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CEI-PGE/PGM 2ª EDIÇÃO

5ª RODADA - 07/07/2016

CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO

5ª RODADA - 07/07/2016
DURAÇÃO

26/05/2016 A 14/09/2016

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.

30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.

1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016

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PROFESSORES

Jorge Maffra Ottoni - Coordenador do curso, professor de Direito Constitucional e Empresarial.


Procurador do Município de Niterói. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador da Assembleia Legislativa de
Goiás (1º colocado). Procurador Especial junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (2º colocado – aguardando
apuração de títulos). Procurador do Município de São Paulo. Procurador do Banco Central. Procurador
Federal (AGU). Procurador da Câmara do Município de São Paulo. Procurador do Município de Atibaia
(2º colocado). Procurador do Município de Limeira (1º colocado). Procurador do Município de
Jundiaí. Procurador do Município de Taboão da Serra (1º colocado antes dos títulos). Procurador
do Município de Araras (2º colocado). Advogado da Companhia Paulista de Obras e Serviços.
Advogado SP Urbanismo (3º colocado). Procurador Instituto de Previdência de Ilhabela (1º
colocado). Advogado Dataprev. Procurador Geral da Câmara de Caieiras. Bacharel em Direito
pela USP.

Natalia Maia – Direito Civil, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.


Procuradora do Estado de Goiás. Aprovada no concursos da PGE-BA e da PGE-RN. Pós-graduanda
em Direito Processual pela PUC-MG. Bacharel em Direito pela UFC.

Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.

Rodolfo Cursino – Direito Tributário e Ambiental.


Procurador da Fazenda Nacional. Especialista em Direito Público pela UBC/SP. Pós-graduado em Direito
Processual pela PUC/MG. Bacharel em Direito pela UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Coautor do
livro “Questões Discursivas Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, Juspodivm/2015.
Colaborador do Blog Foca no Resumo. Aprovado, ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal
Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/
PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda
Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

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José Américo – Direito Civil, Penal e Direito Processual Penal.


Procurador do Estado do Piauí. Aprovado nos seguintes concursos públicos: Procurador de Contas do
TCE-CE (3o Colocado). Procurador Especial junto ao TCM-RJ (5º Colocado – aguardando apuração de
títulos). Procurador do Estado do Piauí (6º colocado). Procurador de Contas do TCE-PB (7º Colocado).
Procurador do Estado do Paraná (14º Colocado). Procurador do Estado do RN. Procurador da Câmara
Municipal de Porto Alegre-RS (2º Colocado). Procurador do Município de Cuiabá (3º Colocado).
Assessor Jurídico do TCE-PI (6º Colocado). Procurador do Estado do Acre. Advogado da CEF e
Advogado do BNB.

Gustavo Carminatti – Direito Administrativo e Direito Financeiro-Econômico.


Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (Aprovado em 9º lugar). Foi Procurador
do Estado de Goiás. Aprovado em 1º lugar na Procuradoria do Município de Cuiabá. Aprovado na
Procuradoria do Município de São Paulo. Aprovado na Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.
Especialista em Direito Constitucional e Direito Eleitoral.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Caros alunos,

para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:

1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.

2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.

3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.

4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.

5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.

6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com

Vamos em frente, rumo à aprovação nos concursos das Advocacia Pública!

JORGE MAFFRA OTTONI


PROFESSOR E COORDENADOR DO CEI-PGE/PGM 2ª ED.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................6


DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.............................................................6
DIREITO CIVIL.......................................................................................................................................... 7
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL...................................................................... 10
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.............................................................................................................11
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 15
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 17
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................. 18
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO.............................................................................................20
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................. 21
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................23
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...................................................................................................25
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................26
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO...........................................................26
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................32
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL..................................................................... 43
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................52
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................68
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................73
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................76
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO.............................................................................................82
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................87
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................99
QUESTÕES DISSERTATIVAS....................................................................................................................... 102
DIREITO TRIBUTÁRIO........................................................................................................................102
DIREITO CONSTITUCIONAL...........................................................................................................103
PEÇA PROFISSIONAL...................................................................................................................................104
DIREITO CIVIL......................................................................................................................................104

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Assinale a alternativa que não traz uma assertiva correta sobre a condenação em honorários
na Justiça do Trabalho.

a) Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios nas causas em que a


Fazenda Pública for parte não poderá ser fixada em percentual superior a 15% (quinze por
cento).

b) Não se sujeita aos requisitos da Lei nº. 5.584/1970 a condenação em honorários nas
ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente do trabalho
que, tendo sido ajuizadas na Justiça Comum, foram posteriormente remetidas à Justiça do
Trabalho, por força da Emenda Constitucional nº. 45/2004.

c) Na ação rescisória trabalhista, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários


advocatícios submete-se à disciplina do Código de Processo Civil.

d) Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em lides


que não derivam da relação de emprego decorre pura e simplesmente da sucumbência.

e) Em caso de assistência judiciária sindical, os honorários advocatícios serão devidos entre


o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

2. Considerando às novidades implementadas pela Lei nº. 13.189/2015, que instituiu o Programa
de Proteção ao Emprego - PPE, assinale a alternativa correta:

a) A empresa que aderir ao PPE somente poderá dispensar os empregados que tiverem
sua jornada de trabalho temporariamente reduzida mediante a abertura de inquérito para
apuração de falta grave.

b) Os empregados abrangidos pelo Programa somente poderão realizar horas extraordinárias


em caso de força maior e mediante autorização prévia do órgão competente.

c) O acordo coletivo de trabalho específico para adesão ao PPE pode reduzir em até 30% a
jornada e o salário dos trabalhadores, desde que a redução, em relação ao salário-mínimo,

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não supere o mesmo percentual.

d) Os empregados das empresas que aderirem ao PPE e tiverem seu salário reduzido
proporcionalmente à jornada de trabalho receberão compensação pecuniária, equivalente
a 50% do valor da redução salarial e limitada a 65% do valor máximo da parcela do seguro-
desemprego, por até seis meses após o encerramento do período de redução temporária
da jornada de trabalho.

e) A empresa que aderir ao PPE deverá instituir, em benefício dos empregados afetados
pela redução, mediante acordo coletivo específico para esse fim, período de garantia no
emprego equivalente, no mínimo, ao período de redução da jornada acrescido de um terço.

3. Assinale a alternativa correta, no que tange à representação das partes na Justiça do Trabalho:

a) A ausência de data da outorga de poderes no mandato judicial caracteriza irregularidade


de representação, podendo conduzir à inexistência do recurso, se o instrumento for juntado
em fase recursal.

b) A validade do mandato outorgado ao procurador é condicionada à exibição dos


estatutos da empresa juntamente com o respectivo instrumento, tornando possível aferir
se o outorgante detém poderes para tanto.

c) A juntada da ata de audiência em que consignada a presença do advogado torna


dispensável a apresentação de procuração.

d) Os Estados e Municípios, suas autarquias e fundações públicas, quando representados


em juízo por seus procuradores, estão dispensados da juntada de instrumento de mandato,
bastando comprovar o ato de nomeação do Procurador e indicar o respectivo número de
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

e) A competência atribuída aos Procuradores para representar o Estado em juízo importa


em legitimação para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica
própria componentes da respectiva administração indireta.

DIREITO CIVIL

4. Considerando o tratamento conferido à sucessão legítima pelo Código Civil de 2002, assinale
a alternativa correta:

a) O cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, somente


concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido em relação aos bens comuns.

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b) O regime de bens no casamento não interfere na concorrência sucessória do cônjuge


com os ascendentes do falecido.

c) O filho que ainda não havia sido concebido no momento da doação não pode exigir a
colação dos bens recebidos pelos seus irmãos a título de adiantamento da legítima.

d) A morte simultânea entre ascendentes e descendentes impede o reconhecimento do


direito de representação aos descendentes, em razão da necessidade de pré-morte do
representado.

e) Em razão da vedação constitucional ao tratamento diferenciado entre irmãos (art. 226,


§6º da CRFB), concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais,
caberá igual parte a cada um deles.

5. Assinale a alternativa que trata corretamente da revisão contratual por fato superveniente no
ordenamento jurídico brasileiro:

a) A revisão ou resolução do contrato por imprevisibilidade e onerosidade excessiva não se


compatibilizam com os contratos ditos aleatórios.

b) A renegociação de contratos bancários e a confissão da dívida afastam a possibilidade


de revisão dos contratos extintos.

c) Tanto o Código Civil quanto o Código de Defesa do Consumidor adotam expressamente


a teoria da base objetiva do negócio jurídico.

d) Os motivos imprevisíveis, previstos no art. 317 do Código Civil como fundamento para
a revisão do contrato, compreendem também as causas previsíveis, mas de resultados
imprevisíveis.

e) A propositura de ação de revisão de contrato inibe a caracterização da mora do autor.

6. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os vícios e defeitos dos negócios
jurídicos, e temas correlatos:

a) O prazo para pleitear a anulação de venda de ascendente a descendente sem anuência


dos demais descendentes e/ou do cônjuge do alienante é de 2 (dois) anos, contados da
ciência do ato, que se presume absolutamente, em se tratando de transferência imobiliária,
a partir da data do registro de imóveis.

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b) Segundo a doutrina majoritária, a lesão usurária, ao contrário da lesão prevista no art.


157 do Código Civil de 2002, não exige o dolo de aproveitamento.

c) No caso de ato nulo, é imprescindível a atuação do Poder Judiciário para declarar a sua
nulidade, que não opera automaticamente ipso jure, sendo pacífico o entendimento pela
imprescritibilidade da respectiva ação declaratória, a qual atinge, também, as eventuais
pretensões condenatórias correspondentes.

d) O art. 175 do CC consagra a irrevogabilidade da confirmação do negócio jurídico anulável,


desde que acordada de forma expressa, o que importará na extinção de todas as ações, ou
exceções, de que dispusesse o credor em face do devedor.

e) O negócio jurídico praticado sob coação deve ser interpretado tendo em conta o que, na
mesma circunstância, teria feito o homem médio, sem prejuízo do fato de que se convalida
com o decurso do tempo ou pode ser confirmado pela vontade das partes, embora o vício
seja de natureza subjetiva.

7. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:

a) A expressão “garantias especiais”, constante do art. 300 do CC/2002 (“Salvo assentimento


expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as
garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”), refere-se apenas às pessoais/
fidejussórias que tenham sido prestadas voluntária e originariamente pelo devedor primitivo
ou por terceiro.

b) É anulável a estipulação da cláusula para pagamento em ouro, excetuados os casos


previstos em legislação especial.

c) Segundo o CC/2002, a transação refere-se, exclusivamente, a direitos patrimoniais de


caráter privado e só é suscetível de anulação por dolo, coação ou erro essencial quanto à
pessoa ou coisa controversa.

d) Sobre a extinção do contrato, será eficaz a partir da sentença que a declara, quando
decorra do exercício do direito de resolução por onerosidade excessiva, por meio da ação
respectiva, além de implicar, necessariamente, o fim de todos os efeitos decorrentes da
relação obrigacional.

e) Na hipótese de alteração da obrigação principal sem o consentimento do fiador, a


exoneração deste é automática, não se aplicando o disposto no art. 835 do Código Civil
(O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre

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que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após
a notificação do credor), porém, em se tratando de contrato locatício, deve obedecer ao
interstício de 120 dias (art. 40, inciso X, Lei n. 8.245/1991).

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta sobre Execução Penal:

a) Sobre o recurso de agravo em execução penal, o prazo para a sua interposição é de


03 (três) dias, a contar da intimação da decisão, conforme Súmula 700 do STJ, podendo
o réu fazê-lo diretamente, por termo, desde que, obrigatoriamente, o juiz determine a
abertura de vista ao advogado, para a apresentação de razões, e a legitimidade estende-
se ao defensor e ao Ministério Público. O recurso possui efeitos devolutivo e suspensivo
automáticos.

b) O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço
ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina, sendo o
limite máximo do número de presos de 25% (vinte por cento) do total de empregados
na obra, além de ser exigido o consentimento expresso do preso, após cumprimento do
mínimo de 1/4 (um quarto) da pena.

c) Conforme o entendimento pacificado do STJ, a prática de falta grave interrompe o prazo


exigido para a obtenção da progressão de regime prisional, mas não acarreta interrupção do
prazo exigido para a obtenção de livramento condicional, comutação de pena ou indulto,
salvo se o decreto concessivo fizer expressa previsão em contrário.

d) O juiz das execuções penais poderá determinar a fiscalização por meio eletrônico quando
determinar o livramento condicional, na saída temporária no regime semiaberto e para o
caso de prisão domiciliar.

e) A Lei de Execuções Penais tipifica apenas as faltas graves, sem especificar as de natureza
média ou leve, sendo que o cometimento de falta grave implicará a imediata perda do
direito à saída temporária.

9. Considerando os entendimentos sumulados do STF e do STJ, em matéria processual penal,


assinale a alternativa correta:

a) De acordo com a doutrina majoritária, a espontaneidade é requisito para o reconhecimento


da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, além da mera voluntariedade.

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b) O instituto do arrependimento posterior não se aplica ao autor de um crime de lesão


corporal culposa.

c) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não se estende aos
demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito até
o recebimento da denúncia.

d) O roubo, quando cometido com o uso do artifício de substâncias entorpecentes que


causam dormência ou, de qualquer modo, diminuem a resistência da vítima, (a exemplo
do “Boa Noite Cinderela”), é incompatível com a aplicação do instituto do arrependimento
posterior, previsto no art. 16 do CP, conforme entendimento doutrinário pacífico.

e) Para configuração do arrependimento posterior, é dispensável a reparação total do


dano, já que o quantum de diminuição da pena se pauta pela extensão do ressarcimento,
bem como por sua presteza.

10. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a


legislação penal, assinale a alternativa correta sobre erros de tipo, de proibição e execução:

a) O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, seja aquele essencial ou acidental,
em todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.

b) A culpa imprópria pode ser decorrente de erro de tipo evitável nas descriminantes
putativas ou do excesso nas causas de justificação.

c) Erro na execução é a aberração no ataque, em relação à pessoa a ser atingida pela


conduta criminosa, e, nesses casos, não se exclui o dolo ou culpa do agente e nem o isenta
de pena, mas, na sua punição, devem ser consideradas as qualidades ou condições pessoais
da vítima virtual (pretendida), adotando-se a teoria da equivalência.

d) Determinado agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia


mista, pensando ser este funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular; neste caso, o agente incide em erro sobre a ilicitude de fato evitável.

e) O erro inescusável sobre a ilicitude do fato pode constituir causa de diminuição da pena
e levar à punição a título de culpa, se acidental.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. O Município M ajuizou ação de cobrança em face da empresa Águas Limpas Ltda. requerendo

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sua condenação no montante de R$ 20.000,00. Em seu pleito, o ente federado sustentou que,
por meio do procedimento licitatório devido, a sociedade empresária requerida foi selecionada
para explorar, via concessão, os serviços de abastecimento de água nos perímetros urbanos e
rural do município e que, após firmado o contrato administrativo respectivo, transferiu todo
o sistema de abastecimento de água para a parte ré, que também se comprometeu a fornecer
equipamentos e materiais para manutenção e reparos do sistema. No entanto, a empresa Águas
Limpas deixou de cumprir suas obrigações. Dessa forma, o Município M foi obrigado a adimplir
as despesas de manutenção do sistema de abastecimento de água para não comprometer o
fornecimento desse serviço à população. O contrato administrativo foi rescindido. Devidamente
citada, a requerida não apresentou contestação. Porém, no prazo de defesa, propôs reconvenção,
alegando que, findo o contrato, a municipalidade deixou de devolver a garantia contratual,
bem assim aduzindo que no decorrer do contrato várias obras públicas realizadas pelo autor
ocasionaram danos à canalização do sistema. Na demanda reconvencional, a Águas Limpas Ltda.
pugnou pela condenação do município M no valor de R$ 45.000,00. Você, recém empossado
no cargo de Procurador do Município M, recebe os autos para apresentação de razões finais.
Considerando apenas os fatos narrados e em conformidade com as disposições legais aplicáveis,
assinale a única alternativa CORRETA a respeito das condutas tecnicamente adequadas a serem
tomadas pelo ente federado:

a) Não há nenhuma falha procedimental na reconvenção proposta, mas poderá o Município


M desistir da ação principal, levando à consequente extinção da reconvenção, a fim de
impedir a condenação postulada pelo reconvinte.

b) O ente federado deverá requer a extinção da reconvenção proposta em seu desfavor,


visto que a legislação em vigor não prevê essa modalidade de resposta do réu.

c) Não há nenhuma falha procedimental na reconvenção proposta, de sorte que caberá ao


Município M enfrentar o mérito de ambas as ações em suas razões finais.

d) Não é possível à parte requerida ajuizar reconvenção se não contestar, de modo que o
Município deve pugnar pela extinção da ação reconvencional com esse fundamento.

e) A hipótese narrada não configura situação passível de reconvenção, mas de pedido


contraposto, razão pela qual o pedido formulado pelo réu em face do autor não pode ser
conhecido pelo magistrado.

12. Em conformidade com as disposições do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com
as alterações da Lei n. 13.256/16) e com o entendimento dos tribunais pátrios, julgue as seguintes
assertivas:

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I. A oposição constitui espécie de intervenção de terceiros.

II. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de cinco dias
ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível,
ainda que seja o caso de complementação das razões recursais.

III. Aplicam-se os efeitos processuais da revelia à Fazenda Pública.

IV. Novo Código de Processo Civil prevê de forma expressa a possibilidade de julgamento
parcial de mérito, hipótese em que a decisão é proferida por meio de sentença, passível de
recurso via apelação.

V. Está superado o entendimento de que na ação de exibição de documentos não cabe a


aplicação de multa cominatória.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) IV e V.

b) III e V.

c) I e IV.

d) I, II, III e IV.

e) IV.

13. A empreiteira Obra Certa Ltda. moveu ação em face do Município P, cumulando pedidos
mandamental (obrigação de não fazer) e condenatório (indenização). A empresa sustenta a
inconstitucionalidade de lei municipal que proíbe a construção de calçadas com menos de três
metros de largura, por afronta à proporcionalidade, requerendo, assim, que o ente federado se
abstenha de multar, interditar ou de qualquer forma embaraçar administrativamente as obras,
presentes e futuras, realizadas pela autora. Outrossim, a requerente postula seja o Município
condenado a ressarcir os prejuízos decorrentes da interdição de quatro obras, em razão de afronta
à lei combatida. Quando do julgamento em primeira instância, entendeu-se constitucional a lei,
de modo que foi julgado improcedente o pleito mandamental. Não obstante, o juízo condenou
o Município a ressarcir parcialmente os danos sofridos pela autora, considerando ter havido
excesso na interdição das obras. A empreiteira Obra Certa Ltda. interpôs apelação intempestiva
e seu recurso não foi conhecido no tribunal. O Município P apelou e teve seu recurso conhecido.
O julgamento será promovido por órgão fracionário do Tribunal de Justiça do estado respectivo.
Considerando esse cenário fático hipotético, assinale a única alternativa CORRETA a respeito do

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possível desfecho desse julgamento:

a) O órgão julgador não poderá declarar a inconstitucionalidade da mencionada lei, por


força do princípio do ne reformatio in pejus, considerando que se está julgando apenas
recurso do Município P.

b) O órgão julgador fracionário estará livre para regularmente declarar a inconstitucionalidade


da lei referida, haja vista a incidência do efeito translativo dos recursos no caso.

c) Se o julgamento for não unânime, ele terá prosseguimento em sessão a ser designada
com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade
de inversão do resultado inicial.

d) A cláusula de reserva de plenário não se aplicará ao caso, por se tratar de hipótese de


controle difuso de constitucionalidade.

e) Será possível a interposição simultânea de recurso especial, fundado na divergência


jurisprudencial, e de recurso extraordinário, baseado na afronta à Constituição Federal, contra
o acórdão proferido pelo tribunal de justiça, ainda que a decisão não seja objetivamente
complexa.

14. A respeito da coisa julgada no âmbito do Novo Código de Processo Civil, assinale a única
alternativa INCORRETA:

a) Não faz coisa julgada a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no


processo, salvo se objeto de ação declaratória incidental.

b) A decisão que concede a tutela antecipada em caráter antecedente não faz coisa julgada.

c) Algumas decisões interlocutórias têm aptidão para transitar em julgado, formal e


materialmente.

d) O Novo Código de Processo Civil prevê o princípio do deduzido e do dedutível.

e) É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

15. A Lei n. 12.153/09 estabelece os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça
comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, criados pela União, no Distrito Federal
e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas
de sua competência. Acerca dos Juizados Especiais Estaduais da Fazenda Pública, assinale a

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alternativa CORRETA:

a) Estados, Distrito Federal e Municípios podem propor e responder ações de seu interesse
até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

b) É vedada a apreciação do incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos


Juizados Especiais, em decorrência da complexidade do procedimento.

c) Reconhecida a incompetência do Juizado Especial da Fazenda Pública, deve o juízo


remeter os autos àquele que julgar competente, em conformidade com a regra da
kompetenzkompetenz.

d) Aplica-se subsidiariamente aos Juizados Especiais da Fazenda Pública o Código de


Processo Civil, de modo que a eles se estendem as regras de prazo em dobro em prol das
pessoas jurídicas de direito público.

e) Em ação de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, não é dado à parte
optar pela justiça estadual comum, tratando-se de competência por valor da causa absoluta.

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre os princípios do Direito Ambiental, julgue os seguintes itens:

I. A aplicação do Princípio Democrático pode ser realizada de diversas formas, dentre


as quais se destacam as audiências e consultas públicas, com a finalidade de se ouvir a
sociedade quando da tomada de decisões que interfiram no meio ambiente.

II. Como decorrência do Princípio do Limite, cabe ao interessado em praticar determinada


atividade, previamente, realizar um estudo e apresentar ao Poder Público competente
informações quanto ao limite máximo de exploração dos recursos que determinada área
pode suportar sem que sejam causados graves danos ambientais.

III. De acordo com o Princípio da Educação Ambiental, cada indivíduo deve ter acesso
adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades
públicas, e desde que não envolvam segredo industrial ou do Estado, independentemente
de comprovação de interesse específico.

IV. O Princípio da Equidade corresponde a um verdadeiro pacto fictício, segundo o qual


as gerações presentes se comprometem a preservar o meio ambiente e a adotar políticas
ambientais com a finalidade de proporcionar às gerações futuras o acesso aos recursos
ambientais para uma vida com dignidade e qualidade.

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Assinale a única alternativa que contém todos os itens verdadeiros:

a) I, II e IV.

b) I, III e IV.

c) III e IV.

d) I e II.

e) I e IV.

17. Sobre o instituto da Servidão Ambiental, assinale a alternativa errada:

a) A servidão ambiental consiste na limitação do uso da totalidade ou de parte de uma


propriedade, com o intuito de preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais
existentes.

b) A servidão ambiental, que será sempre gratuita, poderá ser perpétua ou temporária,
ocasião em que vigorará por no mínimo 15 anos.

c) O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou


parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário
ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social.

d) A servidão ambiental não pode ser aplicada às Áreas de Preservação Permanente e à


Reserva Legal mínima exigida.

e) A servidão ambiental pode ser utilizada com a finalidade de compensar a Reserva Legal
de outro imóvel rural, ocasião em que deverá ser averbada na matrícula de todos os imóveis
envolvidos.

18. Sobre o Sistema de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/00), julgue os seguintes
itens:

I. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a instituição, alteração e supressão de


unidades de conservação da natureza somente poderão ocorrer através de lei.

II. A zona de amortecimento constitui, em síntese, em uma porção de ecossistemas


naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o
fluxo de genes e o movimento da biota.

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III. A compensação ambiental consiste em instrumento econômico de compensação


dos impactos ambientais, segundo o qual, nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, o empreendedor é obrigado a apoiar
a implantação e manutenção de unidade de conservação.

IV. O Plano de Manejo, que deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data
de criação da Unidade, constitui um documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e
as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens corretos:

a) I e II.

b) III e IV.

c) I, II e IV.

d) IV.

e) I e IV.

DIREITO TRIBUTÁRIO

19. Sobre os princípios do Direito Tributário, julgue os seguintes itens:

I. Devido ao caráter extrafiscal, que demanda uma maior rapidez na alteração de


alíquotas para intervenção na economia, os impostos de importação, exportação, IPI e
IOF não necessitam obedecer aos princípios da anterioridade do exercício financeiro e da
noventena.

II. Publicada lei que majore a base de cálculo do IPTU em dezembro de 2015, é possível a
sua aplicação aos fatos geradores que ocorrem em janeiro de 2016.

III. O princípio da liberdade de tráfego possui caráter absoluto, não admitindo, assim,
qualquer forma de limitação ao tráfego de pessoas ou bens através da cobrança de valores.

IV. Com a finalidade de proteger o pacto federativo, o princípio da uniformidade


geográfica da tributação veda a União de instituir tributo que não seja uniforme em todo
o território nacional, bem como conceder incentivos fiscais para promover o equilíbrio

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do desenvolvimento socioeconômico entre as regiões do país, sendo vedada distinção ou


preferência em relação a Estado, DF ou a Município, em detrimento de outro.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens corretos:

a) II.

b) IV.

c) I, II e IV.

d) III e IV.

e) I, III e IV.

20. Acerca do ITBI, assinale a alternativa correta:

a) Conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a lei


que estabeleça alíquotas progressivas para o ITBI com base no valor venal do imóvel.

b) O imposto será sempre devido ao Município de domicílio do proprietário.

c) Por expressa previsão constitucional, o ITBI nunca incidirá sobre a transmissão de bens
ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem
sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica.

d) Ao contrário do ITCMD, o ITBI somente incidirá na transmissão “inter vivos”, seja o ato
gratuito ou oneroso.

e) O ITBI não incidirá sempre que houver renúncia à herança.

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Tratando da reforma administrativa e do terceiro setor, marque a alternativa incorreta:

a) O contrato de gestão é um ajuste firmado entre a administração direta e entidades da


administração indireta, ou entre órgãos da própria administração direta, em decorrência do
qual esses órgãos ou entidades assumem o compromisso de cumprir determinadas metas
e, em contrapartida, ganham maior liberdade em sua atuação administrativa, passando a
sujeitar-se, basicamente, ao controle relativo ao atingimento dos resultados pactuados.

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b) O contrato de gestão pode ser firmado entre a administração direta e as organizações


sociais (entidades privadas, não integrantes da administração pública). Nesse caso, a
administração direta entrega à organização social bens, pessoal e recursos públicos,
passando a controlar a consecução, pela entidade, das metas acordadas no contrato de
gestão.

c) A diferença entre termo de colaboração e termo de fomento, firmados pelas organizações


da sociedade civil junto à Administração Pública, está apenas na parte que toma iniciativa
na realização do ajuste.

d) Chamamento público é o procedimento destinado a selecionar organização da sociedade


civil para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se
garanta a observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

e) Os serviços sociais autônomos, por serem entes privados não componentes da


Administração Pública, não se sujeitam ao controle do Tribunal de Contas, bem como não
se sujeitam à regra de realização de concurso público para contratação prevista no art. 37,
II, da CF.

