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CEI-PGE/PGM 2ª EDIÇÃO

2ª RODADA - 06/06/2016

CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO

2ª RODADA - 06/06/2016
DURAÇÃO

26/05/2016 A 14/09/2016

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.

30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.

1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016

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PROFESSORES

Jorge Maffra Ottoni - Coordenador do curso, professor de Direito Constitucional e Empresarial.


Procurador do Município de Niterói. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador da Assembleia Legislativa de
Goiás (1º colocado). Procurador Especial junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (2º colocado – aguardando
apuração de títulos). Procurador do Município de São Paulo. Procurador do Banco Central. Procurador
Federal (AGU). Procurador da Câmara do Município de São Paulo. Procurador do Município de Atibaia
(2º colocado). Procurador do Município de Limeira (1º colocado). Procurador do Município de
Jundiaí. Procurador do Município de Taboão da Serra (1º colocado antes dos títulos). Procurador
do Município de Araras (2º colocado). Advogado da Companhia Paulista de Obras e Serviços.
Advogado SP Urbanismo (3º colocado). Procurador Instituto de Previdência de Ilhabela (1º
colocado). Advogado Dataprev. Procurador Geral da Câmara de Caieiras. Bacharel em Direito
pela USP.

Natalia Maia – Direito Civil, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.


Procuradora do Estado de Goiás. Aprovada no concursos da PGE-BA e da PGE-RN. Pós-graduanda
em Direito Processual pela PUC-MG. Bacharel em Direito pela UFC.

Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.

Rodolfo Cursino – Direito Tributário e Ambiental.


Procurador da Fazenda Nacional. Especialista em Direito Público pela UBC/SP. Pós-graduado em Direito
Processual pela PUC/MG. Bacharel em Direito pela UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Coautor do
livro “Questões Discursivas Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, Juspodivm/2015.
Colaborador do Blog Foca no Resumo. Aprovado, ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal
Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/
PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda
Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

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José Américo – Direito Civil, Penal e Direito Processual Penal.


Procurador do Estado do Piauí. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador de Contas do
TCE-CE (3o Colocado). Procurador Especial junto ao TCM-RJ (5º Colocado – aguardando apuração de
títulos). Procurador do Estado do Piauí (6º colocado). Procurador de Contas do TCE-PB (7º Colocado).
Procurador do Estado do Paraná (14º Colocado). Procurador do Estado do RN. Procurador da Câmara
Municipal de Porto Alegre-RS (2º Colocado). Procurador do Município de Cuiabá (3º Colocado).
Assessor Jurídico do TCE-PI (6º Colocado). Procurador do Estado do Acre. Advogado da CEF e
Advogado do BNB.

Gustavo Carminatti – Direito Administrativo e Direito Financeiro-Econômico.


Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (Aprovado em 9º lugar). Foi Procurador
do Estado de Goiás. Aprovado em 1º lugar na Procuradoria do Município de Cuiabá. Aprovado na
Procuradoria do Município de São Paulo. Aprovado na Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.
Especialista em Direito Constitucional e Direito Eleitoral.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Caros alunos,

para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:

1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.

2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.

3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.

4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.

5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.

6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com

Vamos em frente, rumo à aprovação nos concursos das Advocacia Pública!

JORGE MAFFRA OTTONI


PROFESSOR E COORDENADOR DO CEI-PGE/PGM 2ª ED.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................6


DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.............................................................6
DIREITO CIVIL.......................................................................................................................................... 7
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL........................................................................9
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.............................................................................................................11
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 14
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 16
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................. 17
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO.............................................................................................20
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 21
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................23
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...................................................................................................25
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................26
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO...........................................................26
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................32
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL..................................................................... 43
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................53
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................63
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................70
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................73
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO............................................................................................. 81
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................85
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................92
QUESTÕES DISSERTATIVAS.........................................................................................................................98
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................98
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................98
PEÇA PROFISSIONAL.....................................................................................................................................99
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................99

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Dentre as novidades implementadas pelo Novo Código Processual Civil, aplica-se ao Processo
do Trabalho, conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho:

a) A possibilidade de as partes elegerem foro para a propositura de ação, modificando a


competência em razão do valor e do território.

b) O prosseguimento de julgamento não unânime de recurso ordinário, em sessão com a


presença de julgadores em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do
resultado inicial.

c) A prescrição intercorrente, cuja contagem se inicia após o transcurso de um ano da


suspensão da execução, pela não localização de bens penhoráveis.

d) O incidente de assunção de competência, quando o julgamento do recurso envolver


relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
processos.

e) O cômputo dos prazos processuais em dias úteis.

2. Em relação à ação rescisória, é correto afirmar, conforme entendimento mais recente do


Tribunal superior do Trabalho:

a) O pedido de tutela provisória formulado na petição inicial de ação rescisória com o


objetivo de suspender a execução da decisão rescindenda é inadmissível, devendo ser
recebido como medida acautelatória.

b) Não é passível de desconstituição, pela via da ação rescisória, sentença citra petita que
não tenha sido oportunamente impugnada por embargos de declaração.

c) Admite-se a rescisória de decisão proferida em ação rescisória, por má aplicação da


mesma norma jurídica tida por violada na rescisória anterior.

d) A legitimidade do Ministério Público para propor ação rescisória objetivando rescindir


decisão proferida em processo em que não foi parte é limitada às hipóteses das alíneas a,

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b e c do inciso III do art. 967 do CPC, que traduzem rol exaustivo.

e) Cabe ação rescisória, por violação de norma jurídica, contra decisão baseada em
enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não
tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o
padrão decisório que lhe deu fundamento.

3. É correto afirmar, em relação à equiparação salarial:

a) A circunstância de o desnível salarial ter origem em decisão judicial que beneficiou o


paradigma afasta, como regra, o direito à equiparação salarial.

b) A vedação constitucional à equiparação para efeito de remuneração do pessoal do


serviço público (art. 37, XIII, da CF/88) somente abrange os estatutários, não impedindo a
equiparação salarial entre servidores contratados pela CLT.

c) A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, ainda que o empregado


passe a exercer a função em órgão governamental estranho à cedente, se ela responde
pelos salários do paradigma e do reclamante.

d) O simples desvio funcional na Administração não gera direito a novo enquadramento,


mas apenas às diferenças salariais respectivas, ressalvada a hipótese de o desvio de função
ter iniciado antes da vigência da CF/1988.

e) Para o reconhecimento do direito à equiparação salarial, é indispensável que reclamante


e paradigma estejam a serviço do estabelecimento ao tempo da reclamação.

DIREITO CIVIL

4. Quanto ao usucapião, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Ainda que preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, não é possível o reconhecimento
de usucapião especial urbana de imóvel com metragem inferior ao módulo mínimo
estabelecido no Plano Diretor do Município.

b) No usucapião constitucional urbano, não é dado ao possuidor somar à sua posse a dos
seus antecessores, ainda que contínuas e pacíficas.

c) O usucapião pode ser reconhecido extrajudicialmente, mediante requerimento do


interessado endereçado ao cartório de registro de imóveis da comarca em que estiver
situado o imóvel usucapiendo.

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d) Na sentença que declara a usucapião especial coletiva de imóvel urbano, o juiz deverá
atribuir igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão
do território que cada um ocupe.

e) Os bens públicos, ainda que classificados como dominicais, não podem ser objeto de
usucapião.

5. Em relação à contagem dos juros e correção monetária, assinale a alternativa correta:

a) Em caso de danos materiais decorrentes de responsabilidade extracontratual, os juros


moratórios fluem a partir da citação.

b) Em caso de danos morais decorrentes de responsabilidade extracontratual, os juros


moratórios fluem a partir da citação.

c) No caso de obrigação contratual positiva e líquida, com vencimento certo, os juros


moratórios correm a partir da data do vencimento da dívida.

d) A correção monetária da indenização por danos materiais incide desde a data do


arbitramento.

e) A correção monetária de indenização por danos morais incide a partir da data do efetivo
prejuízo.

6. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa incorreta:

a) O rol do art. 44 do CC/2002, que relaciona as pessoas jurídicas de direito privado, é


exemplificativo, segundo a doutrina.

b) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos.

c) No CC/02, a ausência passa a ter um efeito que não detinha no Código anterior, qual
seja, o efeito pessoal familiar, de modo que o vínculo matrimonial pode ser dissolvido
pela morte presumida do cônjuge ausente, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.

d) O rol do parágrafo único do art. 62, que versa sobre as finalidades institucionais admitidas
para a instituição de fundações privadas, é exemplificativo, mesmo antes da nova redação

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que lhe foi dada pela Lei n°. 13.151/2015.

e) A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tipifica o abuso de direito como ato ilícito
e tem fundamento constitucional nos princípios da solidariedade, devido processo legal e
proteção da confiança, sem olvidar do fato de que tal instituto se enquadra como categoria
jurídica autônoma em relação à responsabilidade civil, de sorte que o exercício abusivo de
posições jurídicas desafia controle independentemente de dano.

7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta:

a) A aplicação do princípio da saisine não implica em transferência definitiva da herança, o


que ocorre somente quando aceita pelo herdeiro, ou seja, desde que este não a renuncie.

b) Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, será reservada a quarta


parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.

c) O fideicomisso pode ser instituído por atos inter vivos, a exemplo da doação com
cláusula de reversão.

d) Não é possível a aceitação presumida da herança, que deve ser sempre expressa ou
tácita.

e) A renúncia da herança, quando manifestada de forma expressa, deve ocorrer sempre


por instrumento público ou termo judicial, sendo possível ocorrer também de forma tácita
ou, ainda, presumida, conforme doutrina majoritária.

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta:

a) Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, o


inadimplemento da sanção pecuniária obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade.

b) A quebra da fiança ocorre quando o réu descumpre uma das condições fixadas no
ato de concessão dessa medida cautelar e tem por consequências: a perda do valor total
que pagou a esse título; a imediata decretação da prisão preventiva; e a possibilidade de
aplicação cumulativa de medida cautelar diversa.

c) Desde que, cumulativamente, inexista dúvida a respeito do direito de quem postula e a

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coisa apreendida não mais interesse aos rumos da investigação ou do processo, o Delegado
de Polícia ou o Juiz, conforme o caso, após a oitiva prévia do Ministério Público, poderá
determinar a restituição do bem apreendido a quem de direito, mediante simples pedido
de restituição.

d) Contraria a Constituição Federal norma de Constituição Estadual que condicione o


processamento de Governador por crime de responsabilidade à prévia licença da Assembleia
Legislativa, bem como para o processamento dos crimes comuns.

e) A Assembleia Legislativa tem competência para autorizar o processamento criminal do


Governador do Estado, e, no uso das prerrogativas inerentes a tal competência, também
pode decretar medidas cautelares pessoais a incidirem sobre essa autoridade, tal como a
prisão preventiva.

9. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta:

a) Em caso de concurso de crimes ocorridos em jurisdições da mesma categoria, prevalecerá


a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, desde que as respectivas
penas possuam gravidade diversa.

b) A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo no


concurso entre a jurisdição comum e a militar.

c) A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de


estelionato, da competência da Justiça Federal.

d) Os membros do Ministério Público de Contas de Tribunal de Contas Estadual serão


julgados pelo Tribunal de Justiça da respectiva unidade federativa, nos casos de crimes
comuns e de responsabilidade.

e) Se houver conexão entre crime de competência da justiça federal e contravenção penal


de competência da Justiça Estadual, sem que seja o caso de foro por prerrogativa de função,
prepondera a primeira, que tem força atrativa.

10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta:

a) Prevalece na jurisprudência que o crime de Apropriação Indébita Previdenciária, previsto


no art. 168-A, exige, para a sua consumação, o dolo específico de lesar e/ou fraudar a
Previdência Social, por se tratar de crime formal.

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b) A jurisprudência do STF e do STJ reputa que a declaração falsa de pobreza constitui


crime de falsidade ideológica.

c) Fraudar concurso público ou vestibular através de cola eletrônica se enquadra na


conduta do art. 171 do CP (crime de estelionato), pois esta conduta, por si só, é apta a
significar prejuízo de ordem jurídica aos demais interessados no certame.

d) O STJ não admite a continuidade delitiva entre a sonegação de contribuição previdenciária


e a apropriação indébita previdenciária.

e) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que o crime de abuso de


autoridade deve ser processado e julgado perante os Juizados Especiais Criminais.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. No que diz respeito ao entendimento dos Tribunais Superiores sobre o Mandado de Segurança,
analise as seguintes assertivas:

I. O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de


vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês
a mês.

II. O prazo para a impetração do mandado de segurança tem início no mesmo dia em
que ocorre a ciência do ato coator pela parte.

III. É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente


de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada
ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários, mesmo que já
prolatada sentença de mérito.

IV. No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública,
as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da
segurança devem ser pagas por meio de precatórios e não via folha suplementar.

V. Com a vigência do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15), deve sempre ser
contado em dias úteis o prazo para impetração do Mandado de Segurança.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) III.

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b) I, III e IV.

c) II e III.

d) IV e V.

e) I e III.

12. Acerca da comunicação dos atos processuais no Novo Código de Processo Civil, assinale a
alternativa CORRETA:

a) Conforme disposição expressa, a citação é condição de eficácia do processo em relação


ao autor e ao réu.

b) O comparecimento espontâneo do réu supre a falta ou nulidade da citação, procedendo-


se à sua intimação para que comece a correr o prazo para apresentar defesa, caso não o
tenha feito ao comparecer.

c) A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juiz incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

d) A citação torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e quando
ordenada por juiz incompetente constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

e) É admitida a intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e


de suas respectivas pessoas jurídicas de direito público, mediante publicação no Diário de
Justiça eletrônico.

13. Maria das Dores promoveu ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela provisória de
urgência, em face do Município X, consistente no fornecimento de medicamento de alto custo. O
pedido de tutela provisória foi deferido, determinando o fornecimento do medicamento pleiteado
no prazo de 5 (cinco) dias. O advogado constituído pela autora reputa urgente a intimação do
Município para cumprimento da decisão. Em conformidade com as disposições do Novo Código
de Processo Civil, assinale a alternativa CORRETA no que tange à medida processual de que pode
se valer o advogado da autora a fim de garantir a célere comunicação do ato.

a) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município X,


via correio eletrônico, conforme autorizativo da nova legislação.

b) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município X,


via carga dos autos, conforme autorizativo da nova legislação.

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c) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município,


com a remessa de ofício com aviso de recebimento, conforme autorizativo da nova
legislação.

d) Impetrar mandado de segurança, de via direta e célere, alegando violação ao direito


líquido e certo à duração razoável do processo.

e) n.d.a.

14. O Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações da Lei n. 13.256/16)
promoveu expressivas mudanças a respeito das denominadas “tutelas provisórias”. Acerca desse
tema, julgue as seguintes alternativas:

I. A tutela de urgência pode ser satisfativa ou cautelar, enquanto a tutela de evidência


será sempre satisfativa.

II. É possível a concessão de tutela antecipada mesmo antes do ajuizamento da ação


principal, hipótese em que a decisão interlocutória se tornará estável se não recorrida.

III. É possível a concessão de tutela cautelar mesmo antes do ajuizamento da ação principal,
hipótese em que, ainda que não haja recurso, a decisão não se estabiliza.

IV. A tutela provisória configura gênero de tutela processual que abrange duas espécies:
tutela de urgência e tutela de evidência.

V. Em caso de pedido cautelar pleiteado de forma antecedente, não há necessidade de


ajuizar nova ação principal, procedendo-se apenas ao aditamento da petição inicial, com a
inclusão do pedido principal.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) III e V.

b) I, III e V.

c) I, II, III e IV.

d) I, II, IV e V.

e) I, II, III, IV e V.

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15. Acerca das limitações na concessão de tutelas provisórias em desfavor da Fazenda Pública,
assinale a alternativa CORRETA de acordo com o Código de Processo Civil de 2015, com legislação
extravagante pertinente e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

a) O STF reconheceu a inconstitucionalidade das limitações à concessão de tutela antecipada


contra a Fazenda Pública.

b) De acordo com forte corrente doutrinária, as limitações em vigência não se aplicam às


tutelas de evidência.

c) É vedada a concessão de medida liminar que tenha por objeto a compensação de


créditos tributários, mas é possível a de créditos previdenciários.

d) Não é possível a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública nos casos
expressamente previstos em lei, ainda que a decisão esteja fundamentada em jurisprudência
pacífica do STF em relação ao mérito da causa.

e) É permitida a concessão de tutela provisória que tenha como objeto a reclassificação ou


equiparação de servidores públicos.

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Lei nº 9985/00),
assinale a alternativa correta:

a) A Floresta Nacional corresponde a uma unidade de proteção integral, de posse e


domínios públicos, que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de
florestas nativas.

b) A Reserva Biológica, por objetivar a preservação integral da biota e demais atributos


naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, veda, em qualquer situação, a visitação pública, consistindo em verdadeira
espécie de unidade de proteção integral.

c) O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica. Apesar de corresponderem a uma espécie de unidade
de proteção integral, admite-se que seja constituído em áreas particulares.

d) A Área de Relevante Interesse Ecológico, espécie de unidade de uso sustentável, consiste


em uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos

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abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de


vida e o bem-estar das populações humanas, objetivando proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.

e) O Parque Nacional, Estadual ou o Parque Natural Municipal, possui, dentre os seus


objetivos, o de desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Sendo possível a visitação
pública, a legislação permite seja estabelecido em áreas particulares.

17. Sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6938/81) e as ações cooperação entre os
entes (LC nº 140/2011), julgue os seguintes itens:

I. Dentre os princípios a serem atendidos pela Política Nacional do Meio Ambiente na


concretização do seu objetivo, estão a proteção de áreas degradadas e a racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água e do ar.

II. Compete à União formular a Política Nacional do Meio Ambiente e aos Estados, Distrito
Federal e Municípios executá-la e fazê-la cumprir, no seu respectivo âmbito de atuação.

III. Para implementar a Política Nacional do Meio Ambiente, a legislação criou o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, do qual são órgãos centrais o IBAMA e o Instituto
Chico Mendes, autarquias federais vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente.

IV. Dentre os órgãos que compõem o SISNAMA, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente, é o órgão consultivo e deliberativo e que, tradicionalmente, edita resoluções
com o intuito de complementar a legislação, visando sua fiel execução.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens errados:

a) II, III e IV.

b) III e IV.

c) I, II e III.

d) IV.

e) II e IV.

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18. Sobre a proteção ao meio ambiente na Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
errada:

a) Em que pese a prévia existência de normas legais com escopo de proteger o meio
ambiente no ordenamento jurídico brasileiro, no âmbito constitucional, a Constituição
Federal de 1988 inovou em relação às antecessoras, superando a visão utilitarista dos
recursos naturais então existente e inaugurando a ótica protecionista, sendo, inclusive, a
primeira a tratar de normas de proteção ambiental em um capítulo próprio.

b) Nota-se no meio ambiente equilibrado um efeito de mão dupla. Corresponde não


só a um direito como, também, a um dever. Ou seja, ao passo em que é um direito
constitucionalmente garantido a todos, também é uma obrigação a ser cumprido por
todos, incluindo-se o Estado e os cidadãos.

c) Para a doutrina, a Constituição Federal de 1998, ao tecer uma visão protecionista


do direito ambiental, o faz com a criação de direitos tanto subjetivos quanto objetivos.
Objetivos, na medida em que o cidadão, através de um direito individual, tem o acesso e
direito de uso e gozo de um ambiente saudável. Subjetivos, na medida que o direito a um
ambiente equilibrado é dever ou tarefa estatal.

d) Em que pese ser considerado um direito difuso, pela indeterminabilidade dos


interessados, e de terceira geração, por refletir os direitos de solidariedade, juridicamente,
da forma como previsto, hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado não pode ser visto como um direito fundamental,
uma vez que não se encontra inserido no rol do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988.

e) Por se tratar de um direito transindividual, a proteção ao meio ambiente pode ser buscada
por meio da Ação Civil Pública, estando dentre os legitimados ativos o Ministério Público, a
Defensoria Pública, os entes públicos e algumas associações, bem como por meio da Ação
Popular, cuja legitimidade ativa compete ao cidadão, estando previsto, expressamente,
na Constituição Federal de 1988 as suas utilizações para finalidade de proteção do meio
ambiente.

DIREITO TRIBUTÁRIO

19. Sobre a Competência Tributária e a criação de tributos, assinale a alternativa correta:

a) Ao passo em que, para os Estados, Municípios e Distrito Federal a competência tributária


para instituir impostos é sempre privativa e exaustiva, para a União, é possível o exercício
da competência tributária residual ou da competência tributária extraordinária, desde que

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o faça por meio de Lei Complementar.

b) No exercício de sua competência tributária, é vedado à União, em qualquer situação,


a criação de impostos com base econômica atribuídas constitucionalmente aos Estados e
Municípios.

c) Ao passo em que a criação dos tributos em geral pode ser realizada por lei ou ato
normativo equivalente, para os impostos, há necessidade de existência de lei complementar
de caráter nacional que disponha sobre fato gerador, base de cálculo e contribuinte.

d) Com a finalidade de efetivar o princípio da isonomia no âmbito tributário, quando da


criação de tributos, é obrigatória, em todas as situações, a observância do caráter pessoal
e da graduação segundo a capacidade econômica do contribuinte.

e) Segundo a Constituição Federal de 1988, a criação de taxas não pode ter base de cálculo
ou fato gerador idênticos aos que correspondem ao imposto.

20. Sobre as Taxas, assinale a alternativa correta:

a) Dentre as hipóteses constitucionais para a criação de Taxas se encontra o efetivo ou


potencial exercício do Poder de Polícia.

b) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, para que seja possível a cobrança
de taxa, em razão do Poder de Polícia, é necessária a comprovação da existência de órgão
fiscalizador com competência e estrutura para o exercício da fiscalização.

c) Para instituição de taxas em razão do serviço público, deve ele ser específico, ou seja,
suscetível de utilização, separadamente, por parte da cada um dos usuários, e divisível, com
a possibilidade de ser destacado em unidades autônomas de intervenção.

d) Os serviços públicos podem gerar a criação de taxas ou impostos, acaso sejam gerais,
para o primeiro caso, e específicos para o segundo.

e) A taxa em razão de serviço público pode ser cobrada pela efetiva ou potencial
disponibilização do serviço.

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Acerca da Lei nº 8.666/93 que institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública, assinale a alternativa correta:

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a) Considera-se empreitada por preço global quando se contrata um empreendimento


em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante
em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua
utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características
adequadas às finalidades para que foi contratada.

b) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, em regra, será precedida de avaliação e, quando de
imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência. Quando
móveis, via de regra, dependerá de avaliação prévia e de licitação, não sendo necessária
autorização legislativa.

c) Convite é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que


atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

d) A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente relação


de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento de
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação ficará obrigada a garantir que os
referidos integrantes realizem os serviços objeto do contrato ao menos na condição de
supervisores.

e) A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação,


pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, incluindo o
projeto executivo, o qual não poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução
das obras e serviços.

22. “Consideramos, todavia, que três pontos são fundamentais para a caracterização do ato
administrativo. Em primeiro lugar, é necessário que a vontade emane de agente da Administração
Pública ou dotado de prerrogativas desta. Depois, seu conteúdo há de propiciar a produção de
efeitos jurídicos com fim público. Por fim, deve toda essa categoria de atos ser regida basicamente
pelo direito público.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed.
São Paulo: Atlas, 2015, p. 101). Tratando dos atos administrativos, assinale a alternativa correta:

a) Ato da Administração é sinônimo de Ato Administrativo, pois representa vontade


que emana de agente da Administração Pública ou dotado de prerrogativas desta, seu
conteúdo propicia a produção de efeitos jurídicos com fim público, e esse tipo de ato é

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regido basicamente pelo direito público.

b) Ato composto é aquele que resulta da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos,
cuja vontade se funde para formar ato único. Ato complexo é o derivado da manifestação
de dois ou mais órgãos em que a vontade de um é pressuposto ou complementar do outro,
existindo, todavia, dois atos, um principal e outro acessório.

c) Os atos de gestão são aqueles praticados pela Administração na qualidade de gestora


de seus bens e serviços, sendo típicos das atividades de administração de bens e serviços
em geral, assemelhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas, no entanto, por
serem emanados pelo Poder Público, não deixam de ter fundamento direto no princípio da
supremacia do interesse público.

d) A respeito dos atos discricionários, o entendimento majoritário da doutrina afirma


não haver discricionariedade quando a lei emprega conceitos jurídicos indeterminados na
descrição do motivo determinante da prática de um ato administrativo e, no caso concreto,
a Administração se depara com uma situação em que não existe possibilidade de afirmar,
com certeza, se o fato está ou não abrangido pelo conteúdo da norma.

e) Quanto ao silêncio administrativo, no caso em que a lei se omite sobre sua consequência,
seja o silêncio por ausência de manifestação volitiva no prazo fixado na lei, seja pela demora
excessiva na prática do ato quando a lei não estabeleceu prazo, poderá o interessado
requerer a expedição de ordem judicial à autoridade administrativa para que cumpra seu
poder-dever de agir e formalize manifestação volitiva expressa, sob pena de desobediência
a ordem judicial. Não poderá o Poder Judiciário, entretanto, substituir o administrador e
conceder diretamente o direito pleiteado pelo administrado.

