPC de 2015) É
incabível ação rescisória, por violação do art. 896, “a”, da CLT, contra decisão transitada em
julgado sob a égide do CPC de 1973 que não conhece de recurso de revista, com base em
divergência jurisprudencial, pois não se cuidava de sentença de mérito (art. 485 do CPC de
1973). (ex-OJ nº 47 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000) O CPC/2015 modificou sensivelmente
diversos aspectos relacionados à ação rescisória. Para nossa matéria, a informação que
precisamos destacar é de que o art. 485, caput do CPC/1973 apenas admitia ação rescisória
para desconstituir decisão de mérito transitada em julgado. É ler e conferir: “Art. 485. A sentença
de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: (...) ”. O CPC/2015, por sua vez,
ponderou essa distinção, na medida em que, no art. 966, caput, manteve a redação do art.
485 do antigo CPC, porém, em seu §2º, estabeleceu duas hipóteses em que, mesmo sem
ser de mérito, a decisão desafia ajuizamento de ação rescisória: “Art. 966. A decisão de
mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: (...) § 2º Nas hipóteses previstas
nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não
seja de mérito, impeça: I - nova propositura da demanda; ou II - admissibilidade do recurso
correspondente.” Portanto, quando a decisão que não é de mérito impedir a nova propositura
da demanda e quando inadmitir recurso, se afigurará possível o manejo de ação rescisória.
Ocorre que isso é uma inovação do CPC, então, se uma decisão transitou em julgado sob a

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vigência do CPC/1973, a ação rescisória é regida pelo CPC 1973, o que implica dizer que não
será possível, nesse caso, utilizar uma hipótese de cabimento não prevista no CPC 1973. Por
isso, o TST editou a súmula 413, aduzindo que “É incabível ação rescisória, por violação do art.
896, “a”, da CLT, contra decisão transitada em julgado sob a égide do CPC de 1973 que não
conhece de recurso de revista, com base em divergência jurisprudencial, pois não se cuidava
de sentença de mérito”. A súmula foi noticiada no informativo nº 137 do TST.

C) INCORRETA: Outra assertiva que contraria súmula do TST, em especial a nº 83: “AÇÃO
RESCISÓRIA. MATÉRIA CONTROVERTIDA (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 77
da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 I - Não procede pedido formulado na ação
rescisória por violação literal de lei se a decisão rescindenda estiver baseada em texto legal
infraconstitucional de interpretação controvertida nos Tribunais. (ex-Súmula nº 83 - alterada
pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - O marco divisor quanto a ser, ou não, controvertida,
nos Tribunais, a interpretação dos dispositivos legais citados na ação rescisória é a data
da inclusão, na Orientação Jurisprudencial do TST, da matéria discutida. (ex-OJ nº 77 da
SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)” Essa súmula reproduz o disposto na súmula 343 do STF:
Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda
se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. Essas súmulas
consagram a denominada “doutrina da tolerância da razoável interpretação da norma”
(expressão utilizada no Voto do Ministro Teori Zavascki no RE 590809/RS). Ora, se havia
controvérsia acerca da exegese do dispositivo, a interpretação adotada na decisão não pode
se considerar manifesta violação à norma, justamente porque os próprios tribunais admitiam
múltiplas interpretações a seu respeito. Até aqui, o que comentamos se aplica também ao
processo civil. A especificidade no processo do trabalho consta do item II da Súmula 83. Isso
porque o TST definiu que, quando uma matéria é controvertida nos tribunais, o marco para
que ela perca o caráter controvertido é a edição de, ao menos, orientação jurisprudencial
sobre o tema. O TST definiu, portanto, um marco que retira o caráter controvertido da
matéria, qual seja, a edição de uma orientação jurisprudencial acerca do tema.

D) INCORRETA: O prazo de 2 anos para ajuizamento da ação rescisória é decadencial. Tenha


atenção a isso porque há muitas questões objetivas em que o examinador traz uma assertiva
perfeita, de várias linhas, para te induzir a assinalar e, quando sai o gabarito, você repara que
ele trocou apenas a palavra “decadencial” por “prescricional” e te fez errar a questão. Pois bem,
sendo decadencial, trata-se de um prazo de direito material, que não se interrompe nem se
prorroga. Porém, no caso da ação rescisória, o TST e o STJ (REsp 1.112.864-MG - repetitivo)
entendem que se trata de um prazo decadencial que deve ser prorrogado, como se processual
fosse, face ao princípio da razoabilidade. Transcreva-se breve trecho do julgado do STJ, bem

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como item IX da súmula 100 do TST: “Ressalte-se que não se está a afirmar que não se trata
de prazo decadencial, pois esta é a natureza do prazo para o ajuizamento da ação rescisória,
como já acima afirmado. A solução apresentada pela jurisprudência desta Corte, que aplica
ao prazo de ajuizamento da ação rescisória a regra geral do art. 184, § 1.º, do Código de
Processo Civil, visa a atender ao princípio da razoabilidade, evitando que se subtraia da parte a
plenitude do prazo a ela legalmente concedido.” Súmula nº 100 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA.
DECADÊNCIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e
145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005. (...) IX - Prorroga-se até o primeiro
dia útil, imediatamente subsequente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação
rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em
que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. (ex-OJ nº 13 da SBDI-
2 - inserida em 20.09.2000)” Por fim, cabe consignar que o prazo para ajuizamento de ação
rescisória é de 2 anos, contados do trânsito em julgado da decisão (NÃO é do dia seguinte ao
trânsito, é preciso contar dois anos incluindo o dia do trânsito em julgado), e que o CPC/2015
positivou tudo que acabamos de explicar no art. 975,§1º, que também deve constar do espelho
em provas discursivas sobre o tema: Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos
contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. § 1º Prorroga-se até
o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar
durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.