22. Acerca das parcerias público-privadas no âmbito da Administração Pública, assinale a


alternativa correta:

a) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, que na modalidade


patrocinada, é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a
usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação
de bens.

b) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, que na modalidade


administrativa, é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.

c) É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo valor do contrato


seja inferior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).

d) Não é cláusula essencial das PPP’s a repartição de riscos entre as partes, inclusive os
referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.

e) É vedada a celebração de contrato cujo período de prestação do serviço seja inferior

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a 05 (cinco) anos; ou que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o


fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

23. Tratando da intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa correta:

a) A requisição administrativa, no caso de iminente perigo público, permite o uso de


propriedade e serviços particulares pelo Poder Público. Não havendo dano, não há direito
de o particular pleitear indenização.

b) São exemplos mais comuns de limitação administrativa a instalação de redes elétricas


e a implantação de gasodutos e oleodutos em áreas privadas para a execução de serviços
públicos.

c) É exemplo de servidão administrativa a obrigação legal imposta aos proprietários que


impõe a limpeza de terrenos, o parcelamento ou a edificação compulsória, e também a
proibição geral de construir além de determinado número de pavimentos, limitação
conhecida como gabarito de prédios.

d) Exemplo típico de limitação administrativa é a utilização temporária de terrenos


particulares contíguos a estradas (em construção ou em reforma), para a alocação transitória
de máquinas de asfalto, equipamentos de serviço, pequenas barracas de operários etc.

e) O só fato do tombamento gera direito de indenização ao proprietário do bem tombado.

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Acerca da ordem econômica na Constituição e da jurisprudência do STF sobre o tema, marque
a alternativa correta:

a) O STF entende não haver responsabilidade da União em indenizar prejuízos sofridos por
concessionária de serviço público, decorrentes de política econômica implementada pelo
Governo.

b) Segundo o STF, a atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende


duas espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de
atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes econômicos privados. A
exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio.
Portanto, monopólio e privilégio são distintos entre si.

c) Na atuação econômica do Estado, a intervenção por direção ocorre através da


manipulação dos instrumentos de intervenção, em conformidades com as leis de mercado,

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valendo-se de normas contendo estímulos e incentivos.

d) Na atuação econômica do Estado, a intervenção por indução se dá por intermédio de


normas cogentes, estabelecendo formas de comportamento a serem observadas pelos
sujeitos da atividade econômica.

e) Segundo o STF, ofende a livre iniciativa a lei que concede passe livre no sistema de
transporte coletivo interestadual às pessoas portadoras de deficiência.

25. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a alternativa correta:

a) Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,


medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal
de sua execução por um período superior a três exercícios.

b) Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do ente da
Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos,
funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos
da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e
vantagens pessoais de qualquer natureza, excluídos os encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

c) Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição


de servidores e empregados públicos se incluem na despesa total com pessoal.

d) A despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação,
não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida de 40% para a União, 50%
para Estados e 60% para municípios.

e) Na esfera estadual, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração,


relativamente à receita corrente líquida, não poderá exceder o percentual de 40% para o
Poder Executivo.

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue os itens que seguem:

I. Aplicam-se ao processo de emenda à Constituição Federal as regras de reserva de


iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88.

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II. É incompatível com a Constituição Federal a apresentação de emendas parlamentares


sem relação de pertinência temática com medida provisória submetida à apreciação do
Congresso Nacional.

III. Ao encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei orçamentária, o


governador do estado pode reduzir a proposta orçamentária elaborada pela Defensoria
Pública, ainda que ela esteja de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

IV. Tratando-se de projeto de lei cuja competência de iniciativa seja privativa do Poder
Executivo, não poderão ser apresentadas sobre ele emendas parlamentares.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I e II.

b) I e IV.

c) II.

d) III e IV.

e) II e IV.

27. Sobre o Preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição


Federal de 1988, assinale a alternativa correta:

a) O Preâmbulo da CF/88 traz normas que devem ser reproduzidas nas Constituições dos
estados-membros.

b) O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) tem o objetivo de promover


a transição entre o ordenamento jurídico anterior e o novo, fazendo parte da sua natureza
a eficácia temporária.

c) O ADCT não pode trazer exceções às normas constitucionais, tendo em vista ocupar
posição hierarquicamente inferior à das normas contidas no corpo da Constituição, devendo
a elas submeter-se.

d) Dado o caráter transitório das disposições do ADCT, verifica-se que elas não veiculam
direitos fundamentais, sendo certo que, nos casos em que determinada norma do ADCT traz
um regime vantajoso a determinado grupo de destinatários, sua supressão não implicará
em violação à segurança jurídica ou a direito adquirido.

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e) O STF não admite a possibilidade de alteração das disposições do ADCT por emenda,
tendo em vista o caráter transitório dessas normas.

28. Considerando as disposições constitucionais e o entendimento do STF sobre o processo


legislativo, assinale a alternativa INCORRETA:

a) É de iniciativa do chefe do Poder Executivo o processo legislativo de matérias pertinentes


ao Plano Plurianual, às Diretrizes Orçamentárias e aos Orçamentos Anuais.

b) O STF entende que, em matéria tributária, é privativa do chefe do Poder Executivo a


competência para a iniciativa para os projetos de lei.

c) Em regra, não poderá o legitimado exclusivo ser compelido a deflagrar processo


legislativo.

d) A sanção do chefe do Poder Executivo não convalida vício de iniciativa de projeto de lei.

e) É admissível a iniciativa popular de leis complementares.

29. Sobre as inovações trazidas pelas constituições brasileiras ao longo da história, é correto
afirmar que:

a) A Constituição de 1934 estabeleceu o Poder Legislativo em âmbito estadual.

b) A Constituição de 1988 foi a primeira a prever o mandado de segurança.

c) A Justiça Federal foi criada pela Constituição de 1946.

d) O princípio da inafastabilidade da jurisdição foi expressamente trazido pela primeira vez


na Constituição de 1988.

e) A Constituição Federal de 1988 foi a primeira Constituição brasileira a tratar


separadamente da ordem econômica e da ordem social.

DIREITO EMPRESARIAL

30. Sobre o estabelecimento empresarial, analise os seguintes itens:

I. Estabelecimento é o complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem


o instrumento utilizado pelo empresário ou sociedade empresária para o exercício de
empresa.

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II. A clientela ou freguesia, assim como o ponto, integra o estabelecimento.

III. O estabelecimento tem natureza jurídica de universalidade de direito.

IV. No contrato de trespasse, o adquirente do estabelecimento responde pelos débitos


anteriores à quitação da transferência, desde que regularmente contabilizados, ao passo
que o alienante responde subsidiariamente pelos créditos vencidos, pelo prazo de 1 ano a
partir da publicação da transferência.

a) I e IV.

b) II e III.

c) Apenas I.

d) II e IV.

e) I, II e IV.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: NATALIA MAIA


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

1. Assinale a alternativa que não traz uma assertiva correta sobre a condenação em honorários
na Justiça do Trabalho.

a) Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios nas causas em que a


Fazenda Pública for parte não poderá ser fixada em percentual superior a 15% (quinze por
cento).

b) Não se sujeita aos requisitos da Lei nº. 5.584/1970 a condenação em honorários nas
ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente do trabalho
que, tendo sido ajuizadas na Justiça Comum, foram posteriormente remetidas à Justiça do
Trabalho, por força da Emenda Constitucional nº. 45/2004.

c) Na ação rescisória trabalhista, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários


advocatícios submete-se à disciplina do Código de Processo Civil.

d) Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em lides


que não derivam da relação de emprego decorre pura e simplesmente da sucumbência.

e) Em caso de assistência judiciária sindical, os honorários advocatícios serão devidos entre


o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

COMENTÁRIO

Na Justiça do Trabalho, como regra, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não


decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte reunir dois requisitos: a) estar assistida
por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família, nos termos do §1º do art. 14 da Lei nº. 5.584/1970.

Alternativa (A): incorreta, devendo ser assinalada. Modificação de Súmula: a antiga redação da Súmula
nº. 219 do TST, em seu item I, previa que a condenação ao pagamento de honorários, na justiça laboral,
não poderia superar o percentual de 15% (quinze por cento). Entretanto, em 21/3/2016, o TST alterou o

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item, para, basicamente, suprimir a expressão “nunca superiores a 15%”, conduzindo à conclusão de que
a limitação deixou de existir. Em relação às causas envolvendo a atuação do Poder Público, também foi
inserido o item VI no enunciado, com a seguinte previsão: “nas causas em que a Fazenda Pública for parte,
aplicar-se-ão os percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código de Processo
Civil”. O Novo Código de Processo Civil, vale dizer, alterou o tratamento dos honorários nos processos em
que a Fazenda Pública é parte, estabelecendo percentuais mínimos e máximos, que variam entre 1-10%
e 3-20%, respectivamente, em função do valor da condenação ou do proveito econômico obtido, ou, não
havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, do valor
da causa. Logo, foi superada a limitação em 15% na condenação em honorários na Justiça do Trabalho.

Alternativa (B): correta. Explicamos, na 3ª rodada, que, por determinação do STF, a partir da promulgação
da EC nº. 45/04, a qual alterou a redação do art. 114 da CRFB, todas as ações de indenização por danos
morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho ou doenças equiparadas que haviam sido
ajuizadas na Justiça Comum e nas quais ainda não havia sentença foram remetidas à Justiça do Trabalho.
Em relação a essas ações, adotou-se a tese de que, tendo havido o ajuizamento da ação perante a Justiça
Comum, com posterior remessa para a Justiça do Trabalho, o deferimento dos honorários advocatícios
não estará sujeito ao preenchimento dos requisitos previstos na Súmula nº. 219 do C. TST, justificando-se
a condenação por mera sucumbência. O entendimento foi recentemente confirmado pela SDI-1 do TST,
ao atualizar a redação da OJ nº. 421, em 26/4/2016, de acordo com o Novo CPC.

Alternativa (C): correta. A redação originária do item II da Súmula nº. 219/TST previa o cabimento da
condenação em honorários advocatícios em ação rescisória, no processo trabalhista, independentemente
de assistência judiciária sindical ou de substituição processual sindical e do atendimento ao requisito do
art. 14, §1º da Lei nº. 5.584/1970 (impossibilidade de demandar sem prejuízo próprio ou do sustento da
família). Para o TST, como a capacidade postulatória assegurada às partes pelo art. 791 da CLT não se
estende à ação rescisória, tornando indispensável a contratação de advogado pela parte, justifica-se a
condenação em honorários em razão da mera sucumbência. Com a alteração promovida pela Resolução
nº. 204/2016, de 21/3/2016, foi inserido item IV na súmula nº. 219/TST, passando a prever, de forma
expressa, que a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da sucumbência, tanto
na ação rescisória como nas lides que não derivem de relação de emprego, submete-se à disciplina do
Código de Processo Civil (arts. 85, 86, 87 e 90).

Alternativa (D): correta. O ius postulandi característico da atuação em 1º grau na Justiça do Trabalho não
se estende às lides derivadas das relações de trabalho distintas da relação de emprego, na medida em que
o art. 791 da CLT, ao atribuir capacidade postulatória às partes, menciona expressamente empregados
e empregadores. Diante disso, o item III da redação originária da Súmula nº. 219 do TST já previa o
cabimento de honorários advocatícios nas lides que não derivem da relação de emprego. A modificação
implementada com o acréscimo do item IV ao enunciado, como visto, do mesmo modo que ocorreu
com a rescisória, apenas tornou expresso que, nessa hipótese, a condenação em honorários seguiria a
disciplina prevista nos arts. 85, 86, 87 e 90 do Novo CPC.

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Alternativa (E): correta. A resolução nº. 204/2016, de 21/3/2016 inseriu o item V na Súmula nº. 219/
TST, dispondo que, em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual sindical (com
exceção dos processos em que a Fazenda Pública for parte), os honorários advocatícios serão devidos
entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Perceba que as
hipóteses de substituição processual sindical e de assistência sindical foram tratadas de forma diversa da
ação rescisória e das lides que não derivam de relação de emprego, levando a crer que a condenação
em honorários nessas hipóteses não será regida integralmente pelo CPC de 2015, tendo sido alterados
tão somente os percentuais aplicáveis.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

2. Considerando às novidades implementadas pela Lei nº. 13.189/2015, que instituiu o Programa
de Proteção ao Emprego - PPE, assinale a alternativa correta:

a) A empresa que aderir ao PPE somente poderá dispensar os empregados que tiverem
sua jornada de trabalho temporariamente reduzida mediante a abertura de inquérito para
apuração de falta grave.

b) Os empregados abrangidos pelo Programa somente poderão realizar horas extraordinárias


em caso de força maior e mediante autorização prévia do órgão competente.

c) O acordo coletivo de trabalho específico para adesão ao PPE pode reduzir em até 30% a
jornada e o salário dos trabalhadores, desde que a redução, em relação ao salário-mínimo,
não supere o mesmo percentual.

d) Os empregados das empresas que aderirem ao PPE e tiverem seu salário reduzido
proporcionalmente à jornada de trabalho receberão compensação pecuniária, equivalente
a 50% do valor da redução salarial e limitada a 65% do valor máximo da parcela do seguro-
desemprego, por até seis meses após o encerramento do período de redução temporária
da jornada de trabalho.

e) A empresa que aderir ao PPE deverá instituir, em benefício dos empregados afetados
pela redução, mediante acordo coletivo específico para esse fim, período de garantia no
emprego equivalente, no mínimo, ao período de redução da jornada acrescido de um terço.

COMENTÁRIO

Uma das minhas maiores preocupações neste curso é manter os alunos sempre atualizados em relação
às modificações na jurisprudência, inovações legislativas, edição e cancelamento de súmulas, etc. Nesta
edição, essa tarefa tem sido bastante árdua, já que, só nos primeiros seis meses desse ano, estimo que

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cerca de 50 enunciados, entre súmulas e OJ’s do TST, foram objeto de alteração/edição/cancelamentos


e adaptações. Além disso, só entre 2015 e 2016, foram editadas, pelo menos, cinco leis de interesse da
matéria, sem contar com as alterações ocorridas na própria CLT. Entre as novidades legislativas, temos a
Lei nº. 13.189/2015, que instituiu o chamado Programa de Proteção ao Emprego - PPE.

O art. 476-A da CLT já previa o denominado “lay off”, estabelecendo, como hipótese de suspensão
do contrato de trabalho, o afastamento do empregado, pelo período de 2 a 5 meses, para participar
de curso de qualificação profissional oferecido pelo empregador, mediante previsão em acordo ou
convenção coletiva de trabalho. A Lei nº. 13.189, de 2015, passou a prever uma nova hipótese de “lay
off”, como resposta à crise na economia brasileira e seu impacto no número de desempregados. Esse
diploma legislativo criou o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), tendo como objetivos, entre outros,
facilitar a recuperação econômico-financeira das empresas e possibilitar a preservação dos empregos em
momentos de retração da atividade econômica. Vejamos os pontos mais importantes da Lei.

Alternativa (A): incorreta. Para aderir ao PPE, as empresas de todos os setores, além de comprovarem
estar em situação de dificuldade econômico-financeira, deverão celebrar acordo coletivo de trabalho
específico de redução de jornada e de salário. Ao optar pela adesão, a empresa ficará proibida de realizar
as condutas previstas no art. 6º da Lei, dentre as quais a de “dispensar arbitrariamente ou sem justa
causa os empregados que tiverem sua jornada de trabalho temporariamente reduzida enquanto vigorar
a adesão ao PPE e, após o seu término, durante o prazo equivalente a um terço do período de adesão”.
Logo, é possível o desligamento dos empregados por justa causa, não sendo indispensável, para tanto, a
instauração do Inquérito para Apuração de Falta Grave, previsto nos artigos 853 a 855 da CLT.

Alternativa (B): incorreta. Outra conduta vedada para as empresas que aderirem ao PPE é a realização de
horas extraordinárias pelos empregados abrangidos pelo programa. Como o intuito do programa - que
representa custos ao erário, por envolver verbas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) - é justamente
permitir a redução da jornada normal de trabalho e, via de consequência, a redução proporcional dos
salários, não faria sentido autorizar a prestação de labor extraordinário, o que poderia daria ensejo à
prática de fraudes pelas empresas aderentes. Nos termos do §2º do art. 6º, “durante o período de adesão,
é proibida a realização de horas extraordinárias pelos empregados abrangidos pelo programa”. Logo, pelo
menos a princípio, não há exceções a essa proibição.

Alternativa (C): incorreta. De acordo com o art. 5º da Lei do PPE, permite-se à empresa aderente reduzir
a jornada de trabalho de seus empregados em até 30%, bem como os salários, em percentual igual
ou inferior ao aplicado na redução de horas, por período de até seis meses, prorrogáveis por novos
períodos de seis meses, desde que o período total não ultrapasse vinte e quatro meses. Contudo, o §2º
do art. 4º da Lei proíbe expressamente que o salário pago pelo empregador, após a redução, seja inferior
ao valor do salário-mínimo. Veja o que dizem os dispositivos:

Art. 5º O acordo coletivo de trabalho específico para adesão ao PPE, celebrado entre a empresa e
o sindicato de trabalhadores representativo da categoria da atividade econômica preponderante

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da empresa, pode reduzir em até 30% (trinta por cento) a jornada e o salário.

Art. 4º. § 2º O valor do salário pago pelo empregador, após a redução de que trata o caput do
art. 5º, não pode ser inferior ao valor do salário mínimo.

Alternativa (D): incorreta. A adesão ao PPE que implica em redução dos salários faz surgir o direito
ao recebimento, pelos empregados, de compensação pecuniária, custeada pelo Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT, equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor da redução salarial e limitada a 65%
(sessenta e cinco por cento) do valor máximo da parcela do seguro-desemprego. O diploma também
prevê que os empregados só farão jus a essa compensação “enquanto perdurar o período de redução
temporária da jornada de trabalho”. Em suma, restabelecida a jornada normal, cessa imediatamente o
pagamento da verba.

Alternativa (E): correta. O §1º do art. 5º da Lei nº. 13.189/2015 elenca as cláusulas mínimas que deverão
estar previstas no acordo coletivo celebrado especificamente para adesão ao PPE - que não poderá dispor
sobre outras condições de trabalho. Uma delas se refere ao estabelecimento de “período de garantia no
emprego, que deve ser equivalente, no mínimo, ao período de redução de jornada acrescido de um terço”.
Lembrando que o período de adesão ao PPE e de redução da jornada de trabalho deve ter duração de
até seis meses, prorrogáveis por períodos de seis meses, desde que o período total não ultrapasse vinte
e quatro meses (art. 5º, IV, da Lei nº. 13.189/2015).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

3. Assinale a alternativa correta, no que tange à representação das partes na Justiça do Trabalho:

a) A ausência de data da outorga de poderes no mandato judicial caracteriza irregularidade


de representação, podendo conduzir à inexistência do recurso, se o instrumento for juntado
em fase recursal.

b) A validade do mandato outorgado ao procurador é condicionada à exibição dos


estatutos da empresa juntamente com o respectivo instrumento, tornando possível aferir
se o outorgante detém poderes para tanto.

c) A juntada da ata de audiência em que consignada a presença do advogado torna


dispensável a apresentação de procuração.

d) Os Estados e Municípios, suas autarquias e fundações públicas, quando representados


em juízo por seus procuradores, estão dispensados da juntada de instrumento de mandato,
bastando comprovar o ato de nomeação do Procurador e indicar o respectivo número de
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

e) A competência atribuída aos Procuradores para representar o Estado em juízo importa

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em legitimação para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica


própria componentes da respectiva administração indireta.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. O art. 654, §1º, do Código Civil de 2002, estabelece que a procuração dada
mediante instrumento particular deverá conter, como condicionantes de sua validade, a assinatura do
outorgante, a indicação do lugar onde foi passada, a qualificação do outorgante e do outorgado, a
data e o objetivo da outorga, com a designação e a extensão dos poderes conferidos. Diante disso,
criou-se tese de que a ausência de data no instrumento de procuração judicial implicaria em vício de
representação, conduzindo à inexistência do recurso, em aplicação analógica do Enunciado nº. 164/TST.
Contudo, esse entendimento não foi acatado pelo TST, para quem a ausência de data no instrumento
procuratório tem como consequência apenas a presunção de que os poderes foram outorgados na data
em que o instrumento foi juntado aos autos. Para a Corte, aplica-se à hipótese o art. 409, IV, do NCPC,
o qual prevê que, em relação a terceiros, considera-se datado o instrumento particular na data da sua
apresentação em repartição pública ou em juízo. A conclusão foi recentemente confirmada pelo TST, que,
em 26/4/2016, conferiu nova redação à OJ nº. 371, atualizando-a ao CPC de 2015.

Alternativa (B): incorreta. O art. 75, inc. VIII, do CPC de 2015, ao prever que as pessoas jurídicas serão
representadas em juízo por quem os respectivos atos constitutivos designarem, não estabelece, como
condição de validade do instrumento de mandato, a exibição dos estatutos da empresa em juízo
juntamente à procuração. Assim, apenas se houver impugnação da parte contrária ou dúvida razoável do
juízo é que a empresa deverá ser intimada para exibir em juízo seus atos constitutivos. Esse entendimento,
que já vinha sendo aplicado pelo TST na vigência do CPC/73, foi recentemente ratificado, sob a ótica do
Novo CPC, mediante a alteração da redação da OJ nº. 255 da SDI-1, em 3/6/2016.

Alternativa (C): correta. O mandato tácito se configura quando o advogado, acompanhado da parte
ou preposto, comparece ou pratica ato de audiência, ficando tal circunstância registrada na respectiva ata.
Esse mandato confere ao advogado presente à audiência poderes para praticar atos processuais, exceto
o substabelecimento, ainda que não esteja portando procuração. Logo, a juntada de ata de audiência,
demonstrando que o advogado, embora sem procuração, compareceu à audiência acompanhado
da parte, comprova a existência de mandato tácito, suprimindo a necessidade de apresentação de
instrumento de procuração. Sobre o assunto, veja o que diz a OJ nº. 286 da SDI-1 do TST: “a juntada
da ata de audiência, em que consignada a presença do advogado, desde que não estivesse atuando com
mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato
tácito”.

Alternativa (D): incorreta. O art. 75, inc. II e IV do Novo CPC, dispõe que serão representados em
juízo, ativa e passivamente, o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores, e a autarquia e a
fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar. O mandato dos procuradores,
portanto, é inerente ao exercício da própria função, o que torna dispensável tanto a apresentação de

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instrumento procuratório como de prova da nomeação. Nesses casos, a inexigibilidade decorre do


princípio da validade da representação dos entes jurídicos de direito público, até prova em contrário.
Entretanto, ao subscrever a peça, o Procurador deve ao menos declarar-se como detentor do cargo. A
simples referência à inscrição na OAB, nada alegando acerca de eventual condição de Procurador da
demandada ou de advogado público, não é bastante para resultar na desnecessidade de juntada de
instrumento de mandato. Concluindo, para o TST, nos moldes do enunciado nº. 436, os procuradores dos
entes federados, autarquias e fundações estão dispensados de juntar aos autos instrumento de mandato
e de comprovação do ato de nomeação, desde que se declarem exercentes do cargo.

Alternativa (E): incorreta. O Novo CPC, ao contrário do que fazia o CPC/73, passou a dispor expressamente
acerca da representação judicial das autarquias e fundações de direito público, prevendo que incumbe a
quem a lei do ente federado designar (art. 75, IV, CPC/2015). Contudo, mesmo na vigência do diploma
anterior, a jurisprudência do TST, consubstanciada na OJ nº. 318 da SDI-1, já era no sentido de não
reconhecer legitimidade aos Estados e os Munícipios para, por meio de seus Procuradores, recorrerem
em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica própria, entendendo que deveriam ser
representadas pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados constituídos. A
conclusão, agora amparada por expressa previsão legal, continuará a ser aplicada.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSORES: NATALIA MAIA E JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.nataliamaia@gmail.com | profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO CIVIL

4. Considerando o tratamento conferido à sucessão legítima pelo Código Civil de 2002, assinale
a alternativa correta:

a) O cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, somente


concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido em relação aos bens comuns.

b) O regime de bens no casamento não interfere na concorrência sucessória do cônjuge


com os ascendentes do falecido.

c) O filho que ainda não havia sido concebido no momento da doação não pode exigir a
colação dos bens recebidos pelos seus irmãos a título de adiantamento da legítima.

d) A morte simultânea entre ascendentes e descendentes impede o reconhecimento do

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direito de representação aos descendentes, em razão da necessidade de pré-morte do


representado.

e) Em razão da vedação constitucional ao tratamento diferenciado entre irmãos (art. 226,


§6º da CRFB), concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais,
caberá igual parte a cada um deles.

COMENTÁRIO

O Art. 1.786 do Código Civil prevê que a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
A primeira modalidade está relacionada à sucessão legítima (sucessão ab intestato), ou seja, a sucessão
decorrente da lei, que, presumindo a vontade do autor da herança, enuncia a ordem de vocação
hereditária. Já ao mencionar a sucessão por disposição de última vontade, o diploma trata da sucessão
que se origina pelo exercício da autonomia privada do autor da herança que, por meio de testamento,
legado ou codicilo, seleciona aqueles que deseja beneficiar com o seu patrimônio, após a sua morte.

Alternativa (A): incorreta. Em primeiro lugar na ordem de sucessão legítima, o inc. I do art. 1.829 do
Código Civil prevê a concorrência dos descendentes com o cônjuge sobrevivente, ressalvando algumas
hipóteses nas quais o cônjuge não herdará. São elas: a) se o cônjuge falecido houver sido casado com
o de cujus no regime de comunhão universal; b) se o cônjuge falecido houver sido casado com o de
cujus no regime da separação obrigatória de bens, c) ou, se no regime da comunhão parcial, o autor
da herança não houver deixado bens particulares. Significa isso dizer que, no regime da comunhão
parcial de bens, a concorrência sucessória do cônjuge sobrevivente com os descendentes estará restrita
tão somente aos bens particulares. Os bens comuns (meação), por sua vez, serão compartilhados apenas
entre os descendentes. É nesse sentido o Enunciado nº. 270 da III Jornada de Direito Civil.

Alternativa (B): correta. Em segundo lugar na linha de sucessão legítima, ou seja, na falta de descendentes,
sucedem os ascendentes, também chamados de herdeiros de segunda classe, novamente em concorrência
com o cônjuge, conforme prevêem os arts. 1.829, inc. II e 1.836 do Código Civil. Só que, enquanto o
regramento da concorrência dos descendentes com o cônjuge, como visto, varia em função do regime
de casamento, o inc. II do art. 1.829 do CC/02, ao tratar da concorrência entre ascendentes/cônjuge, não
faz qualquer ressalva. Daí a conclusão, exposta no Enunciado nº. 609 da VII Jornada de Direito Civil, no
sentido de que “o regime de bens no casamento somente interfere na concorrência sucessória do cônjuge
com descendentes do falecido”. Dito de outro modo, o regime de bens no casamento não influencia na
concorrência sucessória do cônjuge com os ascendentes.