23. Acerca da organização administrativa, assinale a alternativa correta:

a) A autarquia é criada diretamente por lei, não dependendo de atos constitutivos


posteriores para sua plena existência, ao passo que as fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista têm sua criação apenas autorizada por lei, dependendo de
atos constitutivos posteriores para a plena existência, e, no caso das fundações, exige-se
ainda lei complementar para definir as áreas de sua atuação.

b) A descentralização é um fenômeno de distribuição interna da competência decisória,


dividindo o ente federado em órgãos, os quais ficam ligados ao Estado por um vínculo de
hierarquia.

c) A desconcentração é transferência da responsabilidade do exercício de atividades

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administrativas do ente federado para outras pessoas jurídicas criadas para auxiliá-lo, as
quais se submetem à supervisão, ausente o elemento hierárquico.

d) A extinção dos entes da Administração Indireta independe de autorização legislativa,


pois a Constituição apenas exige lei para sua criação, não havendo, por isso, afronta ao
princípio da legalidade.

e) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, para atendimento do interesse


público e mediante previsão legal, poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do
setor privado.

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Tratando da Lei Complementar nº 101/2000, que estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, assinale a alternativa incorreta:

a) Receita corrente líquida é o somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos, no caso dos Estados, as parcelas entregues
aos Municípios por determinação constitucional, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da
compensação financeira dos diversos regimes de previdência social, em decorrência da
contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana.

b) Empresa estatal dependente é a empresa controlada que recebe do ente controlador


recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou
de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação
acionária.

c) Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que


serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas,
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a
que se referirem e para os dois seguintes. A lei de diretrizes orçamentárias conterá ainda
o Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos
capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se
concretizem.

d) É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação
ilimitada.

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e) A lei orçamentária poderá consignar dotação para investimento com duração superior a
um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize
a sua inclusão.

25. “Peculiariza o Direito Econômico, como vimos, a sua destinação à instrumentalização, mediante
ordenação jurídica, da política econômica do Estado; cuida-se, assim, de ramo do direito que se
destina a traduzir normativamente os instrumentos da política econômica do Estado.” (GRAU,
Eros. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 14ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 260).
Acerca da intervenção do Estado na economia, marque a alternativa correta:

a) A valorização do trabalho humano e a livre iniciativa são princípios da ordem econômica


previstos na Constituição.

b) O dever de manter o serviço adequado para as empresas concessionárias e permissionárias


de serviços públicos, contratadas sempre através de licitação, decorre expressamente do
texto constitucional.

c) A empresa pública que explore atividade econômica de produção ou comercialização


de bens ou de prestação de serviços sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais e trabalhistas, ressalvadas as
obrigações tributárias.

d) Tendo em vista a excepcionalidade, segundo a Constituição, do Estado explorar


diretamente a atividade econômica, a única hipótese de promover-se tal exploração é no
caso de relevante interesse coletivo.

e) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na


forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este indicativo
para o setor público e determinante para o setor privado.

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. A respeito dos métodos de interpretação constitucional, considere as seguintes assertivas:

I. Não há identidade entre a norma jurídica e o texto normativo, já que o texto frio da
norma de nada adianta se não for estudado com vias de aplicá-lo à realidade social, e isso
só será possível pela atividade judicial e administrativa.

II. Através de pressupostos subjetivos e objetivos, são feitas diversas leituras sobre o
texto de um mesmo dispositivo, em um ciclo hermenêutico que permitirá se chegar à
melhor solução para o caso concreto.

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III. Deve-se empregar, na interpretação constitucional, os métodos tradicionais de


hermenêutica utilizados para interpretar as leis, notadamente a partir daqueles elementos
desenvolvidos por Savigny.

IV. As normas constitucionais devem ser interpretadas de acordo com a vida em sociedade,
e, como a realidade social é dinâmica, as normas constitucionais também devem ser.

V. A partir do caso concreto, verifica-se a norma constitucional que melhor se aplica.


Já que o texto constitucional não é capaz de abranger todas as situações possíveis na
realidade social, busca-se adaptar o texto constitucional ao problema concreto.

A sequência que traz, na ordem correta, os métodos de interpretação constitucional a que


correspondem as ideias apresentadas em cada item é:

a) Método normativo-estruturante; método tópico-problemático; método clássico; método


científico-espiritual; método hermenêutico-concretizador.

b) Método hermenêutico-concretizador; método científico-espiritual; método clássico;


método tópico-problemático; método normativo-estruturante.

c) Método normativo-estruturante; método hermenêutico-concretizador; método clássico;


método científico-espiritual; método tópico-problemático.

d) Método científico-espiritual; método tópico-problemático; método normativo-


estruturante; método clássico; método hermenêutico-concretizador.

e) Método tópico-problemático; método normativo-estruturante; método clássico; método


hermenêutico-concretizador; método científico-espiritual.

27. Sobre o poder constituinte, assinale a afirmativa correta:

a) O poder constituinte derivado reformador é exercido por meio das emendas à


Constituição Federal, que serão votadas em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, e, se aprovada por três quintos dos votos dos respectivos membros, será enviada
para promulgação pelo Presidente da República.

b) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não


pode ser objeto de nova proposta no mesmo ano.

c) O poder constituinte derivado decorrente encontra como limite os princípios


constitucionais sensíveis, entre outros.

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d) O poder que os estados têm de modificar a constituição estadual chama-se poder


decorrente de segundo grau, e pode ser exercido com base nos limites estabelecidos tão
somente pela Constituição Federal.

e) O poder dos municípios de, através da Câmara Municipal, editar a sua Lei Orgânica, deverá
respeitar o conteúdo da Constituição Federal, mas não mantém relação de subordinação
com o conteúdo da Constituição Estadual.

28. Assinale a única alternativa que descreve caso que exige a observância da cláusula de reserva
do plenário (art. 97 CF/88):

a) Lei federal declarada inconstitucional por juiz estadual singular.

b) Medida provisória estadual declarada inconstitucional por questão que já tenha sido
objeto de decisão do próprio Tribunal.

c) Lei federal objeto de interpretação conforme a Constituição.

d) Decreto-lei declarado inconstitucional com base na Constituição Federal de 1988.

e) Lei municipal declarada inconstitucional em sede de controle de constitucionalidade no


próprio Tribunal de Justiça local.

DIREITO EMPRESARIAL

29. Acerca do direito empresarial, assinale a alternativa correta:

a) O Código Comercial de 1850 foi ab-rogado pelo advento do Código Civil de 2002.

b) O Código Civil de 2002 afastou a concepção subjetivista para a definição do empresário


até então presente no Código Comercial de 1850, introduzindo o critério objetivo da teoria
dos atos de comércio.

c) Tício é veterinário e possui um pequeno consultório no qual atua sozinho. Em razão


de súbito aumento de demanda, contratou uma secretária e dois auxiliares técnicos que,
sem substituir o trabalho de Tício, o auxiliam na condução de procedimentos cirúrgicos
em animais, desinfetando os instrumentos de trabalho e segurando os animais quando
necessário. Da situação narrada, conclui-se que Tício se tornou empresário.

d) Apesar de o CC/02 não ter definido diretamente o conceito de empresa, infere-se do


Código que empresa é o exercício organizado ou profissional de atividade econômica para

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a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

e) n.d.a.

30. Acerca to instituto da falência e a lei 11.101/05, assinale a alternativa correta:

a) Pelo princípio par conditio creditorum, a execução concursal deve priorizar certos
credores em detrimento de outros, exclusivamente em atenção às circunstâncias pessoais
de seu titular.

b) É competente para decretar a falência o juízo do local da constituição da dívida que


fundamentou o pedido de falência do devedor.

c) A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar


e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa.

d) A empresa pública, por possuir capital integralmente público, não se sujeita à falência
ou recuperação judicial. A sociedade de economia mista, entretanto, se sujeita como regra
à lei 11.101/05, salvo se for prestadora de serviço público.

e) É competente para decretar a falência o juízo do local do registro dos atos constitutivos
da empresa.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: NATALIA MAIA


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Dentre as novidades implementadas pelo Novo Código Processual Civil, aplica-se ao Processo
do Trabalho, conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho:

a) A possibilidade de as partes elegerem foro para a propositura de ação, modificando a


competência em razão do valor e do território.

b) O prosseguimento de julgamento não unânime de recurso ordinário, em sessão com a


presença de julgadores em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do
resultado inicial.

c) A prescrição intercorrente, cuja contagem se inicia após o transcurso de um ano da


suspensão da execução, pela não localização de bens penhoráveis.

d) O incidente de assunção de competência, quando o julgamento do recurso envolver


relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
processos.

e) O cômputo dos prazos processuais em dias úteis.

COMENTÁRIO

O Tribunal Superior do Trabalho, por meio da instrução normativa nº. 39, de 2016, fixou algumas
orientações acerca da aplicabilidade do novo Código Processual Civil no âmbito do Processo do Trabalho.
Em seu art. 2º, a IN especifica alguns preceitos do CPC de 2015 que não se aplicam à seara trabalhista,
ou porque não há omissão na legislação específica ou porque foram reputados incompatíveis com suas
peculiaridades. Vejamos alguns deles:

Alternativa (A): incorreta. O art. 63 do CPC de 2015, a exemplo do que já fazia o CPC de 1973, em seu
art. 111, estatui a possibilidade de as partes modificarem a competência relativa (em razão do valor e do
território), por meio do “foro de eleição”, que deverá constar de instrumento escrito e aludir expressamente
a determinado negócio jurídico.

Já na sistemática do Processo do Trabalho, o art. 651 da CLT estabelece a competência do juízo do: (1)

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local de prestação de serviços pelo empregado, independentemente de figurar como reclamante ou


reclamado; (2) em se tratando de agente/viajante comercial, do local em que a empresa tenha agência
ou filial a que o empregado esteja subordinado ou, em sua falta, do domicílio do empregado; (3) em se
tratando de empregador que promova a realização de atividades fora do lugar do contrato, do local da
celebração ou da prestação dos serviços, à escolha do empregado. Como não há omissão, o art. 63
não se aplica (art. 2º, I da IN 39, de 2016).

Alternativa (B): incorreta. O CPC de 2015 cria uma técnica de superação de divergência para substituir os
antigos embargos infringentes: quando o resultado da apelação for não unânime (salvo em determinadas
hipóteses), o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros
julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial (art. 942
do CPC de 2015). Tendo em vista que a CLT já regula de forma suficiente, em seu art. 895, a interposição
de recurso ordinário, não havendo omissão a ser suprida, o TST decidiu, no art. 2º, IX, da IN 39/2016, que
o dispositivo não se aplica ao Processo do Trabalho. Além disso, a aplicação do dispositivo acabaria por
retardar o desfecho do julgamento, contrariando a celeridade que norteia a justiça obreira.

Alternativa (C): incorreta. O §1º do art. 921 do CPC de 2015 determina que a execução seja suspensa pelo
prazo de um ano quando o executado não possuir bens penhoráveis. Após o decurso desse prazo de um
ano, conforme o §4º do dispositivo, tem início a contagem do prazo de prescrição intercorrente, ao final
do qual a prescrição deverá ser declarada de ofício pelo juiz, após a oitiva das partes, extinguindo-se a
execução.

No Processo do Trabalho, por outro lado, a execução é impulsionada de ofício pelo juiz (art. 878 da
CLT). Assim, o entendimento pela inaplicabilidade da prescrição intercorrente na justiça do trabalho, já
consubstanciado na Súmula 114 do TST, veio a ser confirmado pela Corte, ao afastar a aplicação do art.
921, §§4º e 5º, do CPC de 2015, na seara trabalhista (art. 2º, VIII, da IN 39/2016).

Alternativa (D): correta. Outra novidade trazida pelo CPC de 2015 é a criação de mais um incidente
processual: o incidente de assunção de competência. O art. 947 do código prevê o seguinte:

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa


necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com
grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.

Nessa hipótese, reconhecendo o interesse público na assunção da competência, o órgão colegiado do


Tribunal julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária, proferindo
acórdão que vinculará todos os juízes e órgãos fracionários. Como o dispositivo exige que não haja
“repetição em processos diversos”, entende-se que não cabe o incidente de assunção de competência
quando couber julgamento de casos repetitivos (Enunciado nº. 334 do FPPC). O Tribunal Superior do
Trabalho, vale dizer, concluiu pela compatibilidade do instituto com os preceitos trabalhistas, devendo ser
aplicado (art. 3º, XXV, IN 39/2016).

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Alternativa (E): incorreta. O art. 775 da CLT determina que os prazos são contínuos e irreleváveis,
contando-se com a exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento e encerrando-se, em
caso de vencimento em sábado, domingo ou feriado, no primeiro dia útil seguinte. Assim, tanto porque
não há omissão quanto pelo fato de o processo do trabalho ser norteado pelo princípio da celeridade,
a novidade estatuída pelo art. 219 do CPC de 2015, que determina que somente serão computados, na
contagem dos prazos processuais, os dias úteis, teve sua aplicação ao Processo do Trabalho rejeitada
pelo TST (art. 2º, III. IN 39, de 2016).

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

2. Em relação à ação rescisória, é correto afirmar, conforme entendimento mais recente do


Tribunal superior do Trabalho:

a) O pedido de tutela provisória formulado na petição inicial de ação rescisória com o


objetivo de suspender a execução da decisão rescindenda é inadmissível, devendo ser
recebido como medida acautelatória.

b) Não é passível de desconstituição, pela via da ação rescisória, sentença citra petita que
não tenha sido oportunamente impugnada por embargos de declaração.

c) Admite-se a rescisória de decisão proferida em ação rescisória, por má aplicação da


mesma norma jurídica tida por violada na rescisória anterior.

d) A legitimidade do Ministério Público para propor ação rescisória objetivando rescindir


decisão proferida em processo em que não foi parte é limitada às hipóteses das alíneas a,
b e c do inciso III do art. 967 do CPC, que traduzem rol exaustivo.

e) Cabe ação rescisória, por violação de norma jurídica, contra decisão baseada em
enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não
tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o
padrão decisório que lhe deu fundamento.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Antes do advento do CPC de 2015, prevalecia no TST o entendimento pela
inadmissibilidade do pedido de antecipação de tutela em sede de ação rescisória, de modo que, se
formulado, deveria ser recebido como medida acautelatória. O art. 969 do CPC de 2015, contudo,
elencou a concessão da tutela provisória como exceção à regra de que a propositura da ação
rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda. Diante disso, o Tribunal Superior do
Trabalho, em 26/04/2016, alterou a redação da Súmula nº. 405, passando a admitir o pedido de tutela
provisória formulado na petição inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a suspender a

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execução da decisão rescindenda.

Alternativa (B): incorreta. É qualificada como citra petita a sentença que deixa de enfrentar pedido
elaborado pela parte. Como o art. 1.013, §3º, inciso III, do CPC de 2015, dispõe que o pedido não decidido
por órgão inferior poderá ser decidido originariamente pelo tribunal no julgamento do recurso, parte
da doutrina passou a reputar incabível a ação rescisória nessa hipótese, entendendo que a parte deveria
propor uma nova ação veiculando o pedido que deixou de ser objeto de decisão. Nesse sentido, o
Enunciado 07 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) aduz que “o pedido, quando omitido
em decisão judicial transitada em julgado, pode ser objeto de ação autônoma”.

Entretanto, o TST, em abril de 2016, alterou a redação da OJ nº. 41 da SDI-2, ratificando o entendimento
de que a sentença citra petita pode ser desconstituída pela via da ação rescisória, por afronta aos artigos
141 e 492 do CPC de 2015, que tratam do princípio da adstrição, independentemente da prévia oposição
de embargos de declaração pela parte prejudicada.

Alternativa (C): incorreta. A figura da ação rescisória que busca desconstituir decisão proferida no âmbito
de uma outra ação rescisória é admitida pela jurisprudência, porém desde que o vício apontado surja na
própria decisão rescindenda, ou seja, apenas se for devidamente comprovado o vício de julgamento ou
patente erro de fato por parte do Juízo prolator da decisão da primeira ação rescisória. Assim, não
pode a parte, em rescisória de rescisória, pretender rediscutir a mesma norma jurídica tida por violada na
ação rescisória anterior, sob o fundamento de que foi mal aplicada, tendo em vista que as demandas não
podem ser perpetuadas por meio do ajuizamento de sucessivas ações rescisórias no tempo, e que esse
tipo de ação não pode ser utilizado como sucedâneo de recurso. O entendimento foi ratificado com a
alteração da Súmula nº. 400 do TST, em 26/04/2016.

Alternativa (D): incorreta. O CPC de 2015, em seu art. 967, III, elasteceu a legitimidade do Ministério
Público na propositura de ação rescisória, passando a prever, além das hipóteses de não ter sido ouvido
em processo em que lhe era obrigatória a intervenção e de sentença resultante de simulação ou de
colusão das partes, a fim de fraudar a lei, também os demais casos em que se imponha sua atuação.
Para o TST, as alíneas desse inciso traduzem hipóteses meramente exemplificativas, não limitando a
legitimidade “ad causam” do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido
parte no processo que deu origem à decisão rescindenda. O entendimento foi ratificado na súmula 407,
que teve sua redação alterada em sessão plenária divulgada em 26/04/2016.

Alternativa (E): correta. O entendimento tradicional do TST, consubstanciado na orientação jurisprudencial


nº. 25 da SDI-2, era pela inviabilidade do manejo de rescisória, por violação literal à disposição de lei (art.
485, V do CPC de 1973), sob o fundamento de contrariedade à súmula ou orientação jurisprudencial de
tribunal.

O CPC de 2015, contudo, passou a prever expressamente o cabimento da ação rescisória, com fundamento
no art. 966, V (que agora é tratado como violação manifesta de norma jurídica), contra decisão baseada em
enunciado de súmula, em uma hipótese: quando a decisão não tiver considerado a existência de distinção

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entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento (distinguishing).

O dispositivo que contém tal previsão (art. 966, §5º do CPC), assim como todos aqueles que disciplinam a
ação rescisória no CPC, já tiveram sua aplicabilidade ao Direito Processual do Trabalho reconhecida pelo
TST, conforme inciso XXVI do art. 3º da IN 39 de 2016.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

3. É correto afirmar, em relação à equiparação salarial:

a) A circunstância de o desnível salarial ter origem em decisão judicial que beneficiou o


paradigma afasta, como regra, o direito à equiparação salarial.

b) A vedação constitucional à equiparação para efeito de remuneração do pessoal do


serviço público (art. 37, XIII, da CF/88) somente abrange os estatutários, não impedindo a
equiparação salarial entre servidores contratados pela CLT.

c) A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, ainda que o empregado


passe a exercer a função em órgão governamental estranho à cedente, se ela responde
pelos salários do paradigma e do reclamante.

d) O simples desvio funcional na Administração não gera direito a novo enquadramento,


mas apenas às diferenças salariais respectivas, ressalvada a hipótese de o desvio de função
ter iniciado antes da vigência da CF/1988.

e) Para o reconhecimento do direito à equiparação salarial, é indispensável que reclamante


e paradigma estejam a serviço do estabelecimento ao tempo da reclamação.

COMENTÁRIO

O instituto da equiparação salarial é disciplinado pelo art. 461 da CLT, que assegura a correspondência
da remuneração na contraprestação do trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador e na
mesma localidade, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Aquele que pleiteia a equiparação
é chamado de paragonado, enquanto o empregado utilizado como “modelo” é denominado como
paradigma.

Alternativa (A): incorreta. Em regra, o fato de o desnível salarial ter origem em decisão judicial que
beneficiou o empregado que recebe maior remuneração (paradigma), quando presentes os requisitos
do art. 461 da CLT, não afasta o direito à equiparação. Essa regra somente é excepcionada quando: (1)
essa decisão judicial decorrer de vantagem pessoal do paradigma ou (2) tiver sido fundamentada em
tese jurídica já superada pela jurisprudência do TST; ou (3) se o empregador comprovar fato modificativo,
impeditivo ou extintivo do direito à equiparação salarial em relação ao paradigma remoto (beneficiário

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da decisão judicial), na equiparação salarial em cadeia. É o que dispõe o inciso VI da Súmula nº. 6 do TST,
republicada em 16/6/2015.

Alternativa (B): incorreta. O art. 37, XIII da CF/88 veda a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Isso porque a
equiparação acarretaria a obtenção de remuneração superior à prevista para o cargo ou emprego para
o qual o servidor fora nomeado ou contratado, pela via da equiparação prevista na norma trabalhista
infraconstitucional. Contudo, conforme já reconhecido na SV nº. 37, “não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”. Esse
entendimento, vale dizer, é válido para todos os servidores públicos da Administração direta, autárquica
e fundacional, ainda que tenham sido contratados pela CLT (OJ nº. 297 da SDI-1 do TST.

Alternativa (C): correta. O art. 461 da CLT prevê, como excludentes da equiparação: (a) diferença de
tempo no exercício da função, entre o paradigma e o paragonado, superior a dois anos (§1º do art. 461);
(b) existência de quadro de carreiras, homologado pelo Ministério do Trabalho, que preveja promoções
alternadas, dentro de cada categoria, por merecimento e antiguidade (§§2º e 3º do art. 461) e, por fim,
(c) o fato de o paradigma ser trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou
mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social (§4º, art. 461).

Como a cessão do empregado não foi prevista como excludente do direito à equiparação, entende-se
que o fato de o empregado que pleiteia a equiparação salarial (paragonado) exercer suas funções em
empregador diverso, em virtude de cessão, não impede a equiparação, quando o empregador responder
pelos salários tanto do paradigma quanto do paragonado:

Súmula 6 (…)

V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em


órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do
reclamante.

Alternativa (D): incorreta. No desvio de função, diferentemente da equiparação, o empregado, embora


contratado para o exercício de determinada função, desenvolve atividade inerente a função diversa,
considerando a estrutura de cargos do empregador. São, em regra, institutos excludentes. Enquanto,
na esfera privada, o desvio funcional pode ensejar novo enquadramento ou reclassificação dentro do
quadro de carreiras do empregador (enunciado nº. 127 do TST), no âmbito da Administração, em que
a criação de cargos e empregos está sujeita à edição de lei (art. 48, X, CF) e em que há exigência de
prévia aprovação em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público (art. 37, II), o
desvio funcional não gera direito ao reenquadramento, mas apenas às diferenças salariais respectivas. O
entendimento, contudo, é aplicado ainda que o desvio tenha se iniciado antes da CF/1988, bastando
que tenha se consumado em sua vigência. É o que dispõe a OJ nº. 125 da SDI-1 do TST:

125. DESVIO DE FUNÇÃO. QUADRO DE CARREIRA. O simples desvio funcional do empregado

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não gera direito a novo enquadramento, mas apenas às diferenças salariais respectivas, mesmo
que o desvio de função haja iniciado antes da vigência da CF/1988.

Alternativa (E): incorreta. Um dos requisitos da equiparação salarial diz respeito à exigência de que a
diferença de tempo de serviço do paradigma e do paragonado não seja superior a dois anos, sem o que
o trabalho não poderá ser considerado “de igual valor”, conforme determina o §1º do art. 461 da CLT. Por
outro lado, a jurisprudência do TST, conforme estabelecido no inciso IV do enunciado nº. 6, já se firmou
no sentido de reputar desnecessário que, ao tempo da reclamação que objetiva a equiparação salarial,
reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, bastando que o pedido se relacione a
situação pretérita.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSORES: NATALIA MAIA E JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com | profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO CIVIL

4. Quanto ao usucapião, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Ainda que preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, não é possível o reconhecimento
de usucapião especial urbana de imóvel com metragem inferior ao módulo mínimo
estabelecido no Plano Diretor do Município.

b) No usucapião constitucional urbano, não é dado ao possuidor somar à sua posse a dos
seus antecessores, ainda que contínuas e pacíficas.

c) O usucapião pode ser reconhecido extrajudicialmente, mediante requerimento do


interessado endereçado ao cartório de registro de imóveis da comarca em que estiver
situado o imóvel usucapiendo.

d) Na sentença que declara a usucapião especial coletiva de imóvel urbano, o juiz deverá
atribuir igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão
do território que cada um ocupe.

e) Os bens públicos, ainda que classificados como dominicais, não podem ser objeto de
usucapião.

COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta, devendo ser assinalada. A Constituição Federal prevê, em seu artigo 183,

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a chamada usucapião especial urbana, tendo como requisitos: (1) a posse mansa e pacífica, por, no
mínimo, 5 anos ininterruptos; (2) de área urbana de, no máximo, 250m²; (3) a utilização do imóvel para
moradia da pessoa ou de sua família; (4) a inexistência de outro bem imóvel de propriedade de quem
pretende usucapir.

É possível que Município fixe, em seu Plano Diretor, determinada dimensão mínima para os imóveis
urbanos, vedando o registro de imóveis com metragem inferior àquela estabelecida. A inobservância a
esse módulo mínimo fixado na legislação local, contudo, não impossibilita ao juízo declarar a usucapião
do imóvel urbano, quando forem preenchidos os demais requisitos estabelecidos na CF/88. Isso porque,
conforme tese fixada pelo STF em repercussão geral (RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
29/4/2015), o preenchimento dos requisitos fixados pelo art. 183 da CF/88 é suficiente para fazer surgir
o direito a usucapião especial urbana, não sendo possível impor obstáculos de índole infraconstitucional
(legislação local) ao aperfeiçoamento do modo originário de aquisição da propriedade previsto na própria
Constituição.

Alternativa (B): correta. O art. 1.207 do Código Civil estatui, ao tratar da aquisição da Posse, que o
sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, facultando ao sucessor singular unir
sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Em consonância com essa previsão, o art. 1.243 do
mesmo diploma permite ao possuidor somar à sua posse a dos seus antecessores (accessio possessionis)
na contagem do tempo para usucapir, desde que todas sejam contínuas e pacíficas. Já ao usucapião
especial urbano e ao usucapião especial rural, contudo, por encontrarem tratamento específico
na CF/88, não se aplica o instituto da soma das posses. Esse entendimento foi objeto do enunciado
nº. 317, aprovado na IV Jornada de Direito Civil:

317 – Art. 1.243. A accessio possessionis, de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código
Civil, não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma
legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191,
respectivamente.

Alternativa (C): correta. Uma das novidades trazidas pelo novo Código Processual Civil foi a ampliação
do tratamento da usucapião extrajudicial ou administrativa, até então somente previsto para hipótese
específica, tratada no art. 60 da Lei do Minha Casa, Minha Vida (L. nº. 11-979/09).

O art. 216-A, inserido na Lei dos Registros Públicos pelo art. 1.071 do CPC de 2015, admite o pedido de
reconhecimento extrajudicial de usucapião, a ser processado diretamente perante o cartório do registro
de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado,
representado por advogado. Após dar ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município,
publicar edital para ciência de terceiros e aguardar o decurso do prazo de 15 dias, dentro do qual os
entes e eventuais interessados poderão se manifestar, o oficial de registro de imóveis, se não houver
impugnação do pedido, registrará a aquisição do imóvel.

Alternativa (D): correta. O art. 10 do Estatuto da Cidade (L. nº. 10.257/2001) trata da modalidade de

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usucapião denominada de usucapião especial urbana coletiva, estabelecendo, para seu aperfeiçoamento,
os seguintes requisitos: a) área mínima de 250m²; b) ocupação por população de baixa renda destinada à
moradia; c) posse sem oposição por, no mínimo, 5 anos ininterruptos; d) impossibilidade de identificação
dos terrenos ocupados por cada possuidor; e) possuidores não proprietários de outro imóvel urbano
ou rural. O §3º desse artigo, por sua vez, determina que, ao reconhecer a usucapião coletiva, o juiz
deverá atribuir igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão
do terreno que cada um ocupe. Essa regra só será excepcionada se houver acordo escrito entre os
condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.

Alternativa (E): correta. Ao tratar da usucapião especial de imóvel urbano e rural, a CF/88 veda
expressamente a aquisição de imóveis públicos por usucapião, conforme especificado no §3º do art. 183
e no § único do art. 191. Essa mesma proibição é reproduzida no art. 102 do Código Civil, ao dispor que
“os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”. Como a lei não faz nenhuma ressalva, prevalece na
jurisprudência e doutrina o entendimento de que a imprescritibilidade (qualidade de não ser passível de
usucapião) abrange todas as espécies de bens públicos.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

5. Em relação à contagem dos juros e correção monetária, assinale a alternativa correta:

a) Em caso de danos materiais decorrentes de responsabilidade extracontratual, os juros


moratórios fluem a partir da citação.

b) Em caso de danos morais decorrentes de responsabilidade extracontratual, os juros


moratórios fluem a partir da citação.

c) No caso de obrigação contratual positiva e líquida, com vencimento certo, os juros


moratórios correm a partir da data do vencimento da dívida.

d) A correção monetária da indenização por danos materiais incide desde a data do


arbitramento.

e) A correção monetária de indenização por danos morais incide a partir da data do efetivo
prejuízo.

COMENTÁRIO

O termo inicial para a contagem dos juros e da correção monetária varia a depender da origem da
dívida, se contratual ou extracontratual, bem como da natureza dos danos, se morais ou materiais. Como
o tema já foi objeto de três súmulas e diversos julgados do STJ, vale a pena compreendermos melhor as
diferenças. Vamos lá:

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Alternativa (A): incorreta. Juros moratórios são aqueles que se destinam a ressarcir o devedor pelo
descumprimento parcial da obrigação. Como regra, são devidos desde a constituição em mora do
devedor e não dependem de alegação e prova do prejuízo suportado. O termo a quo da incidência
desses juros varia segundo a espécie de responsabilidade (contratual ou extracontratual).

O art. 398 do Código Civil dispõe que, nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor
em mora, desde que o praticou. Diante disso, o STJ editou a súmula nº. 54, prevendo que: os juros
moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. Logo, na
responsabilidade extracontratual, independentemente de dizer respeito a danos morais ou materiais, o
termo inicial da incidência de juros moratórios será sempre o evento danoso.

Alternativa (B): incorreta. Esclarecemos que o termo a quo dos juros moratórios independe de a dívida ter
origem em danos morais ou materiais, importando somente verificar se decorrem de responsabilidade
contratual ou extracontratual. Em caso de responsabilidade extracontratual, os juros incidirão
sempre a partir da data do prejuízo, e não da citação.

Alternativa (C): correta. Na responsabilidade contratual, os juros moratórios estão inexoravelmente


ligados à própria configuração da mora. O art. 397 do Código Civil explica que o inadimplemento da
obrigação positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor (mora ex re).
Já o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que, não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial (mora ex persona).

Assim, embora o art. 405 do Código Civil preveja que os juros de mora são contados desde a citação,
a incidência do dispositivo se limita às hipóteses em que a citação representa o papel de notificação
do devedor ou àquelas em que o objeto da prestação não tem liquidez. Em se tratando de obrigações
líquidas com vencimento certo, por outro lado, os juros serão contados desde o inadimplemento da
obrigação, a menos que haja estipulação contratual ou legislação específica em sentido diverso. Veja
exemplo de julgado nesse sentido:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - JUROS MORATÓRIOS - AÇÃO MONITÓRIA - NOTA


PROMISSÓRIA - RESPONSABILIDADE CONTRATUAL - VENCIMENTO DA DÍVIDA. 1.- Embora
juros contratuais em regra corram a partir da data da citação, no caso, contudo, de obrigação
contratada como positiva e líquida, com vencimento certo, os juros moratórios correm a partir
da data do vencimento da dívida. (STJ, Corte Especial. EREsp 1.250.382-PR, Rel. Min. Sidnei
Beneti, julgado em 2/4/2014 - divulgado no informativo nº. 537/STJ).

Logo, em se tratando de responsabilidade contratual, os juros de mora incidem ou a partir do


vencimento da obrigação, nos casos de obrigação líquida, ou a partir da citação, nos casos de obrigação
ilíquida. Resumindo, podemos nos orientar pela tabela abaixo:

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Responsabilidade
Responsabilidade contratual
extracontratual
Mora ex re: juros fluem a partir do vencimento da obrigação
Os juros fluem a partir do evento líquida (entendimento do STJ)
danoso (Súmula 54/STJ) Mora ex persona/obrigação ilíquida: juros fluem a partir da
citação (art. 405, CC).

Alternativa (D): incorreta. A incidência da correção monetária, por sua vez, diferentemente do que
ocorre em relação aos juros moratórios, não depende da natureza contratual ou extracontratual da
responsabilidade, variando à medida que tenha como objetivo atualizar indenização fixada por
danos materiais ou morais.

A atualização monetária é estipulada não como um apenamento, mas como garantia de manutenção do
poder da moeda, com a contemplação da inflação, impedindo que o lesado receba menos do que tem
direito. Diante disso, a jurisprudência do STJ, sedimentada na Súmula 43, se fixou no sentido de que, em
se tratando de danos materiais (contratual ou extracontratual) a correção monetária incidirá a partir da
data do efetivo prejuízo.

Alternativa (E): incorreta. Já em relação aos danos morais, como o valor do prejuízo não é de antemão
conhecido, vindo a ser fixado por decisão judicial, o termo inicial da correção monetária é a data de
arbitramento do valor, ou seja, a data do julgamento. É o que dispõe o enunciado nº. 364/STJ. Assim,
temos o seguinte, em relação ao termo inicial da correção monetária:

Danos materiais (extracontratual ou


Danos morais (extracontratual ou contratual)
contratual)
Incide correção monetária sobre dívida por A correção monetária do valor da indenização
ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo do dano moral incide desde a data do
(súmula 43/STJ). arbitramento (súmula 362/STJ)

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

6. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa incorreta:

a) O rol do art. 44 do CC/2002, que relaciona as pessoas jurídicas de direito privado, é


exemplificativo, segundo a doutrina.

b) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos.

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c) No CC/02, a ausência passa a ter um efeito que não detinha no Código anterior, qual
seja, o efeito pessoal familiar, de modo que o vínculo matrimonial pode ser dissolvido
pela morte presumida do cônjuge ausente, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.

d) O rol do parágrafo único do art. 62, que versa sobre as finalidades institucionais admitidas
para a instituição de fundações privadas, é exemplificativo, mesmo antes da nova redação
que lhe foi dada pela Lei n°. 13.151/2015.

e) A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tipifica o abuso de direito como ato ilícito
e tem fundamento constitucional nos princípios da solidariedade, devido processo legal e
proteção da confiança, sem olvidar do fato de que tal instituto se enquadra como categoria
jurídica autônoma em relação à responsabilidade civil, de sorte que o exercício abusivo de
posições jurídicas desafia controle independentemente de dano.

COMENTÁRIO

A questão aborda tema caríssimo aos concursos públicos em geral e, da mesma forma, para as
Procuradorias Municipais e Estaduais, já que tem sido recorrente a cobrança de questões sobre parte
geral do Código Civil e temas doutrinários nessa seara.

De início, destaco a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta
final da prova, os dispositivos pertinentes à parte geral do Código Civil de 2002, por se tratar de temas
cuja cobrança é reiterada em todo e qualquer concurso de nível mais complexo.

Procuramos, nesta questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, de modo a diversificar o leque
de temas e dar profundidade no conteúdo.

Alternativa (A): CORRETA. O rol previsto no art. 44 do CC/2002 é EXEMPLIFICATIVO, essencialmente


porque seria impossível que o diploma civilista estabelecesse, com rigor, todas as possíveis formas de
constituição das pessoas jurídicas de Direito Privado, em razão da natural fluidez que exige o tema.

Segundo Flávio Tartuce (in Manual de direito civil: Volume único. 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015), “(...) o Código Civil de 2002 adota um sistema aberto,
baseado em cláusulas gerais. Por isso, as relações previstas em lei, pelo menos a princípio, devem
ser consideradas abertas, com rol exemplificativo (numerus apertus), e não com rol taxativo
(numerus clausus)”. O referido autor aponta, como exemplo dessa abertura normativa, a possibilidade
de se reconhecer personalidade jurídica ao condomínio edilício, que não consta do rol do art. 44 do
CC/2002.

Ademais, esse assunto foi objeto de Enunciado das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça
Federal - CJF:

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“Enunciado 144 – A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44,
incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva”.

Alternativa (B): INCORRETA. Trata-se da antiga redação do art. 3º, II, do CC/2002, alterada pela Lei
n. 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), que estabelecia como causa de
incapacidade absoluta para o exercício de atos da vida civil a ausência de discernimento, causada por
enfermidade ou doença mental. Em face da nova redação do art. 3º do CC/2002, apenas há de se falar
em incapacidade absoluta, prima facie, em função do critério BIOLÓGICO, ou seja, pela idade do sujeito.

Anteriormente, de acordo com o art. 3º do Código Civil de 2002, eram absolutamente incapazes: os
menores de dezesseis anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tivessem o necessário
discernimento para a prática desses atos; os que, mesmo por causa transitória, não pudessem exprimir
sua vontade.

Atualmente, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
(art. 2º da Lei 13.146/2015). Confiram a redação dessa nova Lei, é provável a cobrança das alterações por
ela introduzidas!

Alternativa (C): CORRETA. Nos termos do art. 1.571, § 1.º, do CC/2002 (“O casamento válido só se dissolve
pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código
quanto ao ausente”), a morte por ausência põe fim ao casamento, estando o ex-cônjuge livre para casar
com terceiro. Trata-se de inovação expressa do CC/2002.

Alternativa (D): CORRETA. O CC/2002 dedica Capítulo próprio para a regência básica das fundações
privadas, iniciando a disciplina das referidas entidades a partir do art. 62, cujo parágrafo único foi objeto
de recente alteração pela Lei n. 13.151/2015, que decidiu suprimi-lo e criar, mediante inserção de dez
incisos novos, um rol mais amplo e detalhado das atividades institucionais típicas das fundações.

Embora a Lei tenha intentado melhor disciplinar o tema, a doutrina, antes mesmo dessa alteração
normativa, já referia ao rol existente no parágrafo único como meramente exemplificativo, pois sempre
se entendeu que a fundação poderia ser instituída para o exercício das atividades agora previstas na nova
redação do dispositivo. Existiam, inclusive, dois enunciados das Jornadas de Direito Civil nesse sentido:

“Enunciado 8 – Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos,
educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62,
parágrafo único.
Enunciado 9 – Art. 62, parágrafo único: o art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado
de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos”.

Desse modo, a alteração foi interessante como uma forma de deixar expressa essa possibilidade. No
entanto, como já dito, representa apenas a consagração de algo que já era pacífico na doutrina.

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Alternativa (E): CORRETA. Trata-se de questão que enfrenta o fundamento da instituição jurídica do
“abuso de direito” e, ao mesmo tempo, as consequências e nuances para sua concretização.

Cobrou-se, em suma, a combinação da redação do Enunciado n. 414 das Jornadas de Direito Civil
(“Art. 187. A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento constitucional nos princípios da
solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança e aplica-se a todos os ramos do direito”) com o
entendimento doutrinário majoritário sobre a modalidade de responsabilidade decorrente da incidência
em abuso de direito, igualmente consagrado em Enunciado das Jornadas de Direito Civil: “o abuso de
direito é uma categoria jurídica autônoma em relação à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo
de posições jurídicas desafia controle independentemente de dano” (Enunciado n. 539 – VI Jornada).

Sobre o tema, registre-se ainda que, segundo Pablo Stolze, o Código adotou o critério finalístico para a
identificação do abuso de direito, secundando, assim, Silvio Venosa, quando este afirma que “o critério
de culpa é acidental e não essencial para a configuração do abuso” (in Direito Civil — Parte Geral, São
Paulo: Atlas, 2001, p. 499). Nesse passo, estabelece o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil: “A
responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independente de culpa e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalistico”.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta:

a) A aplicação do princípio da saisine não implica em transferência definitiva da herança, o


que ocorre somente quando aceita pelo herdeiro, ou seja, desde que este não a renuncie.

b) Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, será reservada a quarta


parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.

c) O fideicomisso pode ser instituído por atos inter vivos, a exemplo da doação com
cláusula de reversão.

d) Não é possível a aceitação presumida da herança, que deve ser sempre expressa ou
tácita.

e) A renúncia da herança, quando manifestada de forma expressa, deve ocorrer sempre


por instrumento público ou termo judicial, sendo possível ocorrer também de forma tácita
ou, ainda, presumida, conforme doutrina majoritária.

COMENTÁRIO

O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, além de que Direito das Sucessões é matéria

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pouco explorada pelos alunos, o que evidencia maior grau de erro nessas questões.

Renovo a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta final da
prova, os dispositivos pertinentes do Código Civil de 2002.

Procuramos, nesta questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, de modo a diversificar o leque
de temas e dar profundidade no conteúdo.

Alternativa (A): CORRETA. O artigo 1804 do Código Civil disciplina a transmissão definitiva:

“Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da


sucessão, parágrafo único: A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia
à herança’’.

É importante distinguir a transmissão da herança, que ocorre com o simples óbito (aplicação do princípio
da saisine), da sua aceitação e efetiva incorporação ao patrimônio jurídico do herdeiro. Flávio Tartuce (in
Manual de Direito Civil, 2016, Ed. Método do) sintetiza bem o tema:

“A aceitação da herança é o ato do herdeiro que confirma a transmissão da herança. Não


se trata do ato que gera a transmissão da herança em si, o que ocorre, por força do art.
1.784 do CC e da saisine, com abertura da sucessão, que se dá pela morte do falecido”. Como
aponta Zeno Veloso, “a aceitação é necessária porque ninguém pode ser herdeiro contra a sua
vontade, conforme o antigo brocardo: invito non datur beneficium (ao constrangido, ou a quem
não quer, não se dá o benefício)”.

Portanto, conforme dispõe o art. 1.804, caput, do CC, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão
ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. De outro modo, a transmissão tem-se por não verificada,
inclusive com efeito ex tunc (retroativo), quando o herdeiro renuncia à herança (art. 1.804, parágrafo
único, do CC). Por fim, o princípio da saisine está exposto no Art. 1.784, do CC/2002:

“Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.

Alternativa (B): INCORRETA. A regra é que o cônjuge sobrevivente, quando concorrer com descendentes
comuns do “de cujus”, detenha, pelo menos, a quarta parte da herança, conforme dispõe o no Art. 1.832,
do CC/2002:

“Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual
ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da
herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer”.

No entanto, a questão exigiu a regra quanto à sucessão “híbrida”, na qual o cônjuge sobrevivente concorre
com descendentes comuns (de ambos) e com descendentes exclusivos do autor da herança, hipótese
esta não prevista pelo legislador, configurando uma lacuna normativa. A doutrina amplamente majoritária
entende que não se deve fazer a reserva da quarta parte ao cônjuge, tratando-se todos os descendentes

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como exclusivos do autor da herança.

Sobre o tema, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (in Novo curso de direito civil. Direito das
sucessões. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 7. p. 234) assim se manifestam:

“O entendimento prestigia os filhos em detrimento do cônjuge, sendo essa a opção constitucional,


na opinião deste autor. Adotando a premissa, na V Jornada de Direito Civil aprovou-se o seguinte
enunciado: “Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será reservada a
quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida” (Enunciado n. 527)”.

Alternativa (C): INCORRETA. O fideicomisso é uma espécie de substituição testamentária, instituto pelo
qual o testador chama uma pessoa para receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou
após o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele
cessar por qualquer causa.

No tocante especificamente à substituição fideicomissária, esta se aplica aos casos em que o testador
institui herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o legado se
transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição,
em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário (art. 1.951 do CC). Trata-se de tríplice relação:
o fideicomitente (testador ou autor da herança) faz uma disposição do patrimônio para o fiduciário
(1º herdeiro) e para o fideicomissário (2º herdeiro). Ocorrendo o termo ou a condição fixada, o bem é
transmitido para o fideicomissário.

Assim, o fideicomisso não pode ser instituído por contrato, sob pena de infringir a proibição do pacto
sucessório, constante do art. 426 do CC. Nessa linha, na V Jornada de Direito Civil aprovou-se o seguinte
enunciado doutrinário: “O fideicomisso, previsto no art. 1.951 do Código Civil, somente pode ser instituído
por testamento” (Enunciado n. 529). Vide a redação do mencionado art. 1.951, que alude apenas a
“testador”:

“Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte,
a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte,
a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário”.

Alternativa (D): INCORRETA. É possível a aceitação presumida da herança, que ocorre mediante
provocação de terceiros para que o herdeiro se manifeste expressamente sobre tal ato, oportunidade em
que, mantendo-se silente, será presumida a aceitação. Trata-se de exceção à regra geral prevista no art.
111 do CC/2002, a qual aponta que o silêncio não implicará manifestação de vontade em determinado
sentido.

Observe, ainda, que um credor do herdeiro, ao tomar conhecimento da morte do pai dele, pode exigir
que este se manifeste, de modo que, mantido o silêncio ou mesmo em caso de renúncia da herança,
poderá o credor aceitá-la em seu lugar, a fim de satisfazer seu crédito, nos termos do art. 1.813, do
CC/2002: Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão

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eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

OBS: Fique atento ao tema, que é recorrente em concursos e não confunda a aceitação tácita
com a presumida. Aquela decorre de atos que, inequivocamente, exprimem o desejo de aceitar a
herança, enquanto esta é decorrente de provocação de terceiros. Segue quadro expositivo das formas
de aceitação da herança e outros comentários da matéria, contido no livro de Flávio Tartuce (Manual de
Direito Civil, 2016, Ed. Método):

a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento
público ou particular.

b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Como
exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem e começa a administrá-
lo e a geri-lo como se fosse seu. Nos termos da lei, não exprimem aceitação de herança os
atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração
e guarda provisória de bens (art. 1.805, § 1.º, do CC). Ademais, não importa igualmente em
aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros (art. 1.805, § 2.º,
do CC).

c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado em
que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão,
requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro. Isso,
sob pena de se haver a herança por aceita. Nota-se que a parte final do dispositivo consagra
exceção à regra da teoria geral do Direito Civil pela qual quem cala não consente, retirada do
art. 111 do CC.

Alternativa (E): INCORRETA. A renúncia da herança SEMPRE deve ocorrer de forma EXPRESSA,
constando de instrumento público ou termo judicial, conforme deixa claro o art. 1.806 do CC/2002: “A
renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial”.

Portanto, NÃO se admite a renúnciatácita, presumida ou verbal. O desrespeito a essa regra importa
em nulidade absoluta do ato, em razão de desrespeito à forma e à solenidade prevista para tal instituto
jurídico (aplicação do art. 166, IV e V, do CC).

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

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PROFESSOR: JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta:

a) Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, o


inadimplemento da sanção pecuniária obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade.

b) A quebra da fiança ocorre quando o réu descumpre uma das condições fixadas no
ato de concessão dessa medida cautelar e tem por consequências: a perda do valor total
que pagou a esse título; a imediata decretação da prisão preventiva; e a possibilidade de
aplicação cumulativa de medida cautelar diversa.

c) Desde que, cumulativamente, inexista dúvida a respeito do direito de quem postula e a


coisa apreendida não mais interesse aos rumos da investigação ou do processo, o Delegado
de Polícia ou o Juiz, conforme o caso, após a oitiva prévia do Ministério Público, poderá
determinar a restituição do bem apreendido a quem de direito, mediante simples pedido
de restituição.

d) Contraria a Constituição Federal norma de Constituição Estadual que condicione o


processamento de Governador por crime de responsabilidade à prévia licença da Assembleia
Legislativa, bem como para o processamento dos crimes comuns.

e) A Assembleia Legislativa tem competência para autorizar o processamento criminal do


Governador do Estado, e, no uso das prerrogativas inerentes a tal competência, também
pode decretar medidas cautelares pessoais a incidirem sobre essa autoridade, tal como a
prisão preventiva.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): INCORRETA. Trata-se de tema julgado na sistemática dos recursos repetitivos (Tema 931),
no âmbito do STJ: “Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, cumprida a
primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha substituído), o inadimplemento da sanção
pecuniária não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade” (STJ, REsp 1.519.777-SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 26/8/2015, DJe 10/9/2015 – Informativo 568).

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O principal argumento desfilado no referido julgado é que “A Lei 9.268/1996 deu nova redação ao art.
51 do CP e extirpou do diploma jurídico a possibilidade de conversão da pena de multa em detenção, no
caso de inadimplemento da sanção pecuniária. Após a alteração legislativa, o mencionado artigo passou a
vigorar com a seguinte redação: ‘Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada
dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição’. Portanto, diante da nova
redação dada ao CP, a pena de multa não mais possui o condão de constranger o direito à locomoção
do sentenciado”. É primordial conferir o seu inteiro teor ou, pelo menos, os principais trechos que deram
fundamento à decisão.

OBS: é importante destacar que o Supremo Tribunal Federal aparenta moderar um pouco o
entendimento perfilhado pelo STJ, ao reputar ser vedada a progressão de regime prisional quando
inadimplida reiteradamente a multa, sem justificativa plausível, conforme consta do Info n. 780:

“O inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado


impede a progressão no regime prisional. Essa regra somente é excepcionada pela comprovação
da absoluta impossibilidade econômica do apenado em pagar o valor, ainda que parceladamente”.