E) CORRETA: Essa assertiva é bem simples de explicar, mas a leitura isolada da súmula pode
te obrigar a decorar sem entender plenamente o que ele diz, então vamos discorrer brevemente
sobre isso. Súmula nº 100 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas
as Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e 145 da SBDI-2) - Res.
137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 (...) X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória,
após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas
quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias. A decisão transita em julgado no exato
dia em que expira o prazo para interpor o recurso cabível em face dela. Portanto, perceba
(e isso é muito importantE) que o prazo para início da rescisória vai depender do último
recurso cabível no processo. Então, por exemplo, se uma sentença é proferida, em tese, é
necessário aguardar 8 dias para afirmar que ela transitou em julgado, porque é cabível o
Recurso Ordinário ao TRT (o 9º dia é o dia do trânsito em julgado e, portanto, o dia em que
se inicia o prazo para ajuizamento da rescisóriA). Pois bem, o que essa súmula nos diz é que
somente se afigurará possível levar em consideração o prazo para interposição do recurso
extraordinário no cálculo do prazo de 2 anos para ajuizamento da rescisória, caso a parte que
interpôs o extraordinário tenha esgotado as instâncias ordinárias. Isso porque, se as instâncias

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ordinárias não estão esgotadas, não é cabível recurso extraordinário, porque este exige o
exaurimento das instâncias (art. 102,III, caput “única ou última instância”). Não sendo cabível,
mesmo que a parte interponha esse recurso, o trânsito em julgado terá ocorrido em momento
anterior. Exemplo 1: Sentença proferida, recurso ordinário interposto e Recurso Extraordinário
interposto. Esse recurso extraordinário é incabível, porque ainda cabia o Recurso de Revista,
no prazo de oito dias. Portanto, o prazo para ajuizamento da rescisória começou a correr no
9º dia, e não no 15º. Exemplo 2: Sentença proferida, recurso ordinário interposto e Recurso
de revista interposto. Nesse caso, o recurso extraordinário é cabível, portanto, o trânsito em
julgado ocorrerá após o prazo para sua interposição, ou seja, no 16º dia após a intimação do
recorrente acerca da decisão que julgou o recurso de revista.

GABARITO: E

PROFESSOR: GUILHERME MARTINS


E-mail: profcei.guilhermepellegrini@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

81. As diversas regras que impõem restrições na seara financeira no âmbito público
podem ser classificadas como regras que controlam as despesas, as receitas, o resultado
e a dívida. Com base nessa classificação e na disciplina fiscal nacional, assinale a
alternativa correta:
A) há restrições fiscais aplicáveis de forma diferenciada para União e Estados.
O limite da dívida mobiliária não se insere nessa categoria, vez que é definido de
maneira única para União e demais entes federados;

B) inexiste restrição normativa que impeça os Estados de aumentarem suas


despesas primárias correntes, de um exercício para o outro, para além da variação
da inflação;

C) uma meta de superávit primário, fixada na lei de diretrizes orçamentárias, pode


ser entendida como uma regra que controla unicamente a despesa pública;

D) eventuais políticas de desonerações tributárias estão inseridas dentro do


planejamento macroeconômico do poder executivo, não necessitando, assim, que

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sejam acompanhadas de medidas de compensação à perda de receita;

E) as restrições na será financeira destinam-se à correção de incentivos distorcidos


e à contenção de pressões excessivas sobre o gasto público, bem como garantir
responsabilidade fiscal e sustentabilidade da dívida pública.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Normas gerais sobre direito financeiro (Lei federal nº 4.320/64).
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) (...) 2. (...) Conceito
de gestão fiscal responsável e equilíbrio orçamentário. 3. (...) Condições para re-
núncia de receitas. (...) 4. (...) Quadro atual do refinanciamento das dívidas de Esta-
dos e Municípios perante o governo federal. 5. Regime jurídico da despesa pública.

A) INCORRETA: o limite da dívida mobiliária federal deve ser estabelecido por lei de iniciativa
do Presidente da República (art. 30, II, LRF e 48, XIV, CF), a qual ainda não foi editada. O limite
global da dívida dos Estados e Municípios, por sua vez, é estabelecido por meio de Resolução
do Senado Federal (art. 52, IX, CF). Nesse sentido, foi editada a Resolução SF nº 40/2001
sobre o tema. A restrição não é aplicada, assim, de maneira uniforme para União e Estados.