Alternativa (C): incorreta. É possível que um ascendente, quando em vida, faça doação em favor de
descendente. Essa doação importará em adiantamento da herança, de modo que, no momento da
sucessão, o descendente beneficiário terá que conferir o valor referente à doação, para o fim de igualar
o valor da legítima em relação aos demais descendentes com os quais concorre. Esse ato de promover o
retorno do valor das liberalidades feitas pelo autor da herança aos seus descendentes, antes de falecer,

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5ª RODADA - 07/07/2016

objetivando igualar as quotas hereditárias, é chamado de colação, instituto regido pelos arts. 2.002 a
2.012 do Código Civil e 639 a 641 do Novo CPC. Frise-se que o filho do morto tem o direito de exigir
de seus irmãos a colação dos bens recebidos em doação a título de adiantamento da legítima, ainda
que, no momento da liberalidade, ainda não houvesse sido concebido. Assim, para o cumprimento
do dever de colação, é irrelevante se o herdeiro nasceu antes ou após a doação. Para o STJ, conforme
decidido no REsp 1.298.864-SP (STJ. 3a Turma. Rel. Min Marco Aurélio, j. 19/5/2015 - divulgado no Info
563), prevalece a ideia de que a doação feita de ascendente para descendente impõe ao donatário a
obrigação de, quando o doador morrer, trazer o patrimônio recebido à colação, quando existirem outros
herdeiros necessários, a fim de igualar as legítimas, sendo irrelevantes circunstâncias como o nascimento
de herdeiro posterior à doação, de os descendentes concorrentes serem irmãos germanos ou unilaterais
ou supervenientes à eventual separação ou divórcio do doador.

Alternativa (D): incorreta. O art. 1.851 do Código Civil aduz que o direito de representação - que se
dá apenas na linha reta descendente, nunca na ascendente - se configura quando a lei chama certos
parentes do falecido a suceder em todos os direitos em que ele sucederia, se vivo fosse. É possível a
representação na linha colateral ou transversal, mas apenas para beneficiar filhos de irmãos falecidos em
concorrência com outros irmãos. A representação só confere o direito aos representantes de herdar, como
tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse (“substituição sucessória”). Como a lei fala em “parentes
do falecido”, muito se indagou acerca da possibilidade de se configurar o direito de representação em
caso de “comoriência”, assim denominada a presunção de morte simultânea, na hipótese em que dois ou
mais indivíduos falecem na mesma ocasião, mas não é possível averiguar qual deles morreu primeiro (art.
8º, CC/02). A solução foi dada pelo Enunciado nº. 610 da VII Jornada de Direito Civil, que, em consonância
com a jurisprudência, concluiu que a leitura do art. 1.851 do Código Civil não exclui a possibilidade de se
reconhecer o direito de representação em casos de comoriência, uma vez que o artigo não faz menção
à necessidade de pré-morte. Assim, nos termos do enunciado, “também nos casos de comoriência entre
ascendentes e descendentes, ou entre irmãos, reconhece-se o direito de representação aos descendentes e
aos filhos dos irmãos”.

Alternativa (E): incorreta. Os colaterais até quarto grau (irmãos, tios, sobrinhos, primos, tios-avós e
sobrinhos netos) figuram em quarto lugar na ordem de sucessão legítima, cabendo-lhes a herança
apenas quando o morto não deixar ascendentes, descendentes ou cônjuge. Em relação a eles, o cônjuge
não concorre (art. 1.829, IV, CC/02). Além desses parentes, vale dizer, por não haver relação de parentesco
(art. 1.592, CC/02), também não há direito sucessório. Nessa classe, salvo o direito de representação
dos filhos de irmãos, os mais próximos excluem os mais remotos. A concorrência entre irmãos bilaterais
(filhos do mesmo pai e da mesma mãe do morto) não é igual em relação aos irmãos unilaterais (com
apenas um ascendente em comum), cabendo aos unilaterais apenas a metade do que couber a cada
um dos bilaterais (art. 1.841, CC/02). Como a vedação ao tratamento diferenciado, prevista no §6º do art.
226 da CFRB, somente se dirige aos filhos, entende-se que não há qualquer inconstitucionalidade nessa
previsão, que não é reputada discriminatória.

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5ª RODADA - 07/07/2016

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

5. Assinale a alternativa que trata corretamente da revisão contratual por fato superveniente no
ordenamento jurídico brasileiro:

a) A revisão ou resolução do contrato por imprevisibilidade e onerosidade excessiva não se


compatibilizam com os contratos ditos aleatórios.

b) A renegociação de contratos bancários e a confissão da dívida afastam a possibilidade


de revisão dos contratos extintos.

c) Tanto o Código Civil quanto o Código de Defesa do Consumidor adotam expressamente


a teoria da base objetiva do negócio jurídico.

d) Os motivos imprevisíveis, previstos no art. 317 do Código Civil como fundamento para
a revisão do contrato, compreendem também as causas previsíveis, mas de resultados
imprevisíveis.

e) A propositura de ação de revisão de contrato inibe a caracterização da mora do autor.

COMENTÁRIO

A disciplina da revisão contratual por fato superveniente dos contratos civis pode ser extraída de dois
artigos do Código Civil. O primeiro deles, inserido no título que trata do Adimplemento e Extinção das
Obrigações, estabelece que, quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre
o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação (art. 317). Quanto ao segundo,
trata-se da previsão, constante no art. 478, de que “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.
Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. Embora inserido como hipótese
de resolução contratual, dentro do título que disciplina a Extinção do Contrato, a maioria da doutrina
entende que esse dispositivo deverá conduzir, sempre que possível, não à resolução contratual, mas à
revisão judicial dos contratos, em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos (Enunciado
nº. 176, da III Jornada de Direito Civil).

Alternativa (A): incorreta. Quanto aos riscos que envolvem a prestação, os contratos são classificados
como comutativos ou aleatórios. Nos primeiros, no momento do ajuste, as partes já sabem quais são
as prestações, ou seja, as prestações já são conhecidas, ou, pelo menos, pré-estimadas. Os contratos
aleatórios, por sua vez, caracterizam-se pelo fato de a prestação, em relação a uma das partes, não ser
conhecida com exatidão no momento do ajuste, dependendo de um fator desconhecido, denominado de

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5ª RODADA - 07/07/2016

álea. O risco (álea) pode estar relacionado ou à própria existência da coisa (emptio spei), ou à quantidade
da coisa, fixando-se apenas um mínimo (emptio rei speratae).

Em regra, um dos requisitos exigidos para a revisão dos contratos por fato superveniente é que o negócio
assuma a natureza comutativa. Ocorre que, mesmo nos contrários aleatórios, é possível identificar uma
parte comutativa (ex: prêmio pago em contratos de seguro). Assim, com relação a essa parte comutativa
dos contratos aleatórios, jurisprudência e doutrina têm admitido a revisão ou resolução por onerosidade
excessiva. Veja o que diz o enunciado nº. 440 da V Jornada de Direito Civil:

É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que
o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida no
contrato.

Alternativa (B): incorreta. Outro requisito para a revisão dos contratos civis, tendo por base os arts 317
e 478 do Código Civil, diz respeito à necessidade de que o contrato seja de execução diferida ou de
trato sucessivo, gerando efeitos no tempo. Enquanto o cumprimento do primeiro dá-se, de uma só vez,
em momento futuro, o do segundo ocorre de forma sucessiva ou periódica no tempo. Assim, em regra,
o contrato instantâneo, já aperfeiçoado, não é passível de revisão. O STJ, contudo, admite, em casos
excepcionais, a revisão de negócios já concretizados. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese prevista
na Súmula 286/STJ, segundo a qual “a renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não
impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores”.

Alternativa (C): incorreta. O art. 6º, inc. V, do Código de Defesa do Consumidor elenca, entre os
direitos básicos do consumidor, a modificação das cláusulas contratuais que estabelecem prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente
onerosas. Logo, na sistemática do CDC, basta um fato novo, superveniente, gerando desequilíbrio, não
havendo menção a fatos extraordinários ou imprevisíveis. Diante disso, afirma-se que o CDC adotou a
chamada “teoria da base objetiva do negócio jurídico”, a qual autoriza a revisão por simples onerosidade
excessiva.

Já na sistemática do Código Civil de 2002, a revisão dos contratos exige a demonstração de mudanças
supervenientes das circunstâncias iniciais vigentes à época da realização do negócio, oriundas de evento
imprevisível e extraordinário, que comprometam o valor da prestação, configurando onerosidade
excessiva. Embora não haja consenso na doutrina sobre a teoria adotada pelo CC/02, variando entre
teoria da imprevisão e teoria da onerosidade excessiva, fato é que o diploma consagra a revisão contratual
por fato superveniente diante de uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade excessiva.

Alternativa (D): correta. O art. 317 do CC/02 exige um “motivo imprevisível”, enquanto o art. 417 do mesmo
diploma fala de “eventos imprevisíveis e extraordinários”. A partir da dificuldade em se caracterizar algo
como imprevisível, no contexto da sociedade pós-moderna globalizada, tornou-se necessário flexibilizar
a interpretação dos dispositivos, de modo a viabilizar a aplicação do instituto. Assim, passou-se a levar
mais em conta, na análise do que é imprevisível, os critérios subjetivos, relacionados às partes, do que o

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meio que envolve o contrato (mercado). Nesse sentido, o enunciado nº. 17 da I Jornada de Direito Civil
aduz que: “a interpretação da expessão “motivos imprevisíveis, constante do art. 317 do Código Civil, deve
abarcar tanto causas não previsíveis, como também causas previsíveis, mas de resultado imprevisíveis”.

Alternativa (E): incorreta. Muito embora a ausência de inadimplemento (mora) não tenha sido elencada
pelos artigos 317 ou 478 do Código Civil como condição para a ação de revisão, o Superior Tribunal de
Justiça editou a súmula nº. 380, prevendo que “a simples propositura da ação de revisão de contrato não
inibe a caracterização da mora do devedor”. Tal entendimento, ainda que de modo implícito, acaba por
colocar a ausência de mora como requisito para a ação de revisão.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

6. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os vícios e defeitos dos negócios
jurídicos, e temas correlatos:

a) O prazo para pleitear a anulação de venda de ascendente a descendente sem anuência


dos demais descendentes e/ou do cônjuge do alienante é de 2 (dois) anos, contados da
ciência do ato, que se presume absolutamente, em se tratando de transferência imobiliária,
a partir da data do registro de imóveis.

b) Segundo a doutrina majoritária, a lesão usurária, ao contrário da lesão prevista no art.


157 do Código Civil de 2002, não exige o dolo de aproveitamento.

c) No caso de ato nulo, é imprescindível a atuação do Poder Judiciário para declarar a sua
nulidade, que não opera automaticamente ipso jure, sendo pacífico o entendimento pela
imprescritibilidade da respectiva ação declaratória, a qual atinge, também, as eventuais
pretensões condenatórias correspondentes.

d) O art. 175 do CC consagra a irrevogabilidade da confirmação do negócio jurídico anulável,


desde que acordada de forma expressa, o que importará na extinção de todas as ações, ou
exceções, de que dispusesse o credor em face do devedor.

e) O negócio jurídico praticado sob coação deve ser interpretado tendo em conta o que, na
mesma circunstância, teria feito o homem médio, sem prejuízo do fato de que se convalida
com o decurso do tempo ou pode ser confirmado pela vontade das partes, embora o vício
seja de natureza subjetiva.

COMENTÁRIO

A questão aborda tema caríssimo aos concursos públicos em geral e, da mesma forma, para as

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Procuradorias Municipais e Estaduais, já que tem sido recorrente a cobrança de questões sobre a vícios/
defeitos dos negócios jurídicos. Vamos às alternativas:

Alternativa (A): CORRETA. A assertiva está de acordo com o que preceitua o Enunciado n. 545 do CJF/
STJ,

“o prazo para pleitear a anulação de venda de ascendente a descendente sem anuência dos
demais descendentes e/ou do cônjuge do alienante é de 2 (dois) anos, contados da ciência do
ato, que se presume absolutamente, em se tratando de transferência imobiliária, a partir da
data do registro de imóveis”.

Segundo o professor Flávio Tartuce (in Manual de Direito Civil, v. único, 2016, Método e artigo no sítio
eletrônico – www.flaviotartuce.adv.br), o art. 496 do Código Civil não estabeleceu prazo para o
requerimento da anulação da venda de ascendente a descendente, impondo ao intérprete a
necessidade de conhecer o prazo prescricional no capítulo que trata da invalidade do negócio
jurídico, remetendo à regra do art. 179 (“Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do
ato”).

Alternativa (B): INCORRETA. A chamada lesão usurária (ou real) ocorre quando a lei exige, além da
necessidade ou inexperiência do lesionado, o dolo de aproveitamento da outra parte, como consta
expressamente do art. 4º da Lei da Economia Popular - Decreto-lei nº 869/1938, modificado pela Lei n.
1.521/1951, ao considerar como lesão dessa natureza “obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando
da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o
quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida”.

Por outro lado, a doutrina majoritária, atualmente, considera dispensável o dolo de aproveitamento
quanto à lesão prevista no atual Código Civil, entendimento esse que resta consagrado no teor do
Enunciado n. 150 do CJF/STJ, aprovado na III Jornada de Direito Civil, pelo qual: “a lesão que trata o art.
157 do Código Civil não exige dolo de aproveitamento”.

Portanto, segundo Flávio Tartuce, para a caracterização da lesão “é necessária a presença de um elemento
objetivo, formado pela desproporção das prestações, a gerar uma onerosidade excessiva, um prejuízo
a uma das partes; bem como um elemento subjetivo: a premente necessidade ou inexperiência,
conforme previsto no caput do art. 157”.

OBS: O STJ já decidiu pela necessidade de dolo de aproveitamento quanto à lesão prevista no
CC/2002 (confiram o Recurso Especial nº 1.265.890, Rel. Min. Nancy Andrighi), porém, repita-se, não é
esse o entendimento majoritário da doutrina.

Alternativa (C): INCORRETA. Sobre o tema, é pacífico o entendimento de que a ação de natureza
declaratória é imprescritível. Porém, é sempre necessária a manifestação do Poder Judiciário para operar
a nulidade, conforme explica o Professor Pablo Stolze, citando MARIA HELENA DINIZ:

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“sendo nulo ou anulável o negócio jurídico, é imprescindível a manifestação do Judiciário


a esse respeito, porque a nulidade não opera ipso jure. A nulidade absoluta ou relativa só
repercute se for decretada judicialmente; caso contrário surtirá efeitos aparentemente queridos
pelas partes; assim o ato negocial praticado por um incapaz terá, muitas vezes, efeitos até que
o órgão judicante declare sua invalidade”.

Sobre a imprescritibilidade da ação declaratória e os efeitos do ato jurídico, o Professor Pablo afirma que:

“(...) a ação declaratória de nulidade é realmente imprescritível, como, aliás, toda ação
declaratória deve ser, mas os efeitos do ato jurídico — existente, porém nulo — sujeitam-
se a prazo, que pode ser o prazo máximo prescricional para as pretensões pessoais (que, como
se verá no capítulo próprio, foi reduzido pelo Novo Código Civil de 20 para 10 anos) ou, como
na maior parte dos casos, tratando-se de demanda de reparação civil, o novo prazo de 3
anos (CC-02, art. 206, § 3.º, V). Isso porque se a ação ajuizada for, do ponto de vista técnico,
simplesmente declaratória, sua finalidade será apenas a de certificar uma situação jurídica da
qual pende dúvida, o que jamais poderia ser objeto de prescrição”.

Assim, conclui que “se a ação declaratória de nulidade for cumulada com pretensões condenatórias, como
acontece na maioria dos casos de restituição dos efeitos pecuniários ou indenização correspondente, admitir-
se a imprescritibilidade seria atentar contra a segurança das relações sociais. Neste caso, entendemos que
prescreve sim a pretensão condenatória, uma vez que não é mais possível retornar ao estado de coisas
anterior”.

Alternativa (D): INCORRETA. O Art. 175 do CC/2002 aponta que a confirmação pode ser expressa ou
tácita e, neste caso, configurar-se-á quando for decorrente da execução voluntária de negócio anulável,
nos termos dos arts. 172 a 174, importando, corretamente, a extinção de todas as ações, ou exceções, de
que dispusesse o devedor em face desse ajuste.

Flávio Tartuce (op. citada) registra que o art. 175 do CC/2002:

“consagra a irrevogabilidade da confirmação, seja ela expressa ou tácita. Dessa forma,


com a confirmação, extinguem-se todas as ações ou exceções, de que contra ele dispusesse o
devedor. Não caberá mais, portanto, qualquer requerimento posterior de anulabilidade
do negócio anterior, o que está de acordo com a máxima que veda o comportamento
contraditório e que tem relação com a boa-fé objetiva (venire contra factum proprium non
potest)”.

Incorreta, portanto, a assertiva, ao condicionar a irrevogabilidade da confirmação ao fato de ela ter sido
expressa, já que, como demonstrado, ela será irrevogável mesmo que tenha sido tácita.

Alternativa (E): INCORRETA. A assertiva está correta quando afirma que o negócio jurídico praticado
sob coação pode ser convalidado pelo decurso do tempo, já que os atos anuláveis são passíveis de
convalidar-se pela ação humana ou temporal. No entanto, tal espécie de defeito do negócio deve ser

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interpretado de acordo com o que prescreve o art. 152 do CC/2002: “No apreciar a coação, ter-se-ão em
conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias
que possam influir na gravidade dela”.

Portanto, a análise da eficiência da ação coativa leva em conta as peculiaridades do caso concreto
e das partes envolvidas e não, propriamente, circunstâncias que envolvam o chamado homem médio,
cuja na análise prática envolve um juízo hipotético sobre a conduta do homem comum submetido a uma
situação da mesma natureza.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

7. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com o Código


Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre as obrigações em geral:

a) A expressão “garantias especiais”, constante do art. 300 do CC/2002 (“Salvo assentimento


expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as
garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”), refere-se apenas às pessoais/
fidejussórias que tenham sido prestadas voluntária e originariamente pelo devedor primitivo
ou por terceiro.

b) É anulável a estipulação da cláusula para pagamento em ouro, excetuados os casos


previstos em legislação especial.

c) Segundo o CC/2002, a transação refere-se, exclusivamente, a direitos patrimoniais de


caráter privado e só é suscetível de anulação por dolo, coação ou erro essencial quanto à
pessoa ou coisa controversa.

d) Sobre a extinção do contrato, será eficaz a partir da sentença que a declara, quando
decorra do exercício do direito de resolução por onerosidade excessiva, por meio da ação
respectiva, além de implicar, necessariamente, o fim de todos os efeitos decorrentes da
relação obrigacional.

e) Na hipótese de alteração da obrigação principal sem o consentimento do fiador, a


exoneração deste é automática, não se aplicando o disposto no art. 835 do Código Civil
(O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre
que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após
a notificação do credor), porém, em se tratando de contrato locatício, deve obedecer ao
interstício de 120 dias (art. 40, inciso X, Lei n. 8.245/1991).

COMENTÁRIO

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O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, já que a teoria geral das obrigações em
Direito Civil é assunto comum da prática jurídica e do cotidiano de todos, sendo de presença praticamente
obrigatória na fase objetiva.

Renovo a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta final da
prova, os dispositivos pertinentes do Código Civil de 2002.

Procuramos, nessa questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, de modo a diversificar o leque
de temas e dar profundidade no conteúdo.

Alternativa (A): INCORRETA. A assertiva contraria o entendimento consagrado no enunciado 422 da V


Jornada de Direito Civil:

“A expressão “garantias especiais” constante do art. 300 do CC/2002 refere-se a todas as


garantias, quaisquer delas, reais ou fidejussórias, que tenham sido prestadas voluntária e
originariamente pelo devedor primitivo ou por terceiro, vale dizer, aquelas que dependeram da
vontade do garantidor, devedor ou terceiro para se constituírem”.

Segundo informa a doutrina, o mencionado artigo 300 do CC/2002 (“Salvo assentimento expresso
do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por
ele originariamente dadas ao credor”) constitui-se em inovação da codificação civil, no que pertine
à cessão de débito e assunção de dívida, ou seja, à intervenção de terceiros na relação obrigacional
primitiva, permitindo, com isso, a ampla garantia do crédito.

Alternativa (B): INCORRETA. Trata-se de assunto pouco cobrado, por isso chama a atenção quando
incide em prova de concurso, já que as bancas, normalmente, enfatizam a vedação da pactuação em
moeda estrangeira.

É correto afirmar a vedação de pagamento em ouro, ressalvados casos previstos em legislação especial.
No entanto, o erro da assertiva diz respeito à natureza do vício: será causa de nulidade e não de
anulabilidade. Confiram o Art. 318 do CC/2002:

“São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos
na legislação especial”.

Alternativa (C): CORRETA. A assertiva combina o disposto nos artigos 849 (“A transação só se anula
por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa”) e 841 (“Só quanto a
direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação”) do CC/2002.

OBS: não confunda essa questão com o fato de admitir-se, também, a transação em relação a direitos
patrimoniais da Administração Pública, uma vez que só é possível a incidência desse tipo de ajuste em
relação a direitos disponíveis da administração, notadamente quando existente interesse meramente

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secundário do ente público, o que, não raro, confunde-se com interesses particulares dos entes públicos.

Alternativa (D): INCORRETA. O primeiro erro da assertiva reside no fato de que a sentença que revisa
o contrato impregnado de onerosidade excessiva produzirá efeitos a partir da citação, conforme
dispõe o art. Art. 478, CC/2002:

“Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.

Além disso, segundo o Prof. Flávio Tartuce (op. citada), extinto o contrato, não há que se falar em
obrigações dele decorrentes, em regra. Contudo, a boa-fé objetiva deve estar presente mesmo após a
celebração do contrato (art. 422 do CC), sob pena de caracterização da violação de um dever anexo ou
de abuso de direito (art. 187 do CC) – responsabilidade civil pós-contratual ou post pactum finitum.

Alternativa (E): INCORRETA. A assertiva está parcialmente correta, uma vez que colide com o
entendimento consagrado no Enunciado 547 da VI Jornada de Direito Civil, que, igualmente, exonera o
fiador automaticamente nos casos de contratos de locação:

“Na hipótese de alteração da obrigação principal sem o consentimento do fiador, a exoneração


deste é automática, não se aplicando o disposto no art. 835 do Código Civil quanto à
necessidade de permanecer obrigado pelo prazo de 60 (sessenta) dias após a notificação
ao credor, ou de 120 (cento e dias) dias no caso de fiança locatícia”.

Flávio Tartuce assim comenta o referido enunciado:

“O objetivo do art. 366 e da Súmula n. 214 do STJ (“O fiador na locação não responde por
obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”) é justamente o de proteger o fiador
de ficar responsável por algo ao qual não anuiu ou sobre o qual não manifestou expressa
concordância. Dessa forma, ocorrendo novação ou aditamento à obrigação original após a
notificação do fiador, estaria este liberado de imediato, sem que pese sobre ele o prazo de 60
(sessenta) dias previsto no art. 835 do Código Civil. Do contrário, estaria ele sujeito a responder
por obrigações às quais não anuiu, não concordou expressamente.

Ora, durante esse prazo excedente de 60 (sessenta) dias, já estariam vigentes as alterações
feitas entre credor e devedor principal, o que anularia em parte o benefício conferido ao fiador
de permitir-lhe exonerar-se da fiança na hipótese do art. 366 e da Súmula n. 214 do STJ.
Tratando-se de fiança locatícia, aplica-se o mesmo raciocínio em relação ao prazo de 120 (cento
de vinte) dias previsto no inciso X do art. 40 da Lei n. 8.245/1991”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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5ª RODADA - 07/07/2016

PROFESSOR: JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

8. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação


penal, assinale a alternativa correta sobre Execução Penal:

a) Sobre o recurso de agravo em execução penal, o prazo para a sua interposição é de


03 (três) dias, a contar da intimação da decisão, conforme Súmula 700 do STJ, podendo
o réu fazê-lo diretamente, por termo, desde que, obrigatoriamente, o juiz determine a
abertura de vista ao advogado, para a apresentação de razões, e a legitimidade estende-
se ao defensor e ao Ministério Público. O recurso possui efeitos devolutivo e suspensivo
automáticos.

b) O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço
ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina, sendo o
limite máximo do número de presos de 25% (vinte por cento) do total de empregados
na obra, além de ser exigido o consentimento expresso do preso, após cumprimento do
mínimo de 1/4 (um quarto) da pena.

c) Conforme o entendimento pacificado do STJ, a prática de falta grave interrompe o prazo


exigido para a obtenção da progressão de regime prisional, mas não acarreta interrupção do
prazo exigido para a obtenção de livramento condicional, comutação de pena ou indulto,
salvo se o decreto concessivo fizer expressa previsão em contrário.

d) O juiz das execuções penais poderá determinar a fiscalização por meio eletrônico quando
determinar o livramento condicional, na saída temporária no regime semiaberto e para o
caso de prisão domiciliar.

e) A Lei de Execuções Penais tipifica apenas as faltas graves, sem especificar as de natureza
média ou leve, sendo que o cometimento de falta grave implicará a imediata perda do
direito à saída temporária.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): INCORRETA. Das decisões proferidas pelo juiz das execuções caberá recurso de agravo,
no entanto, via de regra, sem efeito suspensivo, conforme dispõe o art. 197 da Lei de Execuções

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5ª RODADA - 07/07/2016

Penais (“Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”), além de que,
segundo a súmula nº 700, do STF, “é de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão
do juiz da execução penal”.

O professor Nestor Távora (in Curso de Direito Processual Penal, Ed. aponta que é “É recomendável
que a petição e/ou o termo nos autos venham acompanhados das razões recursais, especialmente em
virtude da divergência doutrinária relativamente à aplicação das normas do recurso em sentido
estrito (art. 581, CPP) ou do agravo de instrumento do CPC (arts. 522 e 524)”, no entanto, afirma que
“(...) havendo interposição sem as razões recursais, o juiz deve adotar o rito do recurso em sentido estrito,
intimando o agravante para oferecê-las em dois dias (art. 588, CPP) e, seguidamente, o agravado, em igual
prazo”.

Por fim, de fato, está correta a possibilidade de interposição direta do recurso por termo, pelo próprio réu,
que detém capacidade postulatória no âmbito do processo penal, contudo, as razões recursais precisam
ser subscritas por profissional tecnicamente habilitado (Advogado ou Defensor Público), em respeito à
ampla defesa.