Alternativa (B): INCORRETA. A fiança é uma espécie de medida cautelar, prevista no art. 319, VIII, do CPP,
consistente em uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real), prestada em favor do indiciado
ou réu, para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade. No mesmo ato, o Juiz
fixa determinadas obrigações processuais (arts. 327 e 328 do CPP), cujo descumprimento implicará na
quebra da fiança, que tem por consequências:

a) Em regra, perde a METADE do valor dado em fiança; pode perder integralmente no caso
do acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta
(art. 344, CPP, com redação dada pela Lei n. 12.403/2011);

b) imposição de outras medidas cautelares (art. 319) ou até mesmo a decretação da prisão
preventiva do indiciado/réu se o juiz entender que somente a segregação é suficiente para o
caso concreto;

c) impossibilidade de ser concedida nova fiança ao indiciado/réu neste mesmo processo.

Portanto, o equívoco da questão está em afirmar que a quebra da fiança acarretará a perda do valor
integral, pago pelo réu quando da concessão da medida, e da imediata decretação da prisão preventiva,
considerando que tal medida deverá ser avaliada de acordo com as especificidades do caso, já que
poderá o Juiz determinar a aplicação de outra medida cautelar que entender suficiente para a garantia
da instrução criminal.

Alternativa (C): CORRETA. A doutrina costuma apontar diferença entre o pedido de restituição
propriamente dito e o incidente de restituição, visto que são formas distintas de postular, no âmbito penal,
a devolução de um bem que se encontra sob apreensão. Cléber Masson (Processo Penal Esquematizado,

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2014, Editora Método) bem demonstra essa distinção:

“O pedido de restituição é um procedimento bastante simples. Poderá ser formulado tanto à


autoridade policial no curso do inquérito quanto ao juiz no curso do processo criminal. É inserido
nos próprios autos do inquérito ou do processo e pode ser deferido pelo delegado de polícia o
pelo magistrado, desde que as coisas a serem restituídas não mais interessem ao processo (art.
118 do CPP), que não se trate de objetos que a lei proíbe a restituição (art. 119 do CPP) e que
não haja dúvida quanto ao direito do reclamante (art. 120 do CPP). Aplica-se àquelas hipóteses
em que a propriedade da coisa apreendida é indiscutível e se encontra demonstrável de plano.

(...) O incidente de restituição, opostamente, é procedimento instaurado em hipóteses


específicas, previstas em lei, justificando-se na necessidade de produção de provas do direito à
restituição. Somente pode ser desencadeado por determinação judicial, o que poderá ocorrer ex
officio, mediante provocação da autoridade policial (no curso do inquérito) ou da própria parte
interessada (no curso do inquérito ou do processo). Autuado em apartado, o incidente é cabível
em duas hipóteses: a) Existência de dúvida quanto ao direito de quem pede a devolução; e b)
Quando os bens reclamados tiverem sido apreendidos em poder de terceiro de boa-fé.

OBS: é imperioso apontar que, tanto no incidente como no pedido de restituição, será imprescindível
a oitiva do Ministério Público (Art. 120, § 3º, CPP: “Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o
Ministério Público”). Confiram, quando possível, o seguinte julgado sobre o tema: STF, Pet 5.173 AgR/DF,
1ª T., rel. Min. Dias Toffoli, j. 30-9-2014, DJe 226, de 18-11-2014.

Alternativa (D): INCORRETA. O STF, no julgamento da ADI n. 4.791-PR (Informativo 774), cujo Relator foi
o Min. Teori Zavascki, reputou que:

“é constitucional norma prevista em Constituição estadual que preveja a necessidade de


autorização prévia da Assembleia Legislativa para que sejam iniciadas ações por crimes comuns
e de responsabilidade eventualmente dirigidas contra o governador de Estado”.

Destacou-se, como fundamentos da decisão, que, primeiramente, durante a fase inicial de tramitação de
processo instaurado contra Governador, a Constituição estadual deve obedecer à sistemática disposta na
legislação federal, por força do princípio da simetria, e, em segundo plano, que:

“Esse entendimento – que submete à Assembleia Legislativa local a avaliação política sobre a
conveniência de autorizar-se, ou não, o processamento de acusação penal contra o Governador
do Estado – funda-se na circunstância de que, recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo
Superior Tribunal de Justiça, dar-se-á a suspensão funcional do Chefe do Poder Executivo
estadual, que ficará afastado, temporariamente, do exercício do mandato que lhe foi conferido
por voto popular, daí resultando verdadeira ‘destituição indireta de suas funções’, com grave
comprometimento da própria autonomia político-institucional da unidade federada que dirige”.

Ademais, segue interessante argumento veiculado no voto do Min. Celso de Mello:

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“Eventuais episódios de negligência deliberada das Assembleias Legislativas não constituem


fundamento idôneo para justificar a mudança dessa jurisprudência, cabendo considerar que
a superveniência da EC 35/01, que suprimiu a necessidade de autorização legislativa para
processamento de parlamentares, não alterou a situação jurídica dos Governadores”.

Alternativa (E): INCORRETA. No mesmo julgamento da ADI n. 4.791-PR, o STF decidiu que:

“O controle político exercido pelas Assembleias Legislativas sobre a admissibilidade das acusações
endereçadas contra governadores não conferiria aos parlamentos locais a autoridade para
decidir sobre atos constritivos acessórios à investigação penal, entre eles as prisões cautelares”.

Sobre o tema, é pertinente ainda observar que na jurisprudência do STJ preponderava o entendimento
de que, sem licença da Assembleia Legislativa, não era possível decretar medidas cautelares contra
Governador de Estado, sob o argumento de que, se para o mais (processamento) exigia-se a licença
parlamentar, para o menos com muito mais razão seria ela imperiosa.

Porém, o tema foi enfrentado novamente no Inq. 650-DF (Caso do Governador Arruda), pela Corte
Especial do STJ, no dia 11.02.10, ocasião em que se fixou um relevante precedente no sentido de admitir a
possibilidade de o Judiciário autorizar a adoção de medidas cautelares contra governadores dos estados,
sem a prévia autorização das Assembleias Legislativas estaduais. A licença legislativa é (em tese) uma
garantia para o regular exercício do Governo. Por razões políticas ou eleitorais, é possível que algum
chefe do executivo seja perseguido indevidamente.

Os argumentos essenciais para superar a preliminar relacionada com a exigência de licença prévia foram
os seguintes: (a) “a situação excepcional das acusações contra Arruda e vários integrantes de seu governo,
visto que grande parte dos deputados distritais está envolvida com as denúncias”; (b) que a exigência
de licença prévia diz respeito unicamente à abertura de processo contra o governador (não alcançaria,
destarte, a adoção das medidas cautelares, ainda que pessoais). OBS: O STF denegou a liminar pretendida
pelo Gov. Arruda no HC 102.732 – confiram os julgados citados!

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

9. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta:

a) Em caso de concurso de crimes ocorridos em jurisdições da mesma categoria, prevalecerá


a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, desde que as respectivas
penas possuam gravidade diversa.

b) A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo no


concurso entre a jurisdição comum e a militar.

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c) A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de


estelionato, da competência da Justiça Federal.

d) Os membros do Ministério Público de Contas de Tribunal de Contas Estadual serão


julgados pelo Tribunal de Justiça da respectiva unidade federativa, nos casos de crimes
comuns e de responsabilidade.

e) Se houver conexão entre crime de competência da justiça federal e contravenção penal


de competência da Justiça Estadual, sem que seja o caso de foro por prerrogativa de função,
prepondera a primeira, que tem força atrativa.

COMENTÁRIO

O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, além de que é matéria pouco explorada
pelos alunos. Renovo a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta
final da prova, os dispositivos pertinentes do Código de Processo Penal.

Procuramos, nesta questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
Súmulas do STJ, sobre o tema de conexão e competência, de modo a diversificar o leque de assuntos e
dar maior profundidade no conteúdo.

Alternativa (A): INCORRETA. O Código de Processo Penal regula o tema da competência por conexão
ou continência no art. 78, dispositivo esse de leitura obrigatória pelo candidato. Quando se refere à
jurisdições da mesma categoria, o legislador quis afirmar que se tratam daquelas que se encontram
no mesmo grau de hierarquia. Sendo esse o caso, a lei oferece três regras para a definição do foro
prevalente, que devem ser sequencialmente obedecidas. São elas:

a) preponderará a do lugar da infração à qual for cominada a pena mais grave: Com
base em critérios criminológicos, de proporcionalidade e razoabilidade, na individualização
formal da pena o legislador estabelece, para os crimes mais graves, penas igualmente mais
severas.

b) Se as infrações interligadas tiverem igual gravidade, prevalecerá o juízo do local da


consumação do maior número de crimes; e, por fim,

c) se as infrações forem em igual gravidade e quantidade, a regra do foro prevalente


será solucionada pela prevenção. Se tivéssemos o furto conexo a apenas uma receptação,
a prevenção definiria o juízo prevalente.

Portanto, se as penas forem diversas para os crimes objeto de conexão, a regra será que prevalecerá
o foro do lugar da infração à qual for cominada pena mais grave. O número de infrações só seria
levado em consideração como elemento definidor da competência por conexão em caso de identidade
de gravidade das penas, como um segundo critério distintivo.

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Alternativa (B): CORRETA. Trata-se de entendimento veiculado na Súmula 90 do STJ:

“Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime
militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo àquele”.

O fundamento básico desse entendimento é de que a competência fixada pela Constituição Federal, para
as justiças especializadas, deve ser interpretada de forma estrita, razão pela qual não caberia a unificação
de processo e julgamento entre crimes militares e comuns no âmbito da Justiça Militar Estadual, o que
se reforça diante da redação do art. 124 da Constituição Federal que afirma “À Justiça Militar compete
processar e julgar os crimes militares definidos em lei”, sem incluir, por exemplo, eventual expressão como
“e crimes comuns conexos”.

Segue excerto de julgado do STJ preciso na matéria:

“1. Por força da Constituição da República (artigo 124), compete à Justiça Militar processar
e julgar os crimes militares definidos em lei, o que exclui se possa falar em prorrogação de
competência Militar ou da Justiça Comum Estadual. 2. À luz do artigo 102 , alínea a, do Código
de Processo Penal Militar, “A conexão e a continência determinarão a unidade do processo,
salvo no concurso entre a jurisdição militar e a comum.” (HC 14657 SP. Relator(a): Ministro
HAMILTON CARVALHIDO. Julgamento: 18/03/2004)

Alternativa (C): INCORRETA. O crime de moeda falsa ofende a fé pública, quanto à credibilidade da moeda
em curso no país. A competência para emissão da moeda é da União, a ser exercida exclusivamente pelo
Banco Central do Brasil, a teor da regra contida no art. 164, caput, da CF, e, por isso, a competência para
a ação penal, em regra, seria da Justiça Federal.

No entanto, é pacífico que a falsificação de má-qualidade não ofende a fé pública, entendimento esse
cristalizado na Súmula 73 STJ sobre o tema, a qual dispõe que “A utilização de papel moeda grosseiramente
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual”.

Sobre o tema, aduz Cleber Masson (Código Penal Comentado, Ed. 2014, Editora Método):

“No terreno da falsificação de papel-moeda, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula


73 que, reportando-se ao “papel-moeda grosseiramente falsificado”, diz respeito àquele que,
malgrado não possa ser enquadrado como delito de moeda falsa (CP, art. 289), serve para
enganar as pessoas, não se podendo falar, relativamente ao estelionato, em crime impossível.
Mas, se a falsificação apresentar-se grosseira a ponto de não enganar nem mesmo a mais
ingênua das pessoas, estará caracterizado o crime impossível, em face da impropriedade
absoluta do meio de execução (CP, art. 17)”.

Alternativa (D): INCORRETA. A questão pode levar o candidato à confusão, por associar equivocadamente
os Membros do Ministério Público de Contas com os Membros do Ministério Público Estadual comum
de 1ª instância.

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Embora goze dos mesmos direitos e submeta-se a idênticas vedações e forma de investidura (art. 130),
o Procurador de Contas que atua junto ao Ministério Público do Tribunal de Contas é membro desta
corte, razão pela qual lhe é aplicável o disposto no art. 105, I, “a”, da Constituição Federal, que afirma a
competência do STJ para julgar os membros de Tribunais de Contas dos Estados.

Alternativa (E): INCORRETA. As contravenções penais serão julgadas sempre pela Justiça Comum
Estadual, ainda que atinjam bens, serviços ou interesses da União, o que impede a força atrativa da Justiça
Federal nessas hipóteses. Isso porque o art. 109, IV, da Constituição Federal exclui EXPRESSAMENTE
a competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais.

OBS1: Entretanto, alguns doutrinadores apontem uma exceção: se o autor da contravenção tiver foro
especial na Justiça Federal (por ex.: juiz federal) a competência para julgamento será da Justiça Federal.

OBS2: Registre-se a existência da Súmula 38 do STJ, sobre o tema abordado:

“Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por


contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união
ou de suas entidades”.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta:

a) Prevalece na jurisprudência que o crime de Apropriação Indébita Previdenciária, previsto


no art. 168-A, exige, para a sua consumação, o dolo específico de lesar e/ou fraudar a
Previdência Social, por se tratar de crime formal.

b) A jurisprudência do STF e do STJ reputa que a declaração falsa de pobreza constitui


crime de falsidade ideológica.

c) Fraudar concurso público ou vestibular através de cola eletrônica se enquadra na


conduta do art. 171 do CP (crime de estelionato), pois esta conduta, por si só, é apta a
significar prejuízo de ordem jurídica aos demais interessados no certame.

d) O STJ não admite a continuidade delitiva entre a sonegação de contribuição previdenciária


e a apropriação indébita previdenciária.

e) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que o crime de abuso de


autoridade deve ser processado e julgado perante os Juizados Especiais Criminais.

COMENTÁRIO

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Nesta rodada inserimos nova questão envolvendo crimes contra a administração pública, por considerar
que é um dos temas mais recorrentes em provas objetivas, além de que é matéria que contém boa dose
de variações doutrinárias e jurisprudenciais.

Procuramos, nesta questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina
e julgados dos Tribunais Superiores, de modo a diversificar o leque de temas e dar profundidade no
conteúdo.

Alternativa (A): INCORRETA. Tanto o STF como o STJ, atualmente, convergem para a desnecessidade
de dolo específico para configuração do crime de apropriação indébita previdenciária, considerando
que o tipo penal dessa infração, diferentemente da apropriação indébita comum, não exige o
fim específico de apropriar-se dos valores destinados à Previdência Social – “animus rem sibi
habendi”.

Além disso, as Cortes Superiores consideram que esse crime é de natureza formal, portanto, perfaz com
a simples retenção e ausência de recolhimento das contribuições devidas. Seguem excertos de julgados
das Cortes Superiores:

“Ao contrário do crime de apropriação indébita comum, o delito de apropriação indébita


previdenciária não exige, para sua configuração, o animus rem sibi habendi” (STF: RHC 88.144/
SP, Rel. Min. Eros Grau, 2ª Turma, j. 04.04.2006);

“I - Observa-se que a infração penal tipificada no art. 168-A do Código Penal constitui-se
em delito omissivo próprio. O núcleo do tipo é o verbo deixar, que se perfaz com a simples
conduta negativa do sujeito, caracterizando-se com o não fazer o que a lei determina, sendo
desnecessária, para a configuração do crime, a comprovação do fim específico de apropriar-
se dos valores destinados à Previdência Social consistente no animus rem sibi habend” (EREsp
n. 1.207.466/ES. Relator(a): Ministro GURGEL DE FARIA. Julgamento: 22/10/2014. Órgão
Julgador: S3 - TERCEIRA SEÇÃO)

Alternativa (B): INCORRETA. O STJ reputava como criminosa, em princípio, a declaração falsa de pobreza,
a incidir o agente nos crimes de uso de documento falso e/ou falsidade ideológica, a depender do caso.

No entanto, o STF, já em precedentes remotos, dissentia do STJ, ao afirmar ser atípica essa conduta, por
considerar que:

“O crime de falsidade ideológica só se caracteriza quando a declaração falsa inserida no


documento é dotada de força probante, por si só, independentemente de comprovação
ulterior” (STF, HC 85976, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em
13/12/2005).

A partir de 2014, entretanto, a 5ª e 6ª Turmas do STJ passaram a acompanhar o entendimento da Suprema


Corte, notadamente pelo fundamento acima apontado e, ainda, em razão da própria Lei n. 1.060/50,
que regula a concessão da gratuidade judiciária, já estipular pena pecuniária para o fornecimento de

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2ª RODADA - 06/06/2016

declaração inverídica, sem fixar consequências penais para essa conduta. Nesse sentido:

“A conduta daquele que apresenta, em processo judicial, declaração de hipossuficiência inidônea,


declarando-se pobre em desacordo com a realidade ou com as hipóteses taxativas da Lei nº
1.060/50, não pode ser enquadrada como crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP) ou de
uso de documento falso (art. 304 do CP), pois aludida manifestação não pode ser considerada
documento para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provocação
da parte contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. Precedentes do STJ
e do STF; magistério de Guilherme de Souza Nucci e de Juarez Tavares” (STJ, HC 217.657/SP,
Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), SEXTA
TURMA, julgado em 02/02/2012)

Alternativa (C): INCORRETA. Antes da entrada em vigor da Lei 12.550/2011, que introduziu o
crime de Fraudes em certames de interesse público (Art. 311-A), o Supremo Tribunal Federal firmou
jurisprudência no sentido da atipicidade penal da cola eletrônica (conferir Inq. 1.145/PB, rel. Min.
Maurício Corrêa, Plenário, j. 19.12.2006, noticiado no Informativo 453), pois este comportamento – nada
obstante seu elevado grau de reprovabilidade moral/ética – não se subsumia nas definições dos crimes
de estelionato e de falsidade ideológica, entendimento esse que foi seguido pelo STJ, conforme julgado
a seguir:

Cola eletrônica – conduta anterior à Lei 12.550/2011 – atipicidade: “A “cola eletrônica”, antes do
advento da Lei n. 12.550/2011, era uma conduta atípica, não configurando o crime de estelionato.
Fraudar concurso público ou vestibular através de cola eletrônica não se enquadra na conduta
do art. 171 do CP (crime de estelionato), pois não há como definir se esta conduta seria apta
a significar algum prejuízo de ordem patrimonial, nem reconhecer quem teria suportado
o revés. Assim, caso ocorresse uma aprovação mediante a fraude, os únicos prejudicados
seriam os demais candidatos ao cargo, já que a remuneração é devida pelo efetivo exercício
da função, ou seja, trata-se de uma contraprestação pela mão de obra empregada, não se
podendo falar em prejuízo patrimonial para a administração pública ou para a organizadora
do certame. Ademais, não é permitido o emprego da analogia para ampliar o âmbito de
incidência da norma incriminadora; pois, conforme o princípio da legalidade estrita, previsto
no art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP, a tutela penal se limita apenas àquelas condutas
previamente definidas em lei.” (STJ: HC 245.039/CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma,
j. 09.10.2012, noticiado no Informativo 506).

Alternativa (D): INCORRETA. No Informativo 493, o Superior Tribunal de Justiça decidiu pela possibilidade
de aplicação da ficção jurídica da continuidade delitiva entre os delitos de apropriação indébita
previdenciária (artigo 168-A, CP) e sonegação de contribuição previdenciária (337-A, CP), reputando-os
como crimes de mesma espécie, pois violam o mesmo bem jurídico, a seguridade social, entendimento
esse já sufragado pelo STF por ocasião do julgamento da Ação Penal 516/DF (Relator: Min. AYRES BRITTO.
Julgamento: 27/09/2010. Órgão Julgador: Tribunal Pleno). Segue o julgado do STJ:

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“A Turma entendeu que é possível o reconhecimento da continuidade delitiva entre o crime de


sonegação previdenciária (art. 337-A do CP) e o crime de apropriação indébita previdenciária
(art. 168-A do CP) praticados na administração de empresas de um mesmo grupo econômico.
Entendeu-se que, apesar de os crimes estarem tipificados em dispositivos distintos, são da
mesma espécie, pois violam o mesmo bem jurídico, a previdência social.”(STJ, REsp 1.212.911/RS,
rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6.ª Turma, j. 20.03.2012, noticiado no Informativo 493).

OBS: parcela da doutrina critica esse entendimento por considerar que a continuidade delitiva se verifica
apenas em casos de tipos penais da mesma espécie, ou seja, aqueles previstos numa mesma configuração
típica (simples, privilegiada e qualificada).

Sob essa ótica, os crimes que ofendem o mesmo bem jurídico não necessariamente seriam da mesma
espécie, e não seria possível acatar a tese do crime continuado em relação aos tipos penas da apropriação
indébita previdenciária e da sonegação previdenciária. Nesse sentido, observem-se os precedentes do
próprio STJ: HC 201.922-MT, HC 215517-RS, HC 165056/DF, REsp 898613-SP, HC 83.611-SP; HC 68.137-RJ,
REsp 738.377-DF.

Alternativa (E): CORRETA. Trata-se de questão que, costumeiramente, leva os candidatos a se


equivocarem, ao raciocinar pela gravidade, em tese, das condutas que abusam da autoridade da função
pública, porém, as penas desse tipo penal são bem brandas, o que atrai a competência dos Juizados
Especiais para o processamento de causas de menor potencial ofensivo – infrações penais cominadas, no
máximo, com 2 anos de pena privativa de liberdade.

Os crimes de abuso de autoridade restam tipificados na Lei n. 4.898/1965, cujas penas, aplicáveis de
forma autônoma ou cumulativamente, são as previstas em seu art. 6º, § 3º: a) multa de cem a cinco mil
cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; e c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo até três anos.

O paragrafo 5º aponta situação qualificadora, que, porém, não implica em maior pena privativa de
liberdade – apenas alonga efeito extrapenal:

“Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos”.

OBS: O fato de se tratar de crime submetido a procedimento especial não exclui a competência dos
Juizados Especiais para seu processamento e julgamento, conforme aponta o seguinte julgado do STJ:

“I. A Lei 10.259/01 trouxe nova definição de delitos de menor potencial ofensivo, para incluir
aqueles para os quais a lei preveja pena máxima não superior a dois anos, sem fazer qualquer
ressalva acerca daqueles submetidos a procedimentos especiais, razão pela qual todas as
infrações cujas penas máximas não excedam a dois anos, inclusive as de rito especial, passaram
a integrar o rol dos delitos de menor potencial ofensivo, atraindo a competência dos Juizados

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Especiais. II. Se a Lei 10.259 /01 não ressalvou os delitos submetidos a procedimentos especiais,
a superveniência da Lei 10.409 /02 não exclui a competência do Juizado Especial Criminal para
julgamento do feito, com a possibilidade de aplicação subsidiária dos institutos desta última”
(REsp 744951 MG 2005. Relator: Ministro GILSON DIPP. Julgamento: 06/12/2005. Órgão
Julgador: QUINTA TURMA).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

PROFESSOR: KAOYE GUAZINA OSHIRO


E-mail: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. No que diz respeito ao entendimento dos Tribunais Superiores sobre o Mandado de Segurança,
analise as seguintes assertivas:

I. O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de


vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês
a mês.

II. O prazo para a impetração do mandado de segurança tem início no mesmo dia em
que ocorre a ciência do ato coator pela parte.

III. É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente


de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada
ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários, mesmo que já
prolatada sentença de mérito.

IV. No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública,
as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da
segurança devem ser pagas por meio de precatórios e não via folha suplementar.

V. Com a vigência do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15), deve sempre ser
contado em dias úteis o prazo para impetração do Mandado de Segurança.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) III.

b) I, III e IV.

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c) II e III.

d) IV e V.

e) I e III.

COMENTÁRIO

Assertiva (I): correta. Há tempos o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que
a supressão de vantagem pecuniária devida a servidor público caracteriza-se como ato comissivo, único
e de efeitos permanentes, não havendo, pois, que se falar em prestações de trato sucessivo (AgRg no
Ag 909.400/PA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 15/04/2010); ao passo
de que quando houver redução, e não supressão do valor de vantagem, fica configurada a prestação
de trato sucessivo, que se renova mês a mês, pois não equivale à negação do próprio fundo de direito,
não havendo que se falar, portanto, em decadência do mandado de segurança (AgRg no REsp 1110192/
CE, Rel. Min. Celso Limongi, Sexta Turma, julgado em 04/05/2010). Por isso, o prazo decadencial para
impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de
remuneração de servidor público renova-se mês a mês, já que a ilegalidade também é renovada mês a
mês.