B) INCORRETA: como comentamos na rodada anterior, o teto de gastos foi instituído apenas
para a esfera federal. No entanto, a questão não menciona o teto de gastos em específico.
Por ocasião da renegociação da dívida dos Estados com a União feita em 2016, foi aprovada
a Lei Complementar nº 156/2016. Seu art. 4º estabeleceu que nos dois exercícios financeiros
que se seguirem à assinatura do termo aditivo os Estados devem limitar o crescimento de suas
despesas primárias correntes à variação da inflação. Vale notar a pequena diferença entre este
regramento e o teto de gastos. O teto limita o crescimento das despesas primárias de uma
forma ampla (com algumas exceções). A limitação aplicável para os Estados é somente para
despesas correntes.

C) INCORRETA: o superávit primário é o resultado da diferença entre a arrecadação total do


ente e sua despesa primária (exclui assim a parcela referente aos juros). É, portanto, uma
regra que controla o resultado, e não apenas a despesa, dado que a meta de resultado primário
pode ser cumprida com medidas que afetem também a receita.

D) INCORRETA: a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a concessão ou ampliação


de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deve ser
acompanha de medidas de compensação por meio do aumento de receita (art. 14, II). Somente

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não se deve proceder dessa forma caso haja comprovação de que a renúncia foi considerada
na estimativa de receita da lei orçamentária e de que não afetará as metas de resultados
fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias (art. 14, I).

E) CORRETA: com efeito, esses são os principais objetivos das normas que impõem restrições
na seara fiscal.

GABARITO: E

82. Assinale a alternativa correta acerca da Instituição Fiscal Independente (IFI):


A) Trata-se de órgão da sociedade civil que visa a monitorar as contas públicas
nacionais, através da projeção da evolução de variáveis fiscais determinantes para
o equilíbrio de longo prazo do setor público;

B) A IFI integra o poder executivo, a fim de atuar de modo consultivo à elaboração


de políticas públicas;

C) A IFI foi inserida na estrutura nacional junto ao Poder Legislativo, a fim de que
possa, dentre outros, analisar a aderência do desempenho de indicadores fiscais
e orçamentários às metas definidas na legislação pertinente;

D) Cumpre à IFI opinar sobre projetos de lei que envolvam aumento de despesas
ou renúncia de receitas;

E) A divulgação de estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a


construção de cenários fiscais e orçamentários é feita pelo Banco Central, e não
pela IFI.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. (...) Controle do endividamento. (...) Modalidades de fiscalização.

A Instituição Fiscal Independente é um órgão recente no Brasil. Foi criada no final de 2016 com
o objetivo de ampliar a transparências nas contas públicas. Há variações ao redor do mundo
em relação ao poder em que instituições correlatas estão inseridas. No Brasil seguiu-se o
modelo em que a Instituição se encontra junto ao poder legislativo. A criação da IFI consta da
Resolução n. 42/2016 do Senado Federal, e suas quatro principais funções são: (i) divulgar

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suas estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de cenários fiscais e


orçamentários; (ii) analisar a aderência do desempenho de indicadores fiscais e orçamentários
às metas definidas na legislação pertinente; (iii) mensurar o impacto de eventos fiscais
relevantes, especialmente os decorrentes de decisões dos Poderes da República, incluindo os
custos das políticas monetária, creditícia e cambial; (iv) projetar a evolução de variáveis fiscais
determinantes para o equilíbrio de longo prazo do setor público. A única alternativa correta,
assim, é a de letra C.

GABARITO: C

83. Suponha que o Estado deseje construir uma ponte ligando os municípios de Santos
e Guarujá, dois polos regionais no litoral paulista que possuem tráfego intenso entre
ambas as cidades. Considerando as diferentes metodologias para a execução da obra,
pretende-se formatar a licitação de modo que o licitante vencedor otimize o projeto e
incorpore seus aperfeiçoamentos à solução pensada. Como consequência, deseja-se
também que o licitante arque com as consequências da inadequação da solução pensada
para a execução do empreendimento, internalizando o risco de um gasto superior ao
projetado. O pagamento da obra será feito pela própria administração. Assinale o modelo
que concretiza o intuito do administrador e está de acordo com o regramento vigente:
A) Licitar a obra com um projeto básico vinculante, sob o regime da Lei nº 8.666/93,
estabelecendo que modificações necessárias no projeto não serão objeto de
reequilíbrio econômico-financeiro;

B) Licitar a obra com um projeto básico indicativo, sob o regime da Lei nº 8.666/93;

C) Realizar uma contratação integrada, sob o regime da Lei nº 12.462/11, situação


que permite licitar a obra apenas com anteprojeto e que veda reequilíbrios
contratuais baseados em adequações do projeto;

D) Realizar concessão de serviço público precedida de obra pública, no regime da


Lei nº 8.987/95, considerando que a obra será feita por conta e risco do contratado;

E) Realizar uma concessão administrativa envolvendo apenas a execução da obra,


no regime da Lei nº 11.079/04, diploma que permite licitar uma obra apenas com
anteprojeto não vinculante e detalhar a matriz de riscos mais apropriada.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Peculiaridades da regulação de serviços públicos concedidos


ou autorizados. (...) 11. Critérios para alocação de riscos nos contratos de conces-
são (comum, patrocinada e administrativA).