OBS: Nestor Távora, na mesma obra citada, aponta que a legitimidade para a interposição do Agravo
em Execução é do Ministério Público ou da defesa, já que a vítima, segundo o entendimento
dominante, não é parte no processo de execução penal, nem tem interesse em nele intervir.

Alternativa (B): INCORRETA. Cobrou-se o tema do trabalho externo do preso, cuja regulamentação está
inserida, basicamente, nos art. 36 e 37 da Lei de Execuções Penais:

“Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em
serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou
entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.

§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra.

§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração


desse trabalho.

§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do


preso.

Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento,
dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6
(um sexto) da pena.

Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar
fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos
requisitos estabelecidos neste artigo”.

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Alternativa (C): CORRETA. Esse tema é reiteradamente cobrado nas fases objetivas de concursos. Não
raro, os examinadores intentam levar os candidatos a se confundir com os efeitos da prática de falta
grave durante a execução penal. Resumidamente, os efeitos são os seguintes:

* Progressão: a prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime,


acarretando a modificação da data-base e o início de nova contagem do lapso necessário
para o preenchimento do requisito objetivo. Nesse sentido fixou-se a jurisprudência do STJ,
de acordo com a Súmula 534: “A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para
a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento
dessa infração”.

* Livramento condicional: a falta grave não interrompe o prazo para obtenção de


livramento condicional. Tal entendimento está cristalizado na Súmula 441 do STJ: “A falta grave
não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”. Isso porque o livramento
condicional leva em consideração apenas o cumprimento total da pena imposta, não sendo
exigido o não cometimento de falta disciplinar grave durante o seu curso, sob pena de se criar
requisito objetivo não previsto em lei.

* Indulto e comutação de pena: o cometimento de falta grave não interrompe


automaticamente o prazo para o deferimento do indulto ou da comutação de pena. A
concessão desses benefícios deverá obedecer aos requisitos previstos no decreto presidencial
pelo qual foram instituídos. O STJ editou a Súmula 535 nesse sentido: “A prática de falta grave
não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto”.

Alternativa (D): INCORRETA. Segundo o Art. 146-B, da LEP, “O juiz poderá definir a fiscalização por
meio da monitoração eletrônica quando: II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; e IV -
determinar a prisão domiciliar;”, portanto, não há essa possibilidade de monitoramento eletrônico para os
casos de liberdade condicional, no âmbito da execução penal, por ausência de previsão legal específica.

Segundo aponta o Professor Rogério Greco (artigo publicado no seu sítio eletrônico - http://www.
rogeriogreco.com.br/?p=1397, consulta em 01.07.2016), no Brasil, depois de intensos debates, foi
publicada a Lei nº 12.258, de 15 de junho de 2010, que previu a possibilidade de fiscalização do condenado,
por meio da monitoração eletrônica, somente em duas situações, vale dizer, quando for autorizada
saída temporária para aquele que estiver sob o regime semiaberto, ou quando a pena estiver
sendo cumprida em prisão domiciliar, conforme o disposto nos incisos II e IV, do art. 146-B da Lei de
Execução Penal.

Foram objeto de veto presidencial os incisos I, III e V, que, respectivamente, permitiam o juiz aplicar a
monitoração eletrônica quando viesse:

“I – aplicar pena restritiva de liberdade a ser cumprida nos regimes aberto ou semiaberto, ou
conceder progressão para tais regimes; III – aplicar pena restritiva de direitos que estabeleça

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limitação de horários ou de frequência a determinados lugares; V – conceder o livramento


condicional ou a suspensão condicional da pena”.

Justificando o parecer que pugnava pelo veto presidencial aos mencionados incisos, o Ministério da
Justiça arrazoou que:

“A adoção do monitoramento eletrônico no regime aberto, nas penas restritivas de


direito, no livramento condicional e na suspensão condicional da pena contraria a
sistemática de cumprimento de pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro e,
com isso, a necessária individualização, proporcionalidade e suficiência da execução
penal. Ademais, o projeto aumenta os custos com a execução penal sem auxiliar no
reajuste da população dos presídios, uma vez que não retira do cárcere quem lá não deveria
estar e não impede o ingresso de quem não deva ser preso.”

Alternativa (E): INCORRETA. De fato, a LEP tipifica apenas as sanções de natureza grave, remetendo à
legislação local a previsão das infrações médias e leves, conforme prescreve o art. 49: “As faltas disciplinares
classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as
respectivas sanções”. O rol das infrações graves se concentra nos arts. 50 a 52 da LEP – OBS: sugiro a
leitura do referido artigo, que não será transcrito devido à sua extensão.

Por outro lado, é equivocado afirmar que a prática de falta grave implicará a imediata perda do direito à
saída temporária, uma vez que, segundo o art. 125 da LEP, “O benefício será automaticamente revogado
quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender
as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso”; ou seja, apenas
com a efetiva punição por falta grave é que o condenado perderá o direito à saída temporária.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

9. Considerando os entendimentos sumulados do STF e do STJ, em matéria processual penal,


assinale a alternativa correta:

a) De acordo com a doutrina majoritária, a espontaneidade é requisito para o reconhecimento


da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, além da mera voluntariedade.

b) O instituto do arrependimento posterior não se aplica ao autor de um crime de lesão


corporal culposa.

c) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não se estende aos
demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito até
o recebimento da denúncia.

d) O roubo, quando cometido com o uso do artifício de substâncias entorpecentes que

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causam dormência ou, de qualquer modo, diminuem a resistência da vítima, (a exemplo


do “Boa Noite Cinderela”), é incompatível com a aplicação do instituto do arrependimento
posterior, previsto no art. 16 do CP, conforme entendimento doutrinário pacífico.

e) Para configuração do arrependimento posterior, é dispensável a reparação total do


dano, já que o quantum de diminuição da pena se pauta pela extensão do ressarcimento,
bem como por sua presteza.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): INCORRETA. Guilherme de Souza Nucci (Código Penal Comentado, 14ª Edição, 2014,
Forense) explica cristalinamente o tema da espontaneidade x voluntariedade:

“No contexto do direito penal, há diferença entre voluntário e espontâneo. Agir


voluntariamente significa atuar livremente, sem qualquer coação. Agir espontaneamente
quer dizer uma vontade sincera, fruto do mais íntimo desejo do agente.

No caso da desistência e do arrependimento eficaz, exige-se apenas voluntariedade,


mas não espontaneidade. Se o agente deixar de prosseguir na trajetória criminosa porque se
arrependeu do que vinha fazendo, terá agido de modo voluntário e espontâneo, embora não
seja necessário este último requisito para configurar a excludente”.

Alternativa (B): INCORRETA. Segundo conceitua Cléber Masson (Código Penal Comentado, o
“Arrependimento posterior é a causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena que ocorre quando
o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o
recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta”.

Sobre a extensão do benefício, o mesmo Autor preceitua que:

“O arrependimento posterior alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e
não apenas os delitos contra o patrimônio. Raciocínio diverso levaria à conclusão de que
essa figura penal deveria estar prevista no título dos crimes contra o patrimônio, e não na Parte
Geral do CP. Basta, em termos genéricos, que exista um “dano” causado em razão da
conduta penalmente ilícita. Prevalece o entendimento de que a reparação do dano moral
enseja a aplicação do arrependimento posterior”.

Portanto, o instituto do arrependimento posterior é plenamente compatível com o crime de lesão corporal
culposa, já que não há violência ou grave ameaça à pessoa, figuras estas eminentemente dolosas.

Alternativa (C): INCORRETA. O erro da assertiva está em apontar o arrependimento posterior como
condição subjetiva – na verdade, é objetiva, comunicando-se aos demais corréus. Nesse sentido, segue
julgado do STJ:

“Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de diminuição de

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pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se aos demais coautores,
cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser aplicada, conforme a atuação de cada
agente em relação à reparação efetivada. De fato, trata-se de circunstância comunicável,
em razão de sua natureza objetiva. Deve-se observar, portanto, o disposto no art. 30 do CP,
segundo o qual “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime” (REsp 1.187.976-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
7/11/2013, divulgado no Informativo n. 531).

Alternativa (D): INCORRETA. O roubo cometido com o uso de artifícios que diminuem a resistência da
vítima, como o golpe do “Boa Noite Cinderela”, configura a chamada “violência imprópria”, razão pela
qual não se trata de crime efetivamente cometido com violência contra a pessoa, compatibilizando-se,
assim, com o instituto do arrependimento posterior.

Ressalte-se, contudo, que o tema não divisa total uniformidade na doutrina, existindo duas correntes,
segundo Cléber Masson:

“1) é possível o arrependimento posterior, pois a lei só o excluiu no que diz respeito à
violência própria. Se quisesse afastá-lo, o teria feito expressamente, tal como no art. 157,
caput, do CP; e 2) não se admite o benefício pois violência imprópria é violência dolosa,
e nela a vítima é reduzida à impossibilidade de resistência. A situação é tão grave que
a subtração de coisa alheia móvel assim praticada deixa de ser furto e se torna roubo, crime
muito mais grave”.

Alternativa (E): CORRETA. Segundo consta no Informativo n. 608 do STF, para configuração do art. 16 CP
(arrependimento posterior) é dispensável a reparação total do dano, na medida em que, ocorrendo
apenas parcial reparação, o quantum da diminuição da pena se pautará pela extensão do ressarcimento,
bem como por sua presteza. Seguem os principais trechos do mencionado Informativo:

“A incidência do arrependimento posterior, contido no art. 16 do CP (“Nos crimes cometidos sem


violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços”) prescinde da reparação total do dano e o balizamento, quanto à diminuição
da pena decorrente da aplicação do instituto, está na extensão do ressarcimento, bem
como na presteza com que ele ocorre. (...) A defesa sustentava a incidência da referida causa
de diminuição, pois teria ocorrido a reparação parcial do dano e o disposto no art. 16 do CP
não exigiria que ele fosse reparado em sua integralidade. Aduziu-se que a lei estabeleceria
apenas a data limite do arrependimento — o recebimento da denúncia —, sem precisar o
momento em que deva ocorrer. Além disso, afirmou-se que a norma aludiria à reparação do
dano ou restituição da coisa, sem especificar sua extensão. Nesse aspecto, a gradação da
diminuição da pena decorreria justamente da extensão do ressarcimento, combinada
com o momento de sua ocorrência. Assim, se total e no mesmo dia dos fatos, a redução

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deveria ser a máxima de dois terços”. (HC 98658/PR, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, 9.11.2010).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

10. Considerando a doutrina, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a


legislação penal, assinale a alternativa correta sobre erros de tipo, de proibição e execução:

a) O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, seja aquele essencial ou acidental,
em todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.

b) A culpa imprópria pode ser decorrente de erro de tipo evitável nas descriminantes
putativas ou do excesso nas causas de justificação.

c) Erro na execução é a aberração no ataque, em relação à pessoa a ser atingida pela


conduta criminosa, e, nesses casos, não se exclui o dolo ou culpa do agente e nem o isenta
de pena, mas, na sua punição, devem ser consideradas as qualidades ou condições pessoais
da vítima virtual (pretendida), adotando-se a teoria da equivalência.

d) Determinado agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia


mista, pensando ser este funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular; neste caso, o agente incide em erro sobre a ilicitude de fato evitável.

e) O erro inescusável sobre a ilicitude do fato pode constituir causa de diminuição da pena
e levar à punição a título de culpa, se acidental.

COMENTÁRIO

Nesta rodada inserimos questão envolvendo a figura do erro no Direito Penal, por considerar que é
um dos temas mais recorrentes em provas objetivas, além de que é matéria que contém boa dose de
variações doutrinárias e jurisprudenciais.

Procuramos, nesta questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina
e julgados dos Tribunais Superiores, de modo a diversificar o leque de temas e dar profundidade no
conteúdo.

Alternativa (A): INCORRETA. Em breve síntese, o erro de tipo pode apresentar-se de duas formas, quais
sejam, o erro “essencial” e o “acidental”. Será essencial quando recair sobre circunstâncias elementares,
qualificadoras, causas de aumento de pena e agravantes, sem as quais o crime não existiria. Portanto,
nesse contexto, o agente não tem consciência de que está praticando uma conduta típica. Tal espécie de
erro se desdobra em duas modalidades:

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a) Escusável ou Invencível (art. 20, “caput”, 1ª parte, do Código Penal): o resultado ocorre de qualquer
forma, mesmo que o agente tenha empreendido toda a diligência necessária; ocorrendo esta modalidade,
ter-se-á por excluído o dolo e também a culpa. Logo, se o erro recai sobre uma elementar, exclui o crime;
se recai sobra qualificadora, exclui a qualificadora, e assim por diante.

b) Vencível ou Inescusável (art. 20, “caput”, 2ª parte, do Código Penal): ocorre quando o agente, no caso
concreto, em não agindo com a cautela necessária e esperada, acaba por cometer um crime que poderia
ter sido evitado. Ocorrendo essa modalidade de erro de tipo, há a exclusão do dolo, porém subsiste a
culpa, desde que prevista a modalidade culposa do crime.

Por seu turno, o erro acidental recai sobre circunstâncias secundárias do crime, como o seu objeto,
vítima, forma de execução, erro na execução, etc. Não impede o conhecimento sobre o caráter ilícito da
conduta, o que, por consectário lógico, não obsta a responsabilização do agente, devendo responder
pelo crime, sem que haja, necessariamente, exclusão do dolo.

Portanto, apenas nos casos de erro de tipo essencial é que há exclusão do dolo, podendo, contudo,
o agente responder pela forma culposa do crime, quando previsto legalmente – caso de erro de tipo
vencível ou inescusável.

Alternativa (B): INCORRETA. Segundo Cléber Masson (in Código Penal Comentado, Ed. Método, 2014), a
classificação da culpa em própria e imprópria se baseia na intenção de produzir o resultado naturalístico.

Culpa própria é a que se verifica quando o agente não quer o resultado nem assume o risco de
produzi-lo. É, por assim dizer, a culpa propriamente dita.

Culpa imprópria, por extensão, por equiparação ou por assimilação é aquela em que o sujeito,
após prever o resultado, e desejar sua produção, realiza a conduta por erro inescusável quanto
à ilicitude do fato. O resultado vem, então, a ser concretizado. O agente incide em erro inescusável,
inaceitável, injustificável quanto à ilicitude do fato. Supõe uma situação fática que, se existisse,
tornaria a sua ação legítima.

Observe, portanto, que a culpa imprópria não se refere a erro de tipo, mas, sim, a erro de proibição
e, por isso, a assertiva está incorreta.

Alternativa (C): CORRETA. Segundo Cléber Masson (in Direito Penal Esquematizado, 2015, Ed. Método),
erro na execução é a aberração no ataque, em relação à pessoa a ser atingida pela conduta criminosa.
O agente não se engana quanto à pessoa que desejava atacar, mas age de modo desastrado,
errando o seu alvo e acertando pessoa diversa. Queria praticar um crime determinado, e o fez. Errou
quanto à pessoa: queria atingir uma, mas acaba ofendendo outra.

Nesses casos, não se exclui o dolo ou culpa do agente e nem o isenta de pena, mas na sua punição
devem ser consideradas as qualidades ou condições pessoais da vítima virtual (pretendida),
adotando-se a teoria da equivalência.

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Ademais, o mesmo Autor citado aponta que a 1.ª parte do art. 73 do Código Penal é taxativa: a relação no
erro na execução é de pessoa x pessoa, e não crime x crime, citando o seguinte exemplo: “A” nota que “B”,
seu inimigo, está parado em um ponto de ônibus. Saca sua arma, mira-o e efetua o disparo para matá-lo,
mas por falha na pontaria acerta “C”, que também aguardava o coletivo, matando-o. O crime que queria
praticar e o crime que praticou são idênticos, mas a pessoa morta é diversa da visada.

Além disso, determina o dispositivo legal que, no erro na execução, deve atender-se ao disposto pelo art.
20, § 3.º, do Código Penal, isto é, observam-se as regras inerentes ao erro sobre a pessoa. Assim, levam-
se em conta as condições da vítima que o agente desejava atingir (vítima virtual), desprezando-
se as condições pessoais da vítima efetivamente ofendida (vítima real).

OBS: o Autor ainda alerta para o fato de que erro na execução e erro sobre a pessoa são institutos
diversos: “No erro sobre a pessoa o agente confunde a pessoa que queria atingir com pessoa diversa.
Existem, portanto, somente duas pessoas envolvidas (agente e vítima real), além de que a vítima virtual
não sofre perigo, pois a conduta é direcionada à vítima real. Por outro lado, no erro na execução o agente
não confunde a pessoa que desejava atingir com outra, mas por aberração no ataque acaba por acertar
pessoa diversa. Há três pessoas envolvidas (agente, vítima virtual e vítima real) e, ainda, a vítima virtual é
exposta à situação de perigo: poderia ter sido alvejada, o que somente não ocorreu por falha na pontaria”.

Alternativa (D): INCORRETA. Conforme já exposto, no erro de tipo há uma equivocada percepção da
realidade acerca dos elementos essenciais do ato criminoso, razão pela qual, nesse caso, o agente
não incide em erro sobre a ilicitude de sua conduta (erro de proibição), mas sim no que toca à
qualidade do agente, que é essencial à configuração do crime de corrupção passiva e/ou ativa.

É indiferente que o objeto do erro se localize no mundo dos fatos, dos conceitos ou das normas jurídicas.
Importa, isto sim, que faça parte da estrutura do tipo penal. Essa modalidade de erro está regulada
no caput do art. 20 do nosso Código Penal, onde o legislador refere-se expressamente ao “erro sobre
elemento constitutivo do tipo legal”.

In casu, se o agente desconhece que a pessoa a quem oferece propina é funcionário público,
imaginando que se trata de um particular normal, falta-lhe a consciência da elementar do tipo
“funcionário público”, desaparecendo o dolo do crime de corrupção ativa.

Alternativa (E): INCORRETA. A assertiva está correta quando afirma que o erro inescusável (desculpável,
injustificável, evitável) sobre a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena, conforme dispõe o
art. 21 do CP: “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável (inescusável), poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-
se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”.

Por outro lado, está incorreta quando afirma que tal tipo de erro pode levar à punição a título
de culpa, se acidental, uma vez que não há de falar em erro de proibição acidental de natureza

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culposa, pois o agente não age com imprudência, imperícia ou negligência nesses casos, quanto
aos elementos secundários do tipo penal, uma vez que, de fato, intenta realizar o objeto de sua
conduta, porém, acredita que, de fato, é lícito o seu procedimento, emitindo um juízo equivocado sobre
o que lhe é permitido fazer no convívio social.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSOR: KAOYE GUAZINA OSHIRO


E-mail: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. O Município M ajuizou ação de cobrança em face da empresa Águas Limpas Ltda. requerendo
sua condenação no montante de R$ 20.000,00. Em seu pleito, o ente federado sustentou que,
por meio do procedimento licitatório devido, a sociedade empresária requerida foi selecionada
para explorar, via concessão, os serviços de abastecimento de água nos perímetros urbanos e
rural do município e que, após firmado o contrato administrativo respectivo, transferiu todo
o sistema de abastecimento de água para a parte ré, que também se comprometeu a fornecer
equipamentos e materiais para manutenção e reparos do sistema. No entanto, a empresa Águas
Limpas deixou de cumprir suas obrigações. Dessa forma, o Município M foi obrigado a adimplir
as despesas de manutenção do sistema de abastecimento de água para não comprometer o
fornecimento desse serviço à população. O contrato administrativo foi rescindido. Devidamente
citada, a requerida não apresentou contestação. Porém, no prazo de defesa, propôs reconvenção,
alegando que, findo o contrato, a municipalidade deixou de devolver a garantia contratual,
bem assim aduzindo que no decorrer do contrato várias obras públicas realizadas pelo autor
ocasionaram danos à canalização do sistema. Na demanda reconvencional, a Águas Limpas Ltda.
pugnou pela condenação do município M no valor de R$ 45.000,00. Você, recém empossado
no cargo de Procurador do Município M, recebe os autos para apresentação de razões finais.
Considerando apenas os fatos narrados e em conformidade com as disposições legais aplicáveis,
assinale a única alternativa CORRETA a respeito das condutas tecnicamente adequadas a serem
tomadas pelo ente federado:

a) Não há nenhuma falha procedimental na reconvenção proposta, mas poderá o Município


M desistir da ação principal, levando à consequente extinção da reconvenção, a fim de
impedir a condenação postulada pelo reconvinte.

b) O ente federado deverá requer a extinção da reconvenção proposta em seu desfavor,


visto que a legislação em vigor não prevê essa modalidade de resposta do réu.

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c) Não há nenhuma falha procedimental na reconvenção proposta, de sorte que caberá ao


Município M enfrentar o mérito de ambas as ações em suas razões finais.

d) Não é possível à parte requerida ajuizar reconvenção se não contestar, de modo que o
Município deve pugnar pela extinção da ação reconvencional com esse fundamento.

e) A hipótese narrada não configura situação passível de reconvenção, mas de pedido


contraposto, razão pela qual o pedido formulado pelo réu em face do autor não pode ser
conhecido pelo magistrado.

COMENTÁRIO

Prefacialmente, não se pode olvidar que a reconvenção é “demanda do réu contra o autor no mesmo
processo em que está sendo demandado. É o contra-ataque que enseja o processamento simultâneo da
ação principal e da ação reconvencional, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença.
A reconvenção pode ser demanda de qualquer natureza: declaratória, condenatória ou constitutiva”
(DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de
conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 657). Passemos, agora, à análise das alternativas.

Alternativa (A): incorreta. A reconvenção é ação proposta pelo réu em face do autor, mas que, por
razões de economia, celeridade e impedimento de decisões contraditórias, processa-se dentro dos
mesmos autos. Nada impede, por exemplo, que, em vez de reconvir, o demandado proponha ação
autônoma. Tendo isso em mente é fácil perceber que a desistência da ação principal não interfere no
processamento da reconvenção. Conforme dispõe o art. 343, §2º, do Código de Processo Civil de 2015:
“A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção”. Em abono:

Apresentada a reconvenção, a mesma [sic] passa a ser autônoma relativamente à ação originária, de forma
que, se por qualquer razão, a ação originária for extinta sem resolução do mérito, inclusive a desistência
do autor, tal extinção não afetará a reconvenção, que prosseguirá normalmente (art. 343, §2º, do Novo
CPC). O mesmo ocorre se a reconvenção for prematuramente extinta, prosseguindo normalmente a ação
originária. (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 601)

Alternativa (B): incorreta. A reconvenção é prevista como modalidade de resposta do réu no Livro I,
Título I, Capítulo II, art. 343, do Código de Processo Civil em vigência.

Alternativa (C): correta. De fato, não há nenhuma falha procedimental na reconvenção proposta, de
sorte que caberá ao ente federado enfrentar o mérito da ação principal e reconvencional em suas razões
finais. Isso porque a reconvenção preenche todos os requisitos exigidos para seu uso. Com efeito, além
dos pressupostos processuais presentes em todas as demandas, a reconvenção só se mostra possível
quando: a) já existe uma demanda pendente; b) é apresentada no mesmo prazo da contestação e na
mesma peça, sob pena de preclusão consumativa; c) o juízo da causa principal também é o competente

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para processar e julgar o pedido reconvencional; d) o procedimento de ambas as ações é compatível;


e) o pedido nela veiculado é conexo à ação principal ou a algum dos fundamentos da defesa; f) o
efeito prático almejado pela reconvenção não puder ser alcançado com a simples contestação, hipótese
em que não haveria interesse processual; g) for cabível, como no procedimento no comum, pois há
procedimentos em que se veda expressamente a reconvenção (como é o caso dos Juizados Especiais
Cíveis). (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo
de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 661-663). Todos esses requisitos, como bem
se vê, fazem-se presentes no caso narrado.

Alternativa (D): incorreta. Conforme expressamente prevê o art. 343, §6º, do NCPC, “O réu pode propor
reconvenção independentemente de oferecer contestação”. Nesse particular, merece destaque o fato de
que, na dinâmica do CPC/15, a reconvenção, quando apresentada simultaneamente à contestação, não
mais precisar ser interposta em peça autônoma, sendo veiculada em tópico da própria contestação,
conforme inteligência do art. 343, caput, da nova legislação.

“No Novo Código de Processo Civil, portanto, existem duas formas de ingresso de reconvenção:
como tópico da contestação ou de forma autônoma quando o autor não contestar. Dessa
forma, ainda que não existe regra similar àquela prevista no art. 299 do CPC/1973, que
exigia a apresentação concomitante de contestação ou reconvenção, parece que o ingresso
da reconvenção, mesmo que antes do vencimento do prazo de resposta do réu, retira do
réu o direito de contestar posteriormente, ainda que dentro do prazo. Acredito que nesse
caso continua a se operar preclusão mista (consumativa-temporal)” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 601) – g.n.

Ainda a esse respeito, o enunciado n. 45 do Fórum Permanente de Processualistas Civis prevê que: “Para
que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de uso desse nomen iuris, ou dedução de
um capítulo próprio. Contudo, o réu deve manifestar inequivocamente o pedido de tutela jurisdicional
qualitativa ou quantitativamente maior que a simples improcedência da demanda inicial”.

Alternativa (E): incorreta. De fato, o caso narrado configura hipótese de reconvenção, e não de pedido
contraposto. Naquela, devem ser observados os requisitos indicados nos comentários à alternativa “(C)”;
neste, há também um pedido formulado pelo réu em face do autor, ocorrendo a ampliação objetiva da
lide, mas esse pedido deve se cingir aos fatos veiculados na petição inicial. Informalmente (não vá me
colocar isso em uma prova subjetiva), afirma-se que o pedido contraposto é uma reconvenção em versão
pocket (de bolso). Assim, como no caso trabalhado a parte requerida traz fatos novos em seu pedido,
v.g. garantia não devolvida e danos ao sistema de água, não se trata de mero pedido contraposto. Nesse
sentido:

Reconvenção é demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo demandado.
Há, no direito brasileiro, outra espécie de demanda do réu no mesmo processo, chamada de pedido
contraposto. Há previsão de pedido contraposto, p. ex., nos juizados Especiais Cíveis (art. 31 da Lei n.

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9.099/1995), no procedimento da produção antecipada de prova (art. 382, §3º, CPC) e no procedimento
das demandas possessórias (o pedido de indenização previsto no art. 556, CPC). (...) No direito brasileiro,
porém, o pedido contraposto apresenta-se como uma demanda mais simplificada do que a reconvenção.
Uma é a sua característica peculiar: restrição legal quanto à sua amplitude (nos juizados Especiais, deve
ficar restrito aos “fatos da causa”; nas possessórias, admite-se apenas o pedido de indenização (DIDIER JR,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento.
v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 664).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

12. Em conformidade com as disposições do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com
as alterações da Lei n. 13.256/16) e com o entendimento dos tribunais pátrios, julgue as seguintes
assertivas:

I. A oposição constitui espécie de intervenção de terceiros.

II. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de cinco dias
ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível,
ainda que seja o caso de complementação das razões recursais.