Assertiva (II): incorreta. É pacífico o entendimento no âmbito do STJ e do STF segundo o qual o prazo
para a impetração do mandado de segurança tem início no primeiro dia útil após a ciência do ato
impugnado (v.g RMS 31.975/BA, REsp 964.787/DF, RMS 24.468/MG, REsp 201.111/SC, MS 21.356-AgR/DF).
Isso porque, de acordo com as referidas Cortes, em razão da omissão da Lei do Mandado de Segurança
em estabelecer o termo inicial da contagem do prazo, deve ser aplicada subsidiariamente a regra do
Código de Processo Civil, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do fim (o que foi mantido
pelo art. 224 do CPC/15).

Assertiva (III): correta. No julgamento do RE 669367/RJ, o Plenário do STF decidiu que a desistência do
mandado de segurança é uma prerrogativa de quem o propõe e pode ocorrer a qualquer tempo, sem
anuência da parte contrária e independentemente de já ter havido decisão de mérito, ainda que favorável
ao autor da ação (RE 669367/RJ, Red. para acórdão Min. Rosa Weber, julgado em 02/05/2013). De acordo
com os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Mandado de Segurança é uma ação conferida em
benefício do cidadão contra o Estado e, portanto, não gera direito à autoridade pública coatora de ver o
mérito da questão resolvido, até porque não se reveste de lide em sentido material. O Superior Tribunal
de Justiça, seguindo a mesma linha, firmou idêntico posicionamento no REsp 1.405.532-SP, Rel. Min.
Eliana Calmon, julgado em 10/12/2013, e noticiado no Informativo nº 533.

Assertiva (IV) correta. O Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento do RE 889.173/MS, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 07/08/2015, com repercussão geral, reafirmou o seu entendimento de que
“o pagamento dos valores devidos pela Fazenda Pública entre a data da impetração do mandado de

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segurança e a efetiva implementação da ordem concessiva deve observar o regime de precatórios


previsto no artigo 100 da Constituição Federal.” Isso porque, de acordo com o voto do Min. Relator, nem o
caráter alimentar do crédito contra a Fazenda Pública tem força suficiente a afastar o rito dos precatórios,
com muito menos razão o teria a circunstância acidental de ser o crédito derivado de sentença concessiva
de mandado de segurança, até porque a finalidade do regime constitucional de precatórios reside em
dois objetivos essenciais: possibilitar aos entes federados o adequado planejamento orçamentário para a
quitação de seus débitos e a submissão do Poder Público ao dever de respeitar a preferência jurídica de
quem dispuser de precedência cronológica.

Assertiva (V): incorreta. Nos termos do art. 219, caput e parágrafo único, do CPC/15, apenas os prazos
processuais (prazos para a prática de atos dentro do processo) devem ser contados em dias úteis. Assim,
o advento do NCPC é irrelevante para a contagem do prazo para impetração do mandamus.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

12. Acerca da comunicação dos atos processuais no Novo Código de Processo Civil, assinale a
alternativa CORRETA:

a) Conforme disposição expressa, a citação é condição de eficácia do processo em relação


ao autor e ao réu.

b) O comparecimento espontâneo do réu supre a falta ou nulidade da citação, procedendo-


se à sua intimação para que comece a correr o prazo para apresentar defesa, caso não o
tenha feito ao comparecer.

c) A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juiz incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

d) A citação torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e quando
ordenada por juiz incompetente constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

e) É admitida a intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e


de suas respectivas pessoas jurídicas de direito público, mediante publicação no Diário de
Justiça eletrônico.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. O art. 239 do Novo Código de Processo Civil estabelece que “para a validade
do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido”. Conclui-se, pois, que a legislação abraçou o
entendimento de que a citação é requisito de validade do processo.

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A natureza do ato citatório é tema candente no âmbito da Teoria Geral do Processo. Há muito se discute
se é a citação pressuposto de existência do processo ou requisito de validade, mas não se cogita ser o
ato condição de eficácia do processo em relação a autor e réu, como afirma a assertiva, o que, portanto,
torna-a incorreta.

Para que entendamos de forma adequada a temática, é preciso ter em mente que pressuposto é tudo
quanto deve anteceder outro fato jurídico, para que se possa falar da sua existência jurídica; requisito
é tudo quando se coloca entre o momento a quo e o ad quem do fato, ou seja, tudo quanto integra a
estrutura executiva do fato jurídico isoladamente considerado (opera no plano da validade); condição
é tudo quanto se suceder à prática do ato, para que se obtenha determinado efeito jurídico (opera no
plano da eficácia)” (PASSOS, José Joaquim Calmon de. apud DIDIER JR, Fredie. Pressupostos Processuais e
Condições da Ação: O juízo de admissibilidade do processo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 19-20).

Nesse diapasão, Nelson e Rosa Nery (in Código de Processo Civil comentado. 10ª ed., São Paulo: RT, 2008),
entendem que o processo só existe quando se fixa uma relação triangular entre Estado, demandante e
demandado, de modo que, sem a integração do réu à relação processual por meio da citação, não há
processo. A doutrina majoritária (p.ex., DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual
Civil. São Paulo: Malheiros, 2001, v. 2, p. 661), por outro lado, entende que o processo existe mesmo antes
da integração do réu à relação processual, configurando a citação, em verdade, um requisito de validade.

Fredie Didier Jr. sustenta interessante posição de vanguarda, entendendo que a citação não é pressuposto
de existência do processo. Trata-se, segundo o ilustre professor baiano, de condição de eficácia do
processo em relação ao réu e, além disso, requisito de validade dos atos processuais que lhe seguirem
(DIDIER JR, Fredie. Pressupostos Processuais e Condições da Ação: O juízo de admissibilidade do processo.
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 169).

De todo modo, indo um pouco mais além, não se pode deixar de registrar que a eiva decorrente do
desrespeito à citação constitui uma nulidade sui generis, identificada como vício transrescisório, é dizer:
a decisão proferida em desfavor do réu, em processo que correu à sua revelia, 1) quer porque não fora
citado, 2) quer porque o fora da maneira defeituosa, pode ser invalidada após o prazo da ação rescisória
(DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação
às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 477).

Alternativa (B): incorreta. O Novo Código de Processo Civil encerrou a prática, antes adotada na vigência
do código de 1973, de se promover a intimação do réu para se defender quando seu comparecimento
espontâneo supria a falta de citação, caso não apresentasse defesa ao comparecer nos autos. Agora, na
dicção do art. 239, §1º, do CPC/2015, “o comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a
falta ou nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de
embargos à execução”.

Alternativa (C) correta. A assertiva reproduz literalmente o art. 240, §1º, do CPC/15. A nova legislação
promoveu mudanças quanto aos efeitos da citação. O ato citatório, agora, não mais torna prevento

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o juízo – o registro ou a distribuição da inicial o faz (art. 59 do CPC/15) –, tampouco interrompe a


prescrição. O despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, retroagindo a interrupção à data
de propositura da ação, ainda que proferido por juiz incompetente.

Não se trata de uma regra inovadora, mas de disposição que, corrigindo a imprecisão do diploma
processual anterior, positivou entendimento sedimentado na doutrina e na jurisprudência (vide REsp
819.837/RJ). Antes da vigência do CPC/15, em razão do disposto no art. 202, I, do Código Civil, já se
afirmava que “o ato que interrompe a prescrição é o despacho do juiz que determinou a citação, mas
essa interrupção retroagirá à data de propositura da ação” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual
de Direito Processual Civil, 7ª ed. 2015, p. 386).

Alternativa (D): incorreta. O texto da alternativa corresponde ao revogado art. 219 do CPC/73. Como
dito acima, a citação não tem mais os efeitos de tornar prevento o juízo e de interromper a prescrição.

Assertiva (E): incorreta. A citação da Fazenda Pública (art. 242, §3º, do CPC/15), assim como as
comunicações de atos processuais em geral (art. 269, §3º, do CPC/15), deve ser levada a efeito
pessoalmente. Nesse sentido: “a publicação em no órgão oficial é meio de intimação (CPC, art. 272),
inaplicável à Advocacia Pública. Os advogados públicos são intimados pessoalmente, por carga, remessa
ou meio eletrônico” (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016, p. 60).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

13. Maria das Dores promoveu ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela provisória de
urgência, em face do Município X, consistente no fornecimento de medicamento de alto custo. O
pedido de tutela provisória foi deferido, determinando o fornecimento do medicamento pleiteado
no prazo de 5 (cinco) dias. O advogado constituído pela autora reputa urgente a intimação do
Município para cumprimento da decisão. Em conformidade com as disposições do Novo Código
de Processo Civil, assinale a alternativa CORRETA no que tange à medida processual de que pode
se valer o advogado da autora a fim de garantir a célere comunicação do ato.

a) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município X,


via correio eletrônico, conforme autorizativo da nova legislação.

b) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município X,


via carga dos autos, conforme autorizativo da nova legislação.

c) Promover diretamente a intimação do advogado público representante do Município,


com a remessa de ofício com aviso de recebimento, conforme autorizativo da nova
legislação.

d) Impetrar mandado de segurança, de via direta e célere, alegando violação ao direito

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líquido e certo à duração razoável do processo.

e) n.d.a.

COMENTÁRIO

Alternativas (A), (B) e (C): incorretas. O Novo Código de Processo Civil, de forma inovadora, prevê a
possibilidade de uma parte, mediante ato de seu advogado, promover diretamente a intimação da outra,
também na pessoa de seu advogado. A medida se adequa com as inspirações da nova legislação em
favor de um processo mais célere e econômico. Eis a respectiva disposição legal:

Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.

§1º. É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por
meio do correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de
recebimento. (...)

Como se vê, essa intimação direta só é possível por via postal, por meio de ofício e com aviso de
recebimento. Em decorrência disso, não se admite a intimação de advogado público por meio desse
procedimento direto, em razão da prerrogativa de intimação pessoal, por carga, remessa ou meio
eletrônico, e não por via postal. Nesse sentido:

Se a intimação deve ser pessoal e esta é considerada apenas aquela feita por carga dos autos, remessa ou
meio eletrônico, não é possível realizar intimação da Fazenda Pública por ofício expedido pelo advogado
da parte contrária. Não se aplica, enfim, o disposto no §1º do art. 269 do CPC para intimação da Fazenda
Pública. (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 60).

Alternativa (D): incorreta. Embora o mandado de segurança seja remédio constitucional, de célere
tramitação, dedicado à defesa de direito líquido e certo violado por ato ilegal e abusivo (art. 5º, LXIX, da
CF e art. 1ºda Lei n. 12.016/09), podendo ser manejado para tutela do direito constitucional à duração
razoável do processo, na hipótese narrada não há abstratamente ato ilegal ou abusivo ensejador da
medida.

Alternativa (E): correta. Como dito, conquanto a nova legislação preveja a possibilidade de intimação
direta entre advogados, escapando-se de eventuais entraves administrativos, essa forma de comunicação
de ato processual não se aplica aos advogados públicos, que são intimados apenas pessoalmente. Logo,
não há medida processual de que pode se valer o advogado de Maria da Dores a fim de agilizar a
intimação do Município X acerca da decisão hipotética.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

14. O Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações da Lei n. 13.256/16)

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promoveu expressivas mudanças a respeito das denominadas “tutelas provisórias”. Acerca desse
tema, julgue as seguintes alternativas:

I. A tutela de urgência pode ser satisfativa ou cautelar, enquanto a tutela de evidência


será sempre satisfativa.

II. É possível a concessão de tutela antecipada mesmo antes do ajuizamento da ação


principal, hipótese em que a decisão interlocutória se tornará estável se não recorrida.

III. É possível a concessão de tutela cautelar mesmo antes do ajuizamento da ação principal,
hipótese em que, ainda que não haja recurso, a decisão não se estabiliza.

IV. A tutela provisória configura gênero de tutela processual que abrange duas espécies:
tutela de urgência e tutela de evidência.

V. Em caso de pedido cautelar pleiteado de forma antecedente, não há necessidade de


ajuizar nova ação principal, procedendo-se apenas ao aditamento da petição inicial, com a
inclusão do pedido principal.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) III e V.

b) I, III e V.

c) I, II, III e IV.

d) I, II, IV e V.

e) I, II, III, IV e V.

COMENTÁRIO

Assertiva (I): correta. O Novo Código de Processo Civil, aprimorando significativamente as disposições
do código revogado, prevê duas espécies de tutelas provisórias de acordo com seus fundamentos: a
urgência e a evidência. Em linhas gerais, com a tutela de urgência se concedem provimentos jurisdicionais
para resguardar situações fáticas que reclamam intervenção imediata do Judiciário, conforme art. 294,
parágrafo único, e art. 300 e seguintes da nova legislação. Por outro lado, a tutela de evidência, antes
parcamente prevista no §6º do art. 273 do CPC/73, agora possui um plexo normativo próprio e, na forma
do art. 311 do CPC/15, busca tutelar casos nos quais o direito foi robustamente comprovado ou como
meio de punição ao réu por abuso do direito de defesa ou pela prática de atos protelatórios.

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Diante dessas breves considerações, é fácil perceber que, por sua própria natureza, a tutela da urgência
pode ser satisfativa ou cautelar, ao passo que a tutela de evidência será sempre satisfativa. Nas palavras de
Didier Jr., “A urgência pode servir de fundamento à concessão da tutela provisória cautelar ou satisfativa
(...). A evidência, contudo, só autoriza a tutela provisória satisfativa (ou simplesmente “tutela antecipada”,
metonímia legislativa” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito
Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016,
p. 570).

Assertiva (II): correta. Em significativa e elogiável mudança, a nova legislação (art. 303) prevê a
possibilidade de se postular, em caráter antecedente – antes mesmo da formulação do pedido principal
–, a concessão de tutela antecipada fundada na urgência. Mas não é só. Dispõe o art. 304 do CPC/15 que
“a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder
não for interposto o respectivo recurso”. O tema certamente acarretará profundas mudanças em tema de
coisa julgada e se afigura terra fértil para embates doutrinários, merecendo aprofundamento em tempo
oportuno. Atendo-nos, porém, ao texto legal, é clara a conclusão de que é possível a concessão de tutela
antecipada mesmo antes do ajuizamento da ação principal, hipótese em que a decisão interlocutória se
tornará estável se não recorrida.

Assertiva (III) correta. Tal qual se dava na vigência do código revogado, afigura-se perfeitamente possível
o manejo da ação visando à concessão, em caráter antecedente, de medida cautelar. Não é outra a dicção
dos arts. 305 e seguintes do CPC/15. Porém, ao contrário do que se dá com a tutela satisfativa fundada
na urgência, como acima exposto, a legislação não prevê a possibilidade de estabilização da decisão que
concede medida cautelar em caráter antecedente. Tampouco poderia, visto que tal estabilização não
condiz com a natureza das medidas cautelares, que se limitam a prevenir, acautelar ou assegurar um
provimento principal.

Assertiva (IV): correta. As disposições do Código de Processo Civil de 2015 e seus respectivos assentos
topográficos permitem a conclusão de que a tutela provisória é gênero cujas espécies, classificadas pelo
fundamento, são a tutela de urgência e a tutela de evidência. Veja-se que os títulos relativos à tutela de
urgência (II) e à tutela de evidência (III) estão inseridos no Livro V, “Da Tutela Provisória”, do novo código.
Ademais, de acordo com o art. 294 do mesmo diploma “A tutela provisória pode fundamentar-se em
urgência ou evidência”.

Assertiva (V): correta. Previa o Código de Processo Civil revogado que “cabe à parte propor a ação, no
prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida
em procedimento preparatório”. Assim, ajuizava-se o pedido cautelar e, deferida a medida, dever-se-
ia propor nova ação, agora com o pedido principal, a fim de se obter, ao final, a tutela pretendida. O
novo código, fiel a seus anseios de economia e celeridade, simplificou essa sistemática, dispensando o
ajuizamento de nova ação, consoante estabelece o seu art. 308, in verbis:

Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30

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(trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de
tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.

Logo, em caso de pedido cautelar pleiteado de forma antecedente, não há necessidade de ajuizar
nova ação principal, procedendo-se apenas ao aditamento da petição inicial, com a inclusão do pedido
principal.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

15. Acerca das limitações na concessão de tutelas provisórias em desfavor da Fazenda Pública,
assinale a alternativa CORRETA de acordo com o Código de Processo Civil de 2015, com legislação
extravagante pertinente e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

a) O STF reconheceu a inconstitucionalidade das limitações à concessão de tutela antecipada


contra a Fazenda Pública.

b) De acordo com forte corrente doutrinária, as limitações em vigência não se aplicam às


tutelas de evidência.

c) É vedada a concessão de medida liminar que tenha por objeto a compensação de


créditos tributários, mas é possível a de créditos previdenciários.

d) Não é possível a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública nos casos
expressamente previstos em lei, ainda que a decisão esteja fundamentada em jurisprudência
pacífica do STF em relação ao mérito da causa.

e) É permitida a concessão de tutela provisória que tenha como objeto a reclassificação ou


equiparação de servidores públicos.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Ao contrário, o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Ação
Direta de Constitucionalidade – ADC n. 4, declarou a constitucionalidade das restrições impostas
legalmente à concessão de antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, em que pesem as vozes
doutrinárias em sentido oposto.

Alternativa (B): correta. Antes do advento do Novo Código de Processo Civil, entendia-se que as
limitações à concessão de antecipação de tutela abrangiam toda forma de medida provisória genericamente
previstas no revogado art. 273 do CPC/73. No entanto, com a distinção feita pela nova legislação entre
tutela de urgência e tutela de evidência, passou-se a entender, no âmbito doutrinário, que não se justifica
a imposição de limitações nos casos de tutela de evidência, nos quais, à parte de qualquer urgência, só se
confere antecipadamente o direito alegado em razão da robustez da prova produzida ou como punição

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por abuso do direito de defesa ou propósito protelatório. Nesse sentido:

As restrições à tutela provisória contra o Poder Público não se aplicam aos casos de tutela da
evidência (...) (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito
Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 636).

Igualmente, prevê o enunciado n. 35 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

“As vedações à concessão de tutela provisória contra a Fazenda Pública limitam-se às tutelas
de urgência”.

Alternativa (C): incorreta. Prevê o art. 1.059 do Novo Código de Processo Civil que “à tutela provisória
requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos arts. 1º a 4º da Lei no 8.437, de 30 de junho
de 1992, e no art. 7º, § 2º, da Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009.” Dessa forma, de acordo com o art. 7º,
§ 2º, da Lei no 12.016, é realmente vedada a concessão de medida liminar cujo objeto seja a compensação
de créditos tributários. Ocorre que também é proibida a concessão de tutela antecipada que se pretenda
a compensação de créditos previdenciários, na forma do art. 1º, 5º, da Lei n. 8.437/8-92.

Alternativa (D): incorreta. Conquanto o Supremo Tribunal Federal reconheça a constitucionalidade das
multicitadas limitações, “isso não tem impedido que a Corte Suprema mitigue as limitações às medidas
provisórias de urgência contra o Poder Público” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual Civil:
Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 636).

Assim, a mais alta corte do país admite a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública,
ainda que nas hipóteses legalmente vedadas, quando a decisão que concede o provimento estiver em
consonância com sua jurisprudência. Nesse sentido estão, por exemplo, os julgamentos das reclamações
5.163/CE e 4.268/SP cujas ementas seguem, respectivamente:

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. Concessão contra a Fazenda Pública. Servidor público. Vencimentos.


Conversão monetária de cruzeiro real em URV. Diferença. Incorporação determinada. Direito
reconhecido. Jurisprudência do Supremo. Ofensa à autoridade da liminar concedida na ADC
n° 4. Não ocorrência. Reclamação inviável. Segmento negado. Agravo improvido. Não se
admite reclamação contra decisão que está em consonância com assentada jurisprudência da
Corte. (Rcl 5163 AgR/CE. Relator: Min. CEZAR PELUSO. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. DJE
06-02-2009) – g.n.

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. Concessão contra a Fazenda Pública. Servidor Público. Militar da


Aeronáutica. Vencimentos. Reajuste fundado nas Leis nº 8.622/93 e nº 8.627/93. Aplicação
do art. 37 X, da CF. Direito reconhecido. Jurisprudência do Supremo. Ofensa à autoridade da
liminar deferida na ADC nº 4. Não ocorrência. Reclamação julgada improcedente. Agravo
improvido. Precedentes. Não ofende a autoridade da liminar deferida na ADC nº 4, a decisão

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em que o objeto da antecipação de tutela corresponda a prestação exigível nos termos da


jurisprudência do Supremo. (Rcl 4628 AgR/SP. Relator. Min. CEZAR PELUSO. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno. DJE 06.02.2009) – g.n.

Em idêntico sentido, confira-se o escólio de Leonardo Carneiro da Cunha:

A decisão concessiva de tutela antecipada que se apoie em entendimento já consolidado no STF também
m não ofende o julgamento da ADC 4. Nesse caso, cumpre privilegiar a uniformidade de entendimento,
pondo-se em relevo a autoridade da Suprema Corte e a normatividade do próprio texto constitucional.
Se a Corte Suprema já firmou determinada orientação, deve a Administração Pública segui-la. E, se não
o fizer, caberá tutela antecipada. (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2016, p. 302).

Alternativa (E): incorreta. Conforme inteligência do art. 1.059 do Código de Processo Civil c/c art. 7º, §2º,
da Lei n. 12.016/09, é proibida a concessão de tutela provisória que tenha como objeto a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Lei nº 9985/00),
assinale a alternativa correta:

a) A Floresta Nacional corresponde a uma unidade de proteção integral, de posse e


domínios públicos, que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de
florestas nativas.

b) A Reserva Biológica, por objetivar a preservação integral da biota e demais atributos


naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, veda, em qualquer situação, a visitação pública, consistindo em verdadeira
espécie de unidade de proteção integral.

c) O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica. Apesar de corresponderem a uma espécie de unidade
de proteção integral, admite-se que seja constituído em áreas particulares.

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d) A Área de Relevante Interesse Ecológico, espécie de unidade de uso sustentável, consiste


em uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de
vida e o bem-estar das populações humanas, objetivando proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.

e) O Parque Nacional, Estadual ou o Parque Natural Municipal, possui, dentre os seus


objetivos, o de desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Sendo possível a visitação
pública, a legislação permite seja estabelecido em áreas particulares.

COMENTÁRIO

Com essa questão, inauguramos no curso o estudo do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
previsto na Lei nº 9.985/00, e presente em, praticamente, todos os programas dos editais de concursos
para Procuradorias Municipais e Estaduais. Trata-se de tema de extrema importância, com grande índice
de cobrança nas provas, de forma que deve o aluno se atentar ao estudo do tema pela legislação e pela
doutrina correlata. Nesta questão, trouxemos a definição e objetivo de algumas Unidades de Conservação
(UC), com o escopo de chamar a atenção do aluno para as características de cada uma das UC. Mas, pela
relevância do tema, dele trataremos outras vezes ao longo do curso.

Alternativa (A): errada. A Floresta Nacional, de fato, de acordo com o artigo 17 da legislação mencionada,
tem o objetivo exposto na assertiva, bem como a sua posse e domínio têm de ser públicos. Ocorre que
ela corresponde à Unidade de Conservação da espécie Unidade de Uso Sustentável, conforme artigo 14
da mesma lei. Portanto, o único erro da assertiva foi quanto à classificação da Unidade.

Alternativa (B): errada. De fato, a Reserva Biológica consiste em uma Unidade de Conservação da
espécie Unidade de Proteção Integral, objetivando, conforme artigo 10 da Lei, a preservação integral
da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou
modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e
as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e
os processos ecológicos naturais. Ocorre que, apesar de se constituir em Unidade de Proteção Integral e
de, em regra, vedar a visitação pública, tal vedação não é ampla e irrestrita, possuindo como exceção a
realização de visitas com a finalidade educacional. É o que consta no parágrafo segundo do mencionado
artigo.

Alternativa (C): correta. O objetivo básico do Monumento Natural, realmente, consiste em preservar
sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Das cinco Unidades de Proteção Integral
(Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre),
note que apenas os dois últimos (memorizar!) podem ser constituídos em áreas particulares, mas

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desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários (em caso de incompatibilidade, a área deve ser desapropriada).

Alternativa (D): errada. De fato, a Área de Relevante Interesse Ecológico é uma espécie de Unidade
de Uso Sustentável. No entanto, ao contrário da assertiva, ela consiste, conforme artigo 16 da Lei, em
um espaço de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os
ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo
a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. O conceito trazido pela assertiva, na
verdade, refere-se a uma outra Unidade de Uso Sustentável, a Área de Proteção Ambiental.

Alternativa (E): errada. De fato, os objetivos apresentados na assertiva são verdadeiros, e são somados,
ainda, à possibilidade de realização de pesquisas científicas. Decorre dos seus objetivos a visitação pública
que é permitida, mas condicionada às normas e restrições estabelecidas no plano de manejo da unidade.
O erro se encontra ao fim da assertiva, não sendo possível o estabelecimento do mencionado Parque
em áreas particulares. Conforme artigo 11, §1º da lei em estudo, o Parque é de posse e domínio públicos.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

17. Sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6938/81) e as ações cooperação entre os
entes (LC nº 140/2011), julgue os seguintes itens:

I. Dentre os princípios a serem atendidos pela Política Nacional do Meio Ambiente na


concretização do seu objetivo, estão a proteção de áreas degradadas e a racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água e do ar.