Pelo perfil da examinadora e das atribuições da carreira, é importante trabalhar questões que
explorem a racionalidade econômica própria de determinadas regras contratuais. Em relação
ao tema da questão, vale citar que o modelo da Lei nº 8.666/93 para contratação de obras
gira em torno da licitação baseada em projeto básico previamente elaborado pela própria
administração, entendendo-se tal como vinculante (art. 7º, § 2º, I). De forma harmônica, há
previsão quanto à possibilidade de alteração contratual para modificação do projeto ou das
especificações para melhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, I, A), hipótese que
deve vir acompanhada do reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. No mais, a previsão
predominante em relação à repartição de riscos no regime da Lei nº 8.666/93 é de que a
matriz prevista na lei não pode ser alterada contratualmemte. Assim, as alternativas A e B
estão incorretas. O Regime Diferenciado de Contratações, por sua vez, segue boa parte das
regras da Lei nº 8.666/93 sobre elaboração de projetos e repartição de riscos. Contudo, o RDC
inovou no tocante ao regime de contratação integrada. O regime foi previsto justamente para
contratações que o objeto envolva (i) inovação tecnológica ou técnica; (ii) possibilidade de
execução com diferentes metodologia; ou (iii) possibilidade de execução com tecnologias de
domínio restrito no mercado (art. 9º). No caso da contratação integrada o próprio contratado
desenvolve o projeto básico e executivo (justamente porque irá agregar sua própria solução),
sendo que a licitação é feita somente com um anteprojeto que permita caracterizar a obra (art.
9º, §§ 1º e 2º). E, pelo fato do particular produzir o projeto básico, fica vedada como regra a
celebração de aditivos para alterar o projeto, exceto em casos de força maior ou a pedido da
própria administração (art. 9º, § 4º). Como o modelo se adequa aos objetivos pretendidos, a
alternativa C se encontra correta.

Já os regimes de concessão e PPP’s possuem lógica própria. Os modelos desses diplomas


estão atrelados a resultados, incentivando que o contratado traga soluções próprias para atingir
a finalidade da contratação. Por tal razão, esses regimes não exigem prévia disponibilização
de projeto básico. A Lei nº 8.987/95 prevê apenas que elementos do projeto básico sejam
divulgados (art. 18, XV), enquanto a Lei nº 11.079/04 fala por sua vez na elaboração de
anteprojeto (art. 10, § 4º), e não em projeto básico. Sobre a possibilidade de projeto indicativo
ou referencial nesses regimes, vejamos o seguinte comentário teórico: “A escolha do grau

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de vinculação do projeto é extremamente relevante, pois ela determina quem assume o risco
sobre o projeto: se o parceiro privado ou se o Poder Público. Se o projeto realizado pelo Poder
Público é meramente indicativo, então o risco de projeto será do parceiro privado, pois ele será
responsável por corrigir eventuais erros e falhas contidos no projeto disponibilizado pelo Poder
Público, sem qualquer custo para o Poder Público. Se, no entanto, o projeto disponibilizado
pelo Poder Público é vinculante, então, caso a obra não seja adequada para a prestação
dos serviços nos níveis requeridos pelo contrato de concessão comum ou PPP, o parceiro
privado poderá alegar erro ou falha no projeto disponibilizado pelo Poder Público. (...) A melhor
estratégia, contudo, para aumentar a possibilidade do parceiro privado produzir ganhos de
eficiência, e para proteger o Poder Público de riscos atinentes ao projeto, é trabalhar com
projetos meramente indicativos, transferindo tanto quanto possível o risco de projeto para o
parceiro privado”. (PORTUGAL RIBEIRO, Maurício. Concessões e PPP’s. Melhores práticas
em licitações e contratos). Ou seja, o mais recomendado é que projetos feitos nesses regimes
sejam divulgados somente a título indicativo. No exemplo da questão, porém, a alternativa D
está incorreta, pois não é prevista no caso o pagamento de tarifas, o que afasta o regime da
Lei nº 8.987/95. Uma concessão administrativa, por sua vez, não poderia ser utilizada somente
para a execução de obra pública, o que é vedado pelo art. 2º, § 4º, III da Lei de PPP’s, tornando
a alternativa E errada. Caso o projeto envolvesse, por exemplo, a construção e também a
conservação da ponte, então seria possível a concessão administrativa, desde que o valor do
contrato fosse superior a R$ 10.000.000,00 e o período de prestação do serviço fosse superior
a 5 (cinco) anos. Vale lembrar que a concessão patrocinada ficou afastada aqui pois o exemplo
não previu o pagamento de tarifas.