III. Aplicam-se os efeitos processuais da revelia à Fazenda Pública.

IV. Novo Código de Processo Civil prevê de forma expressa a possibilidade de julgamento
parcial de mérito, hipótese em que a decisão é proferida por meio de sentença, passível de
recurso via apelação.

V. Está superado o entendimento de que na ação de exibição de documentos não cabe a


aplicação de multa cominatória.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:

a) IV e V.

b) III e V.

c) I e IV.

d) I, II, III e IV.

e) IV.

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COMENTÁRIO

Assertiva (I): incorreta. Realmente, na dinâmica do Código de Processo Civil de 1973, a oposição era
prevista como hipótese de intervenção de terceiros, muito embora pudesse configurar ação autônoma
quando apresentada após a audiência de instrução e julgamento.

No Código de Processo Civil de 2015, a oposição foi retirada do rol das intervenções e incluída no cabedal
dos procedimentos especiais. Prevê o art. 628 do NCPC, inserido no título dos procedimentos especiais,
que “quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu
poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos”.

Bem explica Cássio Scarpinella Bueno que “a ‘oposição’ era uma das modalidades de intervenção de
terceiro no CPC de 1973. O CPC de 2015, a partir do Projeto da Câmara, acabou disciplinando-a como
procedimento especial (...). Não obstante estas considerações (...), cabe entender a oposição como
o procedimento especial pelo qual alguém, pretendendo coisa ou direito alheio que está sub judice,
demanda ambos os litigantes, em litisconsórcio necessário, para exercer sua pretensão” (BUENO, Cássio
Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo:
Saraiva, 2015, p. 452).

Assertiva (II): incorreta. O art. 932, parágrafo único, do Código de Processo Civil de 2015 estabelece que
“Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente
para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível”. Questiona-se, no entanto, se
essa disposição seria aplicável à hipótese em que é necessária a modificação do recurso, por meio da
complementação das razões recursais. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal entendeu que não.
Conforme consignado no julgado da ARE 953221/SP, noticiado no informativo n. 829, “o prazo de 5 dias
previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em que seja necessário sanar
vícios formais, como ausência procuração ou de assinatura, e não à complementação da fundamentação”.

Assertiva (III) correta. A revelia é ato-fato processual – decorrente da inércia do réu quando instado a
se defender ou da apresentação de defesa a destempo – que produz, de um lado, efeito material: a
presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante; e, de outro, efeitos processuais:
os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da decisão, ocorre
a preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias e a possibilidade de julgamento
antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (DIDIER JR, Fredie. Curso de
Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed.
Salvador: Juspodivm, 2015, p. 665). Nesse diapasão, é assente na doutrina que, por defender direitos
indisponíveis, não está a Fazenda Pública sujeita aos efeitos materiais da revelia, na forma do art. 343, II,
do CPC/15. Não obstante, não existe qualquer empecilho para que o ente público atuando em juízo sofra
os efeitos processuais da revelia. Nesse sentido:

Sendo ré a Fazenda Pública e não apresentando contestação, é ela revel. Nesse caso, impõe-

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se verificar se os efeitos da revelia são produzidos normalmente. O efeito processual da


revelia, que consiste na dispensa de intimação do réu para os atos do processo (CPC, art. 346),
somente se produz se o réu, além de não contestar, não comparecer nos autos. Tal efeito, em
outras palavras, somente é produzido se e enquanto o réu não atua no processo. A partir do
momento em que o réu comparece nos autos, cessa o efeito processual da revelia. Realmente,
se o réu, embora já esgotado o prazo para contestar, constituir advogado e passar a atuar
regularmente no processo, não há razão para privá-lo da ciência dos atos do processo. Essa
situação, contudo, não é privativa da Fazenda Pública. Aplica-se para a situação de qualquer
réu. (...) À evidência, a revelia, sendo ré a Fazenda Pública, não produz seu efeito material,
de maneira que não haverá presunção de veracidade quanto aos fatos alegados pelo autor
na petição inicial (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2016, p. 95-96) – g.n.

Assertiva (IV): incorreta. “Não sendo o caso de extinção total ou parcial do processo (art. 354) nem
de julgamento antecipado total do mérito (art. 355), cabe ao magistrado verificar se o caso concreto
amolda-se no que o CPC de 2015 passou a identificar como ‘julgamento antecipado parcial do mérito’”
(BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo
CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 295). O julgamento antecipado parcial do mérito, previsto no art. 356
do NCPC, ocorre quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles mostrar-se incontroverso
ou estiver em condições de imediato julgamento, não havendo necessidade de produção de provas ou,
sendo revel o réu, operar-se o efeito material da revelia.

A grande novidade do Código de Processo Civil de 2015 quanto ao julgamento antecipado


do mérito é a previsão expressa de que ele pode ser parcial (...). Afastou-se do princípio
da unicidade do julgamento do mérito preconizado por Chiovenda, passando a prever a
hipótese de julgamento fracionado de mérito (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 623).

Fixadas essas noções, deve-se ter em mente que o pronunciamento que julga antecipada e parcialmente
o mérito não se enquadra no conceito de sentença, que, na forma do art. 203, §1º, do NPCP é “o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 (não resolução do mérito)
e 487 (resolução do mérito), põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue
a execução” (g.n.). Por exclusão, e como não poderia ser diferente, trata-se esse pronunciamento, em
verdade, de decisão interlocutória, conforme inteligência do §2º do mesmo dispositivo. Nessa linha,
o mencionado art. 356 do CPC/15, sem seu §5º, prevê expressamente que “a decisão proferida com
base neste artigo [ julgamento antecipado parcial do mérito] é impugnável por agravo de instrumento”.
Em comunhão, o art. 1.015, II, do novo diploma estabelece que cabe agravo de instrumento contra as
decisões interlocutórias que versarem sobre o mérito do processo. Também nesse sentido:

(...) o juiz pode decidir parcialmente o mérito, numa das hipóteses previstas no art. 356.
Tal pronunciamento, por não extinguir o processo, é uma decisão interlocutória, que pode

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já acarretar uma execução imediata, independentemente de caução (CPC, art. 356, § 2°).
Conquanto seja uma decisão interlocutória, há resolução parcial do mérito, apta a formar
coisa julgada. Tal decisão é passível de agravo de instrumento, não só porque assim o diz o
§ 5º do art. 356 do CPC, como também o inciso II do seu art. 1.015 (...) (DIDIER JR., Fredie.
CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação às
decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 213).

Assertiva (V): correta. Ainda na vigência do Código de Processo Civil de 1973, o STJ editou a súmula
n. 372, que dispõe: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”.
O enunciado se aplicava ao procedimento de exibição de documento ou coisa movido contra terceiro –
não parte – que possuísse o objeto de prova perseguido. Entretanto, ao regular a matéria, o Código de
Processo Civil de 2015 assim dispôs:

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á
que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5
(cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.

Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão,


requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de
desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais
ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão. – g.n.

À vista do novel dispositivo sobre o assunto, a doutrina se posiciona pela superação da precitada súmula, é
dizer, pela superação do entendimento de que na ação de exibição de documentos não cabe a aplicação
de multa cominatória.

Nesse sentido versa o enunciado n. 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Fica superado o
enunciado 372 da súmula do STJ (...) após a entrada em vigor do CPC, pela expressa possibilidade de fixação
de multa de natureza coercitiva na ação de exibição de documento”. A doutrina, exemplificativamente,
assim se manifesta:

O n. 372 da súmula do Superior Tribunal de Justiça prescreve que “na ação de exibição de
documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”. Diante do expresso do texto do
CPC-2015, o enunciado fica superado (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil:
introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador:
Juspodivm, 2015, p. 232).

Nos termos do art. 403, parágrafo único, do Novo CPC, transcorrido o prazo e não cumprida a obrigação
pelo terceiro, o juiz poderá se valer de todas as medidas executivas possíveis (...). Entendo que diante da
previsão legal tornar-se impossível aplicar ao caso concreto o entendimento consagrado na Súmula 372/
STJ, que veda a aplicação de multa monitória na ação de exibição (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 700).

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(...) o magistrado determinará o depósito do documento ou coisa no lugar que indicar. Se


o terceiro não cumprir a determinação, será expedido mandado de apreensão (...). Tudo
sem prejuízo de o terceiro ser responsabilizado por crime de desobediência, pagamento
de multa e de serem adotadas as medidas necessárias para garantir a efetiva exibição do
que determinado (art. 403, parágrafo único). (...) Não por outra razão é que era (e continua
a ser) criticável a Súmula 372 do STJ (“Na ação de exibição de documentos, não cabe a
aplicação de multa cominatória”) (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual
Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 323-324).

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

13. A empreiteira Obra Certa Ltda. moveu ação em face do Município P, cumulando pedidos
mandamental (obrigação de não fazer) e condenatório (indenização). A empresa sustenta a
inconstitucionalidade de lei municipal que proíbe a construção de calçadas com menos de três
metros de largura, por afronta à proporcionalidade, requerendo, assim, que o ente federado se
abstenha de multar, interditar ou de qualquer forma embaraçar administrativamente as obras,
presentes e futuras, realizadas pela autora. Outrossim, a requerente postula seja o Município
condenado a ressarcir os prejuízos decorrentes da interdição de quatro obras, em razão de afronta
à lei combatida. Quando do julgamento em primeira instância, entendeu-se constitucional a lei,
de modo que foi julgado improcedente o pleito mandamental. Não obstante, o juízo condenou
o Município a ressarcir parcialmente os danos sofridos pela autora, considerando ter havido
excesso na interdição das obras. A empreiteira Obra Certa Ltda. interpôs apelação intempestiva
e seu recurso não foi conhecido no tribunal. O Município P apelou e teve seu recurso conhecido.
O julgamento será promovido por órgão fracionário do Tribunal de Justiça do estado respectivo.
Considerando esse cenário fático hipotético, assinale a única alternativa CORRETA a respeito do
possível desfecho desse julgamento:

a) O órgão julgador não poderá declarar a inconstitucionalidade da mencionada lei, por


força do princípio do ne reformatio in pejus, considerando que se está julgando apenas
recurso do Município P.

b) O órgão julgador fracionário estará livre para regularmente declarar a inconstitucionalidade


da lei referida, haja vista a incidência do efeito translativo dos recursos no caso.

c) Se o julgamento for não unânime, ele terá prosseguimento em sessão a ser designada
com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade
de inversão do resultado inicial.

d) A cláusula de reserva de plenário não se aplicará ao caso, por se tratar de hipótese de


controle difuso de constitucionalidade.

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e) Será possível a interposição simultânea de recurso especial, fundado na divergência


jurisprudencial, e de recurso extraordinário, baseado na afronta à Constituição Federal, contra
o acórdão proferido pelo tribunal de justiça, ainda que a decisão não seja objetivamente
complexa.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. A vedação da reformatio in pejus não obsta que, respeitado o procedimento
devido, seja reconhecida a inconstitucionalidade de ato normativo em desfavor do único recorrente.
Isso porque “a proibição da reformatio in pejus não afasta de modo algum a possibilidade de o tribunal
revisar aquilo que ex vi legis se sujeita ao duplo grau de jurisdição, com por exemplo as questões de
ordem pública, que, se acolhida em detrimento do interesse do recorrente, poderão, de certo modo,
levar a uma reforma para pior. Nelson Nery Jr. ensina, no entanto, que não se pode falar propriamente
de reformatio in pejus nestas situações, pois essa noção está vinculado ao efeito devolutivo e ao princípio
dispositivo, enquanto a das questões de ordem pública está relacionada com o efeito translativo e o
princípio inquisitivo” (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil:
meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 12ª ed. Salvador: Juspodivm,
2014, p. 88 – g.n.). Outrossim: “A reformatio in pejus é excepcionalmente admitida na aplicação do efeito
translativo dos recursos, por meio do qual se admite que o tribunal conheça originariamente matéria
conhecível de ofício” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016,
p. 1496).

E, como se sabe, a inconstitucionalidade de lei aplicável ao caso concreto é matéria de ordem pública,
cognoscível de ofício pelo órgão julgador, notadamente em instância ordinária, na qual há ampla cognição
da matéria. Nessa linha:

O exercício do poder jurisdicional impõe a análise da lei aplicável ao caso concreto. Ora, se
a tarefa do juiz consiste, precipuamente, na aplicação da lei diante dos fatos que lhe são
expostos, tendo ele, por consequência, o poder e o dever de controlar a constitucionalidade
da lei na forma incidental, não há racionalidade em limitar a sua atuação à arguição de
inconstitucionalidade (...) O juiz e os tribunais têm poder de declarar a inconstitucionalidade
da lei ainda que as partes ou o Ministério Público calem sobre a questão. Basta que a
constitucionalidade da lei constitua premissa a ser resolvida para a solução do litígio”
(MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito
Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 816).

Dessarte, no caso narrado, a proibição da reformatio in pejus não constitui empecilho ao reconhecimento
da inconstitucionalidade de lei em detrimento do único recorrente.

Alternativas (B) e (D): incorretas. De fato, incide no caso o efeito translativo (ou devolutivo em
profundidade) da apelação. Contudo, não estará o órgão fracionário livre para, no julgamento descrito,
declarar a inconstitucionalidade da lei. Isso porque incide na espécie a cláusula de reserva do plenário

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ou do full bench (“bancada cheia”, em tradução livre), hospedada no art. 97 da Constituição Federal,
segundo o qual: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público”. Daí porque está errada a alternativa (B). A esse propósito:

Os órgãos fracionários dos Tribunais – como, por exemplo, Turmas – não podem reconhecer a
inconstitucionalidade da lei antes de esta ser declarada inconstitucional pela maioria absoluta
do Tribunal ou de seu Órgão Especial. (...) O órgão fracionário realiza juízo acerca da questão
constitucional, mas não tem poder para decidi-la, porém apenas para encaminhá-la ao órgão
dotado de tal poder (MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. SARLET, Ingo Wolfgang.
Curso de Direito Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 820).

Acontece que a aplicação da lei vigente somente pode deixar de ser feita pelo Judiciário, em razão de sua
inconstitucionalidade ou incompatibilidade com o texto constitucional vigente. Significa que o Judiciário
somente se abstém de aplicar uma norma em pleno vigor, quando apresenta contra ela algum vício de
inconstitucionalidade. Ao assim proceder, o tribunal deve submeter a questão ao crivo do Plenário ou
Corte Especial para que seja, formal mente, reconhecida a inconstitucionalidade. Isso porque, de acordo
com o art. 97 da Constituição Federal, somente pelo voto da maioria absoluta dos membros do plenário
ou do órgão especial poderá o decretar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público
(DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação
às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 12ª ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p.619).

Essa regra constitucional de quórum especial para declaração de inconstitucionalidade de norma tem
aplicação mesma no âmbito do controle difuso de constitucionalidade, de modo que a afirmação da
alternativa (D) se afigura equivocada. Não obstante, a regra também deve ser observada nas hipóteses
de controle concentrado. Nesse sentido:

“a norma inscrita no art. 97 da Constituição consagra no nosso ordenamento jurídico o princípio


da reserva de plenário, determinando que a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público somente pode ser declarada pelo voto da maioria absoluta de seus membros
ou, quando houver, dos integrantes do respectivo órgão especial. E essa exigência é de ser
observada seja quando se trate do controle em via principal, seja quando se trate do controle
em via incidental” (STF, AI 300252/CE).

Conquanto o tema seja mais comumente tratado nas obras de Direito Constitucional, ressalva-se que,
a nosso sentir, trata-se de matéria afeta ao Direito Processual Civil, no particular do Direito Processual
Constitucional ou, para alguns, Direito Processual Público. Não é por outra razão que cada vez mais
processualistas têm se debruçado sobre assuntos ligados ao controle de constitucionalidade e às ações
constitucionais. A título de exemplo, menciona-se a supracitada obra “Curso de Direito Constitucional”,
republicada pela editora Saraiva, cujos capítulos de viés processual têm como autores os processualistas
Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero.

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A respeito desse tema, calhar relembrar o teor da súmula vinculante n. 10:

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que,
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte.

A cláusula de reserva do plenário encontra temperamento na legislação infraconstitucional. O Novo


Código de Processo Civil, reproduzindo disposição do revogado Código Buzaid, prevê que:

Art. 949. (...)

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao


órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes
ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

Alternativa (C): correta. O Código de Processo Civil de 2015, em substituição ao recurso de embargos
infringentes, estabelece que haverá a ampliação do colegiado em caso de divergência no julgamento de
apelação. Eis os termos do dispositivo legal respectivo:

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

A esse respeito é lapidar a lição de Didier Jr:

No CPC-2015, não há mais os embargos infringentes. Em seu lugar, o art. 942 do CPC prevê a
ampliação do colegiado em caso de divergência. Tal expediente não ostenta natureza recurso’’.
Não se trata de recurso, pois a regra incide antes de haver encerramento do julgamento. (...) A
regra aplica-se ao julgamento da apelação. Colhidos os votos e não havendo resultado unânime,
não se encerra o julgamento. Este haverá de prosseguir em sessão a ser designada com a
presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão
do resultado inicial. Com a colheita dos votos, e verificando-se não haver unanimidade, o
julgamento não se encerra: há de prosseguir com novos membros. Tanto que não há lavratura
de acórdão. Haverá, nos termos do próprio art. 942 do CPC, apenas prosseguimento da
sessão, com a presença de novos julgadores, para que haja o encerramento do julgamento.
(DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm,
2016, p. 75-76).

Alternativa (E): incorreta. O princípio da unirrecorribilidade, por vezes chamado de singularidade ou


de unicidade, carrega em seu conteúdo a ideia de que “cada recurso, por assim dizer, tem aptidão de
viabilizar o controle de determinadas decisões jurisdicionais com exclusão dos demais, sendo vedada – é

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este o ponto nodal do princípio – a interposição concomitante de mais de um recurso para o atingimento
de uma mesma finalidade” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente
estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 603). Noutros termos, em princípio, contra
uma decisão cabe apenas a interposição de um recurso por vez.

Evidentemente, há exceções a essa regra. É notório que, “contra acórdãos objetivamente complexos (mais
de um capítulo), é possível imaginar o cabimento simultâneo de recurso especial e recurso extraordinário”
(DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação
às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 110). Dessa forma,
contra um capítulo pode caber recurso especial e, contra outro, recurso extraordinário. A situação narrada,
contudo, não se insere nessa exceção, visto que não se trata de decisão objetivamente complexa, isto
é, com mais de um capítulo. Assim, por força da regra-geral, não será possível o manejo simultâneo de
recurso especial e de recurso extraordinário.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

14. A respeito da coisa julgada no âmbito do Novo Código de Processo Civil, assinale a única
alternativa INCORRETA:

a) Não faz coisa julgada a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no


processo, salvo se objeto de ação declaratória incidental.

b) A decisão que concede a tutela antecipada em caráter antecedente não faz coisa julgada.

c) Algumas decisões interlocutórias têm aptidão para transitar em julgado, formal e


materialmente.

d) O Novo Código de Processo Civil prevê o princípio do deduzido e do dedutível.

e) É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. A alternativa reproduz os arts. 5º, 469, III, e 470, todos do Código de Processo
Civil de 1973, revogados pelo Código de Processo Civil de 2015.

É que, “para o CPC de 1973, a questão prejudicial não transitava materialmente em julgado, a não ser que
o réu em contestação ou o autor na réplica apresentassem a chamada ‘ação declaratória incidental’. Sem
esta iniciativa do réu ou do autor, a questão seria conhecida e resolvida pelo magistrado, mas não seria
decidida e, por isso, era incapaz de transitar materialmente em julgado. (...) o CPC de 2015 andou bem
ao eliminar a ‘ação declaratória incidental’. Assim, mesmo sem qualquer iniciativa expressa do réu e/

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ou do autor, a questão prejudicial, isto é, a questão de cuja resolução prévia dependa o julgamento do
mérito (art. 503, § 1º, I) transitará materialmente em julgado se ‘a seu respeito tiver havido contraditório
prévio e efetivo’ (art. 503, § 1º, II) e se ‘o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para
resolvê-la como questão principal’ (art. 503, § 1º, III). Eventuais restrições probatórias (como ocorre, por
exemplo, em mandados de segurança) ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da
análise da questão prejudicial (é o que dá, por exemplo, na “ação de consignação em pagamento”,
v. art. 544) são fatores suficientes para afastar a coisa julgada material sobre a questão prejudicial”.
(BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo
CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 603 – g.n.). Nessa mesma linha de intelecção: “O CPC-2015 não previu
a ação declaratória incidental, exatamente porque estendeu a coisa julgada à resolução das prejudiciais
incidentais, nos termos do §1º do art. 503 do CPC” (DIDIER JR. Fredie. et al. Curso de Direito Processual
Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. v. 2. 10ª
ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 540).

Nesse sentido também está o enunciado n. 165 do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

Independentemente de provocação, a análise de questão prejudicial incidental, desde que


preencha os pressupostos dos parágrafos do art. 503, está sujeita à coisa julgada.

Para o melhor entendimento da questão posta, considero bastante elucidativa a seguinte distinção de
Didier Jr:

Considera-se questão preliminar aquela cuja solução, conforme o sentido em que se


pronuncie, crie ou remove obstáculo à apreciação da outra. A própria possibilidade de
apreciar-se a segunda depende, pois, da maneira por que se resolva a primeira. A preliminar é
uma espécie de obstáculo que o magistrado deve ultrapassar no exame de uma determinada
questão. É como se fosse um semáforo: acesa a luz verde, permite-se o exame da questão
subordinada, caso se acenda a vermelha, o exame torna-se impossível (...). Considera-se
questão prejudicial aquela de cuja solução dependerá não a possibilidade nem a forma
do pronunciamento sobre a outra questão, mas o teor mesmo desse pronunciamento. A
segunda questão dependa da primeira não no seu ser, mas no seu modo se ser. A questão
prejudicial funciona como uma espécie de placa de trânsito, que determina para onde o
motorista ( juiz) deve seguir. Costuma-se dizer que as questões prejudiciais podem ser objeto
de um processo autônomo. (DIDIER JR, Fredie. Pressupostos Processuais e Condições da Ação:
O juízo de admissibilidade do processo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 68-70).

Alternativa (B): correta. Conforme já exposto em oportunidade anterior, a decisão que concede a
tutela antecipada em caráter antecedente estabiliza-se, mas não faz coisa julgada. Na forma do art.
304, §6º, do Novo Código de Processo Civil “a decisão que concede a tutela não fará coisa julgada,
mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar,
proferida em ação ajuizada por uma das partes”.

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Alternativa (C): correta. Embora não seja o caso da decisão interlocutória que concede a tutela
antecipada em caráter antecedente, algumas decisões interlocutórias têm, sim, aptidão para transitar
em julgado, formal e materialmente. “O CPC de 2015 aceita expressamente que decisões interlocutórias
sejam de mérito com aptidão para transitar em julgado e não é por razão diversa que o art. 502 refere-se
ao gênero e a nenhuma decisão em espécie, diferentemente do que fazia o CPC de 1973. É o que ocorre,
por exemplo, com as decisões que julgam antecipada e parcialmente o mérito (art. 356, § 3º) ou as que
rejeitam liminarmente a reconvenção nos casos de improcedência liminar do pedido (art. 332) ou com
fundamento em algum dos incisos do art. 487”. (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual
Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 361)

Alternativa (D): correta. A doutrina clássica extrai o “principio do deduzido e do dedutível” do disposto
no art. 508 do Novo Código de Processo Civil, segundo o qual: “Transitada em julgado a decisão de
mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido”.

Com esse princípio, também denominado de “eficácia preclusiva da coisa julgada”, proíbe-se que
“argumentos ou fundamentos que poderiam ser levantados pelo autor e/ou pelo réu para secundar o
acolhimento do(s) pedido(s) diante de dada(s) causa(s) de pedir ou sua rejeição diante de dada(s) causa(s)
de resistir sejam utilizados para dar ares de nova a postulação idêntica (mesmas partes, mesmo pedido
e mesma causa de pedir)” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente
estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 364).

Alternativa (E): correta. A assertiva reproduz, na íntegra, a previsão do art. 492 do Código de Processo
Civil de 2015. O dispositivo estabelece, na ordem positiva, a regra da congruência ente a demanda e
a decisão, impedindo que sejam proferidos provimentos jurisdicionais citra petita (aquém do pedido),
ultra petita (diferente do pedido) ou extra petita (além do pedido) (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito
Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador:
Juspodivm, 2015, p. 359-360).

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

15. A Lei n. 12.153/09 estabelece os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça
comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, criados pela União, no Distrito Federal
e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas
de sua competência. Acerca dos Juizados Especiais Estaduais da Fazenda Pública, assinale a
alternativa CORRETA:

a) Estados, Distrito Federal e Municípios podem propor e responder ações de seu interesse
até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

b) É vedada a apreciação do incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos

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Juizados Especiais, em decorrência da complexidade do procedimento.

c) Reconhecida a incompetência do Juizado Especial da Fazenda Pública, deve o juízo


remeter os autos àquele que julgar competente, em conformidade com a regra da
kompetenzkompetenz.

d) Aplica-se subsidiariamente aos Juizados Especiais da Fazenda Pública o Código de


Processo Civil, de modo que a eles se estendem as regras de prazo em dobro em prol das
pessoas jurídicas de direito público.

e) Em ação de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, não é dado à parte
optar pela justiça estadual comum, tratando-se de competência por valor da causa absoluta.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Conquanto Estados, Distrito Federal e Municípios possam responder ações de
seu interesse até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda
Pública, não se lhes é dado propor ações nesse microssistema processual, conforme exegese do art.
5º da lei de regência:

Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim


definidas na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;

II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como


autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas. – g.n.

É que, “enquanto a Justiça Estadual processa e julga causas em que tais entes figurem como autores, réus,
assistentes, opoentes ou intervenientes, aos Juizados Estaduais da Fazenda Pública apenas compete as
causas em que os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, bem como suas autarquias, fundações ou
empresas públicas ostentem a condição de réus. Com efeito, nos termos do art. 5° da Lei 12.153/2009,
somente podem ser partes no Juizado Estadual da Fazenda Pública, como autores, as pessoas físicas e as
microempresas e empresas de pequeno porte e, como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios
e os Municípios, bem como autarquias, fundações74 e empresas públicas a eles vinculadas. (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 824).

Alternativa (B): incorreta. Prevê expressamente o art. 1.062 do Novo Código de Processo Civil que
“O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos
juizados especiais”.