II. Compete à União formular a Política Nacional do Meio Ambiente e aos Estados, Distrito
Federal e Municípios executá-la e fazê-la cumprir, no seu respectivo âmbito de atuação.

III. Para implementar a Política Nacional do Meio Ambiente, a legislação criou o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, do qual são órgãos centrais o IBAMA e o Instituto
Chico Mendes, autarquias federais vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente.

IV. Dentre os órgãos que compõem o SISNAMA, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente, é o órgão consultivo e deliberativo e que, tradicionalmente, edita resoluções
com o intuito de complementar a legislação, visando sua fiel execução.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens errados:

a) II, III e IV.

b) III e IV.

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c) I, II e III.

d) IV.

e) II e IV.

COMENTÁRIO

O tema tratado nesta questão é a Política Nacional do Meio Ambiente, e as ações de cooperações
entre os entes, previstas, respectivamente, na lei nº 6938/81 e LC nº 140/2011, respectivamente. A Política
Nacional do Meio Ambiente é tema constante em quase todos os programas dos editais dos concursos
para Procuradorias Estaduais e Municipais, dada a importância dos seus instrumentos. A LC nº 140/2011,
por sua vez, embora seja menos frequente em provas, também se encontra prevista nos programas de
vários dos editais consultados.

Dada a importância do estudo da Política Nacional do Meio Ambiente, ao longo do curso, realizaremos
diversas questões sobre o tema. De início, optamos por focar nos objetivos, na competência e no SISNAMA.

Item (I): errado. Os “princípios” da Política Nacional do Meio Ambiente estão previstos na Lei nº 6938/81,
em seu artigo 2º. Ao todo, somam dez princípios, costumeiramente cobrados em concurso de forma mais
literal, exigindo-se uma memorização do candidato. Abaixo elencamos o artigo com todos os princípios.
A alternativa se encontra errada, pois informa ser um princípio a “proteção de áreas degradadas”, quando,
na verdade, o correto seria a “recuperação das áreas degradadas”. Veja que o Direito Ambiental, em regra,
visa proteger e preservar os recursos ambientais existentes e recuperar os que se encontram degradados.

Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos
os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente


como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista
o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a


proteção dos recursos ambientais;

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VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade,


objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Item (II): errado. De acordo com a Lei Complementar nº 140/2011, que trata das ações de cooperação
entre os entes, de fato, compete à União a formulação da Política Nacional do Meio Ambiente. No
entanto, não cabe apenas aos Estados/DF (art. 8º, I) e aos Municípios (art. 9º, I), executá-la e fazê-la
cumprir em seu âmbito de atuação. Também cabe à própria União, além de formulá-la, executá-la e fazê-
la cumprir em âmbito nacional. É o que se infere do artigo 7º, inciso I, da referida lei.

Item (III): errado. Com o intuito de efetivar a Política Nacional do Meio Ambiente, a lei que a instituiu
optou por criar o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, objetivando estabelecer uma rede de
agências governamentais, em todos os níveis da federação. Neste contexto, o SISNAMA, de acordo com
o artigo 6º da Lei, é composto por diversos órgãos, que podem ser classificados em a) Órgão Superior
(Conselho de Governo); b) Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA); c) Órgão Central (Ministério do
Meio Ambiente); d) Órgãos Executores (IBAMA e Instituto Chico Mendes); Órgãos Seccionais (órgãos ou
entidades estaduais); e Órgãos Locais (órgãos ou entidades municipais). O IBAMA e o Instituto Chico
Mendes, de fato, são autarquias federais vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente, sendo o primeiro,
inclusive, uma autarquia federal de regime especial. Ocorre que correspondem a órgãos executores, e
não a órgãos centrais.

Item (IV): correto. Como dito acima, o CONAMA é um órgão Consultivo e Deliberativo. No Direito
Ambiental, além dos atos legais, há diversos atos infralegais, emitidos, sobretudo, pelo CONAMA. Apesar
de já ter sido objeto de controvérsias, o Superior Tribunal de Justiça já confirmou a possibilidade de
edição de resoluções pelo CONAMA, por respeitar o princípio da legalidade, desde que as normas sejam
complementares, limitando-se à fiel execução da lei. Em síntese, assim se manifestou o STJ no RESP
994881/SC:

“2. Pelo exame da legislação que regula a matéria (Leis 6.938/81 e 4.771/65), verifica-se que
possui o Conama autorização legal para editar resoluções que visem à proteção do meio
ambiente e dos recurso naturais, inclusive mediante a fixação de parâmetros, definições
e limites de Áreas de Preservação Permanente, não havendo o que se falar em excesso
regulamentar.”

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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18. Sobre a proteção ao meio ambiente na Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
errada:

a) Em que pese a prévia existência de normas legais com escopo de proteger o meio
ambiente no ordenamento jurídico brasileiro, no âmbito constitucional, a Constituição
Federal de 1988 inovou em relação às antecessoras, superando a visão utilitarista dos
recursos naturais então existente e inaugurando a ótica protecionista, sendo, inclusive, a
primeira a tratar de normas de proteção ambiental em um capítulo próprio.

b) Nota-se no meio ambiente equilibrado um efeito de mão dupla. Corresponde não


só a um direito como, também, a um dever. Ou seja, ao passo em que é um direito
constitucionalmente garantido a todos, também é uma obrigação a ser cumprido por
todos, incluindo-se o Estado e os cidadãos.

c) Para a doutrina, a Constituição Federal de 1998, ao tecer uma visão protecionista


do direito ambiental, o faz com a criação de direitos tanto subjetivos quanto objetivos.
Objetivos, na medida em que o cidadão, através de um direito individual, tem o acesso e
direito de uso e gozo de um ambiente saudável. Subjetivos, na medida que o direito a um
ambiente equilibrado é dever ou tarefa estatal.

d) Em que pese ser considerado um direito difuso, pela indeterminabilidade dos


interessados, e de terceira geração, por refletir os direitos de solidariedade, juridicamente,
da forma como previsto, hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado não pode ser visto como um direito fundamental,
uma vez que não se encontra inserido no rol do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988.

e) Por se tratar de um direito transindividual, a proteção ao meio ambiente pode ser buscada
por meio da Ação Civil Pública, estando dentre os legitimados ativos o Ministério Público, a
Defensoria Pública, os entes públicos e algumas associações, bem como por meio da Ação
Popular, cuja legitimidade ativa compete ao cidadão, estando previsto, expressamente,
na Constituição Federal de 1988 as suas utilizações para finalidade de proteção do meio
ambiente.

COMENTÁRIO

Elaboramos, aqui, uma questão que objetivou tratar de uma análise mais conceitual e doutrinária do
Direito Ambiental, em virtude de sua previsão trazida pela Constituição Federal de 1988. Não basta saber
as regras sobre os institutos do direito ambiental se não se pode compreender a própria dimensão deste
direito. O tema se encontra inserido, nos programas dos concursos de Procuradoria, dentro de conceito
e características do meio ambiente e do Direito Ambiental.

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Alternativa (A): correta. De fato, as Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967/69 não se
manifestaram, em seu texto, sobre a proteção ao meio ambiente, época em que os recursos eram vistos
por uma mera ótica utilitarista, em que pese, posteriormente, terem sido editadas leis infraconstitucionais
com uma visão protecionista como é o caso da Lei nº 6938/81. A Constituição Federal de 1988 inaugurou
a visão protecionista no âmbito constitucional, com um capítulo específico voltado ao tema.

Alternativa (B): correta. Existe uma dúplice face da proteção ao meio ambiente e seu equilíbrio. À
medida em que todos têm o direito a usufruir de um ambiente equilibrado, também têm o dever de
mantê-lo protegido e com o mesmo equilíbrio.

Alternativa (C): correta. De fato, o direito ao meio ambiente pode ser visto destas duas formas, havendo
a liberdade de cada indivíduo dele se utilizar e o dever estatal de garanti-lo.

Alternativa (D): errada. Realmente, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
difuso, que, assim como o coletivo, é transindividual, mas dele se difere dada a impossibilidade de se
determinar os seus titulares (conforme artigo 81, do CDC). Da mesma forma, constitui um direito de
terceira geração, indo além de meras liberdades clássicas ou direitos de igualdade para se constituir
em um verdadeiro direito de solidariedade. No entanto, ainda que não esteja previsto no artigo 5º da
Constituição Federal de 1988, é pacífica a existência de direitos fundamentais fora deste rol, como é o
caso não só do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, previsto no artigo 225, como de
outros direitos, tais como a irretroatividade da lei tributária, artigo 150, inciso III, assim já expressamente
tratados pelo Supremo Tribunal Federal.

Alternativa (E): correta. Realmente, os legitimados apontados são os que se encontram na legislação de
regência. Da mesma forma, a Constituição Federal de 1988 aponta, expressamente, o cabimento do uso
das duas ações para fins ambientais. Vejamos:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

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DIREITO TRIBUTÁRIO

19. Sobre a Competência Tributária e a criação de tributos, assinale a alternativa correta:

a) Ao passo em que, para os Estados, Municípios e Distrito Federal a competência tributária


para instituir impostos é sempre privativa e exaustiva, para a União, é possível o exercício
da competência tributária residual ou da competência tributária extraordinária, desde que
o faça por meio de Lei Complementar.

b) No exercício de sua competência tributária, é vedado à União, em qualquer situação,


a criação de impostos com base econômica atribuídas constitucionalmente aos Estados e
Municípios.

c) Ao passo em que a criação dos tributos em geral pode ser realizada por lei ou ato
normativo equivalente, para os impostos, há necessidade de existência de lei complementar
de caráter nacional que disponha sobre fato gerador, base de cálculo e contribuinte.

d) Com a finalidade de efetivar o princípio da isonomia no âmbito tributário, quando da


criação de tributos, é obrigatória, em todas as situações, a observância do caráter pessoal
e da graduação segundo a capacidade econômica do contribuinte.

e) Segundo a Constituição Federal de 1988, a criação de taxas não pode ter base de cálculo
ou fato gerador idênticos aos que correspondem ao imposto.

COMENTÁRIO

O tema da competência tributária se encontra inserido nos programas de direito tributário dos principais
concursos para Procuradorias Municipais e Estaduais, sendo cobrado, com grande frequência, nas provas
de concurso. Vejamos algumas de suas características:

Alternativa (A): errada. A Constituição Federal de 1988 prevê, expressamente, a competência tributária
privativa, na criação de impostos, para a União (artigo 153), Estados e DF (artigo 155) e Municípios e
DF (artigo 156). Ao passo em que, para os Estados, Municípios e Distrito Federal esta competência é
exaustiva, uma vez que são os únicos impostos que podem ser criados por eles, para a União, a CF/88
optou por atribuir, ainda, a competência tributária residual, para criação de novas espécies de impostos ali
não previstas, bem como a competência tributária extraordinária, para a criação de imposto na iminência
ou em caso de guerra externa, conforme artigo 154, CF88.

O erro na assertiva se encontra quanto ao instrumento normativo para o exercício dessas duas últimas
competências. Enquanto, para os impostos residuais, faz-se necessária a utilização de Lei Complementar,
para os impostos extraordinários não há tal limitação.

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Alternativa (B): errada. Embora esta seja a regra, devendo-se respeitar a divisão de competência
trazida pela Constituição Federal de 1988, a própria CF trouxe uma exceção a essa divisão, permitindo
que, quando do exercício de sua competência extraordinária, fosse possível a criação de impostos
“compreendidos ou não em sua competência tributária”, ou seja, sobre qualquer base econômica, o que
inclui as tradicionalmente atribuídas aos Estados e Municípios.

Alternativa (C): correta. Como já vista, a regra geral em matéria tributária, e sem exceções, é que a criação
de tributos depende lei. No entanto, no que tange aos impostos, a Constituição Federal de 1988 foi além
e, em seu artigo 146, inciso III, alínea, “a” dispôs sobre a necessidade de previsão, por Lei Complementar
de caráter nacional, dos fatos geradores, base de cálculos e contribuintes. Veja-se que a própria redação
deixa clara a incidência de tal regra apenas para os impostos, ao se utilizar da expressão “definição de
tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes”.

Alternativa (D): errada. Entende-se que o sentido da norma prevista no artigo 145, §1º, da CF88, é, de
fato, buscar uma concretização do princípio da isonomia, na medida em que, buscando-se uma justiça
social, tenta-se tributar mais daquele que mais possui. No entanto, tal previsão não corresponde a uma
medida obrigatória a ser aplicada em todas as situações, mas deve ser aplicada “sempre que possível”.
Ou seja, embora deva ser praticada, reconhece-se que em algumas situações não haverá possibilidade
de concretizar tal mister.

Alternativa (E): errada. Em seu artigo 145, §2º, a Constituição Federal de 1988 veda, apenas, que as taxas
tenham base de cálculo própria dos impostos. É o Código Tributário Nacional que, indo além, veda, em
seu artigo 77, parágrafo único, que as taxas tenham base de cálculo ou fato gerador idênticos aos dos
impostos.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

20. Sobre as Taxas, assinale a alternativa correta:

a) Dentre as hipóteses constitucionais para a criação de Taxas se encontra o efetivo ou


potencial exercício do Poder de Polícia.

b) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, para que seja possível a cobrança
de taxa, em razão do Poder de Polícia, é necessária a comprovação da existência de órgão
fiscalizador com competência e estrutura para o exercício da fiscalização.

c) Para instituição de taxas em razão do serviço público, deve ele ser específico, ou seja,
suscetível de utilização, separadamente, por parte da cada um dos usuários, e divisível, com
a possibilidade de ser destacado em unidades autônomas de intervenção.

d) Os serviços públicos podem gerar a criação de taxas ou impostos, acaso sejam gerais,

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para o primeiro caso, e específicos para o segundo.

e) A taxa em razão de serviço público pode ser cobrada pela efetiva ou potencial
disponibilização do serviço.

COMENTÁRIO

Ingressando no tema dos tributos em espécie, construímos uma questão voltada apenas às Taxas e suas
características. Trata-se de tema presente em todos os programas de direito tributário dos principais
concursos de Procuradorias, e cuja abordagem, nas provas, gira em torno das principais características
aqui tratadas.

Alternativa (A): errada. Decorre do artigo 145, inciso II, da Constituição Federal de 1988, bem como do
artigo 77, do Código Tributário Nacional, que as taxas podem ser criadas em razão do Poder de Polícia
ou dos serviços públicos. No que tange à primeira situação, sua criação decorre do efetivo exercício do
Poder de Polícia, não havendo qualquer previsão acerca da sua potencialidade, a qual só é aplicável para
as taxas de serviço.

Entende-se que, para cobrança da taxa em razão do Poder de Polícia, deve haver, por exemplo, órgão de
fiscalização instalado e em funcionamento. Não basta a mera possibilidade ou intenção de criá-lo, ainda
que diante de atividade que demande fiscalização.

Alternativa (B): correta. Para o Supremo Tribunal Federal, é suficiente para justificar a cobrança da taxa
em razão do Poder de Polícia a prova da existência de órgão instalado e com competência e estrutura
para exercer a atividade de fiscalização, presumindo-se, assim, que tal exercício está sendo realizado.
Vejamos trecho de um julgado:

1. Nos termos da jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de licença de funcionamento é


constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado
pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a
realização da atividade de fiscalização. (RE 856185 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO,
Primeira Turma, julgado em 04/08/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-190 DIVULG 23-09-
2015 PUBLIC 24-09-2015)

Alternativa (C): errada. Atente-se que são diversas as questões que abordam este detalhe. A Constituição
Federal de 1988, em seu artigo145, II, ao dispor sobre a taxa, prevê a possibilidade de cobrança em
razão da “utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis”. Conceituando tais
expressões, o próprio Código Tributário Nacional, em seu artigo 79, incisos II e III, define que os serviços
são específicos quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, sendo divisíveis
quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Ou seja, deve
o usuário saber por qual serviço está pagando, bem como o ente poder identificar quais os usuários do
mencionado serviço. Destarte, a assertiva se encontra errada pela inversão dos conceitos.

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Alternativa (D): errada. Como visto, os serviços específicos são aqueles nos quais os usuários podem
ser identificados. Diferenciam-se dos gerais ou universais, que abrangem toda a população de forma
indistinta. Sendo a especificidade uma das condições para a criação das taxas, somente os serviços
públicos específicos podem dar ensejo à cobrança desta espécie tributária. Assim, para os serviços gerais,
caso necessite o ente público de arrecadação de fundos para seu financiamento, deverá fazê-lo por meio
de impostos, e não de taxas.

Alternativa (E): errada. Chamo bastante atenção para a assertiva. A Constituição Federal de 1988, em
seu artigo 145, II, faz referência à “utilização, efetiva ou potencial”. Ou seja, para a cobrança da taxa, o
serviço deve sempre estar disponível ao usuário, sendo que este poderá dele se utilizar ou não. Note-se
que a utilização é que é potencial, e não a disponibilização do serviço.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

PROFESSOR: GUSTAVO CARMINATTI


E-mail: profcei.gustavocarminatti@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Acerca da Lei nº 8.666/93 que institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública, assinale a alternativa correta:

a) Considera-se empreitada por preço global quando se contrata um empreendimento


em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante
em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua
utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características
adequadas às finalidades para que foi contratada.

b) A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse


público devidamente justificado, em regra, será precedida de avaliação e, quando de
imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência. Quando
móveis, via de regra, dependerá de avaliação prévia e de licitação, não sendo necessária
autorização legislativa.

c) Convite é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que


atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à

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data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

d) A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente relação


de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento de
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação ficará obrigada a garantir que os
referidos integrantes realizem os serviços objeto do contrato ao menos na condição de
supervisores.

e) A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação,


pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, incluindo o
projeto executivo, o qual não poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução
das obras e serviços.

COMENTÁRIO

Caros alunos, a Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos é constantemente cobrada nos
concursos públicos, exigindo-se, em regra, o conhecimento da lei seca, salvo determinados pontos mais
controversos que serão oportunamente tratados no Curso. Por isso, é imprescindível a leitura atenta de
toda a Lei nº 8.666/93.

Alternativa (A): errada. Extrai-se do artigo 6º, VIII, “a”, da Lei nº 8.666/93, que a empreitada por preço
global é um regime de execução indireta que se dá quando se contrata a execução da obra ou do serviço
por preço certo e total. A alternativa, entretanto, traz em seu texto a definição de empreitada integral,
prevista no artigo 6º, VIII, “e” da lei comentada. Portanto, para memorização, o preço global define a
fixação ex ante do valor a ser gasto na obra pública, ao passo que a empreitada integral traz consigo a
obrigação do contratado entregar a obra em funcionamento inclusive com mobiliário e equipamentos
necessários.

Alternativa (B): correta. Combinando-se o artigo 17, incisos I e II, Lei nº 8.666/93, temos todos os
requisitos para alienação de bens imóveis e móveis da Administração Pública. A licitação, todavia, poderá
ser dispensada em mais de uma dezena de hipóteses arroladas nas alíneas dos incisos citados, devendo
o aluno ler atentamente cada uma delas, pois a exigência da lei seca é constante nessa temática.

Alternativa (C): errada. Segundo artigo 22, §3º, da Lei nº 8.666/93, convite é a modalidade de licitação
entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados
em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das
propostas. A modalidade trazida na alternativa é a tomada de preços (Art. 22, §2º, da Lei nº 8.666/93).

Alternativa (D): errada. Segundo o artigo 13º, §3º, da Lei nº 8.666/93, a empresa de prestação de serviços
técnicos especializados que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento

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licitatório ou como elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada


a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços objeto do
contrato. Aqui o aluno deve ter em mente que, se determinada empresa tem seu corpo técnico como
fundamento para a realização de contratação direta com o Poder Público - dispensa ou inexigibilidade
de licitação – é evidente que a expertise dessas pessoas deve ser utilizada em prol da Administração de
forma direta e imediata.

Alternativa (E): errada. Segundo a disposição do artigo 7º, §1º, da Lei nº 8.666/93, a execução de
cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente,
dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado
pela Administração.

Recomendamos ao aluno que estude, além dos conceitos envolvendo licitação, as hipóteses de dispensa
e inexigibilidade, as modalidades, os tipos, as normas de habilitação e toda a disciplina dos contratos
administrativos.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

22. “Consideramos, todavia, que três pontos são fundamentais para a caracterização do ato
administrativo. Em primeiro lugar, é necessário que a vontade emane de agente da Administração
Pública ou dotado de prerrogativas desta. Depois, seu conteúdo há de propiciar a produção de
efeitos jurídicos com fim público. Por fim, deve toda essa categoria de atos ser regida basicamente
pelo direito público.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed.
São Paulo: Atlas, 2015, p. 101). Tratando dos atos administrativos, assinale a alternativa correta:

a) Ato da Administração é sinônimo de Ato Administrativo, pois representa vontade


que emana de agente da Administração Pública ou dotado de prerrogativas desta, seu
conteúdo propicia a produção de efeitos jurídicos com fim público, e esse tipo de ato é
regido basicamente pelo direito público.

b) Ato composto é aquele que resulta da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos,
cuja vontade se funde para formar ato único. Ato complexo é o derivado da manifestação
de dois ou mais órgãos em que a vontade de um é pressuposto ou complementar do outro,
existindo, todavia, dois atos, um principal e outro acessório.

c) Os atos de gestão são aqueles praticados pela Administração na qualidade de gestora


de seus bens e serviços, sendo típicos das atividades de administração de bens e serviços
em geral, assemelhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas, no entanto, por
serem emanados pelo Poder Público, não deixam de ter fundamento direto no princípio da
supremacia do interesse público.

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d) A respeito dos atos discricionários, o entendimento majoritário da doutrina afirma


não haver discricionariedade quando a lei emprega conceitos jurídicos indeterminados na
descrição do motivo determinante da prática de um ato administrativo e, no caso concreto,
a Administração se depara com uma situação em que não existe possibilidade de afirmar,
com certeza, se o fato está ou não abrangido pelo conteúdo da norma.

e) Quanto ao silêncio administrativo, no caso em que a lei se omite sobre sua consequência,
seja o silêncio por ausência de manifestação volitiva no prazo fixado na lei, seja pela demora
excessiva na prática do ato quando a lei não estabeleceu prazo, poderá o interessado
requerer a expedição de ordem judicial à autoridade administrativa para que cumpra seu
poder-dever de agir e formalize manifestação volitiva expressa, sob pena de desobediência
a ordem judicial. Não poderá o Poder Judiciário, entretanto, substituir o administrador e
conceder diretamente o direito pleiteado pelo administrado.

COMENTÁRIO

O estudo dos atos administrativos é a verdadeira base do Direito Administrativo, devendo o aluno se
atentar para toda a classificação doutrinária, bem como sobre os demais aspectos dos atos que influenciam
sobremaneira todos os demais campos da matéria. O estudo deve ser feito essencialmente através das
doutrinas, recomendando-se as citadas no material ou outras de preferência do aluno.

Alternativa (A): errada. Segundo a doutrina de CARVALHO FILHO:

“A expressão atos da Administração traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo em qualquer
dos Poderes. O emprego da expressão não leva em conta a natureza deste ou daquele
ato. Significa apenas que a Administração Pública se exprime, na maioria das vezes,
por meio de atos, de forma que, ao fazê-lo, pratica o que se denomina de atos da
Administração. O critério identificativo, portanto, reside na origem da manifestação
de vontade. Uma vez praticado o ato, aí sim, caberá ao intérprete identificá-lo na categoria
adequada. Na verdade, entre os atos da Administração se enquadram atos que não se
caracterizam propriamente como atos administrativos, como é o caso dos atos privados
da Administração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito privado, como a compra e venda,
a locação etc.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed.
São Paulo: Atlas, 2015, p. 99/100).

Portanto, a distinção entre os conceitos pode ser aferida confrontando o enunciado da questão, que traz
o conceito de ato administrativo, e a lição doutrinária acima, que explica o que são Atos da Administração.

Alternativa (B): errada. A alternativa troca os conceitos. Segundo lição de DI PIETRO:

“Atos complexos são os que resultam da manifestação de dois ou mais órgãos, sejam eles

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singulares ou colegiados, cuja vontade se funde para formar um ato único. As vontades
são homogêneas; resultam de vários órgãos de uma mesma entidade ou de entidades públicas
distintas, que se unem em uma só vontade para formar o ato; há identidade de conteúdo e
de fins. Exemplo: o decreto que é assinado pelo Chefe do Executivo e referendado pelo
Ministro de Estado; o importante é que há duas ou mais vontades para a formação de um
ato único. Ato composto é o que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em que
a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que edita o ato principal. (...)
Exemplo: a nomeação do Procurador Geral da República depende da prévia aprovação
pelo Senado (art. 128, § 1º, da Constituição); a nomeação é o ato principal, sendo a
aprovação prévia o ato acessório, pressuposto do principal.” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.
Direito Administrativo. 26ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 230/231).