GABARITO: C

84. Assinale a alternativa correta acerca da sociedade anônima, governança corporativa


e problema de agência:
A) a possibilidade de desalinhamento de interesses entre administradores e
acionistas é maior em sociedades abertas com grande fragmentação do controle
acionário;

B) sociedades de capital aberto com controle definido em um ou poucos acionistas


não apresentam os chamados conflitos de agência ou de expropriação;

C) o estabelecimento de remuneração ao administrador atrelada ao desempenho


das ações da empresa é medida que elimina possíveis desalinhamentos de

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interesses entre acionistas e administradores;

D) um acionista que detenha 40% das ações ordinárias de uma empresa não se
caracteriza como acionista controlador e, por consequência, não consegue eleger
por conta própria os administradores;

E) um acionista controlador que eleja um administrador para a prática de ato que


outra sociedade da qual também é sócio, em detrimento dos acionistas minoritários,
não responde pessoalmente, já que a responsabilidade recai exclusivamente sobre
o administrador que praticou o ato.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. (...) problema de agência (...) 16. Sociedade anônima. (...) 17.
Governança corporativa na sociedade anônima. Atribuições básicas da assembleia
geral, do conselho de administração, da diretoria e do conselho fiscal. Função so-
cial da empresa.

A) CORRETA: no âmbito do direito societário, o chamado conflito de agência, ou problema


de agência, pode ser definido como a divergência de interesses entre acionistas e gestores, o
que resulta em desavenças em relação a diversas matérias atinentes à condução da empresa.
Um exemplo comum: administradores agindo para produzir resultados financeiros de curto
prazo, para aumentar o próprio bônus atrelado a desempenho, em contrapartida a acionistas
preocupados com a valorização da empresa no longo prazo, e focados em resultados
sustentáveis. A assertiva está correta pois, com capital pulverizado, base acionária dispersa no
mercado de capitais e sem a presença do acionista controlador, o efetivo controle das decisões
corporativas acaba ficando nas mãos dos administradores, apartando-se a propriedade
acionária do controle. Isso agrava o desalinhamento de interesses.

B) INCORRETA: nos casos em que há a figura do acionista controlador, o conflito de agência


entre acionistas e administradores é minorado, já que o controlador acaba indiretamente
controlando os rumos da empresa, podendo no limite trocar o administrador. No entanto, isso
não significa a eliminação do problema de agência ou de expropriação, que passa a se dar não
mais entre acionistas e gestores mas entre acionistas controladores e minoritários.

C) INCORRETA: como exemplificado acima, a afirmativa não é verdadeira. Se por um lado a


remuneração atrelada a bônus de desempenho incentiva o gestor a produzir bons resultados,
por outro lado pode guiar os gestores a produzir resultados bons a curto prazo (para aumentar

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o próprio bônus) mas que não são sustentáveis e não representam a melhor opção para a
empresa.

D) INCORRETA: a Lei das S.A. não define acionista controlador como quem detenha mais de
50% das ações ordinárias. O artigo 116 define como acionista controlador a pessoa, natural
ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum,
que (i) seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos
votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores
da companhia; e (ii) use efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia. É possível que um acionista com 40% das ações
ordinárias seja na prática o controlador. Basta imaginar a hipótese dos 60% restantes do
capital estarem dispersos no mercado e na prática ele sempre deter a maioria dos votos na
assembleia-geral (pela ausência dos demais acionistas).

E) INCORRETA: o artigo 117 da Lei nº 6.404/76 estabelece que o acionista controlador responde
pelos atos praticados com abuso de poder. Levar a empresa a favorecer oura sociedade com
prejuízo dos acionistas minoritários é exemplo de ato considerado abusivo (art. 117, § 1º, A).
Vale ler atentamente os demais atos considerados abusivos elencados no mesmo artigo.

GABARITO: A

85. Marque a opção correta acerca do regime da sociedade de economia mista:

A) abertura de capital social é incompatível com o regime da sociedade de economia


mista.

B) pode-se citar como um dos mecanismos possíveis de conciliar a finalidade


lucrativa e o interesse público na sociedade de economia mista o arbitramento da
margem de lucro ideal pelos órgãos de administração da companhia.

C) a persecução do interesse público que justificou a criação da companhia


autoriza que, para sua persecução, o acionista controlador elimine do objetivo da
sociedade qualquer busca por lucros.

D) a sociedade de economia mista pode participar de outras sociedades para atingir


sua finalidade social, desde que tal previsão esteja contida em seu estatuto social.

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E) entre as regras de proteção dos acionistas minoritários na sociedade de


economia mista não está prevista a eleição em separado de um dos membros do
conselho de administração.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 18. Sentido e alcance da atuação empresarial do Estado. O pa-


pel da empresa estatal no mundo contemporâneo. Peculiaridades da sociedade de
economia mista. Convivência entre interesse público e finalidade lucrativa. Exer-
cício do poder de controle acionário pelo Estado. Deveres e responsabilidades do
acionista controlador e dos administradores.