Alternativa (C): incorreta. Inicialmente, convém revisar que “De acordo com a regra da
kompetenzkompetenz, todo juízo tem competência para julgar a sua própria competência. O juiz é,

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sempre, o juiz da sua competência. Assim, para todo órgão jurisdicional há sempre uma competência
mínima (podemos chamá-la de atômica): a competência para o controle da própria competência. Por
mais incompetente que seja o órgão jurisdicional, ele sempre terá competência para decidir se é ou não
competente” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e
processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 200). Com essa noção em mente,
de fato, o órgão jurisdicional do Juizado Especial da Fazenda Pública tem competência para se pronunciar
sobre sua própria competência. Nada obstante, não se pode perder de vista que se “aplica aos Juizados
Estaduais da Fazenda Pública o disposto no art. 51 da Lei 9.099/1995, de maneira que, reconhecida a
incompetência do Juizado, deve o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito” (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 830). Logo,
na sistemática dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, reconhecida a incompetência do juízo, não há
a remessa dos autos àquele julgado competente, mas a extinção do processo. Inclusive, nesse caso, a
competência fixada em razão do valor da causa é absoluta, como a seguir se verá.

Alternativa (D): incorreta. Realmente, existe quem defenda a aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil ao microssistema dos juizados especiais naquilo em que a legislação geral não lhe for contrária.
Não obstante, o art. 7º Lei n. 12.153/09 dispõe que: “Não haverá prazo diferenciado para a prática
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de
recursos, devendo a citação para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de
30 (trinta) dias” – g.n.

Alternativa (E): correta. Excepcionando a dinâmica estabelecida no Código de Processo Civil, a Lei n.
12.153/09 estabelece hipótese em que a competência fixada pelo valor da causa se mostra absoluta, nos
seguintes termos:

Art. 2º (...)

§4º. No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência
é absoluta.

Bem explica essa situação Daniel Amorim Assumpção Neves, mutatis mutandis, ao abordar a competência
absoluta que também se dá nos Juizados Especiais Federais:

Da redação legal consta que, se no foro houver Vara do Juizado Especial Federal [leia-se
Juizado Especial da Fazenda Pública] sua competência será absoluta, não havendo nenhuma
opção ao autor, como ocorre no Juizado Especial Estadual. (...) Não parece correto que a
competência em razão do valor da causa (relativa para menos, absoluta para mais) nesse caso
seja relativa, como sugere o Código de Processo Civil, já que tanto o valor maior como o
menor constituem hipótese de competência absoluta. Embora haja opiniões que veem
no dispositivo o vício de inconstitucionalidade, na praxe forense o mesmo [sic] vem sendo
amplamente aplicado (...)”(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual
Civil, 8ª ed. 2016, p. 193 – g.n.)

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GABARITO: ALTERNATIVA (E)

Prezadas alunas e prezados alunos, a fim de otimizar sua preparação, informo, de antemão,
que a próxima rodada da matéria de Processo Civil será especial. Nela, todas as questões serão
dedicadas ao tema dos precedentes judiciais. Como se trata de assunto novo, ainda pouco
trabalhado, sugiro que aproveite o prazo de dez dias para se preparar, extraindo o máximo das
questões a serem apresentadas.

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

16. Sobre os princípios do Direito Ambiental, julgue os seguintes itens:

I. A aplicação do Princípio Democrático pode ser realizada de diversas formas, dentre


as quais se destacam as audiências e consultas públicas, com a finalidade de se ouvir a
sociedade quando da tomada de decisões que interfiram no meio ambiente.

II. Como decorrência do Princípio do Limite, cabe ao interessado em praticar determinada


atividade, previamente, realizar um estudo e apresentar ao Poder Público competente
informações quanto ao limite máximo de exploração dos recursos que determinada área
pode suportar sem que sejam causados graves danos ambientais.

III. De acordo com o Princípio da Educação Ambiental, cada indivíduo deve ter acesso
adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades
públicas, e desde que não envolvam segredo industrial ou do Estado, independentemente
de comprovação de interesse específico.

IV. O Princípio da Equidade corresponde a um verdadeiro pacto fictício, segundo o qual


as gerações presentes se comprometem a preservar o meio ambiente e a adotar políticas
ambientais com a finalidade de proporcionar às gerações futuras o acesso aos recursos
ambientais para uma vida com dignidade e qualidade.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens verdadeiros:

a) I, II e IV.

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b) I, III e IV.

c) III e IV.

d) I e II.

e) I e IV.

COMENTÁRIO

Pela importância do tema e grande probabilidade de cobrança em provas, mais uma questão objetivando
revisar os princípios do Direito Ambiental.

Item (I): correta. O Princípio Democrático, também conhecido como Princípio da Participação Comunitária
ou Popular, corresponde ao dever-direito que os cidadãos têm de participar na construção de tomadas
de decisões que venham a interferir no equilíbrio ambiental. Como o meio ambiente é um bem de uso
comum do povo, é dever da sociedade intervir em sua defesa. Nesse contexto, diversas são as formas de
participação popular na construção de decisões, como na realização de plebiscitos, referendo, iniciativa
popular, atuação de representantes da sociedade civil em órgãos com poderes normativos, criação de
associações em defesa do meio ambiente, etc.

Além dessas, a própria legislação infraconstitucional prevê a realização de audiências ou consultas


públicas quando, por exemplo, da realização de licenciamentos ambientais mais complexos ou criação
de unidades de conservação.

Item (II): errada. O Princípio do Limite, também chamado de Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder
Público, corresponde, na verdade, a um dever do Estado, e não do interessado, segundo o qual cabe ao
Poder Público, fazendo uso do seu poder de polícia, fiscalizar e orientar os particulares quanto aos limites
possíveis de uso do meio ambiente, possibilitando-se uma conscientização (e também punições com o
fim de exterminar atividades nocivas) sobre a utilização racional dos recursos.

Neste contexto, destaca-se que a Constituição Federal de 1988 previu como obrigação do Poder Público:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Item (III): errada. O erro na assertiva se refere ao princípio indicado. A descrição corresponde, na verdade,
ao Princípio da Informação. O Princípio da Educação Ambiental, por sua vez, é aquele segundo o qual

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incumbe ao Estado promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública, com o intuito de preservar o meio ambiente e capacitar a sociedade para participação ativa em
sua defesa.

Com a finalidade de proporcionar uma efetiva aplicação deste princípio, fora criada a Política Nacional de
Educação Ambiental pela Lei nº9.795/99.

Item (IV): correta. A assertiva descreve de forma correta o Princípio da Equidade, também conhecido
como Princípio da Solidariedade Intergeracional.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

17. Sobre o instituto da Servidão Ambiental, assinale a alternativa errada:

a) A servidão ambiental consiste na limitação do uso da totalidade ou de parte de uma


propriedade, com o intuito de preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais
existentes.

b) A servidão ambiental, que será sempre gratuita, poderá ser perpétua ou temporária,
ocasião em que vigorará por no mínimo 15 anos.

c) O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou


parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário
ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social.

d) A servidão ambiental não pode ser aplicada às Áreas de Preservação Permanente e à


Reserva Legal mínima exigida.

e) A servidão ambiental pode ser utilizada com a finalidade de compensar a Reserva Legal
de outro imóvel rural, ocasião em que deverá ser averbada na matrícula de todos os imóveis
envolvidos.

COMENTÁRIO

A questão tratou do estudo da Servidão Ambiental. Trata-se de tema que não se encontra expressamente
pontuado nos programas do edital, estando, no entanto, inserido no item da Política Nacional do Meio
Ambiente. É um instituto relativamente recente, inserido na Lei nº 6.938/81 através da Lei nº 12.651/2012.
Embora, por ser recente, não se encontre com frequência nas questões do concurso, é sempre bom estar
prevenido e preparado para temas novos que podem vir a ser cobrados. Neste sentido, indico a leitura
dos artigos 9º-A ao 9º-C.

Alternativa (A): correta. Embora não exista uma previsão expressa sobre o seu conceito, é o conceito que

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infere da leitura da legislação e trazido pela doutrina. Em linguagem simplificada, o que seria a Servidão
Ambiental? Seria um ato voluntário de limitação do uso da propriedade. Ou seja, um proprietário ou
possuidor de um imóvel rural, seja ele pessoa física ou jurídica, por ato de vontade, opta por limitar o
uso da totalidade ou de parte de sua propriedade, com o intuito de preservar, conservar ou recuperar
os recursos ambientais ali existentes. E qual o motivo levaria alguém a fazer isso de forma voluntária?
Um primeiro motivo seria o social e altruístico, de, realmente, querer preservar aquele ambiente. Um
segundo motivo poderia ser o econômico, uma vez que se admite a utilização da servidão ambiental
para compensar o percentual de Reserva Legal entre imóveis rurais.

Alternativa (B): errada. De fato, conforme artigo 9º-B e seu parágrafo primeiro, a servidão ambiental
poderá ser perpétua ou temporária, caso em que o seu prazo mínimo será de 15 anos. No entanto, ao
contrário do que afirma a alternativa, o mesmo artigo informa que a servidão poderá ser onerosa ou
gratuita, podendo, inclusive, ser alienada, cedida ou transferida, conforme dispõe a alternativa seguinte.

Alternativa (C): correta. Este é o exatamente o que consta no artigo 9º-B, parágrafo terceiro, da Lei nº
6.938/81. É possível a alienação/cessão/transferência, da totalidade ou de parte da servidão, por prazo
determinado ou de forma definitiva em favor de a) outro proprietário; b) entidade pública ou privada
“desde que” que tenha a conservação ambiental como fim social.

Alternativa (D): correta. Reflete o disposto no parágrafo segundo, do artigo 9º-A, da lei em estudo. E
qual o sentido desta disposição? A Constituição Federal de 1988 dispõe acerca de espaços territoriais
especialmente protegidos, nos quais se incluem as Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Legal
mínima exigida. Assim, dá-se preferência a estas áreas que em virtude de lei e do interesse social devem,
obrigatoriamente, existir. Destarte, não faria sentido permitir a instauração de uma servidão ambiental,
decorrente de ato de mera vontade, inserida em área que já goza de proteção legal. Desta forma, desde
que o imóvel já possua resguardada a Área de Preservação Permanente e a Reserva Legal mínima,
quando o caso, é que se poderá instaurar a Servidão Ambiental na área restante não protegida ou na
área protegida excedente ao mínimo legal exigido.

Alternativa (E): correta. Como dissemos anteriormente, esse é o intuito econômico da instituição de uma
servidão ambiental, que é poder compensá-la, inclusive de forma onerosa, com um imóvel rural que não
tenha área de reserva legal suficiente para cumprir o percentual mínimo. Pela disposição do parágrafo
quinto do artigo 9º-A, deve-se averbar a servidão na matrícula de todos os imóveis envolvidos.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

18. Sobre o Sistema de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/00), julgue os seguintes
itens:

I. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a instituição, alteração e supressão de


unidades de conservação da natureza somente poderão ocorrer através de lei.

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II. A zona de amortecimento constitui, em síntese, em uma porção de ecossistemas


naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o
fluxo de genes e o movimento da biota.

III. A compensação ambiental consiste em instrumento econômico de compensação


dos impactos ambientais, segundo o qual, nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, o empreendedor é obrigado a apoiar
a implantação e manutenção de unidade de conservação.

IV. O Plano de Manejo, que deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data
de criação da Unidade, constitui um documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e
as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens corretos:

a) I e II.

b) III e IV.

c) I, II e IV.

d) IV.

e) I e IV.

COMENTÁRIO

Terminamos, aqui, as questões referentes ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Ao contrário


das questões anteriores, em que abordamos as Unidades de Conservação em espécie, na presente
questão, objetivamos estudar características mais genéricas e algumas formalidades.

Item (I): errado. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, §1º, inciso III, determina que a
alteração e a supressão dos espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos
só podem ocorrer através de lei. Ou seja, a CF/88 se manteve silente quanto à instituição. A regra não
é sem sentido. Se o objetivo é proteger os espaços, a sua instituição pode ocorrer por diversos meios,
inclusive por atos do Poder Público, como um Decreto do Poder Executivo, por exemplo, pois benéfico
ao meio ambiente. No entanto, uma vez instituída a proteção, ainda que por ato do Poder Público, a sua
supressão ou alteração só poderá ocorrer por meio de lei, por ser, novamente, mais benéfico ao meio
ambiente.

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Item (II): errado. O conceito trazido pela assertiva se refere aos corredores ecológicos, e não às zonas de
amortecimento. Estas, de acordo com artigo 2º, inciso XVIII, da Lei do SNUC, correspondem ao entorno
de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Ou seja, com o
intuito de evitar que os espaços especialmente protegidos sofram interferência humana, em seu entorno,
estabelece-se uma área na qual as atividades humanas são sujeitas a restrições, distanciando, assim, as
unidades de conservação das áreas com normal atividade humana. Os corredores ecológicos, por sua
vez, consistem em porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação,
que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies
e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para
sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

Item (III): correto. Com o fim de concretizar o princípio do usuário-pagador, a legislação, em seu artigo
36, criou a compensação ambiental, na qual, em síntese, o empreendedor de atividades de significativo
impacto ambiental deve contribuir com recursos voltados a financiar a implantação e a manutenção de
unidades de conservação.

Item (IV): correto. De fato, o Plano de Manejo corresponde a documento técnico mediante o qual, com
fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. Ou seja, funciona como uma lei interna que regerá a
Unidade de Conservação. De acordo com a legislação, em seu artigo 27, §3º, ele deve ser elaborado no
prazo de cinco anos a partir da data de criação da Unidade.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

DIREITO TRIBUTÁRIO

19. Sobre os princípios do Direito Tributário, julgue os seguintes itens:

I. Devido ao caráter extrafiscal, que demanda uma maior rapidez na alteração de


alíquotas para intervenção na economia, os impostos de importação, exportação, IPI e
IOF não necessitam obedecer aos princípios da anterioridade do exercício financeiro e da
noventena.

II. Publicada lei que majore a base de cálculo do IPTU em dezembro de 2015, é possível a
sua aplicação aos fatos geradores que ocorrem em janeiro de 2016.

III. O princípio da liberdade de tráfego possui caráter absoluto, não admitindo, assim,
qualquer forma de limitação ao tráfego de pessoas ou bens através da cobrança de valores.

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IV. Com a finalidade de proteger o pacto federativo, o princípio da uniformidade


geográfica da tributação veda a União de instituir tributo que não seja uniforme em todo
o território nacional, bem como conceder incentivos fiscais para promover o equilíbrio
do desenvolvimento socioeconômico entre as regiões do país, sendo vedada distinção ou
preferência em relação a Estado, DF ou a Município, em detrimento de outro.

Assinale a única alternativa que contém todos os itens corretos:

a) II.

b) IV.

c) I, II e IV.

d) III e IV.

e) I, III e IV.

COMENTÁRIO

Tratamos, novamente, de questão inserida no tema limitações ao poder de tributar, possibilitando a


revisão de outros princípios do Direito Tributário. Vejamos as assertivas.

Item (I): errada. Apesar de os quatros impostos constituírem os chamados impostos extrafiscais, o
constituinte optou por não incluir o IPI como exceção ao Princípio da Noventena.

Item (II): correta. A base de cálculo de IPTU constitui exceção ao Princípio da Noventena, apenas se
submetendo à anterioridade de exercício financeiro. Assim, publicada a lei em 2015, é possível a cobrança
em 2016.

Item (III): errada. O artigo 150, inciso V, da Constituição Federal de 1988, dispõe sobre o princípio
da liberdade de tráfego. No entanto, não se constitui em princípio absoluto, de forma que o próprio
dispositivo ressalva a cobrança de pedágio. Ademais, a própria Constituição Federal de 1988, ao tratar da
cobrança do ICMS interestadual, trouxe uma exceção implícita.

Item (IV): errada. A assertiva se encontra errada no sentido de que o artigo 151, da Constituição Federal,
não veda a concessão de incentivos fiscais para promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
entre as regiões do país.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

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20. Acerca do ITBI, assinale a alternativa correta:

a) Conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a lei


que estabeleça alíquotas progressivas para o ITBI com base no valor venal do imóvel.

b) O imposto será sempre devido ao Município de domicílio do proprietário.

c) Por expressa previsão constitucional, o ITBI nunca incidirá sobre a transmissão de bens
ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem
sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica.

d) Ao contrário do ITCMD, o ITBI somente incidirá na transmissão “inter vivos”, seja o ato
gratuito ou oneroso.

e) O ITBI não incidirá sempre que houver renúncia à herança.

COMENTÁRIO

O ITBI corresponde a outro imposto em espécie, de grande importância no estudo para as Procuradorias,
diante da incidência de sua cobrança nas provas de concurso. Por ser um imposto municipal, recomenda-
se um maior foco em seu estudo quando voltado a Procuradorias Municipais.

Alternativa (A): correta. É o que se infere expressamente da Súmula nº 656/STF: “é inconstitucional a lei
que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis – ITBI
com base no valor venal do imóvel”.

Alternativa (B): errada. Conforme artigo 156, §2º, inciso II, o ITBI compete ao Município da situação do
bem.

Alternativa (C): errada. Deve-se ter cuidado quando a assertiva se utilizar das expressões “nunca” ou
“sempre”. No presente caso, vê-se que o artigo 156, §2º, inciso I, da Constituição Federal de 1988, abre uma
exceção à imunidade informada na assertiva, de forma que, mesmo naqueles casos, haverá incidência
quando a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação
de bens imóveis ou arrendamento mercantil.

Alternativa (D): errada. Conforme artigo 156, inciso II, da Constituição Federal de 1988, só há incidência
de ITBI na transmissão por ato oneroso.

Alternativa (E): errada. A incidência ou não do imposto em caso de renúncia dependerá da natureza
desta. Somente não incidirá ITBI em caso de renúncia abdicativa, ou seja, quando o herdeiro “abre
mão” de sua quota em favor do monte. No caso de renúncia translativa, por sua vez, que corresponde
à renúncia de sua quota em favor de determinada pessoa, presume-se que o bem/direito ingressou no

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patrimônio do herdeiro e deste fora transmitido a outra pessoa, havendo, assim, a incidência do imposto.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

PROFESSOR: GUSTAVO CARMINATTI


E-mail: profcei.gustavocarminatti@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

21. Tratando da reforma administrativa e do terceiro setor, marque a alternativa incorreta:

a) O contrato de gestão é um ajuste firmado entre a administração direta e entidades da


administração indireta, ou entre órgãos da própria administração direta, em decorrência do
qual esses órgãos ou entidades assumem o compromisso de cumprir determinadas metas
e, em contrapartida, ganham maior liberdade em sua atuação administrativa, passando a
sujeitar-se, basicamente, ao controle relativo ao atingimento dos resultados pactuados.

b) O contrato de gestão pode ser firmado entre a administração direta e as organizações


sociais (entidades privadas, não integrantes da administração pública). Nesse caso, a
administração direta entrega à organização social bens, pessoal e recursos públicos,
passando a controlar a consecução, pela entidade, das metas acordadas no contrato de
gestão.

c) A diferença entre termo de colaboração e termo de fomento, firmados pelas organizações


da sociedade civil junto à Administração Pública, está apenas na parte que toma iniciativa
na realização do ajuste.

d) Chamamento público é o procedimento destinado a selecionar organização da sociedade


civil para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se
garanta a observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

e) Os serviços sociais autônomos, por serem entes privados não componentes da


Administração Pública, não se sujeitam ao controle do Tribunal de Contas, bem como não
se sujeitam à regra de realização de concurso público para contratação prevista no art. 37,
II, da CF.

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COMENTÁRIO

Caros alunos, a reforma administrativa constitucional ocorreu com a promulgação da Emenda Constituição
nº 19/98, trazendo normas que possuem o objetivo de modernizar o Estado, instituindo a denominada
“administração gerencial”, voltada à produção de resultados. Uma das vertentes da reforma foi desenvolver
o terceiro setor, propiciando que entidades sem finalidade lucrativa auxiliem o Estado na realização de
seus misteres constitucionais. O tema não é de fácil compreensão em virtude de diversas leis semelhantes
sobre a matéria. Todavia, os Estados cada vez mais têm aderido a esse formato de gestão da coisa pública,
razão pela qual o aluno deve dedicar parte do seu tempo ao tema. Para situar o aluno, no conceito de
entidades paraestatais que temos: a) os serviços sociais autônomos; b) as organizações sociais; c) as
organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP); d) as instituições comunitárias de educação
superior (ICES); e) as “entidades de apoio”.

Alternativa (A): correta, e por isso não deve ser marcada, pois o enunciado pede que seja assinalada a
alternativa incorreta. O artigo 37, §8º, da CF, diz que a autonomia gerencial, orçamentária e financeira
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a
ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas
de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do
contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal. Embora não haja menção no dispositivo à “gestão”, a
doutrina majoritária o reconhece como uma espécie de contrato de gestão, os quais funcionam como
instrumento de ampliação da autonomia desses órgãos ou entidades, deslocando o foco dos controles
de procedimentos para o controle finalístico (controle de resultados ou de atingimento de metas).

Alternativa (B): correta, e por isso não deve ser marcada, pois o enunciado pede que seja assinalada
a alternativa incorreta. Reza o art. 5º da Lei nº 9.637/98 que para os efeitos desta Lei, entende-se
por contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico,
à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Comentando o instituto a doutrina de
PAULO e ALEXANDRINO:

“Com efeito, ao lado das figuras já existentes em nosso direito (por exemplo, os serviços sociais
autônomos), criaram-se entidades e regulamentaram-se institutos cuja finalidade precípua
foi possibilitar e incentivar a prestação de serviços de interesse da coletividade por pessoas
privadas, não integrantes da administração pública. Tais institutos, de que é exemplo mais
ilustrativo o contrato de gestão, visam a permitir que o Estado participe do financiamento
desses serviços, transferindo recursos públicos a essas entidades, e controle o atingimento de
metas com as quais elas devem se comprometer.” (PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo.
Direito Administrativo Descomplicado. 23ª Ed. São Paulo: Método, 2015, p. 131).

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Alternativa (C): correta, e por isso não deve ser marcada, pois o enunciado pede que seja assinalada
a alternativa incorreta. Segundo o artigo 2º, VII, da Lei nº 13.019/2014, o termo de colaboração é
instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública
com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco
propostas pela administração pública que envolvam a transferência de recursos financeiros. O inciso
VIII do mesmo artigo citado define termo de fomento como instrumento por meio do qual são
formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil
para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas organizações da
sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos financeiros.

Alternativa (D): correta, e por isso não deve ser marcada, pois o enunciado pede que seja assinalada
a alternativa incorreta. É a conceituação exata do artigo 2º, XII, da Lei nº 13.019/2014, sendo a forma
adequada de selecionar a melhor entidade para celebrar os ajustes com a Administração Pública.

Alternativa (E): errada, por isso deve ser assinalada. Segundo o STF: “(...) 1. Os serviços sociais autônomos
integrantes do denominado Sistema “S”, vinculados a entidades patronais de grau superior e patrocinados
basicamente por recursos recolhidos do próprio setor produtivo beneficiado, ostentam natureza
de pessoa jurídica de direito privado e não integram a Administração Pública, embora colaborem
com ela na execução de atividades de relevante significado social. Tanto a Constituição Federal de 1988,
como a correspondente legislação de regência (como a Lei 8.706/93, que criou o Serviço Social do
Trabalho – SEST) asseguram autonomia administrativa a essas entidades, sujeitas, formalmente, apenas
ao controle finalístico, pelo Tribunal de Contas, da aplicação dos recursos recebidos. Presentes
essas características, não estão submetidas à exigência de concurso público para a contratação
de pessoal, nos moldes do art. 37, II, da Constituição Federal. Precedente: ADI 1864, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, DJe de 2/5/2008. (...) (RE 789874, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 17/09/2014)”. Muito embora não sujeito à regra do concurso público, o Sistema “S” deve
manter um padrão de objetividade e eficiência na contratação e nos gastos com seu pessoal,
conforme fundamentação da decisão do STF no julgado acima, ou seja, deve-se realizar processo seletivo
impessoal.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

22. Acerca das parcerias público-privadas no âmbito da Administração Pública, assinale a


alternativa correta:

a) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, que na modalidade


patrocinada, é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a
usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação
de bens.

b) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, que na modalidade

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administrativa, é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas quando envolver,


adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.

c) É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo valor do contrato


seja inferior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).

d) Não é cláusula essencial das PPP’s a repartição de riscos entre as partes, inclusive os
referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.

e) É vedada a celebração de contrato cujo período de prestação do serviço seja inferior


a 05 (cinco) anos; ou que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

COMENTÁRIO

Caros alunos, a Lei das parcerias público-privadas é tema relativamente novo nas provas, mas que já vem
sendo cobrado. A crise financeira que atinge os entes federados tem feito com que se pense cada vez
mais em atrair o capital privado para a realização de obras e prestação de serviços públicos, o que eleva
a probabilidade de cobrança da matéria nas provas para advocacia pública.

Alternativa (A): errada. O artigo 2º, §1º, da Lei nº 11.079/2004, define a concessão patrocinada como
a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de
1995 (Lei das Concessões e Permissões de Serviços Públicos), quando envolver, adicionalmente à tarifa
cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. A alternativa
trouxe a definição da concessão na modalidade administrativa.

Alternativa (B): errada. O artigo 2º, §2º, da Lei nº 11.079/2004, define a concessão administrativa como
o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda
que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. A alternativa trouxe a definição da
concessão na modalidade patrocinada.

Alternativa (C): errada. O artigo 2º, §4º, I, da Lei nº 11.079/2004, diz que é vedada a celebração de
contrato de parceria público-privada cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte
milhões de reais).

Alternativa (D): errada. A alternativa traz cláusula essencial prevista no artigo 5º, III, da Lei nº 11.079/2004.
Consoante doutrina de CARVALHO FILHO:

“A outra característica consiste no compartilhamento dos riscos, assim entendido o fato de


que o Poder concedente deve solidarizar-se com o parceiro privado no caso da eventual
ocorrência de prejuízos ou outra forma de déficit, ainda que tal consequência tenha
tido como causa fatos imprevisíveis, como o caso fortuito, a força maior, o fato do

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príncipe e a imprevisão em virtude de álea econômica extraordinária. Daí a necessidade


de eficiente controle sobre o objeto da contratação: se a gestão do empreendimento, a cargo
do parceiro privado, for desastrosa, o Estado concedente arcará, juntamente com aquele, com
as consequências advindas da má execução do contrato.” (FILHO, José dos Santos Carvalho.
Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 451-452).