Alternativa (C): errada. Segundo a lição de VICENTE PAULO E MARCELO ALEXANDRINO:

“Os atos de gestão são praticados pela administração na qualidade de gestora de seus bens
e serviços, sem exercício de supremacia sobre os particulares. São típicos das atividades
de administração de bens e serviços em geral, assemelhando-se aos atos praticados pelas
pessoas privadas. Deve-se notar que tais atos não têm fundamento direto no princípio da
supremacia do interesse público, mas nem por isso deixam de ser realizados sob regime
jurídico-administrativo, uma vez que na sua prática está a administração sujeita ao principio
da indisponibilidade do interesse público.” (PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito
Administrativo Descomplicado. 23ª Ed. São Paulo: Método, 2015, p. 494).

O aluno não deve confundir a ausência de supremacia sobre o particular dos atos de gestão, com
sua submissão ao regime jurídico-administrativo e, assim, ao princípio da indisponibilidade do interesse
público. Os atos de gestão são proferidos numa relação de horizontalidade – sem supremacia - com os
particulares, mas, por advirem da Administração, que lida com a coisa pública, devem se submeter a
todas as exigências legais para sua emissão. São exemplos de atos de gestão a alienação ou a aquisição
de bens pela Administração, o aluguel a um particular de um imóvel de propriedade de uma autarquia,
os atos negociais em geral, como a autorização ou a permissão de uso de um bem público.

Alternativa (D): errada. A alternativa contraria o entendimento doutrinário, uma vez que entende-se
haver certa margem de discricionariedade da Administração quando esta, no caso concreto, diante
de um fato, interpreta conceitos jurídicos indeterminados, tais como “boa-fé”, “conduta escandalosa”,
“decoro”, etc. Segundo a lição de VICENTE PAULO E MARCELO ALEXANDRINO:

“Em síntese, segundo a corrente hoje dominante em nossa doutrina, existe discricionariedade:
(...) b) quando a lei emprega conceitos jurídicos indeterminados na descrição do motivo
determinante da prática de um ato administrativo e, no caso concreto, a administração se
depara com uma situação em que não existe possibilidade de afirmar, com certeza, se o fato
está ou não abrangido pelo conteúdo da norma; nessas situações, a administração, conforme o

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seu juízo privativo de oportunidade e conveniência administrativas, tendo em conta o interesse


público, decidirá se considera, ou não, que o fato está enquadrado no conteúdo do conceito
indeterminado empregado no antecedente da norma e, conforme essa decisão, praticará, ou
não, o ato previsto no respectivo consequente.” (PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo.
Direito Administrativo Descomplicado. 23ª Ed. São Paulo: Método, 2015, p. 487/488).

Alternativa (E): correta. O silêncio administrativo nada mais é do que a ausência de resposta da
Administração em pleito realizado pelos administrados, deixando-os sem resposta, fato muito comum.
Vejamos mais uma vez a doutrina de CARVALHO FILHO, um dos poucos autores a tratar da matéria:

“Caso não tenha êxito na via administrativa para obter manifestação comissiva da Administração,
não restará para o interessado outra alternativa senão recorrer à via judicial. Diferentemente
do que sucede na hipótese em que a lei indica que a omissão significa denegação – hipótese
em que se pretende desconstituir relação jurídica –, o interessado deduzirá pedido de natureza
mandamental (ou, para alguns, condenatória para cumprimento de obrigação de fazer),
o qual, se for acolhido na sentença, implicará a expedição de ordem judicial à autoridade
administrativa para que cumpra seu poder-dever de agir e formalize manifestação volitiva
expressa, sob pena de desobediência a ordem judicial. (...) Note- -se que a pretensão do
interessado na ação não consiste na prolação de sentença que ordene ao agente omisso
o atendimento do pedido administrativo, fato que refletiria a substituição da vontade
do administrador pela do juiz e que, por isso mesmo, seria incabível. A pretensão –
isto sim – é a de ser o administrador omisso condenado ao cumprimento de obrigação de
fazer, vale dizer, ser condenado à prática do ato administrativo em si, independentemente do
conteúdo que nele venha a ser veiculado.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito
Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 104/105). Na mesma linha é a jurisprudência
do STF: “MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ADMINISTRATIVO. INÉRCIA DA AUTORIDADE
COATORA. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA RAZOÁVEL. OMISSÃO. SEGURANÇA CONCEDIDA.
A inércia da autoridade coatora em apreciar recurso administrativo regularmente
apresentado, sem justificativa razoável, configura omissão impugnável pela via do
mandado de segurança. Ordem parcialmente concedida, para que seja fixado o prazo
de 30 dias para a apreciação do recurso administrativo.” (STF. MS 24167, Relator(a): Min.
JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2006).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

23. Acerca da organização administrativa, assinale a alternativa correta:

a) A autarquia é criada diretamente por lei, não dependendo de atos constitutivos


posteriores para sua plena existência, ao passo que as fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista têm sua criação apenas autorizada por lei, dependendo de

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atos constitutivos posteriores para a plena existência, e, no caso das fundações, exige-se
ainda lei complementar para definir as áreas de sua atuação.

b) A descentralização é um fenômeno de distribuição interna da competência decisória,


dividindo o ente federado em órgãos, os quais ficam ligados ao Estado por um vínculo de
hierarquia.

c) A desconcentração é transferência da responsabilidade do exercício de atividades


administrativas do ente federado para outras pessoas jurídicas criadas para auxiliá-lo, as
quais se submetem à supervisão, ausente o elemento hierárquico.

d) A extinção dos entes da Administração Indireta independe de autorização legislativa,


pois a Constituição apenas exige lei para sua criação, não havendo, por isso, afronta ao
princípio da legalidade.

e) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, para atendimento do interesse


público e mediante previsão legal, poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do
setor privado.

COMENTÁRIO

A organização administrativa possui previsão na Constituição, no Decreto nº 200/67 e nas leis que criam
e regem cada entidade da Administração Indireta. Neste tópico, recomendamos ao aluno que estude
toda a disciplina de criação, administração, regime jurídico e extinção dos entes da Administração. A
disciplina diversificada entre autarquias, que são pessoas jurídicas de direito público, e sociedades de
economia mista e empresas públicas, que são pessoas de direito privado, deve ser estudada, assim como
a submissão à lei de licitação, necessidade de realização de concurso público, aplicação do regime de
precatórios, entre outros. As fundações trazem controvérsia a respeito de sua natureza jurídica, celeuma
que deve ser de conhecimento do aluno, podendo ser tema de provas subjetivas e orais.

Alternativa (A): correta. A alternativa está de acordo com a disciplina do artigo 37, XIX, da CF, que diz
que somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação. Quanto aos atos constitutivos posteriores, são exigidos para
empresa pública, sociedade de economia mista e fundação, havendo necessidade de registro dos atos
constitutivos nos Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas, se tiver natureza civil, ou na Junta Comercial,
se possuir natureza comercial.

Alternativa (B): errada. Os conceitos foram trocados nas alternativas B e C. Ensina MARINELA a respeito
da descentralização:

“Entretanto, para proteger o interesse público, buscando-se maior eficiência e especialização

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no exercício da função pública, o Estado poderá transferir a responsabilidade pelo exercício de


atividades administrativas que lhe são pertinentes a pessoas jurídicas auxiliares por ele criadas
com esse fim ou para particulares. Nesse caso, ele passa a atuar indiretamente, pois faz por
intermédio de outras pessoas, seres juridicamente distintos. (...) Inicialmente, a descentralização
realiza-se por pessoas diversas, físicas ou jurídicas, e não há vínculo hierárquico entre a
Administração Central e a pessoa estatal descentralizada, existindo apenas um poder de
controle, de fiscalização.” (MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 9ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2015, p. 128/129).

Os traços característicos da descentralização são: a) deslocamento da atividade para uma nova pessoa,
jurídica ou física; b) ausência de hierarquia, existindo apenas supervisão, fiscalização. Exemplo:
autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas. Vê-se que a descentralização
é o fenômeno que dá existência à Administração Indireta.

Alternativa (C): errada. Os conceitos foram trocados nas alternativas B e C. Doutrina MARINELA sobre
a desconcentração:

“Para que o ente federativo, a exemplo da União, possa exercer o seu grande leque de atribuições
e responsabilidades, considerando que é titular e executor das atividades administrativas, é
preciso uma organização e distribuição interna dessas competências (uma divisão
interna das tarefas), o que se denomina desconcentração. A desconcentração, que é um
fenômeno de distribuição interna de partes de competências decisórias, agrupadas em unidades
individualizadas, refere-se à organização interna de cada pessoa jurídica. Ela não prejudica
a unidade monolítica do Estado, pois todos os órgãos e agentes permanecem ligados
por um consistente vínculo denominado hierarquia (...).” (MARINELA, Fernanda. Direito
Administrativo. 9ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 128).

Os traços característicos da desconcentração são: a) permanência da atividade na própria pessoa


jurídica de direito público; b) controle por hierarquia. Exemplo: secretarias, superintendências,
coordenações, etc.

ALTERNATIVA (D): errada. De fato, a Constituição, no artigo 37, XIX, não exige lei para a extinção dos
entes da Administração Indireta, contudo, existe no Direito Administrativo o conceito do paralelismo de
forma, aceito pela doutrina de forma praticamente unânime, que define que o ato exigido para extinguir
algo deve ter a mesma natureza do ato exigido para sua criação. Assim, se a CF determina, por exemplo,
que deve haver lei para criar uma autarquia, somente outra lei pode extingui-la.

ALTERNATIVA (E): errada. Segundo o artigo 173, § 2º, da CF, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Como
essas pessoas jurídicas representam atuação do Estado no domínio econômico, em concorrência com os
particulares, o Constituinte entendeu por bem não outorgar a elas privilégios fiscais que as coloquem em
posição de desigualdade

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GABARITO: ALTERNATIVA (A)

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Tratando da Lei Complementar nº 101/2000, que estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, assinale a alternativa incorreta:

a) Receita corrente líquida é o somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos, no caso dos Estados, as parcelas entregues
aos Municípios por determinação constitucional, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da
compensação financeira dos diversos regimes de previdência social, em decorrência da
contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana.

b) Empresa estatal dependente é a empresa controlada que recebe do ente controlador


recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou
de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação
acionária.

c) Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que


serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas,
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a
que se referirem e para os dois seguintes. A lei de diretrizes orçamentárias conterá ainda
o Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos
capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se
concretizem.

d) É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação
ilimitada.

e) A lei orçamentária poderá consignar dotação para investimento com duração superior a
um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize
a sua inclusão.

COMENTÁRIO

A Lei de Responsabilidade Fiscal, após as normas constitucionais sobre Direito Financeiro, é a principal
lei a ser estudada pelos alunos, de maneira que devem ser estudados os conceitos e vedações nela

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previstos. Todos os candidatos aos concursos públicos para advocacia pública devem estar atentos
à realidade financeira dos entes federados, o que torna relevante o conhecimento das normas que
tratam, por exemplo, de despesas com pessoal e suas limitações, da disciplina das operações de crédito,
dentre outras. Da mesma forma, o aluno deve ter conhecimento conceitual e das diferenças entre Plano
Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. Por isso, o aluno deve efetuar a
leitura da Lei Complementar nº 101/2000 com atenção, pois ela é cobrada, na maioria das vezes, em sua
redação literal, e o candidato que dela tiver conhecimento certamente estará em vantagem perante os
demais.

Alternativa (A): correta, por isso não deve ser marcada, já que o enunciado pedia a alternativa incorreta.
A alternativa está de acordo com a disciplina do artigo 2º, IV, alíneas “b” e “c”, da Lei Complementar nº
101/2000 c/c artigo 201, §9º, da Constituição, que define o conceito de receita corrente líquida e traz as
deduções legais para seu cálculo.

Alternativa (B): correta, por isso não deve ser marcada, já que o enunciado pedia a alternativa incorreta.
A alternativa está de acordo com a disciplina do artigo 2º, III, da Lei Complementar nº 101/2000, que
define o que seja empresa estatal dependente. Aqui é importante assentar que a dependência decorre
não apenas do fato de o ente federado ser controlador, mas da circunstância da empresa estatal
depender de aportes do ente federado para custeio de despesas comum, do dia a dia, como despesas
com pessoal. A empresa estatal dependente é espécie do gênero empresa controlada, prevista no artigo
2º, II, da LRF, definida como sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta
ou indiretamente, a ente da Federação.

Alternativa (C): correta, por isso não deve ser marcada, já que o enunciado pedia a alternativa incorreta.
O item está de acordo com a disciplina do artigo 4º, §§ 1º e 3º, da Lei Complementar nº 101/2000, que
determinam os anexos que devem acompanhar a LDO. O aluno deve ter conhecimento do § 2º do artigo
4º que esmiúça a composição do Anexo de Metas Fiscais. Os referidos Anexos são gratas novidades
trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, pois obrigam o administrador a ter uma previsibilidade
mínima da receita fiscal, por isso o Anexo de Metas Fiscais traz o planejamento trienal, monitorado
anualmente. Por outro lado o Anexo de Riscos Fiscais almeja prevenir o administrador diante dos riscos
capazes de afetar as contas públicas, de modo que o gestor já possuirá de antemão as providências a
serem tomadas caso os riscos se concretizem.

Alternativa (D): correta, por isso não deve ser marcada, já que o enunciado pedia a alternativa incorreta.
O item está de acordo com a disciplina do artigo 5º, §4º da Lei Complementar nº 101/2000. A possibilidade
de constar da LOA crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada subverteria toda a lógica
da Lei de Responsabilidade Fiscal que busca dar previsibilidade, planejamento e transparência aos gastos
públicos. Por isso a vedação legal.

Alternativa (E): errada, por isso deve ser assinalada, já que o enunciado pedia a alternativa incorreta.
A alternativa está destoando da disciplina do artigo 5º, §5º da Lei Complementar nº 101/2000, que

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diz que a lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um
exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão.
Mais uma vez o legislador exigiu planejamento do gestor da coisa pública e, assim, qualquer investimento
com duração superior a 01 (um) ano deve ter previsão no plano plurianual ou em outra lei que autorizou
sua inclusão.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

25. “Peculiariza o Direito Econômico, como vimos, a sua destinação à instrumentalização, mediante
ordenação jurídica, da política econômica do Estado; cuida-se, assim, de ramo do direito que se
destina a traduzir normativamente os instrumentos da política econômica do Estado.” (GRAU,
Eros. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 14ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 260).
Acerca da intervenção do Estado na economia, marque a alternativa correta:

a) A valorização do trabalho humano e a livre iniciativa são princípios da ordem econômica


previstos na Constituição.

b) O dever de manter o serviço adequado para as empresas concessionárias e permissionárias


de serviços públicos, contratadas sempre através de licitação, decorre expressamente do
texto constitucional.

c) A empresa pública que explore atividade econômica de produção ou comercialização


de bens ou de prestação de serviços sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais e trabalhistas, ressalvadas as
obrigações tributárias.

d) Tendo em vista a excepcionalidade, segundo a Constituição, do Estado explorar


diretamente a atividade econômica, a única hipótese de promover-se tal exploração é no
caso de relevante interesse coletivo.

e) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na


forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este indicativo
para o setor público e determinante para o setor privado.

COMENTÁRIO

A ordem econômica estuda a relação do Estado, do Direito e da Economia, relação esta que é regulada
essencialmente pela União. Nesta seara, o Constituinte trouxe questões relativas à intervenção do Estado
na economia e suas limitações, bem como a orientação da disciplina das concessões, permissões e,
ainda, a disciplina da exploração petrolífera. O aluno não deve passar ao largo do estudo da disciplina
constitucional da ordem econômica, pois, embora seja matéria de menor incidência nos concursos, o atual

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estágio econômico do país pode atrair o olhar das bancas examinadoras para o tema. Recomendamos
que os candidatos à advocacia pública estejam antenados com os temas jurídicos do momento, inclusive
no âmbito do Estado em que forem realizar a prova.

Alternativa (A): errada. A valorização do trabalho humano e a livre iniciativa são fundamentos da
ordem econômica, conforme previsto no caput do artigo 170 da CF. Os princípios da ordem econômica
são soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa
do consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação, redução das
desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para as empresas
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Segundo a doutrina de PETTER:

“Há de se tomar o fundamento como a causa da ordem econômica, ligando-se, portanto,


ao próprio objetivo por ela pretendido. Enquanto os princípios serão os elementos pelos quais
aquela ordem se efetivará, ou seja, o ponto de partida para esta efetivação, e que, portanto,
não pode ser relegado.” (PETTER, Lafayete Josué. Direito Econômico. 4ª Ed. Porto Alegre:
Verbo Jurídico, 2009, p. 46/47).

Alternativa (B): correta. Segundo o artigo 175, parágrafo único, IV, da Constituição, a lei que dispuser
sobre a contratação, sob regime de concessão ou permissão, de empresas para a prestação de serviços
públicos, deverá dispor sobre a obrigação de manter serviço adequado.

Alternativa (C): errada. Segundo o artigo 173, §1º, II, da CF, a lei que estabelecer o estatuto jurídico da
empresa pública deverá dispor sobre sua sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

Alternativa (D): errada. Segundo o artigo 173 da CF, ressalvados os casos previstos na Constituição,
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Alternativa (E): errada. Segundo o artigo 174 da CF, como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Explicando a questão a
doutrina de PETTER:

“(...) a execução do planejamento é imperativa, cogente, para o setor público, devendo os entes
públicos aterem-se à observância das diretrizes estabelecidas. Já no que diz com os agentes
econômicos privados, o planejamento é meramente indicativo. Ou seja, não é de acatamento
obrigatório, pois do contrário estar-se-ia diante de um determinismo estatal para as atividades
econômicas, com ofensa ao caro princípio da liberdade de iniciativa.” (PETTER, Lafayete Josué.
Direito Econômico. 4ª Ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009, p. 109).

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GABARITO: ALTERNATIVA (B)

PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. A respeito dos métodos de interpretação constitucional, considere as seguintes assertivas:

I. Não há identidade entre a norma jurídica e o texto normativo, já que o texto frio da
norma de nada adianta se não for estudado com vias de aplicá-lo à realidade social, e isso
só será possível pela atividade judicial e administrativa.

II. Através de pressupostos subjetivos e objetivos, são feitas diversas leituras sobre o
texto de um mesmo dispositivo, em um ciclo hermenêutico que permitirá se chegar à
melhor solução para o caso concreto.

III. Deve-se empregar, na interpretação constitucional, os métodos tradicionais de


hermenêutica utilizados para interpretar as leis, notadamente a partir daqueles elementos
desenvolvidos por Savigny.

IV. As normas constitucionais devem ser interpretadas de acordo com a vida em sociedade,
e, como a realidade social é dinâmica, as normas constitucionais também devem ser.

V. A partir do caso concreto, verifica-se a norma constitucional que melhor se aplica.


Já que o texto constitucional não é capaz de abranger todas as situações possíveis na
realidade social, busca-se adaptar o texto constitucional ao problema concreto.

A sequência que traz, na ordem correta, os métodos de interpretação constitucional a que


correspondem as ideias apresentadas em cada item é:

a) Método normativo-estruturante; método tópico-problemático; método clássico; método


científico-espiritual; método hermenêutico-concretizador.

b) Método hermenêutico-concretizador; método científico-espiritual; método clássico;


método tópico-problemático; método normativo-estruturante.

c) Método normativo-estruturante; método hermenêutico-concretizador; método clássico;


método científico-espiritual; método tópico-problemático.

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d) Método científico-espiritual; método tópico-problemático; método normativo-


estruturante; método clássico; método hermenêutico-concretizador.

e) Método tópico-problemático; método normativo-estruturante; método clássico; método


hermenêutico-concretizador; método científico-espiritual.

COMENTÁRIO

A estrutura do sistema jurídico, com a Constituição em seu topo, traz às normas constitucionais
peculiaridades de interpretação que justificaram o desenvolvimento de métodos específicos para a
interpretação constitucional. Passemos, então, a uma breve análise das ideias que caracterizam cada um
desses métodos:

Pelo método clássico, a Constituição deve ser interpretada pelos mesmos recursos interpretativos
das leis, a partir das fórmulas desenvolvidas por Savigny: a interpretação sistemática, histórica, lógica e
gramatical. (Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de Direito Constitucional. São
Paulo: Editora Saraiva, 9ª edição, 2014, p. 91).

Conforme ressalta Pedro Lenza, “nesse método, o papel do intérprete resume-se a descobrir o verdadeiro
significado da norma, o seu sentido e, assim, atribui-se grande importância ao texto da norma”. (Pedro
Lenza, Direito Constitucional Esquematizado, 2014, p. 169).

O método tópico-problemático (ou método da tópica), por sua vez, realiza a interpretação a partir do
problema concreto que se procura solucionar - parte-se do caso concreto para a norma. Pelo método
tópico-problemático, portanto, a Constituição é um sistema aberto de regras e princípios (supracitado,
p. 169).

Por sua vez, o método hermenêutico-concretizador, elaborado por Conrad Hesse, faz o caminho inverso
ao do tópico-problemático. Ele parte da Constituição para o problema, aplicando como pressupostos
interpretativos: os pressupostos subjetivos, os pressupostos objetivos, e o círculo hermenêutico. Canotilho
esclarece em que consiste cada um desses pressupostos:

“No fundo, este método vem realçar e iluminar vários pressupostos da tarefa interpretativa:
(1) os pressupostos subjectivos, dado que o intérprete desempenha um papel criador (pré-
compreensão) na tarefa de obtenção do sentido do texto constitucional: (2) os pressupostos
objectivos, isto é, o contexto, actuando o intérprete como operador de mediações entre o
texto e a situação em que se aplica: (3) relação entre o texto e o contexto com a mediação
criadora do intérprete, transformando a interpretação em <movimento de ir e vir> (círculo
hermenêutico)” (José Joaquim Gomes Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição,
3.ed., [s.l.]: Livraria Almedina, [s.a.p.], p. 1.138).

Conforme aponta Pedro Lenza ao tratar do método hermenêutico-concretizador, “o fato de se partir


das pré-compreensões do intérprete pode distorcer não somente a realidade, como também o próprio

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sentido da norma” (Pedro Lenza, 2014, p. 169).

Já o método científico-espiritual, desenvolvido por Rudolf Smend, defende que “a análise da norma
constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes
do texto da Constituição” (supracitado, p. 169). Deve-se, portanto, interpretar a Constituição como algo
mutante e dinâmico, de forma a acompanhar as mudanças na vida em sociedade.

Há, ainda, o método da comparação constitucional, que defende a interpretação dos institutos
trazidos pela Constituição através de uma comparação com outros ordenamentos jurídicos. “Partindo
dos 4 métodos ou elementos desenvolvidos por Savigny (gramatical, lógico, histórico e sistemático), Peter
Haberle sustenta a canonização da comparação constitucional como um quinto método de interpretação”
(supracitado, p. 170).

Por fim, o método normativo-estruturante, de Friedrich Müller, entende inexistir identidade entre
a norma jurídica e o texto normativo. Pedro Lenza explica que esse entendimento de inexistência de
identidade se embasa no fato de que “o teor literal da norma (elemento literal da doutrina clássica), que
será considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua realidade
social” (supracitado, p. 170). E essa aplicação da norma se dará não só pela atividade legislativa, mas,
também, pela atividade judicial e administrativa.

Dessa forma, conclui-se pela seguinte correlação entre métodos e assertivas:

I) Método Normativo-Estruturante  Não há identidade entre a norma jurídica e o texto


normativo, já que o texto frio da norma de nada adianta se não for estudado com vias de
aplicá-lo à realidade social, e isso só será possível pela atividade judicial e administrativa.

II) método hermenêutico-concretizador  Através de pressupostos subjetivos e objetivos, são


feitas diversas leituras sobre o texto de um mesmo dispositivo, em um ciclo hermenêutico que
permitirá se chegar à melhor solução para o caso concreto.

III) Método Clássico  Deve-se empregar, na interpretação constitucional, os métodos


tradicionais de hermenêutica utilizados para interpretar as leis, notadamente a partir daqueles
elementos desenvolvidos por Savigny.

IV) Método Científico-Espiritual  As normas constitucionais devem ser interpretadas de acordo


com a vida em sociedade, e, como a realidade social é dinâmica, as normas constitucionais
também devem ser.

V) Método Tópico-Problemático  A partir do caso concreto, verifica-se a norma constitucional


que melhor se aplica. Já que o texto constitucional não é capaz de abranger todas as situações
possíveis na realidade social, busca-se adaptar o texto constitucional ao problema concreto.