Lembrem-se que a matéria de direito empresarial na PGE-SP é focada na sua vertente


pública, ganhando destaques temas relativos às empresas estatais (da qual fazem parte
sociedades de economia mista e empresas públicas). Sobre o tema, vale reproduzir o seguinte
excerto da obra Empresas estatais, de autoria de Mario Engler e Henrique Motta Pinto: “Na
sociedade de economia mista com participação de acionistas privados, a oposição entre
objetivos aparentemente díspares (finalidade lucrativa e missão publicA) não pressupões
necessariamente a abolição de nenhum deles. Não se trata de subordinar incondicionalmente
a finalidade lucrativa à realização da missão pública, tampouco libertar a empresa estatal para
gerar ilimitadamente valor a seus acionistas (público e privado). A saída está em considerar
normal a convivência entre interesses divergentes no âmbito da companhia mista. Tais
interesses, por seu turno, devem ser reconciliados pelas estruturas procedimentais internas,
mediante o arbitramento da margem de lucro ideal pelos órgãos de administração, sem
necessariamente suprimi-la nem maximizá-la”. É certo que estes temas carregam bastante
polêmica doutrinária, sendo possível encontrar opiniões diferentes das aqui expostas. Porém,
a linha aqui discutida é a mais seguida na PGE-SP e a que recomendamos adotar. Dito isso,
vamos à análise da questão:

A) INCORRETA: inexiste qualquer empecilho para a abertura do capital social da sociedade


de economia mista. Ao contrário, a aquisição de ações livremente negociadas no mercado é o
principal meio pelo qual investidores tornam-se acionistas da companhia.

B) CORRETA: com efeito, o arbitramento da margem de lucro ideal por parte é um dos
meios que concilia o interesse dos acionistas privados com o acionista público. Dessa forma,
garante-se que a companhia permaneça na busca por lucro, satisfazendo o interesse privado,
ao mesmo tempo em que não seja guiada somente pela maximização dos seus ganhos. A

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mitigação parcial da busca por lucros permite que esses sejam parcialmente sacrificados para
satisfazer os interesses públicos pelos quais a companhia foi criada.

C) INCORRETA: a eliminação completa da busca por lucros desatenderia qualquer expectativa


que os acionistas privados teriam na companhia. Assim, a melhor tese a ser defendida é de
que a busca por lucros pode ser parcialmente sacrificada, mas não inteiramente abandonada.

D) INCORRETA: a participação da sociedade de economia mista em outras sociedades


depende de autorização legal, conforme previsão do artigo 237, § 1º, da Lei nº 6.404/76.

E) INCORRETA: a proteção é garantida expressamente pelo artigo 239 da Lei das S.A., valendo
lembrar que o Conselho de Administração é obrigatório em sociedades de economia mista.

GABARITO: B

86. Sobre a sistemática vigente para pagamento de precatórios, assinale a opção correta:
A) é possível que os Estados obtenham financiamento para efetuar o pagamento
de precatórios, desde que os limites globais de endividamento sejam respeitados;

B) o estabelecimento de novo prazo até 2020 para o pagamento de precatórios violou


decisão do STF na ADI nº 4357, que declarou inconstitucional o prolongamento do
prazo para pagamento;

C) somente os depósitos judiciais relativos a processos em que a administração


direta ou indireta seja parte poderão ser utilizados para pagamento de precatórios;

D) em atendimento à decisão do STF, foi eliminada a possibilidade de celebração


de acordos diretos com os devedores;

E) a possibilidade de compensação de créditos provenientes de precatórios


com débitos de natureza tributária é medida que vigora temporariamente,
somente enquanto durar o regime especial de pagamento instituído pela Emenda
Constitucional nº 94/2016.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Sistemática de pagamento de precatórios.

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A) INCORRETA: a obtenção de financiamento para satisfazer o pagamento de precatórios é


possível, pelo texto da nova emenda sobre o tema, em duas hipóteses: (i) caso o montante
total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno
valor, em período de 12 (dozE) meses, ultrapasse a média do comprometimento percentual
da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores (art. 100, § 19); e (ii)
durante a vigência do regime especial de pagamentos instituído no artigo 101 do ADCT (art.
101, § 2º, III, do ADCT). Em ambas as hipóteses, porém, o débito não é computado nos limites
de endividamentos previstos no artigo 52, incisos VI e VII do ADCT e em quaisquer outros
limites,

B) INCORRETA: a decisão do STF na ADI nº 4357 teve seus efeitos modulados, de forma que
foi estabelecido o período de 5 (cinco) anos, a partir de 1º de janeiro de 2016, para que os
Estados quitassem os precatórios atrasados. A Emenda Constitucional nº 94/2016, ao instituir
um regime especial até o fim de 2020, assim, foi editada de acordo com a decisão do STF.

C) INCORRETA: tanto depósitos atrelados a processos em que a Administração seja parte


quanto aqueles de processos entre partes privadas podem ser usados para o pagamento de
precatórios durante a vigência do regime especial constante do artigo 101 do ADCT. A diferença
reside no montante passível de utilização. Enquanto é possível utilizar 75% dos depósitos de
processos com parte pública, somente 20% dos demais podem ser utilizados (art. 101, § 2º,
incisos I e II, do ADCT).

D) INCORRETA: a Emenda Constitucional nº 94/2016 instituiu duas hipóteses de celebração


de acordos: (i) para o pagamento de 85% do valor de precatórios de grande vulto (aqueles cujo
valor supere o patamar 15% do total dos precatórios processados até 1º de julho de cada ano),
limitado o desconto resultante do acordo a 40% do crédito atualizado (art. 100, § 20); e (ii) para
o pagamento de precatórios durante o regime especial, podendo ser usado para acordo 50%
dos recursos disponíveis para pagamento, e limitado o desconto, igualmente, a 40% do crédito
atualizado (art. 102, parágrafo único, do ADCT).