Alternativa (E): correta. A alternativa traz exatamente as vedações do artigo 2º, §4º, II e III, da Lei nº
11.079/2004. O prazo mínimo de cinco anos foi o prazo eleito pelo legislador como aquele apto a
proporcionar o pleno funcionamento das parcerias, as quais, via de regra, possuem como objeto projetos
grandes e complexos. Note-se que o dispositivo legal comentado não previu o limite máximo de
vigência do contrato de 35 (trinta e cinco) anos. Esse limite está previsto apenas no art. 5º, I, que trata
das cláusulas essenciais do contrato. Justifica-se a vedação do inciso III pelo fato de que, se o ajuste tiver
como único objeto o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
execução de obra pública, estará ele enquadrado como contrato comum de serviços, compras e obras,
regulado pela Lei de Licitações (nº 8.666/1993).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

23. Tratando da intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa correta:

a) A requisição administrativa, no caso de iminente perigo público, permite o uso de


propriedade e serviços particulares pelo Poder Público. Não havendo dano, não há direito
de o particular pleitear indenização.

b) São exemplos mais comuns de limitação administrativa a instalação de redes elétricas


e a implantação de gasodutos e oleodutos em áreas privadas para a execução de serviços
públicos.

c) É exemplo de servidão administrativa a obrigação legal imposta aos proprietários que


impõe a limpeza de terrenos, o parcelamento ou a edificação compulsória, e também a
proibição geral de construir além de determinado número de pavimentos, limitação
conhecida como gabarito de prédios.

d) Exemplo típico de limitação administrativa é a utilização temporária de terrenos


particulares contíguos a estradas (em construção ou em reforma), para a alocação transitória
de máquinas de asfalto, equipamentos de serviço, pequenas barracas de operários etc.

e) O só fato do tombamento gera direito de indenização ao proprietário do bem tombado.

COMENTÁRIO

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Caros alunos, o tema cobrado na questão é clássico e certo de ser cobrado nos concursos para advocacia
pública. Indicamos o estudo do tema, em especial no âmbito da doutrina, que costuma dissecar o assunto
com muita propriedade, otimizando o tempo de estudo.

Alternativa (A): correta. Dispõe o art. 5º, XXV, da CF, que no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano. A título de exemplo, numa situação de iminente calamidade pública, o Poder Público pode
requisitar o uso do imóvel, dos equipamentos e dos serviços médicos de determinado hospital privado.
Se houver dano, a indenização será devida sempre posteriormente.

Alternativa (B): errada. Segundo a doutrina de CARVALHO FILHO:

“São exemplos mais comuns de servidão administrativa a instalação de redes elétricas e a


implantação de gasodutos e oleodutos em áreas privadas para a execução de serviços públicos.
(...) Seja como for, em todos esses casos, como bem se pode observar, o Poder Público limita-
se ao uso da parte da propriedade necessária à execução dos serviços públicos.” (FILHO,
José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p.
819).

Alternativa (C): errada. A alternativa traz exemplos de limitações administrativas, instituto diverso da
servidão administrativa. Valendo-nos, novamente, da doutrina de CARVALHO FILHO:

“Limitações administrativas são determinações de caráter geral, através das quais o Poder
Público impõe a proprietários indeterminados obrigações positivas, negativas ou permissivas,
para o fim de condicionar as propriedades ao atendimento da função social. É exemplo de
obrigação positiva aos proprietários a que impõe a limpeza de terrenos ou a que impõe o
parcelamento ou a edificação compulsória. Podem ser impostas também obrigações negativas:
é o caso da proibição de construir além de determinado número de pavimentos, limitação
conhecida como gabarito de prédios.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito
Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 833).

Nas limitações administrativas o Poder Público não pretende realizar qualquer obra ou serviço público,
como ocorre nas servidões. Almeja, ao contrário, condicionar a propriedade à função social que dela
é exigida. A servidão incide sobre imóvel específico, ao passo que as limitações são impostas a todos.
A servidão é instituída por acordo entre o proprietário e o Poder Público ou por sentença judicial. As
limitações administrativas são previstas em lei, decorrendo daí sua imposição geral.

Alternativa (D): errada. A alternativa traz exemplos de ocupação temporária que é modalidade de
intervenção na propriedade pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como
meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Pode-se considerar como fundamento legal da
ocupação temporária o art. 36 do Decreto-lei nº 3.365/1941, que trata da desapropriação por utilidade
pública. Dispõe o artigo: “É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação

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própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.” O dispositivo
caminha de mãos dadas com a desapropriação, havendo também a possibilidade de ocupação para as
obras em geral, desvinculadas da desapropriação.

Alternativa (E): errada. Não há previsão legal de indenização decorrente apenas do fato do tombamento.
Evidentemente, se houver algum prejuízo específico no caso concreto, poderá o particular acionar o
Poder Judiciário para pleitear eventual indenização devida.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO

24. Acerca da ordem econômica na Constituição e da jurisprudência do STF sobre o tema, marque
a alternativa correta:

a) O STF entende não haver responsabilidade da União em indenizar prejuízos sofridos por
concessionária de serviço público, decorrentes de política econômica implementada pelo
Governo.

b) Segundo o STF, a atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende


duas espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de
atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes econômicos privados. A
exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio.
Portanto, monopólio e privilégio são distintos entre si.

c) Na atuação econômica do Estado, a intervenção por direção ocorre através da


manipulação dos instrumentos de intervenção, em conformidades com as leis de mercado,
valendo-se de normas contendo estímulos e incentivos.

d) Na atuação econômica do Estado, a intervenção por indução se dá por intermédio de


normas cogentes, estabelecendo formas de comportamento a serem observadas pelos
sujeitos da atividade econômica.

e) Segundo o STF, ofende a livre iniciativa a lei que concede passe livre no sistema de
transporte coletivo interestadual às pessoas portadoras de deficiência.

COMENTÁRIO

Caros alunos, o Direito Econômico é matéria cada vez mais em voga, de maneira que o estudo dos
principais julgados sobre o tema e dos princípios que regem a atividade econômica no Estado brasileiro
podem conferir uma situação privilegiada do aluno nas provas, especialmente as prova realizadas na
região sudeste, onde a matéria tem recebido maior atenção das bancas examinadoras.

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Alternativa (A): incorreta. No RE 571969 o STF decidiu o famoso “Caso Varig” em que a empresa pleiteia
indenização por prejuízos sofridos em virtude dos planos econômicos adotados pelo governo federal na
década de 80. Em que pese a escolha da política econômica ser questão política revestida de licitude,
entendeu-se pela possibilidade de indenização, conforme julgado que segue:

“(...) RESPONSABILIDADE DA UNIÃO POR DANOS CAUSADOS À CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO


DE TRANSPORTE AÉREO (VARIG S/A). RUPTURA DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO
DO CONTRATO DECORRENTE DOS EFEITOS DOS PLANOS “FUNARO” E “CRUZADO”. DEVER
DE INDENIZAR. RESPONSABILIDADE POR ATOS LÍCITOS QUANDO DELES DECORREREM
PREJUÍZOS PARA OS PARTICULARES EM CONDIÇÕES DE DESIGUALDADE COM OS DEMAIS.
(...) 5. A estabilidade econômico-financeira do contrato administrativo é expressão jurídica do
princípio da segurança jurídica, pelo qual se busca conferir estabilidade àquele ajuste, inerente
ao contrato de concessão, no qual se garante à concessionária viabilidade para a execução
dos serviços, nos moldes licitados. 6. A manutenção da qualidade na prestação dos serviços
concedidos (exploração de transporte aéreo) impõe a adoção de medidas garantidoras do
reequilíbrio da equação econômico-financeira do contrato administrativo, seja pela repactuação,
reajuste, revisão ou indenização dos prejuízos. 7. Instituição de nova moeda (Cruzado) e
implementação, pelo Poder Público, dos planos de combate à inflação denominados
‘Plano Funaro’ ou ‘Plano Cruzado’, que congelaram os preços e as tarifas aéreas
nos valores prevalecentes em 27.2.1986 (art. 5º do Decreto n. 91.149, de 15.3.1985). 8.
Comprovação nos autos de que os reajustes efetivados, no período do controle de preços,
foram insuficientes para cobrir a variação dos custos suportados pela concessionária.
9. Indenização que se impõe: teoria da responsabilidade objetiva do Estado com base no risco
administrativo. Dano e nexo de causalidade comprovados, nos termos do acórdão recorrido. 10.
O Estado responde juridicamente também pela prática de atos lícitos, quando deles decorrerem
prejuízos para os particulares em condições de desigualdade com os demais. Impossibilidade
de a concessionária cumprir as exigências contratuais com o público, sem prejuízos extensivos
aos seus funcionários, aposentados e pensionistas, cujos direitos não puderam ser honrados.
11. Apesar de toda a sociedade ter sido submetida aos planos econômicos, impuseram-se à
concessionária prejuízos especiais, pela sua condição de concessionária de serviço, vinculada
às inovações contratuais ditadas pelo poder concedente, sem poder atuar para evitar o colapso
econômico-financeiro. Não é juridicamente aceitável sujeitar-se determinado grupo de pessoas
– funcionários, aposentados, pensionistas e a própria concessionária – às específicas condições
com ônus insuportáveis e desigualados dos demais, decorrentes das políticas adotadas, sem
contrapartida indenizatória objetiva, para minimizar os prejuízos sofridos, segundo determina
a Constituição.” (RE 571969, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
12/03/2014).

Alternativa (B): correta. A assertiva traz o decidido pelo STF na ADPF 46 envolvendo o Correio e o
serviço postal. Assim, vejamos:

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5ª RODADA - 07/07/2016

“1. O serviço postal --- conjunto de atividades que torna possível o envio de
correspondência, ou objeto postal, de um remetente para endereço final e determinado
--- não consubstancia atividade econômica em sentido estrito. Serviço postal é serviço
público. 2. A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas
espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de
atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes econômicos privados.
A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de
privilégio. Monopólio e privilégio são distintos entre si; não se os deve confundir no
âmbito da linguagem jurídica, qual ocorre no vocabulário vulgar. 3. A Constituição do
Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço postal e o correio aéreo
nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, criada pelo
decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969. 5. É imprescindível distinguirmos o regime de
privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime de monopólio sob o qual,
algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é empreendida pelo
Estado. 6. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade
na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. 7.
Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os serviços públicos importam em
que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. 8.
Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente por maioria. O
Tribunal deu interpretação conforme à Constituição ao artigo 42 da Lei n. 6.538 para restringir
a sua aplicação às atividades postais descritas no artigo 9º desse ato normativo.”(ADPF 46,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno,
julgado em 05/08/2009).

Na prática, decidiu-se que as cartas pessoais e comerciais, cartões-postais, correspondências


agrupadas (malotes) só poderão ser transportados e entregues pela empresa pública. Por outro
lado, o Plenário entendeu que as transportadoras privadas não cometem crime ao entregar
outros tipos de correspondências e encomendas.

Alternativa (C): incorreta. A alternativa traz a modalidade de intervenção econômica por indução, e
não a intervenção por direção, como mencionado na questão.

Alternativa (D): incorreta. A alternativa traz a modalidade de intervenção econômica por direção, e não
a intervenção por indução, como mencionado na questão.

Alternativa (E): incorreta. Vejamos o decidido pelo STF:

“(...) CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, QUE CONCEDE


PASSE LIVRE ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA, DA ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DO

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DIREITO DE PROPRIEDADE, ALÉM DE AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO


(ARTS. 1º, INC. IV, 5º, INC. XXII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA): IMPROCEDÊNCIA.
(...) 3. Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo,
comprometendo-se a implementar medidas para dar efetividade ao que foi ajustado. 4. A Lei
n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades
especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanização
das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e
dignidade da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles
sejam alcançados. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.” (ADI 2649,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 08/05/2008).

Decidiu-se não haver ofensa à livre iniciativa, uma vez que empresa voltada à prestação de serviço
público não dispõe de ampla liberdade para prestação que lhe foi outorgada, mas sujeita-se a um
regime de iniciativa de liberdade regulada nos termos da lei e segundo as necessidades da sociedade. A
livre iniciativa funciona como garantia de liberdade empresarial para atividades que sejam estritamente
dessa natureza.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

25. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a alternativa correta:

a) Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,


medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal
de sua execução por um período superior a três exercícios.

b) Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do ente da
Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos,
funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos
da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e
vantagens pessoais de qualquer natureza, excluídos os encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

c) Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição


de servidores e empregados públicos se incluem na despesa total com pessoal.

d) A despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação,
não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida de 40% para a União, 50%
para Estados e 60% para municípios.

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5ª RODADA - 07/07/2016

e) Na esfera estadual, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração,


relativamente à receita corrente líquida, não poderá exceder o percentual de 40% para o
Poder Executivo.

COMENTÁRIO

Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro.
É importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei de responsabilidade fiscal
(LRF), pois dessa temática se exige o conhecimento da lei seca. Mas não basta memorizar, é preciso
entender as razões de cada dispositivo legal. Lembramos que a crise econômica por que passa o Brasil
aumenta a probabilidade de cobrança nas provas de temas de Direito Financeiro, incluindo a Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 17 da LRF: “Considera-se obrigatória de caráter continuado a
despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para
o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.”

Alternativa (B): errada. O único equívoco da alternativa está em excluir os encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente às entidades de previdência do total da despesa de pessoal. No restante, o conteúdo
está de acordo com o artigo 18 da LRF.

Alternativa (C): correta. A alternativa está de acordo com o artigo 18, §1º, da LRF. É importante o
aluno observar que será contabilizado como “outras despesas com pessoal” o valor do contrato de
terceirização de mão-de-obra que se refere à substituição de servidores e empregados públicos. Isso
porque era praxe na Administração Pública a terceirização para execução de serviço público permanente,
substituindo indevidamente servidores públicos por terceirizados e, assim, contabilizava-se a despesa
como “serviços de terceiros”, fugindo dos limites das despesas com pessoal. Já a terceirização sem que
seja em substituição de servidores não entra no cômputo das despesas de pessoal.

Alternativa (D): errada. Segundo o artigo 19, I, II e III, da LRF, a despesa total com pessoal, em cada
período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita
corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinqüenta por cento); II - Estados: 60%
(sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Alternativa (E): errada. Preconiza o artigo 20, II, da LRF, os seguintes limites para despesa com pessoal
no âmbito estadual, tendo como referência a receita corrente líquida: a) 3% (três por cento) para o
Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado; b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; c) 49%
(quarenta e nove por cento) para o Executivo; d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos
Estados.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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5ª RODADA - 07/07/2016

PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

26. Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue os itens que seguem:

I. Aplicam-se ao processo de emenda à Constituição Federal as regras de reserva de


iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88.

II. É incompatível com a Constituição Federal a apresentação de emendas parlamentares


sem relação de pertinência temática com medida provisória submetida à apreciação do
Congresso Nacional.

III. Ao encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei orçamentária, o


governador do estado pode reduzir a proposta orçamentária elaborada pela Defensoria
Pública, ainda que ela esteja de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

IV. Tratando-se de projeto de lei cuja competência de iniciativa seja privativa do Poder
Executivo, não poderão ser apresentadas sobre ele emendas parlamentares.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I e II.

b) I e IV.

c) II.

d) III e IV.

e) II e IV.

COMENTÁRIO

Os informativos de jurisprudência dos Tribunais Superiores têm tido incidência cada vez maior em provas
de concursos, exigindo dos alunos um acompanhamento constante e a familiarização com o entendimento
desses tribunais sobre os temas de cada disciplina. Nesta questão, é explicitado o entendimento do STF
sobre alguns pontos muito importantes e recorrentes em provas de Direito Constitucional, notadamente
dentro do assunto de processo legislativo, processo de emenda à Constituição e processo de conversão

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5ª RODADA - 07/07/2016

de medida provisória em lei.

Item (I): incorreto. A CF/88 prevê, em determinadas matérias, reserva de iniciativa para a propositura de
projetos de lei aos seguintes legitimados:

- Presidente da República (art. 61, § 1º);

- STF (art. 93);

- Tribunais Superiores (art. 96, II);

- Procurador Geral da República (art. 128, § 5º).

Assim, em se tratando de projeto de lei sobre certos assuntos, somente os legitimados acima podem
iniciar o processo legislativo. No entanto, é importante ter em mente que essa reserva de iniciativa não
impede que tais temas sejam tratados por emenda constitucional iniciada por qualquer dos legitimados.
Uma coisa é a reserva de iniciativa para a propositura de projetos de lei sobre determinados assuntos
(dispositivos constitucionais supramencionados), e outra coisa distinta é o rol de legitimados para
a propositura de emendas à Constituição Federal (art. 60, CF), que, aliás, é mais limitado que o dos
legitimados em geral para a propositura de projetos de lei. Confira-se:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

De fato, não se poderia admitir a aplicação das reservas de iniciativas por matérias às propostas de EC,
notadamente tendo em vista que os Tribunais Superiores e o PGR não têm legitimidade para propor
Emendas à Constituição. Portanto, os legitimados elencados no art. 60 da CF podem propor Emenda
à CF independentemente da matéria de que trate, respeitados, obviamente, os limites trazidos pelos
parágrafos do art. 60 da CF.

Nesse sentido foi o entendimento esposado pelo STF quando do julgamento da ADI 5296, sobre a
constitucionalidade da EC 74/2013, que conferiu autonomia à DPU e à DPDF:

É possível que emenda à Constituição Federal proposta por iniciativa parlamentar trate sobre
as matérias previstas no art. 61, § 1º da CF/88.

As regras de reserva de iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88 não são aplicáveis ao
processo de emenda à Constituição Federal, que é disciplinado em seu art. 60. Assim, a EC
74/2013, que conferiu autonomia às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal, não
viola o art. 61, § 1º, II, alínea “c”, da CF/88 nem o princípio da separação dos poderes, mesmo

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tendo sido proposta por iniciativa parlamentar. STF. Plenário. ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 18/5/2016 (Informativo 826, STF)

Incorreta, portanto, a alternativa que afirma serem aplicáveis ao processo de EC as regras de reserva de
iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88. Anote-se, contudo, que o STF possui posicionamento distinto
quando se trata de emenda à Constituição ESTADUAL tratando sobre algum dos assuntos listados no
art. 61, § 1º, da CF/88 (adaptados, por simetria, ao âmbito estadual), entendendo o Tribunal que no caso
de Poder Constituinte Derivado Estadual tal emenda deveria ser proposta exclusivamente pelo chefe do
Poder Executivo. (vide STF. Plenário. ADI 3848/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/2/2015 - Info
774).

Item (II): correto. O item está de acordo com o entendimento do STF, conforme se verifica do acórdão
do julgamento da ADI 5127, cuja ementa segue abaixo colacionada:

DIREITO CONSTITUCIONAL. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. EMENDA


PARLAMENTAR EM PROJETO DE CONVERSÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA EM LEI.
CONTEÚDO TEMÁTICO DISTINTO DAQUELE ORIGINÁRIO DA MEDIDA PROVISÓRIA.
PRÁTICA EM DESACORDO COM O PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E COM O DEVIDO
PROCESSO LEGAL (DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO). 1. Viola a Constituição da
República, notadamente o princípio democrático e o devido processo legislativo (arts.
1º, caput, parágrafo único, 2º, caput, 5º, caput, e LIV, CRFB), a prática da inserção,
mediante emenda parlamentar no processo legislativo de conversão de medida
provisória em lei, de matérias de conteúdo temático estranho ao objeto originário da
medida provisória. 2. Em atenção ao princípio da segurança jurídica (art. 1º e 5º, XXXVI,
CRFB), mantém-se hígidas todas as leis de conversão fruto dessa prática promulgadas
até a data do presente julgamento, inclusive aquela impugnada nesta ação. 3. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada improcedente por maioria de votos.

STF. Plenário. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 15/10/2015 (Info 803).

O uso de medidas provisórias pelo chefe do Poder Executivo se justifica em casos de relevância e urgência
da matéria, sendo que a ele compete a verificação da existência desses requisitos. Nos termos do art. 62,
caput, da CF, as medidas provisórias editadas pelo Presidente da República deverão ser submetidas de
imediato ao Congresso Nacional, que deliberará sobre a sua conversão ou não em lei. Nesse processo
de conversão da medida provisória, segundo entendimento do STF, visto acima, toda e qualquer emenda
parlamentar deve ficar restrita ao tema definido como urgente e relevante pelo chefe do Executivo. “A
inserção, por meio de emenda parlamentar, de assunto diferente do que é tratado na medida provisória
que tramita no Congresso Nacional é chamada de “contrabando legislativo”, sendo uma prática vedada”
(Márcio André Lopes Cavalcante, em comentários ao Informativo 803 STF, Esquematizado - 22/10/2015).

Item (III): incorreto. Esse item vai de encontro ao entendimento mais recente do STF sobre o tema,

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exposto no julgamento da ADI 5287-PB, em 18/05/2016, em que o Plenário “assentou o entendimento


de que é inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo dos orçamentos propostos pelos
outros Poderes e por órgãos constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria
Pública, na fase de consolidação do projeto de lei orçamentária anual, quando tenham sido elaborados
em obediência às leis de diretrizes orçamentárias e enviados conforme o art. 99, § 2º, da CF, cabendo-
lhe apenas pleitear ao Poder Legislativo a redução pretendida, visto que a fase de apreciação legislativa
é o momento constitucionalmente correto para o debate de possíveis alterações no projeto de lei
orçamentária” (Informativo 826, STF - ADI 5287/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016). A redução
unilateral pelo Poder Executivo implicaria em violação ao § 2º do art. 134 da CF/88.

Item (IV): incorreto. Ao contrário do afirmado nesse item, o fato de a iniciativa para projeto de lei de
determinada matéria ser privativa do chefe do Poder Executivo não impede a apresentação de emendas
parlamentares, desde que haja identidade de matéria e que não resulte em aumento de despesa. Nesse
sentido:

EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3º DA LEI Nº 15.215/2010


DO ESTADO DE SANTA CATARINA. CONCESSÃO DE GRATIFICAÇÃO A SERVIDORES
PÚBLICOS ESTADUAIS. DISPOSITIVO INCLUÍDO POR EMENDA PARLAMENTAR
EM PROJETO DE CONVERSÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA. MATÉRIA DE INICIATIVA
PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS.
REMUNERAÇÃO. AUMENTO DA DESPESA PREVISTA. VEDAÇÃO. MATÉRIA ESTRANHA
AO OBJETO ORIGINAL DA MEDIDA PROVISÓRIA SUBMETIDA À CONVERSÃO.
INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA. ARTS. 2º, 61, § 1º, II, “A” E “C”, 62 E 63, I, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. 1. Segundo a jurisprudência reiterada desta Suprema
Corte, embora o poder de apresentar emendas alcance matérias de iniciativa privativa
do Chefe do Poder Executivo, são inconstitucionais as alterações assim efetuadas
quando resultem em aumento de despesa, ante a expressa vedação contida no art.
63, I, da Constituição da República, bem como quando desprovidas de pertinência
material com o objeto original da iniciativa normativa submetida a cláusula de reserva.
Precedentes. 2. Inconstitucionalidade formal do art. 3º da Lei nº 15.215/2010 do
Estado de Santa Catarina, por vício de iniciativa. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada procedente. STF. Plenário. ADI 4433/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/6/2015
(Informativo 790).

Portanto, pode haver emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservada ao chefe do
Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos:

a) haja pertinência temática (a emenda não traga assunto diferente do contido no projeto
original); e

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b) a emenda não implique em aumento das despesas originalmente previstas (art. 63, I, da
CF/88).

Assim, a única assertiva correta é aquela trazida pelo item II, devendo ser marcada a alternativa “C”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

27. Sobre o Preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição


Federal de 1988, assinale a alternativa correta:

a) O Preâmbulo da CF/88 traz normas que devem ser reproduzidas nas Constituições dos
estados-membros.

b) O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) tem o objetivo de promover


a transição entre o ordenamento jurídico anterior e o novo, fazendo parte da sua natureza
a eficácia temporária.

c) O ADCT não pode trazer exceções às normas constitucionais, tendo em vista ocupar
posição hierarquicamente inferior à das normas contidas no corpo da Constituição, devendo
a elas submeter-se.

d) Dado o caráter transitório das disposições do ADCT, verifica-se que elas não veiculam
direitos fundamentais, sendo certo que, nos casos em que determinada norma do ADCT traz
um regime vantajoso a determinado grupo de destinatários, sua supressão não implicará
em violação à segurança jurídica ou a direito adquirido.

e) O STF não admite a possibilidade de alteração das disposições do ADCT por emenda,
tendo em vista o caráter transitório dessas normas.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. A alternativa erra ao afirmar que o preâmbulo veicula normas de reprodução
obrigatória para os estados-membros. Isso porque, na verdade, “o preâmbulo não tem relevância
jurídica, não tem força normativa, não cria direitos ou obrigações, não tem força obrigatória, servindo,
apenas, como norte interpretativo das normas constitucionais” (Pedro Lenza, Direito Constitucional
Esquematizado, 2014, p. 191).

Nesse sentido é a conclusão de interessante estudo do Ministro Celso de Mello, apontando que “o
preâmbulo (...) não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo posição
ideológica do constituinte ( ... ). Não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo
não constitui norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-
membro. O que acontece é que o preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido

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dos princípios inscritos na Carta ( ... ). Esses princípios sim, inscritos na Constituição, constituem normas
centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a Constituição do Estado-membro dispor de forma
contrária, dado que, reproduzidos, ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local”. Grifou-
se. (Julgamento na ADI 2.076-AC, Rei. Min. Carlos Ve11oso, 15.08.2002, DJ, 08.08.2003, e lnfs. STF ns.
277/2002 e 32012003, 08 a 12.12.2003 in supracitado, p. 189).

É importante notar, tendo em vista o entendimento majoritário no sentido do caráter enunciativo, e


não dispositivo do preâmbulo (expressão de Orlando Bittar), que “não há inconstitucionalidade por
violação ao preâmbulo em si mesmo – o que há é inconstitucionalidade por desconcerto com princípio
mencionado pelo preâmbulo e positivado no corpo da Constituição” (Gilmar Ferreira Mendes, Paulo
Gustavo Gonet Branco, Curso de Direito Constitucional, 9ª ed., p. 78). Esse entendimento acerca da
natureza do preâmbulo da Constituição, bem como as consequências dessa ausência de força normativa,
são essenciais para a resolução de questões sobre o tema, devendo estar bem claros para o aluno.

Alternativa (B): correta. Essa é, de fato, a finalidade do ADCT, sendo certo, também, que as suas
disposições, como o próprio nome indica, têm naturalmente caráter transitório. Sobre o tema, confiram-
se os apontamentos de Pedro Lenza:

A finalidade do ADCT é estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico


e o novo, instituído pela manifestação do poder constituinte originário, providenciando a
acomodação e a transição do antigo e do novo direito edificado.

Segundo Barroso, “destinam-se as normas dessa natureza a auxiliar na transição de uma


ordem jurídica para outra, procurando neutralizar os efeitos nocivos desse confronto, no
tempo, entre regras de igual hierarquia - Constituição nova versus Constituição velha - e de
hierarquia diversa - Constituição nova versus ordem ordinária preexistente” (Luís Roberto
Barroso, Disposições constitucionais transitórias, p. 491.), interligando-se, portanto, nesse
aspecto, com o instituto da recepção (supracitado, p. 192).

O autor conclui, então, sobre a eficácia das normas do ADCT, no sentido de que “por natureza, portanto,
diante de sua eficácia temporária (essa a ideia das disposições de transição), após produzirem os seus
efeitos, ou diante do advento da condição ou termo estabelecidos, esgotam-se, tornando-se normas de
eficácia exaurida” (supracitado, p. 195). Correta, portanto, a alternativa “B”, tanto no que diz respeito à
finalidade quanto no que concerne à eficácia das normas do ADCT.