Nota-se, pois, que é a ordem correta da nomenclatura dos métodos é aquela apresentada na alternativa
“C”, a saber: método normativo-estruturante; método hermenêutico-concretizador; método clássico;

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método científico-espiritual; método tópico-problemático.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

27. Sobre o poder constituinte, assinale a afirmativa correta:

a) O poder constituinte derivado reformador é exercido por meio das emendas à


Constituição Federal, que serão votadas em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, e, se aprovada por três quintos dos votos dos respectivos membros, será enviada
para promulgação pelo Presidente da República.

b) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não


pode ser objeto de nova proposta no mesmo ano.

c) O poder constituinte derivado decorrente encontra como limite os princípios


constitucionais sensíveis, entre outros.

d) O poder que os estados têm de modificar a constituição estadual chama-se poder


decorrente de segundo grau, e pode ser exercido com base nos limites estabelecidos tão
somente pela Constituição Federal.

e) O poder dos municípios de, através da Câmara Municipal, editar a sua Lei Orgânica, deverá
respeitar o conteúdo da Constituição Federal, mas não mantém relação de subordinação
com o conteúdo da Constituição Estadual.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. A promulgação é sempre feita pelas próprias mesas legislativas e não pelo
Presidente. Note que o Presidente da República pode apresentar proposta de emenda à Constituição, já
que é um dos legitimados trazidos no art. 60, II da CF. No entanto, é possível que o processo legislativo
de emenda à Constituição pode se dar sem qualquer a participação do Presidente da República, já que
o titular do poder constituinte decorrente é o Poder Legislativo. Confira-se o art. 60, §§ 2º e 3º da CF:

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois


turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e


do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. (grifamos)

Alternativa (B): incorreta. A sessão legislativa ordinária é o período de atividade normal do Congresso
a cada ano, que dá do dia 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Assim, a

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sessão legislativa não coincide exatamente com o ano. É, portanto, possível que, no início do ano, antes
de iniciada a sessão legislativa, seja convocada sessão extraordinária em que seja apreciada e rejeitada
uma proposta de emenda constitucional. Nesse caso, a partir do dia 2 de fevereiro, quando iniciada nova
sessão legislava, aquela mesma PEC que havia sido rejeitada poderá ser novamente apresentada, e isso
não violará o art. 60, §5º da CF. Teremos uma PEC que foi rejeitada no mesmo ano, mas não na mesma
sessão legislativa.

Alternativa (C): correta. O art. 25, caput, da CF previu a capacidade de auto-organização dos estados, ao
definir que “os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição” (grifamos). A parte final do dispositivo deixa claro que o poder decorrente,
que deriva do constituinte originário, é limitado por ele. Pedro Lenza destaca que “os Estados têm a
capacidade de auto-organizar-se, desde que, é claro, observem as regras que foram estabelecidas
pelo poder constituinte originário. Havendo afronta, estaremos diante de um vício formal ou material,
caracterizador da inconstitucionalidade” (Pedro Lenza, 2014, p. 221).

Verifica-se, portanto, que os princípios da Constituição Federal se colocam como limites à manifestação
do poder constituinte derivado decorrente. A doutrina classifica tais princípios em três espécies, a saber:
1) os princípios constitucionais estabelecidos ou organizatórios, “que limitam, vedam, ou proíbem a ação
indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente” (supracitado, p. 222); 2) os princípios constitucionais
extensíveis, referentes à estrutura da federação brasileira; e 3) os princípios constitucionais sensíveis,
também chamados princípios apontados ou enumerados, que encontram-se expressos na CF/88,
art. 34, VII, alíneas “a-e”. A violação aos princípios constitucionais sensíveis acarreta a declaração de
inconstitucionalidade da norma estadual violadora e, caso a sua suspensão seja insuficiente para o
restabelecimento da normalidade, poderá ensejar a intervenção federal no Estado (supracitado, p. 221).
Conclui-se, pois, que a assertiva é correta ao apontar os princípios sensíveis como um dos limites ao
poder constituinte derivado decorrente.

Alternativa (D): incorreta. O poder constituinte decorrente de revisão estadual, também chamado
de poder decorrente de segundo grau é o poder conferido às Assembleias Legislativas dos estados para
modificar o texto da Constituição Estadual. Ele é chamado de constituinte decorrente de segundo grau
porque não deriva diretamente do poder constituinte originário, mas de um poder derivado dele - o
poder constituinte decorrente inicial. Assim, o poder constituinte decorrente de revisão está submetido
tanto às limitações previstas ela Constituição Federal (art. 25, caput, CF e art. 11, caput, do ADCT, in fine),
quanto àquelas previstas pela própria Constituição Estadual (Pedro Lenza, p. 221). Desse modo, se revela
incorreta a assertiva ao subordinar o exercício do poder constituinte decorrente de revisão estadual tão
somente a Constituição Federal, posto que deve seguir as normas para reforma previstas nas Cartas
estaduais respectivas.

Alternativa (E): incorreta. O poder conferido aos municípios para editar a sua Lei Orgânica está
subordinado tanto ao conteúdo da Constituição Federal, quanto ao conteúdo da Constituição Estadual,
conforme se extrai do art. 11, parágrafo único do ADCT, que determina que “promulgada a Constituição

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do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de 6 meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois
turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual”
(grifamos). Cabe ressaltar, ainda, que esse poder conferido aos municípios não é considerado pela
doutrina como poder constituinte, por ser um poder de terceiro grau.

Nesse sentido, Noemia Porto assinala:

“o poder constituinte derivado decorrente deve ser de segundo grau, tal como acontece com
o poder revisor e o poder reformador, isto é, encontrar sua fonte de legitimidade direta da
Constituição Federal. No caso dos Municípios, porém, se descortina um poder de terceiro
grau, porque mantém relação de subordinação com o poder constituinte estadual e o
federal, ou, em outras palavras, observa necessariamente dois graus de imposição legislativa
constitucional. Não basta, portanto, ser componente da federação, sendo necessário que o
poder de auto-organização decorra diretamente do poder constituinte originário. Assim, o
poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros e ao Distrito Federal, não se
faz na órbita dos Municípios. Por essa razão, ato local questionado em face da lei orgânica
municipal enseja controle de legalidade, e não de constitucionalidade” (supracitado, p. 224).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

28. Assinale a única alternativa que descreve caso que exige a observância da cláusula de reserva
do plenário (art. 97 CF/88):

a) Lei federal declarada inconstitucional por juiz estadual singular.

b) Medida provisória estadual declarada inconstitucional por questão que já tenha sido
objeto de decisão do próprio Tribunal.

c) Lei federal objeto de interpretação conforme a Constituição.

d) Decreto-lei declarado inconstitucional com base na Constituição Federal de 1988.

e) Lei municipal declarada inconstitucional em sede de controle de constitucionalidade no


próprio Tribunal de Justiça local.

COMENTÁRIO

A questão tem como objetivo revisar as hipóteses de dispensa da cláusula de reserva do plenário, as
quais são frequentemente cobradas em prova, exigindo que o aluno identifique a única hipótese na qual
deve ser aplicada a reserva do plenário.

Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que a reserva do plenário consiste no deslocamento da competência

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para declarar a inconstitucionalidade de normas das câmaras dos Tribunais para o Plenário ou Órgão
Especial do referido órgão. Confira:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.

Ou seja, trate-se de exigência imposta apenas quando da declaração de INCONSTITUCIONALIDE


(dispensada quando declarada a constitucionalidade) e quando tal declaração é feita por TRIBUNAL
(dispensada quando declarada por juízo singular).

Alternativa (A): incorreta. Conforme exposto acima o art. 97 se aplica apenas aos Tribunais, estando os
juízos singulares dispensados de observá-lo.

Alternativa (B): incorreta. O CPC/15, na esteira do antigo CPC, expressamente afasta a aplicação da
reserva do plenário quando já houver pronunciamento do próprio Tribunal ou do plenário do Supremo
Tribunal Federal sobre a questão. Conforme:

CPC - Art. 949 Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário
ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

Alternativa (C): incorreta. A norma objeto da técnica de interpretação conforme a Constituição não
é declarada inconstitucional, mas apenas interpretada. Logo, sendo a interpretação atividade judicial
própria de qualquer decisão não se pode exigir a reserva do plenário para a simples interpretação, sem
o afastamento da norma. É esse o entendimento do STF:

“Alegação de violação da Súmula Vinculante 10. (...) Decisões reiteradas desta Corte têm
respaldado a prerrogativa de conferir determinada interpretação à lei como atributo inerente à
própria atividade jurisdicional, o que, em consequência, afasta a equiparação de declaração de
inconstitucionalidade do dispositivo analisado.” (Rcl 12.107-AgR, rel. min. Rosa Weber, plenário
em 13-6-2012)

Alternativa (D): incorreta. Essa é a alternativa mais complexa da questão. Em primeiro lugar, o aluno
deve notar que a espécie legislativa do Decreto-Lei tinha fundamento na CF/67, porém foi extinta quando
da edição da CF/88 (que não mais prevê a figura). Contudo, ainda existem em vigor diversos decretos leis
(como o Código Penal e o Código Tributário!).

Tendo em vista não ser possível a edição de decretos leis desde a edição da CF/88, é certo que qualquer
arguição de invalidade de decretos leis com base em dispositivos da CF/88 envolve um juízo de RECEPÇÃO
do decreto lei e não propriamente de constitucionalidade (uma vez que a constitucionalidade só pode ser
aferida com base no ordenamento jurídico vigente quando de cada norma).

Em segundo lugar,o aluno deve compreender que o juízo sobre a não recepção de uma norma implica

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na REVOGAÇÃO da norma – e não na sua declaração de inconstitucionalidade. Isto é, constatada que


uma norma anterior à CF/88 é com ela incompatível tem-se a revogação de uma norma por uma outra
hierarquicamente superior (antinomia resolvida pelo critério hierárquico), não há propriamente uma
cominação de inconstitucionalidade. É justamente esse o entendimento do STF, confira:

“A incompatibilidade entre uma lei anterior e uma Constituição posterior resolve-se pela
constatação da revogação da espécie normativa hierarquicamente inferior, não se verificando
hipótese de inconstitucionalidade. Isso significa que a discussão em torno da incidência, ou não, do
postulado da recepção – precisamente por não envolver qualquer juízo de inconstitucionalidade
(mas, sim o de simples revogação de diploma pré-constitucional) – dispensa a aplicação do
princípio da reserva de Plenário do art. 97.” (STF, Luiz Fux, 1ª Turma, DJE de 14-2-2013).

Alternativa (E): correta. O art. 97 se aplica a declaração de inconstitucionalidade de qualquer lei ou ato
normativo, independentemente do ente federativo que o edita. Assim, a declaração de inconstitucionalidade
de lei municipal exige a reserva do plenário do Tribunal local, sendo, portanto, a única hipótese de
aplicação do artigo, devendo ser assinalada como correta.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

DIREITO EMPRESARIAL

29. Acerca do direito empresarial, assinale a alternativa correta:

a) O Código Comercial de 1850 foi ab-rogado pelo advento do Código Civil de 2002.

b) O Código Civil de 2002 afastou a concepção subjetivista para a definição do empresário


até então presente no Código Comercial de 1850, introduzindo o critério objetivo da teoria
dos atos de comércio.

c) Tício é veterinário e possui um pequeno consultório no qual atua sozinho. Em razão


de súbito aumento de demanda, contratou uma secretária e dois auxiliares técnicos que,
sem substituir o trabalho de Tício, o auxiliam na condução de procedimentos cirúrgicos
em animais, desinfetando os instrumentos de trabalho e segurando os animais quando
necessário. Da situação narrada, conclui-se que Tício se tornou empresário.

d) Apesar de o CC/02 não ter definido diretamente o conceito de empresa, infere-se do


Código que empresa é o exercício organizado ou profissional de atividade econômica para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

e) n.d.a.

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COMENTÁRIO

Alternativa (A): Incorreta. Inicialmente o estudante deve compreender que o verbo derrogar significa
a revogação parcial de um diploma enquanto o verbo ab-rogar se refere à revogação total de uma
norma. Com essa distinção em mente, constata-se o erro da assertiva, pois em verdade o CC/02 revogou
apenas parcialmente o Código Comercial, de modo que ainda hoje subsistem as disposições relativas ao
comércio marítimo previstas pelo diploma (parte II do diploma).

Alternativa (B): Incorreta. Ao contrário do afirmado, o Código Comercial adotava a teoria dos atos
de comércio, sendo esta superada pela teoria da empresa, adotada pelo CC/02 em seu art. 966 pelo
qual “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Ou seja, o CC/02 supera a teoria dos atos de comércio
introduzindo um critério de definição de empresário pela forma ou modo de atuação. Conforme André
Luis Santa Cruz Ramos:

“O Código Civil de 2002 trata, no seu Livro II, Titulo I, do “Direito de Empresa”. Desaparece a
figura do comerciante, e surge a figura do empresário (da mesma forma, não se fala mais em
sociedade comercial, mas em sociedade empresaria). A mudança, porem, esta longe de se limitar
a aspectos terminológicos. Ao disciplinar o direito de empresa, o direito brasileiro se afasta,
definitivamente, da ultrapassada teoria dos atos de comercio e incorpora a teoria da empresa
ao nosso ordenamento jurídico, adotando o conceito de empresarialidade para delimitar o
âmbito de incidência do regime jurídico empresarial”. (Direito Empresarial Esquematizado. São
Paulo: Método, 2011, p. 14).

Dica - o candidato pode memorizar a evolução do Direito Empresarial da seguinte forma:

I. Fase “Subjetivista”  Na idade média era comerciante aquele inscrito em corporação de


ofício, i.e. um requisito subjetivo de identificação. Apenas os inscritos se beneficiaram do
direito comercial.

II. Fase “Objetivista”  comerciante passa a ser identificado a partir dos atos que pratica –
TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO. Neste sistema, há um rol de atos que seriam classificados
como “de comércio”, bastando praticá-los para sujeitar-se ao regime jurídico comercial (ex.
compra e venda, expedições, armação de navio etc.) Foi a teoria adotada no Cód. Comercial
de 1850.

III. Fase Atual - “Teoria de Empresa” a empresa se caracteriza pelo MODO ou FORMA em que
esta é exercida. É a teoria adotada pelo CC/2002 (“Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços”.)

Alternativa (C): Incorreta. Conforme o parágrafo único do art. 966:

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Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Note que o concurso de auxiliares ou colaboradores não desnatura, por si só, a natureza intelectual do
ofício de veterinário. Tal situação se desvirtuaria apenas se a profissão constituir elemento de empresa,
isto é, quando a organização dos fatores de produção preponderar sobre a pessoalidade do trabalho
intelectual. Nesse sentido:

“No exercício de profissão intelectual, o essencial e a atividade pessoal do agente econômico,


o que não acontece com o empresário. Todavia, a partir do momento em que o profissional
intelectual da uma forma empresarial ao exercício de suas atividades (impessoalizando sua
atuação e passando a ostentar mais a característica de organizador da atividade desenvolvida),
será considerado empresário e passara a ser regido pelas normas do direito empresarial”.
(RAMOS, André Luis Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2011,
p. 48).

Confira, ainda, os seguintes enunciados do Conselho de Justiça Federal – CJF:

194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização
dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.

195 – Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo
ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária
ou artística, como um dos fatores da organização empresarial.

Alternativa (D): correta. De fato, o CC/02 se limita a definir o conceito de empresário e não de empresa,
a teor do já transcrito art. 966. Contudo, desse conceito pode-se indiretamente extrair o conceito de
empresa. Vale conferir a seguinte decisão do STJ nesse sentido:

“O novo Código Civil Brasileiro, em que pese não ter definido expressamente afigura da
empresa, conceituou no art. 966 o empresário como “quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” e, ao assim
proceder, propiciou ao interprete inferir o conceito jurídico de empresa como sendo o exercício
organizado ou profissional de atividade econômica para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços 3. Por exercício profissional da atividade econômica, elemento que integra o
núcleo do conceito de empresa, há que se entender a exploração de atividade com finalidade
lucrativa”. (STJ, REsp 623.367/RJ, DJ 09.08.2004).

Alternativa (E): incorreta, tendo em vista constar uma alternativa correta, qual seja, a alternativa C.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

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30. Acerca to instituto da falência e a lei 11.101/05, assinale a alternativa correta:

a) Pelo princípio par conditio creditorum, a execução concursal deve priorizar certos
credores em detrimento de outros, exclusivamente em atenção às circunstâncias pessoais
de seu titular.

b) É competente para decretar a falência o juízo do local da constituição da dívida que


fundamentou o pedido de falência do devedor.

c) A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar


e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa.

d) A empresa pública, por possuir capital integralmente público, não se sujeita à falência
ou recuperação judicial. A sociedade de economia mista, entretanto, se sujeita como regra
à lei 11.101/05, salvo se for prestadora de serviço público.

e) É competente para decretar a falência o juízo do local do registro dos atos constitutivos
da empresa.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): Incorreta. Ao contrário do afirmado, o par conditio creditorum visa justamente o tratamento
isonômico entre os credores. Ainda que a lei não erija tal princípio como valor absoluto, pois admite a
divisão dos credores em classes, é certo que as distinções se fundam em critérios objetivos relacionados
à natureza do crédito (ex. credor real, trabalhista, privilegiado) e não nas condições pessoais daquele que
o titulariza (com exceção da novel inclusão da classe de credores representantes de microempresas e
empresas de pequeno porte pela LC 147/2014).

Nesse sentido, a falência pode ser definida como a forma de execução concursal do empresário devedor
que se encontre juridicamente insolvente. Tal execução diferenciada tem fundamento no princípio do
par conditio creditorum, pelo qual se o patrimônio do devedor não é suficiente para atender a todos os
credores, todas suas obrigações devem receber um tratamento paritário, dando-se a todos os créditos
de uma mesma classe a mesma chance de satisfação. Ou seja, o par conditio creditorum é a expressão
do princípio da isonomia aplicado ao direito falimentar e não um fundamento para tratamento
diferenciado. Com efeito, afirma a doutrina:

“Quando o ativo do devedor e insuficiente para a satisfação do seu passivo - situação em que
seu patrimônio, portanto, está negativo, caracterizando a sua insolvência ou insolvabilidade -,
essa regra de execução individual se toma injusta, uma vez que com certeza alguns credores
conseguirão o ressarcimento do seu credito, enquanto outros não terão a mesma sorte. Para os
devedores insolventes, portanto, estabelece o arcabouço normativo uma execução especial, na

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qual todos os credores deverão ser reunidos em um único processo, para a execução conjunta
do devedor. Em vez de se submeter a uma execução individual, pois, o devedor insolvente
deverá se submeter a uma execução concursal, em obediência ao principio da par conditio
creditorum, segundo o qual deve ser dado aos credores tratamento isonômico.”
(RAMOS, André Luis Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2011,
p. 515).

Alternativa (B): Incorreta. Segundo a lei 11.101/05, é competente para decretar a falência o juízo do local
do principal estabelecimento do devedor, conforme:

Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação


judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da
filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

O conceito de principal estabelecimento, todavia, não corresponde à noção geral que a expressão suscita
inicialmente. De fato, quando se fala em principal estabelecimento, pensamos, de imediato, na ideia de
sede estatutária/contratual ou matriz administrativa da empresa. Trata-se, contudo, de noção equivocada.
Para o direito falimentar, a correta noção de principal estabelecimento esta ligada ao aspecto econômico:
é o local onde o devedor concentra o maior volume de negócios, o qual muitas vezes não coincide
com o local da sede da empresa ou do seu centro administrativo. Assim, uma empresa com sede em
São Paulo, porém cujo estabelecimento com maior volume de negócios e corpo de empregados esteja
localizado em Manaus, terá sua falência decretada pelo juízo de Manaus. O Superior Tribunal de Justiça
reiteradamente já decidiu nesse sentido, conforme:

“O juízo competente para processar e julgar pedido de falência e, por conseguinte, de concordata
e o da comarca onde se encontra “o centro vital das principais atividades do devedor” (...) A
competência do juízo falimentar e absoluta”. (STJ, CC 37736/SP, Rei. Min. Nancy Andrighi, DJ
16.08.2004).

Alternativa (C): Correta. Trata-se da transcrição do art. 75 da lei 11.101/05, a saber:

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar
e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis,
da empresa.

Apesar de causar estranheza ao leitor, o art. funda-se na constatação de que se o devedor foi responsável
pela ruína de seu próprio negócio, natural que a continuidade de sua atuação represente igualmente
uma ameaça à ruína da massa falida, isto é, ao conjunto de ativos restantes da empresa. Justamente por
isso a lei prevê a nomeação de administrador judicial para conduzir a massa falida ao longo do processo.
Assim, no art. 75 o legislador nada mais fez do que explicitar a lógica que permeia o afastamento do
devedor da condução de seu negócio.

Alternativa (D): Incorreta. A lei de falências é expressa ao afastar sua aplicação tanto quanto às empresas

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públicas quanto às sociedades de economia mista, conforme:

Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista;

Até a edição da 11.101/05, estabeleceu-se certa polêmica acerca da submissão ou não das empresas
publicas e das sociedades de economia mista, quando exploradoras de atividade econômica, ao regime
jurídico falimentar. A polêmica em foco fundava-se na interpretação do art. 173, § 1.°, II, da CF que prevê
a aplicação do regime privado às sociedades de economia mista e empresas públicas exploradoras de
atividade econômica. Ocorre que, a partir da vigência da 11.101/05, a discussão perdeu o objeto uma vez
que a lei excluiu de sua incidência tais entes, sem proceder a qualquer distinção entre as prestadoras de
serviços públicos e as exploradoras de atividade econômica.

Alternativa (E): incorreta. É irrelevante o local de registro dos atos constitutivos para fins de determinação
da competência do juízo falimentar, vide comentários à alternativa (B).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 25 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada na


área do aluno). Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: NATALIA MAIA


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com

DIREITO CIVIL

1. Diferencie danos sociais de danos morais coletivos. Indique, em sua resposta, a natureza e a
destinação da indenização respectiva, esclarecendo se há possibilidade de cumulação.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
16/06/2016: profcei.nataliamaia@gmail.com

PROFESSOR: KAOYE GUAZINA OSHIRO


E-mail: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2. De acordo com as inovações trazidas pelo Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015),
discorra sobre a existência ou não de interesse da parte vencedora na demanda de, mesmo com
a prolação da sentença em seu favor, promover a impugnação das decisões interlocutórias não
agraváveis que foram proferidas no curso do processo.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
16/06/2016: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 98


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PEÇA PROFISSIONAL

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 150 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada


na área do aluno). Não se identifique no corpo da resposta, procure responder com consulta tão
somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

O Governador do Estado de São Paulo, em 1985, editou a lei 666/85 criando a chamada “verba
de representação” no valor de 50% do vencimento base para todos os procuradores do estado.
Diante disso, os fiscais de tributos estaduais – que sempre tiveram remuneração maior ou igual
que os procuradores – pressionaram a Assembleia Legislativa para que lhes fosse também
concedida a mesma vantagem remuneratória. Tendo em vista a força política dos fiscais, a classe
conseguiu que os deputados da oposição propusessem e aprovassem a lei 888/86 prevendo
“verba de representação fiscal” no valor de 30% do vencimento base dos fiscais de tributos, bem
como reajuste dessa verba sempre e na mesma porcentagem em que for reajustado o salário dos
servidores do Congresso Nacional.

Tal ajuste agradou os fiscais por longos anos, tendo em vista os generosos reajustes historicamente
recebidos pelos funcionários do Congresso. Contudo, entre 2009 e 2015 não foi concedido
nenhum reajuste a tais funcionários, implicando no congelamento do valor da verba dos fiscais,
de forma que no final de 2015 a “verba de representação” paga aos procuradores já era 33% maior
do que a paga aos fiscais. Em razão disso, a partir de janeiro de 2016 foram ajuizadas centenas
de ações pelos fiscais bandeirantes pleiteando a equiparação da verba com a percebida pelos
procuradores, tendo em vista inexistir qualquer fundamento para a distinção dos valores. Até
junho de 2016 dezenas de decisões judiciais já haviam concedido liminares em favor dos fiscais
para que fosse paga a verba em iguais valores para ambas as carreiras em razão de clara ofensa à
isonomia, sem prejuízo da futura aplicação do reajuste previsto na lei 888/86 em favor dos fiscais.

Diante da notícia que os servidores do Congresso teriam reajuste de 50% a partir de agosto
de 2016, o atual Governador – já com poucos recursos em caixa em razão da crise - consulta
desesperadamente a Procuradoria para buscar uma solução jurídica para a situação. Na condição
de Procurador do Estado e representante judicial do próprio Governador, ajuíze, à luz da CF/88, a
medida judicial adequada para resolver definitivamente o passivo judicial descrito.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 99


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A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
16/06/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 100


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