E) CORRETA: a previsão consta expressamente do artigo 105 do ADCT, de forma que débitos
inscritos em Dívida Ativa até 25 de março de 2015 podem ser compensados com precatórios
detidos pelos credores. A medida, porém, vigora temporariamente, acompanhando somente o
regime especial de pagamentos.

GABARITO: E

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87. Na elaboração da lei orçamentária anual do Estado de São Paulo, foram detectadas
as seguintes situações:

I - alocação da quantia de R$ 100 milhões de reais para atendimento da integralidade


das despesas de determinada autarquia estadual, quer digam respeito a pessoal,
material ou serviços;

II - reunião das despesas e receitas fiscais com aquelas da seguridade social, com
vistas a refletir de modo integral a realidade das contas públicas;

III - vinculação da arrecadação do ICMS para garantir operações de crédito por


antecipação de receita.

Nessa situação, assinale quais condutas se mostraram corretas e em conformidade com


os princípios orçamentários:

A) Somente I;

B) I e III;

C) II e III;

D) Somente III;

E) Nenhuma.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Normas gerais sobre direito financeiro (Lei federal nº 4.320/64).
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). 2. Plano pluria-
nual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual.

A conduta indicada em I não se mostra acertada pois, pelo princípio da especificação, as


receitas e despesas devem aparecer no orçamento de forma detalhada, de forma que se
possa discriminar quais as origens das receitas e como serão aplicadas. Assim, o orçamento
não pode conter dotações genéricas. O princípio é reconhecido pelos artigos 5º e 15 da Lei n.
4.320/64. O artigo 5º, em especial, prevê que o orçamento não consignará dotações globais
destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros,

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transferências ou quaisquer outras.

A conduta indicada em II também não se mostra acertada pois, apesar do princípio da unidade
ser consagrado expressamente no artigo 2º da Lei nº 4.320/64, a determinação constitucional
é de que sejam elaborados três orçamentos: (i) orçamento fiscal; (ii) orçamento da seguridade
social e (iii) orçamento de investimentos das estatais (art. 165, CF). Ou seja, apesar da existência
de somente uma única lei orçamentária por ano, esta engloba três orçamentos distintos.

A conduta indicada em III, por sua vez, é a única regular, já que uma das exceções à vinculação
de impostos reside na prestação de garantia às operações de crédito por antecipação de
receita, conforme artigo 167, IV, da Constituição Federal.

GABARITO: D

88. Considere que a Fazenda Pública do Estado de São Paulo tenha sido condenada
em duas causas, uma envolvendo relação não tributária e outra tributária. Assinale
a alternativa que corresponde à forma correta de correção do débito, seguindo
jurisprudência do STF:
A) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação
oficial, aplicando-se, no caso da primeira condenação, os juros de mora segundo
índice de remuneração da caderneta de poupança e, no segundo caso, os juros
pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

B) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice aplicado


às cadernetas de poupança, aplicando-se, a ambas as condenações, os juros pelos
quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

C) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação


oficial, aplicando-se, a ambas as condenações, os juros pelos quais a Fazenda
Pública remunera seu crédito tributário.

D) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice aplicado às


cadernetas de poupança, aplicando-se, no caso da primeira condenação, os juros
de mora segundo índice de remuneração da caderneta de poupança e, no segundo
caso, os juros pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário.

E) a correção monetária de ambas as condenações deve seguir o índice de inflação

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oficial, aplicando-se igualmente, a ambas, os juros de mora segundo índice de


remuneração da caderneta de poupança.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Regime jurídico da despesa pública (...) Contingenciamento de


dotações. Sistemática de pagamento de precatórios.

Aqui, farei comentário único englobando todas as alternativas acima. A constitucionalidade do


art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 foi julgada recentemente pelo STF, sendo tema prático importante
para a defesa da Fazenda Pública, podendo ser explorado em concursos públicos tanto em
questões objetivas quanto em subjetivas. Quando do julgamento do Recurso Extraordinário
nº 870.947, o STF aprovou duas teses. A primeira, referente aos juros moratórios, diz o
seguinte:

“O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na
parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda
Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-
tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais
a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações oriundas
de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice
de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido,
nesta extensão, o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação dada
pela Lei 11.960/2009”. Já a segunda, sobre atualização monetária, foi aprovada no
seguinte sentido: “O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei
11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações
impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de
poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito
de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida
adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover
os fins a que se destina”. Portanto, independente da natureza da ação, a correção
monetária dos débitos da Fazenda Pública deve ser feito pela aplicação do
índice de inflação oficial. Já os juros moratórios dependem da natureza do
débito. Se for decorrente de relação jurídico-tributária, então deve ser aplicado o
mesmo juro que a Fazenda usa para remunerar seu crédito tributário (atualmente,
aquele decorrente da taxa SeliC), caso contrário, os juros de mora podem seguir

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o índice aplicável às cadernetas de poupança.

GABARITO: A

89. Assinale a alternativa correta a respeito das políticas públicas baseadas na economia
comportamental:
A) É exemplo de política baseada em nudging a concessão de subsídios públicos
para a diminuição de tarifa de transporte público.