Alternativa (C): incorreta. Ao contrário do que afirma a assertiva, o ADCT “tem natureza jurídica de
norma constitucional e poderá, portanto, trazer exceções às regras colocadas no corpo da Constituição”
(supracitado, p. 195).

Tendo em vista essa natureza jurídica de norma constitucional, as disposições do ADCT também servirão
de parâmetro para a análise da constitucionalidade dos demais atos normativos (supracitado, p. 196).
Ressalte-se, ainda, que, tendo em vista a natureza constitucional das normas do ADCT, a sua alteração

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ou mesmo o acréscimo de novas regras serão feitas através de emendas constitucionais, respeitados
os limites constitucionais ao poder de reforma. Essas emendas ao ADCT, como as emendas a qualquer
norma de natureza constitucional, poderão sofrer controle de constitucionalidade.

Alternativa (D): incorreta. As disposições do ADCT sujeitam-se ao poder de reforma, como se verá nos
comentários à alternativa “E”. Tratando do assunto, Pedro Lenza afirma:

Entendemos que se a norma de transição já se tiver exaurido, nesse caso específico, não pareceria razoável
o Constituinte reformador modificar o sentido da transição já concretizado conforme estabelecido pelo
poder constituinte originário, até porque, como se afirmou, nessa hipótese, a norma de transição estará
esgotada. Por outro lado, se o comando de transição não se tiver realizado e a disposição produzido
os seus efeitos, entendemos possível a sua alteração, desde que sejam observados, naturalmente, os
princípios intangíveis e os limites ao poder de reforma, explícitos e implícitos (supracitado, p. 196 e 197).

Assim, é possível a alteração de disposição do ADCT, caso não tenha ainda produzido os seus efeitos, mas
essa reforma deverá observar os limites ao poder de reforma. Exemplo de norma do ADCT que traz direito
fundamental é o art. 68, que reconhece aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam
ocupando suas terras a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. Caso
uma emenda constitucional objetivasse subtrair esse dispositivo, estaria violando cláusula pétrea contida
no art. 60, § 4º, IV.

Nesses casos, Paulo Gustavo Gonet Branco leciona que “(...) o constituinte originário quis investir
beneficiários certos em direitos determinados, de tal sorte que, se o constituinte de reforma lhes subtraísse
ou diminuísse a vantagem, estaria perpetrando, senão um ataque à cláusula pétrea da segurança jurídica
ou do direito adquirido, certamente que uma fraude ao constituinte originário” (Gilmar Ferreira Mendes,
Paulo Gustavo Gonet Branco, Curso de direito constitucional, 9ª ed., p. 79).

Alternativa (E): incorreta. Ao contrário do apontado na assertiva, o STF entende pela possibilidade de
alteração das disposições do ADCT por emenda. Tal entendimento ficou claro na ADI 830, em que o STF
considerou constitucional a EC n. 2/92, que antecipou a data do plebiscito de que trata o art. 2.º do ADCT,
do dia 07.09.1993 para o dia 21.04.1993. Segue, abaixo, trecho desse leading case:

“(...) a transitoriedade em si mesma não toma incompossível a alteração de norma constitucional


dessa natureza. Com efeito, se é possível alterar-se, por emenda, a regra da parte permanente
para estender-se a todos, e sem limitações, o que a exceção transitória outorgava a alguns
com limitações; se é possível criar-se exceção permanente à regra também permanente; é
absolutamente ilógico pretender-se que a exceção transitória, por causa da sua transitoriedade,
seja imutável, inclusive para restringir-se ou dilargar-se o período da transitoriedade” (ADI 829,
Rel. Min. Moreira Alves, j. 14.04.1993, Plenário, DJ de 16.09.1994).

Verifica-se, portanto, que, a partir da ADI 829, o STF passou expressamente a admitir a alteração de
disposições do ADCT por emenda, desde que respeitados os limites ao poder de reforma.

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GABARITO: ALTERNATIVA (B)

28. Considerando as disposições constitucionais e o entendimento do STF sobre o processo


legislativo, assinale a alternativa INCORRETA:

a) É de iniciativa do chefe do Poder Executivo o processo legislativo de matérias pertinentes


ao Plano Plurianual, às Diretrizes Orçamentárias e aos Orçamentos Anuais.

b) O STF entende que, em matéria tributária, é privativa do chefe do Poder Executivo a


competência para a iniciativa para os projetos de lei.

c) Em regra, não poderá o legitimado exclusivo ser compelido a deflagrar processo


legislativo.

d) A sanção do chefe do Poder Executivo não convalida vício de iniciativa de projeto de lei.

e) É admissível a iniciativa popular de leis complementares.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): correta. Realmente, o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos


Anuais são matérias cuja iniciativa compete ao chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 165 da CF,
litteris:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

Inclusive, para o STF, trata-se de competência exclusiva do Poder Executivo, tendo decidido:

(...) competência exclusiva do Poder Executivo iniciar o processo legislativo das matérias
pertinentes ao Plano Plurianual, às Diretrizes Orçamentárias e aos Orçamentos Anuais.
Precedentes: ADI n. 103 e ADI n. 550 (ADI 1.759-MC, Rei. Min. Néri da Silveira, j. 12.03.1998, DJ
de 06.04.2001).

Orçamento anual. Competência privativa. Por força de vinculação administrativo-constitucional, a


competência para propor orçamento anual é privativa do Chefe do Poder Executivo. (ADI 882, rel. min.
Maurício Corrêa, julgamento em 19-2-2004, Plenário, DJ de 23-4-2004.) No mesmo sentido: ADI 2.447,
rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-3-2009, Plenário, DJE de 4-12-2009.

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Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.

Alternativa (B): incorreta. O art. 61, § 1º, II, “b”, da CF/88 diz que são de iniciativa privativa do Presidente
da República as leis que disponham sobre “organização administrativa e judiciária, matéria tributária
e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios”. A esse respeito, o STF já
decidiu que a exclusividade a que se refere o dispositivo, no caso do processo legislativo sobre matéria
tributária, refere-se às leis dos Territórios Federais (supracitado, p. 625). A jurisprudência da Corte Suprema
é assente no sentido da possibilidade de iniciativa parlamentar para projeto de lei sobre Direito Tributário,
tendo, em 2013, pacificado a questão em repercussão geral. Confira-se:

Tributário. Processo legislativo. Iniciativa de lei. 2. Reserva de iniciativa em matéria tributária.


Inexistência. 3. Lei municipal que revoga tributo. Iniciativa parlamentar. Constitucionalidade. 4.
Iniciativa geral. Inexiste, no atual texto constitucional, previsão de iniciativa exclusiva do
Chefe do Executivo em matéria tributária. 5. Repercussão geral reconhecida. 6. Recurso
provido. Reafirmação de jurisprudência. (ARE 743480 RG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
PUBLIC 20-11-2013) Grifou-se.

Assim, no âmbito da União, estados, DF e Municípios “a iniciativa de leis sobre matéria tributária é
concorrente entre os Chefes do Executivo e os membros do Legislativo, podendo-se, ainda, avançar e
sustentar a iniciativa popular sobre matéria tributária, desde que observadas as formalidades do art. 61,
§ 2º” (supracitado, p. 626).

Incorreta, portanto, a alternativa “B”, devendo ser assinalada.

Alternativa (C): correta. O STF entende que, regra geral, não poderá o legitimado exclusivo ser compelido
a deflagrar o processo legislativo, “já que a fixação da competência reservada traz, implicitamente, a
discricionariedade para decidir o momento adequado de encaminhamento do projeto de lei” (supracitado,
p. 626).

Nesse sentido, decidiu o STF que “tratando-se de projeto de lei de iniciativa privativa do Chefe do Poder
Executivo, não pode o Poder Legislativo assinar-lhe prazo para o exercício dessa prerrogativa sua (...)”
(ADI 546, Rel. Min. Moreira Alves, j. 11.03.1999, DJ de 14.04.2000). No mesmo sentido: ADI 2.734-MC/ES,
Rel. Min. Moreira Alves, j. 26.02.2003, e ADI 106-RO, Rei. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ acórdão Min.
Gilmar Mendes, j. 10.10.2002 (Inf 285/STF).

Por outro lado, é importante ressaltar que, caso haja prazo fixado na Constituição para a regulamentação
de determinada matéria, “o legitimado exclusivo poderá ser compelido a encaminhar o projeto de lei. Por
certo, poderá ser reconhecida a inconstitucionalidade por omissão na hipótese de não regulamentação
de artigos da Constituição de eficácia limitada e desde que observado o critério da razoabilidade” (Pedro
Lenza, p. 626).

Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a incorreta.

Alternativa (D): correta. Apesar de a Súmula 5 do STF prever que “a sanção do projeto supre a falta

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de iniciativa do Poder Executivo”, o seu conteúdo está superado desde o advento da EC n. 1/69 (art. 57,
parágrafo único - cf. Rp 890, RTJ 691625). Tal súmula, portanto, foi aplicável apenas na vigência da CF/46,
não tendo fundamento na ordem constitucional instaurada pela CF/88 (ADI 1.381-MC, Rel. Min. Celso
de Mello, j. 07.12.1995, Plenário, DJ de 06.06.2003). Portanto, o vício de iniciativa configura vício formal
insanável, não se podendo convalidar por sanção presidencial. (Pedro Lenza, p. 628).

Alternativa (E): correta. De fato, admite-se a iniciativa popular de leis complementares, assim como de
leis ordinárias. É o que se infere do art. 61, caput c/c § 2º da CF/88. Vejamos:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

(...)

§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
um deles. (Grifou-se)

O aluno deve ter em mente que a iniciativa popular não é cabível em relação às leis delegadas, medidas
provisórias, resoluções e decretos legislativos tendo em vista a própria natureza dessas espécies normativas.
Abaixo, segue quadro, retirado do livro Direito Constitucional Esquematizado, 2014, do Pedro Lenza, que
sistematiza o cabimento de iniciativa popular em relação às espécies normativas do art. 59:

ESPÉCIE NORMATIVA CABE INICIATIVA POPULAR?


apesar de não haver previsão expressa na CF/88, admite-se, desde que
Emendas à Constituição
se faça a interpretação sistemática do texto
Leis complementares a CF expressamente admite nos termos do art. 61, § 2º.
Leis ordinárias a CF expressamente admite nos termos do art. 61, § 2º.
não se admite, já que a delegação, nos termos do art. 68, deve ser solicitada
Leis delegadas pelo Presidente da República e concedida, por meio de resolução, pelo
Congresso Nacional ao Presidente da República e somente a ele.
não se admite, já que a titularidade para a edição de MP é exclusiva do
Medidas provisórias Chefe do Executivo nos casos de relevância e urgência e nos termos do
art. 62 da CF/88
não se admite, já que o decreto legislativo é o instrumento pelo qual o
Decretos legislativos Congresso Nacional materializa as suas competências exclusivas previstas
no art. 49 da CF/88.

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não se admite, já que a resolução é o instrumento pelo qual se


Resoluções instrumentalizam as atribuições da CD, do SF ou algumas comuns fixadas
no regimento interno do Congresso Nacional.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

29. Sobre as inovações trazidas pelas constituições brasileiras ao longo da história, é correto
afirmar que:

a) A Constituição de 1934 estabeleceu o Poder Legislativo em âmbito estadual.

b) A Constituição de 1988 foi a primeira a prever o mandado de segurança.

c) A Justiça Federal foi criada pela Constituição de 1946.

d) O princípio da inafastabilidade da jurisdição foi expressamente trazido pela primeira vez


na Constituição de 1988.

e) A Constituição Federal de 1988 foi a primeira Constituição brasileira a tratar


separadamente da ordem econômica e da ordem social.

COMENTÁRIO

Alternativa (A): incorreta. Na verdade, a constituição que estabeleceu o Poder Legislativo em âmbito
estadual foi a de 1891. Tratando do tema, Pedro Lenza pontua:

O Poder Legislativo também foi estabelecido em âmbito estadual. Alguns Estados, curiosamente,
possuíam duas Casas, caracterizando-se, assim, a ideia de bicameralismo estadual, como podia
ser percebido em São Paulo e Pernambuco, que tinham, além da Câmara dos Deputados
(Estaduais), um Senado Estadual. (Pedro Lenza, op. cit., p. 119).

Alternativa (B): incorreta. Na verdade, a Constituição de 1934 trouxe “a previsão, pela primeira vez, do
mandado de segurança (art. 113, n. 33) e da ação popular (art. 113, n. 38)” (Pedro Lenza, p. 126). Sobre o
tema da previsão constitucional do mandado de segurança, Pedro Lenza observa:

Muito embora o texto de 1824 falasse em ação popular nos termos do art. 157 (“por suborno, peita,
peculato, e concussão, haverá contra eles ação popular, que poderá ser intentada dentro de ano e dia
pelo próprio queixoso, ou por qualquer do Povo, guardada a ordem do Processo estabelecida na Lei”),
parece que esta se referia a certo caráter disciplinar ou mesmo penal. Assim, concordamos com Mancuso
que o texto de 1934 foi “o primeiro texto constitucional que lhe deu guarida” (Rodolfo de Camargo
Mancuso, Ação popular, 4. ed., p. 52). Cf. interessante evolução histórica do instituto trazida por José
Afonso da Silva, Ação popular constitucional, p. 28-39. (supracitado, p. 126).

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Incorreta, portanto, a assertiva, já que o referido remédio constitucional já estava previsto na Constituição
de 1934.

Alternativa (C): incorreta. A Justiça Federal foi criada pela Constituição de 1891, tendo sido colocado o
STF acima desta e da Justiça Estadual. Confiram-se os ensinamentos de Paulo Gustavo Gonet Branco:

A Constituição de 1891 criou a Justiça Federal, ao lado da Estadual, situando o Supremo Tribunal Federal
no ápice do Poder Judiciário. Ao STF cabia, além de competências originárias, julgar recursos de decisões
de juízes e tribunais federais e recursos contra decisões da Justiça estadual que questionassem a validade
ou a aplicação de lei federal. Também lhe foi atribuída competência recursal para os processos em que
atos estaduais fossem confrontados com a Constituição Federal. (Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo
Gonet Branco, op. cit., p. 99).

Alternativa (D): incorreta. Constituição de 1946, em seu art. 141, §4º, consagrou o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, ao estabelecer que “a lei não poderá excluir da apreciação do Poder
Judiciário qualquer lesão de direito individual”. (Pedro Lenza, p. 132).

Além disso, em termos de declaração de direitos, deve-se destacar que a Constituição de 1946 também
restabeleceu o mandado de segurança e a ação popular.

Incorreta, portanto, a alternativa, que afirma ter sido a inafastabilidade da jurisdição expressamente
prevista apenas na CF/88.

Alternativa (E): correta. De fato, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira constituição brasileira a
separar a ordem econômica da ordem social. Conforme leciona Pedro Lenza:

A ordem econômica recebeu tratamento sistemático, pioneiramente, na Constituição do


México de 1917. No Brasil, sob a influência da Constituição de Weimar, de 1919, a primeira
a tratar da ordem econômica e da ordem social em título único (título IV) foi a de 1934. A
Constituição de 1937, embora mantendo as matérias sobre a ordem econômica e social, aboliu
a utilização de títulos e passou a destacar, de modo simplificado, a ordem econômica. As
Constituições de 1946, 1967 e a EC n. 1/69 seguiram a mesma estrutura da de 1934, agregando
a ordem econômica e a ordem social em um único título. A Constituição de 1988, conforme
visto, inova e passa a tratar da ordem social em título próprio, desvinculando-a da
ordem econômica que, por sua vez, recebe matérias sobre o sistema financeiro nacional
(título VII). Alguns temas da ordem social que eram assegurados nas Constituições anteriores,
como os direitos dos trabalhadores, foram deslocados para o título II, que trata dos direitos e
garantias fundamentais (direitos sociais). (supracitado, p. 144).

Assim, o tratamento em separado da ordem econômica e da ordem social foi inovação trazida pela CF/88,
trazendo tratamento mais específico a cada um desses ramos, em uma sistematização mais organizada.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

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DIREITO EMPRESARIAL

30. Sobre o estabelecimento empresarial, analise os seguintes itens:

I. Estabelecimento é o complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem


o instrumento utilizado pelo empresário ou sociedade empresária para o exercício de
empresa.

II. A clientela ou freguesia, assim como o ponto, integra o estabelecimento.

III. O estabelecimento tem natureza jurídica de universalidade de direito.

IV. No contrato de trespasse, o adquirente do estabelecimento responde pelos débitos


anteriores à quitação da transferência, desde que regularmente contabilizados, ao passo
que o alienante responde subsidiariamente pelos créditos vencidos, pelo prazo de 1 ano a
partir da publicação da transferência.

a) I e IV.

b) II e III.

c) Apenas I.

d) II e IV.

e) I, II e IV.

COMENTÁRIO

Item (I): correto. Esse realmente é o conceito técnico de estabelecimento, conforme trazido pelo art. 1.142
do CC, que afirma: “considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.

André Luiz Santa Cruz Ramos (Direito Empresarial Esquematizado, GEN, São Paulo, 2014) traz o conceito
de Oscar Barreto Filho, segundo o qual estabelecimento “é o complexo de bens, materiais e imateriais,
que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante [hoje empresário] para a exploração de
determinada atividade mercantil [hoje empresa]”.

Quanto ao fato de o estabelecimento ser composto de bens corpóreos e incorpóreos, confira-se a


seguinte decisão do STJ:

(...) 3. O “estabelecimento comercial” é composto por patrimônio material e imaterial, constituindo


exemplos do primeiro os bens corpóreos essenciais à exploração comercial, como mobiliários,

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utensílios e automóveis, e, do segundo, os bens e direitos industriais, como patente, nome


empresarial, marca registrada, desenho industrial e o ponto (...) (REsp 633.179/MT, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 02.12.2010, DJe 01.02.2011).

O estabelecimento empresarial é, portanto, todo o conjunto de bens, materiais ou imateriais, que o


empresário ou sociedade empresária utiliza no exercício da sua atividade.

Item (II): incorreto. Conforme leciona André Luiz Santa Cruz (op. cit., item 7), o ponto de negócio é o
local em que o empresário exerce suas atividades, configurando um dos elementos que compõem o
estabelecimento empresarial. Por outro lado, a clientela ou freguesia, que não é suscetível de transmissão,
embora tenha proteção jurídica própria, não é elemento do estabelecimento, mas atributo seu. Da mesma
forma, o estabelecimento. Confira-se:

“A clientela, por sua vez, é o conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou
sociedade empresária relações jurídicas constantes. Alguns também usam a expressão
freguesia, embora tecnicamente as expressões tenham significados distintos. A clientela é
uma manifestação externa do aviamento, significando todo o conjunto de pessoas que se
relacionam constantemente com o empresário. Sua proteção jurídica é determinada pelas
normas do direito concorrencial e pelos diversos institutos técnico-jurídicos que viabilizam a
livre-iniciativa e a livre concorrência. Portanto, a clientela, a exemplo do aviamento, também
não é um elemento do estabelecimento, mas apenas uma qualidade ou um atributo dele.

Já o aviamento é expressão que significa, em síntese, a aptidão que um determinado


estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa. Embora não se confunda
com a clientela, está a ela intrinsecamente relacionado. Trata-se, enfim, de uma qualidade
ou atributo do estabelecimento, que vai influir sobremaneira na sua valoração econômica”
(supracitado, item 7.8).

Incorreto, portanto, o item II, ao trazer a clientela ou freguesia como elemento do estabelecimento.

Item (III): incorreto. Segundo a doutrina, universalidade é um conjunto de elementos que, quando
reunidos, podem ser tidos como coisa unitária, como algo novo e distinto dos elementos componentes,
que não representa a mera junção daqueles.

Segundo a doutrina civilista, o que distingue a universidade de direito da universidade de fato é o elemento
determinante da reunião dos bens: “na universalidade de direito, a reunião dos bens que a compõem é
determinada pela lei (por exemplo: massa falida, espólio); na universalidade de fato, a reunião dos bens
que a compõem é determinada por um ato de vontade (por exemplo: biblioteca, rebanho)” (supracitado,
item 7.1).

A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade


de fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em
razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

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“Essa posição parece ter ganhado ainda mais força com a edição do Código Civil de 2002
e a consequente definição do estabelecimento como o complexo de bens organizado pelo
empresário para o exercício de sua atividade econômica. É que a organização dos bens usados
na atividade empresarial não decorre de determinação legal, mas da vontade do empresário,
que articula os fatores de produção no intuito de explorar um determinado empreendimento
e auferir lucro. De fato, o que dá origem ao estabelecimento empresarial, na qualidade
universalidade, é a vontade do empresário, que organiza os diversos elementos que o
compõem com a finalidade de exercer uma determinada econômica” (supracitado, item 7.1).

Ressalte-se, ainda, que, por ser o estabelecimento uma universalidade de fato, ou seja, um complexo
de bens organizado pelo empresário, ele não abrange as relações jurídicas assumidas pelo empresário,
como os contratos, os créditos e as dívidas. O patrimônio é mais abrangente que o estabelecimento,
compreendendo até mesmo as relações jurídicas do seu titular. Incorreto, portanto, o item III, ao afirmar
que o estabelecimento é universalidade de direito.

Item (IV): incorreto. O erro do item IV está em afirmar que a responsabilidade do alienante é subsidiária
quanto aos créditos vencidos. Conforme determina o art. 1.146 do CC/02, o alienante responde
solidariamente:

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores
à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos,
da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. (Grifou-se)

Sobre o contrato de trespasse, deve o aluno ter conhecimento também dos requisitos trazidos pelos arts.
1.144 e 1.145 do Código Civil. O art. 1.144 traz o registro do contrato de trespasse na Junta Comercial e a
sua posterior publicação como é condição de eficácia desse contrato perante terceiros. Já pelo art. 1.145,
o empresário que quiser vender o estabelecimento empresarial ou deve ter bens suficientes para pagar
todas as suas dívidas perante seus credores, ou deverá obter o consentimento destes - o qual poderá ser
expresso ou tácito.

Dentre os itens, portanto, apenas o item I traz afirmativa correta, devendo ser assinalada a alternativa “C”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 25 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada na


área do aluno). Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade,
a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. “João e José são os fundadores e únicos sócios da empresa JOCA LTDA. Conforme contrato
social e registro na Junta Comercial, a administração da sociedade compete aos dois sócios.

Em execução fiscal ajuizada em 01/01/2015 em face da empresa, para cobrança de crédito


tributário inscrito em dívida ativa, em 01/01/2014, quando da tentativa de citação, constatou-se
que a empresa não se encontrava funcionando em seu domicílio fiscal. Ademais, o único bem
da empresa era o imóvel de Matrícula 01, em que funcionava a sua sede, e fora alienado em
01/06/2014, portanto, antes do ajuizamento da execução fiscal”.

Com base no narrado e considerando os fundamentos jurídicos trazidos pela doutrina,


jurisprudência e legislação aplicáveis ao caso, responda aos seguintes questionamentos:

1) Pode a Fazenda Pública pleitear a responsabilização de João e José pelo débito? Com
base em que fundamentos?

2) A eventual responsabilidade de João e José excluiria a responsabilidade da pessoa jurídica


pelo débito?

3) É juridicamente possível que sobre o Imóvel de Matrícula 01 recaia penhora para garantia
da execução fiscal?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
17/07/2016: profcei.rodolfocursino@gmail.com

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 102


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PROFESSOR: JORGE OTTONI


E-mail: profcei.jorgeottoni@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

2. Tendo em vista o atual regime constitucional dos precatórios, responda de forma fundamentada
os itens a seguir:

A) Conceito de precatório e prazo ordinário para pagamento

B) Possibilidade de decretar-se intervenção federal em razão do inadimplemento de


precatório.

C) Possibilidade de compensação dos créditos fazendários inscritos em dívida ativa com


o crédito que faz jus o credor do precatório de forma automática no momento de sua
expedição.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
17/07/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 103


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PEÇA PROFISSIONAL

ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 150 linhas (utilize a folha de resposta disponibilizada


na área do aluno). Não se identifique no corpo da resposta, procure responder com consulta tão
somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: JOSÉ AMÉRICO


E-mail: profcei.joseamerico@gmail.com

DIREITO CIVIL

João e sua família, composta de esposa e duas filhas menores impúberes, ocupam, há mais de
dez anos, terreno de propriedade do município de “Venha Ver”, onde edificaram uma casa e
benfeitorias, além de manterem plantações e animais.

A área em comento é de preservação permanente (APP) e está inserida nas proximidades


de Unidade de Conservação Municipal, razão pela qual o ente municipal notificou João para
desfazer imediatamente as edificações e desocupar o terreno, no prazo de 15 dias, sob pena
de aplicação de multa e demolição compulsória dos bens, uma vez que a ocupação indevida
estaria degradando o meio ambiente local, notadamente em razão da poluição de córregos e
deslizamento de encostas, além da supressão indevida de mata nativa. Não obstante, João e seus
familiares decidiram permanecer no local.

Nesse contexto, o ente municipal não só aplicou sanção de multa de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) como efetivamente demoliu todos os bens que estavam guarnecendo as edificações e as
plantações. Vale dizer que, nesse interregno, outros terceiros invadiram o imóvel e passaram a
disputar a posse com João e familiares, em razão da derrubada das cercas que guarneciam a
propriedade.

Não obstante isso, João permaneceu no imóvel com seus familiares e, ato seguinte, moveu ação de
manutenção de posse c/c pedido liminar em face do ente municipal e dos terceiros, direcionando-o
à 1ª Vara Cível da Comarca de Venha Ver, embora existente Vara de Feitos da Fazenda Pública na
referida comarca, na qual deduziu os seguintes pedidos: nulidade do auto de infração/notificação
expedido pelo poder público; indenização por danos materiais, no montante de R$ 1.000.000,00
(um milhão de reais); indenização por danos morais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), para
cada um dos seus familiares; pensão mensal no valor de R$ 10.000,00 pela perda dos rendimentos
decorrentes das plantações e venda de animais; a declaração de usucapião do bem, uma vez

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que sua família está há mais de 5 (cinco) anos no local, realizando investimentos produtivos no
imóvel; subsidiariamente, a concessão de direito real de uso, acaso não deferida a usucapião,
nos termos da legislação federal pertinente – Medida Provisória n. 2.220/2001, inclusive com a
transferência da família para outro bem adequado e condizente com o atualmente ocupado.

O processo foi distribuído para você, após remessa da 1ª Vara Cível na data de 24/06/2016, para
fins de citação. Na qualidade de procurador do ente municipal, redija a peça cabível no caso,
abordando todas as questões pertinentes à defesa. OBS: insira como data da petição a do último
dia para apresentação da peça pertinente.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
17/07/2016: profcei.joseamerico@gmail.com

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 105


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