B) a previsão de filiação automática a regime de previdência complementar


é medida que se vale da heurística dos agentes para angariar maior adesão ao
regime previdenciário.

C) políticas públicas fundadas em economia comportamental baseiam-se


principalmente em multas decorrentes de proibições.

D) a formulação de políticas públicas baseadas na economia comportamental


explora primordialmente o comportamento racional dos agentes.

E) uma das desvantagens de políticas baseadas no comportamento dos agentes


reside no elevado custo burocrático para sua implementação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Princípios e fundamentos da regulação da atividade econômica.


Distinção entre regulação setorial e regulação concorrencial. Planejamento e po-
lítica industrial. Instrumentos de fomento. Responsabilidade do Estado pela inter-
venção na economia.

As políticas públicas baseadas em economia comportamental, principalmente através das


chamadas políticas de nudge, são um dos assuntos mais em voga na formulação de políticas
públicas. Considerando que muitas intervenções governamentais vêm sendo feitas mundo
afora com ênfase na teoria, é conveniente que seja explorado o conceito no curso. Ao contrário
de políticas tradicionais que ou são baseadas na aplicação de multas decorrentes de proibições
ou então conferem incentivos e subsídios para determinados comportamentos, também é
possível formular políticas guiando de modo sutil o comportamento individual principalmente
por meio de vícios e heurísticas irracionais comumente apresentados pelos humanos. Com

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essa breve definição, vejamos as assertivas postas para a análise:

A) INCORRETA: trata-se de modalidade tradicional de política pública e intervenção do Estado,


conforme citado acima.

B) CORRETA: trata-se de exemplo real adotado pela União e também pelo Estado de São Paulo
recentemente nos seus respectivos regimes de previdência complementar. A rigor, baseando-
se no comportamento racional dos indivíduos, não deveria existir variação na taxa de adesão
a regimes previdenciários quer a adesão fosse automática (solicitando o participante, caso
desejar, sua desvinculação), quer dependendo da manifestação expressa do participante. No
entanto, na prática detecta-se uma adesão maior quando a adesão é automática, dada a
tendência de muitos indivíduos de não modificar o status quo, isto é, de manter intacta a opção
que lhe foi sugerida.

C) INCORRETA: trata-se de outra modalidade tradicional de política pública e intervenção do


Estado, conforme citado acima.

D) INCORRETA: ao contrário do contido na assertiva, as políticas baseadas na economia


comportamental exploram condutas irracionais apresentadas pelos indivíduos, as quais não
seriam sustentáveis em uma análise clássica de maximização da própria utilidade.

E) INCORRETA: novamente, ao contrário do contido na assertiva, políticas de nudge detêm


baixos custos para implementação, pois não dependem da existência de um corpo próprio
para a fiscalização.

GABARITO: B

90. Acerca do licenciamento compulsório de patente, assinale a alternativa que se


encontra em conformidade com a Lei de Propriedade Industrial:
A) àquele ao qual é conferida licença compulsória pode agir para defender a patente
se detectada sua violação por terceiros;

B) a fabricação de produto no exterior, do qual se detém a patente igualmente no


Brasil, satisfaz o exercício do direito e inibe a emissão de licença compulsória;

C) a fim de minimizar os prejuízos ao titular da patente, pode a licença compulsória


ser conferida a um número limitado de empresas;

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D) a licença compulsória de medicamentos somente pode ser solicitada União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, ou Ministério Público, considerando que
é medida voltada principalmente para aumentar o suprimento de fármacos no
sistema única de saúde;

E) a comercialização de medicamento protegido por patente, nos dois primeiros


anos à sua concessão, em nível muito abaixo da demanda dos usuários, autoriza
o licenciamento compulsório.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21. Noções básicas de propriedade industrial. Lei nº 9.279/96. Li-
cenciamento compulsório de patentes sobe medicamentos.

A) CORRETA: A licença deve ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha
capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente
(art. 68, § 2º, da Lei nº 9.279/96). O licenciamento compulsório, assim, não é concedido de
forma indiscriminada. Como consequência, há previsão legal expressa de que o licenciado fica
investido de todos os poderes para defender a patente (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.279/96).

B) INCORRETA: como regra, a não exploração da patente por falta de fabricação ou fabricação
incompleta justifica seu licenciamento compulsório, salvo se for demonstrada a inviabilidade
econômica, hipótese em que se admite a importação (art. 68, § 2º, da Lei nº 9.279/96). Assim,
a simples fabricação externa do produto não demonstra, por si só, a exploração nacional da
patente.

C) INCORRETA: a licença compulsória é sempre conferida em caráter não exclusivo (art. 72,
da Lei nº 9.279/96).

D) INCORRETA: como comentado acima, a iniciativa do licenciamento compulsório não está


restrita ao poder público, sendo conferida também àquele que detenha capacidade técnica e
econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente e esteja sendo prejudicado
pelo comportamento abusivo do titular da patente.

E) INCORRETA: a comercialização que deixe de satisfazer às necessidades do mercado


somente autoriza o licenciamento compulsório se decorridos ao menos 3 (três) anos da
concessão da patente (art. 68, § 5º, da Lei nº 9.279/96).

GABARITO: A

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